Fatzer
Koch
Ou vocês querem se devorar? Vocês têm que considerar Que nem sempre as coisas seguem um plano No mundo. Por mais esperto Que se possa ser, agir como humano É necessário às vezes, comer é bom – Mas é preciso perguntar também: quem Come? Então vocês querem Carne ou luta?
Kaumann
Carne.
Büsching
Carne primeiro.
Koch
Então carne. Fatzer a gente Decidiu que A luta será abortada.
FatzerBraz de Bertolt Brecht&Co. Concepção e direção: andcompany&Co.
FIT - São José do Rio Preto (processo de trabalho): 17 a 21 de julho de 2010 Sesc Pompeia - São Paulo (estreia mundial): 4 a 8 de agosto de 2010 Hebbel am Ufer (HAU3) Berlim - Alemanha: 27 a 30 de outubro de 2010 Pumpenhaus Münster - Alemanha: 4 de novembro de 2010 FFT Düsseldorf - Alemanha: 6 de novembro de 2010 Ringlokschuppen Mülheim a.d. Ruhr - Alemanha: 7 de novembro de 2010
“Sinto que sou provisório Mas o que Vem depois ?” Fatzer
Inquietações artísticas “... em arte, o que existe de principal é a obra de arte.” Mário de Andrade, O artista e o artesão FatzerBraz é um exercício colaborativo de composição. Na mescla de teatro e performance, esta encenação remete à ousadia criativa, tanto por ser uma leitura do teatro de Bertolt Brecht - já que Fatzer ficou inacabada -, como por conta dos elementos histórico e artístico brasileiros vinculados à encenação, em claro indicativo de que a deglutição antropofágica de Oswald de Andrade encerra um rico encontro entre apreciação estética, prática social e reflexão. E se há ousadia, a imaginação também faz parte como um modo de aproximação e conhecimento sobre o mundo, sobre os afetos, as paixões e os valores que nos direcionam - e dos quais, muitas vezes, julgamos ser os direcionadores. Impulsionado por esse entendimento, o SESC SP concebe sua ação ligada à importância de comunicar as inquietações artísticas que, de uma maneira ou de outra, encontram correspondência em nossas inquietações pessoais. Assim, agir por meio do investimento em educação e cultura é almejar a inquietude da alma, fertilizandoa para os frutos do futuro, enriquecendo-a para que cada pessoa encontre caminhos próprios e possa expandir o campo e o domínio das experiências vividas. Por fim, trata-se de levar adiante a consideração de que a obra de arte permite descobrir mundos que se colocam em continuidade com essas experiências, e que levam a melhor compreendê-las. Danilo Santos de Miranda Diretor Regional do SESC SP
“Não vim no mundo para ser pedra” Macunaíma
O estranhamento de si próprio Com FatzerBraz, o Goethe-Institut São Paulo e o SESC SP apresentam a oitava coprodução teatral entre grupos alemães e brasileiros, no âmbito de uma série que, desde 2006, é acompanhada com grande interesse na Alemanha, e que tem o patrocínio da Fundação Federal de Cultura da Alemanha (Kulturstiftung des Bundes). O mais interessante nessas coproduções interculturais é o estranhamento de si próprio, que surge a partir da perspectiva do outro. No caso de FatzerBraz, um coletivo de teatro alemão veio ao Brasil e descobriu aqui vários elementos interessantes, que começaram a interpretar e elaborar. Os artistas brasileiros intervieram, contestaram, questionaram e se surpreenderam. No processo de produção conjunta ambos tiveram a experiência de como o olhar de fora gera novas questões para todos os envolvidos – quanto ao que é tido como “normal” ou “óbvio”. Tais experiências marcam o trabalho dessa peça e as interpretações de um texto, O Declínio do Egoísta Johann Fatzer, de Bertolt Brecht, que dialoga com o momento atual. Ficamos muito contentes pois, após a estreia em São Paulo, FatzerBraz viajará para novas apresentações na Alemanha. Lá, o projeto irá estimular novos olhares sobre si a partir de outras perspectivas. Dr. Wolfgang Bader Goethe-Institut São Paulo
DO POBRE B.B. de bertolt brecht
tradução de NELSON ASCHER em “POESIA ALHEIA”
Eu, Bertolt Brecht, vim das florestas negras. Minha mãe trouxe-me, no abrigo de seu ventre, às cidades. E, enquanto eu viver, o frio das florestas estará comigo. Na cidade de asfalto estou em casa. Recebi cada extrema-unção logo, a saber: jornais, álcool, tabaco. Cheio de suspeitas, preguiça e, afinal, de prazer. Eu sou cordial com todos. Ponho um chapéu-coco, pois isto é normal. Eu digo: que animais de cheiro estranho. E digo: tudo bem, eu sou igual. Eis que em minhas cadeiras vagas, de manhã, uma mulher ou outra se balança. Olho-a sem pressa e digo-lhe: dispões em mim de alguém que não merece confiança. À noite eu me reúno com os homens. Tratamo-nos de gentlemen. O bando, com pés na minha mesa, diz que tudo vai melhorar. E eu nem pergunto: quando? À luz da aurora gris pinheiros mijam e os pássaros, seus vermes, abrem o alarido. É quando, na cidade, esvazio o meu copo, jogo fora o charuto e me recolho aflito. Nós, geração leviana, vivemos em casas supostamente eternas. (Desse modo, além de altos caixotes em Manhattan, construímos junto do Atlântico as antenas que o entretêm.) Restará das cidades quem as cruza: o vento. A casa alegra o comensal que a dilapida. Sabemos bem que somos provisórios. Nem vou falar do que virá logo em seguida. Manter, sem mágoa, nos futuros terremotos, o meu Virgínia aceso — já me satisfaz. Eu, Bertolt Brecht, que, das florestas às cidades, vim no ventre materno, anos atrás.
(...) Pensar é um perigo mortal. Há uma diferença entre pensar e ser, entre pensar e viver. É esse o paradoxo da existência humana.
imagem Jan Brokof
heiner müller
(...) Flaubert disse que o individualismo é a barbarie. A consequência é o pensamento de Foucault, o humanismo é a bárbarie, porque humanismo também significa seleção, exclusão. A humanidade estabelece para si um objetivo, o caminho para a meta exige controle, organização, disciplina, seleção. Quando se trata da emancipação da humanidade, o inimigo é inimigo da humanidade, por isso não é humano. Essa é a questão essencial. Mas como podemos desviar do estabelecimento de objetivos? Esse é um pensamento com o qual crescemos. Como é que aprendemos a nos conformar e a aceitar as coisas como são, a regulá-las só mais ou menos? Mas nas expressões “regular” e “mais ou menos” já se encontra, outra vez, o problema. Sempre “dá” somente “mais ou menos”, nada bate. É essa a provocação do apocalipse, da revelação de João. A questão põe-se aí pela primeira vez e é depois relegada para o Juízo Final. Acredito que a arte seja um ataque a esse paradoxo, no mínimo uma provocação que remete a esse paradoxo. Essa é uma função da arte, possivelmente associal ou no mínimo anti-social, mas uma função moral da arte. Moral não é social, não podem equiparar-se. Considero a indignação moral a propósito do terrorismo irrelevante e hipócrita, por isso me parece tão importante a palavra “humilde” no centro da fala de Fatzer: “Matar, com humildade”. É essa a chama teológica do terrorismo. Não há solução, esse é o paradoxo humano. Mas na arte não se pode escapar dele por meio da moral; de qualquer modo, não no sentido da moral social estabelecida. Talvez a arte também seja uma tentativa de animalização, na perspectiva do livro de Deleuze e Guattari sobre Kafka. Receio que tenhamos de deixar isso assim, no escuro. Heiner Müller Dramaturgo e escritor alemão
foto Cacรก Bernardes
Experimento carne
Um pouco sobre a “Estética da fome” de Bertolt Brecht e a performance FatzerBraz Esquerda, 2, 3: “E porque o ser humano é humano, ele precisa de algo para comer!“ (Einheitsfrontlied - canção da frente única) “Que o homem avança para o conhecimento de que a comida está em primeiro lugar” é também o que proclama Johann Fatzer em grande discurso aos seus camaradas e promete-lhes arranjar carne. Chama atenção que ao longo de toda peça sempre se diz “carne” ao invés de “comida”. A língua alemã, como o português, também não distingue entre carne comestível (meat) e carne viva (flesh). Também a conotação sexual de “comer alguém” desempenha importante papel e a sexualidade é descrita na peça como “epicentro do medo”. Brecht joga conscientemente com a ausência de distinção que soa “canibalística” entre seres vivos e víveres. Assim, dois camaradas de Fatzer têm nomes expressivos: um se chama Koch (cozinheiro) e o outro Kaumann (mastigador). Ao final da peça, não fica claro o que aconteceu com Fatzer, se ele só foi assassinado pelos camaradas ou se também foi devorado: “Um morto: 85 quilos de carne fria/4 baldes de água + 1 saco/cheio de sal”. O modo antropofágico de leitura do fragmento Fatzer se alimenta da experiência da Primeira Guerra Mundial em que a barbárie da civilização moderna se torna nítida no duplo sentido do plural de grandes ações de guerra (abates - execuções) e o verbo do açougueiro, que abate animais para que possam ser consumidos. O jovem Brecht conseguiu escapar da experiência imediata das execuções da Primeira Guerra Mundial. Escreveu a um amigo no front: “eu penso demais. (...). Eu impediria uma ofensiva.” O pensante serviu apenas como sanitarista em um
hospital. Mas como poeta pôde emprestar como ninguém uma língua ao choque da Primeira Guerra Mundial, ao trauma mudo das pessoas na “batalha de materiais”. Fatzer fala do “homem das massas” que teme acima de tudo, pessoas sem eixo. Essas dramatis personae não podem mais ser personagens. O dramaturgo Brecht também não se interessa mais por personagens – a ele só interessam os tipos: tipos como Fatzer ou Lenin. Como Lenin, Fatzer interrompe a guerra. Mas ao tipo Lenin antes corresponde o antagonista dele, Koch (cozinheiro em alemão), respectivamente Keuner, o pensante e, mais tarde, o herói das Histórias do Sr. Keuner. Koch (cozinheiro), respectivamente Keuner, ocupa mais Brecht que o egoísta Fatzer, pois Brecht interrompe seu trabalho com Fatzer. Como Fatzer interrompe a guerra. Talvez seja o melhor texto de Brecht e é para Heiner Müller “o texto do século”: no ensaio Fatzer +/- Keuner, ele descreve esse desvio na peça de Brecht como a batalha de materiais de Brecht X Brecht“: jovem, indisciplinado X velho professor sábio. Anarquista X funcionário. Em 1978, Heiner Müller preparou uma versão teatral de Fatzer. Para ele, Fatzer foi o melhor comentário para o assim chamado ”outono alemão”, os acontecimentos terroristas do ano de 1977 (sequestro Schleyer, sequestro do avião - Landshut, Todesnacht (noite de suicídio) de Stammheim. A estratégia de raptar os representantes do poder para chantagear os companheiros presos foi aplicada pela primeira vez com sucesso em 1967, em São Paulo, por Carlos Marighella. Depois do golpe militar, rompeu com o partido comunista que não estava preparado para a ilegalidade e integrou-se à resistência armada. Tornou-se o sucessor de Che Guevara não só na teoria, como na prática: desenvolveu a teoria revolucionária do foco guerrilheiro no campo para a teoria do foco revolucionário guerrilheiro na cidade e, como Che, caiu numa emboscada e foi fuzilado no dia 4 de novembro
de 1968, na Alameda Casa Branca, em São Paulo. Seu Minimanual do Guerrilheiro Urbano foi lido como instrução de conduta, especialmente nas metrópoles ocidentais, no “Coração da besta”. Estranhamente, seus conselhos igualam-se às diretrizes de Brecht em seu Manual aos habitantes das cidades. Conforme Benjamin descreveu, trata-se não só da maneira de existência dos emigrantes ali descrita, mas do guerreiro ilegal, forçado a viver como fugitivo em seu próprio país. O tema de Fatzer é a “Guerra sem batalha” que prossegue na clandestinidade das cidades depois de abandonar o campo de batalha. Como nenhum outro antes ou depois dele, Brecht entendeu o modo de vida das grandes cidades como uma guerra social. Tal qual os membros da resistência militante dos anos 1960, Fatzer&Co queriam levar a guerra para as cidades: o incêndio provocado na loja de departamentos pelos fundadores da “Facção do Exército Vermelho” (Rote Armee Fraktion, RAF) Andreas Baader e Gudrun Ensslin eram conduzidos pelo pensamento de disseminar o sentimento vietnamita nas ilhas de bem estar em que cidades como São Paulo também eram consideradas: “destruam as ilhas de bem estar do Terceiro Mundo” era o título do livro em que o texto de Marighella circulava na Alemanha (com uma foto de São Paulo). O exemplo do Brasil também não deve ser subestimado, conforme outra fundadora da RAF, Ulrike Meinhof, encarava as ditaduras militares na América Latina (a partir de 1967, também a Grécia) como uma “contra-revolução” preventiva contra a qual se deveria armar na Europa ocidental, pois representava a ameaça de um retorno do fantasma do fascismo. Em 1976, ela cometeu suicídio em Stammheim. As condições da morte foram consideradas por muitos, tão duvidosas quanto as de Vladimir Herzog, um ano antes numa prisão brasileira: “Quem assassinou Herzog?” Era o grito de guerra da resistência no Brasil. Por essa razão, para Müller ela tornou-se a segunda Rosa de Luxemburgo – a co-fundadora do Partido
Comunista Alemão (KPD) assassinada por membros de extrema-direita das milícias – Freikorps. Müller considerava os membros da RAF os espectros do jovem camarada da mina de calcário da peça didática de Brecht “A medida”. Em seus panfletos conspiratórios no presídio de segurança máxima, eles próprios citavam a peça: é a questão da violência que não se desprende, questão crucial de toda uma geração: “a violência só ajuda onde governa violência”, consta no material Fatzer. Todos tinham o exemplo de 1933 diante dos olhos: naquela época, o KPD estava tão pouco preparado para a ditadura do Nacional Socialismo quanto o partido comunista brasileiro para o golpe de estado. Ao invés de iniciar uma revolta, o partido permitiu ser liquidado, seus membros morreram aos milhares em campos de concentração alemães e porões de tortura. O próprio Brecht não tinha ilusões e tratou de desaparecer da Alemanha. Ainda no exílio ele se pronunciava contra a estratégia de uma larga frente popular para o exemplo Fatzer: ditadura de uma pequena célula revolucionária, para criar um exemplo. Ao invés de esperar pela revolução, atacar. Fatzer: “Fracos demais para nos defender, vamos passar ao ataque”. Até hoje, as palavras de Brecht são o lema de cada movimento radical, que pressiona ao ataque: “Quem luta, pode perder. Quem não luta, já perdeu”. Para Müller, o destino do grupo Fatzer-Keuner e do bando Baader-Meinhof (RAF) era estruturalmente semelhante: “Faz parte da tragédia de grupos militantes que não conseguem alcançar seu ápice, a violência se voltar para dentro do grupo.” O grupo “se dilacera“ mutuamente – outro vocábulo canibalístico alemão o procedimento, mais que recorrente, dentro da esquerda: segmentação e auto-destruição. Ao final dos anos 1960, não apenas o espectro que Marx & Engels invocaram no Manifesto Comunista vagava pela Europa. Havia muitos outros: os mortos dos levantes revolucionários fracassados ao
final da Primeira Guerra Mundial, soldados desertores, marinheiros insurgentes, trabalhadoras e trabalhadores rebeldes nas cidades esfaimadas, identificados com as massas combatentes do Terceiro Mundo: Che Guevara crucificado no Cruzeiro do Sul. Ali Müller viu ressuscitar o espírito dos guerrilheiros – um cachorro morto na beira da estrada, retornando como lobo. Por seu fracasso trágico, os terroristas alemães que se identificaram com movimentos nacionais de libertação na América Latina, África e Ásia, tornaram-se fantasmas do nosso presente: assombram nas telas de Hollywood (o filme blockbuster de Bernd Eichinger‚ Der Baader-Meinhof-Komplex – O complexo Baader-Meinhof – indicado ao Oscar) vítimas lamentáveis de uma cegueira, uma sedução pela estética radical da violência da luta pela libertação antiimperialista. Mas os europeus não entendem essa estética, diz Glauber Rocha, cujo cinema quis incendiar as telas de Hollywood. É a estética da fome, que também domina nos textos de Brecht, especialmente flagrante em Fatzer e A mãe (segundo Maxim Gorki): “A respeito da carne / que falta em suas cozinhas / não se discute na cozinha.” A mãe, que não consegue abrandar a fome do filho, transforma-se na lutadora de classes consciente. Ela entendeu a fome e deduz consequências: “A mãe torna-se a práxis em carne e osso” escreve Walter Benjamin. Como Fatzer, que explica aos camaradas que como soldados, eles têm o mesmo inimigo que os seus inimigos, os soldados do outro lado, o filho consegue fazer a mãe ver que têm um inimigo em comum. E que a comida está em primeiro lugar! É justamente esta a razão porque na Alemanha hoje Brecht só pode ser um fantasma sem matéria, enquanto no mundo antigamente chamado de Terceiro Mundo, há um material vivo: “Carne fresca”. Para o consumo de espíritos famintos. Para uma festa antropofágica. “Quando não há escolha, prefiro o canibalismo dos vivos ao vampirismo dos mortos”. (Heiner Müller)
Enquanto Brecht trabalhava no Fatzer, Oswald de Andrade escrevia o Manifesto Antropófago. Pouco depois se afastou de sua ideia revolucionária-cultural e filiou-se ao partido comunista do Brasil. Na mesma época, Brecht interrompeu seu trabalho em Fatzer e, em razão do fortalecimento do fascismo nacional-socialista, aproximou-se do partido comunista alemão - KPD. Assim como Fatzer e seus camaradas, Brecht espera em sua casa em Berlim pela revolução para prevenir a ameaçadora contra-revolução. O fracasso da revolução impede a conclusão de Fatzer e conduz à emigração de Brecht ao classicismo. Após retornar do exílio, Brecht retomou seus antigos pensamentos, mas somente depois da revolta dos trabalhadores em 17 de junho de 1953, em Berlim Oriental. Agora ele volta e se ocupar do Material Fatzer e de suas formas. Mais uma vez, é impelido pela questão da utilização das forças produtivas dos antissociais – daqueles “heróis sem nenhum caráter” que como Macunaíma só fazem aquilo que têm vontade, mas que por isso mesmo são “revolucionários virtuais“. Do outro lado encontra-se o estrategista Koch, o moralista e terrorista, o herói anti-heróico das Histórias do Sr. Keuner de Brecht: como Mr. Nobody da Suábia, Lion Feuchtwanger descreveu um Odisseu nas alturas da metrópole, Bloom (Tiqqun). Segundo Walter Benjamin, era justamente dessa figura que vinha a ameaça de maior perigo para o poeta Brecht. Um perigo que só pode ser banido por fora-da-lei como Baal, Mackie Messer ou Fatzer. Depois de sua reemigração na chamada zona soviética (SBZ) Brecht era considerado sábio, pai, professor por toda uma geração de estudantes e filhos. (Sabemos de Totem e Tabu de Freud, da horda de filhos que matou o bisavô para transformá-lo num totem!) De maneira bem semelhante, Oswald de Andrade voltou-se a si próprio e ao final da vida redescobriu sua própria técnica cultural anti-colonial da antropofagia. Mas apenas após a sua morte, a teoria encontrou eco em uma nova geração,
os artistas do movimento tropicalista. Agora os fundadores desse movimento – como com os alunos de Brecht – são filhos que se tornaram pais que precisam ser engolidos por uma geração mais nova para se transformarem num totem. Por isso, na Alemanha vale o lema: “Comam mais Brecht!” No 100º aniversário de nascimento de Brecht, em 1998 os fundadores da andcompany&Co. tomaram o lema ao pé da letra e o devoraram na forma de um enorme bolo: Devorar Brecht é uma delícia!”(Nenhuma outra expressão alemã descreve melhor a origem canibalesca da língua alemã) Ou como consta ao final do Fatzer +/- Keuner de Müller: “Usar Brecht sem criticá-lo é traição!” No Brasil, o grupo farejou a chance de legitimar seu contato antropofágico com Brecht aplicando sua técnica cultural canonizada que não aplaca seu apetite, ao contrário, só faz aumentá-lo! Para Brecht, o comedor é a imagem do revolucionário radical: “A casa alegra quem nela come: ele a esvazia!” diz Brecht em seu poema Do pobre BB. A história, no entanto, abomina a “Tabula rasa”, a mesa esvaziada até o último grão. A promessa dos trópicos é que a mesa nunca fique vazia, que a comida sempre volte a germinar. Que a necessidade seja superada numa abundância incontrolável. Uma promessa que para Heiner Müller, testemunha do ‘real-existierenden Sozialismus’ (socialismo realmente existente) que esteve aprisionado no regime da privação, só podia parecer como utopia. A abundância é a promessa do novo mundo, que desde o seu descobrimento, há meio milênio, nunca foi compensado, mas sempre só explorado. Assim a banana, para os conquistadores ainda a “fruta proibida” do paraíso reencontrado na costa brasileira, pôde tornar-se símbolo das massas, que levaram à derrocada do muro de Berlim juntamente com o sistema do socialismo da privação. Mas no Ocidente, a banana é um símbolo da arte, especialmente a arte popular da Warengesellschaft (sociedade da mercadoria): a pop-art.
A arte que os fundadores do Tropicalismo ligaram de modo congenial às culturas populares do país. Com isso resgataram algo com o que Brecht na Europa só poderia sonhar: uma nova conexão do popular, da Volkstümlichkeit (popularidade) e da vanguarda. Brecht hoje só pode ser um tropicalista. Um tropicalista triste. Pois, apesar da riqueza, a falta, a fome e a desordem nas cidades ainda prevalecem. Quando chegará o tempo em que nós, que nascemos depois, não precisaremos mais cantar: “Chegamos às cidades em tempos de desordem, quando a fome dominava.” Assim também passa o nosso tempo que foi dado a nós na Terra. P.S. “Não se deixem seduzir”, canta Brecht, o sedutor: “Vocês morrerão com todos os animais. E depois não há nada.” Talvez arte tivesse a ver com a animalização conforme descrito no livro Kafka de Deleuze & Guattari, supunha Müller em relação a Fatzer. Brecht não podia, respectivamente, não queria entender Kafka. Não queria entender que a metamorfose em inseto de Gregor Samsa não é uma tragédia e sim uma comédia. É para rir e não para chorar e somente rindo é que se podem modificar as relações. A animalização é a busca de escape, de saída (Deleuze & Guattari) ou de um êxodo (Negri & Hardt). Uma deserção. Uma traição à própria espécie mais fundamental que a traição da própria classe, que Brecht consumou ao se enfastiar do hábito de ser servido e de comandar. Uma traição que não é anunciada por um galo, mas por um papagaio que deixa de repetir e passa a declarar: ele revela um novo nome que deixará de ser o nome “Brasil” e passará a ter o nome daquela pátria estrangeira onde jamais estivemos, mas que todos conhecem. Esta é a utopia, segundo Ernst Bloch. É a utopia daqueles desertores que não se deixaram embarcar de volta nas galerias de escravos, mas preferiram ficar nas ilhas caribenhas mesmo correndo o risco de serem devorados pelos habitantes do paraíso.
Pois aqueles que, conforme Oswald de Andrade, foram despejados na costa, não foram cruzados, mas fugitivos de uma civilização “que estamos comendo, porque somos fortes e vingativos como o jaboti.”. A esses “fugitivos da esclerose urbana” habitantes das cidades como o Sr. Keuner de Brecht ele avisou: “Já tínhamos o comunismo (..) a idade do ouro.” A história mostrou: Koch, respectivamente, Keuner perdeu e com ele, perderam os modelos da revolução europeia. È tempo da revolução do Caribe, anunciada por Oswald. Vamos escutar o canto das sereias do Pindorama antropofágico como Macunaíma após seu retorno à selva: desamarrem Odisseu, remadores! Não, não se preocupem mais com ele, com quem como Keuner (Ninguém) dominou o gigante canibal, mas abram seus ouvidos, escutem o canto, sigam-no e deixem que os devorem e que os transformem num totem: “brasilianização” como chance – TROPICALYPSE NOW! Alexander Karschnia Integrante da andcompany&co e co-criador de FatzerBraz Tradução Christine Röhrig / Julho 2010
foto Cacรก Bernardes
Uma Definição do Guerrilheiro Urbano (...) dificuldades tem que ser superadas, o qual força ao guerrilheiro urbano a ser imaginativo e criativo, qualidades que sem as quais seria impossível para ele exercer seu papel como revolucionário. O guerrilheiro urbano tem que ter a iniciativa, mobilidade, e flexibilidade, como também versatilidade e um comando para qualquer situação. A iniciativa é uma qualidade especialmente indispensável. Nem sempre é possível se antecipar tudo, e o guerrilheiro não pode deixar se confundir, ou esperar por ordens. Seu dever é o de atuar, de encontrar soluções adequadas para cada problema que encontrar, e não se retirar. É melhor cometer erros atuando a não fazer nada por medo de cometer erros. Sem a iniciativa não pode haver guerrilha urbana. Outras qualidades importantes no guerrilheiro urbano são as seguintes: que possa caminhar bastante; que seja resistente à fadiga, fome, chuva e calor; conhecer como se esconder e vigiar, conquistar a arte de ter paciência ilimitada; manter-se calmo e tranqüilo nas piores condições e circunstâncias; nunca deixar pistas ou traços. Na frente das dificuldades quase impossíveis da guerra urbana, muitos camaradas enfraquecem, se vão, ou deixam o trabalho revolucionário. O guerrilheiro urbano não é um homem de negócios em uma empresa comercial, nem é um artista numa obra. A guerrilha urbana, assim como a guerrilha rural, é uma promessa que o guerrilheiro se faz a si mesmo. Quando já não pode fazer frente às dificuldades, ou reconhece que lhe falta paciência para esperar, então é melhor entregar seu posto antes de trair sua promessa, já que lhe faltam as qualidades básicas necessárias para ser um guerrilheiro. Carlos Marighella Político brasileiro e um dos principais organizadores da luta armada contra o regime militar, in Mini-Manual do Guerrilheiro Urbano
ilustração joão loureiro
foto Cacรก Bernardes
(...) a humanidade é o nome de uma relação, que é a relação reflexiva, em que todo ente vai se perceber a si mesmo como humano. A humanidade é menos o nome de uma substância e muito mais um tipo de relação que todo ente tem consigo mesmo. Isso é, numa linguagem empolada, algo que os índios formulam de maneira muito mais direta quando nos falam, em português, que “todo bicho é gente”. Significa que toda espécie vê a si mesma como humana. Significa que o que é humano é o “se ver”, muito mais do que aquilo que se está vendo. É o pronome reflexivo que define a humanidade. Ao se ver, todo sujeito vê se como humano. Nesse sentido a humanidade também é uma relação. Essa é a relação universal por excelência? Não sei dizer. Acho que é uma das relações. Diria até que a relação primordial no mundo ameríndio é a de incorporação, ou, para usar uma linguagem mais concreta, a relação de predação e de incorporação canibal. O canibalismo como modo esquemático, o esquema fundamental nesse mundo. Brinco, fazendo um trocadilho, que, se nosso esquema fundamental de relação sujeito-objeto, na filosofia ocidental, é a predicação -”A é B”—, no mundo ameríndio, é a predação:
“A come B” (...) Eduardo Viveiros de Castro Antropólogo brasileiro, in entrevista a Folha de São Paulo, 2010.
imagem Jan Brokof
Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud - a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama. OSWALD DE ANDRADE Em Piratininga. Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha. (Revista de Antropofagia, Ano 1, no 1, maio de 1928)
B40 A metade dessa humanidade vive Unicamente da memória esburacada da outra metade Todas essas noites não durmo mais de medo que pudesse Alguma coisa se perder na areia e ser esquecida Porque alguém faz tudo para Que se perca justamente isso na areia e Seja esquecido FATZER
foto Cacรก Bernardes
(..) Enquanto a América Latina lamenta suas misérias gerais, o interlocutor estrangeiro cultiva o sabor dessa miséria, não como sintoma trágico, mas apenas como dado formal em seu campo de interesse. Nem o latino comunica sua verdadeira miséria ao homem civilizado nem o homem civilizado compreende verdadeiramente a miséria do latino. (..) Para o observador europeu, os processos de produção artística do mundo subdesenvolvido só o interessam na medida que satisfazem sua nostalgia do primitivismo; e se primitivismo se apresenta híbrido, disfarçado sob tardias heranças do mundo civilizado, mal compreendidas porque impostas pelo condicionamento colonialista. A América Latina permanece colônia e o que diferencia o colonialismo de ontem do atual é apenas a forma mais aprimorada do colonizador: e além dos colonizadores de fato, as formas sutis daqueles que também sobre nós armam futuros botes. (...) Este condicionamento econômico e político nos levou ao raquitismo filosófico e à impotência, que, às vezes inconsciente, às vezes não, geram no primeiro caso a esterilidade e no segundo a histeria. A esterilidade: aquelas obras encontradas fartamente em nossas artes, onde o autor se castra em exercícios formais que, todavia, não atingem a plena possessão de suas formas. O sonho frustrado da universalização: artistas que não despertam do ideal estético adolescente. (...) A histeria: um capítulo mais complexo. A indignação social provoca discursos flamejantes. O primeiro sintoma é o anarquismo que marca a poesia jovem até hoje (e a pintura). O segundo é uma redução política da arte que faz má política por excesso de sectarismo. O terceiro, e mais eficaz, é a procura de uma sistematização para a arte popular. (...) Mais uma vez o paternalismo é o método de compreensão para uma linguagem de lágrimas ou de mudo sofrimento. Glauber Rocha Cineasta brasileiro e escritor, in “Eztetyka da Fome” (1965)
ilustração joão loureiro
(...) agora com aparência animal (...)
(...) nada de humano (...)
(...) 0 Sr. Keuner tem o vício de pensar de modo frio e incorruptível. Para que serve isso? Serve para esclarecer as pessoas sobre os pressupostos com que abordam os assim chamados líderes, pensadores ou políticos, seus livros e discursos, para então questionar a fundo tais pressupostos. Há todo um feixe de pressupostos que se desmancha quando se afrouxa a corda que o segura. A corda da opinião fixa: com certeza, em algum lugar se pensa, e nisso podemos confiar. Personalidades em posições correspondentes e pagas para isso pensam pelos outros, conhecem os procedimentos específicos e ocupam-se ininterruptamente em resolver as dúvidas e incertezas. Se isso fosse negado ou até refutado, o público seria levado a uma certa inquietação. Pois se encontraria na situação embaraçosa de ter de pensar por si mesmo. O interesse do Sr. Keuner concentra-se no fato de demonstrar que a riqueza de problemas e teorias, teses e cosmovisões é fictícia. Que todos eles se neutralizam não é mera coincidência, nem conseqüência do pensamento, mas resultado dos interesses das pessoas que instalaram os pensadores em sua posições. Perguntará, então, o público, se o pensamento corresponde a determinados interesses. Não deveria o pensamento ser desinteressado? — O público será tomado por certa inquietação. Se o pensamento se realiza segundo determinados interesses, quem lhe garante que são seus próprios interesses? E ai terá afrouxado a corda e desmanchado o feixe de seus pressupostos, transformando-o num amontoado de dúvidas. Vale a pena pensar? É útil? Para que serve na realidade? Para quem? — Perguntas grosseiras, de fato. Mas nós, diz o Sr. Keuner, não devemos recear as perguntas grosseiras; temos as nossas mais finas respostas na ponta da língua. Porque é assim o nosso relacionamento com aqueles outros : eles sabem fazer perguntas sutis, mas os canais de suas perguntas são inundados com a lama de uma quantidade de respostas, uma abundância não filtrada, que é fértil para poucos e
prejudicial para quase todos. Nós, ao contrário, fazemos perguntas firmes. Mas somente passam as respostas três vezes peneiradas. Respostas claras e precisas em que é evidente não apenas o assunto, mas também a postura do falante. Assim diz o Sr. Keuner. (...)
(...) Os senhores talvez se lembrem de que falei dos perigos no trabalho de Brecht. Eles estão no personagem do Sr. Keuner. Já que visita diariamente o poeta, deve encontrar-se, assim o esperamos, com outros visitantes, muito diferentes, que exorcizam os perigos que ele traz para o poeta... Walter benjamin Filósofo e ensaista alemão, in “O que é o Teatro Épico? - um estudo sobre Brecht”
B86 FATZER, VENHA I Abandone o posto. As vitórias foram conquistadas. As derrotas foram Conquistadas: Abandone o posto agora. Volte a mergulhar nas profundezas, vencedor. O júbilo penetra ali onde havia luta. Não esteja mais lá. Espere os gritos da derrota, onde eles são mais fortes: No fundo. Abandone o velho posto. Recolha a voz, orador. Seu nome será apagado dos quadros. Suas ordens Não são cumpridas. Permita Que novos nomes apareçam nos quadros e Novas ordens sejam seguidas. (Você que não mais ordena Não incite a desobediência!) Abandone o velho posto. Você não bastou Você não está pronto
Agora que tem a experiência e se basta Agora você pode começar: Abandone o velho posto. Você que dominou ofícios Aqueça o fogão Você que não tinha tempo para comer Prepare a sopa. Você de quem muito se escreveu Estude agora abc Comece já: Assuma o novo posto. O derrotado não escapa À sabedoria Segure firme e afunde! Tenha medo! Afunde sim! No chão Aguarda o ensinamento Questionado demais Participe do imprevisível Ensinamento da massa: Assuma o novo posto.
II A mesa está pronta, marceneiro. Permita que a levemos. Não continue aplainando Pare de pintá-la Não fale dela bem ou mal: Assim como está, nós a levaremos. Precisamos dela. Entregue a mesa. Você está pronto, homem de Estado O Estado não está pronto Deixe que o transformemos Conforme as necessidades de nossas vidas. Permita que sejamos homens de Estado, homem de Estado. Nas nossas leis seu está escrito. Esqueça o nome Respeite as leis, legislador. Tolere a ordem, líder O Estado não precisa mais de você. Entregue-o. BertolT Brecht Dramaturgo e escritor alemão, in “O Declínio do egoísta Johann Fatzer”
imagem Jan Brokof
foto Cacá Bernardes
andcompany&Co.
foi fundada em 2003 em Frankfurt am Main pelo autor e teatrólogo Alexander Karschnia, a cantora e performer Nicola Nord e o músico e DJ Sascha Sulimma. Compreendese como uma rede aberta que trabalha em colaboração com diversos ramos. A subida ao palco dos colaboradores como performers, faz parte do jogo. A andcompany&Co. elabora pequenos projetos em laboratórios, os “&Co.LABS”, com diferentes parceiros que se iniciam como experimentos para um futuro projeto artístico conjunto. O coletivo artístico cultural baseou-se inicialmente em Amsterdã e desde 2007 está sediado em Berlim. Apresentou suas peças no KUNSTENFESTIVALDESARTS (2007) de Bruxelas, no Wiener Festwochen (2008) e no Festival Impulse (2009). Entre outros, realiza co-produções com o Hebbel-am-Ufer (HAU) de Berlim, o Forum Freies Theater (FFT) em Düsseldorf e o Gasthuis de Amsterdã.
Suas peças são arsenais de uma história dos séculos XX e XXI. Partindo de “Mahagonny” e passando pela justificação/formação da Europa (europe an alien, 2006), a andcompany&Co. desenvolveu uma trilogia do reencontro com o século XX, sobre história e o fim do comunismo (little red (play): ‚herstory‘, 2006; time republic, 2007; Mausoleum Buffo, 2009). Do drama do Hamlet, o príncipe sem talento (showtime. trial & terror 2008) chegaram ao último verão capital do índios (West in Peace, 2010). Por meio de uma política ofensiva de associações, são saqueados os tesouros coletivos do sótão, em que nenhum artefato encontrado é pensável separado do outro: a queda do muro e os Beatles, Erich Honecker e Dagobert Duck, Karl Marx e Karl May são conectados por um denso sistema de transferência, uma troca de golpes de citações que apontam linhas de parentesco. Assim assombram o palco polifonicamente, ideias filosóficas, políticas e da cultura popular mortas-vivas de ontem, por meio de um teatro para o presente, que opera em rede e dotcoms mas sem proteção para cópias. Aquilo que é revelado na pesquisa, é trabalhado segundo os princípios musicais de Sampling e Remix: pontos cardeais que apontam, ideologias e utopias, são retalhadas e colocadas em novos contextos, deslocadas e variadas. As peças da andcompany&Co. são viagens de trem espirituais por aterros de memória coletivos, e por meio da repetida contradição de peças de transferência de ontem, de repente retalhos de utopia tornam-se novamente imagináveis. Não por último seu modo de trabalho colaborativo conecta-se estreitamente. Esther Boldt Jornalista alemã
SESC - Serviço Social do Comércio Administração Regional do Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Danilo Santos de Miranda Superintendências Técnico-social Joel Naimayer Padula Comunicação Social Ivan Giannini Administrativo Luiz Deoclécio Massaro Galina Gerentes Ação Cultural Rosana Paulo da Cunha | Adjunto Flávia Carvalho Assistentes Sidnei C. Martins | Maria Thereza Bosi de Magalhães Estudos e Desenvolvimento Marta Colabone | Adjunto Andréa de Araújo Nogueira Assistente Iã Paulo Ribeiro | Artes Gráficas Hélcio Magalhães Assistente Karina Musumeci SESC Pompeia Elisa Maria Americano Saintive | Adjunto Jayme Paez Assistentes Marcos Villas Boas | Roberta Della Noce | Rodrigo Eloi goethe-institut são Paulo Diretor Executivo Wolfgang Bader Diretora de Cultura Jana Binder Diretor Administrativo Rainer Lehmanski Assistente Cultural para Comunicação Simone Malina Assistente Cultural para Teatro, Dança, Música e Literatura Eduardo Simões
Concepção e direção: andcompany&Co. | Criadores-Performers: Alexander Karschnia, Fernanda Azevedo (Cia. KIWI), Jan Brokof, Jorge Peña (Cia. Pessoal do Faroeste), Manuela Afonso (OPOVOEMPÉ), Mariana Senne (Cia. São Jorge de Variedades), Nicola Nord, Sascha Sulimma &Co. | Cenário: Jan Brokof, João Loureiro&Co. | Música: Sascha Sulimma, Jorge Peña&Co. | Tradução do texto: Christine Röhrig&Co. | Assistentes de direção: Annette Ramershoven, Dagan Bayliss&Co. Assessoria dramatúrgica: Fernando Kinas, Hans-Thies Lehmann, Nehle Franke&Co. | Direção de produção: Anne Schulz, Matthias Pees, Ricardo Muniz Fernandes&Co. | Produção executiva: Jussara Rahal&Co. | Coordenação técnica: Julio Cesarini&Co. | Cenotécnico: Wanderley Wagner da Silva&Co. | Luz: Ivan Andrade, Lucia Galvão&Co. | Design gráfico: Érico Peretta&Co. | Assessoria de imprensa: Baobá Comunicação&Co.
FatzerBraz é um fragmento, uma obra inacabada sempre em contínuo processo. Um dispositivo e um convite à mistura. Remix musical, temático, dramatúrgico e textual. FatzerBraz atrai outros cúmplices e circula por vários tempos e lugares, sempre propondo outras experiências. Os personagens/comparsas de Fatzer são desertores da primeira guerra mundial: clandestinos e ilegais. Revolucionários? Lampião e Corisco, Carlos Marighella e os membros do grupo Baader/Meinhof viveram em outros tempos, fora das leis, também buscando a revolução. Fatzerbraz ousa esta aproximação.
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