VIAGENS AO VIRAR DA ESQUINA
Estreia absoluta!
Foi a primeira vez que a Triumph cedeu uma moto às Viagens ao Virar da Esquina.
Com a viagem aprazada para a tarde, aproveitei para a conhecer melhor e avaliar a capacidade nos trajectos urbanos.
De manhã, lá fui até à zona do Areeiro buscar a minha companheira de aventura: uma bonita Triumph Tiger Sport 660.
TRIUMPH TIGER SPORT 660 - À LUPA Na Triumph: a missão da marcaDESTINO: NORDESTE ALENTEJANO
Saí ao início da tarde.
Primeira paragem no Couço. Dizem que as empadas são óptimas. Como não aprecio, fiquei pelo café.
O meu primeiro destino foi Galveias e a história de uma herança...no mínimo curiosa!
Que conto aqui em versão alargada: “UMA ESTRANHA HERANÇA”
(esta crónica foi originalmente publicada na Revista MOTOCICLISMO de Junho/22).
E no canal YouTube de Viagens ao Virar da Esquina pode ver o vídeo desta primeira jornada pelo Alentejo com a Triumph Tiger Sport 660:
Parte 1 - À PROCURA DE UMA HISTÓRIA
Aproveitei a proximidade da Serra de S. Mamede e explorei as estradas sinuosas do triângulo formado entre Castelo de Vide, Marvão e Portalegre. O local ideal para avaliar o potencial desta máquina que me acompanhava.
Foi aqui que recolhi a grande maioria das minhas impressões sobre a Tiger Sport 660 e que adiante exporei detalhadamente.
Podem ver o vídeo deste dia passado nas estradas serranas, no Canal YouTube de Viagens ao Virar da Esquina aqui:
Parte 2 - NO TRIÂNGULO DE S. MAMEDE
Dias depois, outro destino. Fui ao encontro de um pedaço da História na raia fronteiriça.
Comecei por Campo Maior e o Centro de Ciência do Café, uma iniciativa meritória do fundador da Delta Cafés que nos permite aprender muito sobre as origens, a cultura, e o processamento da planta que origina esta bebida que os portugueses adoram.
Também nos elucida sobre as origens desta empresa que já vem dos tempos do contrabando a meio do século XX.
Depois, segui para Elvas e pude apreciar a dimensão extraordinária do património fortificado desta cidade raiana.
A versão alargada desta crónica está aqui: “HISTÓRIAS DA FRONTEIRA”
(foi publicada originalmente na Revista MOTOCICLISMO de Julho/22)
E também contada em vídeo no Canal YouTube de Viagens ao Virar da Esquina:
Parte 3 - HISTÓRIAS DA FRONTEIRA
A TIGER SPORT 660 NO TRIÂNGULO DE S. MAMEDE
Encaixada no triângulo cujos vertices são, a norte, Castelo de Vide e Marvão e a sudoeste, Portalegre, a Serra de S. Mamede é conhecida pela sua paisagem, pelas cascatas, pela cidade romana de Ammaia, ou por esta ou aquela barragem.
Não é muito conhecida pelas suas estradas. O que é pena pois são perfeitas para gozarmos de excelentes momentos de condução e, ao mesmo tempo, desfrutarmos de vistas que tanto se podem projectar na planície alentejana, na mancha florestal que forra as suas encostas ou em Espanha ali mesmo ao lado.
Convém não esquecer que na Serra de S. Mamede encontramos a maior altitude a sul do Rio Tejo.
Foi pois este trilátero imperfeito a que chamei Triângulo de S. Mamede, o escolhido para desfrutar da condução da Triumph Tiger Sport 660 e avaliar as suas competências estradistas.
O resultado desta experiência é sistematizado com o recurso ao método P5E de Viagens ao Virar da Esquina: Posicionamento, Estrutura, Equipamento, Ergonomia, Estética e Experiência.
Comecei em Castelo de Vide, aproximei-me de Marvão e terminei em Portalegre. Venham daí!
POSICIONAMENTO
A Triumph Tiger Sport 660 enquadra-se num dos segmentos de mercado mais procurados pelos motociclistas e mais bem preenchido pela concorrência: motos de média cilindrada, capazes de um bom desempenho citadino no quotidiano, adequadas a viajar com ou sem pendura em escapadinhas de fim de semana ou mesmo mais além, confortáveis, económicas na sua utilização e fáceis de conduzir sem deixar de transmitir a necessária emoção e prazer ao motociclista condutor.
Competente na cidade, divertida na condução, confortável em viagem... quase a quadratura do circulo, não é?
Sem excluir algumas propostas orientais, recordemos que a BMW, a Honda, a Kawasaki, a Suzuki e a Yamaha têm apostas fortíssimas neste segmento.
Tarefa difícil para a britânica, sem dúvida. Mas que enfrenta com competência e ultrapassa com brilhantismo, mesmo sabendo-se que foram necessários alguns compromissos como adiante explicarei.
As economias de escala obtidas através da utilização da plataforma da Trident 660, permitem que esta moto se apresente a preços competitivos sem em algum momento descurar a tradicional qualidade de construção. E isso transforma-a numa rival ameaçadora para outros já bem instalados neste mercado.
Ouso até dizer que na luta pela melhor moto do segmento, a principal rival será a Honda NC750. E porquê? Porque pertencendo à mesma gama de motos, são diametralmente opostas nas necessidades dos consumidores que pretendem satisfazer. O cliente da NC não será certamente o cliente da Tiger...e vice-versa!
ESTRUTURA
Equipada com o motor tricilindrico em linha de 660 cm3 com refrigeração líquida, tem 81 cv às 10.250 rpm com um binário máximo de 64 Nm às 6.250 rpm.
É o motor mais potente do segmento e um dos melhores no torque disponível, cortesia do excelente tricilindrico.
O quadro é tubular em aço e as suspensões são Showa com 150mm de curso à frente e atrás (sendo esta regulável em précarga).
Os travões são da Nissin, com duplo disco de 310mm à trente e um disco de 265 mm atrás. As pinças são axiais e as rodas são ambas de 17 polegadas.
É de assinalar ainda o acelerador ride-by-wire, o controlo de tracção, a embraiagem assistida e os dois modos de condução: “Estrada” e “Chuva”.
Opcionalmente poderemos acrescentar o quick-shift bi-direccional.
Uma palavra para as dimensões da moto: distância entre eixos de 1418mm, altura do assento 835mm, altura ao solo 162mm, altura máxima (no vidro) 1398mm ângulo da direcção 23,1º.
Estas características marcam claramente a vocação estradista da Triumph Tiger Sport 660.
EQUIPAMENTO
As motos deste segmento não são, por óbvias razões de contenção de custos, montras de tecnologia. Ainda assim, esta Triumph Tiger Sport 660 é uma das melhores equipadas da sua classe.
Desde logo salta à vista a elegante e dinâmica frente da moto: equipada com dupla óptica em LED sendo que também os piscas são LED e com cancelamento automático. Idem na traseira.
O vidro dianteiro regulável de forma simples, com uma só mão, através de um arco rigido que é accionado vertical ou horizontalmente, permitindo a sua afinação de acordo com a vontade do condutor.
O écran TFT colorido, tem boa leitura e mostra eficazmente a informação disponibilizada. A interacção através dos comandos no punho esquerdo é fácil e intuitiva.
Através do My Triumph Connectivity System (opcional), permite ainda a navegação curva a curva, a interacção com audio e telemóvel e até o controlo remoto de uma GoPro (um atributo original!).
O depósito de combustível leva 17,2 litros do ouro líquido que a alimenta (o que, com um consumo a rondar os 5 l/100 projecta a autonomia bem para lá dos 300km).
Outro aspecto interessante: possui encaixes na traseira para a colocação das malas laterais, obviando assim a necessidade de acrescentar as inestéticas armações metálicas que as suportem. Já para a montagem da top-case será necessário adquirir a respectiva plataforma.
Nota-se a ausência de descanso central, de tomadas de corrente (12V ou USB) e para os mais exigentes, a regulação da suapensão dianteira.
ERGONOMIA
Assim que nos sentamos na Tiger Sport 660 ficamos com a sensação que foi feita à nossa medida. Até que ela é “pequena”.
Mas o termo mais correcto será “ligeira”. Não pelo seu peso - 206 kg com os plenos feitos como mandam as regras - mas pela forma como nos acolhe.
O triângulo desenhado pelo assento, pezeiras e altura do amplo guiador está desenhado na perfeição.
Com a altura do assento nos 835 mm apenas os condutores mais baixos poderão encontrar aqui alguma dificuldade.
Todavia, a estreiteza do banco na parte junto ao depósito pode minimizar esse efeito, facilitando a manobrabilidade e o “baixar o trem de aterragem” quando necessário.
Os punhos “caem” nas mãos de forma natural e todos os comandos estão colocados no sitio certo e ao nosso alcance.
Merece destaque a simplicidade de navegação nos menús seja para acedermos a toda a informação disponível ou a selecção dos modos de condução.
Mencionei atrás a facilidade de movimentação do vidro, cuja solução é muito bem encontrada. As elegantes pegas para o passageiro são eficazes.
Um detalhe menos conseguido: o depósito de combustível está inclinado para a frente. Ao abrir a tampa para reabastecer, ela “tomba” o que obriga a um manuseamento algo atribulado e a carecer de habituação sob pena de entornarmos algum líquido precioso...
ESTÉTICA
À primeira vista, a moto seduz. A opinião é subjectiva, como é óbvio. As suas linhas são bem equilibradas:
frente agressiva q.b. mas que simultâneamente antecipa uma boa protecção, traseira elegante com o assento de uma peça perfeitamente integrado bem como as amplas pegas para o pendura escape curto a terminar à frente da roda traseira motor tricilindrico bem integrado no quadro
Tudo complementado com a já tradicional qualidade da Triumph.
A predominância do vermelho (“Korosi Red w/Graphite”) no modelo ensaiado ajuda à imagem dinâmica e fá-la destacarse no trânsito.
Estão ainda disponíveis em cinza (“Graphite w/Black”) e azul (“Lucerne Blue w/Black”).
O vermelho é o meu favorito...
Uma pequenina nota dissonante: o espaço que fica por baixo do painel dos instrumentos é algo vazio. Parece que falta ali qualquer coisa ... o que não é, obviamente o caso!
EXPERIÊNCIA
Há uma sensação que tenho sempre que conduzo uma Triumph: não há período de adaptação. Parece que sempre a conduzi. O mesmo se passou com esta Tiger.
A Triumph Tiger Sport 660 cumpre com elevada distinção os objectivos propostos: ágil na cidade, divertida em estradas sinuosas e confortável em viagem.
Na realidade, a polivalência desta moto é a sua principal qualidade.
Sente-se bem em qualquer habitat: transito citadino, deslocações sub-urbanas ou estrada fora. Fá-lo com muita competência.
Com uma excepção: fora de estrada. Essa não é - nem pretende ser - a sua vocação.
E é em viagem, nomeadamente quando a estrada fica revirada e se empina, que ela nos mostra a sua melhor qualidade: a elasticidade do motor.
Se quisermos fazer uma condução mais empenhada, podemos tirar todo o partido do binário recorrendo à caixa de velocidades suave e muito precisa e fazer aquelas saídas de curva em potência acompanhadas da sinfonia entusiasmante que sai do escape curto.
A banda sonora desta moto é excelente e entusiasmante.
A precisão e suavidade da caixa é notável pelo que julgo que só mesmo aqueles mais radicais acharão que vale a pena acrescentar o quick-shift opcional.
Mas se a opção for por uma condução mais calma e suave, a elasticidade do motor é notável.
Tanto podemos circular em 6ª velocidade a cerca de 40 km/h às 2.000 rpm como, enrolando o punho, ela vai por aí acima sem hesitações.
E na zona mais alta do conta rotações - acima das 6.000 - mostra-nos a sua verdadeira alma!
Para uma moto de 660 cm3 com 81 cv, tem um desempenho excelente.
Quanto ao conforto, nada a apontar - atendendo à dimensão da moto.
É muito confortável, a possibilidade de regulação do vidro ajuda bastante consoante o tipo de estrada em que circulamos e a posição de condução favorece a sua utilização em percursos mais longos.
Obviamente não é uma moto perfeita - algo que não existe - mas cumpre com rigor os objectivos que se propôs: constituir uma alternativa muito competitiva - seja na qualidade, nas performances ou no preço - no segmento em que se insere. Nem mais, nem menos do que isso!
E por isso, a Triumph teve que chegar a compromissos (o que aliás faz parte da vida de todos os construtores que pretendem ter sucesso num mercado extremamente competitivo como este, onde as regras da concorrência fluem quase na perfeição).
Refiro-me em concreto às suspensões e aos travões.
Sendo de marcas reputadasShowa e Nissin - não são material de ponta. Nem tal se lhes pode exigir.
Ou seja, são muito competentes se a utilização for aquela que é típica dos condutores que procuram uma moto deste segmento. A reputação das marcas garante a sua qualidade, desde que respeitemos limites do material.
Se procurarmos levá-la ao limite, em estrada sinuosa queimando distâncias de travagem, naturalmente sentiremos o balancear da traseira e também alguma falta de mordacidade dos travões com o ABS a fazer sentir a sua presença bastante cedo.
Repito...nos limites!
Ora estas motos são feitas para o que são e não para outra coisa qualquer, como por exemplo competirem com estradistas puras de configuração mais radical.
Porque se assim fosse, a Triumph certamente saberia o que fazer: equipamento mais sofisticado, logo mais caro e a moto custaria mais 20 ou 30% e ficaria fora do mercado, porque então estaria a competir com motos de outro gabarito e de classe superior.
São estes compromissos que são necessários fazer quando o objectivo é conceber um bom produto, destinado às características e necessidades daqueles a quem se destinam.
Dito isto, para as caracteristicas da moto, as suspensões cumprem - a moto é aliás bastante confortável, com boa capacidade de absorver as irregularidas da estrada e muito estável em qualquer tipo de percurso, como atrás referi
Quanto aos travões, nada a apontar, pelo contrário.
Lá está...fazendo o tipo de condução adequado às características da moto. Explorando o seu potencial, pois claro, mas não ultrapassando os limites da sua vocação!
CONCLUSÃO
Na minha opinião, a Triumph Tiger Sport 660 é a melhor moto do segmento. Já o referi atrás e com toda a subjectividade inerente (até por não ter experimentado todas as soluções do segmento) mas com o conforto de outros mais experientes e capazes, na comunicação social especializada cá dentro e fora de portas, terem chegado a conclusão similar.
Ainda que o seu preço - quase a rondar os 10 mil euros chave na mão - não seja o mais barato (também não é o mais caro...), certo é que é a melhor equipada, com o motor mais potente e ao mesmo tempo de mais fácil utilização.
E não esqueçamos o aspecto económico:
4 anos de garantia sem limite de quilometragem e intervalos de manutenção de 16.000 km para as revisões mais simples e de 32 mil para as mais importantes.
Disse no início que esta Triumph tinha uma tarefa difícil face à concorrência.
Será assim?
Ou será que colocou o patamar de tal forma que a dificuldade do desafio passou para os concorrentes?
Será o mercado a responder. Que a aposta da Triumph é forte, isso é certo!
Pela minha parte fiquei fã desta moto! E as estradas escolhidas para a experimentar foram excelentes!
AGRADECIMENTOS
À TRIUMPH LISBOA, pela cedência desta Tiger Sport 660, pela simpatia do acolhimento e pela disponibilidade da moto pelo tempo necessário à realização desta experiência e à produção dos respectivos conteúdos.
À MOTOCICLISMO, pelo apoio a Viagens ao Virar da Esquina e pela publicação destas crónicas de viagem nas edições de Junho e Julho.
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