TST Rodrigo Hammer’s
The Sound Tribune
Alex
Lifeson Sobre a vida dentro e fora do RUSH, por um dos maiores e mais subestimados guitarristas de todos os tempos
NĂşmero 015 - 07/04/2019 - 13/04/2019
POR TRÁS DO MITO E DA FAMA
Texto: James McNair – Tradução e Adaptação: Rodrigo Hammer
“DOEU PRA CARAMBA.” ESTA É A RECORDAÇÃO QUE ALEX LIFESON GUARDA de ter sido repetidamente atingido por um taser (n. do t. arma policial de eletrochoque) na véspera do Ano Novo de 2003. O guitarrista foi preso enquanto tentava defender o filho Jason frente a uma equipe de seguranças no The Ritz Carlton Hotel, em Naples, Flórida. John Cannivet, empregado do hotel e testemunha do incidente, mais tarde declarou que Lifeson e a família tinham sofrido “extrema violência policial”. O músico sustenta que “foi como um choque de uma cerca elétrica multiplicado por cem”. Para os fãs do Rush, o episódio pareceu totalmente sem sentido. Evidentemente, Lifeson curtia beber e até aparece irritando os integrantes do Kiss no seriado de animação Big Al’s Tiki Bar, mas escândalo na rua? Dificilmente o perfil verdadeiro de um dos sujeitos mais simpáticos e gentis no cenário do Rock. Nascido Alexandar Zivojinovich em 27 de Agosto de 1953, teria aprendido acordeom pela vontade dos pais, mas felizmente, preferiu a guitarra. Em mais de 19 álbuns com o Rush, partindo do disco de estreia de 1974 autointitulado, desenvolveu um estilo adaptável, ainda que facilmente reconhecível junto aos companheiros virtuoses Geddy Lee e Neil Peart, os solos repletos de fraseados incomuns em clássicos como The Spirit of Radio e Tom Sawyer. Ele sempre foi o mais extravagante e ousado integrante da banda, o “piadista da classe”, segundo se autodefine. Pode ser lembrado, também, pelos trajes brancos da contracapa de ‘2112’, por ter colado a mobília de um quarto de hotel junto a Brian Robertson do Thin Lizzy, vez por outra causando sensação ao se vestir como o misterioso personagem The Bag (n. do t. máscara em saco de papel com os olhos recortados), fato mais tarde abordado nessa entrevista. Mas tudo o que é bom acaba um dia, e depois de se apresentar na R40 Live 40th Anniversary Tour, no LA Forum a 01 de Agosto de 2015, o Rush se desfez, argumentando acerca das dores que Neil Peart sentia ao tocar. “Só um ano mais tarde, comecei a me acostumar”, confessa Lifeson. “Compreendi que tínhamos partido em grande estilo.” TST – Qual a sua lembrança da última tour? AL – O último show em LA foi muito marcante. Lembro de dar uma olhada em volta, no estádio, tentando guardar aquilo para sempre. As luzes, a multidão. As pessoas que me cercavam. Foi muito emocionante para nós três. Amei a forma que tocamos naqueles shows, abrindo com ‘Clockwork Angels’ (o último álbum do Rush) e então retrocedendo até o início da nossa carreira. Mas se tivéssemos feito a típica tour de 80 datas, acho que ficaria mais satisfeito.
TST – Mas você encerrou a sua carreira depois do fim do Rush? AL – Acho que sim. Não quero mais estar numa banda ou excursionar. Não vejo necessidade de continuar com o que fiz por quase meio século. Estou satisfeito com isso agora. E ainda mais ocupado do que jamais desejei estar.
TST – Ocupado com os convites para tocar nos discos dos outros... AL – É, tenho poucos. E aproveito quase todos. É divertido. Na maioria das vezes, manipulando a guitarra para novos sons. Posso fumar um baseado e fazer isso por semanas... (risos).
TST – Quando Geddy Lee tocou com o Yes no Rock And Roll Hall of Fame (2017), aquilo significou muito para ele. Ao assisti-lo, você teve alguma
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fantasia equivalente, alguém com quem gostaria de compartilhar o palco? AL - Chris Squire foi uma tremenda influência no estilo do Geddy. Então, para conseguir aquilo - e tocar Roundabout entre todas as faixas da banda – não era algo que ele iria dispensar. Suponho algo equivalente para mim, se pudesse estar lá tocando com o Zeppelin quando eles foram apresentados. Sou fã de Jimmy Page há muito tempo.
TST – Vamos voltar um pouco na história. O seu filho mais velho, Justin, nasceu em 1970, quatro anos antes do Rush lançar o primeiro álbum. Como essa responsabilidade tão cedo afetou a sua carreira? AL – Eu só tinha 17 anos, então, foi um tremendo começo para mim e minha mulher, Charlene. Estava terminando o Ensino Médio e música era tudo para mim. Foi algo um tanto difícil de lidar naquela época.
TST – Mas você e Charlene continuam juntos... AL – Bom, pra gente, funcionou. Relacionamentos nem sempre dão certo nessas circunstâncias. Houve uma conexão muito forte entre eu e ela, bastante particular. Planejamos enfrentar aquilo, assim como todos os momentos difíceis em nossa história juntos. Divórcio era uma coisa rara, e você precisava resolver tudo direito.
TST – No último mês de Janeiro, para o Dia Internacional em Memória do Holocausto, Geddy falou detalhadamente sobre a terrível experiência que a família dele encarou em três campos de concentração diferentes. Como garotos juntos no Rush, houve alguma ocasião em que ele contou tudo para você? AL – Desde o início eu já sabia. A primeira vez que encontrei a mãe dele, vi o número dela tatuado no braço. Aquilo ficou sempre comigo. Meus pais vieram da Iuguslávia, e meu pai chegou a ficar num campo de trabalhos forçados na Áustria. A guerra afetou todo mundo. Meus pais também vieram para o Canadá como refugiados indigentes. Eu e Geddy dividíamos um passado em comum, e aquilo nos ligou. Dois canadenses que descendiam de europeus ocidentais cujos pais tinham sido desalojados pela guerra.
TST – No Rush, qual foi o momento em que você, pela primeira vez, chegou a um estilo de tocar guitarra em que pensou “esse aqui sou eu, e não aapenas a soma das minhas influências? AL - Provavelmente, na época do ‘2112’. Os maiores, para mim, são Townshend, Page e Beck, mas Steve Hackett estava entre eles, e também Steve Howe. Não sei a que ponto essas influências iam, mas fui pegando um pouco de cada. Acho que funciona assim para todo músico. Começar de algum lugar. Tive sorte. Nasci numa época em que todos os grandes nomes da guitarra estavam surgindo. Mas acho que foi em ‘2112’ que realmente comecei a pensar sobre o meu próprio som, meu estilo, em vez de ficar tipo “O que Jimmy faria aqui? Sempre senti que devia tomar o máximo espaço no que a gente fazia. Éramos somente um trio.
“A PRIMEIRA VEZ QUE ENCONTREI A MÃE DE GEDDY, VI O NÚMERO DELA TATUADO NO BRAÇO.”
Lifeson com a Gibson ES-355, marca-registrada do guitarrista por muitos anos
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TST – Acho que nem todo fã do Rush mencionaria Tears como um momento especial daquele disco, ainda que o Alice In Chains tenha feito um cover para a edição de 40 anos dele. Foi quando lembrei que a faixa é incrível... AL – É, ela é boa. Naqueles primeiros discos, sempre tínhamos uma música planejada para não ser tocada ao vivo. Tears foi tipo isso. E também Twilight Zone (também de ‘2112’), apesar de que chegamos a tocá-las, sim, depois. Como vocal, Geddy passava ao largo das mais melódicas. Sempre foi a natureza dele. Era assim que nosso relacionamento funcionava. Eu era muito instintivo. Todo o meu melhor material vinha dos primeiros takes de gravação. Ged era mais metódico. Eu ficava impaciente, mas esse approach dele, nos servia muito bem.
TST – Já foi dito que não restou muito material inédito do Rush nos arquivos, mas será que não tem mesmo? Das sessões de ‘Fly By Night’ ou ‘Caress of Steel’, por exemplo? AL – Não. Não tem mesmo nada. Só focávamos no que ia estar nos discos. Nunca fomos o tipo de banda que gravava 20 faixas e escolhia as 12 melhores. O que restou nos arquivos, é um monte de outtakes malucos. Momentos entre as gravações em que ficávamos brincando. Se algo disso vai ser um dia lançado? Talvez alguma coisa. Outras, não (risos).
TST – Agora, vamos falar sobre a lenda do saco (n. do t. The Bag no original), o embrulho de lavanderia que você colocava na cabeça para bagunçar nas tournées do começo. AL – O que posso dizer? O Saco era o Saco. Eu não tinha controle sobre o que ele fazia. Sempre fui o palhaço da classe, com um tipo de humor mais bizarro, então a ideia me pareceu atraente. O Saco aparecia muito quando farreávamos com Ace (Frehley), porque ele adorava aquilo e ficava gritando (imita o sotaque estridente de Frehley): “Alex! Traz O Saco!”. Aí eu pegava algum embrulho vazio do Holiday Inn, furava dois buracos nele e colocava na cabeça. O Saco não tinha nenhuma censura, então ele podia dizer o que bem entendesse, a quem bem entendesse, normalmente causando algum tipo de ofensa, ou se fosse com o Gene (Simmons), pura raiva (risos). O Saco também surgia em festas de piscina.
TST – Brian Robertson, do Thin Lizzy, me disse que você viajava com uma mala cheia de garrafas de Chivas Regal (n. do t. o uísque clássico), e que, numa noite, apareceu no quarto dele vestindo smoking e gravata, com Geddy de robe feminino e salto alto. Dá para esclarecer algo sobre aquela noite? AL - Noite? Acho que você quer dizer “noites” (risos). Fiquei muito próximo do Brian. Éramos como irmãos. Eu adorava o cara. Éramos muito ligados ao Thin Lizzy, e lembro de termos tocado um monte de shows quando o Styx era a atração
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principal. Essa não era uma banda muito amistosa ou sociável, então a gente ficava mesmo era com o Lizzy, bebendo feito loucos e acordando uns aos outros na van.
TST – Quer dizer que o lance do uísque é verdade? AL – É. Éramos ligados em Chivas Regal na época, mesmo sendo um uísque de marca. Era muita zorra. Lembro que eu e Brian chegamos a virar um quarto de hotel de cabeça pra baixo. Mas o lance dos vestidos que você fala, foi na verdade uma homenagem minha e do Geddy à sitcom Leave It To Beaver, transmitida entre os anos ’50 e ‘60’. Fiz o personagem Ward, e Geddy, a mulher dele, June. Aí, aparecíamos vestidos assim naquelas festas de bebedeira. Mas minha lembrança, era que Brian adorava aquilo. De fato, ele acabou conseguindo uma capa e uma redinha
de cabelo, tornando-se um outro personagem chamado Judith.
TST – O documentário de Sam Dunn e Scott McFayden de 2010, ‘Rush: Beyond The Lighted Stage’ foi muito importante para a banda. Você acha que ele mudou a noção que as pessoas tinham de vocês? AL – Totalmente. Tocando no Rush todo dia, fez com que perdêssemos o significado de algumas coisas que aconteceram ao longo da estrada, e não achávamos que tinha alguma história ali. Quando Scott e Sam propuseram a ideia, tentamos desencorajá-los, e eles responderam que estávamos enganados. Que tínhamos muita coisa legal que nem conhecíamos. Lembro de ter assistido à primeira versão editada e de ter ficado chapado. Aí pensei: “Essa é uma história fascinante, com muito humor, e mostra pela primeira vez como realmente somos.”
TST – O seu famoso discurso do “blá blá blá”, quando o Rush foi apresentado no Rock And Roll Hall of Fame, em 2013, causou sensação. É verdade que Geddy e Neil não tinham ideia do que tinha sido preparado? AL – Até o último minuto, nem eu sabia! Fizemos um pequeno ensaio à tarde, somente para checar se o teleprompter estava funcionando. E estava lendo meu discurso e tentando decorar – coisa difícil quando você chega à essa idade. No fim, pensei, “devia ir lá e falar só ‘blá blá blá’ ou algo assim’. E foi isso: ‘Caramba, será que vou ter coragem de me levantar e fazer isso?’ Então, na hora do show de verdade, quando estávamos todos na mesa, disse à minha mulher o meu plano. Aí, veio outro que fez um discurso sério, e ela: ‘Você vai mesmo lá para dizer blá blá blá?”
Ao vivo no Aragorn Ballroom, Chicago, a 7 de Janeiro de 1978; abaixo, os intérpretes do seriado Beaver’s Ward, imitados por Lee e Lifeson na juventude
TST - O que o filme mudou? AL – Bom, todos sabemos as piadas, não é mesmo? Aquelas sobre como é melhor ir ao banheiro das mulheres nos shows do Rush, porque não vai ter ninguém por lá (risos). Mas depois do filme, acho que as mães, principalmente elas, começaram a sentir uma conexão mais forte com a gente. De repente, começamos a perceber muito mais mulheres nos shows. E não apenas com seus maridos – grupos de quatro ou cinco delas, como numa típica saída noturna para curtir.
TST – As suas primeiras fotos de camiseta com John Rutsey (o primeiro baterista do Rush, já falecido, presente no álbum de estreia ‘Rush’) e o jantar regado a bebida que você, Geddy e Neil Peart desfrutam na cena final, obviamente sugerem que vocês deram carta branca total a McFayden e Dunn...
AL – Totalmente, já que o documentário era deles,não nosso. Sabíamos que seria preciso deixá-los à vontade para que tivessem uma visão mais objetiva da nossa história. As pessoas comentaram coisas legais sobre o jantar no final. Eles posicionaram as câmeras e desapareceram, então, a partir de um determinado momento, já nem notávamos que estávamos sendo filmados, e quanto mais bêbados ficávamos, mais a loucura aumentava. Aquilo deu uma boa ideia do nível da nossa amizade. O mesmo clima durante 46 anos.
TST – Mas o que transpirou, foi pura sátira, você tirando onda com os discursos das outras celebridades... AL – Eu tinha me comprometido com tudo aquilo no momento em que andava para o podium. E sim, tinha um sorriso irônico no rosto, porque pensava comigo mesmo: “Al. Você vai fazer isso.” Geddy e Neil não tinham nenhuma ideia do que estava acontecendo. Acho que ficaram confusos. Estava falando outra língua, e eles não perceberam que eu estava contando a história do Rush e de como tínhamos chegado até ali. TST – Não tenho certeza de ter entendido a sua mímica também, mas claro que você percebia muito bem o teor específico da mensagem. AL – Exatamente. Além disso, aquelas pessoas estavam se levantando para fazer aqueles discursos longos, muitos, extremamente chatos. Aí pensei: “Aqui estamos nós no Hall Of Fame. E o Rock não tem que ser irreverente? TST – Então, qual foi a reação verdadeira de Geddy e Neil depois de você só ter falado “blá blá blá” por três minutos? AL – Queriam me matar. Ficaram realmente chateados. Tipo “Qual o problema com você?” Como pôde fazer aquilo depois dos nossos discursos tão sinceros? Então, no dia seguinte, recebi um e-mail do Neil dizendo: “Te devo uma desculpa do tamanho do Texas. Sinto muito ter ficado chateado. Acontece que a minha caixa postal foi inundada com e-mails de todo mundo comentando: “O discurso do Alex não foi incrível?”
“SEMPRE FUI O PALHAÇO DA CLASSE, COM UM TIPO DE HUMOR MAIS BIZARRO.”
TST – Chegou a pensar a lançar outro disco depois do seu álbum-solo ‘Victor’? AL – Hoje é um tempo diferente na Indústria. ‘Victor’ foi um projeto muito pessoal para mim, e quis ficar a cargo de cada detalhe. Sinto que devia ter feito um trabalho melhor, mas aquilo me deu o que precisava na época. Mas fazer outro em seguida hoje?
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Alex Lifeson e Geddy Lee em show de 1981
vez, só uns nove buracos num dia de show. Mas ainda assim...
TST – Li que apesar de oficialmente Neil ter abandonado a bateria, ele ensina à filha dele a tocar. Que provavelmente dá alguma orientação a ela. Verdade? AL – (Cautelosamente) Pode até ser. Sei que ele apoia o interesse dela em tocar bateria. E que é logico ter dado alguma orientação, sim.
TST – Então, se você e Geddy estiverem por aqui mais uns 10 anos, podem até estar tocando I Think I’m Going Bald com ela! AL – Sim, ótimo!
TST – Agora, a sério, como é o papo quando vocês dois encontram Neil hoje em dia? Falam sobre o Rush? AL – Raramente falamos da banda. Mas podemos ficar nostálgicos sobre certas recordações, e claro que damos umas risadas. Neil mora em Los Angeles, mas nos reunimos algumas vezes por ano. E nos divertimos. Falamos sobre assuntos atuais, sobre as nossas famílias e marcamos grandes jantares regados a vinho.
Não sei. Dito isso, provavelmente deva ter material suficiente para mais três ou quatro solos. Ao ouvir o que tenho de antigo, adoro e logo depois estou odiando. Soa como algo sem significado, porque não estou mais ligado a nada hoje em dia.
TST – E onde você fica na história do “jamais encontre seus heróis pessoalmente?” AL - Digo, encontre, mas só não vire um desses fãs malucos. Quando eu e Geddy fomos ver o show Page & Plant em 1998, foi uma coisa grande. Geddy tinha ficado no mesmo hotel que Robert (Plant) no Marrocos, e eles chegaram a sorrir e a piscar um para o outro algumas vezes. Aí, na última noite, Geddy disse pra mulher dele: ‘Tenho que ir lá e dizer pra ele o quanto significa para mim.’ Aí ele foi, e Robert disse (assume uma entonação solene): ‘Oh, Geddy! Já não era sem tempo de você ter vindo. Sente e tome uma taça de vinho.’ De qualquer modo, da outra vez que eles passaram por Toronto, Robert convidou eu e Geddy para o show, e quando Jimmy foi falar, eu fiquei tipo (voz assustada): ‘Uau, é Jimmy Page!’ E ele foi bem simpático. Realmente educado. Interessante, porque geralmente faltando uma meia hora para os shows do Rush, ninguém chegava perto dos nossos camarins, enquanto brincávamos com Jimmy e Robert até o último minuto antes de entrarem em cena. Até subimos ao palco com eles!
TST – Você é piloto de verdade há muitos anos. Que emoção te traz voar que você não pode ter na música? AL – Bom, você pode facilmente se matar enquanto voa, então dá mais emoção. Quando está numa superbanda de Rock, contrata pessoas para que façam tudo para você. Então, voar, era sobre eu recuperar novamente o controle. TST – E quem ganha no golfe? Você ou Alice Cooper? AL – Alice, claro. Ele é muito mais viciado em jo-
“NÃO DÁ PARA LEMBRAR DE OUTRA BANDA DAQUELA ÉPOCA QUE AINDA É AMIGA COMO NÓS SOMOS.”
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gar e muito mais seguro. O golfe se tornou uma parte importante do tratamento dele quando decidiu largar o vício. E isso há muitos e muitos anos. Ele ainda joga todo dia.Tal-
TST – Não é toda banda que ficou tanto tempo unida o que vocês ficaram. AL – Isso é fantástico. Não dá para lembrar de outra banda daquela época que ainda é amiga como nós somos. Os Stones nunca se veem, a menos que estejam trabalhando. Os Eagles se detestaram por anos. Os caras do ZZ Top não se suportam. Mas é muita pressão na estrada e as pessoas mudam como indivíduos. O Grateful Dead foi o melhor exemplo disso. Tinham fita adesiva de várias cores marcando o local de cada um no palco, e a ninguém era permitido cruzar a linha de ninguém (risos). E achávamos que eles eram como irmãos, cara!
TST – Sendo assim, o que manteve o Rush unido por tantos anos, mesmo com as conhecidas mudanças de fase que vocês atravessaram em termos de carreira? AL – Terminar uma tournée e dali por diante, nunca dar uma de rock stars metidos a besta. Levar às crianças à escola. Pegar o aspirador de pó no caminho para casa. Não éramos os caras malucos que viviam na farra. Adorávamos estar juntos e ríamos muito. Nos importávamos uns com os outros. O que Neil passou (a perda da filha Selena, aos 19 anos de idade num acidente de carro, em Agosto de 1997 e depois a primeira mulher Jacqueline, de um câncer, 10 anos depois), foi super devastador para ele, mas também para nós. E ainda assim, voltamos e tentamos recuperar o mesmo nível de profissionalismo que a gente buscava desde o início. Isto é, provavelmente, a única coisa da qual me orgulho nisso tudo.
FIQUE LIGADO!
Abraço entre amigos durante o Rock And Roll Hall of Fame, Abril de 2013
O vídeo do agradecimento de Alex Lifeson no Rock And Roll Hall of Fame 2013 pode ser acessado com a duração integral no YouTube.
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