Estação de Teatro Russo _ Brasil 2006

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de 21 de julho a 08 de outubro de 2006 www.teatrorusso.com.br



Em nome de todos os representantes da cultura e das artes da Rússia, felicito cordialmente os participantes, convidados e organizadores da Estação de Teatro Russo - Brasil 2006. Alegra-nos muito o fato de que, atravessando as fronteiras, o festival de arte cênica russa será realizado pela primeira vez na maravilhosa terra brasileira. Espero ardorosamente que o diálogo cultural entre nossos países traga muitos outros encontros e momentos emocionantes para os nossos corações. O organizador da Estação de Teatro Russo - Brasil 2006 é o Festival Internacional de Teatro A.P. Chekhov, um dos maiores e mais conhecidos festivais teatrais do mundo, que ocupa lugar importantíssimo na vida cultural russa. O atrativo desse festival determina-se pela sua meta principal - apresentar ao julgamento do espectador, novos e interessantes trabalhos de várias gerações de Mestres do teatro mundial. E não somente isso, mas, em conjunto com os centros teatrais de outros países, o Festival busca realizar um efetivo intercâmbio de programas culturais. Esta iniciativa, apoiada pela Agência Federal de Cultura e Cinematografia da Russia, pelo Governo de Moscou, pelo Ministério da Cultura, pela Funarte e pelo Sesc SP, nos possibilita apresentar excelentes grupos russos ao público brasileiro. Espero que seus espetáculos possam oferecer um quadro interessante daquilo que acontece em nosso teatro nos dias de hoje. É difícil não superestimar a influência do teatro russo do século XX no desenvolvimento da cultura mundial. Até hoje, os tradicionalistas e os reformistas discutem os sistemas, métodos de treinamento e formação de atores, assimilando criativamente a herança teórica dos grandes diretores russos como Meyerhold, Stanislávski, Taírov, entre outros. Não há dúvida, que o intercâmbio destas idéias criativas continuará também no século XXI, pois este processo tem um papel fundamental na união dos representantes da arte teatral do mundo inteiro e na criação de um ambiente profissional e cultural único. Tenho certeza que a Estação de Teatro Russo-Brasil 2006 será um acontecimento inesquecível não só para os seus participantes e para os espectadores, mas também para aqueles “juízes” severos e imparciais das artes cênicas. Desejo grande sucesso a todos os participantes e um verdadeiro deleite aos amantes da arte teatral. Com os melhores votos, mikhail shvidkoy Diretor da Agência Federal da Cultura e Cinematografia

É com grande satisfação e orgulho que recebemos a Estação de Teatro Russo - Brasil 2006. Saúdo, em nome do Ministério da Cultura, os organizadores e representantes da Rússia, que, além de parceira cultural, é uma grande escola da arte de representar. Acolher um evento deste porte ratifica o intercâmbio entre os dois países e prova que não existem fronteiras para o teatro. Tenho certeza que este encontro, organizado pelo Ministério da Cultura por intermédio da ação da Funarte, vai aproximar e enriquecer ainda mais nossas culturas. Através da arte cênica, Brasil e Rússia têm se comunicado intensamente ao longo dos séculos, pois não é de hoje que mestres do teatro russo influenciam nossos melhores atores e diretores. Uma prova desta influência foi a presença de Eugênio Kusnet, considerado por todos os que fazem teatro no Brasil um dos maiores que conosco conviveu. Dividindo-se entre as funções de ator e professor, atividades que nele eram inseparáveis, sua prática no palco era também tema de suas aulas. Eugênio Chamanski Kznetsov faleceu em 1975, em São Paulo, deixando um legado inestimável ao teatro brasileiro. Com esta lembrança homenagem desejamos a todos os participantes deste encontro, uma frutífera temporada entre nós. Sejam bem-vindos ao Brasil. Gilberto Gil Ministro da Cultura


No verão de 2005, no âmbito do VI Festival Internacional de Teatro Anton Tchekhov em Moscou, foi realizado o projeto russo-brasileiro “Estação de Teatro Brasileiro na Rússia”. Foi a primeira vez que o teatro brasileiro participou do Festival em uma escala tão grande. Os elencos brasileiros deram muita alegria aos organizadores e uma verdadeira festa ao público, que ficou encantado com o estilo do teatro brasileiro e o contato direto dos atores com a platéia. Este ano estamos dando mais um passo neste diálogo cultural russobrasileiro, apresentando a Estação de Teatro Russo - Brasil 2006 em diversas cidades deste país. O Brasil, com suas tradições singulares de artes cênicas, excelente público e reconhecimento por ser o país que deu ao mundo a arte do carnaval, é, sem exagero, uma das maiores potências teatrais do mundo. Por isso, é maravilhoso que justamente neste país sejam mostradas obras que podemos chamar da quintessência do teatro contemporâneo russo. Tenho certeza que a programação dessa temporada agradará ao espectador brasileiro e aprofundará ainda mais a compreensão mútua entre nossos povos. Desejo sinceramente que no futuro, outros eventos realizados em conjunto não se restrinjam às apresentações da cultura teatral, mas abram espaço para mostras de diversos gêneros artísticos de nossos países, pois o verdadeiro sentido da existência de todas as artes consiste na sua capacidade de criar laços de amizade entre os povos, transpondo fronteiras e as diferenças nacionais. Em nome dos organizadores desse evento agradeço a todos que apóiam a iniciativa russo-brasileira de realizar a Estação de Teatro Russo no Brasil, esperando também que a apresentação dos espetáculos se transforme em um acontecimento inesquecível, proporcionando alegria e grande prazer aos amantes da arte teatral. Valéri Shadrin Diretor Geral do Festival Internacional de Teatro A. Tchekhov de Moscou

Assim como foi de extrema importância para a difusão internacional de nosso teatro, a participação de cinco espetáculos brasileiros contemporâneos no Festival Internacional de Teatro Tchekhov, em 2005, temos certeza da relevância de apresentar ao público brasileiro, em 2006, cinco montagens teatrais produzidas na Rússia, que nos darão uma visão do teatro contemporâneo, desse país, onde a tradição e a vanguarda são determinantes para o teatro mundial. O Centro de Artes Cênicas da Funarte sente-se honrado em viabilizar, juntamente com o MinC e demais parceiros, esse intercâmbio pioneiro que sem dúvida irá permitir um maior contato entre a cultura teatral desses dois países e o acesso do público brasileiro, de forma direta, com a criação teatral. Aos diretores, atores, demais criadores, técnicos e participantes da comitiva Russa, as nossas boas-vindas e sucesso na temporada brasileira. Antonio Gilberto Diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte


A inauguração da Primeira Estação de Teatro Russo no Brasil é a concretização de uma iniciativa que vem sendo desenvolvida, há três anos, por instituições culturais dos dois países. No Brasil, pelo Ministério da Cultura e pela Funarte; na Rússia, pelo Festival Internacional de Teatro Tchekhov, pela Agência Federal de Cultura e Cinematografia e pelo Governo de Moscou. A mostra é também comemorativa aos 30 anos da Funarte e aos 60 anos do Sesc, nosso parceiro neste empreendimento. Mais do que uma mostra da grande escola russa, que há tantos anos tem influenciado atores, diretores mundo afora, em especial no Brasil, este será um encontro que permitirá, enfim, um diálogo mais próximo entre duas ricas culturas cênicas que se admiram, se respeitam e se complementam. O teatro brasileiro, que esteve presente no último Festival Internacional de Teatro Tchekhov, na Estação Brasil, com espetáculos criados, dirigidos e interpretados por alguns de nossos mais importantes artistas e dramaturgos, causou grande impacto e fez daquele espaço um dos mais procurados do evento. Um motivo de orgulho de todos os que tiveram a oportunidade de participar do encontro. Agora chegou a nossa vez de retribuir o carinho com que fomos recebidos e nos deleitarmos com o teatro contemporâneo da clássica escola russa, seus atores, diretores e encenadores. Em nome da classe teatral e do público brasileiro, quero desejar boas-vindas aos participantes e cumprimentar a todos os parceiros que tornaram possível este importante encontro. Tenho certeza que as imagens e cenas que vamos assistir serão apenas o início de um novo intercâmbio cultural entre nossos países. Antonio Grassi Presidente da Fundação Nacional de Arte do Brasil

Uma das prerrogativas das atividades desenvolvidas pelo SESC está no caráter da difusão, com ênfase à familiarização do público com aquilo que de melhor se produz nas artes. Neste sentido, o teatro tem sido uma das manifestações artísticas de caráter nitidamente inovador e, por vezes, depurador de uma estética necessitada de novos atributos, ou de simples tomadas de um naturalismo tão despido quanto um tablado disposto a iniciar sua função com sua iluminação desprovida de cores, mas suficientemente clara e densa. Com diferentes contribuições de formas, leituras e encenações, essas apresentações do programa Estação de Teatro Russo - Brasil 2006, denotam contornos que cruzam as nossas imaginações e aportam em nossos palcos, voltando-se à experimentação e à pesquisa de linguagens, também como resultado do intercâmbio técnico realizado por equipes multidisciplinares, municiada com diferenciados olhares sobre diferentes aspectos deste viés da humanidade. Assim, nesta parceria com o Festival Internacional de Teatro Tchekhov e a FUNARTE - Fundação Nacional de Arte, nos encontramos diante de uma oportunidade ímpar de um fazer teatral que extrapolou sua resignação à caixa cênica e conquista atores e platéias, sem se submeter a esteriótipos, revelando intensamente o questionamento interposto entre o testemunho da platéia e o sujeito em cena. Esta mostra, certamente deverá marcar o estreitamento de intercâmbios, do fluxo de idéias e propostas comuns, descrevendo o centro de uma discussão tão imensa quanto estes dois continentes, quanto à precisão de desenhar e redesenhar o que nos é mais próprio: o interpretar. DANILO SANTOS DE MIRANDA Diretor Regional do SESC São Paulo




“Criaturas insignificantes” e grandes diretores por Roman Doljánski

Há alguns anos o teatro russo está numa encruzilhada. Seu orgulho é ser um teatro estatal com um sistema de repertório, ligado ao conceito de “escola cênica russa”, com a herança do grande diretor e reformador K. Stanislávski, trazendo a idéia de que o teatro é o porta-voz do pensamento e o palco – a tribuna, pela qual o público é educado e orientado. Passaram-se apenas vinte e poucos anos da época em que o teatro era o único lugar onde, em condições da mais rigorosa censura comunista, se ouvia ao menos uma alusão, se não a própria verdade, sobre a vida. De certa maneira, o palco substituía o parlamento e a imprensa. Para muitos, substituía até mesmo a religião. As mudanças que ocorreram no regime social e estatal, se refletiram no teatro. A arte perdeu seu papel de fonte da verdade. Mas por outro lado, o teatro de hoje deve responder aos problemas e desafios dos novos tempos: a impossibilidade de financiamento para todos os grupos que atuam no país, a concorrência com a internet, a televisão, o show-business, e o crescimento do número de espectadores, influenciados pela cultura de massa, que procuram no teatro apenas diversão, algo que não os faça pensar. O Teatro de Arte de Moscou é, talvez, o teatro russo mais famoso no mundo. Nos últimos anos, sob a direção de Oleg Tabakov, ator popular e produtor, este teatro tem se dedicado à encenação de peças novas e à apresentação de jovens diretores. O espetáculo “proprietários á moda antiga” de Gógol não faz parte da dramaturgia nova, e é considerado uma das obras mais famosas da literatura clássica russa do século XIX. Mas nesta encenação de Mindáugas Karbáuskis – um dos jovens diretores mais importantes da Rússia, discípulo do professor Piótr Fomenko - o conto de Gógol perdeu seu enternecimento patriarcal. Os “proprietários á moda antiga”, interpretados por Polina Medvêdeva e Aleksandr Semtchev, foram igualados pelo diretor à numerosa criadagem da propriedade. No início, não é previsível o mau comportamento das criadas, pois elas e o menino camareiro, se apresentam em cenas leves e alegres, em alguns momentos fazendo referências até mesmo a comédia dell’arte italiana. Eles representam gansos, furtam em surdina, fazem palhaçadas, manifestando a alegria da vida. Mas são estas mesmas

criadas que, posteriormente, se transformam em coveiros impassíveis de sua patroa e, depois de sepultá-la, mandam e desmandam na casa, sem cerimônias. Em seu conto, Gogol queria mostrar o casal mais feliz deste mundo, e Karbáuskis, nesta versão, nos lembra que toda felicidade é ilusória e que o nada nos cerca constantemente. Os proprietários, Pulkhêria Ivánovna e Afanássi Ivánovitch sabem, com um só toque, dar vida aos objetos que os cercam, sejam eles os potes com cogumelos ou geléias, as pequenas arcas, ou os retratos antigos, que com uma palavra fazem com que eles apareçam e criem vida no palco, como se estivessem saindo debaixo da terra. As criadas, ao contrário, tratam as pessoas como objetos inanimados. Afanássi Ivánovitch, alheio e petrificado após a morte de sua esposa, é tratado como uma peça de mobília, e alimentado como um bicho de zoológico. Sua mulher, voltando da morte, vem buscar o marido para levá-lo ao mundo das sombras, e provocar a libertação das criadas. Um espetáculo onde os detalhes, o tempo e ambiente dos personagens gogolianos é a base de toda a criação e invenção do diretor Mindáugas Karbausis. “O Capote” também baseado em outro conto de Nikolai Gógol, encenado por Váleri Fokin, atual diretor de Centro Meyerhold de Moscou no teatro “Sovrmennik”, apresenta-nos ao contrário da “realidade” da encenação de “Proprietários à moda antiga”, um mundo imaginário, privado totalmente dos indícios da vida real. “Interessa-me o limite entre o real e o irreal. Um estado de consciência é difícil de explicar com palavras. Não é um estado de sono nem de torpor, mas justamente aquele momento quando o sono ainda não terminou, mas o dia já está amanhecendo”, afirma Valéri Fókin. Para alcançar esse sentimento quase imperceptível, Valéri Fókin buscou um ator excepcional “o ator universal” como diria Meyerhold – e o encontrou em uma das atrizes de teatro mais famosas da Rússia, Marina Neiólova. Quando ela surge no palco, como uma criatura assexuada, com os movimentos inseguros de um sonâmbulo e desajeitados como de um velho, a voz fina, lamentosa e rachada, podemos sentir a precisão desta escolha. Quase sem texto, Marina Neiólova realiza uma fantástica pantomima, alcançando com maestria outra “forma” teatral próxima daquela buscada por Vsévolod Meyerhold. O personagem Bachmátchkin está acomodado no seu velho e enorme capote como numa pequena casa, e vive dentro dele com uma pequena lanterna de bolso, fazendo ali todas as suas necessidades, até mesmo dormindo. Com o novo capote, sua vida se transforma completamente. O relacionamento entre este novo objeto e o herói é demasiadamente lírico. No início, ele sente inibição diante da roupa nova, mas acaba avançando para ela com voracidade. Não existe nada


no mundo além do capote. Quando roubam seu capote, ele perde seu amor, e não resta mais nada a essa “criatura insignificante”, senão soltar um único gemido, deitar e morrer. Dostoiévski afirmava que “toda a literatura russa saiu do ‘Capote’ de Gógol”, pois toda a compaixão por esta “criatura insignificante” é o principal motivo da literatura russa. No espetáculo de Valéri Fókin o principal não é a compaixão ao personagem, mas a atenção a uma forma cênica refinada. No espetáculo “K. I. do Crime” de Kama Guinkas, o mesmo fenômeno da compaixão humana é estudado com uma audácia implacável. A personagem foi retirada de um capítulo do romance “Crime e castigo” de Dostoievski. K. I. é a abreviação do nome da personagem Katerina Ivánovna, que encontra o público no momento do velório de seu marido Marmeládov. Neste primeiro momento, a personagem interpretada pela atriz Oksana Míssina saltando detrás de uma porta é uma palhaça divertida e absurda. Alguns momentos depois, ela convida os espectadores a entrar por essa mesma porta e ir para seu quarto. Toda vontade de rir desaparece ao percebermos que toda sua excitação foi provocada por uma desgraça – a morte do seu marido. Katerina Ivánovna, é mais uma “criatura insignificante” da literatura russa, não tendo para onde ir, e tampouco em quem se apoiar, com seus filhos pequenos, sentados no chão daquele quarto. Os espetáculos de Kama Guinkas não são apenas uma experiência estética, mas um teste ético, onde a segurança psicológica do espectador é abolida. O diretor coloca o público como interlocutor desta mulher desesperada, em um monólogo febril e confuso. Ao mesmo tempo em que estamos muito próximos de sua desgraça, não temos a possibilidade de ajudá-la, nos colocando frente à impotência humana diante do infortúnio. Poderíamos afirmar que aqui, o teatro russo comprova que, em suas melhores manifestações, sabe colocar, como nenhum outro teatro do mundo estas “malditas questões sobre a vida”. Dois espetáculos do diretor inglês Declan Donnellan dirigindo elencos russos, demonstram que estes atores são capazes de interpretar, com sensibilidade, a linguagem teatral de outros países, comprovando também que o teatro russo não é uma sociedade estética e isolada do mundo, mas completamente integrada a ele. Em “Noite de Reis” todo o espaço cênico é como um cubo branco que se contrasta fortemente com o preto do primeiro ato e com o bege da segunda parte. Um espaço essencial e perfeito, desenhado pelo cenógrafo e parceiro Nick Ormerod para esta encenação. O elenco remete aos tempos de Shakespeare, quando o palco era proibido para as mulheres. Esta opção de Declan Donellan por fazer encenações somente com homens, pouco tem a ver

com o fato histórico, ou com uma estratégia de divertimento. Os jovens atores, ao interpretar os papéis femininos, não procuram ser engraçados ou exagerados, mas demonstrar o caráter ilusório e inconstante da essência humana seja em seu gênero, ou em suas relações sociais e amorosas. Todos os personagens parecem um pouco artificiais, pois estamos assistindo a uma comédia alegre, mas por trás desta comicidade planejada com precisão pelo diretor, surge, de uma maneira imperceptível e indolor para o espectador, uma tristeza de qualidade especial. Os personagens da peça não parecem estar presos a nada neste mundo; nem a seus sentimentos, nem a seus trajes, objetos ou palavras. Eles brincam, sofrem ou cantam, e cada uma dessas ações bastante teatrais é muito convincente no palco. Por detrás delas transparece, melancólica e diluída em todas as cenas, a possibilidade de perder tudo. Um sorriso de culpa pela audácia dos sentimentos fortes e sinceros. A tragédia “Boris Godunov” de Aleksander Puchkin, também dirigida por Declan Donellan, foi escrita sob a influência das crônicas de Shakespeare, e sempre foi um texto extremamente carregado de dificuldades de encenação, pelo seu caráter histórico, que traz a reunião de uma idéia artística e de questões políticas complicadas. Declan Donnellan, por estar totalmente livre da compreensão e leitura já viciada da tragédia de Puchkin, conseguiu construir um “Boris Godunov” completamente diferente. Sua direção transforma a tragédia histórica em uma peça sobre os problemas e as pessoas atuais. O povo e seu silêncio, elemento mitificado, e fundamental em todas as montagens russas, aqui são desconsiderados, importando mais a troca de olhares entre os indivíduos do que o silêncio coletivo. O encontro de duas pessoas é o acontecimento, o duelo e o drama. O espetáculo é carregado de movimento e de um tremor autêntico. “Boris Godunov” é, nesta versão, um espetáculo movimentado, preciso e simples, com um grau de liberdade cênica nunca assistida na Rússia. A direção de Declan Donellan quebrou uma tradição russa, não com um machado, mas com uma elegante bengala inglesa. Na Estação de Teatro Russo- Brasil 2006 estão sendo apresentadas apenas montagens dos teatros de Moscou, com dramaturgia clássica ou baseadas em textos clássicos da literatura russa, porém isso não significa que não existam também outros centros de criação teatral importantes, ou que não exista uma dramaturgia em desenvolvimento. Porém na “Estação”, a opção foi apresentar os centros de pesquisas teatrais reconhecidos mundialmente, e leituras contemporâneas do teatro russo “clássico”, pois atualmente é no retorno ao clássico, que as respostas às questões mais importantes da atualidade estão sendo procuradas na Rússia.



Shakespeare era obcecado com o amor humano. “Noite de Reis” é uma peça sobre o amor e suas dificuldades, sobre como nossa identidade dissolve-se no amor, e ele se torna loucura, medo e revelação espiritual. A idéia de amor que Shakespeare compartilha conosco na peça é tão cruel como a própria esperança. Ela nos faz pensar sobre as desilusões da paixão, o eterno “espelho mágico” de aparência e realidade. O detalhe decisivo é que Viola, em “Noite de Reis” tem uma caminho idêntico àquele de Iago, em Otelo: “Não sou o que sou”. Shakespeare escrevia muito sobre pessoas comuns em situações extraordinárias. Vamos ao teatro para ver os personagens de Shakespeare se apaixonarem, e sofrerem por amor, oferecerem Vamos ao teatro para ver o amor que tememos, o amor pelo qual todos sonhamos, o amor que precisamos, o amor que evitamos, enfim, o amor, que talvez seja nossa única realidade. Declan Donellan

Uma Produção do Festival Internacional A. Tchékhov em associação com o grupo Cheek by Jowl

noite de reis

de William Shakespeare Direção de Declan Donellan

São José do Rio Preto/SP Dias 21, 22 e 23 de julho - 21 h Teatro Municipal Festival Internacional de Teatro de Rio Preto info: (17) 3215-1830 São Paulo/SP Dias 25 e 26 de julho - 21h SESC Consolação info: (11) 3234-3000 Rio de Janeiro/RJ Dias 1 e 2 de agosto - 19 h Fundição Progresso info: (21) 2279-8066


Declan Donellan Diretor e fundador da Cia teatral “Cheek by Jowl”

Em 1981, junto com o cenógrafo Nick Ormerod, Donnellan fundou a companhia teatral “Cheek by Jowl” apresentando ao ao público britânico encenações clássicas, como “Andrômaca” de Racine, “A duquesa Amalfi” de D. Webster e Cid de Corneille entre outras. Entre suas muitas realizações de espetáculos de Shakespeare podemos destacar – “Noite de Reis”, “Sonho de uma noite de verão”, Macbeth com o Teatro Nacional da Finlândia, e “As You like it” já apresentado no Brasil com sua cia na década de noventa. Desde 2000, vem dirigindo vários projetos do Festival Internacional de Teatro Anton Tchekhov, destacando-se dentre eles estas montagens de Noite de Reis e Boris Godunov de A. Puchkin apresentadas nesta Estação de Teatro RussoBrasil 2006, já tendo dirigido também o balé Romeu e Julieta de S. Prokofiév no Teatro Bolshoi. Donnellan é fundador e diretor da Academia Real do Teatro de Shakespeare em Stratford-upon-Avon e já foi agraciado com numerosos prêmios em Londres, Paris, Nova Iorque e Moscou.

Nick Ormerod Cenógrafo e co-fundador da Cia Teatral “Cheek by Jowl”

Ele é o responsável pela cenografia de todos os espetáculos da companhia desde sua fundação, já tendo apresentado seu trabalho nos teatros mais importantes ao redor do mundo., como o Bouffe du Nord em Paris, Ópera Nacional Inglesa e na Academia Musical do Brooklin em Nova Iorque. Os espetáculos “Boris Godunov” de A. Púchkin, “Noite de Reis” e “Romeu e Julieta” de W. Shakespeare (2003) e “As três irmãs” de A. Tchékhov (2005) foram produzidos e realizados originalmente em Moscou, numa parceria com o Festival Internacional de Teatro A, Tchekhov.


O título original desta peça, “Twelfth Night”, refere-se à décima segunda noite após o Natal; a noite do dia 6 de janeiro, o que nós denominanosm Dia de Reis. Na tradição britânica, o Dia de Reis encerra o ciclo de festejos natalinos, e um costume que vem desde os tempos elizabetanos, diz que neste dia patrões presenteiam empregados, e divertir-se é a ordem do dia. Nesta peça, um grupo arma uma cilada para fazer de “bobo” Malvólio, personagem que não sabe se divertir e muito menos aceitar a diversão dos outros. Uma segunda personagem, que também não está imbuída do espírito de diversão daquele dia é Olívia, que guarda luto severo pela perda de seu irmão. Tudo isso desaparece instantaneamente e se torna desimportante quando ela conhece Cesário e por ele se apaixona. Nesta pequena comedia romântica, podemos entrever a a genialidade shakespeariana, ao assistirmos ao modo como ele trabalha dramaturgicamente várias questões sobre amores não correspondidos, afetos impossíveis e identidades falseadas. Os amores acontecem e desaparecem, o ser amado pode ser em um momento e outro no instante seguinte. Uma visão cética sobre o amor, que se revela nesta Noite de Reis, altamente circunstancial romanticamente cômico, ou comicamente apaixonado.

CO-REALIZAÇão

FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO ANTON TCHEKHOV, MOSCOU em associação com CHEEK BY JOWL

ДВЕНАДЦАТАЯ НОЧЬ NOITE DE REIS de WILLIAM SHAKESPEARE

Direção: Declan Donnellan Cenografia e figurinos: Nick Ormerod Iluminação: Judith Greenwood Orsino, duque de Illyria: Владимир Вдовиченков (Vladímir Vdovitchénkov), Sebastião, irmão da Viola: Евгений Цыганов (Ievguêni Tsigánov), Antonio, capitão, seu amigo: Михаил Жигалов (Mikhail Jigálov), Capitão, amigo da Viola: Всеволод Болдин (Vsévolod Bóldin), Valentino, intimo do duque: Сергей Мухин (Serguei Múkhin), Curio, intimo do duque: Михаил Дементьев (Mikhail Deméntev), Sir Toby Beltch, tio da Olívia: Александр Феклистов (Alexander Feklístov), Sir Andrew Angucheek: Дмитрий Дюжев (Dmítri Diújev), Malvolio, preceptor da Olívia: Дмитрий Щербина (Dimitri Scherbina), Feste, gracioso da Olívia: Игорь Ясулович (Igor Iassulóvitch) / Евгений Писарев (Ievguêni Píssarev), Olívia, condessa rica: Алексей Дадонов (Aleksei Dadónov), Viola: Андрей Кузичев (Andrei Kúsitchev), Maria, servidora da Olívia: Илья Ильин (Ilia Iliín) Assistência da direção: Ievguêni Píssarev, Direção de Preparação corporal: Alberts Albert, Consultor de Preparaçao Corporal: Jane Gibson, Preparador Corporal: Alexandra Kónnikova, Música: Vladímir Pankov / Alexander Gússev, Tradutor de Declan Donnellan: Anna Kolésnikova, Assistente do figurinista: Natália Vedenéieva, Ajudante do Diretor: Olga Vassilévskaia, Educador de violão: Serguei Rodiúkov, Educador de trompete: Taras Kuzenko, Direção técnica: Vladímir Kiséiev, Luz: Serguei Tímtchenko / Serguei Govorúchkin / Aleksei Tchesnokov, Som: Nikolai Klicher, Maquiagem: Olga Kasakova, Contra-regra: Larissa Abáchkina, Camareira: Natália Vedenéieva/ Tatiana Kulakova, Cenotécnicos: Gueórgui Sipachvili / Dmítri Khódin, Direção da produção: Olga Charápova, Tour manager: Svetlana Semenova, Produtor geral: Valéri Shádrin

Estréia: Maio 2003 em Moscou. Duração do espetáculo: 2h30m com intervalo



BORIS GODUNOV foi escrito em 1825 (ano da ressurreição dos Decabristas) Trabalhando sobre a peça, Púshkin estudou minuciosamente todas as escritas possíveis, crônicas, tratados, vidas dos santos, monumentos da literatura antiga russa, lendas populares: lia com um interesse especial as peças de William Shakespeare. Ao concluir “Boris Godunov” Aleksandr Serguêievitch Púshkin escreveu a seu amigo Viázemski: “Minha tragédia está terminada; reli-a em voz alta, sozinho, e comecei a bater palmas e gritar: Vejam só que Púshkin, vejam só que filho da mãe...” Publicando a peça pela primeira (e última vez em vida), o autor foi obrigado a mudar o subtítulo original - e a censura foi burlada pela definição “Comédia sobre o czar Boris e Grichka Otrêpiev”.

Borís Godunov

de Aleksandr Púchkin Uma produção do Festival Internacional de Teatro Anton Tchékhov Direção de Declan Donellan

São Paulo/SP Dias 28, 29 de junho - 21h Dia 30 de junho - 18h Sesc Pompéia info: (11) 3871-7700 Rio de Janeiro/RJ Dias 5 e 6 de agosto - 19 h Fundição Progresso info: (21) 2279-8066


Aleksandr Púshkin, o autor

Aleksandr Sergeevich Púshkin nasceu em Moscou em 26 de maio de 1799. Aos 15 anos de idade publicou seu primeiro texto no jornal “The messenger of Europe”. Em abril de 1820 seus poemas políticos o levaram a um interrogatório no conseqüente exílio no sul da Rússia. Ao deixar São Petersburgo, Puchkin viajou pelo Cáucaso e Criméia escrevendo naquele período seus primeiros contos em versos. Neste mesmo período começou a escrever sua novela em verso “Eugéne Onegin” (1823-1831). Com a ajuda de pessoas influentes ele consegue ir para Odessa em julho de 1823 onde continuou a escrever. Quando uma carta sua foi interceptada contendo um apoio velado e tênue ao ateísmo. Púshkin foi exilado para o Estado de origem de sua mãe, Mikhaylovskoe, no norte da Rússia,,onde ele continuou durante 2 anos sob vigilância. Sempre escrevendo, seja em Odessa ou em Mikhaylovskoe, foi durante este período neste exílio, que ele escreveu “Boris Godunov” e o segundo capítulo de “Eugéne Onegin”. Mesmo exilado, Pushkin foi implicado no Levante Dezembrista, pois todos os dezembristas tinham cópias de seus primeiros poemas políticos. “Boris Godunov” – foi publicado em 1829, depois de quatro anos esperando por autorização – como um presente de seu noivado com Natalia Goncharova, por Nicholai I que o anistiou do exiliop em 1826 e era seu censor pessoal. Apaixonado durante o ano seguinte, 1930 escreveu várias obras, estórias curtas, pequenas tragédias, o primeiro e seus contos de fadas em verso e o último capítulo de “Eugene Onegin”, e entre outros poemas. Púshkin casou-se com Natalia Goncharova em 18 de fevereiro de 1831 mudando-se em seguida para São Petersburgo onde viveu pelo resto de sua vida, envolvidos a partir de então com a corte Em dezembro de 1833 Nicholas I condecorou Púshkin Entre o ano de 1834 e 1836, sua esposa, considerada muito bela, foi abertamente cortejada por um nobre francês chamado d’Anthes, obrigando Púshkin a desafia-lo. Porém antes de acontecer o duelo , este foi cancelado. D’Anthes se casou com a irmã de Natália, e ainda continuando a perseguir Natalia. levou Pushkin o desafiá-lo novamente. O duelo com D’Anthes aconteceu em 27 de Janeiro de 1837, e Púshkin foi mortalmente ferido, morrendo dois dias após no dia 29 de janeiro. Sua morte, levou milhares de pessoas ao seu apartamento para expressar simpatia e luto, e o governo e a corte simpatizante de D’anthes, temendo uma demonstração política transferiu o funeral da Catedral de St. Isaac para a pequena igreja Stables Church, com admissão apenas com bilhete e somente para membros da corte e da sociedade diplomática. Seu corpo foi enviado para o enterro em segredo e à meia-noite., tendo sido sepultado ao lado de sua mãe no mosteiro Svyatye Gory próximo a Mikhaylovskoe. Adorado desde sua morte, Púshkin é até hoje o mais popular escritor da Rússia. Adaptado do esboço biográfico de J.Thomas Shaw em “As Cartas de Alexander Pushkin”

Boris Godunov

Comédia sobre a verdadeira desgraça do Estado Moscovita, sobre o czar Boris e Grichka Otrêpiev Escrito pelo servo de Deus Aleksandr, filho de Sergei Puchkin Em 1584, morre Ivan, o Terrível, o primeiro príncipe de toda a Rússia que se proclamou “czar”. Seu filho Fiodor sucede o trono do déspota de triste memória por execuções desumanas, mas não alheio à religiosidade e à filosofia. Boris Godunov, amigo e cunhado do novo “czar” Fiodor rege a Rússia com sucesso. Em 1591, na cidade de Uglitch, o príncipe e czarêvitch Dimitri, filho do sétimo casamento de Ivan, morre, ainda criança, pela mão de um assassino. Muitos suspeitam que atrás desse assassinato estava Boris Godunov que abria para si de antemão o caminho ao trono, caso Fiodor morresse. Em 1598, Fiodor morre. Não sobra nenhum filho vivo de Ivan, o Terrível, e Boris Godunov torna-se o pretendente mais viável para o trono, devido à sua popularidade e experiência como Regente durante o reino de Fiodor. Em 1605, Grigóri Otrêpiev, sob o nome Dimítri sobe ao trono russo, casase com a católica Marina Mníchek, proclamada czarina e, junto com ela reina na Rússia. Segundo o testemunho de embaixadores estrangeiros, seu governo era extremamente sensato e magnânimo. Em 1606, o príncipe Vassíli Chúiski, indultado pelo impostor, conspira contra ele. Basmánov morre, tentando defender Otrêpiev. O falso Dimítri é morto e seu corpo é colocado no cano de um canhão e atirado de cima do muro do Kremlin em direção á Polônia. Chúiski torna-se czar e reina até o ano de 1610. Em 1607 aparece mais um impostor que declara ser o czarêvitch Dimítri. Marina Mníchek reconhece-o como seu marido, dá a luz a um filho dele e, depois da desagregação do exército do segundo pseudo Dimitri em 1610, morre de uma doença na prisão.


FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO ANTON TCHEKHOV, MOSCOU

БОРИС ГОДУНОВ BORIS GODUNOV

de ALEKSANDR PÚCHKIN Direção: Declan Donnellan, Cenografia e figurinos: Nick Ormerod, Iluminação: Judith Greenwood

Personagens e atores (na ordem de aparecimento em cena) Príncipe Vorotínski: Илья Ильин (Iliá Iliin), Príncipe Vassíli Chúiski: Авангард Леонтьев (Avangard Leóntiiev), Schekálov, escrivão: Алексей Зуев (Aleksei Zúiev), Boris Godunov, czar da Rússia: Александр Феклистов (Aleksandr Feklístov), Pímen, monge: Игорь Ясулович (Igor Iassulóvitch), Gridóri Otrêpiev, jovem frade: Евгений Миронов (Evguêni Mironov) / Андрей Кузичев (Andrei Kúzitchev), Patriarca: Олег Вавилов (Oleg Vavílov), Monge superior: Михаил Жигалов (Mikhail Jigálov), Patroa da pequena taverna: Мария Голуб (Maria Golub), Padre Varlaám: Александр Ильин (Aleksandr Iliin), Padre Missail: Александр Леньков (Aleksandr Lienkov), Comissário de polícia: Михаил Жигалов (Mikhail Jigálov), Subcomissário de polícia: Дмитрий Дюжев (Dmítri Diújev), Puchkin: Игорь Ясулович (Igor Iassulóvitch), Princesa Ksénia, filha de Godunov: Елена Захарова (Elena Zakharova), Czarêvitch Fiódor, filho de Godunov: Александр Костричкин (Aleksandr Kostrítchkin), Semion Godunov: Дмитрий Щербина (Dmítri Scherbina), Sacerdote católico: Михаил Жигалов (Mikhail Jigálov), Gavrila Púchkin, sobrinho de Puchkin: Алексей Зуев (Aleksei Zúiev), Príncipe Kúrbski: Дмитрий Щербина (Dmítri Scherbina), Sobanski: Дмитрий Дюжев (Dmítri Diújev), Karela, cossaco: Александр Ильин (Aleksandr Iliin), Khruschev, menino russo: Александр Костричкин (Aleksandr Kostrítchkin), Poeta: Владимир Панков (Vladímir Pankov), Iúri Mníchek, senhor polonês: Олег Вавилов (Oleg Vavílov), Marina Mníchek, sua filha: Ирина Гринева (Irina Grineva), Basmánov, comandante de exército: Михаил Жигалов (Mikhail Jigálov), Boiardo em Duma: Алексей Зуев (Aleksei Zúiev), Nikolka, mendigo alienado: Александр Леньков (Aleksandr Lienkov), Prisioneiro russo: Илья Ильин (Iliá Iliin) Assistente da direção: Ievguêni Píssariev, Tradutores: Dina Dódina / Anna Kolêsnikova, Direção musical: Maksim Gúdkin, Preparação Corporal: Andrei Schúkin, Coreógrafo: Irina Filíppova, Assistente do figurinista: Natália Vedenéieva, Ajudante da direção: Ekaterina Tcheriómina, Diretor técnico: Vladimir Kisêiev, Luz: Serguei Tímtchenko / Serguei Govorúchkin / Aleksei Tchesnokov, Som: Valéri Antónov, Cenotécnicos: Gueórgui Siprachvili / Dmítri Khódin, Camareiras: Natália Vedenéieva / Tatiana Kulakova, Contra-regra: Ekaterina Tcheriómina, Maquiagem: Tatiana Abdulláieva, Direção da Produção: Olga Charápova, Tradução da legenda: Klara Gurianova, Tour manager: Svetlana Semenova, Produtor geral: Valéri Shádrin

Co-produção: Festival Internacional de Teatro Anton Tchékhov, Conselho Britânico em Moscou, Festival Teatral de Avignon, Festival de Brighton, La Filature - Cena Nacional Mulhouse Estréia: Junho de 2001 em Moscou Duração do espetáculo: 2h10 m sem intervalo

APOIO:



Teatro de Arte de Moscou

proprietários à moda antiga

Texto baseado no conto de Nikolai Gógol Direção de Mindáugas Karbáuskis

O casal idoso, Pulkhêria Ivánovna e Afanássi Ivánovitch, levam uma vida tranqüila em uma aldeia perdida. Continuam se amando e a vida de Pulkhênia como dona de casa é dedicada completamente ao marido. Ela o alimenta, cuida de suas roupas e de sua saúde. A paz e a prosperidade reinam na casa. Um dia, Pulkhêria Ivánovna morre, os criados sepultam-na e começam a mandar e desmandar na casa. Primeiro escarnecem do patrão fraco, depois metem-no num canto da casa, com o um objeto inútil, até esquecê-lo completamente. Um outro dia, Pulkhêria Ivánovna volta do outro mundo para levar Afanássi Ivánovitch consigo, e...

Rio de Janeiro/RJ Dias 17, 18 e 19 de agosto - 20h Teatro Funarte Cacilda Becker info: (21) 2279-8066 São Paulo/SP Dias 22, 23 e 24 de agosto - 21h Sesc Santana info: (11) 6971-8700


TEATRO DE ARTE DE MOSCOU

СТАРОСВЕТСКИЕ ПОМЕЩИКИ PROPRIETÁRIOS Á MODA ANTIGA

baseado em conto de NIKOLAI GÓGOL

Mindáugas Karbáuskis, o diretor

Formou-se em 2001, em direçao teatral na Academia de arte teatral da Rússia- Estúdio de P. Fomenko. O espetáculo ”Proprietários à moda antiga “foi encenado no Teatro de Arte de Moscou em 2001, sendo o segundo trabalho do jovem diretor e sua primeira direção neste teatro. O estilo original criado por Karbáuskis, sua capacidade de transmitir a profundidade de um tema com o mínimo de recursos, e a expressividade do desempenho dos atores sob sua direção, alcançou rapidamente a admiração do público e da crítica. Nos anos seguintes, Mindáugas Karbáuskis tornou-se um dos mais famosos diretores da nova geração, laureado com numerosos prêmios teatrais e condecorações. “Proprietários à moda Antiga” continua a ser apresentado até hoje no Teatro de Arte de Moscou.

O “Teatro de Arte Moscou” foi criado em 1898 por K. S. Stanislávski e Vl. I. Nemirovitch-Dantchenko com o nome Teatro de Arte de Moscou. O nascimento deste Teatro está ligado à dramaturgia de A. Tchekhov (“A Gaivota”, 1898, “O tio Vânia”, 1899, “As três irmãs”, 1901, “O jardim das cerejeiras”, 1904), e de M. Gorki (“Os pequeno-burgueses” e “Albergue noturno”, ambas encenadas em 1904). No trabalho de encenação destes espetáculos surgiu um novo tipo de atores que transmitiam de uma forma refinada as particularidades da psicologia do herói da peça e, pela primeira vez na história do teatro mundial, foram formulados os princípios da direção, voltada para unir o elenco e criar um clima geral na atuação. O Teatro de Arte de Moscou foi o primeiro teatro da Rússia a fazer uma reforma no repertório e criar sua própria temática, elaborando-a constantemente de um espetáculo para outro, e em todos os seus 108 anos de existência, este teatro tem sido, segundo a opinião geral, o Primeiro Palco da Rússia. O elenco sempre foi composto de reconhecidos mestres de cena; e no Teatro sao convidados a a trabalhar os melhores diretores e cenógrafos da atualidade. Atualmente, o Teatro tem a direção artística de Oleg Tabakov, um ator famoso, um encenador e professor, agraciado com o titulo de um Artista do Povo da URSS.

Direção: Миндаугас Карбаускис (Mindaugas Karbauskis) Cenário: Владимир Максимов (Vladmir Maksimov) Figurinos: Светлана Калинина (Svetlana Kalinina) Afanássi Ivánovitch: Александр Семчев (Aleksandr Semtchev), Pulkhêria Ivánovna: Полина Медведева (Polina Medvêdeva), Iavdokha: Юлия Полынская (Iúlia Polínskaia), Menino de quarto: Никита Зверев (Nikita Zviérev), Criadas: Елена Лемешко (Elena Lemechko), Янина Колесниченко (Ianina Kolesnitchénko), Ольга Литвинова (Olga Litvínova), Юлия Шарикова (Iúlia Chárikova) Assistente de direção: Natalja Kolzoba Tradução da legenda: Klara Gurianova

Estréia: 5 de dezembro de 2001 Duração do espetáculo: 1h10m, sem intervalo



Sobre o autor Nikolai Gogol

A arte de Gogol: literatura e espetáculo Nikolai Vassílievitch Gógol viveu entre 1809 e 1852, portanto toda a sua criação literária se desenvolve no período de grandes transformações em todos os níveis da sociedade russa. O nome de Gógol está ligado ao surgimento da “Escola Natural” russa, cuja característica principal seria a descrição realista da vida da população das cidades. O gênero predominante dessa tendência foi denominado “ensaio fisiológico”, com o qual o prosador russo guardaria estreita relação, principalmente pelo caráter de protesto do gênero, aliado à documentação “objetiva” de uma realidade social e humana. Mas Gógol, embora apresentasse uma simbiose com todo o contexto histórico-cultural que lhe serviu de pano de fundo, construiu através de sua arte uma obra solidamente plantada em sua época, mas que, ao mesmo tempo, escapa dos seus limites, apontando, ainda hoje, para sua modernidade. Neste sentido, se a obra de Gógol como um todo tem sido considerada por uma parcela da crítica como expressão satírica da realidade russa de sua época, é necessário detectar, para uma abordagem mais acurada de seus textos, sua maneira peculiar de “ver” o mundo e as coisas, sua “óptica desautomatizante”. Sua visão molda a realidade através da desproporção no proporcional. Dessa forma, a realidade projetada nos textos de Gógol se apresenta muitas vezes através de transformações romanticamente fantásticas. É o caso da novela “Proprietários de terra à moda antiga”, novela sobre a qual se baseia o espetáculo homônimo do diretor Mindaugas Karbáuskis, uma produção do Teatro de Arte de Moscou que o público brasileiro tem a oportunidade de assistir nesta Estação do Teatro Russo. Mas o traço distintivo da obra gogoliana se revela também por meio de uma espécie de acumulação absurda de detalhes que fazem da realidade um aglomerado de elementos contraditórios, mas que a revelam na sua mais profunda essência, tornando esse caos fantástico e desconexo a sua mais fiel expressão. Tal procedimento está largamente empregado nas suas “histórias petersburguesas”. A novela “O Capote” constitui, sem dúvida, um dos textos mais representativos dessa fase, cuja adaptação teatral do encenador russo Valéri Fokin, diretor do Centro Meyerhold em Moscou, integra também essa expressiva mostra do teatro russo contemporâneo no Brasil. Gógol foi um dos intérpretes mais agudos do período petersburguês da história russa sob as ordens do czar Nicolau I. Seus contos, novelas e peças de teatro metaforizam, por

assim dizer, o caráter sinistro, estranho, absurdo e espectral que adquirira o império russo e a sua capital-símbolo, São Petersburgo, durante o regime de um dos mais autocratas governantes da Rússia czarista. Os dois textos em prosa,“O Capote” e “Proprietários à moda antiga”, que servem de sustentáculo dramático para os dois espetáculos russos parecem ter um caráter exemplar com relação ao conjunto da obra gogoliana e podem ser tomados como paradigmas de cada uma das fases artísticas do escritor. Neste sentido, observa-se em ambos os espetáculos, para além de suas evidentes especificidades cênicas, a mesma ótica grotesca com que Gógol apreende o mundo, as pessoas e as coisas. É curioso notar o interesse profundo e mesmo exacerbado, tanto do ponto de vista teórico quanto prático, com relação à obra de Gógol, surgido no período das vanguardas russas, especialmente na década de 20. Talvez porque trata-se, aliás como também no caso de nossa contemporaneidade, de uma época de transformações, de contradições e contrastes de toda ordem, rápidos e violentos. É, portanto, com Gógol que o grotesco, tanto cênico quanto cinematográfico, vai se afirmar naqueles anos como tarefa complexa de fazer a passagem de um rico tecido textual a uma ação, por vezes, sem palavra. É possível então, como mostra a própria tradição das vanguardas russas, criar, a partir da obra gogoliana, produtos artísticos renovados, cuja linguagem se desprende do material literário do escritor, embora, tomando-o como ponto de partida. Na mesma medida, estas duas encenações contemporâneas que nos chegam da Rússia parecem se estruturar, como toda a literatura de Gógol, por meio de um movimento dialético que faz vibrar simultaneamente o mais real e o mais fantástico. A linguagem cênica desses espetáculos modula o sobrenatural e o inusitado que surgem naturalmente do real. Da mesma forma, pode-se flagrar, na interpretação dos atores russos, o trágico e o cômico que se mesclam a elementos de terror e humor. O resultado cênico exibe


matizes de humor, ironia e, ao mesmo tempo, de profunda melancolia, elementos essenciais na arte literária de Gógol. A verdadeira intriga de seus textos reside no estilo, na estruturação interna de suas anedotas, no ritmo musical e na sonoridade expressiva de seu discurso. Assim, o universo que se revela parece ser a contrafação grotesca da própria realidade apresentada, pois às “deformidades” do discurso gogoliano correspondem, certamente, as imperfeições e absurdos da vida enquanto tal. Os textos de Gógol são, portanto, poesia em ação e podem desvelar os mistérios do irracional, mesmo que, muitas vezes, sob as máscaras da racionalidade. Muito se tem discutido sobre o enquadramento de Gógol em determinados grupos literários unificados por estilos e tendências literárias ou ideológicas. Mas, com efeito, Gógol, diferente de outros grandes escritores do século XIX russo, não formou nenhuma escola ou plêiade de seguidores diretos. A obra de Gógol parece transcender qualquer moldura e submetê-la às mais variadas classificações e às mais heterodoxas leituras artísticas tem sido a tarefa da crítica e da arte ao longo dos tempos. Arlete Cavliere

NIKOLAI VASSILIEVITCH GOGOL Nikolai Gógol nasceu a 20 de Março de 1809 na província de Poltava (Ucrânia). Oriundo de uma família de pequenos proprietários de terra ucranianos, passa a sua primeira infância no campo. Em 1821 muda-se para Nezin para estudar. Desde muito cedo deseja ser autor teatral. Partiu jovem para São Petersburgo, a fim de fazer carreira, onde conhece Pushkin, que o influencia notavelmente. Em 1836 tem inicio uma longa viagem pela Europa. Em 1848 volta para a Rússia e instala-se em Moscou, onde vive o resto dos seus dias. Gogol começa por escrever contos, publica um importante romance romântico, que descreve as lutas dos Cossacos contra os ocupantes polacos, mas não demora a inclinar-se para as propostas literárias do realismo. A este gênero faz parte a sua obra-prima, “Almas Mortas”, que vem a ser uma visão violenta e satírica da Rússia anterior à abolição da escravatura. Nos seus últimos anos vive atormentado pelas dificuldades que experimenta para narrar uma segunda parte de “Almas Mortas”. Vagueia pela Europa durante três anos, queima o manuscrito e prepara um volume intitulado “Trechos Escolhidos da Correspondência com os Amigos.” A reação da crítica é muito dura, contra os propósitos moralizantes do autor. A inquietude e a insatisfação empurram-no para uma adesão fervente à fé cristã; e o conflito da sua consciência com a atividade de escritor torna-se insustentável. Dominado por uma crise mística nos últimos anos de sua vida, é levado a uma lenta agonia e morre em 4 de Março de 1852, num estado de ascese e em grande sofrimento.



Gógol conta a história de uma ”criatura insignificante”, um funcionário público, paupérrimo, solitário e sem nenhuma alegria, que a partir do momento em que percebe seu capote sem mais condições de uso, tem sua vida transformada nos esforços para comprar um novo capote. Nesse processo difícil , que implica privação, sua consciência é modificada, e esta compra torna-se o acontecimento mais importante de toda sua vida. A alegria com seu novo capote e “casa” logo é substituída por uma tragédia. Naquela noite, Bachmátchkin é assaltado e roubado de modo grosseiro. A humilhação e a perda do sentido da vida levam o herói à morte. Valéri Fókin entende esta narrativa como um retrato da crueldade da cidade de São Petersburgo em relação a seus ”homens insignificantes ”, e nesta versão , após a morte do personagem, ele traz o fantasma do ultrajado funcionário pairando sobre a cidade, vingando-se daqueles que riram de suas pequenas alegrias e não interviram em sua. Defesa. Mas esta revolta, não se dirige somente contra à cidade de funcionários que humilharam o pobre homem, mas também a Deus. O espetáculo de Valéri Fokin está construído sobre duas questões: “Até que ponto o ser humano pode ser ultrajado?” e “Qual o limite para a intervenção ou a vingança dos Céus?” Uma mergulho do diretor Valéri Fókin, no Mundo de Nikolai Gógol, um dos prosadores mais importantes para a formação da consciência nacional russa. Fókin disseca “O Capote”, privando praticamente a personagem principal da fala, construindo o espetáculo mais como uma “atmosfera”do que como uma “narrativa”.

TEATRO “SOVREMÊNNIK” em cooperação com o CENTRO TEATRAL VSÉVOLOD MEYERHOLD, Moscou

O Capote

Texto baseado no conto de Nikolai Gógol Direção de Valéri Fókin

Rio de Janeiro/RJ Dias 31 de agosto, 1 e 2 de setembro info: (21) 2279-8066 São Paulo/SP Dias 5, 6 e 7 de setembro SESC Pinheiros infor: (11) 3095-9400


“Teatro Sovreménnik“ e “Centro de Teatro e Cultura Meyerhold”

O “Teatro Sovreménnik” foi fundado em 1956, por um grupo de jovens atores, que se afirmavam como um “coletivo artístico livre e unido”. O “Teatro Sovremênnik” surgiu como uma resposta ao sistema teatral russo que naquele momento tinha perdido o ideal dos fundadores do Teatro de Arte de Moscou. Protestar contra uma coisa morta, e criar novas condições para o desenvolvimento do método Stanislávski, comprovando a vitalidade do teatro psicológico, é até hoje principal objetivo deste Teatro, e por este motivo é o teatro preferido da juventude e dos intelectuais em geral. e a base do seu repertório sempre foram obras de autores contemporâneos. Valéri Fókin começou sua carreira de diretor teatral no “Sovremênnik”, depois da saída do antigo diretor e, desde seu primeiro espetáculo ele conquistou o público russo, e hoje se afirma que foi o seu trabalho que conseguiram retirar o teatro da crise que ele vivia nos anos 70. Desde então, a colaboração entre Valéri Fókín e o “Sovremênnik” continua envolvendo em seus projetos muitas vezes o Centro de Teatro e Cultura Meyerhold. Valéri Fókin, criou em 1991 este Centro com o objetivo de continuar a “idéia da vanguarda teatral” de Meyerhold, de uma forma válida para os dias de hoje, e assim, o palco deste Centro transformou-se em um espaço aberto para apresentações de grupos e projetos artísticos ligados as artes cênicas, bem como a festivais nacionais e internacionais. Nestes últimos cinco anos os programas “Antonin Artaud”, “Programa Polonês” e o “Programa de Escolas Teatrais”, bem como a “Olimpíada Teatral Internacional”, o programa “NET (Novo Teatro Europeu)”, Festival de Peças Contemporâneas Britânicas, foram alguns dos muitos eventos que por ali circularam.

Valéri Fókin nasceu em 1946, e após terminar a Escola Teatral Schúkin, trabal-

hou durante 15 anos como diretor no “Teatro Sovremennik” de Moscou sob a chefia de Galina Vóltchek, onde a cada novo espetáculo aumentava o interesse do público e da crítica pelo seu trabalho. Em 1985 V. Fokín era o principal diretor do “Teatro M.N. Ermólova” de Moscou e lá suas encenações o transformaram no mais popular dos jovens diretores russos. Segundo a opinião da imprensa, o espetáculo “Fale...”, no Teatro M. N. Ermólova, criou um novo conceito cênico e por este espetáculo que V. Fókin recebeu seu primeiro Prêmio Estatal da Rússia. Em 2001, no Teatro Aleksandríiski em conjunto com o Centro V. E. Meyerhold, ambos sob a direção artística de V. Fókin, foi elaborado programa de pesquisa artística de três anos denominado “A Nova Vida da Tradição”, que incluía a encenação de cinco peças de dramaturgos clássicos russos no palco do Teatro Aleksandríiski, realizadas por eminentes diretores russos e europeus, com o objetivo de fazer renascer a glória do teatro russo de outrora. Atualmente ele continua como diretor artístico do Teatro A. S. Puchkin em S. Petersburgo e também diretor e orientador artístico do Centro de Teatro e Cultura V. Meyerhold, e podemos afirmar que ele é um dos mais importantes diretores da cena européia contemporânea, e seus espetáculos estão sendo apresentados nos palcos ao redor do mundo.

Marina Neyolova é uma das mais importantes atrizes da Russia, e a primeira atriz

do Teatro Sovremennik, além de realizar importantes trabalhos na televisão e no cinema. Com sua incrível e única capacidade de interpretar tanto papéis cômicos quanto trágicos, ela já representou dezenas de personagens, tanto do teatro clássico e contemporâneo russo, quanto da dramaturgia universal. Sua interpretação do pobre funcionário Bachmátchkin no “Capote” de Gogol dirigido por Valéri Fokin, é considerada excepcional e única pela critica especializada e pelo público russo. Marina Neyolova já recebeu muitos prêmios destacando-se entre eles o prêmio “Triumph and K , “Tony Award” ( EUA) e “Stanislavski International”


Personagens e atores: Orsino, duque de Ilíria – Vladímir Vdovitchênkov Sebastião, irmão de Viola – Evguêni Tsiganov Antônio, capitão de navio, amigo de Sebastião – Mikhail Jigálov Capitão de navio, amigo de Viola – Vsévolod Bóldin Valentino, favorito do duque – Serguei Múkhin Cúrio, favorito do duque – Mikhail Demêntiev Sir Toby Beltch, tio de Olívia – Alexander Feklístov Sir Andrew Agucheek – Dimítri Diújev Malvólio, mordomo de Olívia – Dimítri Scherbina Feste, bobo da corte de Olívia – Igor Iassulóvitch / Evguêni Píssarev Olívia, condessa rica – Aleksei Dadónov Viola – Andrei Kuzitchev Maria, camareira de Olívia – Iliá Iliin Direção – Declan Donnellan Cenografia e figurinos – Nick Ormerod Designer de luz – Judith Greenwood Assistente de direção – Evgueni Píssarev Diretor de plástica – Alberts Albert Consultora de plástica – Jane Gibson Professora de plástica – Aleksandra Kônnikova Música – Vladímir Pankov, Alexander Gússev Interprete de Declan Donnellan – Anna Kolésnikova Assistente de figurinista – Natalia Vedeneieva Ajudante de direção – Olga Vassilévskaia Professor de violão – Sergei Rodjukov Professor de trompete – Tarás Kutsenko Diretora de elenco – Olga Charápova Direção técnica – Vladímir Kizéiev Luz – Serguei Tímtchenko, Serguei Govorúchkin, Aleksei Tchesnokov Som – Nikolai Klíchev Maquiagem – Olga Kazakova Contra-regra - Larissa Abáchkina Camareiras – Natalia Vedenêieva, Tatiana Kulakova Técnicos de cena – Gueórgui Siprachvíli, Dimítri Khódin Produtor geral – Valéri Chadrin Duração do espetáculo: 2h 30m com intervalo Estréia em Moscou: Maio de 2003.

Personagens e atores: Orsino, duque de Ilíria – Vladímir Vdovitchênkov TEATRO “SOVREMÊNNIK” DE MOSCOU Sebastião, irmão de Viola – Evguêni Tsiganov amigo de Viola – VSÉVOLOD Vsévolod Bóldin em cooperação comAno, o CENTRO TEATRAL MEYERHOLD Valentino, favorito do duque – Serguei Múkhin Cúrio, favorito do duque – Mikhail Demêntiev Sir Toby Beltch, tio de Olívia – Alexander FeklísШИНЕЛЬ tov O CAPOTE Sir Andrew Agucheek – Dimítri Diújev baseado em conto de NIKOLAI GÒGOLde Olívia – Dimítri Scherbina Malvólio, mordomo Feste, bobOlívia, condessa rica – Aleksei Bachmátchkin: Dadónov Марина Неелова (Marina Neiólova) Andrei Kuzitchev com a participaçãoViola dos–criadores e realizadores das cenas com Maria, camareira de Olívia – Iliá Iliin sombras ensombradas: Игнатова (Viatcheslav Direção Вячеслава – Declan Donnellan Ignátov), Марии Cenografia Литвиновой (Maria Litvínova), e figurinos – Nick Ormerod (Ирины Judith Greenwood Мишиной) Irina Designer Míchkinadeeluzo –conjunto musical «Сирин» Assistente de direção Evgueni Píssarev (Sirin) sob a direção de Андрей Котов– (Andrei Kótov). Diretor de plástica – Alberts Albert Consultora de plástica – Jane Gibson Direção: Спектакль Валерия Фокина– (Espetáculo de Valéri Professora de plástica Aleksandra Kônnikova MúsicaАлександр – Vladímir Pankov, Alexander(Aleksandr Gússev Fókin), Cenógrafo: Боровский Interprete de DeclanБакши Donnellan – Anna KolésBoróvski), Compositor: Александр (Aleksandr Bakchi) nikova Assistente de figurinista – Natalia Vedeneieva Coreografia: Serguei Gritsai, de Cenas com–sombras: Iliá Eppelbaum, Ajudante direção Olga Vassilévskaia Professor de violão – Sergei Rodjukov Iúri Rost, Maquiagem: Tatiana Chmíkova, Idéia do projeto: ProfessorIúrideFaínkin, trompeteAjudantes – Tarás Kutsenko Assistente de direção: de direção: Diretora de elenco – Olga Charápova Svetlána Blédnaia Som / Galina Iaroslávtseva – Nikolai Klíchev Direção técnica – Vladímir Kizéiev Som Nikolai Klíchev Estréia: 4 de outubro de–2004

Duração do espetáculo: 1h, sem intervalo



“K.I. do Crime” relata um monólogo de Katerina Ivanovna (K.I.), um personagem elaborado das margens do “Crime e Castigo” de Dostoievski. A peça está construída sobre uma cena do livro no qual K.I. prepara um desesperado jantar em memória de Marmeladoy, seu finado marido. Ela trata a audiência como “convidados” para o jantar e força seus filhos, assustados, a apresentarem canções e versos para demonstrar sua nobreza escondida sob sua existência maltrapilha. Começando com sua infância em uma “pobre casa de coronel” e sua juventude, quando ela “dança com um xale em sua graduação do instituto nobre da província”, K.I. revisita muitas camadas de sua vida. K.I. espera por pessoas ilustres para o seu jantar “in memorian”: a riqueza de Pyotr Petrovich, o Sr. Lebezyatnikov e o Tenente Coronel, todos nobres convidados que sua senhoria, Amália Ivanovna havia prometido convidar. Ela espera por eles a noite toda. Mas, claro, nenhum deles chega. Através de todo o monólogo, K.I. é perturbada por duas coisas em particular: a morte absurda de seu marido bêbado, e o fato de ela própria ter vendido sua filha adotiva Sonia para a prostituição. Os ataques constantes à Amália Ivanovna, faz com que a senhoria finalmente expulse a família de seus quartos. K.I. anuncia que vai apelar ao general que irá lembrar dos serviços, ou de seu pai, ou de seu marido e declarar que justiça seja feita. Obriga seus filhos a tocarem e mendigarem na rua, por esmolas. K.I. tenta provar a imensa injustiça do mundo ao fazê-lo testemunhar sua própria humilhação. Conforme sua morte se aproxima ela a saúda como libertação.

Teatro de Jovens Espectadores de Moscou

K.I. do Crime

baseado no romance “Crime e Castigo” de FIÓDOR DOSTOIÉVSKI direção de KAMA GINKAS

Brasília/DF Dias 23, 24 e 25 de setembro Cena Contemporânea Festival Internacional de Teatro de Brasília Espaço Cultural Renato Russo info: (61) 3349-3937 São Paulo/SP Dias 29, 30 de setembro e 1 de outubro SESC Ipiranga info: (11) 3340-2000 Rio de Janeiro/RJ Dias 6, 7 e 8 de outubro Festival Internacional de Artes Cênicas riocenacontemporanea Espaço da Cia. dos Atores info: (21) 2246-0042


Kama Ginkas, o diretor Kama Ginkas, nasceu em 1941. Graduou-se em direção no Leningrad State Institute of Theater, Music and Cinema (LGITMiK) em 1967, época em que fez sua estréia profissional. Dirigiu o Young Spectator Theater em Krasnoyarsk antes de voltar para Leningrado e realizou produções em vários teatros de Moscou. Desde 1988 Ginkas trabalhou em Moscou quase que exclusivamente para o New Generation Theater com várias produções destacando-se entre elas “Notes from the Underground,” “We play Crime” e “K.I. from Crime”, todos baseados em textos de Fiodor Dostóievski. No ano de 2001 encenou o mistério musical de Alexander Bakshi denominado “The Polyphony of the Word” com uma série de estrelas internacionais - Gidon Kremer, a Kamerata Baltika, Les Percussions de Strasbourg e dezenas de músicos de jazz e folk dos Estados Unidos, Austrália, Alemanha, Rússia e Armênia. As produções de Kama Ginkas foram apresentadas em vários festivais internacionais de Teatro nos Estados Unidos, Alemanha, Itália, Bélgica, Suécia, Finlândia, Turquia, França, Coréia do Sul e outros países. Como diretor ele recebeu numerosos prêmios como “ Crystal Turandot,” o prêmio “Seagull, the Golden Mask” o prêmio “Mikhail Tumanishvili” entre outros. Em 2003 foi agraciado com o tiutlo de “Artista do Povo da Rússia” . Kama Ginkas também é professor na Moscow Art Theater School e conduz “master classes” em Stratford-on-Avon e Nottingham na Inglaterra, em Oslo na Noruega, em Helsinki na Finlândia, Toronto no Canadá e New Haven nos Estados Unidos.

Daniíl Gink, o dramaturgo

Daniel Gink (Ginkas), dramaturgo, nasceu em 1969, filho dos conhecidos diretores Heniretta Yanovskaya e Kama Ginkas. Formado em direção da “Moscow Art Theater School”, escreveu sua primeira peça Bald/Brunet com a idade de 22 anos. O texto “K.I. de Crime e Castigo” de Daniel Gink foi escrita a pedido de Kama Ginkas em 1993 e já foi traduzida para o inglês, alemão, búlgaro e húngaro.

Oksana Mysina, a atriz

Oksana Mysina é formada na Escola de Música Gnesin e no Instituto de Teatro Schchpkin do Teatro Maly. Desde 1994 trabalha independente para vários teatros em Moscou, destacando-se entre eles incluindo o Teatro New Generation, o Teatro Stanislavsky, o Teatro Moscow Art e o Teatro Pushkin. Por sua performance de Katerina Ivanovna foi indicada para o prêmio Golden Mask de melhor atriz e recebeu o prêmio de melhor atriz na competição do jornal Komsomolskaya Pravda. Atuou em vários filmes do cinema soviético e também em séries de Televisão, tendo recebido vários prêmios por suas atuações em ambos os veículos. Em 2001 fundou o seu próprio teatro, o Oksana Mysina Theatrical Brotherhood, onde dirige e atua e desde 2003 criou um grupo de rock, chamado Oxy Rocks, no qual ela escreve as letras de música da banda, canta e toca violino.


TEATRO DE JOVENS ESPECTADORES DE MOSCOU

К.И. ИЗ «ПРЕСТУПЛЕНИЯ» K.I. Do “CRIME” de de Даниил Гинк (DANIIL GINK) baseado no romance “Crime e Castigo” Ф. Достоевскому (de F. Dostoievski) Direção: Кама Гинкас (Kama Guinkas) Katerina Ivanovna: Оксана Мысина (Oksana Míssin) e Аня и Олег Раевы (Ania e Oleg Raiev) / Даша Кирющенко (Dacha Kiriutchenko) Realização técnica: I. Ívtchenko, / I. Portugálov / A. Rutchkin / P. Sergunov / T. Chiliáieva / A. Alekssêiev / V. Bárinov Assistentes do diretor: A. Kuzminá, E. Potlova

Estréia: 5 de novembro de 1994 Duração do espetáculo: 1 hora e 30 minutos.

CO-REALIZAÇão


REALIZAÇão

Fundação Nacional de Arte – FUNARTE Presidente Antonio Carlos Grassi Diretora executiva Myriam Lewin Diretor do Centro de Artes Cênicas Antonio Gilberto Porto Ferreira Centro de Artes Cênicas Clauser Macieski Assessoria de Comunicação Marlene Niches Custódia Consultoria: Elena Vassina

SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO Administração Regional do Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Danilo Santos de Miranda Superintendente Técnico Social Joel Naimayer Padula Superintendente de Comunicação Social Ivan Giannini Gerência de Ação Cultural Rosana Paulo da Cunha Gerente Adjunto Paulo Sérgio Casale Assistentes da Gerência de Ação Cultural Flávia Andréa Carvalho e Sérgio Luis Oliveira Venitti Gerência de Artes Gráficas Eron Silva Gerência de Difusão e Promoção Marcos Ribeiro de Carvalho

Gerente do SESC Consolação Ernesto Corona Gerente Adjunto Cristiane Lourenço Gerente do SESC Ipiranga Antonio José Zacharias Gerente Adjunto Walter Macedo Filho Gerente do SESC Pinheiros Antonio Carlos Moraes Prado Gerente Adjunto Denise Lacroix Rosenkjar Gerente do SESC Pompéia Marina Avilez Gerente Adjunto Jayme A. Paez Filho Gerente do SESC Rio Preto José Roberto Ramos Gerente Adjunto Benedito Roberto Manoel Gerente do SESC Santana Cristina Riscalla Madi Gerente Adjunto Mauro César Jensen


Produção interior Produções Artísticas Internacionais Telefone e Fax (11) 32849588 interiorpro@uol.com.br

Festival Internacional de Teatro Anton Tchékhov Diretor e Produtor geral Valery Shadrin Vice-Diretora Maria Malkina

Coordenação geral: Matthias Pees Ricardo Muniz Fernandes

Coordenadora da Estação de Teatro Russo - Brasil 2006 Elizaveta Glagolina-Guseva

Coordenadores de Produção: Veridiana Gomes Fernandes (São Paulo) Paulo Mattos (Rio de Janeiro) Produção: Bartira Galati

Gerente logistico Elena Bogomolova

Coordenadores técnicos: Ivan Oliveira (São Paulo) Adriana Ortiz (Rio de Janeiro)

Gerentes Svetlana Kamenikhina Olga Svetlova Irina Troitskaya Olga Sharapova

Equipe técnico Rio de Janeiro: Sérgio Santos (Diretor técnico) Hugo Pinheiro (Coordenador de palco) Rose Teófilo (Produção)

AssesSoria de Imprensa Ella Levina

Tradutores: Irina Ignatenko Daria Iarovova Edelcio Americo Anastassia Bytsenko

Departamento financeiro Irina Sharapova (Diretora) Julia Ushakova (Contador responsável) Natalia Kosarkova (Contador) Tatiana Ryabova-Kozhushnaya (Contador) Gerentes Ludmila Zueva Svetlana Semenova (tour manager) Lidia Pavlova

Assessorias de Imprensa: Arteplural, Telefone (São Paulo) RPM Comunicações, Telefone (Rio de Janeiro)

Parceria Agência Federal de Cultura e Cinematografia da Rússia Comitiva de Cultura de Moscou

Design gráfico: érico Peretta (VàRZEA) Agracedimentos: Agradecimento à Companhia Armazém de Teatro e em especial à pessoa de Paulo de Moraes pela atenção e apoio dados à estação de teatro Russo Brasil 2006.



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