EDITORIAL
Folhas secas
Q
uem está pensando e produzindo algo inovador? Quais as pessoas que estão lançando tendências? O que e quem está dando o que falar? Essas foram algumas das questões que fizemos na hora de planejar esta edição que você agora tem em mãos. Fomos investigar o que há de novo no mundo do trabalho e descobrimos que os escritórios compartilhados e o trabalho colaborativo vêm ganhando cada vez mais adeptos em Curitiba. O início da estação das folhas secas, tida por muitos como a mais estilosa do ano, é também a porta de entrada para os lançamentos outono-inverno. Nossa edição traz as tendências para esta temporada que despontaram nas passarelas da São Paulo Fashion Week e da Fashion Rio. Este mês também destacamos a valorização das pedras e joias brasileiras, do trabalho feito à mão,
do design orgânico e dos ateliês de jovens estilistas. Apresentamos ainda um mergulho no trabalho e na vida do curitibaníssimo Jefferson Kulig, um de nossos mais notáveis fashion designers. Direto de Copenhague, fomos buscar o que há por trás da nova e calorosa cozinha nórdica, desbravada pelo célebre Noma, eleito o melhor restaurante do mundo. Trazemos também uma saborosa viagem pelo mundo do vinho através de rotas alternativas e novas regiões produtoras. E apresentamos uma seleção especial de destinos para você explorar de bike, balão ou a cavalo.
Alice Duarte, editora-chefe alice@topview.com.br
A TOP VIEW pode ser acessada na íntegra em seu tablet. Basta baixar o aplicativo gratuitamente na Apple Store, escolher a edição e ler o conteúdo completo. Todas as revistas publicadas desde janeiro de 2011 estão disponíveis.
CAPA foto Hebert Coelho styling e produção de moda Patrícia Sabatowitch
Errata: Ao contrário do que foi publicado na edição 137, pág. 126, o descritivo do anel de cobra da Bergerson não corresponde à peça fotografada. Os dados corretos são: “Anel em ouro branco 18K com aplicação de ródio negro, com diamantes, diamantes negros e esmeraldas. R$ 17.754 à vista ou 1+4 de R$ 3.710 = R$ 18.550.” Na seção de notas, na página 148, publicamos a foto de um relógio da Bergerson, mas o texto se refere a uma peça da marca Rolex. O site da Bergerson também está incorreto. É www.bergerson.com (sem o .br).
modelo Suelen Wonsowis ( Nass Mgmt), usa camisa Dudalina, saia Mixed, cinto Impelle, casaco, BG por Braulio Gil e acessórios, Fabrízio Giannone.
14
, abril 2012
NESTA EDIÇÃO
CARTAS Adorei ter saído na edição de março. A matéria ficou incrível! Bem editada, bem escrita, com informações precisas. A montagem das fotos ficou linda. Muita gente leu. Meus colegas da Companhia Brasileira de Teatro gostaram muito. Parabéns pelo trabalho e pela revista. Marcio Abreu
“
Ator, diretor e dramaturgo Amei a revista! Não consigo parar de ler.... A matéria
Muito bom ver um trabalho publicado com essa qualidade
sobre colecionadores de obras de arte, o roteiro nos
editorial. O design da página e o texto da Bia Moraes
Países Bálticos, tudo me agradou. Parabéns, mesmo!
sobre a Estrela Leminski ficaram excelentes! Mostrei
Sara Bonfim
para o pessoal do meu trabalho e a turma adorou.
Jornalista
Daniel Caron Parabéns pelo editorial (e capa)
Fotógrafo
da edição de março da Top View.
Escrevo apenas para dizer que achei genial a matéria
Angélica Fenley Belich
sobre a dona Ety Forte. Sensacional. Maravilhosa.
Diretora e assessora de imprensa
Retratou exatamente o espírito da dona Ety. Eu adorei.
Temos o luxo de ter uma boa revista de categoria
Géssica Elen
internacional. O que nos falta é sermos internacionais
Jornalista
na fabricação e conceito de automóveis Made in Brazil. Ruy Tavares Fotógrafo
@redacaotopview
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E D I T O R E S
de seu interesse. Caso não queira fazer parte desta lista, escreva para a revista. As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista TOP VIEW Curitiba. E D I T O R E S
VIEW
MAKING OFF
Moda aberta FOTOS HEBERT COELHO
Próxima estação será marcada pela multiplicidade de estilos
A desconstrução está presente na mistura entre peças clássicas e contemporâneas.
E
stampas geométricas, animal print, tecidos que vem da decoração, veludo molhado, cortes retos e femininos: a tendência para o outono/inverno está mais aberta do que nunca. Por isso o editorial de moda desta edição reflete a multiplicidade de looks que vão invadir a próxima estação. A produtora de moda Patrícia Sabatowitch explica que para retratar essa diversidade toda, a modelo aparece com dois estilos diferentes: um com forte referência da alfaiataria masculina e outro com características bem femini-
18
nas, onde se destaca o brilho e a renda. As fotos feitas no estúdio destacaram o fundo vermelho-escuro, uma cor que terá predominância na próxima temporada. O tom cinza segue o mesmo caminho, harmonizando com o clima da estação. Mesmo com a dualidade de estilos, características em comum estão presentes em todos os looks, como a silhueta solta, o brilho e o retorno de um tecido que fez sucesso no passado: o veludo. Agora ele aparece nas versões lisa e molhada. “O que vai se sobressair são os teci-
dos e as cores”, destaca Patrícia. Falando em cores, outra tendência que aparece com força são tons terrosos como marrons e âmbar, que remetem a uma aura mais natural. Contrapondo com essa atmosfera orgânica, os metálicos continuam marcando presença, assim como as estampas gráficas e geométricas. Para quem se perde entre tantas possibilidades, a produtora de moda dá a dica: “O legal é que tem opções para todos os gostos, são looks que podem ser compostos livremente e são facilmente adaptáveis.”
, abril 2012
ÍNDICE
88
24
AGENDAS Teatro, showse exposições
74
João Machado
74
108
Filho do famoso pintor
Para eles Lançamentos para moda masculina
Juarez Machado, ele vem
48
NOVIDADES Lançamento de livro
50
PERSONAGENS Estilo próprio
conseguindo se destacar no
110
mundo das artes plásticas
e 112 Para elas Acessórios e tendências do universo feminino
80
Villaggio Bassetti Com tradição e tecnologia italiana,
116
Joias coloridas
Tímido assumido, Jefferson Kulig
irmãos produzem vinhos finos de
O mundo se rende à beleza
está entre os maiores nomes do
altitude na Serra Catarinense
das pedras brasileiras
universo fashion paranaense
58
66
88
122
Handmade
Sob medida
Escritórios colaborativos
A tendência do feito à mão volta
Ateliês de jovens estilistas se
atraem empreendedores e
com tudo e imprime originalidade
multiplicam por Curitiba
adeptos da economia criativa
e exclusividade nas criações
Coluna música
ESTILOS Outono-inverno
Rosie and me
68
Trabalho sem amarras
Espaços culturais Locais independentes se propõem a repensar a arte e o comportamento
96
128
Estação estilosa Conheça as principais
Looks de arrasar para a
tendências da temporada que
próxima estação
marcaram as passarelas do Fashion Rio e da SPFW
ÍNDICE
96
134
Sapatos da moda Mocassins e slippers são os novos
148
queridinhos dos fashionistas
ESPAÇOS Revestimentos
170
170
Enoturismo Rotas alternativas para conhecer
Cada vez mais sustentáveis, novos
o delicioso mundo do vinho
materiais chegam ao mercado
136
Puretrend
para transformar a decoração
180
Coloridas ou com estampas, as bolsas e carteiras
Opções de águas para matar
154
levantam qualquer visual
Retromania
Dinamarca A nova e calorosa cozinha nórdica
158
Notas espaços
pelos homens de forma mais
Lançamentos e novidades
moderna e despojada
em design e decoração
Coluna Newsport
ARREDORES Expedições
Lançamento, o Mitsubishi Lancer
160
188
Coluna Andrea Vieira
190
Notas sabores
210
Crônica
se destaca pela segurança
Roteiros ao redor do mundo
Luís Henrique Pellanda em
e pelo design externo
que podem ser feitos de
“Felicidade de macaco”
bike, cavalo ou balão
142
182
Novo clássico O mocassim pode ser usado
140
a sede e cuidar da saúde
Peças vintages lembram o charme da casa da vovó
138
Sofisticadas
Design orgânico A tendência é se inspirar na beleza e na diversidade do mundo natural
166
e 168 Notas arredores Lugares incríveis que valem a pena conhecer
AGENDA
DANÇA
Corpo em movimento FOTO M.MARUSZAK
Curitiba será palco de evento que reúne companhias nacionais e internacionais
A companhia polonesa Polish Dance Theatre é uma das atrações internacionais.
C
24
om o lema “a dança em to-
cinas acontecem na Casa Hoffmann
dos os estilos”, a Bienal
– Centro de Estudos do Movimento,
Internacional
Dança
na sala BTG do Centro Cultural Tea-
reunirá companhias nacionais e inter-
de
tro Guaíra e no Teatro da Reitoria da
nacionais entre os dias 22 e 29 de abril
UFPR. As palestras são gratuitas e
em oficinas, palestras, espetáculos,
abertas ao público.
exibições de vídeo, além de uma série
Um dos espaços da Bienal, deno-
de apresentações ao ar livre no Centro
minado Portfólio, será voltado espe-
e nos bairros da capital. A diversida-
cialmente aos coreógrafos, criadores
de de estilos marca o evento, que terá
e pesquisadores da dança. Eles terão
modalidades de dança clássica, con-
a oportunidade de apresentar seus
temporânea, danças urbanas, dança
projetos a uma banca formada por
de salão, jazz dance e videodança.
especialistas, produtores, coreógra-
Além dos palcos, as apresenta-
fos e diretores, brasileiros e estran-
SERVIÇO
ções nos parques e praças e os flash
geiros. É uma forma de revelar novos
BIENAL INTERNACIONAL DE DANÇA
mobs programados para movimentar
talentos no circuito da dança, mos-
todas as regionais da cidade possibi-
trar o que o mercado local tem a ofe-
De 22 a 29 de abril
litam que o público acompanhe inú-
recer e dar visibilidade ao que está
(41) 3321-3228 e 3321-3232
meras atrações gratuitamente. As ofi-
sendo produzido em Curitiba.
www.bienaldanca.org.br
, abril 2012
AGENDA
DANÇA
Chapa quente FOTO DIVULGAÇÃO
A elogiada performance da Companhia Urbana de Dança chega aos palcos da Caixa Cultural
Grupo traz um olhar particular sobre os ritmos, danças e coreografias.
U
26
ma
chance
imperdível
carioca traz um olhar particular so-
de conhecer o trabalho
bre os ritmos, danças e coreografias,
de uma das companhias
estabelecendo um diálogo entre as
de dança que mais tem se destaca-
matrizes africanas da cultura brasi-
do no cenário internacional. Depois
leira e o que há de mais contemporâ-
de participar de festivais e diversas
neo na dança urbana, com seus mo-
premiações pelo mundo, o espetácu-
vimentos acrobáticos e fortes.
SERVIÇO
lo Chapa Quente, da Companhia Ur-
Com seis anos de trajetória e oito
bana de Dança, vai ocupar o palco da
bailarinos, o grupo apresentou a co-
ESPETÁCULO CHAPA QUENTE
Caixa Cultural de 20 a 22 de abril.
reografia Chapa Quente no festival
DA CIA URBANA DE DANÇA
O trabalho é composto por duas
Peak Performances, em Nova Jersey,
coreografias: 9 + 1, suave e instigan-
em 2011, onde dividiu o palco com
CAIXA Cultural
te, e Chapa Quente, acrobática, em
Bill T. Jones e Wayne McGregor. Di-
Rua Conselheiro Laurindo, 280, Centro
um exercício de velocidade que mis-
rigido por Sonia Destri, o trabalho
De 20 a 22 de abril - sexta e sábado
tura house, dance contemporâneo e
tem referências como Pina Bausch,
às 20h e domingo às 19h
street dance. Com performance elo-
Suzanne Link, Suzana Braga, Tatia-
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)
giada pela revista Vogue italiana e
na Leskova, Marly Tavares, Jennifer
(41) 2118-5409
pelo jornal New York Times, o grupo
Muller e Twyla Tharp.
www.caixa.gov/caixacultural
, abril 2012
AGENDA
DANÇA
Swingnificado FOTO DIVULGAÇÃO
Espetáculo investiga com o público os desdobramentos do significado na dança
Entendimentos entre obra e público são os pontos geradores da dramaturgia.
O
28
que a dança pode sig-
sensações, experiências. No entan-
nificar? Swingnificado é
to, não há como não constatar uma
um trabalho que discute
lacuna visível nas relações entre o
com o público essa questão, buscan-
público e a obra de dança. Swingni-
do compreender o modo como um
ficado encara de maneira corajosa e
significado se desdobra. Os enten-
bem-humorada o desafio de nos per-
dimentos estabelecidos entre obra e
guntarmos, ao vermos um corpo que
público são os principais pontos ge-
dança: “qual o sentido disso?”
SERVIÇO
radores da dramaturgia deste traba-
A questão de Swingnificado sur-
lho. De antemão, sabe-se que não
giu quando a Entretantas Conexão em
existe um único modo de construir
Dança apresentou a temporada do es-
sentidos em dança, muito menos um
petáculo De Maçãs e Cigarros (edi-
Espaço Cênico
único modo de compreendê-los.
ESPETÁCULO SWINGNIFICADO
tal de produção e difusão de dança de
Rua Paulo Graeser Sobrinho, 305
A dança como forma de comuni-
2008), quando a companhia teve que li-
Dias 27, 28 e 29 de abril - sexta
cação é uma rede articulada de mo-
dar com a incessante e desconcertante
e sábado às 20h e domingo às 19h
vimentos que abre uma gama múl-
pergunta, feita depois e mesmo duran-
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)
tipla e diversa de interpretações,
te o espetáculo: “O que significa isso?”
(41) 8853-8121 e 9921-7908
, abril 2012
AGENDA
ESPETÁCULO
Musical rock’n’roll FOTO DIVULGAÇÃO
Trajetória de Hedwig Schmidt é contada por meio de muita música, comédia e emoção
O trabalho é apoiado por projeções e canções populares no estilo glam rock.
D
irigido por Evandro Mes-
sexo – que, devido a um erro médico,
quita, Hedwig e o cen-
“a” deixa com um “centímetro enfure-
tímetro enfurecido é um
cido”. Por conta deste episódio, o ame-
musical de rock que conta a histó-
ricano a abandona num trailer no meio
ria hilária e dramática da “interna-
do Kansas. Ela então começa a dedi-
cionalmente ignorada estilista musi-
car sua vida à música e se apaixona
cal” Hedwig Schmidt, uma deusa do
por Tommy Speck. Novamente des-
rock’n’roll na antiga Berlim Oriental.
cartada, tem suas canções roubadas
O trabalho é apoiado por projeções e
por Speck, que acaba se tornando um
SERVIÇO
pela banda de rock O Centímetro En-
pop-star. Hedwig então decide perse-
ESPETÁCULO HEDWIG
furecido. Protagonizada por Pierre Bai-
gui-lo em sua turnê, em busca das ori-
E O CENTÍMETRO ENFURECIDO
telli, a peça foi quatro vezes indicada
gens do amor e do seu lugar no mundo.
ao Prêmio Arte Qualidade Brasil e duas
Com muito rock´n´roll, comédia e
vezes ao Prêmio Shell.
30
CAIXA Cultural
emoção, e por meio de canções popu-
Rua Conselheiro Laurindo, 280, Centro
Nascido com o nome Hansel, na
lares no estilo glam rock, apaixonadas
De 26 a 29 de abril - quinta a sábado
Alemanha Oriental, Hedwig é conven-
e narrativas, Hedwig seduz e comove
às 20h e domingo às 19h
cido por um militar americano, Luther,
o espectador com sua luta para encon-
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
a fazer uma operação de mudança de
trar um lugar que lhe pertença.
(41) 2118-5409
, abril 2012
AGENDA
ESPETÁCULO
Encantador FOTO DIVULGAÇÃO
O Teatro Mágico apresenta em Curitiba seu novo show, A Sociedade do Espetáculo
Teatro Mágico: circo, teatro, poesia, literatura, política e cancioneiro popular.
M
isto de sarau poético,
ção instrumental brasileira. As influ-
circo e show de músi-
ências passam por Milton Nascimen-
ca, o Teatro Mágico se
to, Clube da Esquina e a guarânia
diferenciou na MPB moderna pela
gaúcha. A tônica é de fusão de ritmos,
performance multiartística. Com rea-
aliando elementos do pop interna-
lização da Prime, o novo trabalho in-
cional com a música brasileira. En-
titulado A Sociedade do Espetáculo
tre as canções, o público poderá con-
estará na capital para se apresentar
ferir O anjo mais velho, Sobra tanta
pela primeira vez, no Teatro Positi-
falta, Amanhã...será?, Cuida de mim,
SERVIÇO
vo. A apresentação atual completa a
Sonho de uma flauta, Ana e o mar, O
trilogia da companhia musical, que
que se perde enquanto os olhos pis-
A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO DO TEATRO MÁGICO
se define agora como mais madura e
cam, entre outras.
disposta a fazer um “pop” sofisticado, moderno e brasileiro.
32
As canções são intercaladas por
Teatro Positivo – Grande Auditório
representações de elementos que ca-
Rua Pedro Viriato Parigot
O novo trabalho está sob os cui-
racterizam o grupo, como circo, tea-
de Souza, 5.300, Cidade Industrial
dados do produtor Daniel Santiago,
tro, poesia, literatura, política e can-
21 de abril às 21h15
integrante da banda e parceiro de Ha-
cioneiro popular. Os ingressos já
Ingressos: variam entre R$ 40 e R$ 90
milton de Hollanda, músico que está
estão à venda através do Disk Ingres-
(41) 3315-0808
entre os principais expoentes da can-
sos e custam entre R$ 40 e R$ 90.
www.maisumadaprime.com.br
, abril 2012
AGENDA
ESPETÁCULO
Clássico atualizado FOTO DIVULGAÇÃO
Os Saltimbancos ganha nova roupagem com direito a participação especial de DJ
Elenco da peça tem na alegria a fórmula para o sucesso.
P
ara comemorar o 35º ani-
para criticar, por exemplo, a violência
versário de lançamento do
contra os animais”, comenta Maurício
musical infantil Os Saltim-
Vogue, diretor do espetáculo.
bancos, a Regina Vogue Produções
Para narrar a trajetória dos quatro
apresenta até o dia 3 de junho uma
animais que decidem fugir de suas
versão atualizada do clássico adapta-
rotinas sofridas para tentar a sorte na
do por Chico Buarque (a partir do tex-
cidade grande como músicos, entram
SERVIÇO
to original do italiano Sergio Bardotti
em cena os atores Cleydson Nasci-
ESPETÁCULO OS SALTIMBANCOS
e com músicas do argentino Luis En-
mento (jumento), Giovana de Liz (ga-
ríquez Bacalov).
linha), Tarciso Fialho (cachorro) e Ta-
Espaço Teatro Regina Vogue
O espetáculo, que também fará
ciane Vieira (gata). Diegho Kozievitch
Shopping Estação
parte da programação infantil do Frin-
e Raphael Fernandes de Souza refor-
Av. Sete de Setembro, 2.775, Rebouças
ge no Festival de Teatro de Curitiba,
çam o elenco.
Temporada de 17 de março a 3 de junho
ganha roupagem mais moderna, com
Com coreografia de Carmen Jorge,
direito a participação ao vivo de um
os figurinos do musical também ga-
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia).
DJ. Nesta versão, uma das preocupa-
nharam uma releitura pelas mãos da
(41) 2101-8292
ções é aproximar o enredo dos dias
atriz e ilustradora Maureen Miranda.
www.reginavogue.com.br
– sábados e domingos, às 16 horas.
atuais. “Usamos de muitas metáforas
34
, abril 2012
AGENDA
MÚSICA
Concertos solidários FOTOS DIVULGAÇÃO
Orquestra Curitiba Sinfônica apresenta famosas árias de ópera e grandes musicais
Toda a arrecadação adquirida com a venda dos ingressos será revertida para doação.
E
36
vento que une música e so-
ceiro espetáculo terá como regente Sér-
lidariedade só pode resultar
gio Robert Bokor, acompanhado de Ma-
em um espetáculo de sensi-
rija Bokor. O concerto de encerramento
bilidade e encanto. Tendo como palco o
da série, sob a regência de Bortholossi,
Castelo do Batel, a série Grandes Con-
fará uma homenagem à música brasilei-
certos Solidários será apresentada du-
ra e contará com a participação de Deri-
rante o ano pela Orquestra Curitiba Sin-
co Sciotti (músico do Programa do Jô) e
fônica, com direção artística do maestro
da cantora lírica Andreia de Souza.
SERVIÇO
Daniel Bortholossi. A primeira apresen-
Toda a arrecadação adquirida com
tação é a Noite Lírica Inesquecível sob
a venda dos ingressos será revertida
a regência do próprio Bortholossi. Se-
para o Hospital e Maternidade de Sen-
rão executadas famosas árias de ópera
gés, na região dos Campos Gerais, que
Dia 20 de abril, às 20h
e cantores líricos interpretarão melodias
ainda sofre com os estragos em decor-
Castelo do Batel
de grandes musicais.
rência de uma enchente em janeiro de
Av. do Batel, 1323, Batel, Curitiba
SÉRIE DE ESPETÁCULOS
GRANDES CONCERTOS SOLIDÁRIOS
O segundo espetáculo acontece em
2010. Por falta de recursos, a institui-
Ingressos: R$ 50
julho e traz ao público a lembrança da
ção mantém fechados o Centro Cirúr-
(41) 3015-4642
época dos palácios e castelos de Viena,
gico, o setor de Obstetrícia e a Central
www.curitibasinfonica.com
com o maestro Dian Tchobanov. O ter-
de Materiais e Lavanderia.
, abril 2012
AGENDA
MÚSICA
Lupaluna 2012 FOTO DIVULGAÇÃO
Quarta edição do maior festival de música do Paraná traz mais de 40 atrações
São mais de 40 atrações, distribuídas em cinco palcos com destaque para as internacionais: Buena Vista Social Club, Smash Mouth e Concrete Blonde (foto).
E
ste ano o Lupaluna recebe
O Lupaluna 2012 traz novidades.
mais de 40 diferentes atra-
Uma delas é que o público poderá se
ções locais, nacionais e in-
dividir entre cinco palcos: o LunaSta-
ternacionais. Com um cardápio musi-
ge, palco principal do festival; o Are-
cal extenso, os estilos variam do rock
na Mundo Livre, que assume o lugar
ao pop, passando pelo hip-hop e alter-
da EcoMusic; o Palco do Lago, locali-
nativo e dando espaço também à nova
zado em frente ao Lago do Bioparque;
MPB e à música eletrônica. Atrações
o Palco GAZ Stage, inédito na histó-
internacionais de peso já estão confir-
ria do evento, destinado para o públi-
madas, como o fenômeno cubano Bue-
co teen; e o EletroLuna, antiga tenda
na Vista Social Club, que tocará com o
de música eletrônica, que nesta edição
SERVIÇO
renomado Ibrahim Ferrer Jr. Tem ain-
ganha uma repaginada. Para o públi-
FESTIVAL LUPALUNA 2012
da Concrete Blonde, Gene Love Jeze-
co que estará no camarote, o diferen-
bel e Smash Mouth. Entre as atrações
cial será que bandas locais e nacionais
Dias 18 e 19 de maio
nacionais, destaque para Zeca Balei-
se apresentarão durante os intervalos
BioParque - Av. Senador Salgado Filho,
ro e Lenine, Los Hermanos, que retor-
dos shows do LunaStage. Os ingres-
7636, Curitiba (no trajeto para São
na a Curitiba após seis anos, Seu Jorge,
sos custam de R$ 65 a R$ 1.100 (passa-
José dos Pinhais)
Nando Reis, Jota Quest, Marcelo D2,
porte para os dois dias no Backstage).
(41) 3315-0808
Criolo, Skank, Charlie Brown Jr (confira
www.diskingressos.com.br
www.lupaluna.com.br
todas as atrações no site oficial).
38
, abril 2012
AGENDA
EXPOSIÇÃO
Vinil nas paredes FOTO DIVULGAÇÃO
Exposição Derrapagens foi projetada especialmente para o Museu da Gravura de Curitiba
A obra simula vestígios de pneus de veículos que passam pelo mesmo caminho em momentos e rotas distintos.
A
artista plástica gaúcha
se tivessem passado pelas paredes
Regina Silveira, um dos
num espaço isento de gravidade. As
principais nomes da arte
trilhas de pneus se sobrepõem e se
contemporânea brasileira e consa-
atravessam, insinuando movimento
grada no Brasil e no exterior, assina
aleatório, exatamente como as mar-
a exposição Derrapagens, que pode
cas deixadas no asfalto por automó-
ser conferida no Museu da Gravura
veis que passam pelo mesmo cami-
SERVIÇO
de Curitiba até o dia 20 de maio. Para
nho em momentos e rotas distintos.
EXPOSIÇÃO DERRAPAGENS
elaborar a mostra, que foi criada espe-
Quem visitar a exposição tam-
cialmente para dialogar com o espaço
bém poderá conferir uma maquete da
Museu da Gravura Cidade de Curitiba
expositivo do museu, a artista partiu
peça. Produzidas desde os anos 80,
Rua Presidente Carlos
de fotografias de modelos de pneus
as maquetes das intervenções arqui-
Cavalcanti, 533, Centro
para gerar imagens digitais de grande
tetônicas realizadas por Regina são,
Até o dia 20 de maio
formato, que foram executadas como
de acordo com a própria artista, um
De terça a sexta-feira, das 9h às 12h e
recorte de vinil adesivo e coladas so-
modo de “sonhar a permanência de
das 13h às 18h; sábados, domingos e
bre as paredes da sala de exposição.
obras que desapareciam, quase sem-
feriados, das 12h às 18h
pre, em alguns meses ou pouco mais.”
Entrada franca
A obra simula vestígios de pneus de automóveis e motocicletas, como
40
, abril 2012
AGENDA
EXPOSIÇÃO
Na mira de Stocchero FOTO COLEÇÃO SYNVAL STOCCHERO. ACERVO: DPC/FCC
Fotografias mostram a expansão urbana de Curitiba do final da década de 1940 até 2007
Synval Stocchero registrou, na década de 1950, uma corrida de lambretas na Avenida Luís Xavier.
A
evolução e a expansão ur-
2009, depois que a família disponibilizou
bana de Curitiba podem
os originais deixados pelo fotógrafo.
ser mais bem compreen-
A Coleção Synval Stocchero, com-
didas através de cento e vinte imagens
posta por aproximadamente 400 ima-
que estão expostas no salão Parana-
gens, faz parte do acervo da Fundação
guá do Memorial de Curitiba. São fotos
Cultural de Curitiba e enriquece o pa-
captadas por Synval Stocchero desde
trimônio da entidade e também a me-
1940 até 2007, poucos meses antes de
mória da cidade e dos curitibanos.
seu falecimento.
42
“Com ações como essa, a Funda-
SERVIÇO EXPOSIÇÃO SYNVAL STOCCHERO –
A exposição Curitiba na mira do fo-
ção Cultural reafirma seu compromis-
tógrafo, organizada pela diretoria de pa-
so com a difusão do patrimônio cul-
trimônio cultural da Fundação Cultural
tural da cidade e traz à apreciação
Memorial de Curitiba
de Curitiba, é interessante por conseguir
pública material inédito de um legado
Rua Claudino dos Santos, 79
mostrar como se deu a modernização da
que, certamente, promete ainda mui-
Largo da Ordem
cidade nos últimos 70 anos. O trabalho
tas descobertas”, afirma a pesquisa-
Até 30 de abril
de reunir todas as imagens começou em
dora Maria Luiza Baracho.
Entrada gratuita
CURITIBA NA MIRA DO FOTÓGRAFO
, abril 2012
AGENDA
EXPOSIÇÃO
Obra orgânica FOTO DIVULGAÇÃO
(Im)permanências reúne instalações, objetos, desenhos e pinturas de José Antonio de Lima
Trabalho do artista transforma-se em formas metálicas perenes.
“D
o casulo à borboleta”.
jeto Tramas, aprovado pela Lei Roua-
Assim José Antonio
net, que inclui essa e outras exibições,
de Lima define a evo-
como a que será realizada em julho em
lução de suas instalações de grandes
Helsinque, na Finlândia.
dimensões, que, se antes dialogavam
José Antonio conta que deu início
com o tempo pela impermanência dos
às suas Tramas – instalações que se
materiais orgânicos, agora também
assemelham a móbiles gigantescos –
conquistam perenidade ao se meta-
em 1990, quando começou a construir
morfosearem em formas metálicas. A
objetos em tecido, ferro e pasta de pa-
nova fase do artista será conhecida
pel. Nos últimos anos, os materiais or-
pelo público curitibano na exposição
gânicos, matéria-prima fundamen-
individual (Im)permanências.
tal do artista, transformaram-se em
SERVIÇO
Com curadoria do pesquisador e
moldes para dar origem a uma fun-
EXPOSIÇÃO (IM)PERMANÊNCIAS
crítico de arte Fernando Bini, a mostra
dição de peças únicas em alumínio.
é uma síntese da trajetória de 25 anos
As instalações em tecidos trançados,
Casa Andrade Muricy
do artista, reunindo duas grandes ins-
costurados e amarrados ganharam
Alameda Dr. Muricy, 915, Centro
talações, objetos, desenhos e pintu-
resistência e novas características es-
Até 3 de junho
ras – em boa parte ainda inéditos em
téticas, mas não perderam a “aura”.
(41) 3321-4798 e 3321-4786
Curitiba. O conjunto faz parte do pro-
44
, abril 2012
AGENDA
GASTRONOMIA
Amantes da boa culinária FOTO GUILHERME ALVES
A quinta edição do Curitiba Restaurant Week acontece entre 9 e 22 de abril
Entrada do Restaurante PaneOlio: Polpo Grigliato all Aceto di Lamponi no cardápio para a quinta edição.
D
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emocratizar o acesso à
nosso público”, revela Philip Khouri,
alta gastronomia e dar aos
organizador do evento. Sendo assim,
curitibanos uma oportuni-
os 57 empreendimentos participantes
dade única para que conheçam os me-
irão preparar cardápios com entrada,
lhores empreendimentos gastronômi-
prato principal e sobremesa a preços
cos da capital paranaense. Com esse
fixos: almoço por R$ 29,90 + R$ 1 ou
objetivo, a cidade de Curitiba irá re-
R$ 31,90 + R$ 1; e jantar por R$ 39,90
ceber a 5ª edição do Restaurant Week,
+ R$ 1 ou R$ 43,90 + R$ 1 (couvert, be-
um dos principais festivais gastronô-
bidas e taxa de serviço não inclusos).
micos do mundo. A grande novidade
O R$ 1 acrescentado ao valor da con-
deste ano ficará por conta da dispo-
ta será destinado ao hospital Pequeno
nibilização de dois preços diferencia-
Príncipe. Além dos restaurantes usu-
dos durante o almoço e outras duas
ais, esta edição traz um diferencial: a
opções de preços para o jantar. “Essa
presença de restaurantes localizados
SERVIÇO
mudança vai possibilitar que restau-
nos melhores hotéis da cidade. A lista
CURITIBA RESTAURANT WEEK
rantes que possuem um ticket médio
com os nomes dos 59 estabelecimen-
mais elevado também possam partici-
tos participantes encontra-se disponí-
5ª edição – de 9 a 22 de abril de 2012
par, dando ainda mais opções para o
vel no site do evento.
www.curitibarestaurantweek.wordpress.com
, abril 2012
NOVIDADE
LIVRO
Poder feminino Obra explora o universo das executivas paranaenses
A obra traz um retrato de experiências profissionais e empresariais de mulheres e reflexões sobre a liderança feminina.
Q
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uais são as escolhas ne-
Mayla, que é psicanalista e estu-
cessárias para se chegar
diosa de comportamentos políticos e
ao topo da carreira quan-
sociais, fez uma extensa pesquisa com
do se pensa no desenvolvimento pro-
64 executivas sobre suas experiências
fissional feminino? Se a proposta é
profissionais, seus anseios e a dificul-
encontrar uma única resposta a essa
dade de não terem um modelo a seguir
pergunta, desista. As carreiras profis-
para a construção da carreira nos al-
sionais femininas seguem cada vez
tos escalões executivos em um mundo
mais em várias direções e, fundamen-
tão voltado à ascensão masculina. “O
SERVIÇO
talmente, dependem de diferentes es-
livro traz uma série de relatos bastante
MULHERES, ELAS FAZEM HISTÓRIA
colhas feitas por uma mesma mulher
corajosos sobre os desafios e impasses
em várias fases da vida. Este tema é
para a aceleração das carreiras profis-
200 páginas
explorado no livro Mulheres, elas fa-
sionais femininas”, esclarece Regina
Editora Posigraf
zem história, de Mayla Di Martino, pu-
Arns, presidente do MEX/PR. O proje-
O livro está disponível nas principais
blicado por iniciativa do espaço Mu-
to contou com o apoio da Lei Rouanet
bibliotecas públicas do Brasil
lheres Executivas do Paraná.
de incentivo à cultura.
www.espacomulheresexecutivas.com.br , abril 2012
PERFIL
JEFFERSON KULIG
ESTILO PRÓPRIO
Tímido assumido e observador aguçado, Jefferson Kulig está entre os maiores nomes do universo fashion paranaense. Verdadeiro criador, passa ao largo das tendências de cada estação para construir sua própria identidade por Bia Moraes I design Iraisi Gehring I fotos Daniel Katz
A
o se falar de moda em Curitiba, surgem diversos nomes. Poucos, porém, têm o privilégio de figurar como verdadeiros criadores, aqueles estilistas que, mais do que estabelecer uma marca ou obter sucesso comercial, aliam a conquista de uma identidade própria à busca constante por inovação. Nesse universo restrito, a grife de Jefferson Kulig é citação obrigatória. Além de ser o único curitibano que exibe regularmente suas coleções na disputada São Paulo Fashion Week – a semana de moda mais importante da América Latina – Kulig é profissional experiente, com uma trajetória marcada pela coerência. Ele foge aos clichês de um fashion designer bem-sucedido.
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Discreto, não gosta de aparecer, tampouco se veste com marcas famosas dos pés à cabeça. Não é visto em festas e eventos do mundo social e curte conviver com a família. Além disso, não esconde a “curitibanice”. Concede entrevistas à imprensa nacional com o sotaque leite quente. Para completar, Kulig tem uma rotina, à primeira vista, entediante: vai de casa para o trabalho e vice-versa, com incursões a restaurantes nem um pouco badalados para almoçar. Nem mesmo é flagrado dirigindo um carro vistoso, pois na maioria das vezes prefere caminhar: mora a apenas duas quadras de seu ateliê, próximo à Praça da Espanha, no Batel Soho, e costuma sair a pé também para as refeições.
CONSTELAÇÃO DE IDEIAS Constelação de ideias Jefferson Kulig é assumidamente tímido. Entrevistá-lo para um longo perfil surgiu como um desafio. Porém, o homem de poucas palavras esconde uma mente em ebulição. O olhar claro e firme demonstra que por trás do caráter fechado há uma constelação vibrante. Ele pode parecer limitado a uma rotina, mas é um artista que guarda um universo inebriante. O estilista tem a rara capacidade de estar só e ao mesmo tempo apreciar a solidão. Imerso na moda quase que 24 horas por dia, tem consciência de que assim se faz arte em seu ofício. “Vivo num mundo meu”, assume sem meias-palavras. “Gosto de viajar sozinho porque preciso conversar comigo mesmo. Quando você está só, você pensa mais, absorve melhor tudo o que está à sua volta”, explica.
, abril março 2012 2012
O fashion designer curitibano tem o radar na ousadia e o olhar voltado para o futuro.
, abril 2012
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JEFFERSON KULIG
GARIMPAGEM URBANA Garimpagem urbana
tem uma malharia no bairro Campo Comprido, e foi lá que tudo começou. Adolescente nos anos 80, Kulig fez de tudo um pouco na empresa do pai. Ao conhecer o processo de produção de vestuário, aprendeu a analisar com minúcia as modelagens, tramas e texturas, conhecendo suas particularidades. Tomou gosto. Aos 20 anos, definido como cria-
Em volta de Kulig, no ateliê, ficam bem à vista os produtos de suas garimpagens mais recentes. Sob o olhar do estilista, observador em tempo integral, tudo é pesquisa. “Vou bastante para São Paulo e adoro passear pela região da 25 de Março, Bom Retiro, Brás. Vou catando tudo que me interessa: tiras de tecidos, alguma coisa largada pela rua...”, enumera. Em seguida aponta para seus achados. “Veja, aqui eu tenho tapete para carro, miçangas, lâmpada, coisas de brinquedos, pedaço de carpet... pode parecer uma bagunça, mas é meu laboratório.” A Kulig interessam não apenas objetos inusitados e matérias-primas para futuras coleções. Ele observa atentamente as pessoas ao seu redor. Uma simples caminhada à padaria para o lanche da tarde pode render ideias. “Gosto de perceber os detalhes. O que as pessoas estão vestindo, como se comportam, o que consomem, sobre o que conversam”, explica. Penso que, se não fosse designer, Jefferson Kulig seria um excelente cronista. A maciez e as dobraduras de um tecido o fazem divagar. “A trama expande, volta. A mulher gosta de elegância com conforto. Ela sai para almoçar fora, é importante marcar a cintura e modelar sem apertar”, discorre.
CERCADO PELA MODA Cercado pela moda Com 38 anos, Kulig afirma sentir-se seguro e amadurecido como profissional. Mas continua sendo o menino que, aos 15, começou a trabalhar com – adivinhem – moda. Nasceu e cresceu em Curitiba, cercado de fios, costureiras, máquinas de tricô e moldes para roupas. A família do estilista
52
“
Gosto de viajar sozinho para conversar comigo mesmo.”
Jefferson Kulig
dor, já lançava sua primeira coleção. Mais tarde, depois de se formar em economia, estudou por um ano no Studio Berçot, em Paris, com a aclamada Marie Rucki, mas não quis se estabelecer em São Paulo nem em nenhum grande centro de moda da Europa. Voltou para a sua Curitiba. Também foi aqui que construiu a carreira e montou ateliê, loja e linha de produção. Sente-se em casa, porém jamais acomodado.
ELEGÂNCIA E OUSADIA Elegância e ousadia A história de vida e a trajetória profissional do estilista explicam por que a capital paranaense, à qual é tão ligado, se faz presente em todas as suas coleções. A moda Jefferson Kulig é elegante e bem-construída – como as mulheres curitibanas, que cultivam apreço por manter um look arrumado, pensando cuidadosamente no que vão vestir. As roupas que ele desenha, em suas próprias palavras, são “sóbrias”, refletindo o “jeito fechado” de sua gente. Uma de suas marcas registradas é o uso de materiais tecnológicos e o desenvolvimento de novos tecidos. Assim como Curitiba tem um forte componente de vanguarda e é conhecida por cidade-teste para novos produtos, Kulig tem o radar na ousadia e
, abril 2012
FOTOS DANIEL KATZ
PERFIL
Do seu espaço de trabalho, próximo à Praça da Espanha, saem as criações apresentadas na São Paulo Fashion Week.
Jefferson Kulig é conhecido pelo uso de novos materiais e modelagens bem construídas.
abril 2012,
53
PERFIL
JEFFERSON KULIG
o olhar voltado para o futuro. Por outro lado, mantém uma linha de trabalho com estilo bem definido, do qual não se afasta. É seu DNA. Igual à sua Curitiba – a metrópole que, por mais globalizada que se torne, guarda as raízes de um povo ligado às tradições. O choque de contradições poderia gerar conflito, mas na prática, para ele, as vias opostas se complementam. Kulig sabe que, para sobreviver – e criar – no mundo fashion é preciso ter informação. Além disso, ele tem uma pitada de competição também em casa. A lida com vestuário permeia toda a família. A mãe assumiu a direção criativa da antiga Malharia Veneza, hoje batizada de Nadine. Um dos irmãos é sócio dele e administra a grife Jefferson Kulig. A irmã, Karina, também é estilista, mas em segmento
diferente: cria vestidos de noiva e trajes de festa glamorosos e modernos. Além de passar os dias no escritório, onde costuma chegar entre cinco e meia e seis da manhã, Kulig gosta de viajar. Recentemente esteve na Bahia,
“
tem um lado meu que não há dinheiro que pague.”
jefferson kulig
de onde voltou fascinado. O olhar arguto de artista captou muita informação. “Tudo é muito rico, o modo como as pessoas se comportam, suas tradições”, recorda. “Somos tão bombardeados pela informação de moda que
vem de fora que às vezes esquecemos da nossa própria cultura.” A massificação da indústria de moda é um assunto que desperta sua verve. Conhecedor do planeta fashion e de suas engrenagens mundo afora, Kulig é firme em sua posição de estilista independente e faz questão de manter o controle criativo. “Submeter-se ao sistema é cruel”, observa. Ele não aprecia o consumismo exacerbado. “As coleções são lançadas cada vez mais cedo, para logo irem para liquidação, aí entra rapidamente mais uma coleção, criando desejo de consumo desenfreado”, comenta. O fast fashion não o atrai. Sua moda é atemporal e tem assinatura. “Tem um lado meu que não há dinheiro que pague”. É o artista falando.
Nova coleção, novo projeto Não faz muito tempo, passeando pelo Bom Retiro, em São Paulo, Jefferson Kulig viu roupas parecidas com peças de sua grife. O bairro é um polo de confecções que reproduz, a preços populares, tendências recémlançadas por grifes famosas. “Não dei muita bola”, ri. O fantasma da pirataria não o aflige. A segurança vem da certeza de que sua marca tem qualidade e assinatura impossíveis de se copiar. “Acabamento, modelagem, tecido... era apenas uma tentativa.” Kulig tem um slogan sobre a diferença entre vestir roupa ou design. “A mulher que veste Jefferson Kulig tem informação de moda”, afirma. Ele é a favor da disseminação do conhecimento e da cultura fashion. “Quanto mais as pessoas conhecerem a moda, souberem o que acontece pelo mundo, mais o padrão de consumo vai se apurar. A qualidade dos produtos também tem que crescer”, aponta.
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Ele guarda segredo sobre o que irá mostrar na passarela da próxima São Paulo Fashion Week – onde desfila há 15 edições consecutivas – e só revela que tem um novo tecido em desenvolvimento. Enquanto prepara a nova coleção, Kulig se dedica também a um novo projeto. Lançada em setembro de 2011, a linha de camisetas premium com a marca Jeffer.son é um sucesso. Com as t-shirts, Kulig afirma ter construído a ponte ideal entre sua moda conceitual e o mercado que pede produtos renovados. “Elas são simples, bonitas e divertidas, sem deixar de ser Jefferson Kulig. E funcionam como porta de entrada para novas consumidoras”, avalia. Estampadas com imagens digitais gigantes de bichos, as camisetas cumprem seu papel. Além de fazer bonito comercialmente – já são vendidas em diversos pontos do país – levaram o reservado estilista a se abrir mais e dialogar com suas consumidoras. E ele tem gostado dos bate-papos e troca de ideias pelo Facebook.
, abril 2012
FOTO BIA MORAES
FOTO DANIEL KATZ FOTS ARQUIVO PESSOAL
1
3
2
4 5
6 1. As t-shirts são porta de entrada da marca para novas consumidoras.
2. Kulig mostra as tiras de tecidos garimpadas em pesquisas para futuras coleções.
3. Posando caracterizado de Dom Pedro II para o desfile de 7 de setembro, na década de 70.
4. Ao lado de sua irmã, também estilista, Karina Kulig.
5. Num de seus momentos de introspecção, no então badalado Café Costes, em Paris, no ano de 1991. 6. Em 2002, quando ficou em primeiro lugar no 10º Salão Paulista de Arte Contemporânea.
, abril 2012
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ESTILISTAS
FOTO FERNANDO AGUIAR
PERSONAGENS
Evelise Trombini lançou sua primeira coleção em 2011 e hoje promove happy hours regados a compras e consultoria de estilo.
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, abril 2012
Sob medida
Ateliês de jovens estilistas se multiplicam pela cidade. Busca por peças mais exclusivas ou feitas ao gosto do cliente fortalecem o mercado da moda curitibana por Carolina Gomes
C
om perseverança, dedicação e quebra de preconceitos. É assim que jovens talentosos estão desbravando o mercado da moda em Curitiba. “Esses estilistas estão com seus pequenos ateliês, caminhando devagarzinho e fazendo o mercado crescer muito. Isso me dá muita alegria”, diz Celinha Maria Buschle, coordenadora do curso de design de moda do Centro Europeu. E, aos poucos, Curitiba vai ganhando uma moda com a cara da cidade. “Eu vejo como característica muito forte essa coisa do romantismo, do vintage. Acho isso meio curitibano”, comenta Celinha. “Acho que Curitiba é forte principalmente na parte de acessórios. Nas roupas, as criações minimalistas têm o jeito da cidade”, completa Tatiana Klimovicz, blogueira de moda.
EXCLUSIVIDADE Exclusividade Tanto Celinha quanto Tatiana percebem que existe um público consumidor jovem que está buscando criações diferentes, carregadas com essa identidade local. “Os curitibanos estão se voltando para os conterrâneos”, diz Tatiana. “Com o boom do fast fashion e as tendências cada vez mais passa, abril 2012
geiras, acredito que quem se preocupa com o que veste e procura passar sua identidade com o vestuário irá cada vez mais procurar exclusividade e peças de design.” Mas ainda há muitos nós para serem desatados nesse caminho. “Não há como negar que temos uma tendência de nos voltarmos para São Paulo. É uma pena porque temos pessoas formadas em ótimas escolas aqui mesmo. Muitas vezes esses estilistas são aclamados primeiro lá fora para depois serem reconhecidos aqui”, diz Celinha. “Sem falar que Curitiba tem esse perfil de cidade bucólica, com mais tempo de se interiorizar”, completa. “Dizem que o público curitibano é exigente e ‘chato’, mas eu não acredito que isso seja uma dificuldade”, opina Tatiana. Para quem decide encarar o desafio, Celinha dá as dicas. “É preciso aproveitar todas as oportunidades, começar de baixo”, diz. “Criatividade e sensibilidade são essenciais, mas é preciso perceber além. Não ficar só em revista e desfile. Tem que observar os movimentos mundiais de design, como estão vindo os carros, a arquitetura. Essa percepção aguçada é fundamental.”
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ESTILISTAS FOTO FERNANDO AGUIAR
PERSONAGENS
Por uma moda
curitibana E
velise Trombini estudou moda na Califórnia quando o inte-
resse nessa área estava só começando por aqui. Eram apenas alguns cursos espalhados por uma ou outra faculdade. Acabou voltando casada e grávida e ficou dez anos trabalhando na loja da cunhada. Há dois anos resolveu resgatar a paixão pela criação. “Mas precisava me atualizar. O movimento aqui já era maior, mas eu não queria ser apenas mais uma marca, queria também proporcionar conhecimento.” Resolveu ir para o Rio de Janeiro e lá descobriu o Instituto Rio Moda, um espaço para promover o encontro entre grandes nomes da moda e capacitar jovens estudantes e profissionais do setor. Alguns cursos depois, em março de 2011, Evelise criou a marca Rêve e lançou oficialmente sua primeira coleção. “Demoramos para encontrar costureiras. Como algumas grandes marcas abusam desse trabalho, percebo que essas profissionais ficam mesmo desmotivadas.” Hoje, uma equipe de estilo é responsável pela criação das peças da marca. A próxima coleção terá como tema a escritora e jornalista Pagu. A oficina de costura funciona junto com a loja, que recebe grupos de amigas para happy hours regados a compras e consultorias de estilo. “A ideia é deixar as pessoas felizes, mostrar opções de roupas que elas podem usar e fazer com que elas saiam daqui satisfeitas.”
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Além de criar sua marca, Evelise trouxe o Instituto Rio Moda para Curitiba.
TROCA EXPERIÊNCIAS Troca deDE experiências Junto com a Rêve, Evelise trouxe para Curitiba o primeiro núcleo do Instituto Rio Moda fora da capital fluminense. Nomes como o do estilista Dudu Bertholini e do gerente de marketing da Farm, André Carvalhal, já passaram pelos workshops e talk shows organizados pela equipe curitibana. Em maio, a ideia
é discutir as mídias sociais no mercado de luxo. “O principal objetivo desses eventos é fazer com que as pessoas se encontrem e se conheçam. Acho que o que falta aqui é exatamente essa colaboração. Foi o que aconteceu no Rio de Janeiro. Houve um movimento conjunto e o Rio explodiu”, diz Evelise.
, abril 2012
FOTO LORENA MATIOLI
Uma curitibana
premiada O
interesse veio ainda na infância. “Minha mãe, avós e tias costuravam muito bem e sempre estavam inventando alguma coisa”, conta Juliana Moriya, hoje com 27 anos. “As roupas com design diferenciado, com um tecido de maior qualidade, sempre me chamavam mais atenção. Na adolescência, todos até chegaram a pensar que era uma fase.” Mas a fase não passou e o interesse só aumentou. Juliana se formou em arquitetura e, durante uma longa viagem em 2009, decidiu repensar o que gostaria de fazer no futuro. “A moda sempre esteve presente na minha vida, mas confesso que até eu tomar a coragem de segui-la levou um bom tempo.” Ela então trabalhava como arquiteta durante o dia e à noite frequentava o curso de estilismo do Senai-PR.
Juliana Moriya: “A moda sempre esteve presente na minha vida, mas confesso que até eu tomar a coragem de segui-la levou um bom tempo.” Ao lado, elegância e grafismo na sua coleção 2012.
, abril 2012
RECONHECIMENTO Reconhecime NACIONAL nto nacional No ano de 2010 aconteceu a grande virada. Juliana venceu o reality show It MTV Elle Fashion Fabric. “Trabalhar sob pressão, em frente às câmeras e ser julgada por jurados de peso não foi nada fácil.” Os integrantes do programa foram avaliados pelos estilistas André Lima e Alexandre Herchcovitch, pelo jornalista e empresário André Hidalgo, pela editora da revista Elle, Susana Barbosa, e por Costanza Pascolato, uma das maiores autorida-
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ESTILISTAS FOTO LORENA MATIOLI
PERSONAGENS
Juliana Moriya: formação como arquiteta influencia muito suas criações.
des em moda do Brasil. “Cresci muito durante e depois do programa. Lá você é obrigada a aprender e a enfrentar coisas que podem acontecer no dia a dia de qualquer estilista.” Como um dos prêmios do concurso, Juliana apresentou sua coleção no ano passado no evento de moda conhecido como Casa de Criadores, em São Paulo. Ali já foram lançados e projetados diversos nomes da moda brasileira, como André Lima, Juliana Jabour, Marcelo Sommer, Cavalera e Ronaldo Fraga.
“ 62
prezo muito pela elegância e sensualidade.” juliana moriya
As peças criadas pela estilista têm design clean e bem-elaborado. “Prezo muito pela elegância e pela sensualidade de forma equilibrada.” A curitibana diz que a formação como arquiteta influencia muito em seu trabalho. “Meu senso estético, de equilíbrio e de composição vem da arquitetura. Muitas vezes um detalhe de um prédio ou de uma fotografia antiga acaba me inspirando.” Juliana acredita que o mercado da moda em Curitiba está num momento muito promissor. “Cada dia que passa fico mais feliz em ver como as pessoas estão se vestindo e se expressando em Curitiba. Acredito que o curitibano está perdendo o medo e aceitando melhor o que a moda propõe. Isso é muito bom e animador, principalmente para nós, jovens estilistas.”
, abril 2012
Da arquitetura para
FOTO FERNANDO AGUIAR
a alfaiataria T
Nicolle costuma criar suas peças de alfaiataria durante a modelagem; o cuidado com os acabamentos e detalhes é a marca da estilista.
, abril 2012
alvez a profissão mais comum entre os jovens estilistas curitibanos seja a arquitetura. Muito deles, antes de criar coragem para investir no mundo da moda, acabam se formando em faculdades tradicionais, e a arquitetura é uma das mais citadas. É o caso de Nicolle Gôra, de 32 anos. Ela chegou a trabalhar como arquiteta, mas estava descontente. “Achava que moda seria algo mais dinâmico, então larguei tudo e fui para Barcelona”, conta. Ela ficou cinco anos na cidade espanhola, fez faculdade e foi para Londres. Lá decidiu que queria montar sua própria marca. E assim, em 2008, criou, em parceria com a irmã Charlene, formada em administração, a Gôra. O foco era a alfaiataria. Inicialmente a proposta foi exclusivamente a venda para o atacado. Mas elas mantinham um ateliê a portas fechadas. “Como a alfaiataria não é algo tão simples e um bom caimento não é assim tão fácil de se alcançar, muitas pessoas vinham até nós com pedidos sob medida”, diz Nicolle. Então elas decidiram criar uma loja-ateliê com atendimento com hora marcada. “As pessoas vêm buscar algo diferenciado. Podemos adaptar algo da coleção para a cliente ou criar algo totalmente novo, desde que tenha relação com a nossa identidade.” Recentemente, elas começaram a trabalhar também com consultoria de imagem. “É uma consequência do que já estávamos fazendo. Muitas clientes buscam algo mais do que comprar roupas.”
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PERSONAGENS
ESTILISTAS
Coleções cápsulas COLEÇÕES CÁPSULAS A venda por atacado continua só para São Paulo. Ao invés de lançar duas coleções por ano, a Gôra decidiu trabalhar com o conceito de coleções-cápsulas. “Nós pensamos num tema, que pode vir de uma viagem ou qualquer coisa que inspire, e criamos uma coleção de 10 ou 15 peças e, dali um mês e meio, uma estampa pode virar inspiração para outra coleção.” A ideia com isso é proporcionar mais variedade para os clientes, mas numa quantidade ainda exclusiva. Nicolle desenha e modela. “Não consigo separar as duas coisas e acho que tenho facilidade justamente por causa da arquitetura. Eu crio muitas vezes na modelagem, tenho que ver a peça tridimensional para criar volumes diferentes.” A parte da costura é terceirizada. “Temos algumas costureiras que trabalham com a gente desde o começo, mas tivemos que treinar. É uma profissão escassa, ficou difícil encontrar quem queira seguir o ofício.” O trabalho é de formiguinha, mas Nicolle conta que já percebe uma aceitação maior por parte dos curitibanos. “Não tenho pretensão de ser uma grande marca. Quero continuar atendendo poucas pessoas dessa maneira personalizada. Mas quero que o curitibano reconheça a qualidade do nosso trabalho. Não fazemos moda alternativa. Queremos criar uma nova modelagem, que destaque o cuidado com os acabamentos e detalhes.”
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MESTRES EM EXTINÇÃO Alfaiates resistem ao tempo e mantêm pequenos estabelecimentos no centro de Curitiba
Florentino da Silva e Ferdinando Nardelli são dois representantes de uma classe de trabalhadores que já não forma sucessores: os alfaiates. Há mais de meio século, eles trabalham na arte de fabricar ternos, paletós, calças e sobretudos feitos sob medida. Com a queda no movimento, hoje eles também fazem ajustes e pequenas reformas. “Muitas pessoas hoje não têm tempo e não querem esperar. No tempo do alfaiate, era todo um ritual, que não incomodava as pessoas. Elas compravam tecido, tiravam medida, provavam. Essa freguesia diminuiu bastante”, conta Silva. “Mas ainda tem quem goste da coisa bem feitinha.” Nardelli conta que a maior parte dos fregueses são noivos, padrinhos e convidados de casamento. “Vem gente de Blumenau, Florianópolis. Só hoje estou com dez provas espalhadas pelo ateliê para finalizar e entregar.” Nenhum dos dois fez questão que os filhos seguissem a profissão. Mas nem toda a dificuldade trazida pelo onda do fast fashion fez com que esses artesãos desistissem da alfaiataria. Muito pelo contrário. Em maio, Nardelli viaja, como faz todos os anos, para a Itália e outros oito países da Europa para se atualizar e ficar por dentro da moda.
ALTA ALFAIATARIA Foi justamente na Itália que surgiu, em 1910, uma das marcas mais reconhecidas e luxuosas da alfaiataria mundial: a Ermenegildo Zegna. Com corte impecável e estrutura que se reconhece de longe, a marca criou a Zegna su misura (do italiano, sob medida) para aqueles homens que querem e podem pagar por ternos exclusivos. Após escolher entre diversos modelos e mais de 450 tipos diferentes de tecido, o cliente tem suas medidas tiradas e enviadas para artesãos na Suíça. Botões de madrepérola com as iniciais do comprador, forro de seda, capa protetora de couro de bezerro e cabide de cerejeira também fazem parte do pacote. A peça demora aproximadamente 45 dias para ficar pronta e até a etiqueta tem o nome do cliente. É um luxo que pode custar até R$ 16 mil.
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PERSONAGENS
MÚSICA
Arrows of My Ways
Bem-recebido por blogueiros e jornalistas especializados, novo álbum do quinteto curitibano Rosie and Me apresenta uma sonoridade country-folk repleta de letras melancólicas por Abonico Smith
Em março, a banda realizou sua primeira turnê por terras americanas
QUEM? Rosanne Machado (voz, violões e banjo) Thomas Kossar (guitarras) Ivan Camargo (violões e viola) Guilherme Miranda (baixo) Tiago Barbosa (bateria e percussão) QUANDO? Curitiba, 2006 COMO? Tudo começou como um projeto solo de Rosanne Machado, depois transformado em duo, trio e, mais recentemente, fechando na formação atual de quinteto. Apaixonada pela folk music e com um imenso lado introspectivo que transpõe para as canções (“algumas pessoas escrevem em diários, eu componho músicas”), Rosanne começou gravando suas composições em casa, até que o boca a boca iniciado por amigos na internet fez crescer a fama do projeto, antes mesmo da cantora e compositora arregimentar outros músicos e levá-lo aos palcos. Por ter morado anos atrás nos Estados Unidos e ter o domínio perfeito da escrita e da pronúncia da língua inglesa, o Rosie and Me teve facilidade em en-
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contrar portas abertas no exterior, chegando a ter suas músicas executadas em comerciais exibidos em rede nacional no Brasil e em seriados americanos de TV famosos, como One Tree Hill (exibido aqui pelo canal por assinatura Warner). POR QUÊ? Depois de lançar um bom EP de estreia em 2009 (Bird And The Whale, no qual destacou-se o hit “Bonfires”), o Rosie and Me passou por períodos turbulentos. Vinculado a uma editora/gravadora, acabou um pouco sumido dos holofotes por conta de uma longa batalha judicial sobre direitos autorais. Com um acordo feito no final do ano passado, o grupo pôde, enfim, lançar de forma independente seu primeiro álbum, Arrow Of My Ways, em janeiro de 2012. Bem-recebido por blogueiros e jornalistas especializados, o disco traz letras autobiográficas que retratam com melancolia estes últimos anos de incertezas e instabilidade emocional. O próprio batismo do álbum já é um trocadilho com a expressão em inglês error of my ways, que remete a todas as dificuldades recentes enfrentadas. A sonoridade, por sua vez, com o acréscimo definitivo de instrumentos como o banjo e a guitarra, leva ao country clássico, também derivado da folk music, que sempre influenciou os gostos da vocalista. Ela montou um estúdio na própria casa e também assina a produção e a mixagem de todas as faixas. HEIN? O mês de março de 2012 pode ser considerado histórico para o quinteto. Além de tocar no South By Southwest (SXSW), festival anual realizado nos EUA e considerado a grande mola propulsora da música independente mundial, a banda ainda realizou sua primeira turnê por terras americanas. A agenda incluiu datas em várias cidades do Texas e da Califórnia, culminando em uma apresentação no histórico The Hotel Cafe ao lado de outros grandes nomes do gênero na atualidade. ONDE rosieandmemusic.com (download gratuito do álbum Arrow Of My Ways) , abril 2012
PERSONAGENS
ESPAÇOS CULTURAIS
Fernando Rosenbaum e Patrícia Valverde: resistência e sustentabilidade na Bicicletaria.
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FOTO EDUARDO MACARIOS
SOB NOVAS PERSPECTIVAS
Cultura de Curitiba se fortalece com a instalação de pequenos pontos independentes que se propõem a repensar a arte e o comportamento por Abonico R. Smith
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ue a arte é o maior elemento transformador social, disso quase não resta mais dúvidas neste iniciozinho de século 21. Afinal, ela dá ao homem a possibilidade de experimentar, vivenciar, questionar e projetar coisas sobre seu passado, presente e futuro. Permite que ele entenda o que já foi e é, e ainda arriscar o que talvez será. Mas a arte nem sempre é totalmente libertadora. Muitas vezes ela acaba se vendo presa a paradigmas e modelos pré-estabelecidos. Uma destas limitações refere-se ao espaço. Galerias e museus, salas de cinemas, casas de show e palcos de teatro são alguns dos pontos mais conhecidos de fomento à cultura de uma cidade. Não existe um artista badalado que não tenha passado por alguma experiência nesses “formatos tradicionais” de chegar ao público. Contudo, o mundo está sempre em transformação. E assim também é com a arte. Com as novas perspectivas trazidas nas últimas três décadas – principalmente nas áreas da comunicação e da tecnologia – a velha tradição também está, aos poucos, ganhando outras formas e conceitos trazidos por inova, abril 2012
dores do próprio meio artístico. São espaços que se destacam pela originalidade, versatilidade e multiplicidade, adaptando-se às necessidades de cada evento ou provocador cultural que por eles passa. Resumindo: promovem ações que funcionam como um laboratório para novos pensamentos e transformações culturais. Desde o ano passado, Curitiba vem recebendo a instalação de vários pequenos e independentes espaços culturais que não se limitam ao óbvio e, sobretudo, ao estabelecido. Três deles – Bicicletaria Cultural, Couve-Flor Minicomunidade Artística Mundial e Espaço Tardanza – já vêm gerando interessantes discussões e bons resultados para o surgimento de uma nova arte local.
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A bicicleta já é por si só um elemento transformador.”
Patrícia Valverde, artista.
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ESPAÇOS CULTURAIS
DEDE IGUAL IGUAL IGUAL PARA PARA IGUAL Resistência é a palavra que melhor define o trabalho de Fernando Rosenbaum e Patrícia Valverde, os nomes por trás da Bicicletaria Cultural. Aberto há oito meses no subsolo de um edifício comercial do centro da cidade, o ponto começou servindo de estacionamento e oficina para os adeptos das magrelas e da mobilidade urbana. Contudo, a origem de ambos – ele veio do coletivo Interlux Arte Livre, que agitou o meio das artes visuais na Curitiba da década passada; ela já trabalhou com teatro, dança e performances – e o generoso porão de 200 metros quadrados acabaram transformando a iniciativa em algo além. De shows de rock e música contemporânea a fóruns de discussão sobre os benefícios do uso da bike nas grandes metrópoles; de ateliê de serigrafia à instalação de um laboratório orgânico de eletrônica poética; de atividades com crianças (incluindo shantala para bebês) a batalhas verborrágicas entre os MCs do hip hop local; de contação de histórias de horror a projeções de cinema alternativo e independente; de galeria para exposições a um futuro centro para quem quiser se jogar em uma deliciosa siesta após o almoço. Esta é a elasticidade de propostas do espaço mantido pelo casal, que quer estimular as pessoas a sempre descobrir novas possibilidades. “A bicicleta já é por si só um elemento transformador. Quem se arrisca até mesmo fisicamente nesta micropolítica da mobilização consciente escolhe pela liberdade de ir e vir sem
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estar em uma bolha, uma cápsula. Além da sensação de pertencer à cidade, tem essa relação com o espontâneo, de estar sujeito às surpresas vindas com as variações do tempo. É querer não dominar sempre a situação e se permitir o imprevisível. Isso acaba deixando as pessoas menos comodistas e enrijecidas em pensamentos”, teoriza Patrícia. Partindo desta contribuição à máxima “pense globalmente, aja localmente” – que se transformou em um dos principais conceitos do mundo sustentável – Fernando e Patrícia defendem a equivalência na negociação com os ar-
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É um local onde artistas alimentam a alma de outros artistas.”
Eliana Borges, artista plástica.
tistas e prestadores de serviço que passam pela Bicicletaria. “Nada aqui é imposto. Até quem se dispõe a trabalhar em parceria com a gente vem quando quer e pode”, conta Rosenbaum. “Aqui há autonomia de produção. E a autogestão sugere regionalização, aquele zoom de aproximação para interagir na raiz da cidade.” E um dos próximos passos será ainda maior neste sentido. “Vamos montar geradores de eletricidade com rodas de bicicleta e ímãs de HD. Serão novos satélites caseiros prontos para enviar e receber informações de qualquer outro ponto do mundo.”
COLETIVO DE COLETIVO DE `RAMIFICAÇÕES RAMIFICAÇÕES Assim como o Interlux, do qual Rosenbaum fazia parte, outro grupo de curitibanos usa com orgulho a denominação de “coletivo”. Vindos do universo da dança, os sete componentes da Couve-Flor Minicomunidade Artística Mundial atuam em conjunto desde 2003. Há dois anos, os “couves” foram contemplados com um edital nacional de manutenção coletiva – o que significa um conjunto de ações para garantir a continuidade de suas pesquisas e experimentações. Então levaram seu Cafofo a uma agradável e simpática casa de dois andares situada no bairro do Rebouças e lá passaram a realizar nove atividades diferentes. Uma destas ações são as Residências Artísticas Temporárias. Criadores de outras grandes cidades brasileiras e vindos até do exterior se instalam no Cafofo para desenvolver suas propostas de trabalho ao lado da Couve-Flor e em contato com outros artistas curitibanos. Já o Téte-a-Téte é um circuito de entrevistas mensais voltado à troca e à difusão entre as várias correntes contemporâneas da arte curitibana. Estas entrevistas funcionam como uma corrente (o entrevistado de um mês torna-se o entrevistador do próximo encontro e ainda escolhe o nome com quem conversará) e tudo isso está sendo registrado e adaptado para o lançamento de um futuro DVD. Portanto, melhor raio-X do momento de efervescência cultural local não poderia haver. São artistas falando com artistas e para artistas, sempre na linguagem da arte.
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FOTO EDUARDO MACARIOS
FOTO LUANA NAVARRO
Bicicletaria Cultural: shows, exposições, fóruns, sessões de cinema e estacionamento para as “magrelas”.
FOTO DIVULGAÇÃO
Integrantes do Couve-Flor durante a performance “Noivaction”.
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ESPAÇOS CULTURAIS
Cândida Monte, Cris Bouger, Elisabete Finger, Gustavo Bitencourt, Michelle Moura, Neto Machado e Ricardo Marinelli não trabalham todos juntos ao mesmo tempo em um mesmo projeto. Isto permite diversas configurações interpessoais entre os membros, que nem sempre estão em uma mesma localidade – por causa da mobilidade e dos trabalhos de cada um, há muitas participações em vídeo e pela internet. Daí o batismo do coletivo: “Uma couve-flor lembra não só as nervuras do cérebro como também possibilita diversas ramificações dentro de uma unidade. Sem falar no fato de lembrar os fractais. Cada vez que você a divide, ela volta a apresentar a mesma forma”, explicam alguns dos “couves” em conjunto.
TROCA EXPERIÊNCIAS TROCA DE DE EXPERIÊNCIAS
Recentemente, a sobrinha Joana Corona, poeta e também artista plástica, resolveu instalar por lá seu domicílio profissional. Juntas, as duas resolveram criar mais um
artistas. É necessário que todo mundo que participe dos nossos eventos tenha algum tipo de relação com a gente. Seja por amizade ou afetividade pessoal ou mesmo através de um trabalho que, de alguma forma, chame a atenção em sua proposta”, explica Eliana. A dupla abre a casa para diversos tipos de ocupação do espaço: pequenas exposições; ações, intervenções e performances; lançamentos de livros e publicações alternativas; mostras de vídeo e cinema; cursos e oficinas; conversas e ciclos de leituras. “O nome traz todo um conceito filosófico. Vem da língua espanhola, do objetivo de nunca tardar. É o estar sempre a tempo, a maturação, a energia de insistir”, continua a cofundadora do Tardanza.
uso para a casa. Surgia então, em meados de 2011, o Espaço Tardanza. “É um local dedicado à troca. São artistas alimentando a alma de outros
“Aqui não se ganha dinheiro. O que vale é a experiência e o prazer de curtir a relação. É para quem gosta de arte e realmente quer se alimentar dela.”
Em uma vila sossegada e predominantemente residencial, na divisa entre os bairros do Alto da XV e do Cristo Rei, a designer e artista plástica Eliana Borges montou seu ateliê de criação anos atrás.
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Aqui não se ganha dinheiro. O que vale é a experiência.”
Eliana Borges, artista plástica.
FOTO DIVULGAÇÃO
Joana Corona e Eliana Borges durante uma das ações do Tardanza.
ONDE FICA Endereços dos novos espaços culturais da capital
BICICLETARIA CULTURAL_(41) 3153-0022 Rua Presidente Faria, 226, Centro, Curitiba bicicletariacultural.wordpress.com COUVE-FLOR MINICOMUNIDADE ARTÍSTICA MUNDIAL_(41) 3387-8522 Rua Almirante Gonçalves, 1084, Rebouças, Curitiba couve-flor.org/cfflor.aspx ESPAÇO TARDANZA_(41) 8402-9633 Rua Senador Souza Naves, 540, casa 3, Alto da XV, Curitiba espacotardanza.wordpress.com
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JOÃO MACHADO
NOME PRÓPRIO Diretor de cinema, roteirista de série humorística e filho de pintor famoso, João Machado vem conseguindo se destacar no mundo das artes plásticas por outra razão: seu talento multimídia por Fernanda Peruzzo, de Paris
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le chega alegre e abre um sorriso, recepcionando-me como quem recebe uma amiga de longa data. Em seu apartamento de pé-direito alto localizado na zona “burguesa-hippie-chic” de Paris, entre o oitavo e o nono distrito, João Machado desloca-se ágil e, como um guia turístico, aponta no chão um joão-bobo minimalista. “Essa é uma das minhas últimas obras”, conta o homem de 34 anos, que parece mais velho quando fala da própria vida, porém mais jovem quando fala da sua arte. Em frente à grande lareira acesa em estilo clássico, o brinquedo rodopia, deita-se e volta à vertical. Uma câmera filmadora também está no chão. Apoiada num tripé, ela captura a beleza desse movimento, perdido entre a infância lúdica das décadas de 70 e 80 e as brincadeiras tecnológicas da atualidade. O joão-bobo sem corpo, apenas forma e cor, é uma das vinte peças da série Jogos de Artifício, uma inusitada reflexão sobre a infância, a imaginação e a arte a partir de brinquedos antigos, que João, o criador, apresenta ao público a partir de 31 de maio, em uma exposição na capital francesa.
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Essa é a segunda exposição do brasileiro na cidade. A primeira, Livros Esculpidos, realizada em abril de 2011, exibiu ao público parisiense uma sequência de esculturas (ou altos-relevos) de rostos, bustos e cenas cotidianas, esculpidos em revistas e livros antigos. Cada exemplar foi cortado página a página, com a precisão de um cirurgião e a ajuda de um bisturi. Como a capa da última Vogue Francesa assinada por Carine Roitfeld (uma das mais importantes editoras de moda da atualidade), que se transformou numa imagem digna de Francis Bacon: o rosto perfeito da modelo foi profanado, deixando aparecer o interior de carne, osso e músculos dos quais também são feitas as belas mulheres. Na série Mapas, na qual o artista trabalha há quase dez anos, as composições também são criadas a partir de recortes, dessa vez, de mapas rodoviários e atlas geográficos, de anatomia e história, de onde ele extrai as cores e os sentidos das colagens transformadas em telas. Numa delas, o retrato de um homem comendo uma massa feita com o atlas geopolítico da Europa.
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FOTO DAVID PEIXOTO
O irreverente carioca João Machado, criado em Paris e formado nos Estados Unidos, chama a atenção da crítica com uma obra universal.
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JOÃO MACHADO
FOTOS REPRODUÇÃO DO LIVRO JOÃO MACHADO SELECTED WORKS. RIO DE JANEIRO, 2010.
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Uma das obras da série Mapas, trabalho mais conhecido do artista, no qual ele cria colagens cheias de significados a partir de mapas e atlas geográficos e de anatomia; outro trabalho de destaque na imprensa, as Roupas de Carne, figurino bizarro criado para o programa de tevê Brazil’s Next Top Model, em 2009.
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Em outra,uma criança mergulhando num mar de cartas hidrográficas. “Esse foi o trabalho que me projetou e é também o que mais me inspira, porque vejo infinitas possibilidades de criação”, diz o artista. “Os mapas são uma maneira de ver o mundo e entender o espaço físico onde habitamos, tanto quanto uma extensão do nosso olhar para as profundezas do nosso espaço interior.” Na visão de Guilherme Simões Assis, proprietário da Galeria SIM, que representa o artista em Curitiba, o transporte de elementos da vida cotidiana para o campo das artes é o ato mais marcante do trabalho do João. “Não falo apenas dos materiais utilizados por ele, como mapas, livros e revistas, mas também da liberdade de interpretação que essas cenas aparentemente comuns trazem para o contexto das obras.”
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FOTO DAVID PEIXOTO
COLAGEM MONTAGEM? Colagem ouOU montagem? Vivendo entre o Rio de Janeiro, onde nasceu, e a França, João parece equilibrar sua carreira profissional tão bem quanto separa a sua personalidade artística da do seu pai, o pintor catarinense Juarez Machado, um dos artistas brasileiros mais bem-sucedidos no exterior. “João aplica às suas experiências artísticas uma série de técnicas aprendidas em universos diferentes da escola de arte convencional”, avalia Gérard Owadenko, galerista responsável pelo seu trabalho em Paris. “Essa mistura, que caracteriza o seu estilo, é de uma originalidade e imaginação que não param de nos surpreender.” E quando ele diz mistura, a coisa é séria. A colagem, o coração artístico de sua obra, desdobra-se além dos recortes da série Mapas e aparece como elemento fundamental de sua escultura, sempre feita a partir de enxertos ou objetos grudados, empilhados. Para o produtor cultural e curador Antonio Cava, uma das características positivas da arte contemporânea é a quebra da parede que separa os nichos artísticos ou estilísticos. “Quem visita a obra do João poderá perceber a variedade de técnicas que ele domina e confirmar que ele é um legítimo representante dessa nova geração de artistas contemporâneos, que não se encaixa em um único estilo e para quem as definições acabam sendo limitações”, comenta. Frankenstein DR.Dr.FRANKENSTEIN Nascido em 1977, João parece estar pronto para dar o bote e conquistar o mundo. Postura que combina bem com esse leonino, ascendente em escorpião, cheio daquela imaginação e certa ansiedade hiperativa que os astrólogos , abril 2012
costumam creditar a quem nasce com tal perfil astral. A ele o destino ainda reservou a sorte de ser filho de Juarez Machado. Sorte não no sentido venenoso que diz que ser filho de artista torna você automaticamente um, mas sim porque foi esse pai pintor, radicado em Paris há mais de duas décadas, que deu a ele a oportunidade de ouro de crescer em um ambiente altamente inspirador e livre. “Enquanto todas as crianças iam para a Disney, eu visitava museus”, recorda. “Conheci os acervos mais importantes da Europa na companhia do meu pai.”
As esculturas também estão presentes na obra de João. Aqui, ele aparece trabalhando em uma das peças da nova série Jogos de Artifício.
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Enquanto todas as crianças iam para a Disney, eu visitava museus. ” João Machado
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Cenas do longa-metragem cult Champagne Club, que ele dirigiu em 2001, três anos após se formar no Art Center College, de Los Angeles. À esquerda, o jovem artista caminha pelas ruas de Paris, onde voltou a morar em 2010, após uma década entre os Estados Unidos e o Brasil.
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Mas o adolescente em Paris nunca se deixou influenciar pelo trabalho
sign, cinema e arte. Nas sombras de Hollywood, ele aprendeu a fazer filmes, desde o roteiro até a montagem
do pai e jamais imaginou fazer quadros, mesmo tendo herdado dele o talento para a composição e o desenho. “Eu me interessei pelo cinema ainda muito novo. Lembro de entrar escondido nas salas de projeção de filmes alternativos para ver Cronenberg, Lynch... Isso com dez anos de idade!” Essa curiosidade pela arte em movimento o incentivou a estudar. Aos 18 anos, foi para Nova York, fazer um curso intensivo de cinema, na New York University. De lá, rumou para a Califórnia, onde estudou por quatro anos na conceituada Art Center College de Los Angeles, uma faculdade de de-
e a direção de cena. The Champagne Club, um longa-metragem captado em 35 milímetros, marcou sua estreia nas telonas. Lançado em 2001, o filme foi produzido com dinheiro da indústria norte-americana e contou com uma equipe de cerca de duzentas pessoas. Acabou levando prêmios de melhor fotografia em dois festivais. De volta ao Brasil, o cinema conduz João à televisão. Como roteirista, ele trabalhou na equipe de produção da série humorística Os Normais e do policial 9 mm, exibido pela Fox. Mas nenhuma dessas experiências acalmou o espírito criativo do artis-
ta. Aquela marca deixada pelas tardes passadas dentro dos museus e das manhãs de brincadeira no ateliê de pintura do seu pai clama por atenção. “Um dia eu percebi que queria criar arte de uma maneira livre e verdadeira. No cinema, há sempre uma quantidade enorme de pessoas que são indispensáveis para tornar o seu projeto realidade e a questão da grana. Foi aí que eu comecei a me dedicar a outras coisas e passei a pensar na possibilidade de trabalhar como artista plástico.” Em sua primeira incursão pelo mundo das artes figurativas, João não foi visitar o pai. Ao contrário, ele buscou no seu próprio passado e na câmera fotográfica os apoios ideais. Ele criou uma espécie de fotonovela, onde cada uma das cenas foi trabalhada como se fosse um quadro. “Tinha todo o cuidado com a luz, o enquadramento e esses detalhes que são importantes numa tela. Mas a minha experiência com o cinema também continuava ali, pois contava uma história, lógica e em sequência.” Os Amputados, lançado em 2005, é uma história de amor e obsessão pelo corpo e pelas formas. Referência que até hoje aparece em seus trabalhos.
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FOTOS REPRODUÇÃO DO LIVRO JOÃO MACHADO SELECTED WORKS. RIO DE JANEIRO, 2010.
JOÃO MACHADO foto David Peixoto
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Para ter o controle de todo o processo, os Pioli Bassetti decidiram fazer tudo do zero, do plantio à vinificação.
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PAIXÃO PELO
Vinho
Com tradição e tecnologia italiana, três irmãos desbravam os novos terroirs de Santa Catarina para produzir vinhos finos de altitude por Alice Duarte | design Natalia Richert
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m comum eles têm a engenharia, o sangue italiano e a paixão pelo vinho. Os irmãos Pioli Bassetti – José Eduardo, engenheiro químico; Marco Aurélio, engenheiro agrônomo; e Cesar Juliano, engenheiro mecânico – uniram o conhecimento de suas áreas de formação ao talento do avô Juca Pioli, que trouxe da Itália o costume de produzir vinho artesanalmente, para o deleite da família e dos amigos. “Meu avô era um entusiasta. Produzia vinho embaixo da casa dele, em Rio Branco do Sul [na região metropolitana de Curitiba]. Lembro de nas férias escolares ajudá-lo a encapar as uvas com papel manteiga para o passarinho não comer. Assistíamos a todo aquele processo e sempre participávamos da colheita”, diz Marco Aurélio. , abril 2012
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Primiero 2008: um Cabernet Sauvignon estruturado, com aromas de amêndoas e pinhões e coloração grená.
Rosé 2010: vinho fresco fruto da vinificação conjunta das castas Merlot (90%) e Pinot Noir (10%).
Sauvignon Blanc 2010: de cor amareloesverdeada, possui aroma fresco de maracujá com um leve toque cítrico.
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O sonho dos irmãos, no entanto, era maior que o do avô: produzir o melhor vinho do Brasil. Há dez anos eles vêm trabalhando para alcançar o objetivo. Em 2004 compraram uma área de 50 hectares na Serra Catarinense, onde no ano seguinte deram início aos plantios. De lá para cá já plantaram 13 hectares e no ano passado colocaram no mercado o resultado das primeiras colheitas e das primeiras vinificações. Os quatro rótulos inicialmente lançados logo atraíram a atenção e arrancaram elogios do público especializado. O projeto do empreendimento partiu de José Eduardo, que por quatro anos estudou o assunto, visitou propriedades, fez cursos e depois foi procurar qual região no Brasil teria potencial para produzir vinho com a qualidade que estava buscando. Com tudo na cabeça, foi apresentar a proposta de investimento para os irmãos, que prontamente abraçaram o projeto. Esta não é a primeira vez que são parceiros num negócio. Anteriormente, os três trabalharam na empresa de mineração herdada do avô. Cesar continuou administrando a empresa, mas Marco Aurélio montou em sociedade uma agência de publicidade em Curitiba e José Eduardo uma editora em Florianópolis. Tiveram a oferta de uma vinícola pronta no Rio Grande do Sul, mas, como sempre foram empreendedores, decidiram fazer tudo do zero, do plantio à vinificação, para ter o controle de todo o processo. Descobriram em Santa Catarina terras que tinham aptidão para a viticultura. Este novo terroir fica na região de São Joaquim, que registra
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Montepioli 2009: com uvas Cabernet Sauvignon e Merlot, possui aroma de frutas vermelhas maduras.
as temperaturas mais baixas do país e tem altitudes de até 1.400 metros (veja box). Como era uma região nova, não havia informação de como as videiras iriam se comportar, mas eles acreditaram e apostaram naquelas terras. Em 2005 iniciaram a implantação dos primeiros vinhedos, a 1.250 metros de altitude, com mudas selecionadas de varietais francesas: dois hectares de Merlot e dois de Cabernet Sauvignon. Um ano depois vieram as uvas Pinot Noir e a Sauvignon Blanc. Em 2008 colheram a primeira safra: apenas as uvas Cabernet Sauvignon maduras e sadias, que renderam 520 garrafas bor-
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dalesas, batizadas de Primiero 2008. Em seguida, a partir do corte das uvas Merlot e Cabernet Sauvignon, lançaram o Montepioli 2009, uma justa homenagem ao avô Juca. No ano seguinte vieram os rótulos Sauvignon Blanc 2010 e o Rosé 2010. “A grande qualidade do vinho se agrega no campo. A uva tem que ser bem–tratada, como os nossos antepassados faziam”, diz José Eduardo. “Nosso objetivo é dar tudo para a uva no campo e tirar o máximo na vinícola, com o melhor da tecnologia e um mínimo uso de agrotóxico”, completa Marco Aurélio.
José Eduardo: “A uva tem que ser bemtratada, como os nossos antepassados faziam.”
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Damos tudo para a uva no campo e tiramos o máximo na vinícola.” Marco Aurélio Pioli Bassetti, empresário
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A tecnologia e as máquinas da vinícola foram trazidas da Europa. Os tintos são produzidos por um processo chamado girolate, pelo qual os vinhos são totalmente elaborados em barricas de carvalho francês, desde a fermentação até o amadurecimento. Esse sistema, utilizado em algumas regiões de França, Argentina e Chile, produz vinhos particulares, intensos e complexos. Nessa primeira etapa, a meta é atingir 60 mil garrafas por ano, quantidade que eles pretendem dobrar daqui três ou cinco anos. A pequena produção tem vantagem competitiva: os empre-
sários têm como aperfeiçoar a qualidade da bebida e controlar cada etapa processo produtivo. Na segunda fase do projeto será instalada, também às margens da rodovia SC-438, uma vinícola com capacidade para produzir 200 mil garrafas por ano. Eles estão aguardando a liberação de licenças e, segundo José Eduardo, a previsão é iniciar a construção no final deste ano. Querem fazer do local um destino atraente para quem busca o enoturismo. A degustação de vinho, aliada a belas paisagens, é atualmente um poderoso produto de marketing. “O turista que vê o proces-
so de fabricação vira cliente fiel porque sabe como é feito”, diz José Eduardo. Marco Aurélio, que comanda a parte comercial da empresa, conta que a estratégia inicial é atingir lojas especializadas e restaurantes finos, que tenham entre seus frequentadores formadores de opinião, apreciadores e entendedores de vinho, capazes de comparar a bebida com os melhores rótulos europeus, argentinos e chilenos. Como os irmãos moraram por muitos anos em Curitiba, ainda preservam uma boa relação com a cidade. Têm família e amigos daqui e sabem que o
Em 2005 iniciaram a implantação dos primeiros vinhedos, com mudas selecionadas de varietais francesas.
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Vinho bom é feito no campo consumidor da cidade é exigente. “Se a gente conseguir consolidar o vinho em Curitiba como vinho de qualidade, com bom preço, aspecto e apresentação, e que ainda respeita o meio ambiente e o consumidor, aí teremos referência para colocar o vinho em outros lugares”, diz Marco Aurélio. Os sócios estão dando um passo de cada vez. Inicialmente estão investindo no eixo Curitiba-Florianópolis, mas pretendem expandir o raio de atuação progressivamente até atingir todo o país. Atualmente, os rótulos estão presentes em 21 restaurantes de Curitiba e 20 de Florianópolis. Os irmãos estão impressionados com as avaliações positivas que têm recebido dessa primeira safra. Três dos quatro rótulos lançados no mercado em 2011 já estão esgotados. “A gente sente que está no caminho certo. As respostas dos restaurantes apontam para isso”, diz Marco Aurélio, que logo acrescenta: “Elogio faz bem para o ego e crítica faz bem para o negócio.” Agora a Villaggio Bassetti se prepara para lançar, em maio, a próxima safra, em maio, com expectativa de vender toda a produção em um ano. Mas eles sabem que enfrentarão uma luta desigual com os vinhos importados, que chegam aqui com um preço inferior. E essa é a briga que praticamente todos os produtores nacionais têm com o vinho importado, principalmente dos países do Mercosul. “O imposto sobre toda a cadeia no Brasil é muito maior se comparado aos países vizinhos”, ressalta José Eduardo.
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Noites frias e dias quentes: no terroir de Santa Catarina, a altitude compensa a latitude.
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egundo os enólogos, o bom vinho é feito no campo. Daí vem a grande valorização de certos terroirs pelo mundo. Quanto a isso os produtores de São Joaquim não têm do que reclamar. Eles têm conseguido produzir um vinho com boa acidez, boa cor, concentração de sabor e aroma, e álcool equilibrado. E qual é o segredo? Durante o inverno, a região tem horas de sobra abaixo de 7 0C. “O inverno rigoroso é importante para proporcionar a dormência das videiras. Assim elas armazenam energia para produzir as uvas no verão”, explica José Eduardo. O verão ameno e seco no terroir de Santa Catarina proporciona a maturação completa da polpa e da semente, ajudando a concentrar açúcares e taninos, além de melhorar a sanidade dos grãos. “Uvas mais maduras e sadias são as que proporcionam vinhos mais intensos, como os tintos de guarda e brancos de excelente equilíbrio entre acidez, aromas e frescor.” Mas o que diferencia o terroir de Santa Catarina daqueles do Rio Grande do Sul, maior produtor da bebida? “No caso de São Joaquim, a altitude compensa a latitude”, diz José Eduardo. Isso em geral propicia um clima com noites frias e dias quentes. A amplitude térmica vai de 2 oC a 24 oC em um dia, o que prolonga o ciclo de maturação das uvas (os produtores fazem a colheita cerca de 30 dias depois que no Rio Grande do Sul). Tudo isso ajuda a concentrar aromas e sabores, trazendo uma característica muito própria para os vinhos produzidos na região. “São vinhos mais complexos e intensos. Dá para compará-los com alguns produzidos na Europa.”
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No ano passado colocaram no mercado o resultado das primeiras colheitas e das primeiras vinificações.
MERCADO EXPANSÃO Mercado emEM expansão Os irmãos são visionários e querem mostrar que o vinho brasileiro tem potencial para competir com o da Argentina, Chile, Europa e Estados Unidos. “A bebida nacional tem grandes barreiras, a principal é o preconceito.
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É preciso ressaltar que até cinco anos atrás não havia bons vinhos no Brasil. Mas o mercado está em expansão e tem tudo para continuar aumentando”, diz Marco Aurélio. Grande entusiasta da viticultura de altitude, José Eduardo tem trabalhado contra esses obstáculos. Em 2005 foi um dos fundadores da Associação Catarinense dos Produtores de Vinhos Finos de Altitude (Acavitis), criada para defender os interesses dos produtores da região. Foi eleito presidente no final de 2009 e sua gestão encerrou-se em novembro do ano passado. Durante esse trabalho, chegou à conclusão de que não se faz um terroir ou uma região vinícola da noite para o dia. “São necessários outros investidores que consolidem a região, com mais marcas e variedades diferentes.” Atualmente, 28 associados de 14 municípios fazem parte da entidade, que tem uma representação na Câmara Setorial do Vinho em Brasília.
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onde fica VINÍCOLA VILLAGGIO BASSETTI Rodovia SC-438, km 64, São Joaquim, Santa Catarina www.villaggiobassetti.com.br
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SEM AMARRAS FOTO EDUARDO MACARIOS
Tend锚ncia mundial em ambientes de trabalho, escrit贸rios colaborativos atraem empreendedores e adeptos da economia criativa por Bia Moraes | design Natalia Richert
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Ricardo Dória: “Além de otimizar tempo e dinheiro, aqui é lugar de fazer amigos. Todos trabalham felizes.”
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uem planeja trabalhar com mais liberdade pode ir preparando a mudança. Quando chega o momento de proclamar independência de horários fixos e da rotina da “firma”, o destino é o escritório colaborativo. Ser um co-worker é a grande sacada do momento. Não se trata apenas de sair do emprego e montar um home office. O novíssimo modelo de negócios inclui mobilidade, dinamismo e compartilhamento. Por isso, os adeptos desse jeito de viver e trabalhar são chamados também de nômades urbanos. Para se transformar em co-worker não é preciso muita coisa. Nem muito dinheiro: economizar recursos é um dos mandamentos. Basta colocar nas costas a mochila com notebook, caderno e celular. De preferência, deixando o carro em casa. Pedalar, caminhar ou usar o transporte coletivo fazem parte dessa atitude. O escritório colaborativo deve ser perto de casa ou no centro da cidade, com fácil acesso. Reportagem recente da CNN avisa que “o próximo passo, depois de trabalhar em casa, é sair de casa”. Pelo censo oficial, entre os anos de 2000 e 2005, com o impulso da internet, cerca de 4 milhões de cidadãos tornaram-se “escritórios de uma só pessoa” nos Estados Unidos. Por aqui ainda não há estatísticas, mas uma visita à Aldeia Coworking revela que o movimento veio para ficar. Ricardo Dória, um dos fundadores do espaço, explica os porquês. “Além de otimizar tempo e dinheiro, aqui é lugar de fazer amigos. Todos trabalham felizes.” , abril 2012
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PERSONAGENS
CO-WORKER
FOTO DAVID PEIXOTO
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O formato colaborativo reflete a nova ordem no trabalho.” Andrea krueger e Paula abbas
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FOTO EDUARDO MACARIOS
Gente de diversas profissões divide espaço em ambiente que gera relacionamentos e negócios.
Em pouco mais de um ano, a Aldeia já conta com 52 membros de diferentes áreas. Entre eles há arquitetos, microempresários, desenvolvedores de web, fotógrafos, consultores e até um oceanógrafo. Muitos vão diariamente. Há também os flutuantes, que aparecem com a frequência necessária às suas demandas: por um dia, algumas horas ou períodos. A locação é vendida em pacotes e cada um utiliza seu tempo da forma que convém. Também é possível alugar a sala de reuniões, a “sala de espelhos”, usada para pesquisas, e o ambiente para cursos. Tanta gente usando as 36 estações de trabalho sem horários fixos vira bagunça? Dória garante que não. A atuação colaborativa entre os integrantes faz a Aldeia funcionar em equilíbrio orgânico. “No começo eu administrava
mais o fluxo. Com o tempo virou essa ‘geleia’ [ri]. As pessoas vão formando redes e se organizando.” Embora o espaço estimule a troca de ideias, as conversas entre co-workers não geram agitação. “Como se paga por horas de uso, quem chega vem para trabalhar. O papo é sempre produtivo”, observa. NÔMADES URBANOS NÔMADES URBANOS Andrea Greca Krueger, especialista em tendências, diz que os nômades urbanos protagonizam esse movimento, que reflete a nova ordem de trabalho em contraponto à mentalidade que imperou na virada do milênio. “Os anos 90 e a primeira década foram um período calcado em releituras, marcado pelo medo e falta de criatividade”, aponta Paula Abbas, sócia de Andrea na Berlin, empresa de coolhunting. , abril 2012
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FOTO EDUARDO MACARIOS
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Cada vez mais as pessoas vão ao café para trabalhar.”
Gianna Calderari, advogada e empresária No Fran’s Café do Batel, Carolina Wanderley trabalha, encontra amigos e faz reuniões com clientes. FOTO EDUARDO MACARIOS
Paula e Andrea atestam que o espírito colaborativo é tendência forte, que veio das ruas: os nômades urbanos mostram que o século 21 é voltado para o ser humano. As grandes corporações entenderam a mensagem. “Para estar no mercado, hoje, a empresa tem que se humanizar”, aponta Andrea. Basta olhar a comunicação de instituições financeiras. Hoje se fala mais em felicidade e realização de sonhos do que em dinheiro. Curitiba não passa ao largo dessa onda. O sucesso da Aldeia Coworking, que está abrindo franquia em Londrina, e de outros espaços nesse segmento como o HUB Curitiba e o Ambiental Office, descortina uma nova realidade. A advogada Gianna Calderari é testemunha e protagonista do movimento. Deixou o emprego em uma firma tradicional para abrir duas franquias do Fran’s Café. Ganhou mais tempo para conviver com família e amigos e ainda atuar como tatuadora. No café, Gianna vê o fluxo crescente de pessoas trabalhando fora do escritório. “Tem muita gente promovendo reuniões, estudando e pessoal de RH fazendo entrevistas de emprego”, afirma. O ambiente é propício às atividades. “O cliente pode ficar o tempo que quiser, mesmo que só peça um cafezinho.” Também advogada, Carolina Wanderley é assídua no Fran’s Café do Batel. Costuma sair de sua empresa, a poucas quadras, para reuniões de trabalho ou encontros com amigos no café. As duas situações, inclusive, podem se misturar. Carolina personifica o profissional do novo milênio: empreendedores que buscam inovação e resultados e cultivam redes de relacionamento, priorizando a liberdade e a realização pessoal.
COMO FUNCIONA O formato de trabalho colaborativo é semelhante em todo o mundo. Em 2005, o consultor norte-americano Brad Neuberg estabeleceu o conceito de co-working, que logo atraiu empreendedores. Os escritórios de co-working têm ambiente aberto. Estações de trabalho conjuntas estimulam a conexão entre as pessoas. Itens essenciais são: internet sem fio; salas de reunião; espaços para cursos, palestras e workshops; biblioteca e cozinha compartilhadas. Também entram no pacote serviços de limpeza, manutenção e recepção. A arquitetura funcional e arejada segue o retrofit – processo de modernização de edificações e espaços antigos –, contribuindo para a revitalização do centro da cidade ou de áreas degradadas, que ganham ocupação.
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PERSONAGENS
CO-WORKER
OBJETIVOS EMCOMUM COMUM OBJETIVOS EM Recentemente, Carolina juntou-se a amigos para abrir um escritório que atua em consultoria de projetos culturais, patentes e propriedade intelectual. O ambiente enxuto e moderno, projetado pelo arquiteto Reinoldo Klein, abriga diferentes profissionais com objetivos em comum: atender com flexibilidade e oferecer resultados para todos. No São Sebastião Cultura e Propriedade Intelectual, sócios, clientes, parceiros e colaboradores praticam o
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O Nossa motivação é gerar negócios e relacionamentos.”
carolina wanderley, advogada
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FOTO EDUARDO MACARIOS
A advogada Carolina em seu escritório: a rede de bons relacionamentos está na pauta do negócio.
onde encontrar networking dinâmico: a rede de bons relacionamentos está na pauta do negócio. “Somos adeptos da horizontalidade”, explica Carolina. Entre os sócios da empresa há dois advogados, uma produtora, um engenheiro e uma advogada especialista em fashion law. Com poucos meses de funcionamento, o São Sebastião já deu certo. “Estamos girando desde o início, inclusive atendendo clientes de outras cidades.” São as engrenagens da economia criativa, um modelo distante do formato engessado da advocacia tradicional. “Vim de um escritório que tinha colunas de mármore cheias de adornos”, relembra Carolina. “Aqui não tem ostentação. Nossa motivação é gerar negócios e relacionamentos e trabalhar de um jeito em que todo mundo sai ganhando e fica feliz.”
locais preferidos dos co-workers Curitiba
ALDEIA COWORKING_(41) 3018-6003 Av. Marechal Deodoro, 262, 1o andar, Centro www.aldeiaco.com.br AMBIENTAL OFFICE_(41) 4102-0247 Rua Schiller, 1797, Hugo Lange www.ambientaloffice.com HUB CURITIBA_(41) 3079-7233 Rua Comendador Macedo, 233, Centro www.hub-curitiba.com São Paulo
HUB SÃO PAULO_(11) 3539-8574 Rua Bela Cintra, 409, Consolação www.saopaulo.the-hub.net Rio de Janeiro
BEES OFFICE_(21) 2507-4755 Rua Miguel Couto, 35, grupo 603, Centro www.beesoffice.com , abril 2012
ESTILOS
MODA
modelo Suelen Wonsowis ( Nass Mgmt) I styling e produção de moda Patrícia Sabatowitch I beauty Beto Bravo I assistente de produção Alexandra Hayashi
OUTONO -- INVERNO
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Em dias frios, a tendência é optar por looks mais sérios e elegantes. Tons terrosos, peças em couro, tecidos metalizados e a saia da temporada, a lápis, estarão em alta na próxima estação. Sem falar no veludo, que voltou mais sofisticado e com força total fotos Hebert Coelho
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Camisa DUDALINA Saia MIXED Cinto IMPELLE Casaco, BG por BRAULIO GIL Acess贸rios, Fabr铆zio Giannone
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Blazer GANT, Calรงa Super Suite Seventy Seven para CAPOANI Sapato Santa Lolla Anel Fabrizio Giannone Brinco e colar Maria Dolores
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Vestido DIANE VON FURSTENBURG, para CAPOANI Casaco MARIA BONITA EXTRA, para HADA Anel e brinco Silvia Doring
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Camisa e calรงa Essenciale Luxure para IMPELLE Brincos Fabrizio Giannone Anel Silvia Doring
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Vestido GLORIA COELHO, para BAZAR FASHION Sandália MIXED Colar Silvia Doring Anéis mão direita, Silvia Doring e Mão esquerda, Fabrízio Giannone.
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Camisa JEFFERSON KULIG Saia Impelle, para IMPELLE Cinto Carol Arbex, para HADA Sapato Osklen Brinco Maria Dolores Anel Fabrizio Giannone
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Camiseta Osklen Calรงa Le Lis Blanc para HADA Casaco BG por Braulio Gil Cinto HADA Brinco Silvia Doring Anel Maria Dolores Pulseira Fabrizio Giannone
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MODA
Jaqueta de couro Verosenso, para IMPELLE Blusa metalizada FIT Bracelete Maria Dolores Anel Fabrizio Giannone
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Vestido, MIXED Brinco, Fabrizio Giannone Anel, Silvia Doring
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Vestido JEFFERSON KULIG Brinco e anĂŠis Maria Dolores
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NOTAS ESTILOS
ELES PEÇAS CLÁSSICAS A campanha da nova coleção da BOSS Black foi desenvolvida em Palm Spring, Califórnia, dentro da Elrod House, casa do famoso arquiteto John Lautner. O fotógrafo Mario Sorrenti é o responsável pelas belas imagens que apresentam os últimos looks da marca. Designs clássicos, tecidos elegantes e detalhes surpreendentes resumem a coleção, que pode ser encontrada em Curitiba na loja Capoani. www.capoanionline.com
SEMPRE UM ROLEX Usar um rolex é sempre sinal de elegância e sofisticação. A nova versão do modelo Oyster Perpetual Yacht Master II, então, é um luxo só. O relógio está disponível numa exclusiva liga de ouro rosa, com mostrador branco laqueado e marcadores de horas com 12 apliques em ouro rosa. Possui 42 rubis e mecanismo automático, equipado com rotor Perpetual. Pode ser encontrado na Bergerson do Shopping Crystal, em Curitiba. (41) 3324-1794. www.bergerson.com
FOTO DIEGO PISANTE
CIVIC 2012 Com acabamento em linhas retas, o Civic 2012 atrai as atenções pelo design suntuoso e sofisticado. Além das alterações externas, o espaço interno está mais amplo. Outros diferenciais podem ser encontrados no novo modelo, como a função ECON, que ao ser acionada maximiza a economia de combustível. A versão top de linha traz ainda opções como controle de estabilidade aprimorado e teto solar. (41) 3213-7000 www.niponsul.com.br
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NOTAS ESTILOS
ELAS CONFORTO E SOFISTICAÇÃO Conseguir manter o conforto sem perder o estilo é uma missão quase impossível para muitas mulheres. Pensando nisso, a A. Niemeyer, que pode ser encontrada em Curitiba nas multimarcas Namix, é uma grife paulista que tem como conceito o holiday wear, para quem não abre mão da moda nem mesmo nos momentos de lazer. A coleção traz roupas bem soltinhas e descoladas. www.namix.com.br
RENASCIMENTO No mundo das joias, uma forte tendência neste momento são os peixes, animal que traz em si o simbolismo de renovação e renascimento. A Monalisa Joias está com uma nova coleção toda inspirada nesses bichinhos aquáticos, que vão desde colares, brincos e pulseiras até este incrível anel em ouro rosé com diamantes, rubis e safiras. Bazaar Fashion: Av. Sete de Setembro, 5769 - Batel. (41) 3243-7620. www.bazaarfashion.com.br
AR RETRÔ O ar retrô continuará em alta na moda eyewear deste outono-inverno. Tendo nos anos 70 uma de suas principais fontes de inspiração, os formatos redondos permanecem como grande destaque. A cartela de cores varia entre o clássico tartaruga, passando pelos elegantes branco e preto e chegando aos tons mais fortes, como verde, violeta, ocre, esmeralda e azul-petróleo. www.ericgozlan.com.br
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MAKE FASHION O Boticário se inspirou nas seis capitais mais influentes do mundo da moda para criar a nova coleção outono-inverno 2012, a Fashion Collection. Paris, Milão, Nova Iorque, Londres, Tóquio e São Paulo serviram de inspiração para o lançamento de uma nova fragrância, 36 itens de maquiagem, incluindo cílios postiços e seis novas cores de esmalte que foram fabricados na França. www.boticario.com.br
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NOTAS ESTILOS
ELAS CINDERELA COOL Mallu Magalhães cresceu, apareceu e é a estrela da campanha de inverno 2012 da My Shoes. Com o tema Cinderela 3.0, as peças possuem referências vintage com uma pitada cool. Mais segura de seus passos e lançando seu terceiro disco, a cantora de 20 anos faz o seu début em campanhas de moda com um vestido assinado pela estilista Lethicia Bronstein Pompeu. Shopping Curitiba. (41) 3224-6311
ANEL DE RAINHA Na Inglaterra da Era Vitoriana, depois que o Príncipe Albert deu à rainha Vitória um anel de noivado em forma de serpente, usar uma joia com o design do réptil se tornou emblema de boa sorte. Mesmo não sendo um animal muito adorado, nas joias as serpentes ficam simplesmente irresistíveis. Como neste belíssimo anel da Bergerson em ouro 18k com diamantes, diamantes chocolate e pérola. www.bergerson.com
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NOVIDADE FASHION Sapatos contemporâneos com um ar vintage, estamparias exclusivas como pelo de coiote, tigre, zebra e leopardo e muito brilho são algumas das tendências para o inverno da Schutz. A marca de calçados, dirigida por Alexandre Birman, inaugurou recentemente sua loja-conceito na cidade e promete conquistar muitas fãs curitibanas. ParkShopping Barigui. (41) 3317-6765
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ESTILOS
PEDRAS BRASILEIRAS
Colorido
BRASILEIRO Mundo se rende à beleza das pedras brasileiras e joias produzidas nos mais diferentes países ganham as cores das nossas gemas por Carolina Gomes
Valorização das pedras nacionais trouxe também reconhecimento do trabalho dos designers brasileiros de joias.
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Nossas pedras são reconhecidas pelo seu grau de pureza e transparência.” Adriana Beigel, designer de joias
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á mais de 7 mil anos, nossos ancestrais descobriram nas formas da natureza maneiras de enfeitar o próprio corpo. Os primeiros colares e broches levavam conchas e ossos. Mas foi com a descoberta do ouro e das pedras preciosas que a arte da joalheria tomou novas direções. Até meados do século passado, os grandes joalheiros só se interessavam por pedras orientais, como rubis, safiras e esmeraldas. Nessa época, as pedras brasileiras ainda não eram muito valorizadas no mercado internacional, sendo inclusi-
Adriana Beigel imprime personalidade nas peças e raramente escolhe lapidações tradicionais.
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ve classificadas de semipreciosas. O termo foi instituído pela monarquia britânica para denominar as pedras que eram encontradas fora dos domínios do seu reino. “O empresário Hans Stern teve um importante papel para a mudança desse status. Ele começou um árduo trabalho de valorização das pedras brasileiras”, diz a designer italiana Francesca Romana Diana. “Ele foi o primeiro joalheiro internacionalmente conhecido a usar as pedras brasileiras como se fossem rubis, safiras e esmeraldas”, completa a designer de joias Silvia Doring.
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PEDRAS BRASILEIRAS
Nascido na Alemanha, Hans Stern veio com a família para o Brasil em 1939, com 16 anos. Instalaram-se no Rio de Janeiro, onde Hans foi trabalhar como datilógrafo numa exportadora de gemas e cristal de rocha. Foi numa viagem a Minas Gerais que ele conheceu os encantos e as belezas das pedras brasileiras. Fascinado, levou as pedras para vender no Rio. Assim começou a história de um bem-sucedido negócio. Em 1945 a H. Stern foi funda-
da e 15 anos depois, graças à beleza das pedras brasileiras, a empresa já tinha atuação internacional. Em 1964, a revista Time fez uma edição especial apontando Hans como o rei dos diamantes e das gemas coloridas, com capacidade de “descobrir a personalidade escondida em cada pedra”. Hans, falecido em 2007, costumava dizer que as pedras brasileiras deveriam ser um símbolo nacional, assim como o café, o samba e o futebol.
Joias passaram a ser vistas como acessório de estilo e não mais apenas uma reserva de valor.
O Brasil como um todo oferece inúmeras riquezas naturais. Quase todas as variedades de pedras preciosas do mundo podem também ser encontradas no território brasileiro. Mas, além da diversidade de tipos e cores, aqui elas existem em maior quantidade, como ressalta Francesca. “As pedras brasileiras foram a grande razão pela qual me mudei para o Brasil e aqui me estabeleci. São ricas, lindíssimas e fazem parte da minha história e da história do meu trabalho”, conta. “Grandes joalherias como Cartier, Bulgari e Boucheron fazem uso de nossas gemas”, destaca a designer Adriana Beigel. Mas a pedra brasileira mais valorizada atualmente carrega o DNA regional no nome: a turmalina paraíba. “Ela tem a cor azul neon. Simplesmente maravilhosa! Pode custar até 20 mil dólares por quilate”, comenta Silvia. A designer cita ainda o topázio imperial, na cor champanhe rose, e a água marinha, que vai do azul claro ao bem escuro e mais valioso.
“Temos pedras para todos os gostos e bolsos.”
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RICA Rica DIVERSIDADE diversidade
Silvia Doring designer de joias
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ALÉM DO BRILHO Pedras carregam significados especiais que trazem uma série de benefícios para quem usa ÁGATA Tem grande poder de cura, fortalece o coração, dá coragem e ilumina a mente. Muito conhecida por aumentar a vitalidade e a autoestima.
ambiente e no campo energético da pessoa. O verde estimula a criatividade. O rosa estimula o amor e aumenta a confiança. O rutilado alivia a depressão e tem grande poder de cura.
ÁGUA MARINHA Dá clareza, é boa para os olhos e recomenda-se que seja usada perto do coração. Traz paz, alegria e felicidade, especialmente nos relacionamentos.
tremamente poderoso para remover bloqueios e negatividade. Intensifica a energia de outras pedras.
lidade, melhora a meditação, rejuvenesce e equilibra o coração.
teza, mágoas e depressão. É uma pedra que possui um efeito tranquilizador e ajuda a mente em momentos tensos.
CITRINO Boa para desintoxicar o intestino. Pode ser usada na meditação, para rejuvenescer o físico e eliminar formas tóxicas de pensamento.
CRISTAIS DE QUARTZO O trans-
une corpo, mente e espírito. Boa para meditação.
TOPÁZIO Ajuda no equilíbrio emocional. Acalma paixões, raivas, depressões. Ajuda na regeneração dos tecidos.
TURMALINA Desfaz medos e GRANADA Encontrada em muitas
AMETISTA Ajuda na cura da tris-
ruins, aflições e pensamentos negativos. Amplia o pensamento e cria liderança. Melhor pedra para a cura do coração.
SAFIRA Traz clareza, inspiração e DIAMANTE É grande curador. Ex-
AMAZONITA Ajuda e favorece na ESMERALDA Estabiliza a personaobtenção do sucesso. Amplia os pensamentos e traz alegria. Também acalma o sistema nervoso.
RUBI Remove obstáculos, sonhos
cores, exceto azul. Revigora o sistema sanguíneo e o coração. Estimula a imaginação.
condições negativas. Aumenta a sensibilidade, a inspiração e a compaixão.
RUBELITA Revigora o coração, a JADE Fortalece o sistema imunológico. Está associada com as principais virtudes: coragem, justiça, misericórdia, modéstia e sabedoria.
ÔNIX Manifesta pensamento objetivo e maior controle sobre emoções e paixões. Usada para proteção.
sabedoria e a força de vontade. Ativa a criatividade e a fertilidade.
TURQUESA Pedra sagrada para budistas tibetanos. Melhora a meditação, a circulação e a paz de espírito. Grande poder de cura.
parente desfaz a negatividade no
Silvia Doring busca cor e personalidade quando escolhe uma pedra, afinal nenhuma é igual a outra.
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PEDRAS BRASILEIRAS
A escolha de qual pedra usar em cada joia é algo muito pessoal de cada designer. “Eu gosto daquelas que têm mais cor e transparência. As pedras que mais uso são o quartzo fumê, ônix, ametista, citrino e cristal rutilado. No verão utilizo sempre muita amazonita. Na nova coleção inverno 2012 escolhi também a fluorita, o quartzo-esmeralda e o greengold”, conta Francesca. “Quando escolho uma pedra, busco cor e personalidade. Temos pedras de quase todas as tonalidades e nenhuma é igual à outra, são todas únicas”, diz Silvia.
IMPORTÂNCIA Importância do DOdesign DESIGN
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Pedras nacionais trouxeram a designer italiana Francesca Romana Diana para o Brasil.
Na esteira dessa valorização das pedras nacionais veio o reconhecimento da criatividade dos designers brasileiros de joias, que imprimem personalidade no desenho das peças e na lapidação de cada pedra. “Raramente uso lapidações tradicionais”, conta Adriana. “Sempre procuro desenhar formas diferenciadas. A maioria das minhas coleções tem pedras com formatos e lapidações irregulares”, diz Silvia. Diversas pesquisas já mostram que as mulheres não têm mais aquele antigo costume de comprar joias para ocasiões especiais e depois guardá-las num cofre. As peças passaram a ser um acessório de estilo, não mais uma reserva de valor. E aí o design tem papel fundamental.
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Fios que se cruzam A tendência do feito à mão volta com tudo e imprime originalidade e exclusividade na moda e na decoração por Paula Melech | design Natalia Richert
Os vestidos de noiva estão entre as peças mais procuradas da estilista Martha Medeiros.
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esde pequena, Martha Medeiros percorre o mesmo caminho em direção a municípios do interior de Alagoas. Quando criança, ia com a avó. Agora, o destino faz parte de um compromisso profissional: lá se concentram dezenas de rendeiras que emprestam suas habilidosas mãos para con-
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feccionar a matéria-prima que dá um tom especial às peças da estilista. A tendência do handmade, ou, em bom português, do feito à mão, volta com tudo e traz suas características acolhedoras para a moda e a decoração. Renda, tricô, crochê, fibras e tramas naturais compõem as delicadas texturas feitas pelas rendeiras, bordadeiras e tecelãs, que transmitem em seu trabalho o legado de tradições seculares. Passados de mãe para filha, são segredos e truques que elas tecem, trançam e tramam. Martha destaca por que a renda brasileira é tão especial: “É uma das únicas do mundo que ainda é feita manualmente.” Motivos não faltam para querer embarcar no charme das rendas, bordados e tecidos feitos à mão. A qualidade e exclusividade desses produtos têm tudo a ver com o que prega o novo luxo. Mas por trás dessa aparência de simplicidade e rusticidade, há muito design: o aspecto artesanal do handmade ganha ares de contemporâneo, mostrando para o mundo a essência brasileira.
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HANDMADE
RENDA-SE Renda-se “Cada pedaço de renda tem um desenho diferente, que nunca se repete”, diz Martha. Ela sabe que valorizar as rendeiras significa também resgatar essa tradição por meio de suas criações. Organizadas em cooperativas, 250 mulheres tecem tramas para dar vida a rendas como a renascença, a mais tradicional de todas, além de outras técnicas como filé, richelieu, bilro e a delicadíssima boa-noite. Essas são as principais rendas utilizadas nos vestidos desenhados pela estilista. Alguns modelos podem levar até 30 tipos de tramas diferentes.
Do Nordeste, as rendas percorrem um longo caminho até o ateliê da estilista em São Paulo. Lá, modelistas e costureiras produzem poucas dezenas de peças por mês, a maioria sob medida. “Decidi criar vestidos luxuosos com esse material que é tão precioso, um produto único no mundo.” O trabalho
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Decidi criar vestidos luxuosos com esse material precioso.”
Martha Medeiros, estilista
tem sido muito bem recebido fora do Brasil. Martha percebe que as pessoas ficam encantadas quando se deparam com uma matéria-prima escassa. Além da renda, as peças são confeccionadas com tecidos e aviamentos importados, como zibeline, gazar de seda, barbatanas de silicone alemãs, crinol suíço e cristais Swarovski. Um dos mais procurados são os vestidos de noiva, que atraem mulheres do mundo todo interessadas em um produto exclusivo para o dia tão especial. A maioria pede saias volumosas, busto estruturado e brilhos. Como praticamente todo o processo é
Vestido da Coleção Alagoas mostra a beleza das rendas utilizadas por Martha Medeiros.
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Crochê e tricô são técnicas utilizadas nas peças da estilista Vanessa Montoro.
Tintura manual T
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ingidas manualmente, as peças de Vanessa Montoro utilizam pigmentos naturais extraídos de erva-mate, urucum, casca de cebola, pó de café, eucalipto e folhas de amoreira, que garantem às peças uma tonalidade única. O processo é demorado: primeiro é preciso preparar a tintura, que fica descansando durante uma noite inteira. Depois ela segue para uma etapa de fervura. Após a coagem dos resíduos, o tecido é novamente fervido na tintura e enxaguado em água corrente.
feito à mão, é preciso se prevenir: “Um vestido feito todo em renda renascença pode levar mais de um ano apenas para a confecção da renda, sendo confeccionada por 30 mulheres”, explica Martha. Depois de tanta procura, a estilista já disponibiliza alguns modelos prontos no seu ateliê em São Paulo. A relação com a renda e as rendeiras vai muito além do contato profissional. Preocupada em preservar a tradição, Martha está lutando para incluir o feitio da renda como matéria optativa nas escolas de Alagoas. “Acreditamos que a renda é algo tão valioso que a técnica precisa ser passada para as próximas gerações.” Uma escola já
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aderiu à ideia e atualmente cerca de 30 adolescentes estão aprendendo a confecção das rendas.
DELICADA TRAMA Delicada trama Quem também é adepta da confecção feita à mão, do começo ao fim, é a estilista Vanessa Montoro. Ela propõe peças femininas com conceito de obra de arte, que sejam originais, atemporais e de edição limitada. A inspiração vem de tudo que é único, que não pode ser copiado e feito em grande escala. Nas suas criações ela retoma duas técnicas milenares, o tricô e o crochê, com fios de seda especiais fiados em roca e tingidos manualmente com pigmentos naturais.
Quem nunca viu a mãe ou a avó tricotando alguma peça de tricô e crochê? Segundo Vanessa, são essas características e lembranças familiares que trazem emoção para o trabalho. “As peças carregam o conhecimento de muitas gerações.” De energia especialmente feminina, os vestidos são os modelos mais procurados. “Vestem a mulher por inteiro”, ressalta a estilista. Na paleta de criações, há blusas, casacos, vestidos e pelerines. Para Vanessa, a tendência do handmade adapta-se facilmente a qualquer ocasião. “São peças luxuosas, porém versáteis, atemporais e que fogem de qualquer modismo.”
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ESTILOS
HANDMADE DESENHO Desenho deDA fibraFIBRA O designer têxtil Renato Imbroisi foi um dos pioneiros no desenvolvimento de produtos que buscam o encontro entre design e tecelagem. O que mais o encanta é a identidade local impressa nas criações. Fibras vegetais de bananeira e junco, retalhos de tecidos e materiais reciclados, além de renda, bordado, tecelagem, cestaria e crochê fazem uma interessante composição de tramas. O povoado de Muquém, no interior de Minas Gerais – onde a energia elétrica só chegou há 12 anos – é o centro de operações do designer. Lá se concentram cerca de 40 artesãos e tecelãs que confeccionam a matéria-prima do trabalho. Em 1987, quando Imbroisi começou a desenvolver o método de criação, a pequena população ainda produzia tecido em teares antigos, manufaturados com madeira local. Sem eletricidade, a comunidade vivia de pequenas criações e hortas para consumo próprio.
O designer está profundamente envolvido com o artesanato. Orienta grupos de artesãos em diferentes regiões do Brasil, respeitando suas técnicas, cultura e tradições, mas ampliando o leque de possibilidades: introduz novas cores e materiais compatíveis com o processo, melhora o acabamento e desenvolve produtos ao mesmo tempo criativos e comercializáveis, para abrir novos mercados e permitir o sustento dessas famílias. Apaixonado pelo trabalho feito à mão, Imbroisi percebe que o interesse por esses produtos teve um crescimento importante nos últimos anos, ganhando visibilidade principalmente na moda e na decoração. Os tecidos usados em cortinas, painéis, revestimentos e tapetes oferecem uma particularidade diferente do que produtos feitos em série. “Isso se dá pela exclusividade e história por trás do que está sendo produzido. A mão do artesão fica impressa no produto.”
ONDE ENCONTRAR Profissionais e lojas que vendem os produtos
Cortes especiais: carnes de grife
Tramas de Renato Imbroisi misturam fibras de bananeira e junco ao tecido.
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FOTOS BOB TOLEDO
MARTHA MEDEIROS _(11) 3060-9366 www.marthamedeiros.com.br Bazaar Fashion_(41) 3013-5527 Av. 7 de Setembro, 5769, Batel, Curitiba Boutique São Paulo_(11) 3062-7907 Rua Dr. Melo Alves, 287, Jardins, São Paulo VANESSA MONTORO_(11) 3057-2412 www.vanessamontoro.com Daslu_(11) 3841-4000 Avenida Chedid Jafet, 131, Itaim Bibi, São Paulo RENATO IMBROISI_(11) 8221-8992 www.renatoimbroisi.com.br
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MODA
Estação estilosa
Com a ajuda da consultora de imagem Sylvia Cesário Pereira, fizemos um Top Five com as principais tendências que marcaram as passarelas
CANTÃO
por Fabiane Tombely
Tons terrosos
O inverno 2012 promete ser bem sóbrio e carregado de tons terrosos. Esses tons, que incluem as cores verde-musgo, mostarda, marrons e enferrujados, chegaram a todo vapor e apareceram em praticamente todos os desfiles. “Com uma elegância intrínseca, transmitem um estilo natural-ecológico que valoriza o espontâneo e o original. Misturados entre si, formam composições coerentes e muito elegantes. Já usados com a cor preta, trazem uma atmosfera contemporânea.” Mas atenção: com uma paleta tão ampla de tons e cores, as chances de cometer um erro também são maiores. “Quando for usá-los em acessórios, cuidado para não ficar muito étnico. Pode parecer que você está indo fazer um Safári”, alerta Sylvia. (www.sylviacesariopereira.com.br).
UMA
#DICA DE ESPECIALISTA: cuidado com o marrom usado ao redor do rosto, ele envelhece.
ALEXANDRE HERCHCOVITCH CORI
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Transparências
CORI
CANTÃO
IÓDICE
“As transparências aparecem totalmente repaginadas. Muito mais românticas do que sensuais, elas estão concentradas na região dos ombros das blusas e nas saias”, diz a consultora. “Nas passarelas, muito sutiã à mostra, mas para você conseguir usar essa tendência com elegância, não deixe de compor com uma regata, de preferência da cor da peça transparente que se está usando”, ensina. Para as mais ousadas, Sylvia revela que a sensualidade acontece quando se mistura preto e transparência. “Definitivamente, é muito sensual. Mas, se misturada à renda, deve ser com uma modelagem moderna para não parecer que você emprestou da sua avó”, brinca. Então, use corretamente, pois essa peça pode atrair muitos olhares.
#DICA DE ESPECIALISTA: se usar uma peça transparente, as outras devem ser clássicas para não comprometer o resultado final.
CANTÃO
MARIA BONITA
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ESTILOS
MODA
Street style
Jovem e atual, com uma pitada de moderno, assim é o estilo das ruas. Essa tendência traduz o pensamento das pessoas que desejam fazer outras coisas além de trabalhar, e que querem ter conforto e cuidar mais de si mesmas. “A origem dessa tendência é o estilo esportivo que está cada vez mais em alta, não só pelo conforto, mas por incentivar o entretenimento saudável e os cuidados pessoais”, explica a consultora. Mas engana-se quem pensa que é sair vestido como se estivesse indo para a academia. É muito mais elegante do que parece. “A forma é mais esportiva, porém os tecidos naturais e tecnológicos e as texturas brilhantes e bordadas levantam as peças, adaptando-as a todas as situações do dia a dia na cidade ou na praia.”
COLCCI
CAVALERA
#DICA DE ESPECIALISTA: aproveite a tendência para usar peças mais confortáveis, mas não deixe de dar um toque feminino para não ficar prático e simples demais.
NICA KESSLER
OSKLEN
OSKLEN
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Macacão
Alguns estilistas sugeriram o uso desta peça já há algumas edições, mas desta vez, sem dúvida, os macacões estarão nas lojas. Apareceram em vários desfiles, uns mais esportivos, outros mais sofisticados. É uma peça muito versátil, feminina, prática e elegante,
NICA KESSLER
ANIMALE
NICA KESSLER
capaz de dar um toque de modernidade no ambiente de trabalho sem deixar de ser profissional. Por ser na maioria das vezes monocromático, alonga a silhueta feminina. “A essência do macacão é esportiva, porém, dependendo do tecido, da cor ou da composição, ele se adapta a qualquer estilo. O sapato deve acompanhar a neutralidade do macacão, porque, mesmo sendo uma peça única, chama a atenção por si só. A dica é ousar nos acessórios. Colar, brincos ou pulseiras dão um toque final na composição”, explica Sylvia.
#DICA DE ESPECIALISTA: vale a pena investir em um macacão. Você irá usar o resto da sua vida.
CORI
CANTÃO
IÓDICE
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ESTILOS
MODA
Calça cigarrete
A calça cigarrete retorna com a mesma elegância de antes, e simplesmente igualzinha. Ela não tem como ser repaginada, porque o seu segredo é não ter detalhes chamativos e ser confeccionada em alfaiatarias de ótima qualidade, resultando em um caimento impecável no corpo da mulher prática e chic. “Essa peça foi companheira inseparável de uma das mulheres mais elegantes do mundo, Jackie O (ícone da moda na década de 60 e viúva de John F. Kennedy). Pela leveza do tecido e pela forma afunilada das pernas, favorece quem tem quadris e coxas grossas, ficando levemente solta no corpo sem perder a forma. Quem for usar com uma camisa ou camiseta sempre estará bem vestida e moderna”, ensina Sylvia. E para as mulheres que não são muito fã de saltos, ela dá uma boa notícia: o comprimento da calça cigarrete também permite o uso de sapatilha sem deixar de ser elegante.
TNG
CAVALERA
#DICA DE ESPECIALISTA: Não usaria essa peça com sapato Oxford. Faz perder um pouco da feminilidade necessária para contrapor o masculino da alfaiataria. A peça na cor branca ou preta sempre parecerá despretensiosa e muito charmosa.
COLCCI
COCA-COLA
CANTÃO
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VITRINE
SAPATOS FEMININOS
Tendência Mocassins e slippers são os novos queridinhos dos fashionistas para a estação
A estampa de caveira, que passou a ser referência no mundo da moda, dá um ar rocker a este slipper. Schutz para Marreh. R$ 279. www.marreh.com.br
De veludo azul e com aplique do símbolo de paz e amor, este slipper é super descolado e charmoso. Schutz para Marreh. R$ 249. www.marreh.com.br
Muito delicado e feminino, o mocassim laranja da My Shoes traz alegria e leveza a qualquer look. R$ 229,90. www.myshoes.com.br
Já que o animal print está com tudo, vale a pena investir em um mocassim com estampa de onça, como este da Santa Lolla. R$ 219,90. www.santalolla.com.br
FOTOS PAOLA ZADRA PRODUÇÃO PATRÍCIA SABATOWITCH
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VITRINE
BOLSAS E CARTEIRAS
PURETREND Coloridas, com fivelas ou com estampa de bicho, elas prometem levantar qualquer visual
Cabe tudo e mais um pouco nessa maxi carteira que pode substituir uma bolsa. Jorge Bischoff. R$ 789. www.jorgebischoff.com.br
A maxi carteira bege com detalhes em couro verniz é perfeita para ser usada em qualquer ocasião. M. Novak. Preço sob consulta. www.mnovak.com.br
A tendência laranja aparece com tudo nesta carteira slim, que promete um toque especial no visual. Fabrizio Giannone. R$ 455. www.fabriziogiannone.com
A maxi carteira em couro metalizado é ideal para combinar com looks ousados. La Spezia para Marreh. R$ 489. www.marreh.com.br
FOTOS PAOLA ZADRA PRODUÇÃO PATRÍCIA SABATOWITCH
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VITRINE
SAPATOS MASCULINOS
Novo clássico De couro ou camurça, o mocassim pode ser usado de forma moderna, casual e despojada
De couro camurça com detalhes em couro, esse mocassim bege da Datelli é versátil e combina com qualquer visual. R$ 89. www.datelli.com.br
Além de confortável, o tom azul deste modelo Aramis é perfeito para alegrar looks informais. R$ 299. www.aramis.com.br
Para quem gosta de cores sóbrias, mas não abre mão de inovar, o mocassim marrom com detalhe em crocodilo é uma boa pedida. Ferracini para Omar. Preço sob consulta. www.omarcalcados.com.br
Tradicional, este modelo confeccionado em couro preto é pura elegância. Democratas para Omar. Preço sob consulta. www.omarcalcados.com.br
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FOTOS PAOLA ZADRA PRODUÇÃO PATRÍCIA SABATOWITCH
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NEWSPORT
FOTO DIVULGAÇÃO
COLUNA
Além do design exterior, um dos destaques do Lancer é a segurança.
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Show de sedan
Mitsubishi Motors entra no segmento de sedans e apresenta o novo Mitsubishi Lancer por Newton Gomes da Rocha
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om design moderno e arrojado, o lançamento é inspirado no consagrado Lancer Evolution X e traz muito conforto ao dirigir, segurança e tecnologia. “Estamos lançando um veículo com uma proposta diferenciada para o segmento de sedans. Será o único com um pedigree de campeão e a tecnologia de ponta do Lancer Evolution X transferida para este veículo”, afirma Robert Rittscher, presidente da Mitsubishi Motors do Brasil. O lançamento conta com três modelos: Lancer 2.0 GT, Lancer 2.0 CVT e Lancer 2.0 M/T. Todos têm exclusivas rodas aro 18, únicas no segmento, além de sensor de acendimento de faróis, sensor de chuva, piloto au-
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tomático e computador de bordo no centro do painel que reúne as informações que podem ser facilmente visualizadas com um simples toque no botão. Nas versões com câmbio CVT, os paddle shifters têm boa ergonomia e dão um toque esportivo ao veículo. No interior, graças ao grande entre-eixos, o veículo tem amplo espaço nas duas fileiras de bancos, proporcionando muito conforto aos ocupantes. Um dos destaques do veículo é a segurança. Com quase quatro décadas de desenvolvimento de veículos de competição, vencedores de diversas provas off-road como o Rally Dakar e o WRC, o Lancer incorporou toda a tecnologia em prol da segurança na versão urbana.
ONDE ENCONTRAR Concessionárias Mitsubishi Motors em Curitiba
AKAI_41 3201-0700 Rua Major Heitor Guimarães, 1.631 B, Campina do Siqueira www.akaimitsubishi.com.br AKAI_AKAI_( 41) 3201-0700 Av. Marechal Floriano Peixoto, 4.010, Parolin www.akaimitsubishi.com.br
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ESTILOS
DESIGN ORGÂNICO
Diálogo com a
Natureza Dê adeus à frieza do artificialismo. A tendência agora é inspirar-se na beleza e na diversidade das formas, texturas e cores do mundo natural por Paula Melech | design Natalia Richert
A mesa Guaimbê, do arquiteto Paulo Alves: exemplo de design com referências orgânicas.
FOTO PIERRE REFALO
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s contornos sinuosos do tronco de uma árvore ou o caos de seus galhos, as cores que irradiam de uma flor ou os tons encontrados numa floresta. Essas referências têm sido cada vez mais incorporadas pelo design contemporâneo. A inspiração aparece no mobiliário, nos objetos de decoração e nos acessórios pessoais, expressando conforto e acolhimento. O que essa tendência propõe é um adeus aos ambientes frios e minimalistas, valorizando volumes mais próximos à natureza: texturas de madeira, tecidos com fibras naturais e uma paleta de cores repleta de tons neutros como manteiga, âmbar e amarelo. Para o designer galês Ross Lovegrove, conhecido como Capitão Orgânico, esta é “a forma que
toca a alma e as emoções das pessoas”. Esse regresso às formas orgânicas e à intimidade do lar, segundo a trendsetter holandesa Li Edelkoort, vem como forte tendência para essa nova era. “Eis aí conceitos que refletem um retorno aos valores indispensáveis, como a família, as raízes”, afirmou em entrevista à revista Casa Vogue. Aqui o essencial é o que realmente importa. Para Lovegrove, um desenho enxuto e a beleza da forma livre – sem excessos – elevam a percepção das pessoas sobre o que a natureza nos fornece. “O design orgânico contribui imensamente para o nosso sentido de ser, o senso de relacionamento com as coisas”, disse ele durante uma palestra em Monterrey, na Califórnia (disponível no site americano TED - www.ted.com).
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FOTO NELSON KON
A mesa Jardim, projeto da Marcenaria São Paulo, reflete as formas da natureza.
FORMA NATURAL Forma natural Desapegado da ideia de rotular seu trabalho, o arquiteto Paulo Alves prefere valorizar a liberdade de criação, seja ela voltada à ideia de orgânico ou não. O interesse voltado à questão da ecologia o levou a incorporar as formas da natureza no desenho dos mobiliários desenvolvidos na Marcenaria São Paulo. A escolha aconteceu instintivamente. “Percebi um amolecimento do desenho, com as peças se tornando mais ajustáveis ao corpo. Gosto também de
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chamar a atenção para a importância da sustentabilidade”, ressalta. O trabalho leva em conta elementos estruturais encontrados na natureza e como eles podem ser aplicados no mobiliário, tanto na forma e no material quanto no conceito. “É muito interessante. Se for pensar em termos de arquitetura, não há estrutura semelhante às formas das plantas que possa ser construída pelo homem.” Assim como uma árvore é formada somente pelo que é essencial, o arquiteto procura aplicar esse
conceito no design, buscando o racionamento e o uso consciente dos materiais. “É uma busca da maioria dos profissionais que estão no mercado.”
ONDE ENCONTRAR SIMMETRIA AMBIENTI_ (41) 3027-3100 Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.707, Batel. www.simmetriaambienti.com.br MARCENARIA SÃO PAULO_ (11) 3032-4281 Rua Harmonia, 815, Pinheiros, São Paulo. www.marcenariasp.com.br
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ESTILOS
DESIGN ORGÂNICO INSPIRAÇÃO BRASILEIRA Inspiração brasileira
Feito de bambu, o Boocase é uma alternativa sustentável para proteger o iPhone.
Unindo design e pensamento sustentável, o estúdio Casco desenvolve produtos biodegradáveis com tecnologia de ponta que prometem agradar os adoradores dos gadgets da Apple. Seguindo a máxima de criar o novo sem destruir o que existe, a dupla Lucio Kanonenko e Tatiana Sobral pensa em produtos integrados com o ecossistema. “Buscamos respeitar essa relação apostando em um design consciente”, destaca Kanonenko. Idealizada há dois anos, a Casco nasceu a partir da criação do Woody – um soundblock produzido com folhas prensadas de celulose e acabamento externo com lâmina de madeira, como pupunha ou bambu. A fabricação é feita a partir de matérias-primas naturais e renováveis, aproveitando resíduos de produção agrícola (80% da celulose é reciclada) e utilizando óleo vegetal na composição. O resultado é um produto biodegradável.
Outro item que chama a atenção é o boocase, um incrível case para iPhone produzido de bambu. As peças podem ser lisas, com gravações de desenhos como árvores e pássaros ou ainda feitos sob encomenda e personalizados. No momento, o produto está sendo reformulado para poder incluir o sistema wireless. Além de ecologicamente correto, outra vantagem do boocase é a qualidade e durabilidade. Se, eventualmente, o telefone cair no chão, os designers garantem que a capinha não vai quebrar. O material orgânico ainda oferece conforto ao toque com isolamento térmico natural. Para Kanonenko, a versatilidade e as qualidades do bambu comprovam que se trata do “material do futuro”.
Serviço ESTÚDIO CASCO www.cascocasco.com
FOTOS DIVULGAÇÃO
Woody: um soundblock de folhas prensadas de celulose reciclada e acabamento com lâmina de madeira.
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Orgânico ao extremo Designer pesquisa novo revestimento feito a partir de bactérias
O conceito de design orgânico chega ao extremo no experimento do designer alemão Jannis Hülsen. Buscando pensar em novos materiais e processos de produção inovadores, o ousado projeto de pesquisa resultou na criação do banco Xylinum. O nome vem de uma bactéria que, mergulhada em um líquido de nutrição, consome açúcar e cria uma estrutura de fibra de celulose. A técnica foi desenvolvida para criar uma pele em torno de uma armação de madeira, formando o revestimento e a superfície. A umidade é retirada mais tarde, resultando em um material durável e totalmente biodegradável. “Não pretendo questionar a função de um banco, porque todo mundo sabe como usar um banquinho. Estou interessado em desenvolver produtos inovadores”, diz o designer. Hülsen acredita que o Xylium simboliza uma nova geração de objetos, que serão gerados com a ajuda de microorganismos. “Estou certo que, no futuro, haverá muitos materiais biodegradáveis, com outras propriedades e diversas aparências.”
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Bactérias produzem uma celulose artificial que dão forma ao banco Xylinum.
“
no futuro, haverá muitos materiais Biodegradáveis.”
jannis Hülsen, designer
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DESIGN ORGÂNICO
VASOS Vasos EXPERIMENTAIS experimentais
Formas orgânicas estão nos vasos de cerâmica do artista plástico Juan Parada.
No trabalho do ceramista e artista plástico curitibano Juan Parada, o desenho do vaso dialoga com a forma da planta. Ele empresta da escultura a ideia de o objeto estabelecer uma relação com o contexto em que está inserido. É muito mais do que escolher um vaso ou uma planta aleatoriamente. A peça de design sinuoso, que pode ficar pendurada em galhos de árvores, é o resultado de um processo criativo que conside-
ra as características daquela espécie de planta e concebe o vaso com uma forma que irá se relacionar com ela. “O design em geral faz parte da minha pesquisa”, revela o artista, que propõe uma discussão poética ao colocar seu trabalho na “fronteira entre a arte e o design.”
ONDE ENCONTRAR JUAN PARADA_ (41) 9125-8999 juanparada.wordpress.com
Joia da natureza A
O relógio Golden Stones tem formas orgânicas e assimétricas.
Os brincos Myriades transmitem a estética das conchas naturais.
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assimetria da natureza em suas formas orgânicas e texturas irregulares pode adornar a beleza das mulheres. A referência está impressa em duas coleções de joias e relógios da H. Stern: Pedras Roladas e Íris. As formas dos seixos dos rios inspiram a primeira coleção, assinada por Costanza Pascolato. As peças são confeccionadas com diamantes brancos, cristais de rocha ou pedras preciosas coloridas. Já a linha Íris resgata a riqueza natural que vem dos oceanos, reinterpretando nas peças o que a vida marinha tem de mais delicado. O embaixador da marca, Christian Hallot, afirma que a joia orgânica agrada pelo conforto do design, que acompanha o movimento do corpo humano. Essa característica foi retomada há relativamente
pouco tempo, acompanhando o modo de vida de quem quer aliar beleza, praticidade e conforto. “Antigamente a joia era uma reserva de valor. Hoje é um acessório de estilo.” Diferentemente da moda fashion, as tendências em joias são mais duráveis e precisam ser pensadas no longo prazo, para várias temporadas. Hallot lembra que, independentemente da criação de novas peças, uma característica que sempre deve perdurar é o conforto. “As mulheres compram joias para usar e buscam versatilidade. Querem sair de manhã e ficar com a mesma peça até à noite.”
ONDE ENCONTRAR H. STERN_ 0800 022-7442 www.hstern.com.br
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ESTILOS
ESPAÇOS
REVESTIMENTOS
De cara nova Cada vez mais sustentáveis, novos materiais chegam ao mercado para transformar a decoração de sua casa ou escritório. Conheça as principais tendências e as últimas novidades em revestimentos por Cláudia Pimentel Slaviero
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m detalhe que faz toda a diferença. Essa é a grande sacada de se investir em revestimentos. Mesmo quem não entende de arquitetura e decoração sabe que um belo piso ou uma parede com uma textura moderna podem mudar completamente a cara da casa ou escritório. Quando se pensa em construir, decorar ou reformar, muitas pessoas não sabem da infinidade de possibilidades e ideias que existem no mercado. São muitas as opções de materiais que podem compor o ambiente dos seus sonhos. Exemplo disso é que todo ano acontece em São Paulo a Expo Revestir, evento que apresenta as principais tendências e lançamentos em acabamento para construção civil e é considerado a “Fashion Week” do setor. Dentre tantas novidades apresentadas na décima edição do evento, que aconteceu no início de março, uma tendência forte nessa área são os materiais ecologicamente corretos. São produtos feitos a partir de objetos reciclados
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ou que aperfeiçoam as fases de produção e aplicação, reduzindo os descartes e o consumo de energia. É uma tendência que se firmou no mercado e ganha a cada ano novas versões, ainda mais bonitas e sustentáveis. Os papéis de parede continuam sendo uma ótima opção de revestimento. Elegantes e versáteis, e com cada vez mais opções de cores, texturas, motivos e acabamentos, eles se mantêm sempre em alta e são muitas vezes o ponto alto de uma decoração. Outro revestimento que agrega muito charme ao ambiente são as pastilhas. Lindas e resistentes, elas possuem um brilho incomparável e deixam qualquer espaço mais sofisticado e com um toque moderno. Na cartela de cores, o vermelho e o cimento estão entre as principais tendências para 2012. O tom de cimento ressalta uma arquitetura crua e limpa e está sendo muito procurado para pisos e revestimentos de paredes, trazendo modernidade e elegância aos ambientes.
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PASTILHAS QUE BRILHAM
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No espaço gourmet de uma elegante cobertura de Curitiba, o arquiteto Luiz Maganhoto e o designer de interiores Daniel Casagrande optaram por revestir e dar uma nova volumetria ao pilar. Antes quadrado, o pilar ficou elíptico e foi revestido com pastilhas de aço inox polido. A bancada de apoio também foi modificada e coberta com espelho prata. (41) 3335-2918
www.maganhoto.arq.br
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REVESTIMENTOS Esse piso da linha Ecostone, da marca italiana Gardenia Orchidea, é produzido com 40% de material reciclado, constituído de vidro, argila recuperada e subprodutos do processo produtivo do porcelanato. Sua produção utiliza um processo que se baseia na redução de descartes, reutilização e reciclagem de materiais, bem como aperfeiçoa as fases do produto de maneira a reduzir o consumo energético e a emissão de água e de gases na atmosfera. (41) 3353-3789 www.gbaraldi.com.br (11) 3254-8181
www.texthuraycor.com.br
LINHA SUSTENTÁVEL Os decks compostos TimberTech são uma alternativa atraente à madeira natural, pois não escorregam, não apodrecem, não empenam e não lascam. Produzidos a partir de madeira, fibras recicladas e resinas puras de polímeros, os decks mantêm-se com aparência de novos, ano após ano, porque não necessitam de pintura, tingimento ou envernizamento. E o melhor de tudo: têm a aparência de madeira natural. (41) 3274-2814
www.guarauna.com.br
DECKS COMPOSTOS
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ESPAÇOS
ECO TROPICAL A Portinari se inspirou na natureza para criar a Coleção Eco Tropical HD. São porcelanatos que lembram a garapera e o ipê, madeiras nobres e valorizadas na arquitetura. Com tonalidade mais escura, o Ipê HD tem o mesmo visual estético da madeira natural. A novidade é a tonalidade marfim, utilizada no piso deste quarto.
www.ceramicaportinari.com.br
AR ROMÂNTICO Para este quarto, o arquiteto Luiz Maganhoto e o designer de interiores Daniel Casagrande optaram por um projeto mais romântico, em tons neutros. Para a cabeceira, usaram a lâmina natural de wenge, com o papel de parede em temas arabescos. O tom fendi deu uma conotação mais charmosa e elegante para a suíte master do casal (41) 3335-2918
www.maganhoto.arq.br
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ESPAÇOS
REVESTIMENTOS
As cerâmicas da linha Ecotile, produzida pela Cerâmica Antigua, têm em sua composição garrafas de vidro, espelhos, pastilhas descartadas, borrachas de pneus usados e garrafas pets. Além desse processo colaborar com a preservação do meio ambiente, o revestimento proporciona beleza, durabilidade e conforto, podendo ser utilizado em pisos internos e paredes internas e externas. (41) 3353-3789 www.gbaraldi.com.br (11) 3254-8181 www.texthuraycor.com.br
Novidade quentíssima na área de revestimentos é a chegada da Armourcoat Surface Finishes ao Brasil. A célebre marca inglesa de revestimentos é líder mundial no desenvolvimento de revestimentos em gesso polido, acabamentos inovadores de alto padrão e efeitos esculturais. Este ano a Armourcoat desembarca no Brasil representada pela Vitrúvio Revestimentos. (11) 3422-9888
www.vitruviorevestimentos.com.br
LUXO EM ACABAMENTO
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DURABILIDADE
VITRINE
RETROMANIA
DO FUNDO DO BAÚ
Tendência vintage é expressa nas formas e cores que lembram o charme da casa da vovó por Paula Melech
GOLD EDITION Esta edição especial da clássica câmera alemã Minox tem os detalhes em ouro 24k, resolução de 5,1 megapixel e monitor de duas polegadas. Uma combinação de tecnologia inovadora com design clássico que promete agradar os amantes da fotografia. www.minox.com 937
R$
BEM-ESTAR Preparado com grãos finíssimos, o Talco Vintage perfuma o corpo, ajuda a absorver a umidade da pele e a manter uma deliciosa sensação de frescor. Vem em uma charmosa talqueira com um aplicador de pompom e fragrâncias marcantes que já se tornaram clássicas. www.granado.com.br
R$
8,50
ESTILO Todo o charme dos anos 50 com a tecnologia do século 21 também na cozinha. O refrigerador Brastemp Retrô Frost Free 352L retorna ao passado e incorpora linhas arredondadas, puxadores de alumínio cromado e a logo utilizada na época. Vem com tecnologia frost free e controle eletrônico externo de temperatura. www.brastemp.com.br
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7.999
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MOBILIÁRIO As poltronas Par Berlim, do estúdio Desmobilia, são peças únicas e muito especiais. Tem braços e estrutura em imbuia maciça e revestimento em couro ecológico bege e vermelho. www.desmobilia.com.br
R$
1.960
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VITRINE
RETROMANIA
RELEITURA Uma edição limitada da loja paulista Micasa homenageia o designer francês Jean Prouvé. Dezessete clássicos assinados pelo artista foram reinterpretados por jovens designers, preservando o trabalho original e, ao mesmo tempo, dando um toque contemporâneo às criações. www.micasa.com.br Preço sob consulta
ANOS 50 Para quem ama cozinhar e adora referências do passado, o fogão Brastemp Retrô é uma ótima ideia para dar um ar vintage ao ambiente. A modernidade fica por conta do timer digital sonoro, que avisa quando o tempo de preparo do prato chega ao fim, grill elétrico, além das grades de ferro fundido que dão mais estabilidade às panelas. www.brastemp.com.br
R$
3.999
CLÁSSICO Quem nunca sentiu o aroma do famoso sabonete preto da Phebo? O Odor de Rosas se tornou um clássico tanto por sua cor escura quanto pela fragrância surpreendente, que mistura essência de pau-rosa com sândalo, cravo da Índia e canela de Madagascar. www.phebo.com.br
R$
41,40
ESTILOSO A primeira coisa que chama a atenção em um Mini Cooper é o seu estilo retrô, por mais requinte e tecnologia que esbanje. O Roadster, sexto modelo da montadora britânica, é perfeito para quem quer potência, segurança e conforto ao dirigir sentindo o vento no rosto. www.minibrasil.com
R$
134 mil
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NOTAS
ESPAÇOS MURANO
A pequena ilha de Murano, próxima à costa de Veneza, na Itália, é famosa pela produção de vidros e cristais finos. Tudo começou em 1291, quando todos os cristaleiros venezianos foram obrigados a mudar-se para lá para evitar incêndios nas construções de madeira da cidade. Inspirada nessa vocação secular, a Cinex foi até a ilha para produzir as imagens de sua campanha institucional de 2012. Reuniram a contemporaneidade de suas portas e divisórias de ambiente fabricadas em vidro de alto padrão com a arquitetura secular da região, criando um contraste harmonioso e interessante. Disponível nas lojas Bontempo (41) 3015-3018, Evviva (41) 3324-2346 e SCA (41) 3252-7729.
DIAMANTE As linhas e ângulos bem marcados do banco Diamante, assinado pelos arquitetos Flávio Borsato e Maurício Lamosa, da Adresse, fazem uma referência clara ao formato da pedra preciosa. Feito de MDF com acabamento em laca brilhante, a peça tem certificação FSC (Forest Stewardship Council), que garante a sustentabilidade no processo de produção. Disponível em várias cores. Simmetria Ambienti – Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.707, Batel, Curitiba, (41) 3027-3100. www.simmetriaambienti.com.br
PIANO A mesa de centro Piano, com acabamento em laca brilhante, é destaque na loja de fábrica da Girona Design, empresa criada há mais de dez anos pela designer e arquiteta Alessandra Delgado Tavares. Como meio de pesquisa e fonte de inspiração para suas criações,
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Alessandra utiliza referências da Bauhaus e estuda os grandes mestres do design do século 20. Showroom de fábrica – Rua Guaipá, 569, Vila Leopoldina, São Paulo, (11) 3836-4615/3831-3719. www.gironadesign.com.br
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NOTAS ARREDORES
CHARME NA GUATEMALA
O “Coração do Mundo Maia” abriga, quase intocada, a herança do Império Maia. Para conhecer este país de impressionante beleza natural e enorme acervo histórico, a Viaventure oferece um roteiro especial de sete dias. Antigua é o primeiro local a ser desvendado. Capital guatelmateca até o ano de 1776, está a 1.530 metros de altitude e é considerada Patrimônio Mundial pela UNESCO. A viagem se completa com uma visita ao Lago Atitlán, o mais profundo da América Central. www.viaventure.com
LUXO CHILENO
Inaugurado no final do ano passado, o The Singular Patagonia é o mais novo hotel-butique da região patagônica e o primeiro de Puerto Natales, no extremo sul do Chile. O empreendimento está instalado dentro do Monumento Histórico Nacional Frigorífico Puerto Bories, de 1915, e preservou o legado histórico e cultural da região mantendo suas caracteristicas originais. Ao todo, são 57 apartamentos, todos com vista para o Canal Señoret, além do The Singular Wellness Spa, espaço de relaxamento completo com terapias baseadas em ingredientes naturais da região. www.thesingular.com/puertobories-pt
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espanhola de sua colonização, assim como as ruínas bem-preservadas
PAZ E ACONCHEGO
A exuberância da Mata Atlântica de um lado, o mar verdeesmeralda da baía de Angra de outro, no meio o Village Rio das Pedras, um resort com a grife Club Med. Para desfrutar desse paraíso, você pode solicitar um roteiro especial para a Donato Viagens. A agência reúne grupos que aproveitam a bela praia particular do resort e as diversas atividades de lazer, que incluem vôlei de praia, futebol, arco e flecha e esportes náuticos. A completa infraestrutura do empreendimento é recomendada também para famílias com crianças, pois oferece muitas atividades de recreação infantil. www.donatoviagens.com.br
CORPO E MENTE
Para manter a forma e melhorar a saúde o Spa Sorocaba, considerado um dos melhores spas médicos do Brasil, oferece programas que vão além do emagrecimento. Tem opções para quem deseja parar de fumar, controlar o estresse, fazer relaxamento, tratamento para a terceira idade, planos para gestante e pós–parto. A infraestrutura do lugar é completa, com academia de ginástica, piscinas, quadras, playground, pista de caminhada e muito mais. Também conta com um centro de tratamento estético, que possui inúmeros programas, de massagens relaxantes a tratamentos mais avançados. www.spasorocaba.com.br
DESTINO CHEIO DE BRILHO
Cercada de luxo e prédios imponentes onde tudo parece brilhar, Dubai é uma cidade única. Com forte tradição histórica e cultural que se mescla ao que há de mais moderno, ela possibilita experiências inusitadas. Localizada nos Emirados Árabes, a cidade tem hotéis cheios de estilo. O hotel Burj Al Arab é ícone de Dubai por sua torre em formato de vela de barco. Famosos como Bill Clinton, Nelson Mandela, Anna Kournikova e Tim Robins já se hospedaram lá. Outro destaque é o hotel Jumeirah Zabbel Saray, inspirado no império otomano. Com uma impressionante coleção particular de pinturas, fotografias e esculturas, o hotel foi inclusive cenário do último filme Missão Impossível. www.jumeirah.com
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NOTAS ARREDORES
ARREDORES
ENOTURISMO
De vinho em
VINHO Rotas alternativas podem ajudar até os mais dedicados apreciadores a expandir seus conhecimentos sobre a bebida por Fernanda Peruzzo, de Paris
enoturismo, elas são uma experiência singular, que reúne as indescritíveis paisagens dos vinhedos à arquitetura clássica do destino escolhido e ao fascínio que envolve o cultivo da uva até a elaboração de cada vinho específico”, comenta a diretora da GMK Travel Design, Giselle Küster, agência curitibana especializada em roteiros enogastronômicos. É por isso que para embarcar numa dessas, o único pré-requisito é gostar de vinho, mesmo sem entender todo o universo que há por trás de cada taça. Enquanto regiões de fama consolidada oferecem aos novatos a oportunidade de conhecer essa ciência complexa que é a vinicultura, as novas zonas produtoras e os roteiros alternativos presenteiam o paladar com sabores e aromas inusitados, sem contar que levam os viajantes a descobrir lugares que dificilmente apareceriam num álbum de turismo convencional.
Roteiros são uma ótima alternativa para quem quer fugir dos grandes centros e usufruir o prazer da vida no interior.
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FOTO CHAD KEIG
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inguém precisa ser um enólogo para eleger os vinhos como protagonistas de suas próximas férias. O enoturismo, categoria de viagens que leva os turistas a conhecer as casas especializadas em transformar as uvas nessa adorável bebida, é um mercado em franca expansão, que atrai cerca de 20 milhões de pessoas para oito regiões produtoras do mundo, de acordo com a Rede Global das Grandes Capitais do Vinho (Great Wine Capitals Global Network), uma associação mundial criada em 1999 e da qual fazem parte as regiões vitivinícolas de Bordeaux (França), Bilbao-Rioja (Espanha), Cidade do Cabo (África do Sul), Mendoza (Argentina), San Francisco-Napa (Estados Unidos), Porto (Portugal), Mainz (Alemanha) e Florença (Itália). “Uma viagem é sempre uma possibilidade de novas descobertas culturais e, no caso do
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ARREDORES
ENOTURISMO
FRANÇA | Médoc e Languedoc Apesar da simplicidade dos vinhedos, os tintos do Médoc estão entre os mais caros do mundo.
ONDE IR Conheça algumas das mais famosas vinícolas da França
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venda ultrapassa os quatro dígitos – são imperdíveis. “Minha sugestão seria visitar também o Château Lynch-Bages, que está entre um dos precursores do enoturismo em Médoc”, aconselha o diretor comercial da vinícola Denis Dubourdieu Domaines, Jean-Jacques Dubourdieu. Mais ao sul, em direção à costa do Mediterrâneo, o Languedoc oferece vinhos tintos frutados, robustos e bem menos custosos. Produzida a partir da mistura de uvas Syrah, Grenache e Mourvèdre, a bebida feita nessa área costeira ganhou prestígio a partir dos anos 80 ao receber a Apelação de Origem Controlada. Mas a fama só veio mesmo duas décadas depois, quando rótulos produzidos pelas vinícolas Château La Roque e do produtor Gérard Bertrand receberam avaliações acima dos 90 pontos no guia da revista norte-americana Wine Spectator (numa escala que vai até 100).
GERARD BERTRAND + 33 (0)4 68 45 28 50 Route de Narbonne, Narbonne www.gerard-bertrand.com CHÂTEAU MOUTON ROTHSCHILD +33 (0)5 56 73 20 20 33250 Pauillac | www.bpdr.com CHÂTEAU LYNCH-BAGES +33 (0)5 56 73 24 00 33250 Pauillac | www.lynchbages.com CHÂTEAU LAFITE ROTHSCHILD +33 (0)5 56 59 25 34 33250 Pauillac | www.lafite.com CHÂTEAU LATOUR +33 (0)5 56 73 19 80 Saint Lambert, 33250, Pauillac www.chateau-latour.com , abril 2012
FOTOS DIVULGAÇÃO
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m dos destinos mais famosos para a degustação de vinhos, a região de Bordeaux pode se tornar ainda mais interessante quando o roteiro atravessa o Gironda rumo ao lado oeste. É na outra margem deste estuário formado pelo encontro dos rios Garonne e Dordogne, no sudoeste do país, que se estendem o Médoc e o Haut-Médoc, macrorregiões viníferas onde se produz os famosos (e caros) Premier Crus Classés. Ali também se concentram outros seis terroirs ímpares: Margaux, Saint-Julien, Pauillac, Saint-Estèphe, Moulis e Listrac, marcados pela produção de vinhos tintos estruturados, encorpados e elegantes, resultado da mistura das uvas Cabernet Sauvignon e Merlot com outras cepas regionais, como Cabernet Franc, Petit Verdot, Malbec e Carménère. Para quem viaja de olho nas taças, a visita às vinícolas Lafite, Latour e Mouton – de onde saem garrafas cujo valor de
CHÂTEAU LA ROQUE +33 (0)4 90 61 68 77 La Roque Sur Pernes, Vaucluse www.chateaularoque.com
ITÁLIA | Friuli e Sicília
Apesar do solo seco e do clima árido, a Sicília soma o maior número de denominações de origem: ao todo são 19.
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omo se não bastasse toda a sua riqueza gastronômica, a Itália é também o único país do mundo a produzir vinhos de qualidade por todo o território. A diversidade da bebida produzida na península da Bota se deve à infinidade de uvas nativas que crescem por lá, e restringir sua viagem às zonas produtoras mais famosas, como o Piemonte, é abdicar de uma experiência cheia de descobertas. No clima gelado do norte do país, próximo à fronteira com a Eslovênia,
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por exemplo, desenvolve-se a Ribolla Gialla, uma variedade que serve à fabricação dos vinhos Collio (denominação característica do Friuli), caracterizados por brancos secos frutados e marcantes. No extremo sul, o clima árido da Sicília é atualmente uma das grandes sensações italianas. Por lá, a variedade de espécies é ainda maior. As uvas Nocera, Nerello Cappuccio e Nerello Mascalese, que crescem nas cercanias do vulcão Etna, resultam em tintos surpreendentes.
ONDE IR Conheça as vinícolas imperdíveis da Itália
VILLA RUSSIZ _ ++39 04 81 80 047 Via Russiz, 4/6, Capriva del Friuli, Gorizia www.villarussiz.it VINÍCOLA BENANTI_++39 095 789 3438 Vila Garibaldi, 361, Viagrande, Catania www.vinicolabenanti.it
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ARREDORES
ENOTURISMO
PORTUGAL | Douro Q
bém excelentes vinhos de mesa. Em menos de 15 anos, suas apostas se confirmaram e a região hoje produz tintos excepcionais, feitos exclusivamente com as uvas plantadas ali. O Vinha Maria Teresa e o Vinha da Ponte, ambos da Quinta do Crasto, sempre ocupam lugares de destaque nos rankings das melhores bebidas. E nem poderia ser diferente. O líquido encorpado, de aroma intenso, é produzido apenas quando as safras são consideradas excelentes ou excepcionais. Para quem pensa em conhecer a região, uma opção inusitada é fazer o mesmo percurso dos tonéis que armazenam os vinhos: descer o rio de barco. Diversas agências locais ofe-
FOTO DIVULGAÇÃO
uem já teve o prazer de conhecer o rio Douro e seus afluentes, a norte de Lisboa, garante que essa é uma das regiões viníferas mais bonitas do mundo. As uvas plantadas nas encostas do rio formam a mais antiga região produtora com Denominação de Origem Controlada. O Vinho do Porto ganhou a certificação ainda no século 18 e durante quase três séculos foi o principal produto daquela parte do país. A realidade dos vinhedos só mudou nos anos 90, quando alguns produtores perceberam que a matéria-prima poderia render tam-
recem pacotes de um e dois dias, que incluem visitas às vinícolas, degustações e, em alguns casos, refeições completas. “Lá a tradição e a história estão bastante presentes e você tem a oportunidade de descobrir como os barcos rabelos transportavam o vinho do Porto em 1758”, comenta a gerente de marketing da Porto a Porto, Camila Podolak.
ONDE IR O endereço dos melhores vinhos de Portugal
QUINTA DO CRASTO_+351226105493 Rua de Fez, 455-457, Porto www.quintadocrasto.pt
Famosa pelos vinhos fortificados, a região do Douro é a nova grande produtora de tintos de alta qualidade. Quem visita a região ainda aproveita as belas paisagens.
FOTO GREAT WINE CAPITALS GLOBAL NETWORK
Haram popu Cortes especiais: as carnes de grife ganhara
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FOTOS CHAD KEIG
ESTADOS UNIDOS |Napa Valley
A estrutura da vinícola montada pelo cineasta Francis Ford Coppola é tão grandiosa e bem estruturada quanto seus filmes.
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egundo maior destino turístico dos Estados Unidos depois da Disneylândia, o Vale de Napa, no ensolarado estado da Califórnia, reúne pelo menos 450 vinícolas e um mito: ter produzido o vinho que bateu Bordeaux e Borgonhas numa degustação às cegas realizada em 1976, em Paris. A cada ano, a região recebe 5 milhões de visitantes. Gente como o auditor fiscal José Augusto de Faro, que depois de duas décadas viajando pelo mundo especialmente para conhecer regiões produtoras, vai pela primeira vez para lá. “Fiquei animado com o roteiro, que inclui as principais vinícolas
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da região”, comenta. Entre elas, a propriedade do diretor de cinema Francis Ford Coppola. Inaugurada há dois anos, ela reflete a paixão do cineasta pelo vinho e, além dos vinhedos e áreas de produção, reúne também uma espécie de enorresort, onde funcionam um bar de degustação, dois restaurantes, piscinas, um pavilhão de arte e uma galeria de filmes. Menos hollywoodiana, a vinícola de Robert Mondavi, responsável pela fama dos tintos californianos e pela garrafa incluída na tal degustação francesa, oferece uma série de visitas educacionais e programas enogastronômicos.
ONDE IR algumas das mais famosas vinícolas do Vale de Napa
ROBERT MONDAVI WINERY +1 888-766-6328 5950 East Woodbridge Road, Acampo, Califórnia www.robertmondavi.com FRANCIS FORD COPPOLA WINERY +1 707 857-1400 300 Via Archimedes, Geyserville www.franciscoppolawinery.com
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ARREDORES
ENOTURISMO
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em só de Carménère se faz o vinho chileno. Ainda bem. Há 250 km de Santiago em direção ao sul do país, mais especificamente no Vale do Maule, a cepa Carignan anda dando bom corpo às bebidas locais. Originária da Espanha, difundida por todo o mundo e muito bem adaptada ao difícil solo chileno, essa uva é cultivada a seco, de acordo com um tipo especial de manejo sem irrigação conhecido por lá como secano. Essa forma peculiar de cultivo acaba criando cenários improváveis, com as vinhas crescendo em meio a uma paisagem árida, de solo pedregoso. Mas para quem está viajando, tal visão pode ser o coroamento dessa experiência nova que é provar os varietais Carignan. Introduzidos no mercado mundial há pouco mais de 15 anos por vinícolas como a Viña Gillmore e a Morandé, esses tintos cheios de personalidade, com taninos marcados e acidez alta, acabaram levando quinze produtores da região a criar o clube dos Vinhadores de Carignan do Vale do Maule, uma espécie de Denominação de Origem Controlada que determina regras para a produção das bebidas naquele terroir e estabelece a obrigatoriedade do uso da cepa nas composições: elas devem conter ao menos 65% da uva, as parreiras devem ter no mínimo 30 anos e o manejo deve ser secano.
ONDE IR Conheça os vinhos chilenos O vale do Maule é outra região seca onde as uvas se desenvolvem com excelente qualidade, proporcionando a produção de vinhos encorpados e aromáticos.
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do Vale do Maule
VIÑA GILMORE_+073 197 55 39 Camino a Constitutción, km 20, San Javier www.gillmore.cl
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FOTOS DIVULGAÇÃO
CHILE | Vale do Maule
COPENHAGUE COPENHAGUE FOTOS DITTE ISAGER
SABORES
O frescor, a pureza e a simplicidade da nova cozinha n贸rdica 茅 baseado no uso de ingredientes regionais.
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A nova e calorosa
Cozinha nórdica Criativa, ética e saudável, a nova gastronomia dinamarquesa é resultado do trabalho ambicioso de dois chefs que estão influenciando restaurantes em várias partes do mundo por Fernanda Peruzzo, de Paris
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udo bem que eles descendem dos vikings e que por conta disso, em nosso imaginário, os dinamarqueses sempre serão aqueles caras grandalhões com cabelos loiros presos em tranças laterais. Mas daqui para frente é bom colocar uma panela na mão desse estereótipo. Porque a Dinamarca está se transformando no novo epicentro gastronômico mundial. Terra do Noma, considerado o melhor restaurante da
ao foie gras, ao vinho, tomates ou azeite de oliva. “Eu venho trabalhando há 27 anos para melhorar a cultura gastronômica do meu país e, apesar de ainda estar no meio desse processo, sei que estou conseguindo alterar o DNA culinário dos dinamarqueses e até influenciar outros chefes em outros países do mundo”, analisa Meyer, naturalmente orgulhoso. A princípio, tais proposições soaram como uma provocação rebelde ao
atualidade, o país vive uma verdadeira revolução culinária. A Nova Cozinha Nórdica nasceu da ambição dos chefs Claus Meyer e René Redzepi de ensinar os dinamarqueses a comer. Em 2004, eles escreveram um manifesto, no qual listaram como deveria ser a relação dos cozinheiros e dos consumidores com os alimentos. Além de incentivar o uso de ingredientes locais, o texto deixava clara a necessidade de se valorizar os sabores e aromas naturais do país e deixar de lado os produtos importados, mesmo que isso significasse dar adeus
invés de uma luta bem intencionada. Em termos gastronômicos, a Dinamarca viveu na idade das trevas até há pouco tempo. No século 17, o prazer à mesa passou a ser considerado pecado e, geração após geração, os dinamarqueses foram incentivados a comer mal. Sem uma cultura culinária forte, os habitantes se entregaram de corpo e alma à invasão de alimentos congelados, enlatados e industrializados que passaram a abastecer os mercados nos anos 70. O solo, rico, ficou relegado à produção agropecuária para o comércio externo e a população perdeu o paladar.
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inamarquês de origem albanesa, René Redzepi é o maior expoente da gastronomia atual.
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SABORES
COPENHAGUE
Os 10 mandamentos
nórdicos
FOTO FERNANDA PERUZZO
Apesar da roupagem revolucionária, o Manifesto da Nova Cozinha Nórdica criado em 2004 pelos chefs Meyer e Redzepi nada mais faz que propor o resgate dos hábitos saudáveis das gerações passadas.
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Para expressar pureza, frescor, simplicidade e ética, os chefs devem se comprometer com a sua região.
Instalado na região das docas, o Noma apetece também o olhar, com sua decoração tipicamente dinamarquesa.
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Eles devem refletir as mudanças de estações nos seus pratos. Suas cozinhas devem ser baseadas no uso de produtos e ingredientes cujas características transmitam a excelência e as peculiaridades do clima, paisagens e águas da sua região.
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Eles devem combinar a demanda por sabores deliciosos com os modernos conhecimentos relacionados a saúde e bem-estar.
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Promover os produtos nórdicos e a sua variedade de produtores, propagando pelo mundo essas culturas.
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Promover o bem-estar animal e um processo de produção mais sadio nos mares, terras e com a vida selvagem.
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Desenvolver novas aplicações para os produtos e ingredientes nórdicos tradicionais. Combinar o melhor da cozinha nórdica e suas tradições culinárias com os impulsos e ideias que vêm de fora.
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Eles precisam propagar a ideia da produção local como forma de difundir a alta qualidade desses produtos.
FOTO DITTE ISAGER
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Por fim, eles devem unir forças com os consumidores, agricultores, pescadores, trabalhadores envolvidos no setor da gastronomia, pesquisadores, professores, indústrias e políticos em torno desse projeto para o benefício e bemestar de todos os países nórdicos.
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NOMA: O Noma: MODELO PERFEITO o modelo perfeito Com a inauguração do Noma, em novembro de 2003, a posterior conquista de suas duas estrelas no prestigioso Guia Michelin e as duas eleições consecutivas (2010 e 2011) como melhor restaurante do mundo pela revista Restaurant, a história mudou. Hoje, Copenhague é sinônimo de cozinha criativa, ética e saudável. “Passei uma refeição inteira me perguntando como poderiam coisas tão simples ser assim tão saborosas”, comenta a jornalista e crítica gastronômica Jussara Voss sobre a sua primeira experiência no restaurante. “Nessa refeição, experimentei alguns dos melhores pratos da minha vida e eles eram todos muito simples.” Com fila de espera de mais de três
“
Uma refeição deve comunicar a sabedoria do passado.”
Claus Meyer
micos”, garante outro jornalista, o inglês William Drew, diretor da revista Restaurant e responsável pela premiação. “Sua comida e filosofia são únicas. Ele tenta conectar o comensal à terra, ao mar e à natureza por meio de seus pratos, de uma maneira visceral.”
OUTRAS MESAS OUTRAS EXPERIÊNCIAS Outras mesas, outras experiê O resultado desse novo movimento gastronômico é facilmente percebido. Por toda a cidade, restaurantes e cafés novos e descolados exibem cardápios baseados no uso de ingredientes locais e produtos orgânicos onde aparecem desde os mais simples caldos de legumes a versões apetitosas de sanduíches. Kødbyen, bairro ao sul de Copenhague onde funcionam os entrepostos de carne e peixe da cidade, é o destino ideal para
FOTO FERNANDA PERUZZO
meses, o restaurante instalado à beira de um dos canais que cortam a ci-
dade, no charmoso bairro de Christianshavn, oferece menus degustação com 20 pratos, no mínimo (1500 coroas dinamarquesas, cerca de R$ 450). Cada etapa é apresentada por um dos cozinheiros da casa. Não raro, o próprio Redzepi vai à mesa dos clientes falar sobre as criações do dia, sejam elas uma entrada à base de camarões vivos, aipo com trufas ou pedaços de uma pereira. “A comida é tão boa que vai explodir seus conceitos gastronô-
Frutos do mar, ostras e algas comuns nas águas geladas do mar Báltico fazem parte do repertório da nova cozinha nórdica.
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SABORES
COPENHAGUE
Um herói de carne e osso
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m ano vivendo no interior da França, na região de Gascogne, foi suficiente para transformar o destino de Claus Meyer. Apadrinhado pelo chef pâtissier Guy Sverzut, que vivia e trabalhava na pequena cidade de Agen, Meyer conheceu a verdadeira arte da cozinha. Junto com esse novo universo de sabores e texturas, o amor e a dedicação do seu mentor pela comida e tudo o que se relacionava a ela, incluindo aí os ingredientes, a terra e o clima, deram a ele uma nova perspectiva. De volta à Dinamarca, ele começou a se dedicar à gastronomia. Primeiro, tentando reproduzir pratos e importando ingredientes franceses. Depois, colocando em prática o ideal francês da boa mesa que aprendeu por lá: o terroir. “Guy me ensinou que uma refeição deve sempre expressar o território e comunicar a sabedoria do passado”, comenta Meyer. Misto de delicatessen e café, o Meyer’s Deli oferece um dos brunchs mais famosos da cidade.
QUEM OFERECE Restaurantes obrigatórios para apreciar a Nova Cozinha Nórdica em Copenhague
NOMA_+45 32963297 Strandgade, 93 www.noma.dk
quem deseja provar as novas delícias nórdicas. Descontraída, a região abriga lugares como o restaurante-bar BioMio, que serve sanduíches, sopas e saladas; Kødbyens Fiskebar, especializado em frutos do mar; PatéPaté, que oferece delícias locais com um acento estrangeiro desde o café da manhã até o jantar. O The Paul, do chef Thomas Herman, é endereço certo para quem busca uma experiência marcante. Assim com o Paustian, do chef Bo Beck. Ambos fazem gastronomia de primeiríssima linha, como suas estrelas no Michelin
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podem confirmar. “Existe também um lugar chamado Harry´s Place, que serve o melhor cachorro quente que eu já comi”, garante a chef Manu Buffara, que já passou duas temporadas na cidade, trabalhando no Noma. Para completar o roteiro, o imperdível Meyers Deli, uma delicatessen onde é possível comprar ou consumir in loco todas as criações do seu proprietário, o visionário Meyer. São cervejas, vinagres, pães, bolos, sanduíches, sopas, omeletes, queijos e frios que vão mudar para sempre a sua ideia do que seja um simples lanchinho.
BIOMIO_+45 3175 6537 Halmtorvet, 19 www.biomio.dk KØDBYENS FISKEBAR_+45 3215 5656 Flæsketorvet, 100 www.fiskebaren.dk PATÉPATÉ_+45 3969 5557 Slagterboderne, 1 www.patepate.dk HARRY´S PLACE_+45 3581 2669 Nordre Fasanvej, 269 MEYERS DELI_+45 3325 4595 Gammel Kongevej, 107 www.meyersdeli.dk
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COLUNA
ANDREA VIEIRA
mulheres na cozinha O ano é 1999 e estou correndo an-
revistas, jornais e programas de televisão
siosa para chegar ao lançamento do livro da Ruth Reichl no Centro Cultural 92Y, em Nova Iorque. Após a palestra, a famosa crítica de restaurantes do New York Times, capaz de ditar o sucesso ou o fracasso de um estabelecimento, estará autografando seu primeiro livro, o Tender at the Bone. Não posso perder esta oportunidade de jeito nenhum. E não perdi. Ainda guardo com carinho meu livro com a assinatura da mestra. Foram suas críticas que me fizeram sonhar em um dia poder escrever sobre gastronomia. Naquele mesmo ano ela assumiu o cargo de editora-chefe da extinta Gourmet Magazine. Com seis prêmios da James Beard Foundation, é reconhecida até hoje como uma das pessoas mais influentes dentro do universo da gastronomia nos Estados Unidos. Mas por que estou falando dela? Para lembrar que discussões sexistas e preconceituosas sobre o sucesso de um gênero ou de outro não tem mais espaço no mundo de hoje. A cozinha deveria ser avaliada por mérito e não se a chef tem TPM. Ruth Reichl é um belo exemplo de sucesso, em que o ser ou não mulher sempre esteve fora de questão. Mas por que é tão difícil encontrar chefs mulheres tão respeitadas e reconhecidas quanto os chefs homens? Junto da bem-sucedida Ruth, inúmeras são as que dentro das cozinhas profissionais – ou em livros,
– contribuíram para o desenvolvimento da gastronomia, servindo de inspiração para cozinheiros e chefs mundo afora. Palmas para Julia Child, Alice Waters, Marcella Hazan e, claro, Anne-Sophie Pic, renomada chef francesa que ganhou agora em 2011 o prêmio de Melhor Chef Mulher de uma das mais respeitadas premiações da indústria de restaurantes, a The S.Pellegrino World’s
reiras brasileiras, digo chefs, Mara Salles, Flávia Quaresma, Roberta Sudbrack, Ana Luiza Trajano, Carla Pernambuco, Renata Braune, Morena Leite e Benê Ricardo. Orgulho de termos tantas artistas representando o Brasil neste ainda tão preconceituoso mercado. Palmas a todas as mulheres que, movidas pela paixão à profissão, trabalharam sério e com dedicação, promovendo a culinária como um todo. E que principalmente não se deixaram abater frente às dificuldades inerentes a esta escolha. Parabéns a Elena Arzak, Nadia Santini, Hélène Darroze. As mulheres podem ter uma cozinha mais emocional, ou não; muitas são extremamente baseadas na técnica, outras se permeiam pelas tradições; podem ser mais detalhistas com pratos ou ter uma cozinha mais rústica. Seria impossível agrupar dentro de uma única característica. É verdade, porém, que choramos mais, as cólicas existem, a força física será quase sempre menor. Mas em nada essas características as impedem de liderar uma brigada, de desenvolver fornecedores ou de ser criativas e organizadas. Enquanto o foco estiver no ingrediente, no sabor, no aroma, na textura, saciando a fome e o prazer dos comensais, a chef deverá ser julgada apenas pelo degustado.
“
A cozinha deveria ser avaliada por mérito e não se a chef tem TPM.”
50 Best Restaurants. Em 2007, ela também veio a aumentar de três para quatro o número de mulheres que já ganharam três estrelas do Guia Michelin, na França. Palmas para as inglesas Angela Hartnett, Anna Hansen e Clare Smyth (três estrelas Michelin), que junto com Margot Janse (África do Sul), Gabrielle Hamilton (Estados Unidos) e a brasileiríssima Helena Rizzo, inauguraram agora no mês de março em Londres a Girls’ Night Out, um encontro internacional de chefs para celebrar o talento feminino dentro da culinária.
Talento que não falta às nossas guer-
Andrea Vieira é chef de cozinha e foi titular da coluna Sabor, do suplemento Viver Bem, da Gazeta do Povo
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NOTAS SABORES
O Restaurante Le Bourbon já definiu o cardápio para o Curitiba Restaurant Week. Entre as opções de prato principal está o filé de abroteia na farinha panko ao molho tarê, acompanhado de musseline de clorofila e tomates confit recheados com cogumelos silvestres. Para a sobremesa, destaque para a marquise de chocolate ao culis de frutas vermelhas. Rua Cândido Lopes, 102, Centro , Curitiba, (41) 3221-4600. www.bourbon.com.br
SABOR ÚNICO Para aproveitar os últimos dias de temperaturas mais quentes, a cervejaria alemã Paulaner tem uma sugestão saborosa. É a Hacker-Pschorr Munich Gold, uma cerveja do tipo lager, de baixa fermentação, sabor único e final de boca que marca a qualidade do lúpulo empregado. O produto pode ser encontrado nos melhores supermercados, adegas, delicatessens, bares e restaurantes. www.portoaporto.com.br
FOTS DIVULGAÇÃO
SEMANA DO RESTAURANTE
ÍNDICE
203 ACONTECEU
196 Jantar VIP
200 Urban Gallery
Cyrela apresentou o
A Brookfield inaugurou a
novo empreendimento
pintura de 45 metros do artista
Ópera Unique Home
plástico André Mendes
197 Mini fashionistas Grife infantil Monnalisa apresentou os destaques
COLUNAS
204 Nemécio Müller Social
para as próximas estações
198 Impelle Cabral Nova loja recebeu clientes para o lançamento da coleção inverno
199 Universo feminino Maureen Miranda recebeu amigos e convidados em mostra no Shopping Mueller
205 Nadyesda Almeida Social
Av. João Gualberto, 1946 • Curitiba Paraná 41 3250.5511 | www.hslcuritiba.com.br
ACONTECEU
INAUGURAÇÃO
Jantar VIP Cyrela apresentou o novo empreendimento Ópera Unique Home FOTOS LIDIA UETA
N
o dia 26 de março, a Cyrela Paraná realizou a primeira edição do Circuito Cyrela de
Gastronomia. Clientes foram recebidos para um jantar com a chef Manu Buffara. Na ocasião, foi apresentado em primeira mão o Ópera Unique Home. Localizado na Rua Paulo Gorski, o empreendimento conta com mais de 35 opções de lazer e infraestrutura, em um terreno com 33,5 metros quadrados e um bosque nativo que ocupa dois terços do terreno.
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4 1. Julia Loyola e Beto Madalosso. 2. Daniel Khury e Cláudia Pimentel Slaviero. 3. Carlos Pansarelli, Cintia Peixoto, Vanessa Taques, Tina Gabriel e Alex “Chalita. 4. Andrea Omeiri (Bazaar Fashion) e Omar Omeiri (Proprietário da La Bodegha). 5. Luciano Goes (Diretor de Vendas da Lopes) e Daniel Gonçalves (supervisor de Produto da Cyrela). 6. Ricardo Batista (Gerente Comercial Cyrela) e Mirielle Batista.
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MONNALISA
ACONTECEU
Mini fashionistas
Grife infantil Monnalisa apresentou os hits das próximas estações
N
o dia 17 de março, a grife italiana infantil
Monnalisa
lançou
o
preview da coleção outono/
inverno
2012.
Na
ocasião, clientes
e formadoras de opinião tiveram a oportunidade de conferir um charmoso desfile
que
destacou
os
hits
das
próximas estações. Um cenário invernal foi estrategicamente apresentado para registrar os looks das minifashionistas, presenteadas com “canecas mágicas” que revelavam as apostas da nova coleção. FOTOS CAROL SÁBIO E SABRINA GODARTH
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1. Equipe Monnalisa. 2. Elen Costa Barreto com Gabriela. 3. As modelos mirins prontas para o desfile. 4. Aglair Nora com a neta Valentina e a filha Patrícia Almeida. 5. Patrícia Cristina Dorigo com Camily. 6. Os gerentes da Monnalisa em Curitiba, Michele Mroz, Lorey e Alexandre Ricardo, com Leticia Lopes, consultora de marketing da marca.
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ACONTECEU
IMPELLE CABRAL
Lançamento Nova loja recebeu clientes para o lançamento da coleção inverno
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epois de dez anos da loja no Batel, a grife
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Impelle lança mais um empreendimento da marca no Cabral, com projeto assinado
pelo renomado arquiteto Maurício Pinheiro Lima. Para abrir as portas em grande estilo, a no dia 8 de março para o primeiro lançamento da
FOTOS DIVULGAÇÃO
proprietária Sylvia Sartorelli recebeu suas clientes 2
coleção inverno da marca. 3
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1. Sylvia Sartorelli. 2. Adriana Winter. 3. Deise Rigler, Simone Grocoske e Alessandra Grocoske. 4. Marisa Saab. 5. Gisele Rocha Loures. 6. Nova loja do Cabral.
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EXPOSIÇÃO
ACONTECEU
Universo feminino Maureen Miranda recebeu amigos e convidados em mostra no Shopping Mueller
N
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o Dia Internacional da Mulher (08/03), o Shopping Mueller inaugurou a exposição Minhas
Mulheres, de Maureen Miranda. A artista recebeu amigos e convidados na mostra universo feminino com ilustrações em aquarela e nanquim. Maureen conta que o trabalho foi criado a partir de experiências pessoais, das mulheres que a rodeiam e do aprendizado que a própria vida lhe trouxe. 2
3
1. Leila Martins, gerente comercial do Shopping Mueller; Fernanda Petter Bundt, da Chandon no Paraná; Patrícia Gonçalves, gerente de marketing do shopping, e a artista plástica Maureen Miranda. 2. Carol Pedroso, o produtor Felipe Custódio e a artista plástica Maureen Miranda. 3. Lilian Biglia e a cantora Rogéria Holtz. 4. Nereide Michel; o produtor Paulo Martins; a gerente de marketing Patrícia Gonçalves; Adriana Cardoso, coordenadora de marketing, e Elaine Caús, durante coquetel de abertura da exposição Minhas Mulheres. 5. As jovens Natasha Nascimento e Thalita Ferronato estiveram presentes na abertura da exposição. 6. A gerente comercial Leila Martins com Francisca Cury.
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FOTOS KELLY KNEVELS
que apresentou 30 obras inspiradas no
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ACONTECEU
URBAN GALLERY
Arte Urbana
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o dia 3 de março, a Brookfield
FOTOS DIEGO PISANTE
Brookfield inaugura obra do artista plástico André Mendes em parede de 45 metros 1
Incorporações entregou oficialmente para a cidade de Curitiba mais uma
arte do Urban Gallery, projeto que promove arte urbana pelo país e já transformou 11 tapumes de diversas cidades em obras de arte. A peça do artista plástico André Mendes foi escolhida pelos internautas numa campanha digital criada para divulgar o novo empreendimento da incorporadora: o INK Champagnat. 2
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1. No andaime, André Mendes posa ao lado de sua assinatura multicolorida. 2. Daniel Fernandes, superintendente de Incorporações da Brookfield, e Maria Victoria Kalil Marquise, arquiteta da empresa. 3. Obra foi escolhida em campanha por internautas. 4. André Mendes, Zilda Fraletti e Daniel Fernandes. 5. A banda Jacobloco, que animou o evento.
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ACONTECEU 1
5. Mariana Gazal Carvalho e Allan Picheth Cechelero oficializaram a união no dia 4 de fevereiro. A linda festa foi realizada no buffet Indra Catering. Na foto, os noivos ladeados pelos padrinhos Leonardo Espolador e Fernanda Gazal Tavares Espolador.
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3 FOTO ENEAS GOMEZ
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5 FOTO EMERSON CORRÊA
1. O Lapinha Spa acaba de ganhar o World Spa Awards, na categoria Melhor Destino das Américas. Esse é considerado o prêmio mais importante do mercado de spas. Na foto, Marianne Brepohl, gerente de marketing da Lapinha, com Marc-Antoine Cornaz, diretor do Kamalaya Koh Samui (spa vencedor do prêmio Destination Spa Of The Year Asia & Australia); e Andreas Wieser, fundador e CEO do spa Lanserhof. 2. Luiz Maganhoto e Daniel Casagrande fecharam o ano em grande estilo com projetos internacionais nas cidades de Porto, em Portugal, e Buenos Aires, na Argentina. A próxima viagem já está programada para Bangcoc, na Tailândia. E não para por aí: a dupla dinâmica também está em negociações para abrir uma filial do seu escritório em Balneário Camboriú. O livro dos profissionais, Um Olhar Sobre Arquitetura, Design e Curitiba, promete vários workshops pelo Brasil, começando por Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Florianópolis e Porto Alegre. 3. A Cupcake Company celebrou em coquetel a inauguração de uma nova loja, localizada no Shopping Palladium. O espaço, com 40 m², foi projetado pelos arquitetos Leonardo Mueller e Luize Bussi. Comum a todas as demais unidades da franquia, o padrão reflete as cores da marca (rosa, marrom e verde), com ilustrações que mostram os cupcakes sendo produzidos e confeitados. Na foto, a proprietária da marca Caroline Strobel com sua mãe e sócia Ignez Strobel e o franqueado Guilherme Schumann. 4. O empresário paranaense Norton Jede, diretor da Life Fitness Store, traz ao estado os lançamentos da Feira da Internacional Health And Racket Sports Association, que este ano ocorreu em Los Angeles. Entre as novidades destaca-se o Sinergy 360, considerado um dos mais completos equipamentos para treinamento funcional.
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ACONTECEU FOTO DIEGO PISANTE
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FOTO PRISCILLA FIEDLER
1. A Rede Mabu Hotéis & Resorts, em parceria com o estilista Jefferson Kulig, promoveu no dia 25 de março um movimentado desfile em apoio ao Criadouro Conservacionista Onça Pintada, pertencente à Associação de Pesquisa e Conservação da Vida Silvestre. Na foto Denise Abujamra, Bety Wosniaki, Márcia Abujamra, o estilista Jefferson Kulig e a empresária Alice Abujamra. 2. Criança feliz...feliz a nadar! Este é o nome da coleção cantigas de roda que a loja de roupas de natação e fitness Dentro D’água disponibiliza aos pequenos nadadores, ressaltando a importância do contato da criança com a água já nos primeiros anos de vida. A proposta da loja é criar esse laço de maneira lúdica e divertida. Na foto, a pequena Gabriela Barreto, pronta para cair na água. 3. Camile Procópio e sua mãe Elizabeth Procópio receberam suas clientes no dia 27 de março para o lançamento de Inverno 2012 na LUEES& CO. 4. Tita Werner, Fabiana Karam, Márcia Ferreira e Marilde Schoembakla no lançamento da coleção outono/ inverno 2012 da loja de calçados Marreh. 5. Délio Canabrava comemorou em grande estilo o 5º aniversário de seu restaurante Cantina do Délio. O evento reuniu toda a equipe, familiares e amigos do empresário, que tem outros três empreendimentos no setor gastronômico. O restaurante de comida italiana recebeu o selo Ospitalità Italiana, uma certificação da Câmara Italiana, juntamente com o Instituto de Turismo Italiano. Na foto, a esposa, Renata Ferian Canabrava, com o anfitrião. 6. Para celebrar o Dia Internacional da Mulher, a UniBrasil promoveu o evento Mulheres Paranaenses, homenageando seis mulheres do cenário estadual. Na foto, Elenice Novak, Cintia Peixoto, Liana Leão, Fernanda Richa, Rogéria Dotti e Nilda Mott.
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FOTOS DIVULGAÇÃO
Troca de idade, almoço e Dia Internacional da Mulher: entre homenagens, elas acontecem 2
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1. No Dia Internacional da Mulher, a empresária e festeira number one, Florlinda Andraus, foi uma das homenageadas da Câmara Municipal de Curitiba por suas ações beneficentes. 2. A saison foi marcante em almoço concorrido no restaurante do golfe do Graciosa Country Clube. Entre as dezenas de elegantes, flagrei Dionéia Mendes, Julia Guérios e Suzana Slaviero em animadíssimo diálogo. 3. A decoradora e marchand Judy Nunes nos preparativos para a exposição de tableaux do renomado artista plástico Fernando Oliveira, radicado em Boston e com itinerários pelo mundo,
desembarca no próximo dia 5 de junho no elegante espaço Garimpo Arte & Design, mantido pela filha Camila Pereira de Oliveira. 4. Nina Fortes inova, contraria a todos e comemora a troca de idade com dezenas de amigos no bar Ao Distinto Cavalheiro, point tradicional de CWB, que reporta uma viagem ao tempo até a década de 50. 5. Durante encontro marcante da temporada, as amigas Yara Marom e Carmen Fregonese. 6. Nos inúmeros eventos comemorativos ao Dia Internacional da Mulher, o prestígio marcante de Gislene Macedo.
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NADYESDA ALMEIDA COLUNA
AMOR À ARTE Regina Casillo é advogada. Mas sua paixão pela arte e cultura fez com que abrisse há 20 anos um dos mais prestigiados espaços culturais de Curitiba: o Solar do Rosário. Para ela, trabalhar no que se ama é um prazer.
Como surgiu a ideia de abrir o Solar do Rosário? Meu marido e eu sempre gostamos de arte, de livros e de cultura. Quando apareceu a oportunidade de adquirir a casa histórica no Centro Histórico, em 1989, não pensamos duas vezes. Nestes 20 anos de Solar o que mais gostou de fazer? De promover os artistas da terra e conviver com pessoas que partilham do mesmo ideal. Uma experiência inesquecível? O nascimento das três filhas e dos cinco netos. Qual o melhor presente que já recebeu? O Solar do Rosário. Outro dia disse à família que iria fazer uma réplica pequena da Casa e pendurá-la no pescoço [ri]. O que você considera a mais profunda miséria... A total ignorância, a impossibilidade de melhorar, se educar, crescer. A falta de horizontes. Uma pessoa inteligente... João Casillo, meu marido.
do Rio Branco pelo trabalho cultural desenvolvido, das mãos do presidente Fernando Henrique Cardoso. Arte é... O conceito de arte a partir do sé-
erência. Arte é ter coragem de se expor, de se colocar inteiro na obra. O que adoça sua vida? A convivência com as pessoas. Gosto de gente!
Sonho de consumo... Ter todo o tempo do mundo para viajar, viajar, viajar. Uma realização pessoal... Ter recebido em Brasília a Ordem
culo 20 ficou mais amplo. Mas só acredito na arte e no artista que trabalha seu talento com sinceridade, construindo seu caminho. O dom tem que ser burilado com co-
E o que deixa a vida mais amarga? Sentimentos negativos e a falta de fé que reina no mundo atual.
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PUROS
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1. Um grupo de curitibanos participou do 14º Festival Internacional del Habano, realizado no Palácio de Convenções de Havana, em Cuba. Na foto, em um táxi cubano modelo Buick: Ivelson Salotto, Ivan Bonilha, Luiz Henrique Cubas, Reinaldo Bessa e Alceu Vezozzo Filho (em pé); Carlos Werner e Veríssimo Cubas (sentados). Este grupo já foi várias vezes ao festival, que reúne aficionados do mundo todo. Neste ano quem estava lá era o ator e músico James Belushi. O evento inclui feira, palestras técnicas, concurso de habano sommelier e visitas a fábricas e plantações de tabaco.
2. Alceu Vezozzo Filho mostra sua coleção de charutos guardadas em um dos cofres da famosa La Casa del Habano do Club Habana, a sua preferida em Cuba. 3. Jader da Rocha com a caixa de charutos que ganhou no sorteio do festival. 4. Veríssimo Cubas, Luiz Henrique Cubas, o pianista e maestro cubano Chucho Valdés, Ivan Bonilha e o advogado paulista Ivelson Salotto, no Hotel Meliá Habana. 5. Reinaldo Bessa degustando um puro no Club Habana. 6. O grupo visitando a fábrica H. Upmann, uma das mais tradicionais marcas de charutos cubanos, em Habana Vieja. , abril 2012
PÉS 7. A DJ e produtora musical Bibba Pacheco com o empresário e designer Alexandre Birman, da Schutz, na inauguração da loja em Curitiba. TALENTO 8. A marchand Zilda Fraletti e o artista plástico Carlos Eduardo Zimmermann
na abertura de sua exposição intitulada Cor e Luz, na galeria Zilda Fraletti. NOVOS MAQUIADORES 9. Os hair slylists Ricardo e Viktor (de branco), do Vimax Beauty, estão felizes com a chegada de mais dois maquiadores para a equipe: Dekka Santos e Tiago Straub.
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LUÍS HENRIQUE PELLANDA
felicidade de macaco
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erta manhã, ao acordar de sonhos intranquilos, dei comigo na cama metamorfoseado num narrador sterniano, monstruoso e digressivo. Sabendo, porém, que jamais atingirei o nível de um Machado de Assis, é melhor poupá-los da tensão literária de meus pesadelos e mudar logo de assunto. Falemos sobre o tempo, este estepe universal de todo e qualquer papo furado. Pois acordei, olhei pela janela e vi nuvens; conferi o calendário: março chegava ao fim. Era outono, portanto — sim, e daí? O que isso significava? Lembro que me fiz essa pergunta diante do espelho. Cara inchada, peito nu. O queixo embranquecido pela barba de dois dias. É outono, mas — e daí? Daí que pensei na escolinha primária. Foi lá que, há quase quatro décadas, submeti minha pureza a uma austera sequência de tias — umas bonitas, outras heroicas — que, em comum, possuíam principalmente a tara de definir cada estação do ano a partir de um punhado de
características básicas, líricas, imutáveis. O outono, por exemplo, seria sempre um poético amarelar de folhas, um depenar de bosques e arvoredos, um brotar obrigatório de frutos. Quantas cartolinas não estampei com a aridez daqueles pomares secos? Quantas árvores não condenei à calvície compulsória, a uma feiura de caveira, apenas para lhes conceder a bênção da fertilidade, somente para
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quantas árvores não condenei À calvície compulsória, a uma feiura de caveira?”
carregá-las de pitangas, goiabas e gabirobas? Fui cruel, fui burro sem saber. A incongruência daquelas pinturas era tanta, a paisagem, tão fria, que mil vezes me vi forçado a desenhar ali, num galho pelado de ameixeira, ou na copa invisível de um pé de araçá, um ou outro macaquinho verde, azul, furta-cor. E cada sagui roxo que eu criava, cada capuchinho lilás, cada mico de giz de cera
merecia das tias um dez, uma estrelinha infalível. A ideia era esta: ao comerem amoras, os bichos conferiam utilidade às amoreiras. Mas, com licença: abro aqui um parêntese luxuoso. Falei de árvores e macacos e agora, inesperadamente, preciso citar um Nobel. É que Orhan Pamuk, o romancista turco, uma vez comparou o narrador digressivo a um macaco feliz, pulando livremente de um galho a outro. E só hoje me ocorreu a dúvida: o que seria a felicidade para um macaco? Vou além: e o narrador concentrado, sintético, essencial? Seria por acaso um macaco triste, um medonho bugio de realejo? Fato é que as tias estavam erradas. Nem toda planta se desfolha entre março e julho, e há frutas o ano inteiro. Voltei ao espelho, em busca de uma resposta visual: o que é o outono? Seminu, espectral, meu reflexo não precisou dizer nada — e nem poderia, pois babava ao escovar os dentes. Só sei que na noite daquele mesmo dia, pouco antes de me entregar a novos e recorrentes sonhos intranquilos, deitei na cama metamorfoseado pela segunda vez. Eu havia me tornado um terrível homem de meia-idade. Luís Henrique Pellanda é escritor e jornalista. luispellanda@gmail.com Twitter: @lhpellanda
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ILUSTRAÇÃO SIMON DUCROQUET
CRÔNICA