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OLD FOREST

Manifesto anti falsidade

Para Old Forest, manter vivo o espírito do Black Metal puro e cru dos anos 90 é uma verdadeira missão.

Entrevista: CSA

Encontrarem-se para compor música para In The Woods deve ter sido um grande momento tanto para ti como para o Anders Kobro, visto que agora vocês são o núcleo duro da banda e também de Old Forest. Podes comentar esta afirmação? James Fogarty– Ambos tentamos manter uma diferença que se note entre In The Woods e Old Forest. In The Woods começou como uma banda de Black Metal, mas depressa se converteu em algo muito diferente e muito para além da sonoridade do Black Metal. Old Forest, por sua vez, sempre foi e sempre será sobretudo Black Metal. Apesar disto, no último álbum («Black Forests of Eternal Doom»), fizemos um esforço consciente para também incorporar uma sonoridade Death/ Doom característica do início dos anos 90 (especialmente dos primeiros álbuns de Paradise Lost). Vemos isto como algo essencial para completar a imagem das nossas raízes relativas a Metal obscuro e extremo.

Como foi revisitar um “velho amigo”? Este trabalho obrigou-nos a regressar ao estado de espírito em que estávamos quando gravámos esse álbum. Usar o mesmo equipamento, até vestir as mesmas roupas e beber a mesma cerveja. Foi realmente muito importante para nós reencontrar a mesma aura na música. O Anders não tocou nesta gravação. Foi o baterista original – o Grond – que o fez. A vossa editora dá ao fã curioso alguma informação sobre a forma como o álbum foi revivido. - Podes dizer-nos como organizaste a banda para gravar esta nova versão do primeiro álbum de Old Forest? Todos sabíamos as canções muito bem. Foi muito importante estarmos juntos durante 3 ou 4 dias para termos a certeza de que seguíamos todos os mesmos padrões de pensamento. - O álbum data de 1999. Por que tiveram de esperar por abril de 2020 para lançar esta “versão revisitada”? Durante os últimos três anos, quatro pequenas editoras diferentes pediram-nos para lançar novamente este álbum em vinil.

Reencaminhamo-las todas para a editora que o tinha lançado, que ignorou por completo esses pedidos. Acabámos por perceber que, por alguma razão que nos escapa, eles tinham decidido apagar as gravações do álbum. É claro que ficámos furiosos por isto ter acontecido e, por conseguinte, decidimos que a melhor maneira de recuperar o controle da música deste álbum era graválo novamente tão próximo do original quanto possível. A conduta de algumas editoras de Metal mais antigas é absolutamente reprovável, portanto quanto mais depressa desaparecerem, melhor. - Como foi possível recriar um Black Metal tão clássico depois da segunda vaga deste género? A banda foi formada para celebrar o que considerámos como a morte do verdadeiro espírito do Black Metal. Isto aconteceu em 1997, que, para nós, é o ano em que o Black Metal morreu. Houve uma série de álbuns que saíram nessa altura que nos fizeram compreender que algumas das bandas que admirávamos se tinham vendido. A nossa resposta a esta situação foi gravar no estilo que adorávamos: cru, não polido, atmosférico e completamente fora do circuito comercial. - Quais foram os maiores problemas que tiveram de enfrentar e superar? O problema mais aborrecido foi restabelecer a propriedade da música. Embora a editora que lançou o original seja proprietária da gravação, não tem direitos de propriedade relativamente às canções. Infelizmente, tivemos de recorrer a advogados, solução dispendiosa, mas que resolveu o problema. - Houve algum incidente particularmente feliz durante a criação deste álbum? Ouvir as canções prontas, dado terem captado a 100% a essência do nosso primeiro álbum. - Quem esteve envolvido nesta missão? Kobold/Beleth/Grond. - E quem estava contigo quando a primeira versão do álbum foi gravada? Kobold/Beleth/Grond.

Imagino que este álbum é uma espécie de manifesto? Que mensagem queriam transmitir ao mundo (nomeadamente à comunidade do Metal)? Por um lado, queríamos revelar o nosso compromisso com o verdadeiro espírito do fim dos anos 80 e dos anos 90 – que está quase completamente extinto. Por outro, tratava-se de mostrar que não toleramos o comportamento incompreensível de algumas editoras e de quaisquer outros tiranetes.

Comparei as capas as duas versões deste álbum e pareceume que era a mesma ilustração (muito bonita e semelhante a uma gravura do século XIX). - Quem fez o artwork de 1999? O artwork da nova versão é diferente. Não sabemos quem fez o artwork original/tirou a foto, mas não gostamos dele. O novo é MUITO melhor. - Que papel desempenhaste na sua criação? O “novo” artwork é uma gravura antiga de um artista inglês pouco conhecido chamado William Hole, que foi criada no fim dos anos de 1800 para ilustrar uma coletânea de contos populares escoceses. Usámos quatro fotos diferentes para o artwork do digipack. Eu só fiz o layout. O talento evidente na imagem – aparentemente muito simples – deve-se a William Hole (7 de novembro de 1846-22 de outubro de 1917). - Alteraram a ilustração de alguma forma para a adaptar a este lançamento? Não, foi usada na sua versão original. Já está no domínio público, portanto qualquer pessoa a pode usar. Mas devemos sempre referir o artista, mesmo que esteja morto há mais de 100 anos. Outra banda vai acabar por a encontrar e usála também – mas nós fomos os primeiros a fazê-lo…

Quando vamos ter um novo álbum de Old Forest? Temos quase pronto o sucessor do nosso último álbum – «Black Forests of Eternal Doom» [Duskstone, 2019] – em que voltamos a explorar o som que criámos para esse álbum. Esperamos conseguir lança-lo ainda este ano…

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“Este trabalho obrigou-nos a regressar ao estado de espírito em que estávamos quando gravámos esse álbum. Usar o mesmo equipamento, até vestir as mesmas roupas e beber a mesma cerveja.

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