TST 022

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TST Rodrigo Hammer’s

The Sound Tribune

BRAIN SALAD SURGERY Tudo o que você sempre quis saber sobre o álbum que redefiniu o Rock Progressivo em 1973

Número 022 - 26/05/2019 - 31/05/2019


Obra visionária, ‘Brain Salad Surgery’ consagrou o Emerson, Lake & Palmer como epítome do Progressivo virtuoso, para muitos, puro exibicionismo

TEXTO - MIKE BARNES TRADUÇÃO - RODRIGO HAMMER

Brain Salad Surgery’ é o grupo no auge da sua força”, afirma o baterista Carl Palmer acerca do quinto álbum do ELP. “Foi muito bem gravado e decididamente um dos nossos períodos mais criativos.” Ponto de vista compartilhado pelos antigos compa-nheiros. Keith Emerson via o álbum como “um passo adiante em relação ao passado, que representava toda a união do trio na época”. Por sua vez, Greg Lake o reconhecia como “a última obra original, puramente Emerson, Lake & Palmer”. O álbum foi lançado em 1973, quando a banda já era, nas palavras de Lake, “imenso”. Um dos primeiros supergrupos da História do Rock, formado de ex-membros do The Nice, King Crimson e Atomic Rooster, a rápida ascensão do ELP pulverizou a velha noção do “pagar pelo que se fez”. Apesar de todos os músicos já terem encarado a obrigatória passagem por tournées enfiados em vans, o primeiro show do trio recém-formado teve lugar no Plymouth Guildhall, seguindo de outra apresentação no Festival da Ilha de Wight de 1970. Dali em diante, ao menos aparentemente, parecia fácil: “Para alguns, parecia que éramos filhos de celebridades e não tínhamos trabalhado para chegar até ali”, observou.

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No banco da praça: o trio dá um tempo enquanto pode. Londres, 1974


“PETE SINFIELD E EU TIVEMOS A IDEIA DE UM MUNDO ONDE OS COMPUTADORES DOMINAM AS PESSOAS... FOI PROFÉTICO.” GREG LAKE

‘Trilogy’ (1972), o quarto álbum da banda, chegara ao número 2 na Inglaterra e 5 nos Estados Unidos, mas durante a fase de ensaios e arranjos para ‘Brain Salad Surgery’, o ELP tomara a decisão de partir para uma abordagem totalmente diversa. “Em termos musicais, a tecnologia estava se expandindo”, lembrou Lake. “Os gravadores passavam de 8 para 24 canais. Tirávamos vantagem das novas possibilidades e fazíamos um monte de overdubs. Mas por sermos um trio, quando tocávamos ao vivo não ficava tão bom quanto nos discos, então, nos certificamos de que poderíamos tocar o próximo álbum ao vivo, antes mesmo de gravá-lo.” A banda tinha comprado um cinema em Fulham, que rebatizou como Manticore Cinema, alugando-o como depósito de equipamentos e espaço de ensaio para outros grupos. Porém, nos ensaios de ‘Brain Salad Surgery’, deixaram os instrumentos prontos no palco e ensaiavam como se estivessem tocando para uma plateia. O disco foi gravado nos estúdios Advision e Olympic, com Lake se encarregando do papel de produtor. Nenhum dos três se lembrava muito acerca das sessões, devido ao fato de que, em razão do trio ter ensaiado tanto, estando pronta para cair na estrada, tinha sido tudo muito rápido: “Provavelmente foi o álbum mais criativo que fizemos”, afirmou Palmer, “mas a gente não percebia, por estarmos tão envolvidos naquilo. Assim como também não dava para saber como ficaria.” Comparado ao som mais aberto de ‘Trilogy’ e ‘Tarkus’, ambos de 1971, ‘Brain Salad’ era mais cru, ou ao menos, mais sombrio. Lake concordava e atribuía tal característica a alguns fatores. Eddy Offord, que tratara da engenharia de som nos dois álbuns anteriores, estava ausente, então, a tarefa passou a Chris Kimsey e Jeff Young. “Primeiramente, todo engenheiro de som tem a sua paleta”, explicou Lake. “É incrível o quanto uma banda pode soar de forma diferente ao percorrer estúdios diferentes. Em segundo lugar, ao contrário dos nossos álbuns antigos, ‘Brain Salad Surgery’ é quase um disco ao vivo gravado em estúdio. O som cru e ambiental.” O disco abre com uma versão extravagante para Jerusalem, de William Blake e Hubert Parry, Palmer soando um gongo e executando viradas inacreditáveis nos tons em seu kit de aço inox. Emerson, por sua vez, aciona um Moog em tom de convocação, enquanto a voz de Lake funciona como o suporte ideal para a música.

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No início dos anos 1970, a BBC, ou “tia Auntie”, para os mais críticos, era exemplo de repressão às manifestações artísticas mais ousadas. Patrulhava, indiscriminadamente, qualquer referência mais explícita a drogas ou conteúdo sexual, banindo os grupos que ousassem tocar no tema. Como Lake lembrava: “Só posso presumir que achavam uma atitude patriótica, e que estaríamos blasfemando contra a nação através da nossa música. Fazíamos a nossa parte, e ninguém se metia.” O ELP também era conhecido pelas adaptações de peças eruditas, traço herdado da passagem de Emerson pelo The Nice, quando o acompanhamento orquestrado era normal. Palmer, por exemplo, fizera seu nome junto ao The Crazy World of Arthur Brown e o Atomic Rooster, mas o amor por Música Clássica era hereditário. “Meu avô foi professor de Música na Royal Academy, o irmão dele, percussionista de orquestra, e a mãe - minha tataravó - violonista erudita, então, desde cedo me interessava por esse tipo de música”, explicou. “Um dos meus primeiros discos de Jazz, foi da coleção ‘Play Bach’, de Jac-

cques Laussier. Sempre achei que tocar nesse estilo era uma ótima forma de me desenvolver.” Lake lembrava-se, contudo, que a atitude em torno das primeiras composições era um tanto ingênua. Emerson tinha apresentado a ideia aos colegas para The Barbarian no álbum de estreia de 1970, esquencendo-se de mencionar que a melodia tinha sido tirada de Allegro Barbaro, peça de piano do húngaro Béla Bartók creditada ao trio. Seguiu-se um incidente embaraçoso, quando a viúva de Bartók ligou para a EG Records que, pensando se tratar de

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um trote, mandou-a se catar. Foi quando a editora do compositor, Boosey & Hawkes telefonou no dia seguinte, confirmando sua identidade. “Acertamos tudo e fizemos que

Concertata, do Piano Concerto No. 1 de Alberto Ginastera. “Eu estava em Burbank, na Califórnia, em 1970 com o The Nice, pouco antes de fundar o ELP. A NBC cismara com a ideia de juntar bandas de Rock como o Jethro Tull e o Nice a Ray Charles, Daniel Barenboin (piano), Jacqueline du Pré (cellista) e Jerry Goodman (violinista) - mais tarde do Mahavishnu Orchestra - para serem regidos por Zubin Mehta num filme para a TV chamado The Switched-On Symphony. Lembro de estar aguardando a minha parte e ouvir aquele piano trovejante tocado por um pianista argentino de nome João Carlos Martins (n. do t. brasileiro). A imprensa Aí pensei: ‘Deus, essa é a peça mais inembarcou no hype crível que já ouvi.’ Então ele entrou no do lançamento camarim com a partitura que parecia em 1973 estar toda manchada de tinta. Falei com a maior timidez: ‘Oi, meu nome é Keith. O que você estava tocando lá?’. A despeito das E ele respondeu que era uma peça de habituais críticas Alberto Ginastera, e que ele era seu divergentes, o álbum professor. Aí voltei à Inglaterra, condeu ao ELP discos seguindo a gravação original dele tode ouro e platina cando a música. Fui à Bond St, na dos EUA e Japão. O bastante para Chappel (n. do t. escritório de direitos deixar o cabelo de autorais), onde eles tinham uma cópia Palmer cacheado da partitura.” Emerson então viajou a Genebra, onde falou com o compositor e obteve seu selo de aprovação, quando surgiu uma longa amizade. A peça de Ginastera é mais angular e modernista que as adaptações de Bach, Copland, Janácek e Mussorsgsky por parte do ELP, mas aquilo recompunha os conselhos da sua antiga mestra em piano, a quem Emerson confessara o desejo de aprender o Piano Concerto N.1 de Tchaikovsky. Ela dissera: “Não toque apenas o que as pessoas conhecem; toque algo diferente.” A versão do trio toma grande liberdade, mas deixa transparecer o emprego excessivo da percussão ouvido no original, com a inclusão da bateria sintetizada de Palmer num solo. Produto de um arranjo de estúdio que incluiu dois microfones em cada tambor, um dos quais para capturar o timbre acústico, o outro funcionando como gatilho para o som do sintetizador. Palmer cita a peça como exemplo do lado mais experimental do grupo, mas não tem certeza se o público entendeu bem a proposta: muita gente pensou que o som da minha bateria fosse na verdade dos teclados de Emerson.” Still... You Turn Me On, de Lake, é uma de suas faixas mais etéreas, que sempre funcionavam como um contraste dinâmico ao estilo portentoso do ELP, tanto ao vivo como em estúdio. Na canção, há também o cravo de Emer-

‘Brain Salad Surgery’ é quase um disco ao vivo gravado em estúdio. O som cru e ambiental.” Greg Lake

fosse paga com justiça. As próximas cópias já teriam os créditos corretos”, contou Lake. Já em Toccata, Emerson cuidou para que tudo seguisse o manual. Ele narrou de como ouviu pela primeira vez a peça, quarto movimento de Toccata


C’est la vie: KeithEmerson no auge Momento supremo no festival High Voltage Em 2010, quando o ELP tocou no High Voltage Festival, decidiu dispensar o famoso truque do piano suspenso, por motivos óbvios de segurança: “Eu tinha o projeto de como era para aquilo funcionar . Mas de qualquer modo, só permitiram os canhões,” reclamou Emerson à época. O High Voltage mostrava, também, um passo importante na evolução do gênio falecido: “Estou aprendendo a reger. Não me peça para tomar conta da orquestra em alguma música de Wagner, mas posso tomar conta das minhas. E tudo o que posso dizer das minhas experiências mais recentes, é que alguns músicos mais jovens de hoje são extremamente brilhantes, ansiosos para tocar algo novo. Meu desempenho já não é tão bom quanto nos anos ‘70, mas minhas habilidades como compositor, agora, são comparáveis. E só posso agradecer a Deus por isso.”

Keith Emerson em ação: oscillators, moogs, efeitos e um arsenal eletrônico manipulado com genialidade

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Salada confusa “Era o raio-X de um pênis. Não o meu, que fique claro.” Greg Lake sobre o título do álbum e a arte da capa

O título do álbum estava desa-tualizado”, afirmou Greg Lake acerca de ‘Brain Salad Surgery’. “Não tinha nada a ver com o conteúdo do disco. O mesmo em relação à capa, mas acabou dando certo. Claro, quando você se remete a algo anterior - a capa de ‘Tarkus’ também se enquadra no caso - automaticamente ela passa a fazer parte da genética do álbum. Mesmo se não há conexão, deve ser algo que representa o conteúdo. As pessoas têm a própria capacidade de interpretar letras e artes visuais não é o que é, é o que você acha que é. Isso é que é maravilhoso.” Mas não é verdade que a frase “Brain Salad Surgery” é uma gíria dos negros americanos para fellatio? “Isso. Tínhamos uma gravadora chamada Manticore Records e o cara que gerenciava o selo nos EUA era um negro chamado Mario Medious. Quando pedimos uma sugestão de título para ele, veio com essa. Pergunta-

mos o que significava, já que não dava para entender . Já o nosso gerente na Inglaterra, era um suiço chamado Peter Zumsteak. Contamos a ele que tínhamos gravado o disco e que procurávamos alguém para cuidar da capa. Foi quando ele disse que conhecia um grande artista em Zurique chamado H.R. Giger. Já tínhamos visto alguns trabalhos dele num livro e resolvemos, então, encontrá-lo. Voamos até a casa dele e foi simplesmente a experiência mais bizarra de todas.” “Era como um nightclub. Tudo iluminado por luzes ultravioleta, escuro. A casa de Giger era um horror , repleta de esculturas sinistras e quadros que mostravam bebês queimados. A mesa de jantar e as cadeiras pareciam tronos, feitos de ébano. Os encostos, crânios humanos. Ele, por sua vez, era um sujeito agradável, gentil. Um belo exemplo de que a visão de um artista não tem nada a ver com ele como pessoa.”

son. Teria sido a faixa dedicada a alguém do público em particular? “Apenas poeticamente”, declarou Lake. “Quando penso na letra, penso num rosto da plateia olhando para mim. E quando o público lhe encara, encara como uma estrela, mas uma estrela é só impressão, então, aquele era um conceito que eu tentava expressar de uma forma romântica”. Benny The Bouncer é a única aberração do álbum, alguns minutos de descontração e uma das faixas nonsense da banda, como Emerson colocava. “Quando eu era bem jovem, costumava tocar com o The Gods no Salisbury City Hall”, contou Lake. “Havia

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Vimos, também, telas que ainda estavam sendo pintadas. Certamente ainda não se parecia com a capa do álbum. Não havia o logo da banda, bem como o pênis que você enxerga esmaecido, no pescoço da figura.” Houve especulações se era ou não era, de fato, a imagem pretendida, mas acabou se tornando. Era o raio-X de um pênis. Não o meu, que fique claro. O de Giger . Não dá pra lembrar se foi tanta coincidência, mas tudo se encaixou muito bem no final.” “Em todos os nossos discos, a parte frontal era importante”, acrescentou Emerson. “Acho que o trabalho fantástico de H.R. Giger pôs o selo final em ‘Brain Salad Surgery’. Foi a amálgama da arte de capa e da música em si, que fizeram o álbum. E com toda a honestidade, penso que se ‘Love Beach’ tivesse uma capa diferente, jamais seríamos tachados, na época, como algum tipo de novos Bee Gees!”

“Os jornalistas podiam nos detonar, mas as pesoas decidiam de quem gostavam.” Greg Lake

Emerson, Lake e Palmer nas fotos do encarte

um porteiro grandalhão por lá, imenso. Devia ter mais de dois metros, fortão. Não fazia nada, porque ninguém ousava reclamar. Ele é Benny The Bouncer, e o Palais De Danse é o Salisbury City Hall.” Porém, o núcleo de ‘Brain Salad Surgery’ é mesmo a suíte de três partes Karn Evil 9, que se insere no ranking das mais ambiciosas e originais faixas da História do Rock, composta em sua maior parte por Emerson. “Num dos intervalos de tournée, ao voltar para casa, cortando a grama, e pensava como tinha sido capaz de compor tudo aquilo”, sorria. “Mas anotei tudo num papel, manuscrito mesmo, e apresentei a Greg e Carl. A primeira parte de First Impression usava muito contraponto e aquilo funcionava bem. Vez por outra fazíamos umas jam sessions de curtição, mas nunca pensei que poderia dar em algo satisfatório.” Lake se mostrava maravilhado acerca de como a música de Emerson era a “plataforma perfeita” para o conceito lírico que ele perseguia junto ao antigo parceiro de King Crimson, o letrista Pete Sinfield, cujas raízes tinham conexões com o ELP. No início de First Impression, ouvem-se alertas e figuras portentosas, visões distópicas de um futuro indeterminado. Mas desde os ensaios no prédio do cinema, Lake tinha em mente a ideia de teatro, de uma perfor-mance magistral, algo que ocorresse em tempo real. “Há um personagem tipo um mestre de cerimônias que dá boas vindas acerca do show que nunca termina. E se re-fere ao lado de fora frio. Transparece um certo tom de deboche.” Uma vez que o ouvinte aceita o estranho convite, somos presenteados com um desfile surreal de “fileiras de bispos”, “cabeças em vasos”, “uma amostra de grama”, “uma bomba dentro de um carro”, e junto desses atrativos, até “sete virgens e uma mula”, combinação que promete algum tipo de entretenimento transgressor. A mesma seção evoca Bach, Bernstein e R&B futurista, tudo emoldurado pelas linhas de sintetizador de Emerson. Já o instrumental Second Impression, começa por um trio de piano - algo semelhante ao mesmo Jacques Loussier citado por Palmer - antes de finalmente


atingir um groove latino, como se derivada de algum “barrio” futurista. “Tinha passado férias em Trinidad e tirei aquele som maluco no Moog, que parecia o timbre de panelas de aço”, reconhecia Emerson. “Carl acabou pegando o ritmo, dando uma certa pegada descontraída em relação às outras partes sérias de Impressions.” Não há divisão perceptível em Third Impression, com toneladas de sintetizador e versos imperativos. Lake descreveu o decorrer da letra a partir de First Impression: “Não dá para dizer qual a ligação que há com o restante da peça, mas a ideia era traduzir o conceito de futuro.” Seu colaborador, Pete Sinfield, tinha sido um programador de computadores, embora nos anos ‘70 pouca gente co-nhecesse de perto uma máquina do tipo. “Nem máquinas de fax você encontrava”. Para muitos, eles representavam o des-conhecido, o não convencional e o impessoal em termos de ameaça. É só pensar no sinistro HAL 9000 instalado na espaçonave de 2001: Uma Odisseia no Espaço. “Eu e Pete tivemos a ideia de um mundo onde os computadores realmente dominam as pessoas, e quanto mais pensávamos nisso, mais sentido fazia. Foi algo profético. O verso na letra era ‘Carregue seu programa, eu sou você’. Também previa que não ia demorar até que as máquinas tivessem quase que capacidade genética de conhecer seus donos. Quanto mais esse controle exercido, mais a sua vida se consome. Como um primeiro estágio, já nos tornamos dependentes dos celulares”, considerou. Fato é, que ‘Brain Salad Surgery’ atingiu o número 2 nas paradas britânicas e o 16º nos Estados Unidos. As reações foram mistas, mas dessa vez, o Emerson Lake & Palmer já havia se desligado das apreciações da Imprensa. Era um mundo pequeno naquela década, e a Crítica Especializada tinha bem mais poder que atualmente; já o ELP, por sua vez, tinha bem mais poder que a Imprensa. Lake chegou a comentar: “A coisa mais interessante, é que tudo aquilo não fazia a mínima diferença. Os jornaistas podiam nos detonar, mas quem decidia mesmo, era o público. Acho que foi no Royal Festival Hall que resolvemos incluir no nosso programa (n. do t. libreto distribuído nos locais das apresentações, onde o público podia ler acerca da banda) uma crítica de John Peel que nos considerava ‘desperdício de talento e eletricidade’. Era quase de praxe detonar o Emerson Lake & Palmer.”

Carl Palmer: quando o seu kit de bateria é incrível, pode vestir tranquilamente um macacão de couro

C’est la vie: Carl Palmer hoje Teclados vs guitarras e o legado do ELP

A música do ELP era arrojada, puramente inglesa e superior”, afirma Carl Palmer . Ele ainda integra outro supergrupo, o Asia, e o projeto correlato, ELP Legacy , toca material antigo do trio junto a covers como America, de Bernstein, e 21st Century Schizoid Man, do King Crimson. Com o ELP, tocava com um tecladista onipresente; no ELP Legacy, com dois guitarristas. “Não sou muito bom em Blues”, afirma. “Gosto de Jazz, mas adaptações de clássicos em formato de Rock, com músicos soberbos, ficam fantásticas. Teclados faziam o mesmo na época, mas agora completamos o ciclo e resolvi apostar em guitarristas virtuosos para tocar aquilo. Tenho uma filosofia bem simples: continuarei tocando enquanto estiver me desenvolvendo ou mantendo um padrão. E meus pés estão ainda melhores. Vou passar algumas horas esta tarde estreando novos pedais de bumbo.”

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