Revista TopView #136

Page 1

E D I T O R E S

E D I T O R E S

hwihnd

AO AR LIVRE CURITIBANOS REDESCOBREM O PRAZER DE OCUPAR O ESPAÇO URBANO

CINEMA PARANAENSE OS NOMES QUE ESTÃO SE DESTACANDO DENTRO E FORA DO PAÍS

FUJA DA FOLIA DESTINOS PRÓXIMOS DA CAPITAL PARA FICAR LONGE DO AGITO NO FERIADO

E MAIS: O PERFIL DA BAILARINA ELEONORA GRECA I POLO GASTRONÔMICO DO BATEL SOHO I RESTAURANTES PARA VEGETARIANOS












EDITORIAL

Alma curitibana

N

ativos e forasteiros não podem negar. Curitiba tem passado por várias transformações nos últimos anos. Não só físicas e que saltam aos olhos – como a expansão imobiliária que transformou a cidade num grande canteiro de obras e os cada vez piores congestionamentos – mas também mudanças de comportamento. Aos poucos aquele ar introspectivo herdado dos colonizadores europeus vai perdendo força à medida que a cidade cresce. Falar com estranhos na praça já não é habilidade exclusiva dos “moradores-estrangeiros” vindos de outros centros urbanos do país em busca de mais qualidade de vida. Levamos tudo isso em conta quando preparamos a TOP VIEW de fevereiro, que, de várias formas e abordagens, buscou revelar um pouco mais dessa ALMA CURITIBANA. Como não poderia faltar numa edição como esta, fomos atrás de talentos da arte local e desvendamos a linda história de Eleonora Greca, que por mais de 30 anos esteve no posto de primeira bailarina

do Balé Teatro Guaíra. Também preparamos uma matéria especial sobre os cineastas paranaenses que têm se destacado dentro e fora do país, elevando a produção cinematográfica do estado a outro patamar. Nosso editorial de moda tomou conta dos espaços urbanos da capital. Espaços estes que estão, enfim, sendo ocupados (e desfrutados) pelos curitibanos. O novo hábito é tema de uma reportagem especial, que fala de iniciativas públicas e privadas que têm levado as pessoas mais às ruas. Também apresentamos sugestões de viagem, pertinho de Curitiba, para quem quer fugir do agito nesse carnaval (e nos próximos feriados do ano). Nas páginas de gastronomia, mostramos como e por que o Batel Soho se transformou no principal polo gastronômico da cidade e ainda trazemos dicas de restaurantes (não vegetarianos) para quem prefere não comer carne. Alice Duarte, editora-chefe alice@topview.com.br

twitter

@redacaotopview facebook

View Editores Curitiba

A TOP VIEW pode ser acessada na íntegra em seu

CANAL COM O LEITOR

tablet. Basta baixar o aplicativo gratuitamente na

>> A TOP VIEW quer ouvir a

Apple Store, escolher a edição e ler o conteúdo

sua opinião sobre o conteúdo

completo. Todas as revistas publicadas desde

da revista. Por isso estamos

janeiro de 2011 estão disponíveis.

abrindo um canal para você enviar seus comentários, críticas e sugestões de reportagens. Entre em contato pelo e-mail faleconosco@topview.com.br

CAPA >> foto Paulo Cibin

ou envie cartas para o endereço:

styling e produção de moda Patrícia Sabatowitch

modelo Luana Biaca (Nass Model Mgmt),

maquiagem Vinicius Lavezzo (Torriton Taunay Hair n’ Care)

veste blusa Mixed, cinto Andrea Marques para Bazaar

cabelo Thiago Vilas Boas (Torriton Taunay Hair n’ Care)

Fashion, pulseira no braço esquerdo Silvia Döring, brinco, pulseira no braço direito e anel Maria Dolores.

VIEW

12

Rua Fernando Simas, 252. Batel. Curitiba PR. CEP 80430-190



NESTA EDIÇÃO

COLABORADORES Gente que empresta seu talento à TOP VIEW

O hair stylist THIAGO VILAS

A partir de um convite feito pelo

O designer gráfico ROGER SANTMOR

BOAS e o make-up artist VINÍCIUS

fotógrafo Paulo Cibin, EROS HOBMEIR

é um amante incondicional da

LAVEZZO – do Torriton Taunay – são

participou como assistente de

fotografia. Foi um dos assistentes do

os responsáveis pelo look incrível da

fotografia no editorial de moda desta

fotógrafo Paulo Cibin no editorial de

modelo Luana Biaca, que estampa o

edição. Ele começou sua carreira no

moda desta edição. Com um olhar

nosso editorial de moda deste mês.

fotojornalismo com coberturas de

passageiro e obcecado pelos flashes

A dupla inseparável também realiza

shows nacionais e internacionais, mas

das câmeras fotográficas, Santmor

shows performáticos pelo Brasil

foi fisgado pelo furor fashion. Nomes

atualmente se dedica 100% à fotografia.

vestida de drag queen. “No fiel estilo

como Lara Jade, Sara Kiesling, Annie

vintage, é claro”, destaca Lavezzo.

Leibovitz e Adam Elmakias fazem parte do quadro de referências do artista.

EXPEDIENTE Publisher Cintia V. Peixoto

topview@topview.com.br

Editora-chefe Alice Duarte DRT-PR 4624 • alice@topview.com.br Redação Alexandre Lara Fabiane Tombely

alexandre@topview.com.br

fabiane@topview.com.br / Paula Melech • paulamelech@topview.com.br

Projeto gráfico e direção de arte Iraisi Gehring • iraisi@topview.com.br Design Diego Fernando Olejnik • diego@topview.com.br Leonardo Henrique Stawski • leonardo@topview.com.br / Natalia Richert • natalia.richert@topview.com.br Tratamento de imagens Pixel Diver Revisão João Batista Ribeiro Produção Gráfica Malu Tavares CTP, impressão e acabamento IBEP Gráfica Colunistas Guilherme Rodrigues, Nadyesda Almeida, Nemécio Müller e Ruy Barrozo. Colaboradores Carolina Gomes, Bia Moraes e Yasmin Taketani Utrabo Diretora-comercial Cintia V. Peixoto Publicidade Lúcia Garcez Duarte, Neuri Júnior, Regina Rocha e Antônio Felippe Netto • comercial@topview.com.br Logística Franciele Cristina Pires • logistica@topview.com.br Assinatura Central de Atendimento (41) 3016-0060, de segunda a sexta, das 9 às 18 horas • assinatura@topview.com.br View Editores Rua Fernando Simas, 252. Batel. Curitiba. CEP 80430-190 • Tel.: (41) 3322-6000 e 3016-0060 • www.topview.com.br Efetuando sua assinatura, seu nome será incluído na lista de clientes preferenciais da Editora, que poderá cedê-lo a empresas idôneas para fins de divulgação e promoção de produtos

E D I T O R E S

de seu interesse. Caso não queira fazer parte desta lista, escreva para a revista. As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista TOP VIEW Curitiba. E D I T O R E S



VIEW

MAKING OF

Made in Curitiba foto Eros Hobmeir

foto Roger Santmor

O editorial de moda deste mês traz a mulher contemporânea, que quer elegância sem abrir mão do conforto

foto Eros Hobmeir

Para compor o cenário, a ideia foi contrastar os arredores da Praça da Espanha com o centro histórico.

VIEW

16

R

etratar Curitiba e as curitibanas foi o conceito que norteou a produção das fotos do editorial de moda desta edição. Diferente dos tradicionais pontos turísticos, como Jardim Botânico e Museu Oscar Niemeyer, a escolha do cenário privilegiou a questão estrutural da cidade. A ideia foi contrastar a região histórica nas proximidades do Paço Municipal, no Centro, com os arredores da badalada Praça da Espanha, no Batel Soho. O styling foi pensado na mulher contemporânea, que fica a maior parte do dia fora de casa e quer elegância sem abrir mão do conforto. Como por aqui não faz calor o tempo inteiro, mesmo na estação mais quente do ano, a pro-

dutora de moda Patrícia Sabatowitch optou por incluir blazers e camisas de manga comprida. Os toques de cor e os acessórios foram contrastados com looks mais neutros. Colares e brincos, além de combinações de pulseiras nos dois pulsos e anéis, completaram o charme das peças. “Queremos ressaltar a beleza natural da mulher e mostrar que tendências de moda podem ser incluídas na rotina”, salienta Patrícia. Até o tempo ajudou a completar o conceito do ensaio. Por força do destino, estava nublado no dia da produção das fotos. “A luminosidade cinza é muito bonita para fotografar e tem tudo a ver com o clima da cidade”, diz o fotógrafo Paulo Cibin.



ÍNDICE

40

22 AGENDAS Exposições, concertos e apresentações

66 Notas elas Variedades sobre moda, consumo e estilo

PERSONAGENS 40 A vida se baila

74 Carnaval do rock

O perfil da bailarina

atrair 12 mil pessoas

Eleonora Greca, que por

para a capital no feriado

Psycho Carnival deve

30 anos esteve à frente do Balé Teatro Guaíra

82 Coluna Newsport Montadoras exibem no

46 Um cinema em ascensão Produção audiovisual do

Brasil seus modelos elétricos e híbridos

Paraná tem se destacado dentro e fora do país

88 Notas eles Variedades sobre moda,

ESTILOS 58 Sob o céu de Curitiba Com looks no melhor estilo casual urbano, nosso editorial

consumo e estilo

ESPAÇOS 68 CWB nas ruas

de moda toma conta das

Curitibanos redescobrem

ruas da capital

o prazer de frequentar as praças e o comércio de rua

58



ÍNDICE

106

90 Notas gadgets

106 Prazeres sem carne

Lançamentos, tecnologia

Restaurantes passam a

e design

oferecer opções vegetarianas no cardápio

ARREDORES 92 Fuja da folia

110 Coluna Andrea Vieira

Destinos próximos da capital para passar o feriado sem estresse

98 O melhor das cidades Roteiro de passeio e compras em Miami

SABORES 100 Gastronomia fina Batel Soho se consolida como importante polo gastronômico da cidade

111 Notas Dicas e novidades gastronômicas

134 Crônica Luís Henrique Pellanda

74



AGENDA

EXPOSIÇÃO

Arte e história foto divulgação

Exposição no MON faz uma retrospectiva do Salão Paranaense, marco das artes do Paraná

A multiplicidade de estilos é o diferencial da exposição, que reúne os principais artistas paranaenses.

Q

uem quer conhecer mais sobre a trajetória do Salão Paranaense não pode perder a mostra Desejo de Salão, que permanece em cartaz no Museu Oscar Niemeyer (MON) até março. O evento, um dos principais de artes plásticas do país, é promovido pelo Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC/PR) desde 1944. A curadoria é da professora e crítica de arte Maria José Justino. Desde a sua criação, a produção cultural no Paraná e o ambiente institucional sofreram transformações que situam o estado num lugar próprio no sistema da arte no Brasil. “Refletir sobre essas mudanças é fundamental para a elaboração de uma política de

VIEW

22

artes visuais no Paraná”, destaca o secretário de Cultura, Paulino Viapiana. A multiplicidade de estilos é o diferencial da exposição. O convite ao espectador-viajante é para se perder no turbilhão das linguagens, buscando ver a arte nela mesma, no seu meio de expressão, capturando os sentidos pela forma. Na exposição, o público vai se deparar com obras de Alfredo Andersen, Theodoro de Bona, Guido Viaro, Miguel Bakun, Rubens Gerchman, Antonio Maia, Fernando Velloso, Ione Saldanha, Marcos Benjamin, Yolanda Mohalyi, Raul Cruz, Patricia Osses, Roberto Leal, Eliane Prolik, Rones Dumke, Ruben Esmanhotto, Luiz Henrique Schwanke, entre outros.

SERVIÇO: Desejo de Salão – Salão Paranaense, uma Retrospectiva Até 18 de março de 2012 Museu Oscar Niemeyer Rua Marechal Hermes, 999 Curitiba – PR (41) 3350-4400 www.museuoscarniemeyer.org.br



AGENDA

EXPOSIÇÃO

Arte sustentável foto divulgação

Artesãos participam da mostra Técnicas da Imaginação na Sala do Artista Popular

Ao lado, a obra esculpida com metal e chapas de ferro pelo artesão João Juveniano Cardoso. Um retrato do pioneirismo da região Norte e Noroeste do Paraná.

C

hapas de ferro, massa corrida, madeira, raiz de árvore derrubada, cerâmica e material reciclado. Tudo isso virou escultura nas mãos de quatro artesãos, que até o dia 2 de março expõem seus trabalhos na Sala do Artista Popular. A mostra Técnicas da Imaginação tem entrada gratuita. Inês de Jesus é natural de Pitanga (PR) e desenvolve esculturas com raízes de árvores que foram derrubadas para a construção de casas. O artesão João Juveniano Cardoso trabalha com restos de podas de árvore, chapas de

VIEW

24

ferro e massa corrida. As obras produzidas por ele retratam o pioneirismo das regiões norte e noroeste do Paraná. Frank Novakoski nasceu em Antonina, mas foi criado em Colombo, Região Metropolitana de Curitiba. Ao ingressar na Guarda Mirim, começou a desenvolver atividades culturais, entre elas o manuseio de cerâmica, material utilizado nas peças que estarão expostas na Sala do Artista Popular. O curitibano Osires José Boltão, que também participa da mostra, confecciona réplicas de aviões, motocicletas e trens com a técnica da reciclagem.

SERVIÇO: Exposição Técnicas da Imaginação Sala do Artista Popular (anexa à Secretaria de Estado da Cultura) Rua Saldanha Marinho, s/nº, Centro Até 2 de março De segunda a sexta-feira, das 10 às 18 horas (entrada gratuita) (41) 3321-4743 www.cultura.pr.gov.br



AGENDA

EXPOSIÇÃO

O poder das imagens foto divulgação

Casa Andrade Muricy e Museu Oscar Niemeyer apresentam mostras fotográficas

Fotografias ampliadas de personalidades ligadas ao Paraná estão expostas na Torre do MON.

O

s espaços da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná têm opções para quem gosta de apreciar boas fotografias. No Museu Oscar Niemeyer (MON), fotos de 23 personalidades ligadas ao Paraná estão expostas nos quatro pisos da Torre de Fotografia. Elas fazem parte da Série Entrevistas, projeto editorial desenvolvido no jornal Gazeta do Povo em 2011. As imagens vêm acompanhadas de textos do jornalista José Carlos Fernandes, que divide a curadoria da mostra com Alexandre Mazzo, editor de fotografia do veículo. As imagens ficam expostas até 26 de fevereiro. Os ingressos custam R$ 4.

VIEW

26

Na Casa Andrade Muricy, está em cartaz a exposição Zeitsprung – Salto no Tempo, com cerca de 100 fotografias de Erich Salomon e Barbara Klemm. Os dois fotojornalistas possuem fundamental importância para a cultura alemã. O primeiro retratou de forma ímpar grandes acontecimentos políticos nas décadas de 1920 e 1930 e é considerado o pai do fotojornalismo político moderno. Já Barbara capturou momentos cruciais da história da Alemanha, como a queda do muro de Berlim, focando o lado social e psicológico das pessoas que testemunharam esses acontecimentos. A mostra fica em cartaz até 11 de março. A entrada é gratuita. .

SERVIÇO: Série Entrevistas Museu Oscar Niemeyer Rua Marechal Hermes, 999. Centro Cívico. Terça a domingo, das 10 às 18 horas. (41) 3350 4400 Zeitsprung – Salto no Tempo, de Erich Salomon e Barbara Klemm. Casa Andrade Muricy Alameda Dr. Muricy, 915, Centro Terça a sexta-feira, das 10 às 19 horas. Sábado e domingo, das 10 às 16 horas. (41) 3321 4798 www.cultura.pr.gov.br



AGENDA

EXPOSIÇÃO

Poesias visuais foto Kristiane Foltran

Mostra de Kristiane Foltran traz imagens desconstruídas com dupla exposição digital

As imagens possuem um forte grafismo e muitas delas lembram pinturas.

A

mostra fotográfica IN_VERSOS, da designer e fotógrafa Kristiane Foltran, apresenta trabalhos de dupla exposição digital, feitos diretamente na câmera e sem manipulação, que desconstroem as imagens de paisagens naturais e levam o observador a mergulhar em um mundo imagético e movimentado, em novas histórias e poesias visuais. As imagens possuem um forte grafismo, influência do design gráfico, e muitas delas lembram pinturas e gravuras. Para a exposição foram escolhidas 16 imagens em três formatos, todas impressas em fine art e numeradas, seguindo os padrões de galerias internacionais. Uma caixa contendo o portfólio das obras será vendida em tiragem limitada

VIEW

28

e formato 15x15 cm. O conceito de impressão fine art na fotografia é o de permanência. Dependendo das condições de preservação, os materiais podem ficar mais de 200 anos sem qualquer perda de qualidade, alteração de cor ou desbotamento das tintas e do papel. Os papéis utilizados são compostos 100% por fibra de algodão, que possui pH neutro. O trabalho da fotógrafa trata da sublimação do belo através do sonho e sobrevoa as mais diversas emoções humanas, para as quais somos transportados durante a viagem por suas obras. IN_VERSOS é a primeira exposição individual da artista, que possui destaques em prêmios fotográficos e diversas exposições coletivas realizadas.

SERVIÇO: Exposição IN_VERSOS Até 23 de março Espaço de Arte Rua Alberto Folloni, 1.534, Curitiba (41) 3015-6320 www.escolaportfolio.com.br



AGENDA

EXPOSIÇÃO

Mestre da gravura imagens divulgação

Do ateliê de Carlos Oswald saíram os croquis do monumento máximo brasileiro: o Cristo Redentor

O artista imprimia o jogo de claro e escuro em suas obras, marca que o acompanhou durante sua carreira.

O

bras de um dos nomes mais importantes das artes plásticas brasileiras no século 20 poderão ser apreciadas na exposição Carlos Oswald – O Resgate de um Mestre, na Caixa Cultural. Trata-se de uma retrospectiva com 70 dos mais relevantes trabalhos do artista. A mostra, que tem curadoria assinada por Paulo Leonel Gomes Vergolino, fica em cartaz até o dia 26 de fevereiro. “Carlos Oswald é, sem dúvida, um dos maiores expoentes da gravura artística brasileira”, explica o curador. “Na exposição, colhi trabalhos rarís-

VIEW

30

simos, passando por toda a trajetória do artista. Os temas mais recorrentes trazem representações religiosas, de paisagens, de figuras humanas e da vida animal.” Quem visitar a exposição vai perceber o traço firme do artista e notar o jogo de claro e escuro que ele imprimia em suas obras, marca que o acompanhou durante sua carreira. Foi Oswald quem, a partir de 1913, se empenhou na divulgação, no Brasil, da gravura como expressão artística e não somente como meio de reprodução. Essa característica vai imprimir a ele e a sua forma de atuar um caráter

moderno, seguido de perto por outros grandes gravadores como Oswaldo Goeldi (1895–1961), Raimundo Cela (1890-1954), Lívio Abramo (1903–1992) e Lasar Segall (1891-1957).

SERVIÇO: Carlos Oswald – O Resgate de um Mestre Caixa Cultural Rua Conselheiro Laurindo, 280, Centro Até 26 de fevereiro (41) 2118-5114 www.caixacultural.com.br



AGENDA

SHOW

Música e poesia foto Renato Stockler

Zé Miguel Wisnik vem a Curitiba para lançar o CD duplo Indivisível

O álbum traz parcerias com nomes como Chico Buarque, Jorge Mauther e Alice Ruiz.

A

força e a poesia da canção brasileira serão mostradas no palco do Teatro da Caixa por um de seus mais representativos músicos, Zé Miguel Wisnik. O show marca a abertura da quarta temporada da Série Solo Música no dia 28 de fevereiro. Uma vez por mês, o projeto traz artistas de gêneros musicais diversos que se apresentam sozinhos no palco, sempre às terças-feiras. Wisnik, que é pianista, cantor, compositor, crítico e escritor, vem à Curitiba para lançar o CD duplo Indivisível – o quarto de sua carreira. O disco traz parcerias com nomes como Chico Buarque, Jorge Mautner, Marcelo Jeneci, Guinga, Alice Ruiz, Luiz Tatit, Paulo Neves e Zé Tatit.

VIEW

32

Produzido por Alê Siqueira, o disco é dividido em duas partes, cada qual dedicada a um instrumento principal. O primeiro álbum conta com o piano de Wisnik para construir o clima mais denso dos arranjos. Das parcerias, a mais curiosa talvez seja Embebedando, com Chico Buarque e letra assinada por Wisnik. Já o segundo CD traz como tema a canção, sua estreita relação com a poesia, e tem como característica a leveza e a precisão do violão de Arthur Nestrovski. Este disco tem em sua faixa de abertura uma versão de Nestrovski para a Serenata, composta por Schubert. O CD segue com obras escritas por Wisnik para teatro, balé e poemas por ele musicados.

SERVIÇO: Dia 28 de fevereiro, às 20 horas Teatro da Caixa Rua Conselheiro Laurindo, 280, Centro (41) 2118-5111 www.teatrodacaixa.com.br



AGENDA

ESPETÁCULO

A magia de Varekai foto divulgação

O espetáculo do Cirque du Soleil ficará em cartaz em Curitiba por mais de um mês

Depois de Alegría e Quidam, Curitiba poderá, mais uma vez, assistir a um espetáculo produzido pela trupe.

M

ais de 100 milhões de pessoas já se encantaram com algum espetáculo desta companhia canadense, que revolucionou a história do circo. Com um total de 500 mil ingressos vendidos no Brasil desde setembro de 2011, as apresentações por aqui – que anteriormente durariam quatro semanas – foram estendidas para cinco. Em razão disso, a data de estreia foi alterada para o dia 15 de junho, ficando em cartaz até o dia 15 de julho. Varekai significa “onde quer que seja”, na linguagem cigana, os eternos viajantes. Esta produção presta homenagem à alma nômade, ao espírito e à arte da tradição circense e a todos aqueles que desafiam com infinita pai-

VIEW

34

xão os longos caminhos que levam a Varekai. O cenário é mágico. Uma floresta no cume de um vulcão onde tudo é possível. O espetáculo nasce da explosiva fusão do teatro com a acrobacia. O impossível torna-se possível em espantosas demonstrações de perícia e poder, com trilha sonora original e cenários do outro mundo, harmonizados com belíssimas coreografias. Uma homenagem às antigas e especiais tradições circenses dos Icarian Games, Water Meteors e Georgian Dance. A pré-venda dos ingressos começa no dia 1º de março e as bilheterias para o público em geral serão abertas no dia 2 de abril. Os preços variam de R$ 150 a R$ 395.

SERVIÇO: Varekai – Cirque du Soleil De terça à sexta-feira, às 21h; sábados, às 17h e 21h; domingos, às 16h e 20h Vendas pelo site: premier.ticketsforfun.com.br www.varekai.com.br



AGENDA

ESPETÁCULO

Isto é bom imagens divulgação

Concerto cênico une música e teatro para falar sobre a história do choro no Brasil

O repertório apresenta compositores de renome como Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth.

O

espetáculo www.istoébom. com.br traz como proposta principal a comunhão criativa entre a música e o teatro. É o resultado de um longo trabalho de pesquisa iniciado há 18 anos sobre a história da música popular brasileira. No repertório, compositores de renome como Chiquinha Gonzaga, Joaquim Antônio Callado, Ernesto Nazareth, entre outros. O concerto cênico será apresentado entre os dias 24 e 26 de fevereiro, e de 2 a 4 de março no pequeno auditório do Teatro Positivo. O grupo – formado por Zélia Brandão (flauta), Marília Giller (piano), Paulo Urban (flauta) e Anderson Antoniacomi

VIEW

36

(ator) – executa ao vivo um repertório minuciosamente selecionado, pontuado pela atuação cênica de um personagem que costura todo esse tecido histórico musical. O personagem, um pesquisador de música, tenta protocolar um projeto cultural para poder apresentar o fruto de sua pesquisa. Enquanto enfrenta todos os percalços burocráticos, é tomado por devaneios musicais que o levam ao século 19. O repertório apresenta trechos do material pesquisado acrescido de encenação, possibilitando o espectador situar melhor cada música dentro de seu contexto histórico.

SERVIÇO: www.istoébom.com.br Teatro Positivo – pequeno auditório Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300, Campo Comprido, Curitiba De 24 a 26 de fevereiro; e de 2 a 4 de março www.teatropositivo.com.br





PERSONAGENS

ELEONORA GRECA

A VIDA se

BAILA

Por mais de três décadas Eleonora Greca foi a primeira bailarina do Teatro Guaíra. Aposentou-se dos palcos, mas não da dança: respira arte e segue coreografando cada gesto do dia, enquanto prepara a primeira edição da Bienal de Dança de Curitiba por Bia Moraes I design Iraisi Gehring I foto Daniel Katz

Q

uem já viu e se emocionou com um belo espetáculo de dança pode se considerar uma pessoa de sorte. Aqueles que puderam assistir à bailarina Eleonora Greca nos palcos já se sentem privilegiados, ainda mais os que, assim como eu, tiveram a oportunidade de ver e ouvi-la bem de perto, numa conversa mais prolongada. Ela é solar. Impossível não se entregar à sua presença: é uma artista em plena performance. Duas horas de conversa com Eleonora correspondem a um espetáculo inédito e particular. Eleonora está sempre dançando, mesmo quando cumpre tarefas banais, como falar ao telefone ou olhar pela janela. Sou uma dessas pessoas de sorte, ao compartilhar diferentes momentos da artista. Em vários encontros, cada um é um pequeno espetáculo, assisto-a em casa, falando com a filha e com o marido; agradando o cachorro; trabalhando na Casa Hoffmann; circulando pela Funda-

VIEW

40

ção Cultural; assistindo a um balé no Guairão; sendo homenageada de surpresa, com uma placa comemorativa no hall do teatro... Em poucos minutos percebo que ela é uma pessoa tocada pelo destino. Dessas raras, que entendem o recado e agradecem a bênção levando adiante, com leveza, sua missão. Invento para mim uma lenda: abrem-se cortinas diáfanas; Deus, forças divinas ou anjos decretam à pequena Eleonora: “Serás bailarina, grandiosa, estrela dos palcos; levarás arte e beleza para o povo; distribuirás cultura.” A menina escuta com os ouvidos da alma e cumpre as ordens celestes. Sorte nossa.

RAINHA DAQUELE Rainha daquele palco PALCO A guria magrela, pequenininha e “sempre agitada”, nascida em Cornélio Procópio, veio pequena para Curitiba. O pai, engenheiro, mudava-se com a família conforme as obras que tocava – mas, na capital, eles chegaram e

ficaram. Educada em colégio de freiras, Eleonora sempre teve fascínio por teatro e palcos – muito antes de pensar em dança. Até que, ainda criança, deixou as aulas de natação para entrar na Escola de Danças Clássicas do Ballet Guaíra. Em 1974 já era estagiária, sob a direção de Yuri Shabelewski. Dois anos depois, com Hugo Delavalle à frente da companhia de dança, foi efetivada. Dali não saiu mais – logo se tornou rainha daquele palco. Por mais de 30 anos, Eleonora Greca foi primeira bailarina do Balé Teatro Guaíra. Despediu-se ano passado, em um espetáculo emocionado e emocionante. No mesmo palco que a consagrou, dançou uma de suas coreografias favoritas, como Beatriz, no pas de deux criado por Carlos Trincheiras para O Grande Circo Místico, ao lado do marido Wanderley Lopes. “Beatriz é um marco na minha carreira”, reconhece Eleonora. Há quem a conheça por esse papel.


“Me aposentei dos palcos como bailarina, mas nunca vou sair: a dança está impregnada em mim”, diz Eleonora que vive a arte 24 horas por dia.

41 VIEW


PERSONAGENS

ELEONORA GRECA

Sua primeira vez na pele da atriz-acrobata “de louça, de éter”, que “ensina a não andar com os pés no chão”, da grande obra de Chico Buarque e Edu Lobo, foi aos 25 anos. O ano era 1983 e a montagem do Balé Guaíra foi um sucesso absoluto. A turnê do Circo Místico durou dois anos. Mais de 200 mil pessoas assistiram a quase duzentas apresentações, em espaços lotados como o Maracanãzinho no Rio de Janeiro e o Coliseu dos Recreios em Lisboa. Eleonora-Beatriz, os personagens do circo, as músicas, as letras, o corpo de baile do Guaíra ficaram todos famosos. Na sua última aparição como Beatriz, ano passado – agora aos 53 anos – o balé foi diferente. “Sempre dancei com a música cantada. Dessa vez foi outra Beatriz.” A versão com Tom Jobim ao piano foi mostrada a Eleonora pelo próprio Edu Lobo, durante uma visita a ele. Cativou a artista no ato. “É mágica. Senti que tinha que ser assim.” Sobre a despedida, resume sem dramas: “Não queria choradeira nem discurso. Saio do palco como bailarina, mas continuo por aí! Estou trabalhando e tenho muito o que fazer. Quem sabe volto como atriz, alguma coisa assim... os convites têm aparecido, vamos ver o que acontece.” Sobre a aposentadoria, é objetiva: “Cumpri meu período no Guaíra. Fui funcionária pública sim e com muito orgulho servi à cultura do meu estado.”

CAPITAL DA DANÇA Capital da dança Disse adeus aos palcos, mas não está parada – como poderia, Eleonora? Nunca deixou de ser a menina agitada, cheia de ideias e energia.

VIEW

42

Encontro-a em plena ebulição. À frente da coordenação de dança da Fundação Cultural de Curitiba, Eleonora prepara a primeira edição da Bienal de Dança da cidade, que vai acontecer em maio. Não se intimida com dificuldades – simplesmente arregaça as mangas e corre atrás do que é preciso. De contatos com companhias de dan-

A DANÇA É VISCERAL E INTENSA. ENTREGAR O CORPO PARA ESSA ARTE É MARAVILHOSO. MAS NUNCA FIZ DISSO UMA OBSESSÃO.” ELEONORA GRECA

ça de todo o Brasil e de outros países à busca de patrocinadores, lá vai ela. Entre papéis, telefonemas, visitas e conversas (muitas conversas), “Nôra” não para de criar. Ideias a mil. Quer transformar Curitiba na capital da dança e encher os palcos da cidade, do centro à periferia. Ninguém duvide – ela vai. Detalhe importante para quem não a conhece: além de bailarina, artista, mãe, esposa e outras coisas mais, Eleonora é politizada. A silhueta miúda engana – de frágil, ela não tem nada. Tem consciência de seu papel como artista e representante da cultura. Sempre soube se posicionar, lutando por melhores condições para o balé, para a arte, para a cultura no Paraná. “Sou briguenta desde que era estagiária”, admite. “Tenho que ser exemplo, mas não gosto de picuinha, nem profissional, nem pessoal.” A primeira bailarina, então, não é diva? “Não sou do tipo que dá piti, não. Não se trata de estrelismo. Meus embates sempre foram pelo grupo. Pela companhia. Pelos bailarinos. Pelo nosso Guaíra.”

O OBOICOTE boicote Em mais de três décadas no Balé Guaíra, Eleonora Greca passou por diversas gestões, governadores, dirigentes e diretores da instituição. Viu de tudo. Estava lá quando Carlos Trincheiras dirigiu a companhia, injetou modernidade e projetou-a para o Brasil e o mundo. Foi primeira bailarina nos bons e nos maus momentos – nos governos que apoiaram a cultura no Paraná e nos que a sufocaram.


2

3

4

5

foto arquivo pessoal

foto arquivo pessoal

1. Eleonora com o marido, Wanderley Lopes, ensaiando a coreografia Exultate-Jubilate, em 1987. 2. Com os filhos Guilherme e Isadora: mãe orgulhosa e dedicada. 3. “Sou politizada e apartidária. Meu partido é a arte”, afirma. 4. Em 1995, a primeira bai larina dança o Mandarim Maravilhoso, coreografia de Júlio Mota para a obra de Béla Bartók. 5. Diva: Eleonora Greca em Tangos, no Guairão, palco que a consagrou.

foto Daniel Katz

foto arquivo pessoal

foto arquivo pessoal

1

43 VIEW


PERSONAGENS

VIEW

ELEONORA GRECA

Relembra, emocionada, da estreia no palco do Guairão como protagonista. “Giselle foi meu primeiro grande desafio.” Para aumentar o frio na barriga, estava na plateia ninguém menos do que Ney Braga – na época, o ex-governador, que voltaria ao cargo em 1979, era ministro de Educação e Cultura. Eleonora tinha sido escalada para substituir Ana Botafogo, que havia sofrido um acidente. Ao fim do

Ela gosta de estudar e tem talento para liderar. Pode-se deduzir que Eleonora ainda vai aprontar muito. Recorda que, criança, foi levada por professoras do Guaíra para assistir à companhia britânica Royal Ballet, no Rio de Janeiro. Ao ver “de pertinho aqueles bailarinos maravilhosos, entrando pela porta lateral do Municipal”, foi tocada. “Caiu a ficha”. Imagino que a Eleonora menina, que vive

espetáculo, aplausos consagradores. Em seguida vem outra história do arco-da-velha. “Daria uma novela”, diz Eleonora, rindo. Agora ela consegue fazer do episódio uma tragicomédia, narrada com gestos largos e voz dramática – mas quando viveu na pele o boicote “oficial” para as comemorações de 40 anos do Balé Guaíra, em 2009, não foi nada engraçado. Contou com o apoio dos amigos, da imprensa e, especialmente, do marido Wanderley. Eleonora conseguiu realizar a festa – mesmo banida de seu próprio espaço, o Guairão. Depois de incontáveis percalços, o evento aconteceu no Estação Embratel Convention Center. A “novela” é um pequeno exemplo do que a moça de corpo miúdo é capaz. Ela tem um forte lado executivo. Com a Eleonora Greca Produções Artísticas, prestou serviços para a Universidade do Professor do Paraná. Criou – junto com o marido e outros artistas – e presidiu a ONG Cores da Rua, que trabalha com crianças pobres e em situação de risco. Entre ensaios, cuidados com os filhos, turnês com a companhia de dança e mil outras atividades, formou-se em Administração de Empresas com ênfase em Marketing e fez pós-graduação em Administração de Pessoas na UFPR.

na Eleonora mulher, deve continuar ouvindo vozes de anjos, a lhe soprar segredos. Sorte nossa.

44

SE GOSTA DE MIM, VAI TER QUE GOSTAR DO MEU CABELO CRESPO, DOS MEUS DENTES TORTOS, DO MEU JEITO IMPERATIVO E DA MINHA ANSIEDADE.” ELEONORA GRECA

PARCERIA NO PALCO E NA VIDA Dançar com o próprio marido não é fácil. Ainda mais quando o casal é estrela da companhia. Eleonora Greca, como primeira bailarina do Balé Teatro Guaíra, e Wanderley Lopes, o primeiro bailarino, protagonizaram pas de deux inesquecíveis no palco. Mas, nos ensaios, tem briga sim, senhor. “Acontece o tempo todo entre bailarinos”, revela Eleonora. “Você se bate, cai, empurra, pisa no outro sem querer... quando é com teu próprio marido, fica ainda pior! Como não dá pra fazer ceninha na frente dos outros, o negócio é ranger os dentes, olhar de lado, continuar ensaiando e deixar a discussão para depois.” Cotoveladas e bastidores de palco à parte, a história de amor de Wanderley e Eleonora é daquelas que daria livro, novela, filme... A cumplicidade da dupla transcende desafios e supera barreiras. Ao se conhecerem, ela já tinha um filho do primeiro casamento – Guilherme, nascido em 1980. A princípio, ela não se interessou especialmente pelo jovem talentoso, estrela em ascensão na companhia. O amor entre os dois bailarinos chegou aos poucos. Eleonora havia se separado do primeiro marido “numa boa”. “Sabe quando você casa com o namorado que era teu melhor amigo? Foi assim meu primeiro casamento. Tanto que nos separamos e continuamos superamigos.” Ao lado de Wanderley, são histórias e histórias. “Ele é generoso, realista, um pai maravilhoso”, elogia. A filha, Isadora, chegou em 1988. Mas o pas de deux entre a bailarina de família tradicional em Curitiba e raízes italianas e o rapaz de origem pobre, criado em orfanato por falta de recursos dos pais, não cabe em uma reportagem. Fica para as páginas de um livro ou o roteiro de um filme.



PERSONAGENS

CINEMA

Um cinema

EM ASCENSÃO

Produção audiovisual do Paraná têm se destacado no cenário nacional pela quantidade e pela qualidade. Aos poucos os filmes conquistam prêmios e salas de exibição dentro e fora do país. Conheça os nomes que estão conduzindo o cinema paranaense a esse novo patamar por Paula Melech | design Leonardo Stawski

O

timismo – essa é a palavra do momento no cinema paranaense. Cenário de grandes talentos, a produção extrapola os limites territoriais e alcança salas de exibição em diferentes regiões do Brasil e do exterior. São curtas e longas-metragens de animação, documentário ou ficção que revelam a multiplicidade de visões e a qualidade das produções realizadas aqui. O resultado de tamanha dedicação é a abundância de prêmios que têm sido arrecadados em festivais mundo afora, trazendo ainda mais visibilidade para a produção local.

VIEW

46

Para se ter uma ideia de como as coisas evoluíram nos últimos tempos, foram 180 projetos contemplados desde 2007 por meio do Mecenato Subsidiado e do Fundo Municipal de Cultura da Fundação Cultural de Curitiba. Com apenas três edições até agora, o Prêmio Estadual de Cinema e Vídeo da Secretaria de Estado da Cultura deve voltar a ser oferecido em 2012. “Estamos abandonando a ideia de que não se pode viver de cinema”, opina o cineasta Paulo Munhoz. Nunca se produziu tanto e com tanta qualidade. Alavancaram a produção principalmente mecanismos como as leis de incentivo, mas cursos de formação, como

o da Escola Superior Sul Americana de Cinema e TV (CINETVPR), injetaram profissionais mais qualificados no mercado. Rafael Urban lembra que esse fenômeno não é novo. No final dos anos 70, a geração Cinemateca deu novos rumos à produção, colaborando para a criação dos editais. “O cinema que está reverberando agora faz parte de um processo histórico.” Fernando Severo, um dos cineastas dessa geração, viu muitas mudanças no decorrer dos anos e não tem dúvidas em vislumbrar um futuro brilhante. “Espero que continue numa trajetória ascendente, abrindo um merecido espaço no panorama nacional.”


O filme Corpos Celestes conquistou projeção nacional e internacional.

47 VIEW


PERSONAGENS

CINEMA PARANAENSE

foto Andréa Rêgo Barros

SOMENTE COM OVOS DE DINOSSAURO NA SALA DE ESTAR DECIDI PARTIR DEFINITIVAMENTE PARA O CINEMA. RAFAEL URBAN

Do jornalismo

para o cinema O cinema é um companheiro de Rafael Urban desde pequeno. Em casa, costumava ajudar o pai a organizar a coleção de filmes em VHS e era um costume familiar se reunir para longas sessões. Depois, na adolescência, assistir a filmes era apenas um “momento de escape”. Hoje as coisas mudaram. Rafael tem uma profunda ligação com a sétima arte e é um dos realizadores mais ativos da nova geração. Quando entrou na faculdade de jornalismo, ainda não planejava trabalhar exclusivamente com o cinema, mas os rumos da vida assim o levaram. Uma das primeiras atividades na área foi a coordenação do Festival

VIEW

48

de Cinema Universitário de Curitiba, entre 2007 e 2009. Como jornalista, chegou a trabalhar por alguns anos, dedicando-se paralelamente à produção de filmes. A visão aguçada e a sensibilidade ao lidar com as questões humanas ligaram-no aos cadernos de cultura, onde pôde conhecer personagens interessantes, como Ragnhild Borgomanero, de 77 anos, dona da maior coleção particular de fósseis da América Latina. O tema originou o documentário Ovos de Dinossauro na Sala de Estar, que está percorrendo festivais ao redor do mundo chamando a atenção por onde passa. “Somente com esse

filme decidi partir definitivamente para o cinema; chegou a um lugar que me interessa, vi que era possível”, conta Rafael. O filme conquistou 14 prêmios e foi exibido em 30 festivais no Brasil e no exterior, entre eles o 15º Cine PE – Festival de Recife e o 22º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo. Mas foi no 44º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro que veio a consagração. Mais recentemente, ultrapassou as fronteiras do país e chegou ao 52º Festival dei Popoli – Festival Internacional de Documentários de Florença, na Itália, e ao Festival de Rotterdam.


Ragnhild Borgomanero, de 77 anos, dona da maior coleção particular de fósseis da América Latina

49 VIEW


PERSONAGENS

CINEMA PARANAENSE

Corpos Celestes, dirigido em conjunto com Marcos Jorge, é o primeiro longa-metragem de Fernando Severo

Momentos eternizados

O QUE ME ATRAI NO CINEMA É A POSSIBILIDADE DE RECRIAR E ETERNIZAR OS GRANDES MOMENTOS DA VIDA.” FERNANDO SEVERO VIEW

50

Quando assistiu ao filme Doutor Jivago ainda na infância, no interior de Santa Catarina, Fernando Severo foi tomado por um fascínio que ultrapassou a contemplação e despertou nele a vontade de realizá-los. Impactado especialmente pelas imagens clássicas do cineasta David Lean, a sua principal diversão passou a ser frequentar salas de exibição. “O cinema sempre foi minha primeira e única escolha”, ressalta. Mas, sem opções de cursos de cinema na época, nem reconhecimento da carreira como uma profissão, ele escolheu o que estava à mão. Veio para a capital e prestou vestibular para Engenharia Civil. Frequentou por algum tempo, mas abandonou tudo e ingressou no curso de Publicidade e Propaganda, o mais próximo que poderia chegar do seu sonho.

A decisão serviu como catalisador para uma vida dedicada à sétima arte. Foi a partir daí que começou a esboçar a sua trajetória como cineasta. Trabalhou com filmes didáticos e foi um dos integrantes da geração Cinemateca, movimento que contribuiu para a criação dos editais, que renovaram a forma de produção na década de 80. “A possibilidade de recriar e eternizar os grandes momentos da vida” é o que sempre o atraiu para esse universo. Entre os seus principais filmes estão os documentários O Mundo Perdido de Kozak (1988), Visionários (2002) e o longa-metragem Corpos Celestes (2009), dirigido em conjunto com Marcos Jorge, que conquistou destaque nacional e internacional.

>>



PERSONAGENS

CINEMA PARANAENSE

No curta-metragem Pax, quatro religiosos se reúnem para discutir a violência e encontrar uma resposta para isso.

Leveza e liberdade Viver em Curitiba casa perfeitamente com a escolha de trabalhar com animação. Isso porque, como diz Paulo Munhoz, a cidade é um reduto de artistas com traços precisos e criativos. A qualidade dos desenhos, aliada à tradição em contar histórias fizeram do cineasta um dos principais realiza-

COMO DIRETOR, VOCÊ TEM TOTAL CONTROLE DO PROCESSO DE PRODUÇÃO. É UM UNIVERSO FANTÁSTICO.” PAULO MUNHOZ VIEW

52

dores de animação do Brasil. Com os já premiados Bellowars (2009) e Brichos (2007), agora parte rumo ao terceiro longa, Brichos – A Floresta É Nossa, que deve estrear em setembro. A novidade é que o filme será lançado em conjunto com um livro ilustrado. Paulo conseguiu um feito impressionante para o cinema nacional, especialmente para a animação: em seis anos, cerca de 150 mil pessoas viram Brichos em salas de exibição espalhadas pelo país. Mesmo não se tratando de um lançamento, o desenho ainda está em cartaz em muitas cidades. “Recebo muitos e-mails de pais e crianças elogiando o filme”, comemora.

Tudo isso é a realização de uma vontade antiga, que o acompanhava desde pequeno. Assim como a maioria das crianças, Paulo gostava de desenhar. Depois pegou gosto pela escrita, mas, na adolescência, passou a ter uma certa vergonha do que fazia. Apaixonado também por tecnologia, prestou vestibular para Engenharia Mecânica. Mas a arte não sumiu da vida de Paulo, que, unindo a arte à tecnologia, viu na animação o lugar perfeito para se expressar. “Como diretor, você tem total controle do processo de produção. É um universo fantástico que permite mais leveza e liberdade.”

>>



PERSONAGENS

CINEMA PARANAENSE

O curta-metragem A Fábrica ganhou 18 prêmios em festivais nacionais e internacionais

foto Rossano Mauro Jr.

Cinema em Curitiba

ENTRE UM TRABALHO E OUTRO, DESCOBRI O PRAZER DE FAZER CINEMA.” ALYSSON MURITIBA

VIEW

54

A afinidade começa pelo nome, mas, mesmo que pareça proposital, trata-se apenas de uma coincidência. Alysson Muritiba não nasceu em Curitiba. Veio ao mundo em Mairi, no interior da Bahia, onde vivem pouco mais de 20 mil pessoas. Sair de lá era uma questão de tempo e de destino. O primeiro ímpeto o levou para São Paulo, mas logo depois Aly conheceu Ana, apaixonou-se e partiu rumo ao sul. Alysson já fez quase tudo. Vendeu picolé na feira, cursou história, foi bilheteiro de metrô, agente penitenciário e cantor de rock. Mas a atração pelo cinema ele sentia desde menino, quando frequentava cinemas itinerantes cobertos de lona e montados com arquibancadas de madeira. Só aos 17 anos, quando se mudou para a capital paulista, entrou em uma sala de ci-

nema de verdade, “daquelas com poltronas e tela, em vez de madeira e lençol”. A primeira experiência em um set aconteceu quando trabalhava como bilheteiro no metrô de São Paulo e participou como figurante. “Fiquei impressionado com o tamanho da equipe e com a irritação do diretor cada vez que eu ia lá olhar no seu video-assist”, recorda. Mas foi em Curitiba, onde está radicado há seis anos, que o cinema veio a calhar. Por falta de amigos, emprego e coisas importantes para fazer, ingressou na então recém-criada CINETVPR. “Entre um trabalho e outro, descobri o prazer de fazer cinema”, conta. Entre os premiados filmes que dirigiu, estão os curtas Convergências (2008) e Reminiscências (2010) e A Fábrica (2011). Este último e o longa-metragem Circular (2011) são suas mais recentes produções.





MODA

Sob o céu de

Curitiba

Estilo casual urbano é a aposta certa para encarar, com elegância e conforto, os dias nublados que teimam em aparecer na cidade em pleno verão fotos Paulo Cibin modelo Luana Biaca (Nass Model Mgmt) styling e produção de moda Patrícia Sabatowitch maquiagem Vinicius Lavezzo (Torriton Taunay) cabelo Thiago Vilas Boas (Torriton Taunay)

VIEW

58

assistentes de fotografia Eros Hobmeir e Santmor Roger I locação cidade de Curitiba I camareira Eloá Xavier

ESTILOS


Regata Fethie para JabutiQ, blazer Lita Mortari para Bazaar Fashion, lenço Galliano para Capoani, saia Gig para Luées & Co, brinco, colar e pulseiras Prata Fina, anel na mão esquerda Silvia Döring, anel na mão direita Maria Dolores.

59 VIEW


Regata Miss Couture para Bazaar Fashion, calça Impelle, brinco e colar Silvia Döring, bracelete braço direito e anel na mão esquerda Maria Dolores, pulseira no braço esquerdo Fabrizio Giannone, anel na mão direita Francesca Romana Diana.

VIEW

60


Vestido Mixed, brinco e braceletes Francesca Romana Diana e anel Fabrizio Giannone.

61 VIEW


Blusa Jefferson Kulig, saia Galliano para Capoani, bolsa Smartbag para Marreh, brinco Silvia DĂśring, braceletes Francesca Romana Diana, colar e anĂŠis Maria Dolores.

VIEW

62


Blusa Diane von Furstenberg para Capoani, saia Renato Kherlakian para Luées & Co, cinto Thelure para Bazaar Fashion, brinco e anel da mão esquerda Maria Dolores, colar e anel na mão direita Francesca Romana Diana,pulseira e bolsa Fabrizio Giannone.

63 VIEW


Camisa e cinto Impelle, shorts Limite Urbano para JabutiQ, bolsa Cris Pineroli para Marreh, brinco Fabrizio Giannone, anéis nos dedos médios Silvia Döring, anel no dedo indicador da mão direita Francesca Romana Diana.

VIEW

64


PAIXÃO POR ESPORTE DENTRO E FORA D’ÁGUA


NOTAS fotos divulgação

ESTILOS

TENDÊNCIA

FLOWER

O designer de bolsas Roberto Vascon lança sua coleção para o verão, que chega primeiro ao Brasil para só depois desembarcar nas ruas de Nova York. A bolsa é transparente e a parte de dentro pode ser trocada, o que cria cores e estampas diferentes. www.jeveux.com.br

A parceria entre o designer Fabrizio Giannone e a top Fernanda Motta estendese para mais uma coleção. Desta vez, a linha traz 45 peças, entre brincos, colares, pulseiras, anéis, bolsas, carteiras e sapatilhas, todas com a temática floral. Entre os destaques estão os acessórios com pedras brasileiras e desenhos de flores feitos na própria pedra. www.fabriziogiannone.com

NUIT CÉLESTE O verão 2012 pede uma pele iluminada e, de preferência, com um make em tons metalizados. A nova coleção da Givenchy vem com um spray que perfuma e enche de brilho a pele e os cabelos, além de máscaras com escova arredondada para cílios. www.givenchy.com

BRASILIDADE A nova coleção da My Shoes, assinada pelo estilista Amir Slama, traz sandálias altas, rasteiras, sapatilhas e bolsas com estampas tropicais, listras, dourados, além de muitas cores e formas. Tudo inspirado, é claro, na própria ginga brasileira, com um toque de glamour. www.myshoes.com.br

VIEW

66



ESPAÇOS

AO AR LIVRE

CWB NAS RUAS

Na contramão da vida virtual nas redes sociais, os curitibanos buscam passar mais tempo ao ar livre, aproveitando as praças, andando de bicicleta ou frequentando o comércio das ruas por YasminTaketani Utrabo I foto Eduardo Macarios I design Iraisi Gehring

As ruas do Centro não são mais apenas caminho de quem vai para o trabalho, mas também roteiros de passeio.

VIEW

68


E

m algum momento nos últimos tempos, a imagem do curitibano como um tipo fechado e sério se perdeu. A sensação é de que ela dá lugar a um novo personagem e, por que não, a uma nova cidade. Em meio ao comércio de rua que prospera do Batel ao São Francisco, ao velho e ao novo que convivem no Centro e aos eventos culturais que se multiplicam, surge um morador que redescobre sua cidade. Ele não está apenas em busca de uma refeição agradável ou uma tarde de compras, mas procura aproveitar os principais ingredientes da metrópole: ruas e pessoas. Saindo mais às ruas, o curitibano encontra novamente o prazer em flanar – essa arte a que Charles Baudelaire clamava como sinônimo de vida já no século 19. Andando de bicicleta, aproveitando as praças ou encontrando os amigos para passear, a visão vai além do trajeto casa-escritório.

Comércio com COMÉRCIO E identidade IDENTIDADE Em outubro de 2000, o designer de moda Roberto Arad instalava sua loja na Rua Vicente Machado, no Batel. A opção pelo comércio de rua reflete o perfil da marca, que alia o streetwear à alfaiataria para criar uma identidade que não precisa de etiquetas para ser reconhecida. Quase 12 anos depois, uma das principais mudanças na região – hoje batizada de Batel Soho – é, para Arad, comportamental. “As pessoas estão desejosas de passar mais tempo ao ar livre.” A esse desejo, observa o designer, somam-se a busca por produtos diferenciados e o atendimento mais pessoal que o comércio de rua vem oferecendo. “Muita gente que frequenta shopping está descobrindo a rua como opção de passeio e compras”, acrescenta Thiago Tizzot, sócio da Arte & Letra. Há poucos meses, a livraria instalou-se em uma casa no

Batel rodeada por árvores e ganhou um café, reproduzindo a sensação aconchegante e acolhedora típica de uma residência. “Sempre pensamos a livraria na rua”, explica Tizzot. “Gostamos de fazer as coisas do nosso jeito, e em shopping teríamos que seguir um padrão. A independência é mais interessante.” Com inúmeras opções de gastronomia, serviços e consumo, o Batel também pode ser o local ideal para morar. Foi justamente essa a escolha que a empresária e ilustradora Raisa Terra fez há quase três anos, quando se mudou de São Paulo para cá. Hoje ela tem a impressão que o curitibano está mais nas ruas – sem, no entanto, conseguir especificar um motivo, já que para ela a cidade sempre foi agradável e estruturada. “Acho que as pessoas estão procurando lugares diferentes”, palpita.

69 VIEW


ESPAÇOS

AO AR LIVRE

BONITO FEIO, VELHO E NOVO Bonito eE feio, velho e novo Há um ano, Raisa mudou-se novamente e escolheu o Centro como novo lar. Ali, onde o velho e o novo se misturam, tem uma rotina que lhe permite frequentar os mercadinhos da região, conhecer os vizinhos pelo nome e ir ao trabalho a pé. “Tem aquela atmosfera de grande centro urbano, mas com jeito de bairro, onde as pessoas se conhecem.” E, se antes achava a região perigosa, afirma que era justamente por não conhecê-la direito. O que não garante, porém, que não haja pontos negativos. São os moradores de rua que chamam sua atenção para a desigualdade social que existe na cidade. Para enxergar a beleza das ruas, diz, mesmo em meio a seus aspectos negativos, é preciso ter curiosidade e sensibilidade. Sentado num banco na Rua XV, o aposentado Luiz Correia, também morador do Centro, mostra-se mais incomodado com a situação da insegurança. “No meu tempo, as coisas não eram como agora.” Na juventude de Correia, nos anos 60, os rapazes usavam ternos e broches para identificar os solteiros e os comprometidos, relembra. A elegân-

cia na vestimenta, no entanto, não é o que mais lhe faz falta. “Naquele tempo, você podia sair que ninguém te assaltava. Não havia medo. Ladrão era de cavalo, galinha e porco.” Sob um chapéu de estampa militar, ele se orgulha ao contar que nunca foi assaltado, porque “não facilita”. E emenda: “Do jeito que vão as coisas, é difícil, mas que os jovens deviam aproveitar mais sua cidade, deviam sim.”

NO MEU TEMPO, OS RAPAZES USAVAM TERNOS E BROCHES PARA IDENTIFICAR OS SOLTEIROS E OS COMPROMETIDOS.” LUIZ CORREIA, MORADOR DO CENTRO

BANCO Banco VAZIO vazio Curitiba possui 454 praças. A maioria, porém, acaba sendo apenas parte do cenário, no trajeto que a população percorre de segunda a sexta. No entanto, há quem encontre nos bancos das praças seu destino final. É o caso de Paulo Cézar, que resolveu fazer uma parada na Praça Osório. Mas a tal parada não é tão simples quanto parece. A escolha do banco é muito importante e, no seu caso, depende de um adjetivo: vazio. Um banco vazio. Outros como ele, talvez menos criteriosos, também fazem uma pausa em suas tarefas e elegem a praça como ponto para namorar, ler, observar os transeuntes ou simplesmente pensar na vida. Sobre qual fator está levando os curitibanos a redescobrir as ruas, Cézar é menos romântico que Baudelaire: “O médico manda caminhar.” Pode ser que os motivos estejam de fato ligados à saúde, mas os pais que levam os filhos para andar de bicicleta na Praça da Ucrânia ou para jogar bola na da Espanha parecem estar atrás de uma diversão em família que não se encontra em videogames. O mesmo vale para os grupos que vão dançar break, ensaiar coreografias em grupo ou tocar violão no Museu Oscar Niemeyer, ou os que promovem saídas fotográficas que reúnem dezenas de pessoas e suas câmeras atrás de cenas que não estão disponíveis no Google Street View. São pessoas encontrando pessoas fora do ambiente virtual, tendo a cidade como cenário vivo e real.

Bancos de rua e em praças recebem quem procura um cantinho para ler, descansar ou namorar.

VIEW

70


A ilustradora Raisa Terra em frente ao Paço da Liberdade, um de seus espaços culturais favoritos.

CULTURA PRAÇA Cultura DA na praça Quando trocou a capital paulista pela paranaense, a ilustradora Raisa estava maravilhada com a qualidade de vida daqui. Hoje, praças, parques e museus ajudam a preservar a visão positiva que teve há três anos. Somente em sua vizinhança, ela tem à disposição a Biblioteca Pública do Paraná, o Bondinho da Leitura, a Casa Andrade Muricy e aquele que parece ser seu ponto de cultura favorito: o Paço da Liberdade. Localizado no coração da cidade, na Praça Generoso Marques, o Paço oferece exposições, acesso a computadores, biblioteca e cursos de línguas, entre várias outras atividades gratuitas aos comerciários – que custam apenas

R$ 3 aos demais usuários, taxa paga pela aquisição da carteirinha. A localização, a gratuidade e a variedade

ACHO QUE AS PESSOAS ESTÃO PROCURANDO LUGARES DIFERENTES.” RAISA TERRA, ILUSTRADORA

das atividades são fatores decisivos para que o local atraia 15 mil visitantes mensais, vindos de diferentes partes da

cidade e de variados grupos sociais. Celise Niero, diretora da unidade, diz que as ações voltadas à educação e à cultura propõem não apenas lazer, mas também formação ao seu público. O resultado é que, desde sua abertura, em 2009, o Paço deu uma nova cara ao entorno – com a revitalização não apenas do prédio histórico que o abriga, mas da própria Generoso Marques. Sendo mais frequentada, a região recebe manutenção constante e mais segurança, além de resgatar a memória histórica do local. Com a apropriação do espaço pela população, Celise espera que a vida pulsante e socializada, típica do Centro, seja conservada.

71 VIEW


ESPAÇOS

AO AR LIVRE

NAQUELA QUADRA Naquela quadra Outro local que ganha uma cara nova é o São Francisco. O bairro, colado no Centro, virou praticamente a segunda casa de quem quer assistir a uma mostra de filmes japoneses na Cinemateca, conferir o trabalho de novos estilistas, tomar um café e emendar uma cervejinha com amigos em algum dos bares da região. “Sempre gostei das ruas, de andar

tura, mais conhecido como Magrão. O empresário tem orgulho da variedade de tipos que frequenta o estabelecimento. Nascido em São Paulo, uma das lembranças mais marcantes de sua infância foi um show de rua. Inspirado por essa memória, Magrão criou a Quadra Cultural, evento anual que chega à sua quinta edição em 2012 e é realizado, justamente, na quadra de O Torto.

e observar a vida em geral; na rua você tem mais liberdade”, afirma Daniel Carvalho, proprietário do Brooklyn Coffee Shop, que já se tornou ponto de encontro na região. Antes abandonado, o casarão onde fica o Brooklyn passou por uma reforma e é agora um espaço bem iluminado e aconchegante, recebendo eventos culturais e fregueses de todos os estilos. “Estávamos procurando uma casa antiga em uma região por onde passassem estrangeiros, artistas e intelectuais”, conta Carvalho. “O São Francisco é o lugar perfeito.” A apenas alguns metros dali, o bar O Torto reúne “do gari ao executivo”. A expressão é clássica de Arlindo Ven-

Ano passado, o cantor Odair José e outras bandas atraíram crianças e idosos, românticos e alternativos, namorados e famílias para o evento gratuito. Essa reunião de gente de todo tipo, por meio da cultura ao alcance de todos, é exatamente o objetivo de Magrão. Assim como sua iniciativa, outros eventos culturais vêm ligando os curitibanos às ruas e aos espaços públicos da cidade. Ruído nas Ruínas, Corrente Cultural, Oficina de Música, Vicentina e Música nos Parques são apenas alguns exemplos de iniciativa, tanto pública como privada, que vêm dando certo e crescendo a cada edição.

SEMPRE GOSTEI DAS RUAS DE ANDAR E OBSERVAR A VIDA EM GERAL; NA RUA VOCÊ TEM MAIS LIBERDADE.” DANIEL CARVALHO, EMPRESÁRIO

Acima, o empresário Daniel Carvalho, que optou por abrir seu café na rua em busca de liberdade Ao lado, o bar O Torto, tradicional no São Francisco, reúne “do gari ao executivo”.

VIEW

72


Em tempos de internet, pode parecer uma contradição que as pessoas estejam saindo mais às ruas. Mas talvez a velocidade dos tempos atuais seja justamente um fator de motivação. “É a necessidade de desacelerar; as pessoas trabalham em frente ao computador, em lugares fechados, elas precisam sair às ruas”, explica Raisa Terra. O designer Roberto Arad acrescenta: “Parece que as pessoas querem ter de novo a rua para elas, e que ‘ocupar’ é a palavra do momento.” Afinal, é a rua que agrega algo que muitos atribuem como característica própria da internet: diversidade de estilos e opiniões. Entrando em contato com essa diversidade, consigo mesmas e com o espaço público, as pessoas passam a olhar a cidade com outros olhos e a senti-la de outra maneira. Como resume Thiago Tizzot, da livraria Arte & Letra: “Na rua, você é a cidade.”

RUÍDO NAS RUÍNAS O festival anual que acontece nas Ruínas do São Francisco tem foco na música, em especial a feita por bandas locais, mas também apresenta outras formas de expressão artística, como dança e teatro. Segundo Michelle Kelly, uma das organizadoras do evento, o objetivo é divulgar o bairro do São Francisco e contribuir para sua revitalização através de uma ação cultural democrática, já que o festival é gratuito e aberto a todos os públicos. A próxima edição não tem data definida, mas acontece no segundo semestre deste ano.

foto Alessandro Reis

NÓS CIDADE NósSOMOS somos a A cidade

Eventos culturais tornam a Praça da Espanha mais movimentada nos finais de semana.

VICENTINA Idealizado por Roberto Arad, o evento reúne artistas e designers de várias áreas em cafés, bares, lojas e galerias da Rua Vicente Machado. A ideia é unir o conceito de bazar ao movimento das redes sociais. “Em vez de abrir minha loja para os meus clientes, eu chamo uma turma de novas marcas e designers para participarem também”, explica Arad. “Há uma troca de ideias, contatos e negócios de uma maneira que todos ganham. A principal forma de divulgação? As redes sociais, é lógico.”

BATEL SOHO A Associação dos Comerciantes da Região da Praça da Espanha surgiu em 2008 com o objetivo de atrair público à região, que ganhou o nome de Batel Soho, por meio da promoção de eventos culturais na praça. A iniciativa deu certo e hoje o local é um conhecido circuito de compras, lazer e gastronomia. A vice-presidente da associação, Jociane Maciel, explica que o objetivo é melhorar o que a região tem de positivo. “A gente criou um selo comercial e buscou se organizar em torno disso, escolher um atrativo e um diferencial que podiam servir a todos: à comunidade que aqui mora, trabalha, passeia e às pessoas que vêm de fora.”

73 VIEW


ESTILOS

ROCKABILLY

Carnaval

do Rock fotos Rodrigo Juste Duarte

Há 13 anos, o Psycho Carnival é uma alternativa para quem quer ficar longe das plumas e paetês no feriado. Este mês o evento deve atrair para Curitiba cerca de 12 mil pessoas apaixonadas pela cultura rockabilly e psychobilly por Paula Melech | design Leonardo Stawski

E

m Curitiba, o ritmo do carnaval é o rock. Em vez de samba-enredo, axé e rebolado, os foliões que fazem parte desse bloco seguem no comando do rockabilly e de sua vertente, o psychobilly. Estamos falando do Psycho Carnival. Há 13 anos acontecendo tradicionalmente nesta época do ano, reúne bandas nacionais e internacionais, exposição de carros antigos customizados e o já famoso zombie walk, que mobiliza uma multidão fantasiada de mortos-vivos pelas ruas da cidade. Uma ótima alternativa para quem quer ficar na cidade sem perder a diversão.

VIEW

74

Atraindo a atenção de um público fiel, o festival já se tornou destino obrigatório para muita gente, que vem especialmente pela música. Entre os dias 16 e 21 de fevereiro, desembarcam por aqui bandas internacionais como Batmobile (Holanda) e Coffin Nails (Inglaterra), além de grupos curitibanos famosos no circuito como Ovos Presley, Hillbilly Rawhide, Sick Sick Sinners, Krappulas e As Diabatz. Com a intenção de democratizar o festival, o idealizador Vladimir Urban (mais conhecido como Vlad) optou por realizar shows ao ar livre gratuitos nas Ruínas de São Francis-

co, além dos outros abrigados em casas noturnas. Carnaval é diferente em cada lugar. No Rio de Janeiro imperam os desfiles das escolas de samba, em Olinda a atração são os bonecos gigantes e em Salvador os blocos tomam conta da rua. Então por que Curitiba não pode ter rock? É justamente essa pergunta que Vlad quer responder com o Psycho Carnival. “Não se trata de ir contra as outras festas, mas de valorizar a personalidade da cidade”, ressalta. E assim tem sido, desde 2000, ano que marcou a primeira edição do evento.


fotos Rodrigo Juste Duarte

A banda curitibana Ovos Presley é uma das atrações do Psycho.

O festival tem um público fiel, que vem tanto do Brasil quanto do exterior.

75 VIEW


ROCKABILLY

fotos divulgação

ESTILOS

Hillbilly Rawhide é uma das bandas famosas do circuito psychobilly

O primeiro foi tímido – quatro bandas apresentaram-se em um dia de evento no espaço 92 Graus, uma referência do underground em Curitiba – mas era somente o prenúncio do que viria depois. No ano seguinte, o Psycho aconteceu em dois dias e foi crescendo até conquistar um público fiel, a ponto de faltar tempo e lugar para atender todas as solicitações de bandas e artistas que querem se apresentar durante os seis dias de festival. Assim, uma ideia que começou despretensiosamente como uma reunião de amigos atravessou as fronteiras do país e hoje atrai gente de todo o mundo interessada no bom e velho rock-´n´-roll. “O lance é que se trata

VIEW

76

de um grande encontro”, diz Vlad. E que encontro. Para a edição deste ano está prevista a participação de 12 mil pessoas, a maioria vem de outras ci-

NÃO SE TRATA DE IR CONTRA AS OUTRAS FESTAS, MAS DE VALORIZAR A PERSONALIDADE DA CIDADE.” VLAD URBAN, IDEALIZADOR DO EVENTO dades e até do exterior. E, como não poderia deixar de ser, o cenário de Curitiba muda durante esses dias: ta-

tuagens, moicanos e jaquetas de couro tomam conta das ruas do centro da capital. “É um festival que a cidade já assimilou”, garante. Além das curiosidades e diferenciais, o conceito de reunir bandas principalmente de rockabilly e psychobilly transforma o evento em uma referência nacional do gênero. “Um festival é o topo da carreira produtiva da música. Produtores, bandas e público se encontram. É uma ótima oportunidade de fazer contato, trocar tecnologias e informação”, diz Vlad. Com a influência do Psycho Carnival, a cena se fortalece.


Afinal, o que é

psychobilly? Afinal, o que é psychobilly?

Os ingleses da Coffin Nails são uma das atrações internacionais

O psychobilly é um gênero musical que mistura o punk do final dos anos 70 e o rockabilly norte-americano da década de 50. Surgiu na Inglaterra no auge do movimento punk, nos anos 80. Na época, a cena underground tomou diversos rumos distintos e o psychobilly apareceu como um subestilo que acabou se tornando muito mais do que um estilo musical. Trata-se de uma cultura que envolve

referências como filmes de terror B, histórias em quadrinhos e um estilo de se vestir bem específico, que torna fácil identificar um psycho na rua. A moda é caracterizada por um penteado chamado “quiff” – espécie de um moicano rockabilly –, enquanto que as roupas combinam camisetas de bandas com calças jeans e, para completar o visual, jaquetas de couro.

77 VIEW


ESTILOS

ROCKABILLY

Máquinas fotos Rodrigo Juste Duarte

quentes

Uma novidade que promete balançar as estruturas do evento é o Flamethrower Contest.

PARA QUEM É RUIM DA CABEÇA E DOENTE DO PÉ, ESTE É O MELHOR EVENTO DE CARNAVAL DO BRASIL.” VICTOR RODDER, IDELIZADOR DO ROCKABILLY MOTORS

VIEW

78

Os aficionados pelos carros oferecem um show à parte no Psycho Carnival. No Rockabilly Motors Kustom Show, os protagonistas são os carros e motos customizados. Hot Rods, Kustoms Cars, Choppers e Bobbers fazem parte deste espetáculo, que faz do Largo da Ordem um lugar de encontro e confraternização. A iniciativa partiu de Victor Rodder, que realizou a primeira edição do evento no ano passado. Ele é músico e frequentador assíduo do festival desde a primeira edição. Ano passado subiu ao palco do Psycho com a sua banda, Annie & The Malagueta Boys. “Para quem é ruim da cabeça e doente do pé, este é o melhor evento de carnaval do Brasil!” Apaixonado por carros antigos, ele idealizou o Rockabilly Motors Kustom Show como um evento paralelo. E deu certo. Ao todo, 50 carros foram expostos na primeira edição. Uma novidade que promete balançar as estruturas do centro histórico é o Flamethrower Contest, em que veículos lançam fogo através dos escapamentos e disputam entre si pela melhor performance. É a primeira vez que a competição será realizada no Brasil. Rodder explica que o foco do evento é a cultura dos anos 50, e, além do rock, o carro é um dos ícones desta geração. “Lembramos imediatamente de Elvis Presley e do Cadilac”, diz o organizador.


foto André LP

Eles estão Sangue falso, cicatrizes e roupas manchadas são as características dos foliões que fazem parte desse bloco. Há seis anos o Zombie Walk mobiliza uma multidão fantasiada de mortos-vivos pelas ruas da cidade. “Não deixa de ser um carnaval, mesmo que a trilha sonora não seja a mesma”, aponta Vlad. Aqui, a criatividade é a palavra de ordem. Vale vestir e maquiar-se como quiser, contanto que a fantasia endosse a multidão de mortos-vivos. Empolgados com o movimento que fazia a cabeça dos norte-americanos, Bruno Hoffmann e Thiago Rubini decidiram propor a marcha em Curitiba. Por meio das redes sociais, eles conseguiram mobilizar cerca de 80 pessoas, que saíram do Cemitério Municipal de Curitiba em direção à Boca Maldita. “A ideia é a brincadeira, sair fantasiado no carnaval sem o samba como trilha sonora”, conta Bruno. Desde então, o grupo ganha novos adeptos a cada ano. Somente na última edição do festival, aproximadamente 2 mil pessoas compareceram. Além da quantidade de pessoas, a qualidade na confecção das fantasias e o cuidado na preparação da maquiagem têm se destacado. Inspirados em filmes de terror, muita gente se prepara com antecedência para garantir o figurino ideal.

Para participar da marcha dos mortosvivos basta maquiagem, fantasia e muita criatividade

foto Camila Zanon

vivos!

A IDEIA É A BRINCADEIRA, SAIR FANTASIADO NO CARNAVAL SEM O SAMBA COMO TRILHA SONORA. BRUNO HOFFMANN, IDEALIZADOR DO ZOMBIE WALK

79 VIEW


ROCKABILLY

foto divulgação

ESTILOS

Programação 16/02 QUINTA QUINTA – 16/02 Abertura · Jokers · 21h • Three Bop Pills • Motorgrass 17/02 SEXTA SEXTA – 17 Esquenta · Espaço Cult· 21h • Hillbilly Rawhide • Crazy Horses • • • •

The Mullet Monster Mafia Chernobillies CWBillys Feras do Caos

SÁBADO – 18/02 18/02 SÁBADO Espaço Cult· 20h • Batmobile • Big Trep • Krappulas • Wreck Kings • Os Degolados • Os Dinamites

VIEW

80

19/02 DOMINGO DOMINGO – 19/02 Zombie Walk · Praça Osório · 13h Ruínas de São Francisco · 15h • Mary Lee & The Sideburn Brothers • Rádio Cadáver Largo da Ordem · 18h • Cry Baby • Los Wolfmen Espaço Cult · 20h • Ovos Presley • Sick Sick Sinners • The Working Horse Irons • The Rocker Covers • Jinetes Fantasmas • Drunk Demons

20/02 SEGUNDA SEGUNDA – 20/02 Largo da Ordem · 13h • Mistery Trio • Annie & The Malagueta Boys

Os curitibanos da banda Annie & The Malagueta Boys se apresentam no Largo da Ordem

• Tributo ao Gene Vincent • Lenonz & The Sick Boy Trio • Soda Billy Espaço Cult · 20h • Coffin Nails • As Diabatz • The Brown Vampire Catz • Bad Luck Gamblers • Bad Motors • 99 Nose Again Terça 21/02 21/02–TERÇA Front Bar · 20h • No Milk Today • Evil Idols • Dersertor • S.O.S Chaos Chinasky bar · 21h • Hellfishes



COLUNA

NEWSPORT

PLUG-IN

Montadoras exibem no Brasil seus modelos elétricos e híbridos, dando os primeiros passos rumo a um futuro mais verde por Newton Gomes Rocha Jr.

NISSAN LEAF U$S 32.700 é o preço nos EUA, que pode custar U$S 21.700 com os subsídios do governo. No Brasil, sem os incentivos fiscais, custaria cerca de

R$ 160 MIL

Sem escapamento, óleo lubrificante, nem mesmo combustível. Basta abastecer na garagem da sua própria casa

VIEW

82


100% ELÉTRICO

Sim, ainda somos o país do carro Flex,

porém o assunto dos últimos meses foi o modelo elétrico – o Nissan Leaf. Fabricado no Japão, foi eleito o carro do ano nos Estados Unidos e na Europa. O modelo diferencia-se do convencional em quase tudo. Para começar, esqueça válvulas, pistões e escapamentos. Para movimentar o carro são necessários 48 módulos com quatro baterias de íons de lítio cada, que ficam escondidos no assoalho sob os bancos.

Como em qualquer equipamento eletrô-

nico, o Leaf pode ser carregado na tomada de casa. São 21 horas em redes de 100 volts até a carga completa. Demorado demais? Um adaptador de U$S 2 mil dólares (cerca de R$ 3.500) permite utilizar a rede de 200 volts e diminuir o tempo para oito horas. Mais rápido do que isso somente em shoppings, concessionárias e locais públicos com redes de 440 volts, onde a recarga de até 80% das baterias leva apenas três horas para ser concluída.

Plugado, o Leaf consome a mesma ener-

gia de um ferro elétrico durante o tempo em que estiver carregando. Com 100% da bateria, o carro promete autonomia máxima de 160 km, distância que pode variar e muito em função do tráfego pesado, uso de ar-condicionado e de outros acessórios. É suficiente para o dia a dia, porém são ne-

foto divulgação

•Comprimento: 4,45 m •Largura: 1,77 m •Tempo de recarga: 8 horas (tomada 200 V) •Tudo absolutamente digital. Nada de ponteiros ou coisa do gênero. •Freios com ABS e distribuição eletrônica de frenagem e 6 airbags •Motor elétrico: potência 80 kW (equivalente a 107 cv) •Velocidade máxima: 145 km/h

cessários alguns pontos de abastecimento para viagens maiores.

Mas o grande diferencial está no con-

forto interno. O Leaf tem equipamentos encontrados apenas em carros de luxo no Brasil. A Nissan ainda não lançou o carro comercialmente no país. O grande entrave ainda é o preço: aproximadamente R$ 160 mil. Isso porque não há incentivos do governo – os elétricos pagariam os mesmos impostos dos convencionais.

83 VIEW


COLUNA

NEWSPORT

SEDÃ DE LUXO

Parece um sonho ter um carrão im- benefícios fiscais, ele custa mais ca-

portado com motor full híbrido e ainda ro – algo em torno de R$ 133.900, enpagar um preço que pode ser de 20 a quanto que o modelo Fusion V6 sai por 55% menor que alguns outros concor- aproximadamente R$ 94 mil. rentes diretos. Sonho? Que nada! Basta

A partida do carro se dá quase sem-

olhar para o novo Ford Fusion Hybrid, pre com o motor elétrico. O motor a um mexicano que por causa da rela- gasolina entra em ação sempre que se

• No interior, o mesmo acabamento

ção custo-benefício deixa toda a con- precisa de uma força extra e o geren-

e conforto já oferecidos no Fusion

corrência de “cabelos em pé”.

convencional. Além disso, um

ciamento dos dois é feito automatica-

Equipado com motor gasolina e elé- mente. Sempre que você tira o pé do

painel bastante funcional. Nas duas

trico, é o primeiro carro híbrido pleno acelerador e começa a frear, o Fusion

telas de 4.3 polegadas, é mostrado,

vendido no Brasil. Resultado de um usa o motor elétrico para aproveitar a

dentre outros detalhes, um resumo

acordo firmado entre o Brasil e o Mé- energia cinética e recarregar a bateria,

da viagem com a economia

xico, o carro foi isento dos famosos im- que fica no porta-malas. No modo elé-

de combustível no percurso

postos de importação. Contudo, é ne- trico, o carro tem autonomia para ro-

• Nos itens de série, um pacote

cessário ter cautela. Mesmo com os dar até 75 km. O consumo urbano de

O Fusion Hybrid chega ao Brasil em versão única por

R$ 134 MIL Já um modelo convencional com motor 2.5 sai a partir de R$ 82 mil e a versão V6 3.0 custa em torno de R$ 103 mil.

de sedã de luxo: ar-condicionado

gasolina é de 14,5 km/L, melhor do que

elétrico, sete airbags, tomada

muitos compactos flex.

de 110 volts, sistema de

É verdade que o preço ainda é um

monitoramento de ponto

pouco proibitivo, mas este é apenas o

cego e teto solar elétrico.

primeiro passo rumo a um futuro mais verde. O peso no bolso pode incomodar um pouco no começo, mas a leveza na consciência compensa.

• Graças ao uso combinado do motor a gasolina com o elétrico, o consumo é 9% menor do que o de um Ford Ka 1.0 • Em relação ao Fusion 2.5, o híbrido gasta 55% menos de combustível. No total são 193 cavalos de potência combinada entre os dois motores (gasolina e elétrico)

VIEW

84


HÍBRIDO PLUG-IN

Muita gente está falando sobre o híbrido convencional. Mesmo que vo-

Chevrolet Volt e se perguntando: “Mas cê não possa carregar o carro imedia-

O design adota um visual mais convencional sem o eixo da extremidade dianteira e com vidros laterais desnivelados.

como ele funciona?” Bom, para começo tamente em algum ponto de recarga, de conversa o Volt é um modelo híbrido você poderá rodar sem bateria (pase flexfuel. Lançado como carro conceito mem) por mais 480 km, basta encher no salão do automóvel em Detroit, nele o tanque com gasolina ou etanol como estão depositadas as maiores esperan- você já faz em um carro convencional. ças da companhia americana de rever-

Além disso, a energia da frenagem

ter a crescente queda das vendas nos é utilizada para carregar a bateria, auEstados Unidos. Em tempos de alta do mentando ainda mais a autonomia espetróleo, ele foi feito para manter o mo- tendida do carro. Para você ter uma torista o mais longe possível do posto ideia, apenas com o uso dessa energia, de gasolina, graças a um sistema híbri- o Volt é capaz de rodar uma média de do chamado E-REV, que permite optar 50 a 80 km. por etanol, gasolina ou bateria.

Quer mais novidade? O modelo pos-

Com tal tecnologia, o motor elétrico sui um aplicativo para móbile e para o

possui uma autonomia de até 60 km. seu computador. Com esse aparelho voMas não se preocupe. Caso a bateria cê pode, por exemplo, trancar ou desdescarregue no meio do percurso, o mo- trancar o carro, ou até mesmo checar tor a gasolina trabalhará junto com o o nível da carga.

CHEVROLET VOLT • O carro é carregado em uma tomada de 110 volts e demora cerca de dez horas para uma carga completa, o que permite uma média de 120 km sem paradas. Se considerarmos a recarga em uma tomada de 220 volts, o tempo é reduzido para apenas quatro horas • Com uma potência de 150 kw, o Volt alcança uma média de 160 km/h • O modelo ainda possui um torque instantâneo – força que tende a rodar e gerar potência ao motor –, que rende velocidade ao carro e ultrapassa a marca dos 160 km/h

motor elétrico para mantê-lo rodando – o que não é possível em um modelo

85 VIEW


COLUNA

NEWSPORT

O MAIS VENDIDO Sinônimo de carro híbrido nos Estados Unidos, o Toyota Prius chegará ao Brasil no segundo semestre de 2012. Assim como o Ford Fusion, ele é movido por dois motores: um elétrico e o outro a gasolina. A principal diferença entre os dois é que o Prius foi projetado, desde o início, para ser um carro híbrido. A vantagem disso é que a estrutura do carro prevê o espaço destinado à bateria e aos dois motores. Este é o carro híbrido mais vendido do mundo. Ao volante dá para entender tamanho sucesso. O seu espaço interno é maior do que de alguns hatches. Do console central flutuante à inusitada manopla de câmbio CVT, tudo nele tem jeito de século 21. O Prius possui três modos de velocidade. Na opção EV ele usa apenas o motor elétrico e roda por até um quilômetro a no máximo 40 km/h. No PWR as reações do acelerador e do motor a gasolina são otimizadas. Já no modo ECO, o acelerador fica com reações mais lentas e o motor a combustão somente é ligado quando necessário.

O consumo médio é de 18,6 km/litro,

mas no modo mais econômico ele chega a 20,2 km/litro. Pode parecer estranho,

TOYOTA PRIUS • Motor elétrico de 650 volts e 80 cv; e a gasolina de 16 V, 1.8 L, 16 V e 98 cv. Juntos, os dois fornecem uma potência de 136 cv • Consumo urbano: 18,6 km/L • Consumo urbano (modo eco): 20,2 km/L • O câmbio é automático tipo CV, similar a um joystick • São três modos de velocidade: EV, ECO e o PWR • Apesar da complexidade do sistema, o Prius é muito simples de dirigir, basta acelerar e frear que o resto ele se encarrega de fazer. Inclusive desligando o motor a gasolina quando ele para e religando-o quando necessário

mas, quanto mais congestionamento você pegar, mais econômico o Prius fica, porque cada vez que você pisa no freio, mais energia ele recupera para a bateria.

Basta entrar com a chave no bolso e apertar o botão Power no painel que ele liga, mas não faz barulho

VIEW

86



NOTAS fotos divulgação

ESTILOS

NEOTROPICALISMO A Mandi destaca neste verão a descontração dos anos 70 e a preocupação com a moda. Formas soltas em tecidos como algodão, linho e tricô trazem conforto e bom caimento. Calças jeans quase justas, bermudas em tons tropicais, batas e camisas leves também compõem a nova coleção, que aposta em pouca lavagem e muitas cores claras. Na cartela de cores, branco, verde, tons terra, azul, laranja, coral, cáqui e oliva leve. www.mandi.net

PREPPY SURF Esqueça o modelo de surfista largado da Califórnia. O estilo não é deixado de lado nem na hora de pegar ondas. Inspirada na costa leste americana, a linha Preppy Surf da marca Gant buscou o lifestyle retrô dos primeiros surfistas, apostando em cores pastel e estonadas. A sobreposição de peças, como uma bermuda jeans mais pesada e um short dry fit, facilita as possibilidades deste surfista mais arrumado. Tecidos como linho, madras e dry fit são os grandes destaques da coleção. www.gant.com.br

PRÁTICO

STYLE

Charmosos e cheios de estilo, os óculos dão aquele toque especial ao look, além de serem acessórios indispensáveis para os dias de sol. As armações grandes e o clássico tartaruga continuam em alta neste verão, mas o grande destaque vai para as modelagens inusitadas, como os óculos dobráveis da Persol. www.ericgozlan.com.br

VIEW

88

Os chamados tênis mínimos – da linha Minimus, da News Balance – possuem cabedal maleável e leve, que proporciona maior flexibilidade na hora da corrida. Com forma larga, os dedos dos pés movimentam-se com mais liberdade, aproximando-se da sensação de quando se corre descalço. Disponíveis em quatro modelos: road, trail, life e o cross-trainer. www.procorrer.com.br



NOTAS

GADGETS

XPLOD

HOME THEATER HX9996TS

HOM-BOT Este aparelho é o sonho de consumo de qualquer dona (ou dono) de casa. Isso porque enquanto você trabalha fora, ele aspira o pó de todo o ambiente sozinho. Com sensores infravermelhos e ultrassônicos, e duas câmeras (superior e inferior), o aspirador mapeia os cômodos, desviando de objetos e evitando colisões. Conta ainda com quatro programas de limpeza e sistema inteligente de recarga. R$ 2.999 -- www.lge.com.br

VIEW

90

BATERIA ELETRÔNICA

Esse é o primeiro home theater do mundo com Real 3D Sound System. O som tridimensional de 1.125 W do HX996TS é garantido pelo efeito vertical 3D channel, que emite sons do topo das quatro tallboy speakers, a fim de ampliar o som até o teto. Possui também o “Cinema Dome Effect” – tecnologia que aperfeiçoa o som 3D em tempo real. R$ 5.999,00 – www.lge.com.br

integrada. A tela de três polegadas é wide screen (16:9) com resolução QVGA de 320 x 400 linhas. Tem potência de 26W RMS x 4 e equalizador gráfico de três bandas. Possui entradas USB e auxiliar frontais. R$ 699 -- www.sony.com.br

Com som muito semelhante ao da bateria acústica – com a vantagem de ser silencioso –, o DTX-PAD XP 80 é perfeito para uso doméstico. Fabricado pela Yamaha, que possui experiência de mais de 40 anos na fabricação de baterias acústicas, o pad está dividido em três zonas e suporta batidas de aro abertas e fechadas. A pele é feita de TCS (silicone celular texturizado), que proporciona mais sensibilidade para a caixa. R$ 2.890 – www.yamaha.com

fotos divulgação

Além de assistir a filmes e shows, você não vai perder nenhum lance dos seus jogos e programas favoritos com esse DVD automotivo MEX-V50DT, que conta com TV Digital



ARREDORES

REFÚGIOS

Fuja da folia Se você é do tipo que prefere ler um livro ao lado da piscina ou fazer uma trilha para chegar a uma cachoeira, veja algumas opções de destinos próximos a Curitiba para curtir o feriado prolongado sem estresse

P

ara os que não gostam nem de ouvir falar em carnaval, a boa notícia é que não é necessário sair do Brasil para escapar do samba e de toda agitação dessa data. Se a ideia é ficar longe do tumulto dos aeroportos, dos congestionamentos das estradas e do barulho dos pontos turísticos badalados, a opção é relaxar em lugares tranquilos próximos a Curitiba e em meio à natureza, como serras, estâncias hidrominerais, represas e cidades históricas. Seja no interior ou no litoral, não faltam opções interessantes de pousadas, resorts e spas que oferecem atividades e toda a estrutura necessária para você desfrutar momentos de muita paz e descanso durante este e os próximos feriados do ano. E o melhor de tudo: num raio de até 70 quilômetros da capital.

VIEW

92

MABU CAPIVARI ECO RESORT Localizado em Campina Grande do Sul – a exatos 50 km de Curitiba – fica o Mabu Capivari Eco Resort. Um complexo que reúne espaços de entretenimento e preservação da fauna e da flora, além de um restaurante para até 650 pessoas no regime Full American Plan – em que todas as refeições estão incluídas na diária. No local, os hóspedes poderão degustar pratos internacionais e também regionais, como costela de fogo de chão, porco no buraco, boi no rolete, porco no rolete, tainha recheada e truta defumada. Para os apreciadores de um bom vinho, a adega comporta as bebidas em um ambiente climatizado. Classificado na categoria luxo, o hotel oferece uma infraestrutura composta por 99 apartamentos – alguns deles possuem suítes temáticas, como é o caso das suítes marroquina, me-

xicana, francesa, indiana, japonesa e country. Há também a opção de hospedagem em chalés ou em uma suíte presidencial com lareira e banheira de hidromassagem. Uma característica comum de todos os apartamentos é a vista privilegiada. Aos hóspedes que optarem por atividades ao ar livre, haverá o “rancho do peão” como uma das alternativas, assim como piscina externa, bar molhado, piscina interna aquecida, jacuzzis coletivas, academia, quadra de tênis, playground, haras, trilhas ecológicas, marina, kids club, bocha, cancha de futebol, jogos de mesa, jogos de carta e o lago. Além das atividades diárias do espaço, que inclui passear pelas trilhas ecológicas, cavalgar por belos campos com vista privilegiada, praticar pesca esportiva ou passar horas à beira da

fotos Mariana Carneiro

por Alexandre Lara


piscina, a agenda do hotel reserva atividades especiais para todo o feriado de carnaval. De 17 a 20 de fevereiro os hóspedes poderão jantar com música ao vivo e provar da culinária brasileira assinada pelo chef Tarciso Lopes, do Trattoria Boulevard. Diariamente no restaurante Espelho d’Água, das 16h30 às 18 horas, será oferecido aos clientes o café tropeiro. Já a caipirinha no pilão será servida no bar molhado, localizado dentro de uma das piscinas. SERVIÇO: Mabu Capivari Eco Resort Estrada Municipal Antônio Kovalski, s/n, Capivari Campina Grande do Sul – PR 0800 41 7040 / 4002-6040 www.hoteismabu.com.br

Classificado na categoria luxo, o hotel possui ampla área de lazer com vista panorâmica para a serra do mar.

93 VIEW


REFÚGIOS POUSADA ESTÂNCIA Pousada Estância MaktubMAKTUB No caminho do Itupava – estrada que durante 250 anos fez a ligação do litoral com Curitiba e que ainda guarda inúmeras riquezas histórico-culturais – você encontra a pousada Estância Maktub, que fica aos fundos do Rio Nhundiaquara e em frente ao Parque Estadual Pico do Marumbi. Um local destinado a recarga das baterias, a exatos 69 km da capital. Na infraestrutura da estância, seis charmosos bangalôs de dois andares.

As instalações da pousada foram idealizadas com o intuito de oferecer aos visitantes uma interação com o meio ambiente e com a história do Paraná.

Cada um com capacidade para cinco pessoas, lareira e varanda com redes. Na decoração do espaço ambientes alternativos e rústicos – feitos de madeira, bambu, cipó e chitão. O lugar conta também com alguns trabalhos em tela e mosaicos expostos nas paredes, que lembram em muito as pousadas de Ouro Preto, em Minas Gerais. O cardápio diário é elaborado pelo chef gourmet grego Konstantinos Papanastassiou – nascido em Komotini e radicado no Brasil há 30 anos. No menu, pratos típicos regionais e internacionais. Caso você seja um adepto do montanhismo ou de esportes radicais como trilhas, cachoeirismo, rafting e boia-cross, a pousada oferta passeios monitorados com uma equipe terceirizada especializada. Também são oferecidos passeios a cavalo e pela via gastronômica – onde você poderá se deliciar com a culinária da região. O destaque final fica por conta das piscinas externas, ladeadas por mata atlântica e cascatas exuberantes (estas ao longo das trilhas), que favorecem os banhos relaxantes. SERVIÇO: Pousada Estância Maktub Caminho do Itupava, km 1,7 – Porto de Cima – Morretes – PR (41) 3462-1374 / (41) 9978-8209 www.estanciamaktub.com.br

VIEW

94

fotos divulgação

ARREDORES


fotos divulgação

POUSADA HAKUNA Pousada Hakuna MatataMATATA Um paraíso aos pés do Parque Estadual Pico do Marumbi. Um ambiente aconchegante, romântico e ideal para os adeptos do ecoturismo. Possui uma infraestrutura com 25 acomodações climatizadas – quatro destas são apartamentos do tipo standard e luxo – além de 16 chalés com lareiras

leão.” Neste caso, os hóspedes podem optar por uma pensão completa – na qual são servidas todas as refeições do dia, incluindo opções de pratos caseiros e regionais, como a feijoada e o barreado – ou apenas pelo café da manhã. E que tal ainda contar com um delicioso sonho da tarde? É de dar água na boca, já que se trata de um

e decoração personalizada. Algumas das peças que decoram os chalés e todo o ambiente interno da pousada são produzidas pela própria artesã e proprietária do espaço, Silvia Trombini Maingue. Playground, piscinas internas e externas, gangorras, camas elásticas, campo de futebol, sauna úmida, fitness, quadra de tênis, jacuzzi e boa música ao som de um violão são alguns dos inúmeros atrativos oferecidos pelo espaço. Depois de tantas atividades ao ar livre e de inúmeras braçadas na piscina, é normal bater aquela “fome de

tradicional quitute de doce de leite e goiabada servido por lá. À noite, os hóspedes podem se reunir no bar central da pousada e apreciar uma moda de viola regada a drinques especiais, sucos variados e uma carta de vinhos de abrir o apetite. Além, é claro, da tradicional caipirinha de cachaça de Morretes. SERVIÇO: Pousada Hakuna Matata Reta do Porto de Cima, s/n – km 5,5 (41) 3462-2388 www.pousadahakunamatata.com.br

MORRETES Feiras de comidas típicas como a famosa bala de banana, doce de leite, farinha de mandioca, bebidas de cana-de-açúcar, além dos casarões antigos com arquitetura típica da região, fazem parte deste cenário escolhido por visitantes do mundo inteiro que começam a se divertir ainda na viagem pela Estrada da Graciosa. Já nos arredores da cidade, o visitante pode experimentar outro tipo de contato com a exuberante natureza do lugar. Aos mais aventureiros, montanhismo, caminhadas por trilhas históricas, rafting, boia-cross, passeios de bicicleta, cachoeirismo e até uma descida pelo rio de caiaque são uma ótima pedida.

95 VIEW


ARREDORES

REFÚGIOS O Spa fica à beira de um magnífico lago, em meio a uma extensa vegetação e a uma piscina onde são realizados vários tratamentos terapêuticos.

SPA LAGO SpaESTÂNCIA Estância doDO Lago Há exatos 15 km de Curitiba, o Spa

de altura) e rapel (com 30 metros), e trilha ecológica em meio a jardins e

Estância do Lago é um verdadeiro recanto de belezas. Logo na entrada do spa você será recepcionado por um belíssimo lago, em meio a uma extensa vegetação, composta por gramados, jardins e o cantarolar de pássaros. Lavar os pés nesse lago, antes mesmo de entrar no espaço, é a primeira tarefa a ser feita. Uma espécie de rito de passagem, com o intuito de se limpar daquelas inconvenientes energias negativas adquiridas no dia a dia. Na parte externa, uma enorme piscina, quadras de tênis, voleibol e poliesportiva, paredão de rocha natural para escalada (com 10 metros

bosque natural. Ao todo são 170 mil m2 de área verde. Ainda na parte externa, um lago próprio para pescaria, onde é possível passear de pedalinho e caiaque. Já dentro do spa, pasmem, um turbilhão interno aquecido para hidromassagem, sauna seca e úmida, academias de ginástica, consultórios médicos e uma dezenas de quartos. Além da paz encontrada por lá, o espaço oferece terapias holísticas e estéticas tradicionais como acupuntura, watsu, shiatsu, massagem estética, bandagem, drenagem linfática, circuito de beleza, talassoterapia (tratamento fisioterapêutico pela água do

VIEW

96

mar), manicure, limpeza de pele e hidratação. Além disso são dados suporte e infraestrutura completa para tratamento terapêutico de anorexia, bulimia, antiestresse e emagrecimento. Cada acomodação do spa tem nome próprio e, em cada porta, uma frase com um pensamento. Ao todo são quatro tipos de acomodações: a econômica – com banheiro coletivo, TV e telefone; o chalé standard e apartamento – com todos os itens anteriores mais o frigobar. Caso você queira uma ala reservada com vista para o lago, o Belvedere é uma opção. Possui ambiente climatizado (ar-condicionado e calefação), equipado com banheiro privativo, cofre digital e alguns outros mimos. SERVIÇO: Spa Estância do Lago Rua Pedro Teixeira Alves, 930 – Almirante Tamandaré – PR (41) 3525-0000 www.dolagospa.com.br


ARREDORES

REFÚGIOS Piscina externa multifuncional onde são realizados programas de relaxamento e equilíbrio corporal.

Lapinha Spa LAPINHA SPA A primeira clínica e spa do país, fundada em 1972, foi idealizada por Margarida Bornschein Langer, brasileira descendente de alemães, que experimentou na Suíça alguns benefícios da medicina naturista e resolveu trazê-los para o Brasil. Baseado em pilares como a terapia do biorritmo – que alia prevenção e até mesmo a cura de diversas doenças por meio da reabilitação integral dos hábitos –, o espaço oferece na programação várias atividades para equilibrar corpo, alma e espírito. A principal meta é ensinar aos hóspedes a organizar e respeitar seus horários biológicos e, deste modo, adquirir hábitos de vida saudáveis. Seguindo esta meta, todos os alimentos servidos são cultivados na horta da própria Lapinha e são colhidos poucas horas antes do consumo. A gastronomia ovo-lacto-vegetariana é incorporada à alimentação orgânica, o que promove não só a reeducação alimentar, como ainda desintoxica o organismo. Lá, pães, biscoitos, geleias, massas, queijos, manteiga

VIEW

97

e coalhada também são de produção própria e estão disponíveis para venda. A sustentabilidade e a preservação dos 550 hectares são uma constante do espaço. Por isso, o aquecimento dos ambientes, pisos, piscinas e chuveiros é feito por uma caldeira abastecida com matéria-prima retirada e replantada em uma área reservada dentro da fazenda. Os investimentos dos últimos anos resultaram em uma exuberante piscina externa multifuncional e na clínica Bem-Viver. Esta reúne acompanhamento médico, estético e programas de relaxamento com equipamentos de alta tecnologia. Destaque para o primeiro tanque de Kneipp indoor do país – tratamento hidroterápico que intercala água quente e fria para o beneficio da circulação sanguínea e equilíbrio da temperatura corporal. SERVIÇO: Lapinha SPA Estrada da Lapa – Rio Negro – km 16 – Lapa – PR (41) 3622-10440 / 800 643 1090 www.lapinha.com.br

LAPA As casas antigas no centro histórico são as principais atrações desta pequena cidade com um pouco mais de 45 mil habitantes – situada a 62 km de Curitiba na região dos Campos Gerais. Para conhecer as redondezas, a dica é começar pelo Parque do Monge, onde viveu um andarilho que até hoje é venerado por sua herança de misticismo e fé. No local, as escadas de pedras levam a uma espécie de sala dos milagres onde são deixados objetos por gratidão a graças alcançadas. Para seguir até a gruta do monge – que fazia previsões e curava com ervas medicinais –, é preciso enfrentar uma trilha. Depois de 15 minutos de caminhada, uma recompensa: uma belíssima formação rochosa chamada de Pedra Partida.


ARREDORES

O MELHOR DAS CIDADES

MIAMI

por Louise Alves, empresária e designer de moda

D

epois de anos sendo vista apenas como o paraíso das compras, Miami renasce com tudo e se mostra mais elegante e imponente com seu skyline digno de Nova Iorque

COMPRAS: AVENTURA MALL Já que estamos falando em altas cifras, que tal exercitar o cartão de crédito em um dos shopping mais chics da região? O Aventura Mall. Pelos carros estacionados na porta você pode sentir o poder de quem passa por aqui. Do lado de dentro, marcas e grifes - Ferrari; Fóssil; Godiva; Henri Bendel; etc; - dos mais altos sonhos de consumo, espalhadas em 240 lojas superexclusivas. www.aventuramall.com

LIV NIGHT CLUB A boate fica no hotel Fontainebleiu, na Collins avenue. É considerada pelos críticos como um dos clubes mais badalados do planeta. Até mesmo as pick-ups do Dj Tiesto já deram o ar da sua graça por lá. www.livclub.com

ONDE COMER: Ásia de Cuba O Ásia de Cuba - anexo ao hotel Mondrian, que tem uma vista incrível para downtown, Atlântico e Biscayne Bay - é uma excelente opção para os amantes do menu fusion de sabores asiáticos e latinos. Um espaço super clean e sofisticado, superbadalado, onde é possível, inclusive, topar com várias celebridades. www.mondrian-miami.com HOTEL FONTAINEBLEAU Fica a dica do hotel mais clássico de Miami, o Fontainebleiu – no finalzinho da Collins Avenue - a três quilômetros de South Beach e da Lincoln Road. Estive por lá e passei um reveillon inesquecível ao som do line up do Dj Axwell. O hotel dispõe de 11 restaurantes e discotecas, como Gotham Steak por Alfred Portale, Hakkasan por Alan Yau, Scarpetta por Scott Conant, e La Costa por Sean Connell. www.fontainebleau.com

VIEW

98

fotos divulgação

e com um mercado luxuoso de portas abertas aos mais endinheirados.



SABORES

Ruas próximas à Praça da Espanha concentram restaurantes que agradam todos os paladares

VIEW

100

BATEL SOHO


Destino:

Gastronomia fina

Com a abertura de novos restaurantes e com cardápios cada vez mais variados, região do Batel Soho consolidase como importante polo gastronômico de Curitiba por Carolina Gomes | design Natalia Richert

N

o segundo semestre deste ano, os amantes da boa gastronomia terão mais um motivo para frequentar a Praça da Espanha. A esquina das ruas Saldanha Marinho e Fernando Simas vai dar lugar à Osteria do Victor, um restaurante de conceito italiano com ambiente de cantina. Dos mesmos donos do Bar, da Petiscaria e do Bistrô do Victor, o novo espaço ocupará o local onde antes funcionava a locadora Video1 e terá como especialidade pratos que combinam massas e frutos do mar. “Decidimos trazer um restaurante para a Praça da Espanha porque hoje é a região

mais cobiçada de Curitiba. Foi uma disputa muito grande, porque havia vários interessados no imóvel”, conta Francisco Urban, que vai abrir o restaurante em parceria com o chef Paulino da Costa. O projeto arquitetônico será de Jayme Bernardo, mas ainda não está definido se a fachada da antiga casa será mantida ou se o espaço, que deve ter capacidade para cerca de 120 pessoas, será todo reconstruído.

ENDEREÇO Endereço EMBLEMÁTICO emblemático Esse fascínio pela região se repete nas conversas com vários em-

presários que escolheram as ruas do Batel Soho para fixarem seus empreendimentos. “Estar aqui é meio emblemático; é uma ótima oportunidade de ficar bem posicionado como marca e delimitar bem o perfil de clientela que buscamos”, diz o chef Junior Durski, que no final de 2011 inaugurou mais um restaurante da rede Madero, bem em frente à Praça da Espanha. “Até a arquitetura do novo espaço foi pensada para tirar o máximo proveito da região”, conta Durski. Isso pode ser visto pelo deque externo e pela fachada de vidro espelhado, que integra o ambiente com a praça.

101 VIEW


BATEL SOHO

fotos divulgação

SABORES

Acima, fachada do Madero tirou proveito da localização bem em frente à Praça da Espanha. Abaixo, Tartine investiu na estrutura e no cardápio para agradar paladares sofisticados

BATEL SOHO É HOJE O MAIOR CIRCUITO DE CURITIBA”

JUNIOR DURSKI, CHEF DO MADERO

VIEW

102

Tanto Urban quanto Durski confessam que no início, quando abriram seus primeiros restaurantes, não consideraram a localização tão fundamental para o sucesso de um empreendimento. “Antes eu não pensava muito a respeito”, comenta o restaurateur da família Victor. “Desde que abri uma filial em shopping comecei a perceber a importância disso. Se você puder jogar com esse fator, já sai em vantagem.” O chef do Madero concorda: “Nós sabemos como foi difícil quando abrimos o restaurante no São Francisco. Como estávamos prati-

camente sozinhos, parece que ninguém te nota, ninguém te vê.” Hoje Durski entende como é favorável para um restaurante estar num polo como o Batel Soho. “A região é hoje o maior circuito de Curitiba, funciona mais ou menos como uma grande praça de alimentação de shopping”, completa. Quem está ali há mais tempo percebe bem o crescimento e o amadurecimento da região ano após ano. O Tartine está no mesmo endereço, ao lado da Praça da Espanha, desde o ano 2000. “De lá para cá melhoramos em tudo, do projeto ao cardápio”, diz Fernanda Pradi Hey, proprietária do restaurante. “O fluxo hoje é visivelmente mais expressivo, um público diferenciado que busca qualidade e serviços de padrões internacionais.” Os habitués da região concordam. “Com frequência escolho a região do Batel Soho para almoçar com clientes; a qualidade e a variedade de pratos que é possível encontrar é o que mais me atrai”, conta o empresário Welinton Milani.


Os endereços das boas mesas Confira os espaços que se dedicam à gastronomia na região do Batel Soho

- AOS DEMOCRATAS Al. Dom Pedro II, 614 3024-4496 www.aosdemocratas.com.br - AU AU Alameda Doutor Carlos de Carvalho, 990. 3092-0800 www.auau.com.br - BABILÔNIA Al. Dom Pedro II, 541 3566-6464 www.babiloniaonline.com.br - BON MARCHÉ Rua Gutemberg, 585 3026-8157 www.bonmarchebistro. com.br - BOUTIQUE TIMBU Rua Vicente Machado, 837 3045-2393 www.aguatimbu.com.br - CAFFÉ METRÓPOLIS Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.148. 3022-0821 - CAFFÉ MILANO Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.066. 3224-8429 www.cafemilano.com.br - CAROLLA Alameda Dom Pedro II, 24 3225-4346

- CERVEJARIA DEVASSA Rua Fernando Simas, 71 3044-7003 www.cervejariadevassa. com.br - CLOROFILA Rua Saldanha Marinho, 1.100. 3322-9597 www.restauranteclorofila. com.br - CUORE DI CACAO Rua Fernando Simas, 334 3014-4010 www.cuoredicacao.com.br - CUPCAKE COMPANY Rua Saldanha Marinho, 1.582. 3016-1787 www.cupcakecompany. com.br - DILETTO Alameda Augusto Stellfeld, 1.538 www.gelatodiletto.com.br - EDVINO Alameda Presidente Taunay, 533. 3222-0037 www.edvino.com.br - EMPÓRIO ROSMARINO Rua Fernando Simas, 334 3224-3010 www.emporiorosmarino. com.br - FABIANO MARCOLINI Alameda Dr. Carlos de Carvalho, 1.181 3322-9362 www.marcolini.com.br

- FRAN’S CAFÉ Rua Doutor Carlos de Carvalho, 1.262. 3018-7049 www.franscafe.com.br

- SEL ET SUCRE Alameda Presidente Taunay, 396. 3077-6647 www.seletsucre.com.br

- FRUG FROZEN YOGURT Rua Fernando Simas, 55

- SLÁINTE IRISH PUB Alameda Presidente Taunay, 435. 3018-0441 www.slainteirishpub.com.br

- JPL BURGERS Rua Vicente Machado, 833 3024-2910 www.jplburgers.com.br - LA PASTA GIALLA Rua Fernando Simas, 47 3077-8010 www.lapastagialla.com.br

- SOHO THAI Alameda Prudente de Morais, 1.218. 3026-1218 www.sohothai.com.br - TARTINE RESTAURANTE Rua Coronel Dulcídio, 35 3222-4937 www.tartine.com.br

- MADERO Rua Coronel Dulcídio, 95 3077-1450 www.restaurantemadero. com.br

- TIENDA CAFÉ Rua Fernando Simas, 27 3027-5251 www.tiendadesign.com.br

- OSTERIA DO VICTOR Rua Saldanha Marinho esquina com Rua Fernando Simas

- TIZZ Alameda Doutor Carlos de Carvalho, 1.345. 3022-7572 www.tizz.com.br

- PATA NEGRA Rua Fernando Simas, 23 3015-2003

- VIN BISTRO Rua Fernando Simas, 260 3225-3444 www.vinbistro.com.br

- PIOLA Alameda Dom Pedro II, 105 3225-7725 www.piola.it - ROSE PETENUCCI Rua Saldanha Marinho, 1.582. 3024-8215 www.rosepetenucci.com.br

103 VIEW


SABORES

BATEL SOHO

DIVERSIDADE Diversidade Diante dessa multiplicação de restaurantes, a concorrência, que poderia assustar alguns, é encarada com bons olhos pelos empresários. “Quanto mais gente estiver na praça, melhor para todos que estão ali”, defende Durski. “Se um restaurante está cheio, os clientes acabam indo a outro, conhecendo outros cardápios e o público vai ficando cada vez maior.” Para Fernanda, do Tartine, quanto mais restaurantes e lo-

jas abrirem, mais pessoas virão para a região atraídas justamente por esta diversidade. “Queremos fazer da região um marco em Curitiba.” Na opinião da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Paraná (Abrasel-PR), a formação desses polos gastronômicos é um movimento muito positivo para a cidade como um todo. “Quando um empresário decide investir num local pensando não apenas no seu lucro, a região acaba ficando mais

agradável e visitada, passando a atrair outros empresários”, diz o diretor-executivo da entidade, Luciano Bartolomeu. Com a concentração desses negócios, destaca, todos passam a pensar coletivamente na situação da rua, na segurança e no trânsito. E aí todo mundo sai ganhando. “A ‘competitividade leal’ traz a busca pela melhoria. O salto de qualidade dos restaurantes curitibanos é justamente um sinal positivo dessa competitividade.”

UM CENTRO GASTRONÔMICO A CÉU ABERTO Todos os anos o Empório Batel Soho é destaque na cidade por unir o ambiente de uma feira de rua com a alta gastronomia

H

á quatro anos, os integrantes da então recém-criada Associação dos Comerciantes da Região da Praça da Espanha (Ascores) deram o pontapé inicial para o fortalecimento da área que hoje é reconhecida como um dos principais centros de boa gastronomia e compras de rua para o mercado de alto padrão de Curitiba: o Batel Soho. “A tendência no mundo todo é a criação de centros gastronômicos e

Frequentadores do Empório Batel Soho podem provar pratos da alta gastronomia em ambiente que lembra uma feira de rua

foto divulgação

VIEW

de compras a céu aberto”, comenta Fernanda Pradi Hey, proprietária do restaurante Tartine. “Nova York, Paris, Londres, Roma e Buenos Aires já concentram seu comércio facilitando a vida dos turistas e consumidores locais.” As referências eram mesmo internacionais. Soho é o nome de uma região gastronômica de Buenos Aires e também de um descolado bairro de Londres. Mas o nome ficou mesmo

104

imortalizado em Nova York, ao sul da rua mais charmosa de Manhattan: a Houston. É justamente a contração das palavras South Houston que forma o termo “soho”. E a ideia era trazer todo esse conceito também para a região do Batel. Embora as regiões citadas tenham surgido naturalmente, enquanto que a curitibana foi idealizada, não há como negar a essência: arte, moda e cozinha sofisticadas. A cozinha é inegavelmente a estrela da região. Tanto é que os dias em que a Praça da Espanha mais recebe visitantes são durante as edições do Empório Batel Soho. Nos dias do evento, os restaurantes oferecem minipratos de seu menu em barracas montadas no meio da praça. Milhares de pessoas prestigiam a iniciativa. “No início a proposta era criar a oportunidade de mostrar a cara de todos esses empreendimentos gastronômicos”, diz Bibiana Schneider, diretora de marketing da Ascores. “Foi um sucesso desde a primeira edição e hoje o evento tem exatamente a cara da proposta Batel Soho.”



SABORES

VEGETARIANOS

PRAZERES DA

sem CARNE

Restaurantes descobrem público vegetariano e passam a oferecer (boas) opções sem carne no cardápio por Carolina Gomes I ilustração e design Natalia Richert

EDUARDO LUBIAZI Publicitário, é o integrante da turma que deixou de comer carne há menos tempo

VIEW

106

GUILHERME KRAUSS Publicitário e empresário, comeu seu último pedaço de carne em dezembro de 2010


P

ara você um cardápio vegetariano se resume a saladas e massas com molho de tomate? Pois é isso que muitos restaurantes têm oferecido a esse público que não para de crescer. De acordo com uma pesquisa publicada pelo Ibope em março de 2011, os vegetarianos já correspondem a 9% da população brasileira – mais de 17 milhões de pessoas. “Ainda falta muito conhecimento sobre o assunto; em alguns lugares só tenho como opção comer a guarnição”, comenta Mayra Corrêa e Castro, professora de yoga, aromaterapeuta e vegetariana há 11 anos. Mas há um novo horizonte mais azul – e saboroso – no caminho de Mayra e de tantos outros vegetarianos curitibanos.

CONTRA FILÉ Contra o filé “Não pichamos ‘carne é crime’ pelos muros e muito menos lutamos para que o mundo pare de comer carne ao amanhecer. Só queremos que os estabelecimentos respeitem nossa opção e ofereçam cardápios que permitam a socialização entre vegetarianos e onívoros, sem prejuízos à dieta, atendimento ou experiência gastronômica.” Esse é o lema do blog curitibano Contrafilé, criado pelos publicitários Eduardo Lubiazi e Guilherme Krauss, e pelos designers Amilton Paglia e Daniel Imaeda.

OS VEGETARIANOS JÁ CORRESPONDEM A DA POPULAÇÃO BRASILEIRA.

9%

SÃO MAIS DE

17 MILHÕES DE PESSOAS. fonte Ibope

DANIEL IMAEDA

AMILTON PAGLIA

Designer, deixou definitivamente de comer carne em 2011, após algumas idas e vindas

Designer, é vegetariano desde 2007 e levou os amigos por esse mesmo caminho

107 VIEW


SABORES

VEGETARIANOS

A ideia surgiu a partir das dificuldades que os quatro rapazes vegetarianos encontravam todos os dias quando saíam juntos para almoçar. “Muitas vezes os restaurantes até oferecem opção, mas é uma porção de fritas”, brinca Krauss. “Também queremos ter entrada, prato principal e sobremesa”, completa. Desde o ano passado eles circulam por restaurantes e lanchonetes não vegetarianos em Curitiba e relatam suas experiências no blog. “A ideia é gerar um guia de lugares ‘amigáveis’ e ‘não amigáveis’”, diz Krauss. “Primeiro, para que os vegetarianos possam usar nossos relatos e escolher estabelecimentos em que ele é ‘bem-vindo’. Segundo, para, modestamente, tentar abrir os olhos dos empresários para o nosso público.”

ATÉ FOOD AtéFAST fast food E boas surpresas têm aparecido. “Na lanchonete Burger King descobrimos que é possível colocar onion rings dentro do sanduíche no lugar do hambúrguer. E o resultado é bem interes-

DICIONÁRIO DO VEGETARIANISMO • OVO-LACTO-VEGETARIANO: não consome nenhum tipo de carne, mas inclui ovos, leite e derivados em sua alimentação • LACTO-VEGETARIANO: não consome nenhum tipo de carne, mas inclui leite e derivados • VEGANO: exclui de sua alimentação todos os produtos de origem animal. Além de carnes, peixes, aves, tiram também ovos, laticínios, mel, gelatina, etc. Os veganos não usam couro, lã, seda e outros itens que levem ingredientes de origem animal, como sabonetes, xampus, cosméticos, detergentes e perfumes.

VIEW

108

sante. Pena que nem todas as filiais da rede são orientadas sobre essa possibilidade”, conta o publicitário. A Panquecaria Du Napoleão, a Barba Hamburgueria e a Pastelaria Juvevê são outras três descobertas interessantes do blog. “Na pastelaria, foi engraçado porque era um lugar que teria tudo para dar errado, por ser bem antigo e simples, e no fim tem mais de 20 opções vegetarianas.” Os criadores do blog dizem que tudo depende da cultura do dono do estabelecimento. “Tem gente que é cabeça-dura”, reclama. Recentemen-

TAMBÉM QUEREMOS TER ENTRADA, PRATO PRINCIPAL E SOBREMESA”

GUILHERME KRAUSS, PUBLICITÁRIO

te, um restaurante que os rapazes visitaram, sem opções vegetarianas no cardápio, recusou-se a preparar uma omelete para que eles pudessem acompanhar o jantar com outros amigos não vegetarianos. Constrangimento recorrente na vida de quem optou por não comer carne. A personalização do cardápio é o caminho que a grande maioria dos restaurantes “amigáveis” tem encontrado para satisfazer esse público, sem engessar o menu. É o que faz o Sel et Sucre. “Nós conseguimos trabalhar com a possibilidade de criar o prato na hora, junto com o cliente. Sempre temos uma opção de prato principal sem carne, mas para quem almoça aqui quase todos os dias fica repetitivo demais”, conta Roberta de Carvalho Esteves, gerente do restaurante.

Fugindo da DA soja SOJA FUGINDO E se a vida de um adulto vegetariano é difícil, imagine a de crianças. “Tenho dois filhos de sete e cinco anos; eu e meu marido acabamos conseguindo nos virar em qualquer lugar, mas as crianças não”, conta Mayra. A aromaterapeuta diz que um lugar que agrada à família inteira é, por incrível que pareça, a Hamburgueria do Vicente. “Eles conseguem fugir da soja e fazer um hambúrguer delicioso com abóbora e quinoa”, elogia. O sócio-gerente do restaurante, Marcelo Haro, conta que foi um longo processo até chegar a essa receita. “A dificuldade era dar a liga. Chegamos a tentar até com goma de tapioca, mas o resultado não ficava como queríamos.” Foi quando eles descobriram que dependendo da forma como a abóbora é assada ela consegue dar a liga necessária. Os hambúrgueres vegetarianos são feitos semanalmente, levam dois dias para ficarem prontos e são depois congelados – o que também ajuda na consistência da receita. O hambúrguer entra no Vegetariano do Vicente, que ainda leva rúcula, queijo cottage e pão integral. Mas em qualquer um dos mais de 25 sanduíches do cardápio é possível substituir o hambúrguer tradicional pela opção vegetariana. E a receita caiu no gosto dos clientes. “Percebemos um aumento muito grande do consumo a partir do segundo semestre de 2011 para cá”, comemora Haro. “Se antes vendíamos uma média de 15 hambúrgueres por semana, hoje vendemos três vezes mais.” Mayra diz que, apesar de todas as dificuldades, hoje consegue ter uma vida social normal. Guilherme concorda. “A maior recompensa tem sido sentar à mesa com velhos amigos, é a verdadeira inclusão ‘sociogastronômica’”, comemora.


RESTAURANTES AMIGÁVEIS

Um guia de lugares não vegetarianos para vegetarianos em Curitiba

Originale ORIGINALE Cantina italiana traz em seu cardápio opções veganas, como o tortei de berinjela ao pesto e o polpetoni vegan com talharim integral. Avenida Munhoz da Rocha, 665, Cabral (41) 3019-0909 www.originale.com.br

TREVENZUOLO Trevenzuolo Pizzas e massas sem ovos. Também preparam opções veganas. Rua Édson Campos Matesich, 1.010, Santa Felicidade (41) 3296-3726 www.trevenzuolo.com.br

Kan KAN

Memphis BURGER & GRILL MADERO

Restaurante japonês com tábuas de sushis vegetarianos. Avenida Presidente Getúlio Vargas, 3.121, Água Verde (41) 3078-8000 www.restaurantekan.com

O cardápio conta um novo prato para atender aos clientes vegetarianos: é o Penne com tomates cereja, alcaparras, azeitonas e manjericão. Uma opção de entrada seria o

Baba Salim BABA SALIM Restaurante árabe com opções de faláfel (bolinho feito de grão de bico) e esfirra de zaatar (tempero típico da gastronomia árabe que mistura ervas e especiarias). Rua Amintas Barros, 45, Centro (41) 3222-7672

palmito assado na brasa. (41) 3014-0600 www.restaurantemadero. com.br

BARBA HAMBURGUERIA Barba Hamburgueria Hambúrguer vegetariano de soja ou batata com ervilhas. Rua Vicente Machado, 578, Centro (41) 3322-7506

Burning Burger BURNING BURGER Mustang Sally SALLY MUSTANG Tem sanduíche com hambúrguer de soja e é possível trocar o hambúrguer de carne em qualquer lanche do cardápio. Rua Coronel Dulcídio, 517, Batel (41) 3018-8118 www.mustangsally.com.br

DON KEBAB Don Kebab Oferece três opções de kebabs vegetarianos: de escabeche de berinjela, de faláfel e o mediterrâneo, com pepino japonês. Avenida Vicente Machado, 767, Batel (41) 3232-3200 www.donkebab.com

Tem duas opções vegetarianas em seu cardápio: o Johnny Cash, feito com queijo tofu na chapa, cebola frita com molho de soja, alface americana e tomate; e o Bob Dylan, feito com hambúrguer de soja, cebola frita com molho de soja, alface americana e tomate. Rua Mauá, 111, Alto da Glória (41) 3032-2727 www.burningburger.com.br

HAMBURGUERIA DO VICENTE Hamburgueria do Vicente Além da opção vegetariana do cardápio, qualquer sanduíche pode ser feito com o hambúrguer de quinoa e abóbora japonesa. Avenida Vicente Machado, 1.927, Batel (41) 3024-4171 www.hamburgueriadovicente. com.br

SEL SUCRE Sel etET Sucre The Kettle THE KETTLE Casa de chá com boas opções vegetarianas, como os muffins de queijo. Alameda Prudente de Moraes, 836, Mercês (41) 3233-1978 www.thekettle.com.br

Cardápio sempre tem opções vegetarianas como ravióli de pera ou de sálvia com tomates frescos. Alameda Presidente Taunay, 396, Batel (41) 3077-6647 www.seletsucre.com.br

109 VIEW


VIEIRA

foto Walter Morgenthaler

ARTIGO ANDREA

V

ou começar com uma pergunta: o que vem em sua mente quando você pensa em comida? Um ingrediente, uma receita, um restaurante ou um momento? O cozinhar e o comer de alguma forma mágica nos conectam com o passado, com nossa família e amigos, nos ligam a diferentes épocas e lugares. Quantos são os pratos que nos remetem a um lugar, onde uma rápida lembrança é capaz de trazer de volta por milésimos de segundo um gosto ou um aroma perdidos nos arquivos da memória. Para mim, a época do ano que me traz as melhores recordações ou ainda a oportunidade de resgatar receitas de família são as férias de verão. Essa época sempre foi sinônimo de horas na cozinha. Com meus parentes, sempre me revezei entre apresentar novidades aos mais generosos cobaias ou ser presenteada com os saudosos melhores pratos. Quando entre os amigos, brinco de trocar receitas e de me aventurar nas cozinhas alheias. Mas o bom das férias é que nunca se cozinha sozinho. Trabalhamos unidos: um lava, outro pica, um palpita, outro experimenta. Histórias surgem ao redor do fogão, lembranças são compartilhadas, a nostalgia cede seu lugar às piadas e assim o tempo passa rápido demais, enquanto os sabores se apuram e os aromas abrem o apetite. Adoro quando este tempo, que parece ter vindo em definitivo, nos permite investir nos pratos mais apreciados e que só tem sentido fazê-los quando estamos entre as pes-

VIEW

110

MATANDO AS SAUDADES! soas que amamos: a paella ou o churrasco do meu marido, a vitela da minha sogra, o steak au poivre do tio Orlando, a maionese da tia Elo, a comidinha caseira feita pela minha mãe. Aliás, qualquer comida na casa da minha mãe tem um gosto melhor. Parece que a sua alface é mais fresca, seu morango mais doce e assim por diante. Comida de mãe é sempre imbatível. Tem dias que fico me perguntando: quais serão as memórias dos meus filhos quando forem adultos? Qual será minha receita que fará com que eles se emocionem, que os fará sentir saudades, que nos unirá? Tentando reproduzir uma das minhas memórias preferidas na praia, quando era criança, fomos ver os pescadores puxar a rede para comprarmos o peixe mais fresco possível. Sempre fazia isso com meu irmão. Lembro das redes cheias: tinha robalo, dourado-do-mar e pescada. Desta vez vieram apenas dois bagres, um robalo, meia dúzia de outros peixinhos pequenos, algumas latas, garrafas PET, sacos plásticos e um siri azul enrolado na rede, que conseguimos salvar. Infelizmente o volume e a diversidade da nossa fauna marítima parece ter mudado nos últimos 30 anos. Tentei então tirar marisco da pedra com eles, também em vão. Os mariscos, só nas fazendas, cultivados pelo homem. Por sinal, compramos quatro quilos destes mariscos pela bagatela de R$ 12,00. Sim, ainda é possível comer muito bem e barato.

Outro programa de férias que não vivo sem é passar uma tarde em Santo Antônio de Lisboa, em Florianópolis, sentada na calçada, olhando para o continente e comendo o maior número de ostras que conseguir. Não por motivo de competição, mas sim por saber que aquele momento só irá se repetir dali a um ano. Como contei até agora, nestas férias tive de tudo. Matei as saudades, comi maravilhosamente bem, curti minha família e meus amigos, fiz os programas de que mais gosto. Agora já posso voltar para casa, ficar longe por alguns meses, mas com as forças renovadas e aquela vontade de “quero mais” instalada dentro de mim. Pronta para começar o ano de verdade, buscando novas receitas e muitas novidades neste inesgotável universo da gastronomia.

HISTÓRIAS SURGEM AO REDOR DO FOGÃO, LEMBRANÇAS SÃO COMPARTILHADAS, A NOSTALGIA CEDE SEU LUGAR ÀS PIADAS E ASSIM O TEMPO PASSA RÁPIDO DEMAIS.”

Andrea Vieira é chef de cozinha e foi titular da coluna Sabor, do suplemento Viver Bem, da Gazeta do Povo


NOTAS SABORES PARA O VERÃO

fotos divulgação

Para aproveitar os dias mais quentes da estação, nada melhor do que saborear um delicioso e refrescante café gelado. Pensando nisso, o Fran’s Café traz uma novidade que promete ser a sensação dos apaixonados pela bebida: o iced coffee Franccino sabor framboesa. Além de café gelado, leite e chantilly, a bebida recebe ainda calda de framboesa, uma combinação perfeita para o verão. www.franscafe.com.br

du Jour. São sabores contemporâneos em combinações surpreendentes: Choco Mentha, Choco Açaí, Choco Erva-Doce, Choco Lavande, Choco Café e Grue de Cacau. A Coleção Pérolas está disponível no kit xícaras nas versões prata e dourado ou em bombonieres de vidro, com design retrô. www.chocolatdujour.com.br

SORVETE DAS MENINAS

Que tal um puro sorvete de cereja com pedaços de chocolate escuro nestes dias mais quentes? A Eismann, líder no mercado europeu de alimentos ultracongelados, trouxe esta novidade diretamente da Alemanha para Curitiba. O sorvete, que ainda traz cerejas cristalizadas, vem com embalagem especialmente criada para as meninas. www.eismann.com

DOLCE VITA

As preciosas e delicadas pérolas inspiraram a nova coleção da Chocolat

REFRESCANTE A cerveja orgânica Honey Dew é produzida com lúpulo selvagem e cevada cultivada em fazendas orgânicas que não usam pesticidas químicos ou fertilizantes. Com 5% de teor alcoólico, a composição do mel orgânico fino com maltes e lúpulos ingleses torna a bebida balanceada. Possui leve toque de doçura, apresenta cor dourada e deixa sensação de refrescância no paladar, por conta do orvalho do mel. www.boxernet.net

111 VIEW




ÍNDICE

116

ACONTECEU 115 Refrescante Sunset marcou lançamento do novo champanhe da marca LVMH

116 Salve jorge! TOP VIEW reuniu parceiros e inaugurou a temporada de festas 2012

118 Réveillon vip Mabu Thermas & Resort recebeu convidados especiais na virada do ano

122 Brasileiríssimo Bourbon Cataratas celebrou 38 anos em réveillon para mais de mil convidados

123 Mar doce lar Iate Clube de Caiobá celebrou em grande estilo seu 51º aniversário COLUNAS 124 Ruy Barrozo Social

126 Nemécio Mueller Social

120 Jantar Solidário Comemoração marcou os dez anos do Four Points by Sheraton

121 Verão do bem Pool party em Caiobá arrecada recursos para a Associação Alírio Pfiffer

127 Nadyesda Almeida Social

123


LANÇAMENTO ACONTECEU

Refrescante Sunset marcou lançamento do novo champanhe da marca LVMH fotos Marco Dutra

Aconteceu no dia 7 de janeiro, em Florianópolis, o lançamento da Moet Ice Imperial, novo champanhe da marca LVMH para ser degustado com gelo. O evento que rolou no exclusivo Donna Dinning Club, em Jurerê Internacional, foi super badalado e cheio de vips. O DJ Henrique Fernandes embalou a festa que foi muito animada e principalmente muito chique! A nova bebida foi super aprovada pelo High People de Floripa e Curitiba. Confira alguns dos convidados do site de entretenimento premuim High Floripa (www.highfloripa.com.br).

1

2

3

4

5 1. Márcia Almeida e Rafaela Omeire. 2. Cecilia Hauer e Rosangela de Lara. 3. Paulinha e Rosangela de Lara, Márcia Almeida, Sandra e Carolina Lobato Simão. 4. Álvaro Garnero e Cristiana Arcangeli. 5. Mônica Buffara e Mário Petrelli.

115 VIEW


ACONTECEU

CHANDON BUBBLE BAR 2012

Thabata Martin e a chef Eva dos Santos

Ireni Ferreira, Julio Fagundes, Daniel Galiano e José Gonçalves Jr. Marcos Senko, Buko e Liko Kaesemodel

Newton Rocha Jr., Paulo e Nadyesda Bonet O chef Guile Kaesemodel

Beto Lanza e Roberta Storelli

Manu Buffara

Gessina Assad e Elysa Mendonza

Guilherme Rodrigues e Cintia Peixoto

Juliana Vosnika e Marcelo Vosnika

VIEW 116

Bárbara Bongiolo e Danilo Jenrich


Salve Jorge! Bibba Pacheco e Ruy Barrozo

Top View e parceiros abrem season 2012 com a festa que deu o que falar fotos Diego Pisante

Janice e Chico Urban

Stella Faccenda

Luzia Mendez Ribeiro, Mara Ferreira, Joana Anfiutti e Sabrina Senko Cintia Peixoto – publisher da Top View e anfitriã da noite – recebeu os seus convidados na Forneria Belluna para mais uma edição da Top View Chandon Bubble Bar 2012. Foram dois dias de festa. Os convidados foram recebidos ao som de arrepiar das pick-ups da DJ Stella Faccenda e com delícias preparadas pelo chef Guile Kaesemodel (primeiro dia) e quitutes da chef Eva dos Santos, da equipe do Bistrô do Victor (segundo dia). Inspirada em São Jorge, a decoração – sob a regência da party designer Ireni Ferreira – deu o ritmo e o tom ao evento, patrocinado pela MS Blindados, Hospital São Lucas e Apolar Imóveis. Além do apoio incondicional de O Boticário, Paleteria Picolés Artesanais, Ouro Fino e iMax Eventos.

Ireni Ferreira, Cintia Peixoto, Fernanda Peter e Regina Rocha

117 VIEW


ACONTECEU

MABU

Réveillon vip Os convidados foram recepcionados com banda ao vivo, culinária tropical e a tradicional queima de fogos fotos Wilson Ruanis

O Mabu Thermas & Resort, localizado em Foz do Iguaçu, recebeu hóspedes e convidados especiais para o Grand Réveillon 2012. A festa foi embalada por apresentações musicais com bandas ao vivo e uma culinária tropical com pratos assinados pelo chef Amadeu Reis. Entre os destaques, o novo complexo de gastronomia com ambientes planejados pelo arquiteto Jayme Bernardo. Um dos momentos mais esperados da noite foi a tradicional queima de fogos, que iluminou o céu da cidade por 20 minutos. 2

4

1

3

5

6

VIEW

118

1. O engenheiro Sérgio Novacosky, a diretora-geral da Rede Mabu, Márcia Abujamra, a conselheira de administração da Rede Mabu, Roselena Abujamra, a primeira-dama do Paraná, Fernanda Richa, o governador do Estado do Paraná, Beto Richa, Astrid Abujamra, o presidente do Grupo Mabu, José Maria Abujamra, a conselheira de administração da Rede Mabu, Denise Abujamra, e o conselheiro de administração da Rede Mabu, Alberto Abujamra. 2. As irmãs Denise Abujamra, Roselena Abujamra e Márcia Abujamra. 3. Os empresários João Paulo Nicolodi e Alice Abujamra, recém-casados, ao lado da artista plástica Jacyra Abujamra, avó de Alice. 4. Renan Mouro, a publisher Cintia Peixoto, Marco Franco e Ruy Barrozo. 5. André Cebula, o governador do Paraná, Beto Richa, a primeira-dama Fernanda Richa, Patricia Richa, André Richa e Rodrigo Richa. 6. O conselheiro de administração da Rede Mabu Hotéis & Resorts, Alberto Abujamra, a conselheira de administração da Rede Mabu, Roselena Abujamra, a artista plástica Jacyra Abujamra, a diretora-geral da Rede Mabu, Márcia Abujamra, a conselheira de administração da Rede Mabu, Denise Abujamra, e o presidente do Grupo Mabu, José Maria Abujamra.



ACONTECEU

SHERATON

Jantar solidário Comemoração marcou os 10 anos do Four Points by Sheraton. Verba arrecadada no evento foi revertida para a Associação Alírio Pfiffer. fotos Adalberto Rodrigues

O vice-presidente sênior de operações da Atlantica Hotels International, Christer Holtze, participou em Curitiba das comemorações dos dez anos do Four Points by Sheraton.

1

O evento beneficente arrecadou R$ 50 mil, que foram revertidos para a Associação Alírio Pfiffer para a compra de um respirador móvel para pacientes transplantados. Os padrinhos do evento foram a empresária Maria Cecília de Leão Rosenmann e o jornalista Reinaldo Bessa. 2

3 4

5

6 1. Karla e Leonardo Petrelli. 2. Lylian Vargas e Vera do Amaral Lupion. 3. Flávia e Waldir Simões de Assis. 4. Lilian Franco, Kitty Pires, Bettina Muradás e a organizadora do evento, Rossana Lazzarotto de Oliveira. 5. Jussara Campos, Márcia Almeida e Marila Riella. 6. Filipe Demeterco, Bettina Muradás e o convidado especial Christer Holtze.

VIEW

120


POOL PARTY ACONTECEU

Verão do bem Amigos reuniram-se na Praia de Caiobá para arrecadar recursos para a Associação Alírio Pfiffer fotos divulgação

Bettina Souza Muradás e Raul Carneiro de Souza Neto reuniram grupo de amigos frequentadores da praia de Caiobá para uma pool party em sua casa. O motivo do delicioso encontro foi arrecadar recursos para a Associação Alírio Pfiffer de apoio ao Transplante de Medula Óssea. Ao som da playlist da DJ Sandra Carraro, os convidados nadaram, dançaram e fizeram a diferença na vida de muitos pacientes de TMO. Tatjana Nickel fotografou alguns momentos da festa.

1

2

3

4

5

1. Reginaldo Reichert, Marcia Smaka, Bettina Souza Muradás, Tatjana Nickel, Cristina Maranhão, Jandirinha Khury, Simone Slaviero e Dani Gomm Fantin. 2. DJ Sandra Carraro. 3. As irmãs Daniella Muradás Nardoni e Bettina Souza Muradás. 4. Paulo e Bia Fatuch, Jussara e Marco Fatuch e Vanessa Belotti. 5. Jaqueline e Xuxa Rocha, Bettina e Raul Carneiro de Souza, Claudia e Marco Ziliotto. 6. Claudia Antunes Ziliotto, Simone Manasses, Rubia Sansonowki, Dami Gomm Fantin, Cristina Maranhão e Adriane Trevisan Raurich.

6

121 VIEW


ACONTECEU

BOURBON

Brasileiríssimo Bourbon Cataratas celebrou 38 anos em réveillon para mais de mil convidados fotos divulgação

Na passagem de ano, o Bourbon Cataratas Convention & Spa Resort recebeu convidados com espumante e ao som de música brasileira. A decoração – idealizada pela promoter Ilse Simon – foi em três cenários diferentes. O foyer foi ambientado com mobiliário clássico e revestido com

1

tecido na cor verde-escuro. Na segunda entrada, um túnel de 16 metros com paredes arrematadas por folhagens. Já no salão principal, mesas com pérolas, candelabros e flores naturais. À beira da piscina, coquetel com shows de fogos para 1.040 convidados brasileiros. 2

3

4 1. Francisco Calvo, gerente-geral do Bourbon Cataratas, com a esposa, Alina

5

VIEW

122

Arroyo, gerente do Amazônia Spa do resort. 2. A festa inspirada na música Aquarela do Brasil contou com a presença de mais de mil convidados, entre eles o Ministro da Agricultura, Reinold Stephanes, o presidente da Moto Honda Yuji Horie, entre outros. 3. O secretário de Segurança do Estado do Paraná, Reinaldo de Almeida César, curtiu com a esposa, Luciana, com os filhos Enzo e Roberta o pacote de réveillon do Bourbon. 4. Ivan Bonilha, Wanderley Luxemburgo, Alceu Filho, Reinaldo de Almeida Cesar e Ramon Nogueira. 5. O controller do Bourbon Cataratas, Ronaldo Martins, esteve presente durante as festividades.


COMEMORAÇÃO ACONTECEU

Mar doce lar O Iate Clube de Caiobá celebrou em grande estilo seu 51º aniversário fotos Rogério Theodorovy

No dia 28 de janeiro cerca de 260 pessoas, entre amigos e sócios brindaram mais um aniversário do Iate Clube de Caiobá. A festa do 51º aniversário do clube foi realizada na sub sede da Praia Mansa sob o comando do comodoro Massimo Lorenzetti e com o show animado da cantora Dani Carlos.

1

4

3

1. Massimo Lorenzetti, Geroldo Augusto Hauer, Teresa Lorenzetti, Maria Elvira Strobel Jorge e José Jorge Neto. 2. Massimo Lorenzetti, Teresa Lorenzetti, Maria Elvira Strobel Jorge e José Jorge Neto. 3. Ariel Mário Okopny Junior, Alceu Gugelmin Junior, Ivan Martins, Cyro Pereira de Camargo Filho, Paulo Antonio Monteiro e Camargo Olivio Batista. 4. Marzia Lorenzetti, Valdirene Malucelli, Sonia Camargo, Eliana Farracha e Teresa Lorenzetti. 5. O vice-comodoro e diretor social José Jorge Neto, a cantora Dani Carlos e Maria Elvira Strobel Jorge.

2

5

123 VIEW


COLUNA

Ruy Barrozo fotos Studio F22

1

3

2

4

5

6

É TEMPO DE FORMATURA Vinícius Bocchino Seleme, filho de Antônio Luiz Dequech Seleme e Lise de Oliveira Bocchino, depois de comemorar sua aprovação na Residência de Clínica Médica do Hospital de Clínicas da UFPR, festejou sua formatura no curso de Medicina da PUC/PR durante movimentado jantar no Restaurante do Golfe do Graciosa Country Club. A festa, que só terminou após o primeiro raio de sol, foi animada pelo DJ André Gentil e contou com decoração floral de Tina Gabriel, doces de Bárbara Trevisani e cardápio assinado pelo Buffet Elegance. A noite reuniu profissionais de saúde, amigos mais próximos e familiares. Foi sem dúvida alguma uma noite inesquecível. 1. Vinícius Bocchino Seleme entre Claudia e Antônio Luiz Seleme. 2. Acir Rachid Filho e esposa. 3. Vinícius entre os avós Lia e Homero Bocchino. 4. Rui Bocchino Macedo e esposa e a filha Manuela.

VIEW

124


7

8

9 10

11 5. Luiz César Guarita Souza, Antônio Luiz Seleme e Lise de Oliveira Bocchino. 6. Lise de Oliveira Bocchino, Leoni Caprilhone Filho e senhora, Odete Schuruber, Dora e Rodrigo Milano. 7. Lia Bocchino, Éster Regina Seleme, Vinícius Bocchino Seleme e Leslie Bocchino. 8. Os irmãos Cássia e Vinícius Bocchino Seleme. 9. Manoel Simão de Andrade, senhora e filhos. 10. João Gualberto Ramos, sua esposa e Vinícius Bocchino Seleme. 11. Éster Regina e Julita Seleme, Lise de Oliveira Bocchino e Luiz Roberto Hannemann de Campos. 12. Vinícius Bocchino Seleme, Lise de Oliveira Bocchino, Luiz Roberto Hannemann de Campos, Dalton e Cibele Precoma. 13. Lise de Oliveira Bocchino, Vinícius Bocchino Seleme, Claudio Pereira da Cunha e enhora, e Claudia e Antônio Luiz Seleme. 14. Vinícius Bocchino Seleme, Claudia e Antônio Luiz Seleme, Maximo e Julita Seleme.

12

13

14

125 VIEW


COLUNA

Nemécio Müller 1

2

3

4

5

6

VIEW 126

Na ciranda da sociedade, confiram nossos personagens que deslizam na rota festiva com muito charme e alegria, anunciando otimismo neste novo ano. 1. Ruy Barrozo ladeado pelas elegantes Joselde Tuma e a confrade Izza Zilli em noite festiva do Clube Curitibano. 2. Na lente deste, a beleza de duas gerações: a filha Rosane e a genitora Ediluz Godoy, sinônimo de savoir-faire. 3. Em encontro da saison, as bem-sucedidas Clemilda Thome e Celine Geara. 4. Da sociedade tradicional, as irmãs Silvana Slaviero Gonçalves e Simone Slaviero. 5. Em momento festivo, a informalidade de Vania Dalmaz, Eduardo Mourão e Analzira Carneiro. 6. Anunciando o ano com sorriso largo, Rossana Serena e Marcia Florenzano.


COLUNA

Nadyesda Almeida MULHER DE CABEÇA FEITA Cheia de ideias e sempre com cabelos impecavelmente arrumados, Claudete Matte passeia com passos firmes pelo universo dos salões de beleza. Trabalha em um mercado que lida diretamente com a autoestima, atuando tanto na venda de produtos quanto na capacitação de pessoas. Ela sabe que beleza é fundamental, mas tem certeza que indispensável mesmo é a capacidade de se reinventar. Uma receita de beleza... Ser uma pessoa realizada e de bem com a vida. A grande realização da sua vida... Na pessoal, sem dúvida, meus filhos. Na profissional, a conquista de ter o meu negócio, um sonho de adolescente. Um desafio para 2012... Tornar meu centro educacional uma referência no segmento de beleza e com isso gerar muitos empregos em uma área carente de mão de obra. Fundamental para uma grande carreira é... Persistência, foco e muita dedicação. O que não pode faltar em um profissional da beleza? A soma de técnica e criatividade. Um sem o outro não gera sucesso. Uma solução para

almente bem na mulher. Mas, in-

da aos olhos, mas sem conte-

um “bad hair day”?

dependente da opção, sempre com

údo fica uma beleza vazia.

Ter o discernimento de saber o

um bom corte e fios tratados.

O sentimento mais nobre...

que de fato fica bem em você.

Lisos ou

A soma de ética e humildade.

Tendência é...

com volume?

Se pudesse, o que

Harmonia entre cabelo, roupa e ma-

Existe uma tendência de cabelos lisos e

mudaria no mundo?

quiagem, sem se preocupar com o

chapados. Eu adoro cabelo com volume,

Muitas coisas... Mas, se eu tives-

que é moda naquele momento.

tipo Gisele Bündchen e Isabeli Fonta-

se o poder nas mãos, elimina-

Clássico ou moderno?

na. Elas tratam bem os fios e os deixam

ria a pobreza que corrói o mundo.

Clássico com certo “ar” moderno.

naturalmente volumosos. Fica elegante.

A mulher e o homem mais

O que nunca sai de moda?

Mulher “cabeça-fei-

belos de todos os tempos...

Sua aparência transpare-

ta” é aquela que...

Do passado, Elizabeth Taylor e Richard

cer felicidade. Essa beleza na-

Sabe o que quer, luta pelo o que acre-

Burton. Eram lindos! Hoje, uma res-

tural sempre está na moda.

dita e não fica só no sonho, realiza.

posta quase óbvia: o casal Brad Pitt e

Cabelos curtos ou compridos?

A beleza é fundamental?

Angeline Jolie. Não tem concorrência,

Depende da idade e do que fica re-

Claro que a beleza física agra-

apesar de inúmeros belos do Brasil.

127 VIEW


COLUNA

NADYESDA ALMEIDA 1

3

2

4

5 PARTNERS DECOR fotos Gerson Lima

1. O arquiteto Eduardo Mourão recebeu parceiros para celebrar os bons resultados obtidos em 2011 pelo seu escritório e suas lojas Studio Casa. O prestigiado jantar foi no Graciosa Country Club. Na foto, Eduardo Mourão e Marcos Pereira, presidente da Ponto de Apoio. 2. Elizabeth Bianco e Beta Mourão. 3. Maria Claudia e Zilia Merhy. 4. Silvia Pierri, Eduardo Ambrósio com Rita e Paulo Mourão. 5. Clair Milani, Marina Nessi e Ernani Resende.

VIEW

128


7

EXPERIÊNCIA INESQUECÍVEL 6. A advogada Maria do Carmo Carvalho Mussi, ganhadora da Promoção de Natal do Shopping Crystal, vai participar da Semana de Moda de Milão na companhia do marido, o engenheiro Jorge Mussi Filho. ANIVERSÁRIO 7. A Ademilar Consórcio de Imóveis comemorou 20 anos de fundação com um jantar no restaurante Madalosso. Na foto, os diretores da empresa, Raul Schuchovsky Neto e Tatiana Schuchovsky Reichmann, com os pais, Jussara Schuchovsky, presidente da Ademilar, e Raul Schuchovsky.

foto Diogo Alexandre

foto Patrícia Lion

6


LUÍS HENRIQUE PELLANDA foto Matheus Dias

CRÔNICA

D

e vez em quando vou ao Cemi-

nada mais. Não enterram gente. Enter-

jo de amor. Quem se habilita? Pergun-

tério Municipal procurar o túmulo de um amigo querido. Jamais o encontro, mas o fracasso dessas excursões, em vez de me desanimar, me dá fôlego novo, realimenta em mim uma fantasia de ressurreição e mistério. E se a sua morte não for definitiva? E se a saudade não for real? Seu guardamento terá sido somente um pesadelo e o enterro uma miragem. Será possível? Sim, a esperança é a forma menos agressiva da loucura — nesse sentido, podem me tomar por louco. Percorro dez, quinze, vinte quadras entre musgo e concreto; conto quatro sabiás, nove pardais, um rato, cento e poucas cruzes — e nada. Atônito, volto à avenida principal do cemitério e, enquanto caminho, calculo: não havendo mais a sepultura, não deve haver mais o morto. Nunca houve morto algum, vejam: os coveiros fumam e papeiam à sombra das árvores, só estão ali para fazer companhia aos pinheiros,

ram lembranças. Na saída do Municipal, avisto a tumba de Maria Bueno e não resisto a uma breve visita. Não sei explicar o motivo, mas eu — que não creio (e às vezes roubo versos) —, gosto muito da nossa santinha degolada. Até guardo em casa, num altar mais decorativo que místico, aquele seu clássico busto de gesso, encontrado em qualquer tabacaria popular do Centro, entre caboclos, orixás e mártires cristãos. Europeizada, a imagem de Maria Bueno evoca uma Branca de Neve imigrante, equívoca, quase cabotina. Digo isso e já me arrependo; nessa rinha eu não quero pisar. Se a santa curitibana trabalhava de lavadeira ou prostituta, se era branca, negra ou parda, se praticava a umbanda e girava nua nas encruzilhadas, se amava ou não o seu assassino, se o traía baile sim, baile não — que importa? A mulher morreu em 1893. Sua lenda, hoje, é a verdade dos vivos, o oxigênio que, em sua homenagem, incendeia tantas velas baratas. Relatos de milagres menores, graças recebidas, ciúmes aplacados, há mais? Olho a estátua no topo da capela piramidal de Maria Bueno, símbolo de tudo o que resta de sua memória. Espelho nosso, existe alguém mais belo? Ah, uma moça de pedra numa caixa de vidro, à espera, quem sabe, de um bei-

to, mas não há ninguém por ali, só eu. Molho os lábios — é automático. O vento gela o cemitério, mas esta não é uma história de terror. Por isso não me assusto ao notar o homem que me espia detrás da sepultura vizinha. Cansado, barrigudo, a aba do boné sobre o olhar de sabujo, ele chupa um picolé de frutas vermelhas; ao mesmo tempo, com a mão livre, limpa o túmulo de outra santinha local, a menina Eunice Taborda Ribas. O zelador me cumprimenta: “Boa tarde.” E vai recolhendo as dezenas de bombons, pirulitos e balas deixadas ali, sobre a cova, pelo povo devoto. Tudo entregue às formigas, moscas e abelhas. “Boa tarde”, respondo ao homem, e dele quero saber se o trabalho anda pesado. “Não”, ele diz, “é o de sempre”. O diabo são esses bichos. E os ladrões de doces. É um verdadeiro piquenique ao redor do túmulo da Eunice. Homens e insetos. Chocolate e açúcar. Bem, enquanto há vida, vou-me embora e há esperança. Ao sair, ainda leio, nos portões azulejados do Municipal, os assombrosos versos de Fagundes Varela: “Abismos profundos! Cavernas eternas!” Tudo bem, é isso mesmo, mas hoje não, depois. Esta não precisa ser uma história de terror. Minhas lembranças ainda estão de pé. Vivas.

E SE A SUA MORTE NÃO FOR DEFINITIVA? E SE A SAUDADE NÃO FOR REAL? SEU GUARDAMENTO TERÁ SIDO SOMENTE UM PESADELO E O ENTERRO UMA MIRAGEM. SERÁ POSSÍVEL?

VIEW

DOCES ROUBADOS

130

Luís Henrique Pellanda é escritor e jornalista. luispellanda@gmail.com Twitter: @lhpellanda




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.