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BPMD

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IRONSWORD

IRONSWORD

Antes de mais, é um prazer falar convosco. Relativamente ao Bobby, entrevistei-te em 2017 para os Overkill, mas com Mark é a primeira entrevista. Antes de mais, e com toda esta história do Corona vírus, espero que tudo esteja bem convosco e com a vossa família Bobby: Está tudo bem, muito obrigado pelo cuidado. Vejo que tens a uma palheta do DD Verni...

… Lembras-te do concerto em Portugal onde tentei trocar o cinto contigo? Eu fiquei com a palheta nesse concerto. Bobby: Sim, eu lembro-me!! (Risos).

A minha primeira questão é para o Mark. Li a bio que a editora enviou: Não tens vergonha que a tua primeira ideia para este projecto tenha tido origem no teu filho? Mark: Sim, efectivamente a ideia foi dele.

Para mim é fácil compreender a tua vontade em fazer este tipo de álbum. São as músicas que te influenciaram. Porque é que não tentaram efectuar um álbum com covers de músicas que o teu filho provavelmente ouve, como Taylor Swift ou Kendrick Lamar? Mark: Porque o meu filho tem bom gosto e ouve The Beatles e Metallica. No Verão passado vimos o especial do Saturday Night com os Lynyrd Skynyrd e o meu filho disse, porque é que não fazes uma cover disto? Foi aí que a lâmpada se acendeu e, depois de uma ou duas cervejas, liguei ao Blitz.

Porque é que escolheste estas pessoas para te acompanharem neste projecto? Mark: Já agora o meu filho ouviute a dizer Taylor Swift e olhou com um ar zangado para o ecrã do computador. (risos) Bobby: A Talyor Swift em bikini! Mark: Acho que é mais o Bobby Blitz em Bikini. Bobby: Oh meu Deus! (risos) Mark: Damo-nos muito bem e foi

“A minha reacção foi porque raio é que este gajo que liga sempre que bebe uma cerveja [...] por isso foi uma ideia simples e para ser bem-sucedida, tinha de ser realizada de forma rápida [...]

Bobby “Blitz”

a primeira pessoa que me lembrei porque sei que ele gosta desse tipo de música. Como Skynyrd e ZZ Top. A decisão foi muito rápida. Liguei-lhe a explicar e ficou logo combinado.

O álbum foi gravado no estúdio do Mike Portnoy. Quem produziu e efectuou a masterização? Bobby: Blitz não é o homem, Mark é que é o homem, basta perguntareslhe que ele diz que o Mark é o homem. O álbum não foi todo gravado no Estúdio do Mike, o que fizemos foi que juntámos a banda logo após aquele telefonema. Ao fim de um dia já tínhamos o Phil Demmel e o Mike Portnoy. O que sucedeu foi que cada um escolheu duas músicas e decidimos usar a espontaneidade ou o impulso da espontaneidade e gravar rapidamente. Cada um vai treinar as músicas e o que quer fazer com elas. A ideia era começar a gravar

logo no primeiro dia. Basicamente 3 semanas após aquele primeiro telefonema estávamos a gravar em casa do Mike Portnoy. Num período de dez horas tínhamos as baterias gravadas, ou seja, aquele impulso da espontaneidade ainda estava vivo e instantaneamente as coisas ficaram delineadas e cada um, em sua casa trabalhou na sua parte. A produção foi mais ou menos feita pela banda. O Mark tomou uma boa parte da mesma, nomeadamente da parte gráfica, escolhendo inclusivamente o artista e envolvendo o Mark Lewis para misturar e remasterizar o álbum. Foi tudo muito rápido. Estamos a falar de um período de seis semanas entre o primeiro contacto e a conclusão do álbum.

Bobby, quando recebeste o convite do Mark, qual foi o teu primeiro pensamento? Peço-te ainda que indiques quais as tuas músicas para a cover. Bobby: A minha reacção foi porque raio é que este gajo que liga sempre que bebe uma cerveja, mas para mim foi simples. Eu nasci nesta área e só tive de me transportar para a minha adolescência. Foram as primeiras músicas de hard rock americano onde cravei os dentes, por isso foi uma ideia simples e para ser bem-sucedida, tinha de ser realizada de forma rápida. Neste sentido escolher as músicas foi instantâneo e foram «Evil» dos Cactus e «Never in my Life» dos Mountain.

Pegando na tua resposta tu escolheste a música de Willie Dixon, correcto? Bobby: Sim, mas escolhi a versão dos Cactus...

Porque é que escolheste uma versão mais blues para estas músicas? Via as influências do

“[...] se gostarem, porreiro, se não gostarem, também está tudo bem. Mark Menghi Que se fodam se não gostarem. Que se fodam!

Bobby “Blitz”

Bobby “Blitz” como thrash ou punk, mas não tanto blues. Bobby: Bem, acho que isso não é necessariamente verdade. Uma das coisas que fiz, no que diz respeito ao thrash, foi manter a lírica de blues na maioria das coisas que fiz. Acho que essa música dos Cactus, e aí o Mark poderá falar melhor que eu porque é um grande fã deles, era a equivalente americana dos Led Zeppelin. Têm aquela base de blues usada pelos Led Zeppelin, pelos Cactus e pelos Mountain.

Este tipo de género blues influencia-te nos Overkill? Bobby: Bem não sei se é uma grande influencia, mas a verdade é que está sempre presente e podes ver músicas que fizemos no passado como a «Mean Green Killing Machine» tem uma estrutura complemente blues, por isso está no DNA. Mark, questionei as escolhas do Bobby e pergunto-te porque é que escolheste ZZ Top e Lynyrd Skynyrd? Mark: Desculpem, acabei de acordar de uma sesta. Bobby: Estava a aborrecer-te é? (risos) Mark: O Saturday Night foi o catalisador, fez as engrenagens começarem a andar, por isso tinha de o fazer e escolher os Skynyrd. A segunda escolha, «Tres hombres» dos ZZ TOP está meu no top 5, de certeza no TOP 10 dos melhores álbuns e sabia que tinha de ter uma música dos ZZ Top só não sabia qual. Quase escolhi «Waiting for the bus» mas quando a «Beer Drinkers» começou a dar, a simplicidade musical com que abordaram a musica era um desafio. Assim deixámos o básico na mesma, os arranjos na mesma, mas adicionámos o nosso toque. E saiu aquilo que ouviste. Cada um de vocês escolheu duas ou três músicas, independentemente dos outros gostarem ou não. Enquanto músicos é difícil para vocês tocarem algo que não gostam? Bobby: Falando por mim, como te disse, transportei-me para a minha infância e estas músicas estão dentro do catálogo do que ouvia, no entanto, as escolhas do Phil Demmel, «Tattoo Vampire» e «D.O.A.» dos Van Halen para mim são músicas que nunca escolheria. Para mim foram um desafio e, como músico, e sendo este um projecto partilhado com regras, uma das regras é que não haveria protestos e tínhamos de aceitar as escolhas uns dos outros. Foi uma parte divertida do projecto «BPMD».

O álbum foi lançado há algumas semanas. Como é que as pessoas estão a reagir? Mark: Uns estão a gostar e outros

a odiar (risos). É um álbum de covers. Se as pessoas o ouvirem com essa ideia, que é um álbum de covers, e não dos Overkill ou dos Metal Allegience, e que são quatro gajos a curtir o rock e a beber cerveja, vão adorá-lo. Se o virem com algum tipo de espectativa, vão odiá-lo. Até agora, e pelas reviews que tenho lido, as pessoas estão a compreender.

Conseguimos ver pelos «Garage days, Inc» dos Metallica, que ainda existe algum negativismo relativamente a este tipo de trabalhos, de versões. Estás preparado para este tipo de reacções? Mark: Bem, toda a gente tem direito à sua opinião. Mais uma vez se gostarem, porreiro, se não gostarem, também está tudo bem. Bobby: Que se fodam se não gostarem. Que se fodam! (risos)

Quais as vossas expectativas relativamente à continuidade dos BPMD enquanto banda. Bobby: Não foi pensado como um projecto de apenas um álbum. Existe uma panóplia tão grande de possibilidades que podem ser exploradas. Desde o metal norte americano, ao NWBHM, o clássico heavy metal dos anos 80 que todos adoramos. Quando apresentámos o projecto à Napalm era que, caso o BMPD tivesse sucesso, o mesmo tivesse pernas para andar.

Achei curioso em estúdio só terem usado uma guitarra. Como será ao vivo? Têm planos para levar este projecto para a estrada? Mark: Nunca tivemos intenção de ir para a estrada, até porque todos temos outras responsabilidades. A ideia era aparecer em alguns espectáculos, mas nunca uma digressão.

Como balanceaste o facto de terem apenas uma guitarra, quando muitas das covers são de bandas que têm dois guitarristas? Bobby: esse foi o desafio. Essa questão foi levantada, nomeadamente relativamente às músicas dos Aerosmith e dos Skynyrd, mas a ideia foi nos reinventarmos. Fazermos isto como BPMD e não como originalmente elas são. A palavra chave é reinventar. Mantermos a integridade das músicas, mas com o nosso toque.

Mark, já tinhas opinião das bandas às quais fizeram as covers? Mark: Gosto delas todas. Essa foi a ideia inicial. Prestar tributo aquelas bandas que nos marcaram. Não estava muito familiarizado com a música «Tattoo Vampire», mas conhecia a banda, claro.

Para ambos. O que podemos esperar para breve dos Overkill e dos Metal Allegience Bobby: estamos a trabalhar em algumas coisas porque achamos que precisamos de alguma normalidade, dado o que se passa hoje no mundo. Há mais de três décadas que trabalho em álbuns de «Overkill» e mantenho essa normalidade. Os cinco estamos individualmente a trabalhar em ideias para quando nos encontrarmos depois deste projecto terminar. Mark: Novidades dos «Metal Allegience» provavelmente no ano 2042 (risos).

Se tivessem de escolher um insulto, apenas um, para mandaram um ao outro, qual seria? Mark: Bolas, há tantos. Bobby: Tenho uma ideia melhor, que tal nós te insultarmos? (risos) O Mark é meu amigo e eu nunca insultaria, em público, a forma de ele tocar baixo. (risos)

Digam uma qualidade relativamente um do outro. Bobby: O Mark é um óptimo cozinheiro. Não é algo que possamos dizer de todos (risos)

Portanto não toca bem baixo, mas é um bom cozinheiro. E tu Mark? Mark: Acho que o Bobby não tem nenhum! Vou tomar isso como um insulto (risos) Mark: Algo positivo, é que é um gajo realmente genuíno.

Última questão: Qual foram as melhores partes desta experiência? Bobby: Para mim foi reviver a minha juventude. Foi uma forma para me transformar em quando era jovem, foi tão satisfatório como achava que iria ser. Mark: Apenas o divertimento de reinterpretar estas músicas. Nas gravações, tomei outro caminho que normalmente tomo para os MA. Não houve copy paste e editar e regravar, foi muito divertido.

Agora, sim, a última... Que músicos, vivos ou não, escolheriam para formar uma banda? Bobby: Para a Guitarra Ritchie Blackmore, para a bateria, Vinnie Paul e no baixo Mark Menghi, mas este ainda não está morto, como os outros. Mark: Eu despedia-me e contratava o Cliff Burton, Ronnie James Dio nas vozes e nas baterias escolheria talvez Cozy Powell. Teria três guitarristas, Muddy Waters, Dimebag Darrel no ritmo e Chuck berry. Teria uma formação completamente disfuncional.

Muito obrigado pelo vosso tempo. Obrigado nós.

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