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HISTÓRIA O MUNDO QUE NÓS PERDEMOS 2

PATRIMÓNIO TOUGUINHÓ

“UM OLHAR SOBRE VILA DO CONDE” POR MÁRIO ALMEIDA


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CAPA Fotografia de João Rosmaninho Título Um olhar sob Vila do Conde Local Cais dos Assentos Março 2013

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CONTEÚDO

003 EDITORIAL OLHAR SOBRE 005 “UM VILA DO CONDE”

005

POR MÁRIO ALMEIDA

DA 013 CRÓNICAS CIDADE E DO MUNDO HISTÓRIA 021 O MUNDO QUE NÓS PERDEMOS

GRANDE 037 CASA CHOCOLATIER 045 FOTOVILA 051 25 DE ABRIL

021

CONCURSO FOTOGRAFIA SOMOS FILHOS DA MADRUGADA

051

059 JUM

JUVENTUDE UNIDA DE MOSTEIRÓ

071 PATRIMÓNIO 093 “PERCURSOS” 103 SABIA QUE ... ?

071

107 AGENDA CULTURAL

093

TOUGUINHÓ

MUSEUS DA CIDADE IDENTIFICAR E COMPREENDER A DEPRESSÃO ABRIL


EDITORIAL Em mês de apresentação pública, em mês de aniversário da liberdade, em mês de águas mil, convidamos o presidente da Câmara de Vila do Conde para nos dar o seu olhar sobre a cidade que tão bem conhece e nos mostrar de que forma esta o cativa e permanece na sua memória. Continuamos ainda em busca do mundo que perdemos, desta vez destacando a economia em terras do Ave no período pombalino, procurando conhecer a fundo as características passadas do nosso concelho que contribuem para o seu presente e futuro, já que essa é a relevância da História, a de nos permitir entender a atualidade. E já que falamos de História, não podemos deixar de referir o Património, desta vez dedicado

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à freguesia de Touguinhó. Ainda relacionado com o carácter histórico e patrimonial do nosso concelho, propomos um percurso pelos museus de Vila do Conde, para ficar a conhecer melhor a sua cidade e os vários tesouros que esta alberga. Damos também a conhecer um local doce da nossa cidade, repleto do alimento da alma: o chocolate. Casa Grande Chocolatier é o espaço comercial em destaque nesta edição da nossa revista, onde pode tomar o pequeno-almoço, almoçar, ou simplesmente parar para saborear um delicioso chocolate quente. Não podemos deixar de mencionar a associação eleita para esta edição: a JUM (Juventude Unida de Mosteiró), que se destaca pelo seu papel interventivo em acontecimentos culturais e pelo


seu pendor ativo e dinamizador dos jovens da freguesia. A chegada da primavera é o mote para o concurso Fotovila que pretende dar a conhecer não só os cantos e recantos de Vila do Conde, mas também os fotógrafos da nossa cidade. E não podíamos deixar de refletir sobre o 25 de abril e o seu significado que hoje, mais do que nunca, se apresenta em destaque em todas as áreas da nossa sociedade. E apresentamos ainda as crónicas da cidade e do mundo, que pretendem ser uma reflexão sobre o status quo da sociedade contemporânea. Acima de tudo, continuamos, nesta edição, a dar a conhecer Vila do Conde. Junte-se a nós e conheça também a sua cidade!

Alexandre Maia Diretor e-vilacondense alexandre.maia@lexart.com.pt


“UM OLHAR SOBRE VILA DO POR MÁRIO ALMEIDA

PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE VILA DO CONDE

As minhas memórias de Vila do Conde são vivas. Fazem parte de mim e fazem-se e refazem-se no dia-a-dia como as ondas se atiram à praia recuando e voltando. São uma miríade de fragmentos e vivências que perpetuam a minha paixão por esta terra. Vila do Conde é para mim um amor de uma vida que intensamente se vive, procurando guardar cada momento, cada olhar, cada cheiro, como se houvesse o medo de o perder para sempre. Por isso luto com todas as minhas forças por Vila do Conde, pelo amor que lhe tenho e pelo tanto que a minha terra me dá. Por isso sou um bairrista, por isso não a abandono, por isso cá sempre fiquei, por isso é para mim a mais bela. É nas suas ruas, nos seus caminhos, nos recantos deste concelho que eu me encontro. É aí que eu verdadeiramente sou eu. As minhas memórias estão por aí… 005 e-vilacondense


O CONDE”



As minhas mais vivas memórias de hoje surgem-me na Escola dos Sininhos, onde os meus pais eram professores e em cuja casa nasci e vivi 26 anos. Recordo-me desses espaços que na altura pareciam tão amplos e que hoje vejo tão reduzidos, da algazarra do recreio, das batas e das traquinices de miúdo, aqui e ali paternalmente castigadas com o desvelo de quem sabe educar. As primeiras incursões pelas ruas no núcleo antigo, da Praça Velha até ao rio, da zona ribeirinha até ao mar lá tão ao longe. Das primeiras idas ao Campo da Avenida ver o meu Rio Ave FC. Dos dias de Inverno que, se a sorte estivesse a favor, poderiam ter um domingo com lanche na confeitaria, aos dias de Verão quando a cidade se enchia de gente empurrada para as praias sempre tão apreciadas, as idas à praia no S. João. Assim se construiu uma paixão. A beleza de Vila do Conde obrigou-me a servi-la. Nas associações primeiro, de tempos diferentes, mas, também, de conquista. A esta terra faltava quase tudo a quem nela tinha nascido. Para mim, paixão e dever começaram a caminhar juntos. Acabado o curso no Porto, começam as funções docentes, mas (que dor de alma…) teve de ser na Póvoa, já que em Vila do Conde só havia ensino preparatório! E a prática desportiva de pavilhão só na Póvoa, visto que em Vila do Conde não havia um espaço coberto para tal! Felizmente, chega a revolução e Vila do Conde liberta-se. e-vilacondense 008


Começa o desafio da mudança. As funções autárquicas democráticas permitem cuidar e ajudar a dar a Vila do Conde o que realmente merece. Que memórias trago comigo dos sonhos, das discussões, dos planos e da sua concretização! Apanhado na ribalta do poder local, tudo começa, por fim, a surgir. Fazem-se escolas, equipamentos desportivos e culturais por todo o concelho, rasgam-se caminhos, ruas e avenidas, requalifica-se o centro histórico, as zonas ribeirinhas, a marginal e todo o litoral, aposta-se na conservação e requalificação do património edificado e arqueológico, aproximam-se as freguesias da sede do concelho, atrai-se investimento, concretizam-se planos de mobilidade e acessibilidades, completam-se as infraestruturas básicas, criam-se condições para que os vilacondenses, sem exceção, vivam num concelho moderno, desenvolvido e solidário. O associativismo floresce (vem-me à memória a alegria que senti ao sentar-me um dia e perceber que as crianças da minha terra já não precisavam ir para o concelho vizinho para estudar e praticar desporto…) trazendo consigo o desporto e a cultura para todos e as instituições de solidariedade que nos unem, nos protegem e nos enriquecem enquanto homens e mulheres. Percorro hoje, sempre que o tempo me permite, com a minha família (gosto, particularmente de o fazer com os meus netos), as ruas e avenidas da cidade, os belos caminhos das freguesias e aprecio o que fomos capazes de conquistar. Gosto de sofrer, alegrias e tristezas, nos jogos no estádio do “meu” Rio Ave, mas também orgulhar-me das proezas do Fluvial e do Ginásio. Comparo as memórias passadas com a memória que construo na brisa que passa. Sinto o afeto e a forma de estar tão particular das gentes da minha terra. 009 e-vilacondense



Hoje, Vila do Conde é apreciada por toda a gente. Por quem cá reside e por quem nos visita. Não é só a beleza do rio e do mar, das zonas rurais com os seus prados e belos exemplares de zonas florestais, é, também, a qualidade de vida que, merecidamente, temos. A minha memória, hoje, é a de um concelho vivo de gente dinâmica respeitadora da sua História milenar e com condições para que na nossa terra possam conquistar o futuro. Continuarei a perder-me como

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sempre entre as nossas gentes, apreciando cada momento e cada pedra, cada árvore, cada pedaço de céu e de mar, nesta Vila do Conde que me faz viver e que como o nosso Régio expressou: “Não quero, e nada mais lembro, Nada me pode agradar, Nada alcança distrair-me, Nada me vem consolar, Nenhum remédio me vale, Nenhum me pode salvar (…)”.

Aos meus filhos, aos meus netos, aos amigos e a todos os vilacondenses que sirvam a minha memória de hoje e o meu trabalho passado e futuro para que todos, como eu, aprendam a amar esta nossa Vila do Conde.


CRÓNICAS DA CIDADE E POR HÉLDER GUIMARÃES Mestre em História Contemporânea

Um novo Bispo para Roma, um homem de bem para o mundo…

Março foi o mês em que o mundo conheceu o 266º papa. A 11 de março assomou à loggia central da basílica de S. Pedro para saudar a multidão. Jorge Mário Bergoglio era, até então, um cardeal argentino, jesuíta, famoso pela sua oposição ao casamento homossexual e pela oposição ao regime Kirchner. Bergoglio era um homem simples e, segundo consta, andava em transportes públicos e vivia num modesto apartamento, evitando o luxo do Palácio Episcopal de Buenos Aires. O conclave tem como objetivo dar um bispo a Roma 013 e-vilacondense

“parece que foram busca-lo ao fim do mundo”, gracejou o novo Papa, cujo nome escolhido, Francisco, enuncia um conteúdo programático inovador: o de uma Igreja pobre em favor dos pobres. O Papa Francisco tem em cima da sua secretária um conjunto de dossiers, considerados quentes: a questão dos homossexuais, da ordenação das mulheres, da moralização da Cúria Romana e do clero, em geral. É inegável que Francisco terá que que impor uma nova conduta aos sacerdotes. Numa época de crise económica e de valores, há que adequar o discurso proferido no púlpito com a exemplaridade de vida dos sacerdotes. É que muitas vezes esse discurso é vão e roça a demagogia social. Sobretudo se tivermos em conta os escândalos da pedofilia e corrupção que grassam na Cúria Romana e em muitas cúrias por esse mundo fora. Quanto a outros dossiers que vão sendo colocados em cima da mesa pela imprensa, ou por grupos de pressão, há que ler a Bíblia.


E DO MUNDO As respostas aos anseios de muitos estão lá, ainda que, julgo, não sejam as respostas que muitos querem ler. Será justo que Francisco abra um cisma na Igreja para satisfazer as aspirações de muitos? Insisto no caminho da moralização, isto é, a adequação do discurso ao estilo

de vida. Felizmente, vivemos numa sociedade plural, em que a religião passou para a esfera privada dos cidadãos. Mas há ainda um grande poder simbólico, uma larga margem que os sacerdotes podem explorar. Contudo, só o poderão fazer se a vida se adequar à mensagem evangélica.

O Chipre: o novo episódio da novela do “Euro” Europa, 23 de março de 2013. Bem podia estar a comentar uma notícia de Marte. De desaire em desaire assim ruma esta grande barca que é a União Europeia, até o desastre final. O meu curso de História deu-me a abertura suficiente para apreciar as culturas do mundo. De todas, sempre me identifiquei mais com a cultura Europeia, da qual orgulhosamente somos herdeiros. Antes da C.E.E., a Europa dos príncipes, logo substituída pelas nações era a Europa dos egoísmos que produziu monstros como a Guerras dos Cem Anos, dos Trinta Anos, Sete Anos, Franco-Prussiana até desembocar na I e II Guerra Mundial. Após os horrores de

Hitler, seis países do centro europeu (Itália, França, R.F.A. e os países do BENELUX) assinaram o Tratado de Roma, em 1957, num intento de juntos superar as crises económicas, vencer os egoísmos nacionalistas e promover o bem comum, evitando novas guerras. Foi um esforço que congregou vencedores (França e BENELUX) e vencidos (R.F.A. e Itália).


Era a Europa da democracia política e da cooperação económica. Durante décadas, a Europa assistiu ao clímax da Guerra Fria e divisão do seu território, bem como ao culminar do período colonial e à queda do Muro de Berlim. A Europa consentiu e apoiou a reunificação alemã. Helmut Khol era chanceler alemão, François Miterrand era presidente da França, Jacques Delors era Presidente da Comissão Europeia. Outros tempos… Nestes tempos em que a integração é mais profunda, em que partilhamos uma moeda, seria bom recuperarmos algum espírito original. Em conversa com um primo emigrado na Alemanha e que, justamente, compreende os pontos de vista dos alemães, apontava-se o dedo ao facto de os portugueses não trabalharem, sobretudo porque está sol. Retorquilhe que gostava de trabalhar, mas

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não há trabalho. E quando lhe disse que se não houvesse trabalho nos países do sul da Europa, talvez dentro de anos fosse impossível manter a unidade e a paz, emudeceu porque se lembrou das duas vezes que a Alemanha tentou dominar a Europa e acabou humilhada e destruída. E lá reconheceu que, afinal, o sol não brilha tantas vezes em Portugal como parece e que, portanto, também não estamos na praia todo o dia. Mas fazer compreender isto à chanceler Merkel tem sido, para já, impossível. A sua visão não ultrapassa as eleições alemãs que enfrentará no final do verão. O Chipre, esse off-shore que serve para a lavagem de dinheiros russos e, quiçá da elite política e económica europeia, viu taxados os depósitos bancários. A medida até podia ser justa, mas teve um efeito catastrófico sobre o setor bancário europeu, porque afetou a confiança dos depositantes. Quem nos garante que o nosso dinheiro está mais seguro no banco, que debaixo do nosso colchão? Lá para setembro, creio, poderemos começar a ver luz ao fundo do túnel…


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Portugal: os trinta e sete anos da Constituição da República A 2 de abril de 1976 era aprovada a Constituição da III República Portuguesa. Aprovada com os votos favoráveis de quase toda a Assembleia Constituinte e com a abstenção do CDS. É óbvio que esta Constituição tem um forte pendor socialista, mas garante um conjunto de liberdades que são transversais a todo o mundo ocidental. É o mesmo texto constitucional que assegura a legitimidade do Governo, cujo programa foi sufragado pela maioria dos portugueses. É a mesma Constituição que assegura o mínimo de igualdade. Que impõe o valor da vida humana. A liberdade de expressão… Em mês de «grandolada» muito se questionou o direito à liberdade de expressão do Dr. Miguel Relvas e demais membros do Governo e aqui lembro a excelente reação do PrimeiroMinistro no Parlamento. Qual não é o meu espanto, quando se anuncia o regresso de Sócrates e surge uma petição que cerceia a liberdade de expressão do ex-governante. Confesso que começo a pensar se vale a pena investir tanto dinheiro em educação para formar cidadãos tão intolerantes. Dirão alguns que Sócrates foi incompetente, ou que 017 e-vilacondense

lesou o Estado. Mas se assim foi, para que servem os Tribunais? Leve-se o homem a tribunal e julgue-se os crimes que cometeu! Sócrates é atacado com paixão pelos opositores, a mesma paixão com que se defende e ataca. Todos têm direito a expressar a sua visão, mas não terá Sócrates direito a responder? Ou os cidadãos contentam-se com meias verdades? É óbvio que a parusia de Sócrates é para ajustar contas com o passado e que tende a dividir mais do que a unir. Mas é assim a Democracia. Haja democratas: debatam-se ideias, com ideias.


Vila do Conde no mês de março Por Vila do Conde, março foi o mês da apresentação de diversas candidaturas à autarquia local. Foram apresentadas as candidaturas de Artur do Bomfim (CDS) e Fernando Reis (CDU), que se juntam à de Miguel Paiva (PSD) e Elisa Ferraz (PS). É de saudar a participação e as ideias que cada candidatura traz para a gestão da Câmara Municipal. Vivemos em Democracia e, portanto, das nossas escolhas. Lia algures, que antes do 25 de Abril não votavam muitos. Complemento esta ideia afirmando que o corpo eleitoral era restrito, isto é, nem todos podiam votar. Hoje só não exerce este direito que não o quiser fazer. Uma das maiores conquistas de Abril foi, precisamente, este poder de se escolher opções para o nosso governo. Cada candidatura apresentará as suas ideias para o futuro. Há, pois que ler e fazer a melhor escolha para a cidade. Não podemos exigir a exemplaridade dos políticos, sem termos sido exigentes com as nossas escolhas. Há que saudar os candidatos e as suas ideias. Vila do Conde cumpriu mais um “aniversário”, assinalando-se o 26 de março (data do documento de doação de Flâmula Pais ao Cenóbio de Guimarães, onde pela primeira vez se refere o nome de Vila do Conde) como o dia de Vila

do Conde. Desportivamente, o Rio Ave terminou o mês no 8º lugar do Campeonato Nacional, após derrota com S.L. Benfica. O Club Fluvial Vilacondense conquistou dois títulos de vice-campeão nacional. Culturalmente a cidade ficou mais rica com uma iniciativa que alia o nosso vasto património ao Comércio Local. É que não basta dizer que Vila do Conde é bela e monumental, porque isso toda a gente sabe. É preciso que esse património seja insuflado de vida e constitua pólo de atração para que a cidade e o nosso comércio enriqueçam.


E, terminando esta crónica, saúdo uma iniciativa que visa proteger e, portanto, valorizar o nosso património. Levada a cabo por um conjunto de cidadãos, visa a salvaguarda do Mosteiro de Santa Clara. A iniciativa levada tem por lema “Não vamos deixar o Mosteiro de Santa Clara morrer”, e esperamos nós que ela venha a frutificar, sabendo que em 2018

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terão passado 700 anos sobre a fundação desta grande instituição monástica. Infelizmente, e porque o projeto do Roteiro Vilacondense é apresentado à mesma hora na Biblioteca Municipal, não pode a equipa que o redige associar-se a esta meritosa iniciativa. Contudo, fica aqui expressa a disponibilidade do Roteiro Vilacondense para ajudar a divulgar as iniciativas do grupo.


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O MUNDO QUE NÓS PERDEMOS 2

Economia em terras do Ave no período pombalin POR HÉLDER GUIMARÃES Mestre em História Contemporânea

Se habitasse as terras de Vila do Conde no século XVIII, qual seria a sua ocupação profissional? Onde compraria os produtos necessários à sua sobrevivência? Que oportunidades ofereciam estas terras? Hoje vivemos em contexto de crise económica, pautada pela falta de confiança (crédito) à nossa economia. No entanto, e apesar da crise, ainda podemos dizer que vivemos numa sociedade pautada pela abundância dos recursos, pela educação (e logo pela promoção social) e pela facilidade de acesso a bens de consumo. Se hoje lutamos pela manutenção de um estilo de vida, pautado pela facilidade de acesso a este tipo bens e serviços, no mundo que nós perdemos lutaríamos pela sobrevivência, face à escassez de recursos. Tal como hoje, o inquérito paroquial de 1758 021 e-vilacondense

é produzido em contexto de crise económica. Dissipados os efeitos benéficos que o afluxo de minerais brasileiros tinha trazido à economia portuguesa na primeira metade do século XVIII, emergiu dessa fogueira de vaidades a realidade nua e crua: a paralisação de setores económicos importantes como a indústria e, em boa parte da agricultura. Assim, tornou-se difícil manter o modelo económico joanino que se baseava no comércio externo, exportandose ouro e metais preciosos vindos do Brasil pela importação de produtos manufaturados e agrícolas necessários à subsistência da população. Nesta crise, não podemos negligenciar o peso económico do terramoto de 1755, que agravou o contexto de crise económica 1.


no

HISTÓRIA


A agricultura e indústria Se vivesse no século XVIII, como a maioria da população, teria que lutar pela sua sobrevivência, vivendo do trabalho braçal na agricultura, pesca, ou como simples tendeiro. A prática da agricultura parece ser a mais importante nestas Memórias Paroquiais, ainda que esta visão pareça, de certa forma viciada, mesmo em Paróquias urbanas 2. Nas terras de Vila do Conde eram cultivados centeio, trigo, milho (de diversas qualidades), feijão, frutas e vinho verde 3. De todas estas culturas, destaca-se a cultura do milho. O predomínio do milho maís, cultura que se disseminou no noroeste de Portugal, por ser cultura de regadio 023 e-vilacondense

e, portanto, propícias ao clima desta região de Portugal é corroborado por José Vicente Ferrão 4. Neste contexto, é preciso avaliar a qualidade das produções, para as quais existem diversas pistas. O Abade de Ferreiró, por exemplo, talvez desgostoso com a sorte que lhe tinha cabido, comentava: “Não são estes montes capazes de criar gados, nem dão erva de casta alguma, e só dão uma casta de mato chamado queiros que só serve para queimar e também criam pouca caça por serem muito frios.”; o cura de Vairão não referia outros legumes porque a sua produção era diminuta, razão pela qual o Vigário de Santagões desabafava “mal dá para se


sustentar”; por seu turno, o Abade de Vilar de Pinheiro reportava que o vinho era de má qualidade por ser “muito azedo e de pouca dura, de que se utilizam os moradores para seu consumo”. Relativamente à questão do vinho, tão importante para o Prior, ele é, em geral considerado de fraca qualidade. José Viriato Capela refere, para além dos preconceitos do clero contra o consumo de vinho por parte dos seus fregueses, a desvalorização dos vinhos verdes, produzidos na região do Minho, em relação à superioridade dos vinhos

maduros 5. Não admira, pois, que o vinho não fosse apreciado. Estas são as caraterísticas da agricultura destas terras: pouco produtiva e quase toda para a subsistência, isto é, para o auto-consumo. Há uma ou outra referência à exportação de produção agrícola. Era o caso, mais uma vez, de Vilar do Pinheiro, em que o abade comentava, relativamente à cultura do feijão, que se fazia “nesta terra feitoria para passar o Alem Tejo, e Lisboa, que saiem desta freguesia cada ano o mais de trezentos alqueires”. Pelo contrário,

1 SERRÃO, 1998: pp 68-69 2. CAPELA, 2003: p. 11 3. A título de curiosidade, reportava na Memória Paroquial o Abade de Vilar, com certo orgulho, que possuía a palmeira “mais alta, e mais vistosa que tem esta província” 4. SERRÃO, 1998: p. 70 5. CAPELA, 2003: p. 12


em Vila do Conde, o Prior Camelo Falcão lamentava a exiguidade do termo da vila, talvez na esperança de que Lisboa concretizasse as aspirações de Vila do Conde: “pela exiguidade do seu termo lhe concorre o necessário do termo de Barcelos do muito que lhe sobra: motivo porque muitas vezes padece de tormento grave, especialmente na carência de vinho, com que se socorre do extensíssimo termo da dita vila de Barcelos.” A exiguidade ou inexistência do termo de Vila do Conde era motivo de decadência económica. Numa época em que não havia preocupações com a proteção dos animais, a carência de produtos

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agrícolas era colmatada com uma das atividades mais básicas do ser humano: a caça e a pesca. Raposas, lebres, perdizes e coelhos eram caçados nos montes e florestas não coutadas, isto é, não delimitadas pelos senhores. Dos diversos rios e ribeiros que ainda hoje atravessam o concelho, com destaque para o Rio Ave, pescavam-se bogas, barbos, escalos, sáveis, trutas. De fevereiro até meados de maio pescavamse lampreias e não apenas no Rio Ave: o pároco de Rio Mau refere-as como peixe existente no Rio Este, vindas do Rio Ave. “Mas todos eles miúdos”, queixava-se o Vigário de Arcos, referindo-se à qualidade do


peixe que se pescava nos rios. A floresta constituía, de per si, uma economia. Algumas Memórias, como a de Árvore, referem-se à lenha que das florestas se retiravam. Numa época em que não havia luz elétrica, nem gasolina, a lenha era fonte combustível para cozinhar, aquecer, iluminar. Dos rios tiravase a força motriz para a incipiente indústria de moagem, isto é, a água. E esta indústria paralisava quando havia escassez de água, sobretudo no verão, segundo refere o Abade de Vilar de Pinheiro; quando a havia em abundância, no inverno, referia o Abade de Parada que o Ave “faz algumas inchentes tão soberbas que

lança por terra as azenhas arranca as árvores e leva a maior parte dos frutos desta freguesia (…) e no tempo da secura diminuem as águas, que em partes se passa a pé enxuto, e não moem as azenhas”. A dependência desta força motriz, muitas vezes destrutiva, era irregular pela sua natureza. E, como se pode supor, no mundo que nós perdemos, não havia seguros, nem Estado que valesse aos agricultores contra as agruras do tempo. Os frutos perdiam-se nas enxurradas, as azenhas não moíam nos períodos estivais, mas os prejuízos eram sempre assumidos pelos agricultores.


Comércio e serviços Espaços dedicados ao comércio eram, também, diminutos. Se hoje abundam as lojas que nos permitem, com alguma facilidade, comprar e vender, no mundo que nós perdemos o comércio era limitado, não só pela escassez de bens, como pelas oportunidades de negócio. Feiras periódicas só existiam em Vila do Conde aos 3 e 20 de cada mês, que o Prior considerava de “grande concurso”. Vairão também possuía feira quinzenal à segunda feira da segunda e quarta semana do mês. Depois, havia as grandes romarias anuais, que aproveitavam a afluência de romeiros para a actividade comercial. Era o caso da feira de Santo

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Amaro, em Vila do Conde, que durava três dias e tinha franqueza, ou seja, era isenta de impostos; Em Azurara a 5 de agosto, já se realizava a célebre romaria da Senhora das Neves, ou dos anéis; Em Bagunte realizavam-se duas feiras francas em 5 de março e 15 de agosto; São Brás em Canidelo, a 2 e 3 de fevereiro; Santo António, em Vairão, a 13 de junho; S. Paio, em Labruge, a 26 de junho; Santíssima Trindade, em Ferreiró; Espírito Santo e S. Gonçalo na pascoela, em Mosteiró; Santa Apolónia, em Malta, no 2º domingo de agosto; S. Bartolomeu em Vilar de Pinheiro; Santa Luzia, em Retorta, a 13 de dezembro. Importante é a menção à


feira de Vila do Conde pelos párocos de Árvore e Vila Chã, mostrando que o mercado de Vila do Conde exercia já em diversas partes do concelho uma atração considerável. Refere Viriato Capela que os Párocos não gostavam das feiras, ora porque distraíam os seus fregueses dos afazeres diários, ora porque provocavam deambulações pelas províncias 6. Nas Memórias das freguesias do atual concelho de Vila do Conde não existe este tipo de menção. Quanto a serviços, se hoje não podemos passar sem cuidados de saúde e educação eles eram bens escassos no mundo que nós perdemos. Se hoje podemos contactar com o resto do mundo

6. CAPELA, 2003: p. 53

à rapidez de um e-mail ou de uma comunicação móvel, há duzentos anos o correio passava em dias determinados vindo de Vila do Conde, Barcelos, Vairão ou do Porto. Quanto a cuidados de saúde e assistenciais só existia a Misericórdia de Vila do Conde e Azurara. Hospital só em Vila do Conde. Referências a serviços relacionados com a educação nem sequer constavam do questionário, o que prova que a educação não era um bem essencial. Aliás nem era preciso: no mundo que nós perdemos a educação não era necessária para a promoção social, porque ela era muito difícil fora dos círculos da nobreza e do clero.


Entraves ao Desenvolvimento A dinamização da economia pressupõe a construção de vias de comunicação. Acerca delas, como sinal da sua falta, comentava o Abade de Vilar de Pinheiro que a “estrada de Verão aprazível, por plana, e larga e fresca com sombras; porem de Inverno terribilissima e laborioza para os viandantes, pelas muitas lamas e atoleiros, que muitas vezes impedem a passagem a carruagens e cavalgaduras (…).” Se hoje nos queixamos do estado da estrada Nacional, ou do preço das portagens na A28, imaginemos o que era passar por estas estradas enlameadas. Quantas horas separariam Vila do Conde dos grandes centros políticos e económicos do Reino, nomeadamente Lisboa e o Porto? Que peso teria a falta de vias e meios de comunicação? Pela situação geográfica, diríamos que a via principal para a comercialização era o porto do Ave. Janela da Vila e

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terras circundantes para o mundo, comentava o Prior que “No estado presente é só capaz de caravelas, e patachos, ou iates, que pelos Verões nela aportam, que serão quarenta ou cinquenta em cada um ano com o transporte de sal, e também de algumas lanchas do alto, único comércio da terra, e de que reparte às mais do sertão. Em algum tempo acho notícia entravam nela Navios de alto bordo; por cuja falta tem padecido a Vila não só decadência no número de moradores, mas ainda nas casas.” Também o vigário de Azurara deixa para a posteridade uma imagem de decadência do outrora fervilhante porto do Ave: “navegam por ela barcos de pescaria do alto, e caravelas de Setúbal, e só pode admitir navios de pouca maior grandeza.” O assoreamento da barra de Vila do Conde retirava-lhe a hipótese de retomar a sua posição como porta do Baixo Minho para o Mundo.



E essa decadência económica traduziu-se no queixume do Prior por a “falta de moradores, e ruas inteiras, como é a dos Ferreiros, só constituída numa total ruína.” Também a falta de uma ponte que ligasse Vila do Conde a Azurara, pela evidente oposição das freiras de Santa Clara que possuíam a única barca de passagem de uma margem para a outra, era um dos muitos entraves ao desenvolvimento económico da vila, embora não fosse a única 7. As rotas comerciais viam-se, assim, desviadas de Vila do Conde, que era obrigada a pagar a barca das freiras ou tinha de servir-se da única ponte que existia na cercania, desviada cerca de uma légua da vila. A falta de meios de circulação de pessoas, produtos e capitais, que proporcionariam o desenvolvimento económico eram, em 1758, motivo de decadência e declínio da população. O Prior de Vila do Conde dá-nos, ainda, outra pista sobre um dos grandes entraves às atividades económicas. Referindo-se aos canhões prostrados na plataforma da capela da Senhora da Guia, mesmo à boca da barra do Ave, tão

necessários à defesa contra o “rasteio do acometimento de Mouros, que a insultam” ou a referência a uma serrania de penedos, a que chama de Guilhalde, de fácil comunicação com a costa onde se “costumam acoitar [açoitar] piratas, e ainda Mouros” falam-nos de uma costa muito mal defendida pela ineficácia ou inexistência de uma marinha de guerra. Quem poderia viver com

7. PINTO, 2000: p. 32 8. Os Livros de Visitação eram obrigatórios nas Paróquias e o Arquivo Paroquial de Vila do Conde ainda conserva dois volumes. Após o Concílio de Trento, tornou-se obrigatória a visita do Bispo às Paróquias da sua diocese. Tendo em conta a enorme dimensão da Arquidiocese Bracarense (que no século XVIII englobava os atuais distritos de Braga, Viana do Castelo, Vila Real e o Distrito do Porto, a norte do Rio Ave, era praticamente impossível aos prelados cumprir esta disposição Tridentina. Assim, enviava Padres Visitadores a fim de verificar o cumprimento das Ordens dimanadas da Arquidiocese, questões de organização paroquial (livros de assentos de Baptismos, Matrimónios, Óbitos, Róis de Confessados, etc.), questões relacionadas com o decoro das igrejas e necessidade de obras e, ainda, questões relacionadas com o decoro da vida cristã da comunidade visitada. Vila do Conde e as demais Paróquias a norte do Rio Ave pertenciam à Arquidiocese de Braga, segunda parte da Visitação das terras de Vermoim e Faria. A.P.V.C.

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tamanha insegurança, sabendo que a qualquer momento uma investida de piratas poderia entrar em sua casa para saquear, raptar ou matar os mais incautos. A rua da Senra ainda era o limite da Vila no século XIX, e algumas torres que vigiassem os perigos do mar. Só no século XIX é que se concretiza a expansão urbana da vila para o mar. E se olharmos para a costa do atual concelho de Vila do Conde, verificaremos que os aglomerados populacionais se escondem cautelosamente dos perigos da costa. Sem grandes rodeios, poderemos afirmar que a Igreja era também um entrave ao desenvolvimento económico. É óbvio que as Memórias

Paroquiais, tendo sido produzidas por clérigos, não reconheceriam este entrave económico, entre os muitos que são elencados. Cabe ao historiador inferi-los do estudo desta e de outras fontes. É o caso dos Livros de Visitação da Paroquiais 8, onde, por diversas vezes, os Padres Visitadores admoestam o Prior sobre o facto de as populações não guardarem o Domingo e os dias Santificados da Igreja. Na visitação de 1754, o Protonotário da Sé Apostólica e Abade de Santa Eulália de Sande, Doutor António de Alvarenga Peixoto, estranhava o facto de o Prior não aplicar sanções a todos aqueles que, de uma forma geral, trabalhavam ao Domingo e dias santificados. E por


isso, mandava o Prior comprar um livro para onde se lançassem as receitas provenientes com as multas aplicadas a quem não respeitasse este preceito. O fundo criado com a receita das multas estava destinado, segundo o Visitador, à aquisição de paramentos de cuja falta padecia a Igreja Matriz 9. Mais tarde, na visitação de 1760, o Abade de S. Tiago de Gemieira, Doutor Bernardo de Carvalho ordenava que em dia de preceito só se vendessem bens de primeira necessidade, ou o que denomina de “comestivel e necessario para de sustento do corpo”, sob pena de multa até quinhentos reis, que seria agravada em duzentos reis em caso de desobediência, cujo valor reverteria para as obras da Igreja Matriz. Mais se ordenava que o Pároco os não admitisse na Igreja

10,

isto é, não lhes administrasse os sacramentos, o que na prática resultava em excomunhão. Num mundo em que ainda se vivia para morrer, isto é, para alcançar a vida eterna, morrer fora da comunidade dos crentes, desligado de Deus, era algo terrível. A Igreja que neste mundo em que vivemos prescinde dos seus dias de festa para apoiar a recuperação económica, no mundo que nós perdemos não tinha tanta complacência. A economia resumiase à salvação. Para quê a riqueza terrena, se o que importava era a riqueza da alma? E, apesar dos entraves, não podemos deixar de considerar que a Igreja desempenhou neste papel um importante papel, impondo à sociedade um dia de descanso semanal.

9. A.P.V.C. – Livro de Visitações da Paróquia de S. João Baptista de Vila do Conde, fl. 24v 10. A.P.V.C. – Livro de Visitações da Paróquia de S. João Baptista de Vila do Conde, fl. 31v

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Temos, por fim, a apontar como entrave ao desenvolvimento da economia a própria sociedade, baseada no privilégio. Aqui e ali encontramos referência a pescarias que pertenciam a determinados senhores: em Ferreiró o rio que outrora era de toda a freguesia se encontrava coutado pelo fidalgo de Casa de Cavaleiros; em Touguinhó era o Abade e demais cónegos regrantes do Mosteiro de S. Simão da Junqueira; em Macieira referia 035 e-vilacondense

o pároco que o Mosteiro de Santa Clara possuía seis pesqueiros de lampreias no Ave; em Vila do Conde o Senado da Câmara e Juiz de Fora detinham um poço, de onde tinham direito a um sável. É a tendência para o individualismo agrário de que nos fala José Viriato Capela 11. É claro que esta economia do privilégio era sujeita a muitas usurpações, como a que reporta o Prior de Vila do Conde, em relação a um pau que as freiras do Convento de Santa Clara levantaram


no rio Ave que diziam “as Religiosas é para não lhe poderem pescar desde ele até o dito açude, com o fundamento de que ali chega o ímpeto ou queda de água”. Se eram só senhoras do açude, porque colocariam uma estaca a meio do rio? Não pensemos que os nossos antepassados não sabiam o que era a injustiça. Sabiam-no no seu dia a dia. Por isso, o Prior remata esta questão com a expressão: “porém

sempre os moradores clamam ser abuso e usurpação”. E, porque não era perguntado, não podemos mencionar com exactidão as florestas coutadas e os direitos de portagem que eram cobrados, nem podemos verificar uma tendência para a apropriação de terras comunitárias em favor dos senhores das terras 12. Entraves ao desenvolvimento económico que o Liberalismo destruirá no século XIX.

11. CAPELA, 2009: p. 64 12. CAPELA, 2009: p. 65 Por ser este um artigo publicado em diversos números, apresentar-se-á a bibliografia na última publicação.


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A Casa Grande Chocolatier dedica-se ao desenvolvimento de uma linha inteiramente artesanal que se dirige ao mercado gourmet onde integra um projecto para uma rede de lojas franchising e próprias. A produção é toda feita internamente.


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Os olhos também comem. E a gula é automaticamente acionada ao entrar na Casa Grande Chocolatier. O design retro foi pensado ao pormenor. A vaquinha a exibir-se à janela, o candeeiro feito de garrafas de leite invertidas, frases emblemáticas inscritas nas paredes – “There’s more to life than chocolate, but not right now” é uma delas – ou as bonitas fardas das funcionárias.


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Depois, são os produtos originais, de fabrico artesanal, a chamar a atenção. Há o chocolate quente de fácil preparação – para misturar numa chávena de leite a ferver – um produto com muita saída. As pipocas com chocolate de leite. Os fondues de todos os tipos de chocolate, para derreter no micro-ondas. Os chupachupas personalizados. Ou ainda os enormes frascos com chocolate de avelã para barrar. Isto para não falar do balcão repleto de bombons (vendidos ao quilo) com sabores improváveis, como os negros com infusão de alecrim ou os de leite com pimenta verde. Todos os dias faz-se promoção de um produto. Quem não resista a uma degustação, pode ficar-se pelo salão dos fundos. A avaliar pela ocupação do espaço, a loja conseguiu conquistar vários adeptos. “A reação das pessoas comoveu-me”, diz Patrícia Macedo, a proprietária. “Gostaram imediatamente do ambiente acolhedor. Faltava experimentarem os produtos. E quando o fizeram, o retorno foi fantástico.”


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TEMA ABRIL

“PRIMAVERA” 045 e-vilacondense


REGULAMENTO 1. Tema Livre nos procedimentos técnicos a empregar, deverá obedecer a um tema genérico “Vila do Conde” e ao sub-tema do mês, definido na revista e-vilacondense, registando qualquer pormenor, situação ou acontecimento, desde que ocorridos dentro do concelho de Vila do Conde. 2. Obras O número máximo de fotografias a apresentar por concorrente é uma. A dimensão mínima é 21cm por 30cm, sendo requisito a orientação vertical. 3. Prazos e formas de entrega Os trabalhos deverão ser enviados através de e-mail para o endereço fotovila@vilacondense.pt até ao dia 15 de cada mês. O e-mail deverá conter os seguintes dados. - Nome do fotógrafo; - Título da fotografia; - Local da fotografia; - Data da fotografia (mês e ano) 4. Prémios 1º Prémio - Utilização da fotografia como capa da revista e-vilacondense com os devidos créditos do autor. 2º e 3º Prémio - Publicação da fotografia na revista e-vilacondense com os devidos créditos do autor. 5. Juri O juri sera composto por todos os utilizadores do nosso site (www. vilacondense.pt), através da atribuição de uma classificação (rating) a cada fotografia. Os premiados serão os trabalhos que obtiveram a classificação mais alta até ao dia 25 de cada mês. Os trabalhos premiados ficam propriedade do Vilacondense - Roteiro Online, o qual se reserva o direito de os poder utilizar no nosso site www.vilacondense. pt e na revista e-vilacondense sempre que entenda conveniente, referindo sempre os respetivos direitos autorais. Quaisquer informações adicionais podem ser solicitadas através do e-mail fotovila@vilacondense.pt.



PREMIADOS MARÇO 1º LUGAR João Rosmaninho Título Um olhar sob Vila do Conde Local Cais dos Assentos Março 2013

2º LUGAR

Rafaela Bessa

Título Rendas de Bilros Local Pastelaria Março 2013

3º LUGAR Marta Pereira Título Encanto Local Cais dos assentos Março 2013 e-vilacondense 048


Carlota Alburqueque

Pedro Madureira Maria Moreira

Mariana Fernandes 049 e-vilacondense

Rafael Sรก

Manuel Rodrigues


e

Mónica de Sousa

Tiago Ferreira

Tomás Gomes

Paulo Renato

José Sousa


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25 DE ABRIL SOMOS FILHOS DA MADRUGADA POR HÉLDER GUIMARÃES Mestre em História Contemporânea

Somos filhos da madrugada Pelas praias do mar nos vamos À procura de quem nos traga Verde oliva de flor nos ramos Navegamos de vaga em vaga Não soubemos de dor nem mágoa Pelas praia do mar nos vamos À procura da manhã clara Lá do cimo de uma montanha Acendemos uma fogueira Para não se apagar a chama Que dá vida na noite inteira Mensageira pomba chamada Mensageira da madrugada Quando a noite vier que venha Lá do cimo de uma montanha Onde o vento cortou amarras Largaremos p’la noite fora Onde há sempre uma boa estrela Noite e dia ao romper da aurora Vira a proa minha galera Que a vitória já não espera Fresca, brisa, moira encantada Vira a proa da minha barca. Zeca Afonso



Pediram-me que escrevesse sobre Abril… o que poderei eu saber de Abril, se nem sequer era nascido. Lembrei-me, então desta, letra escrita por Zeca Afonso «Somos Filhos da Madrugada». Porque, de facto, é isso que a minha geração é, filha da madrugada de Abril. Aprendi na Escola, mas sobretudo em casa, que na madrugada de 24 para 25 de Abril de 1974, um regime decrépito havia caído na rua. Os militares portugueses revoltaramse contra as agruras de uma guerra colonial que durava há treze longos anos sem solução militar à vista. O povo mitigava a fome e a miséria que grassava nos campos. A oligarquia banqueteava-se com os faustos de um Império, sem haver uma justa distribuição dos rendimentos. As pessoas, pobres, por muito mérito escolar que tivessem, tinham que ir trabalhar. Se havia outras formas de estudar ninguém sabia, porque ninguém era informado. Portugal, solo austero, foi governado por um austero ditador: Salazar, um novo Afonso Henriques, sem nunca ter brandido numa espada; Henrique o “Navegador”, sem que, tal como a personagem histórica, praticamente, nunca tivesse saído das fronteiras portuguesas. O homem íntegro que pagava as suas despesas ao Estado sem, contudo, nunca ter abdicado do seu estatuto e remuneração até ao último suspiro da sua vida.

O desenvolvimento, condição essencial para a Liberdade, andava arredado de Portugal há meio século. Volto à imagem de Salazar: como grande estratega nacional e homem de visão que era, escondeu, cautelosamente, as barras de ouro «debaixo do colchão», gastando unicamente no bem mais necessário – a guerra Colonial. Quando países como a França e a Inglaterra já haviam encetado programas de descolonização, Salazar manteve-se fiel a uma fé: não seria ele a perder um Império conquistado pelos nossos antepassados, não seria ele a perder Portugal. Quando olho para Salazar, olho-o sem qualquer preconceito ideológico. Sei que foi um Estadista incontornável, objeto de admiração e escárnio. Sempre que leio algo sobre Salazar, vem-me à mente a parábola dos talentos: o servo que recebeu um talento do seu senhor e o escondeu debaixo da terra com medo de o perder. Assim se resume o meu pensamento de sobre Salazar: um homem astuto que, toldado pela manutenção do poder, quis manter um país escravo da sua visão retrógrada, de Beirão de Vimioso. Portugal é muito pequeno nas Beiras, recortado pelas montanhas. Ele é maior aqui, no Litoral, onde se contempla o mar e a sua vastidão. Essa visão toldada de Portugal fez de Salazar um Estadista, nada mais do que isso. Tal como o servo a quem e-vilacondense 054


o senhor expulsou por não ter posto a render a fortuna confiada, Salazar perdeu o respeito de uma boa parte de Portugal. Perdeu-o quando teve a hipótese de desenvolver o país, de forma sustentada. Pergunto-me, com frequência, onde é que atualmente se vê o heroísmo disto? Cada um invoque os fantasmas que quiser. É graças à madrugada de Abril que vivemos em Liberdade, Liberdade que confere o direito a que se erijam estátuas, construam-se museus ou se rezem missas por sua alma. A figura de Salazar tornava-se na paródia de um país que vivia em pleno século XIX. Depois veio Marcello Caetano e a Primavera Marcelista não foi mais que o ocaso, o Inverno do regime. Depois veio Abril, e a alvorada libertadora. Abril seria sempre um mês de sobressaltos para a minha família. Os meus pais casaramse três dias depois. Mas aquela quinta feira, que antecedia o dia do casamento dos meus pais, trouxe um sobressalto renovado, porque as tropas bloqueavam a ponte sobre o Rio Ave, não havia televisão, nem rádio. Uma derradeira censura em prol do sucesso das operações militares que conduziriam à Liberdade. A alegria veio no final do dia, com a confirmação de que o MFA queria Democratizar, Desenvolver e Descolonizar. A descolonização fez-se com grande prejuízo dos portugueses que habitavam as nossas ex-colónias. 055 e-vilacondense

Mas, à parte da dor de perder os bens terrenos, não consigo vislumbrar dor maior de que a mãe ver partir um filho e, muitas vezes, perdê-lo para sempre. Uma vez instalada a Revolução, essa dor que lacerava o coração das mães de Portugal, alheias a projetos da grandiosidade imperial, uma grandiosidade que não podíamos sustentar, cessou. “Nem mais um soldado para África”, gritava o povo. E “o povo é quem mais ordena, dentro de ti ó cidade”! Não posso falar, por experiência o que não vivi: nunca tive de fugir à miséria dos campos, e fugir “a salto” para outras paragens. Nunca fui tão pobre que os meus pais, ainda que com o esforço do seu trabalho, não tivessem oportunidade de me mandar estudar. Não fui preso político, nunca cercearam a minha Liberdade de expressão, nunca vi um texto meu riscado pelo lápis azul da censura, nem fui sujeito a tortura, nem exilado, nem coisa nenhuma. A minha experiência é a inexperiência desse modo de vida. E ainda bem que assim é! Vivo a minha vida em Liberdade, nunca conheci outra realidade política. Essa liberdade de escrever e dizer o que penso, com evidente respeito pelas opiniões dos outros; Liberdade, de emigrar, de viajar e de procurar outras formas de viver; Liberdade até de dar um beijo em público (perdoem-me se isso ofende alguém). Não me revejo em



experiências ditatoriais, nem posso trocar o sossego dos meus sonhos por nenhuma voz comandatária: a liberdade é a minha maior riqueza! Em clima de diabolização do regime Democrático, recuso-me a aceitar a ideia de que o passado transformar-se-á em futuro: de que o nosso destino é viver na honradez da pobreza. Se assim for, não tenhamos dúvidas, mais vale arrear a bandeira nacional de uma vez por todas. É tempo da nossa sociedade esquecer divisões ideológicas, que marcaram os primeiros tempos de Abril, e encontrar uma sociedade mais justa, construindo diariamente o governo do povo, isto é, a Democracia. A liberdade é a minha estrela «noite e dia ao romper da aurora». Sou filho da madrugada, assumo a sua herança. Se a alvorada não tivesse rompido, se Abril (mês que nenhum acordo ortográfico me obrigará a escrever com letra minúscula) não tivesse chegado, matizado pela rubra cor dos cravos, não seria, nem seríamos nada do que hoje somos. Em quarenta anos fez-se aquilo que outros, com mais tempo poderiam ter feito. A Democracia implica preparação dos seus cidadãos para se fazerem as melhores escolhas, para a participação na construção da cidade. Em tudo o que de mais pudermos fazer para levantar esta Pátria, façamo-lo sabendo que sempre podemos fazer melhor, que falta e faltará cumprir Abril. 057 e-vilacondense


00h00 às 24h00 MARATONA DE FUTEBOL “25 DE ABRIL” Parque de Jogos (relvado sintético) 00h20 “GRÂNDOLA, VILA MORENA” - Largo dos Artistas 10h30 PROVAS DE ATLETISMO - Ruas da cidade PRAÇA VASCO DA GAMA | 10h30 > HASTEAR DA BANDEIRA e HINO NACIONAL (Guarda de Honra por Corpo Ativo dos Bombeiros Voluntários de Vila do Conde) > LEITURA DO TEXTO “O TESOURO” Manuel António Pina > RECITAÇÃO DOS POEMAS “ABRIL” (Saúl Dias) e “TOPONÍMIA” (Inês Lourenço) > CANTIGAS DE ABRIL Coro de alunos de escolas do concelho


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“Na noite em que o Movimento das Forças Armadas saiu para a rua, a restituir ao Povo Português as liberdades há tanto tempo perdidas, tive a honra de me deslocar a Mosteiró e, no meio de cerca de 80 jovens, lançar as bases para a organização de um grupo de juventude”. (Extracto da nota introdutória ao 1º livro de Actas da Assembleia Geral, elaborada por Francisco Mesquita, um dos fundadores da JUM ex-Presidente do Circulo Católico de Operários de Vila do Conde).


NASCIDA COM A LIBERDADE... E, assim foi. De 24 para 25 de Abril de 1974 (revolução em paralelo...), de uma reunião de jovens na Igreja Paroquial de Mosteiró, com vista à preparação da visita pastoral do então Bispo Auxiliar da Diocese do Porto, resultou a fundação da JUM que, numa primeira fase, repartiu a sua actividade pelo Grupo Coral (de apoio ao serviço religioso dominical), pela promoção de colóquios/debates sobre os mais variados temas e pela realização de festas culturais e recreativas, de cujos programas constavam momentos de Teatro, Poesia, Musica e Dança. Legalizada em 16 de Abril de 1977 (Diário da República 122 - III Série) como Associação Cultural, Desportiva e Recreativa, não mais deixou de ter até aos dias de hoje um papel determinante na formação, educação e ocupação sadia dos tempos livres dos jovens da freguesia (e não só), assim como, no desenvolvimento e na promoção do nome de Mosteiró. Não querendo deixar fugir o “pelotão da frente” do Associativismo Juvenil a nível regional e nacional, a JUM é uma das Associações fundadoras da Associação de Desportos e Cultura do Concelho de Vila do Conde (ADCCVC), da Federação das Associações Juvenis do Distrito do Porto (FAJDP) e, mais recentemente, da Federação Nacional 061 e-vilacondense

de Associações Juvenis (FNAJ), das quais é ainda um dos membros mais activos. Acompanhando todos os passos determinantes na evolução do associativismo português pós-25 de Abril, a JUM está inscrita no Registo Nacional das Associações Juvenis (RNAJ) desde 3 de Abril de 1987 e tem consecutivamente renovado esse


estatuto junto do Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ). Recentemente, adquiriu a declaração de Instituição de Utilidade Pública, DL nº 460/77, de 7 de Novembro – DR nº 87, II Série, de 6.5.2009. A JUM tem como principal objectivo imediato a construção/ aquisição de uma Sede Social própria e, para isso, conta, entre outros, com o dinamismo e o apoio de cerca

de 300 associados “pagantes” da freguesia de Mosteiró. Enquanto esse sonho não se torna realidade, a associação, sempre na vanguarda do associativismo concelhio, continua a desenvolver as suas actividades culturais, desportivas e recreativas a partir das suas instalações, cedidas pela Câmara Municipal de Vila do Conde (CMVC), sitas no Largo da Centenária Feira da Lameira.


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ÁREA DESPORTIVA – “DESPORTO PARA TODOS” Apesar de só dispor de um ringue polivalente da freguesia desde 1993, a JUM proporciona, desde 1977, a prática de várias modalidades desportivas não filiadas às crianças, jovens e demais interessados, das quais destacamos, numa primeira fase, o Futebol, o Voleibol, o Atletismo e o Andebol e, numa segunda fase, o Xadrez, o Ténis de Mesa e o Basquetebol. Exceptuando o Xadrez e, a

partir de 1999, o Ténis de Mesa e o Basquetebol - a participarem em provas da Associação de Ténis de Mesa do Porto (ATMP) e do INATEL, respectivamente -, o objectivo da JUM na área desportiva continua a ser o mesmo desde a sua fundação: a promoção do desporto para todos. No entanto, não podemos deixar de destacar alguns momentos de glória da juventude mosteiroense:


Regularmente, a JUM promove as seguintes iniciativas de âmbito desportivo: -Convívio Solteiro(a)s vrs. Casado(a)s; -“Prova de Cicloturismo”; -Ginástica de Manutenção; -Karaté; -Fim-de-semana Radical; -Escolinha de Futebol (com dois Torneios por ano); -Participação no Campeonato Distrital de Basquetebol do Inatel; -Participação nos Jogos Interfreguesias; e, -Corrida de Galgos (a contar para o Campeonato Nacional); -Maratona de Futsal. 065 e-vilacondense

Para além das iniciativas enumeradas, ocasionalmente também promove as seguintes iniciativas: -“Caminhada Verde” - Prova de Caminheiros que visa a sensibilização dos jovens para a preservação do meio ambiente; -“24 Horas Sem Parar” - Maratona de promoção ao Ténis de Mesa; -“Cross-Paper” - prova de desporto motorizado com fins culturais destinada a adultos; -“Ciclo-Paper” - prova de desporto não-motorizado com fins culturais destinada a crianças e jovens; -“Taça António Branco” – Torneio de Ténis de Mesa; -Jogos Tradicionais.


ÁREA CULTURAL – “DOS PALHEIROS ATÉ AO DIA EM QUE A NOVA SEDE SERÁ UMA REALIDADE…” Mesmo sem um espaço com o mínimo de condições para as actividades de carácter cultural, a Associação nunca deixou de desenvolver projectos na área do Teatro e da Música, tendo mesmo usado como sala de espectáculos na estreia da peça de teatro “As duas órfãs” o celeiro de uma Casa de Lavoura da freguesia, na qual os fardos de palha substituíram as normais cadeiras. Actualmente (desde Julho de 2001), a freguesia dispõe de um Salão de Espectáculos no Espaço Social e Cultural de Mosteiró, propriedade da Junta de Freguesia que nos é cedido para os ensaios, apresentações do nosso Grupo de Teatro, para a realização de inúmeros espectáculos que promovemos com

outras associações amigas, e desde 2003 palco da “Feira de Teatro” – Festival da JUM. Regularmente, a JUM promove ainda as seguintes iniciativas de âmbito cultural: Comemorações do Aniversário (actividades diversas); Festa de Natal; Grupo de Teatro; “Feira de Teatro” – Festival da JUM; Biblioteca; Projecção de filmes; Participação no ICC – Intercâmbio Cultural Concelhio; e, Intercâmbios culturais concelhios, nacionais e internacionais, actividade em que somos pioneiros a nível concelhio.


Neste capítulo dos intercâmbios, onde o associativismo juvenil funciona como veículo inter-cultural, a JUM tem-se agigantado, proporcionando a muitos jovens a troca de experiências únicas nas vertentes sócio-económicas, políticas e culturais, com outros grupos de jovens nacionais e estrangeiros. O ano de 1995 foi o mais rico nesta área tendo sido realizados 3 intercâmbios - acolhimento e deslocação - com programas recheados de actividades culturais, desportivas e recreativas, de parte a parte: de Mancelos (Amarante) até Neumarkt St. Veit (na Baviera – Alemanha) passando pelo Funchal – Ilha da Madeira, a nossa Associação confirmou toda a sua força e dinamismo.


ÁREA RECREATIVA – “A TRADIÇÃO AINDA É O QUE ERA...” A área recreativa é outra das áreas de actuação da JUM. Desta forma, além de ocuparmos os tempos livres e de diversão das crianças, jovens e adultos que nos rodeiam, o nosso trabalho tem como outro principal objectivo a preservação de inúmeras tradições da nossa freguesia, do nosso concelho e do nosso país. Regularmente, promovemos as seguintes acções de âmbito recreativo: . Festa de Carnaval;

Escola de Dança (com uma Gala); Corrida de Galgos (a contar para o Campeonato Nacional); . Festa de S. Martinho; “Vamos cantar as Janeiras”, e, ocasionalmente, . “Jogos Sem Pés Nem Cabeça” actividade original (uma “mistura de desporto com o recreio”, na linha dos “Jogos Sem Fronteiras”), desde 1981 na Associação e com 12 edições realizadas. e-vilacondense 068


APOIOS E PARCERIAS Para que a JUM – Juventude Unida de Mosteiró desenvolva as diversas actividades, têm sido de suprema importância os apoios concedidos pelo IPDJ – Instituto Português do Desporto e da Juventude, Câmara Municipal de Vila do Conde, Junta de Freguesia de Mosteiró (fundamental na cedência de espaços para a realização das diversas actividades), Inatel, “empresas amigas” e associados.

Muito importantes, também, têm sido as parcerias desenvolvidas com a ASSM – Associação de Solidariedade Social de Mosteiró, Escola EB1/JI de Mosteiró, APEEEM – Associação de Pais e Encarregados de Educação das Escolas de Mosteiró, ADCCVC – Associação de Desportos e Cultura do Concelho de Vila do Conde, Teatro Art’Imagem, e Associação Galgueira e Lebreira do Norte.

E, assim vão as glórias desportivas, culturais e recreativas da nossa Associação, para gáudio dos jovens mosteiroenses “à conquista do mundo”, com as “armas” do associativismo juvenil, sempre de mãos dadas, desde a “noite em que o Movimento das Forças Armadas saiu para a rua”... JUM - JUVENTUDE UNIDA DE MOSTEIRÓ Morada Largo da Lameira, 6 4485-944 MOSTEIRÓ (VILA DO CONDE - PORTUGAL) E-mail jum1974@sapo.pt Telefone / Fax +351 229 286 117 Estámos também no 069 e-vilacondense



TOUGUINHÓ

Manutenção da identidade histórica e património cultura POR MÓNICA SOUSA Licenciada em História-variante Arqueologia Pós-graduada em História da Educação

Oh água do rio este Não contes o meu segredo O meu amor há de ser meu Mais tarde ou mais cedo No meio de Touguinhó Está um jardim a secar Obrigaram os meus olhos A dar água para o regar Touguinhó aldeia linda Touguinhó, ó quem me dera Touguinhó é quem leva O ramo da Primavera À beira do rio Este Tem um lindo arvoredo É onde o meu amor Me conta o seu segredo 1 Manuel Fernandes Patrício

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PATRIMÓNIO

al no contexto de uma nova “geografia das freguesias.”


O Património que herdámos é a marca dos nossos antepassados, é a memória viva de um legado muitas vezes esquecido, abandonado e ignorado. Torna-se necessário no desenvolvimento de uma cidadania plena e consciente a procura de marcas do passado tornando-as num património de todos e para todos. Através destas marcas tomamos consciência da permanente mudança do tempo e dos espaços. Todas as comunidades pretendem conhecer as suas origens, compreender a sua evolução interpretando a sua história local tomando consciência que herdam um património cultural que lhes permite traçar a sua própria identidade. A inegável riqueza patrimonial e cultural do Município de Vila do Conde constrói-se também com o contributo das suas freguesias. Touguinhó, terra ativa e buliçosa ao longo dos tempos, com os seus moleiros, lavradores e lavadeiras, merece que seja feita “memória do seu passado”. A Lei n.º 11-A/2013 de 28 de janeiro dá cumprimento à reorganização administrativa do território das freguesias constante na Lei n.º 22/2012, de 30 de maio. Segundo o artigo 4.º - Cessação jurídica e identidade da Lei n.º11-A/2013 “A criação de uma freguesia por agregação determina a cessação jurídica das autarquias locais agregadas nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 9.º, sem prejuízo


da manutenção da sua identidade histórica, cultural e social (…)”. É neste contexto que se insere este trabalho, um reconhecimento da identidade histórica e cultural de uma terra igual a tantas outras do nosso país mas com um passado próprio

e singular. Com esta reorganização territorial uma nova “geografia” se apresenta ao nosso país com desafios e expetativas, cabe-nos dentro dessa mudança preservar a identidade de cada recanto de Portugal.

Etimologia e referências documentais A freguesia de Touguinhó é contemporânea de Tougues e Touguinha, como parece poder depreender-se da etimologia Touguinhó aponta para que seja um diminutivo de Touguinha e terse-á formado a partir do sufixo do latim – ó. O nome poderá provir de “Tauquiniola” derivado de “Touquinia” (Touguinha), e esta de “Tauques” (Tougues) 2. As referências documentais apesar de escassas mostram que no século XI o nome usado na documentação existente não é Touguinhó, mas “Pigeiros”, que aparece a designar o local da Igreja de S. Salvador e ainda toda a “villa” rústica 3. Apesar da palavra Touguinhó poder ter sido usada no século XI, há um vazio documental que permita comprovar esta hipótese

4. O topónimo “Pigeiros” é referido num documento em que a Condessa D. Ximena Fernandes, filha de D. Fernando Trastamires e de sua mulher D. Elvira herdou bens nesta freguesia. Em 1034 a condessa D. Ximena fez doação dos bens que possuía a seu filho D. Soeiro Pais e sua esposa D. Eilo, como é registado no documento de dote «…de heridade mea propia que aveio in villa Pejarios sive in termino de Tauguinia…» 5. Há ainda topónimos da freguesia que remontam a tempos feudais como “Gândara” 6. Nas Inquirições de D. Afonso II, de 1220 Touguinhó aparece designado como “Touguinoo”. Ao arcebispado de Braga pertencia o direito de nomear abade. O Abade Soeiro Mendes respondeu que nesta terra havia dois casais

1. FERREIRA, José - Jornal Terra à Terra, “Percursos da Memória”, nº 15, ano II, p. 11. 2. A bibliografia consultada refere esta ligação etimológica entre Touguinhó, Touguinha e Tougues: RODIGUES, Silva; Em redor da Igreja de Touguinhó – subsídios para a sua história, 1997; Grande Enciclopédia Portuguesa Brasileira, v. XXXII, p.330; PILOTO, Adelina e SANTOS, A. Monteiro – Jornal Terra a Terra, Percursos da Memória, nº 15, ano II, Janeiro de 2004, p. 5; 3. Na Idade Média “villa rustica” era um centro de exploração agrária possuída por um “dominus”, estendia-se por jeiras arroteadas alternando com solos incultos e bouças. Cf. COUTINHAS, José Manuel – A romanização em Vila do Conde, Jornal de Vila do Conde. 4. Grande Enciclopédia Portuguesa Brasileira, v. XXXII, p.33. 5. Rodrigues, Silva; Em redor da Igreja de Touguinhó – subsídios para a sua história, 1997, p. 10. 6. REIS. A. Do Carmo – Nova História de Vila do Conde, Vila do Conde, 2000, p. 53.

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7. Em todo o país havia terras reguengas que enriqueciam o património da coroa e faziam do rei o grande senhor entre os senhores. Senhores reagiram contra as Inquirições mandadas fazer por todo o reino, dado que conheciam os abusos de nobres e clérigos, privilegiando terras que punham, de modo, abusivo a coberto da sua honra. Cf. REIS. A. Do Carmo – Nova História de Vila do Conde, Vila do Conde, 2000, p. 48. 8. Grande Enciclopédia Portuguesa Brasileira, v. XXXII, p.330. 9. RODRIGUES, Silva: Em redor da Igreja de Touguinhó- subsídios para a sua história, Câmara Municipal de Vila do Conde, 1997, p.11. 10. António Faria de Machado um dos abades da freguesia instituiu um morgado vinculando a sua Quinta de Pedregais a um seu sobrinho com o mesmo nome. Estes Machados eram uma família importante do Noroeste, pois eram descendentes de um ramo da antiga família dos Alcaides de Barcelos, tronco do velho e celebrado Alcaide de Faria. Cf. PILOTO, Adelina e SANTOS, A. Monteiro – Jornal Terra a Terra, Percursos da Memória, nº 15, ano II, Janeiro de 2004, p. 5. 11. RODRIGUES, Silva – Nossa Senhora do Resgate - uma parte da História de Touguinhó, capítulo I, pp.21-22; As grandes herdades e caseiros que pagavam chorudas rendas eram de Touguinhó, Santagões, S. Pedro de Formariz, Beiriz, e Amorim. Em Touguinhó, a Igreja era dona de pelo menos quatro azenhas - Ponte d´Este, Campo, Guilhade e Torno. Agras, leiras, vinhas, cortinhas e bouças, rendiam na maior parte dos casos muitos alqueires de pão e também linho, uma riqueza invejável.

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reguengos 7 que pagavam à coroa a terça ou a quarta parte dos frutos que se colhiam neles, para além das obrigações - direituras, a saber, por casal, um soldo “pro bacali”, dois soldos “pro cabritos”, uma teiga de trigo “ pro fregaciis”, três soldos “pro renda”, um frangão e dez ovos 8. Nas Inquirições Gerais de Afonso III de 1258 surge uma nova referência: “Item, in termino de Mata habet ecclesia quandam leiram que incipit in molendino de Toloza et vadit per ripariam usque ad pontem das Presas. (…) Item, in Mondim habet ecclesia de Touguinoo unum casale totum damercatum et habet ibi quebradas divisas et assignatas de quibus Dominus Rex habet terciam partem. Omnia vero alia singula et universsa que sunt in ista parrochia sunt regalenga Domini Regis. (…) 9 Touguinhó fez parte do concelho de Barcelos e foi integrada no concelho de Vila do Conde pela divisão administrativa de 1836. Notabilizou-se pelos seus largos Passais e terras da Igreja nas freguesias limítrofes, fazendo dela uma das paróquias mais pretendidas pelo clero paroquial. No século XVIII o abade tinha o rendimento anual de 800 mil reis. A isso se deve o velho dizer dos párocos: «Em Tougues estou Touguinha vejo Em Touguinhó me desejo»

As pesquisas de Silva Rodrigues revelam que o cobiçado lugar de Abade era obtido através de concurso, saindo depois no «Diário do Governo», por meio de decreto. Ao longo dos séculos XVII, XVIII e XIX surgiram “dinastias” de Abades como os Faria de Machado 10 e os Araújo Pereira. O último abade de Touguinhó, Dr. Acácio António Pereira Barbosa, foi abade entre 1898 e 1921 e Prior de Vila do Conde onde faleceu a 1 de maio de 1941. Foi também vicepresidente da Câmara Municipal de Vila do Conde e presidente no período de 7 de Janeiro a 1 de Outubro de 1910. Foi no seu tempo que a antiga residência paroquial e passais foram vendidos a Abílio Galante, aquando da separação da Igreja do Estado. No século XV os bens imóveis cobriam quase a totalidade da freguesia de Touguinhó e estendiam-se por freguesias vizinhas como Santagões, Formariz, Beiriz e Amorim 11.


Vestígios arqueológicos Os vestígios visíveis dados pela arqueologia são escassos, os testemunhos foram sendo destruídos ao longo dos tempos e a bibliografia sobre o assunto é dispersa, em alguns casos limitando-se a breves referências sobre a freguesia. É necessário ainda fazer o cruzamento com estudos arqueológicos a uma escala macro-local. Segundo o arqueólogo Paulo Costa Pinto 12 as primeiras referências ao passado arqueológico de Touguinhó são-nos dadas por Martins Sarmento que nas suas pesquisas em Vila do Conde e Póvoa de Varzim refere a presença de um Castro para os lados da Igreja de Touguinhó com vestígios de superfície 13 e ainda a existência de telha romana no lugar da Sobreposta 14. Ainda segundo Paulo Pinto a tradição oral alude para a existência de vestígios passados no Alto do Mirante 15 e os topónimos Madorra e Vila Verde apontam para a presença de vestígios de ocupação humana antiga. Madorra aparece

geralmente associada à presença de monumentos megalíticos e Villa Viridis (Vila Verde) está associado à presença romana em Portugal. Vila Verde e Madorra são dois lugares nos limítrofes com a freguesia de Beiriz 16. Os estudos de A. do Carmo Reis demonstram que a presença celta, assentando morada nos castros que ladeiam o curso dos rios, nas redondezas do Ave e do Este, está em Arcos, Touguinhó, Touguinha, Ferreiró, Outeiro, Bagunte, Santagões, Macieira, Vairão, Retorta e Labruje 17. José Manuel Coutinhas num artigo sobre a cultura castreja em Vila do Conde refere-se aos castros de Touguinha e Touguinhó relatando que a informação é escassa, mas que no início do século XX apresentavam vestígios Carlos “claramente visíveis” 18. Alberto Brochado de Almeida nas suas pesquisas refere a existência de uma ocupação romana, documentada por materiais de construção junto à Igreja Paroquial de Touguinhó 19.


12. PINTO, Paulo - Jornal Terra a Terra, Percursos da Memória, nº 15, Janeiro de 2004, p. 6; 13. Em 1883 Martins Sarmento percorreu os concelhos de Vila do Conde e Póvoa de Varzim à procura de mamoas e vestígios materiais. Descobriu duas mamoas em Tougues e uma na Junqueira. Cerca de 1900 foram descobertos em Touguinha dois vasos em forma de chapéu invertido. Em 1952 importantes descobertas arqueológicas foram feitas em Fornelo, Mosteiró, Canidelo, Guilhabreu, S. Paio e Tougues. Cf. COUTINHAS, José Manuel – O povoamento pré-histórico do concelho de Vila do Conde, Jornal de Vila do Conde. 14. No concelho de Vila do Conde os povoados castrejos com mais vestígios de romanização devido à presença de “tegulae” e “imbricis”, cerâmica “sigillata”, vidros e moedas romanas são em Bagunte, Arcos, Retorta e Vairão. Via Veteris cujo percurso conhecemos através das Inquirições de 1220 passava por Modivas, Macieira e o Rio Ave. Cf. COUTINHAS, José Manuel – A romanização em Vila do Conde Jornal de Vila do Conde. 15. Uma das escadarias que dá acesso ao lugar do Alto do Mirante tem o nome de “Calçada do Castelo” podendo a toponímia apontar para a existência de um castro. 16. Se alargamos o âmbito de estudo constatámos que perto da Madorra, mas já na freguesia de Beiriz, no Alto da Vinha em 1912 foram encontradas duas aras votivas, as regravações do texto dificultam a sua leitura mas o seu caráter votivo parece uma certeza. Também nesta freguesia foram encontradas fossas ovóides abertas no saibro que podem ser datadas da primeira fase dos finais da Idade do Bronze. 17. REIS. A. Do Carmo – Nova História de Vila do Conde, Vila do Conde, 2000, p. 19. Os celtas eram mestres na indústria de ferramentas, viviam da lavra e pastoreio, comiam carne de porco e peixe do rio, bebiam cerveja e sacrificavam a Endovélico, deus dos deuses. 18. Cf. A cultura castreja no concelho de Vila do Conde - Jornal de Vila do Conde – cadernos de Cultura, nº 277, de 28 de fevereiro de 1985. 19. Ainda sobre a presença romana em Vila do Conde para José Manuel Coutinhas as freguesias de Modivas, Vilar, Mosteiró e Guilhabreu situadas na planície fértil que corre do Ave ao Leça sofreram uma romanização intensa. No lugar de Souselo (Vilar) apareceu no século XIX uma pequena estatueta em bronze de Júpiter e fragmentos de “tegulae” podendo tratar-se porventura de uma habitação. Em Guilhabreu há ainda o registo de uma inscrição funerária. Cf. COUTINHAS, José Manuel – A romanização em Vila do Conde, Jornal de Vila do Conde – cadernos de Cultura, nº 313, de 28 de Novembro de 1985.

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Património edificado Relativamente ao património edificado destacámos a ponte românica, a Quinta da Espinheira, a Casa Senhorial “Galante”, a Igreja Paroquial, o templete-cruzeiro de Santo António e as “Alminhas” da Ponte d´Este. Chegava-se a Vila do Conde por vários caminhos atravessando pontes em Santagões, Arcos e Touguinhó 20. A ponte românica de Touguinhó ergue-se sobre o rio Este, ao longo dos tempos foi sofrendo algumas vicissitudes e adaptações. Possui arco redondo, construção do tabuleiro em cavalete, sem parapeito, empedrado retangular de boa construção e de grandes dimensões. Os pilares do arco assentam sobre rocha, tornando os seus alicerces mais resistentes e duráveis. A harmonia das linhas arquitetónicas, o contexto paisagístico em que se insere torna a Ponte d´Este num importante exemplar da arquitetura românica

21.

No Inverno é frequente as águas galgarem parte do acesso ao tabuleiro da ponte devido ao excesso de caudal do rio. A construção de pontes é um dos expoentes da arquitectura civil. As pontes, unindo margens, trazem benefícios transformando a paisagem. Construir pontes e calçadas são considerados, neste período, atos de piedade. Reis, nobres e membros do clero deixam em testamento donativos para a construção de pontes e celebração de missas. Esta “piedade” permitiu uma grande atividade pontística românica. A construção românica ergue-se também pelos arredores, em Vairão, na Junqueira, em Rio Mau e em Vila do Conde. A poucos metros da ponte medieval localiza-se a ponte que serve atualmente de ligação entre as margens do rio datada de 1834. Segundo documentação concelhia teve portagem no século XIX 22.


A Quinta da Espinheira está localizada entre as Freguesias de Touguinhó e Junqueira. O acesso à propriedade e à sua casa setecentista faz-se através de um magnífico pórtico de grande opulência e requinte ornamental - com escudo de armas e ameias. A quinta da Espinheira pertenceu ao último

morgado Gregório Duarte Coelho Falcão. No século XIX esteve na posse de Francisco Barbosa do Couto Cunha Souto Maior. A quinta é atravessada por um caminho em declive até ao rio Este. No fim deste longo caminho encontram-se as azenhas da Espinheira, com um açude apresando a água entre as duas margens do rio.

20. Vila do Conde era lugar de passagem do caminho velho, via romana que vinha do Porto e está na rota de Santiago de Compostela. Cf REIS. A. Do Carmo – Nova História de Vila do Conde, Vila do Conde, 2000, p. 70. 21. A partir do ano Mil surge uma nova manifestação artística - o Românico. O Românico é o primeiro estilo artístico internacional da Cristandade Ocidental, um estilo original com diversas escolas regionais, congregando elementos romanos, germânicos, bizantinos, islâmicos e arménios. As transformações económicas, demográficas, político-administrativas e de mentalidades permitiram que o românico se fosse instalando na arquitetura religiosa, militar e civil ao longo da Idade Média. A renovação material, proporcionada pelo renascimento do comércio e do artesanato, do uso da moeda, e pelo desenvolvimento da agricultura para responder às necessidades de uma população em crescimento, refletiu-se nesta renovação material, cultural e religiosa. Em Portugal, na região norte, o estilo românico teve uma longa permanência, prolongando-se até aos séculos XIII e, por vezes, XIV, numa altura em que na Europa já se construía ao estilo gótico. Esta longa permanência está relacionada com a própria história da região. No centro e no sul do país este fenómeno foi mais efémero devido à conjuntura política e económica e à confluência de influências, nomeadamente a muçulmana e a moçárabe. 22. SOUSA, Mónica; VALE, Nuno – Nossa Senhora do Resgate - uma parte da História de Touguinhó, capítulo I, p.16. O registo de portagem da ponte d`Este é datado de 16 de Março de 1858. Pode ser consultado no Inventário 2931, folhas 78 e 79 do livro de Termo de Responsabilidade e Fiança do Aquivo Municipal de Vila do Conde. Foi estabelecido para todo o concelho portagem na ponte do rio Ave por Provisão de 9 de Junho de 1821. A justificação para esta iniciativa estava na intenção de melhorar os caminhos circundantes e que serviam de ligação entre as freguesias e a Vila.

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Junto à Igreja Paroquial fica localizado o solar conhecido como “Casa Galante” - nome da família proprietária. Edifício datável do século XVII ou XVIII, que funcionou como residência paroquial dos Abades e que, aquando da separação da Igreja do Estado, passou para a Fazenda Pública. Do lado esquerdo da fachada nobre há uma cisterna em ruínas e pórtico ameado de traçado regular. A atual Igreja Paroquial foi construída em 1842 (data registada na parte frontal), acabada em 1843 (como descrito nos Inquéritos de 1845 do Arciprestado de Vila do Conde – artigo 2) 23, e paga a expensas do Abade Custódio José de Araújo Pereia, que sucedeu ao seu tio com o mesmo nome e que também construiu junto à mesma uma majestosa residência. A Igreja Paroquial carateriza-se atualmente pela fachada caiada de branco com torre sineira e dois andares adossados a norte. Em 1842 a obra encontrava-se incompleta, os sinos da igreja estavam no adro. A construção da torre sineira e da sacristia efetuou-se mais tarde como se pode comprovar através de comunicação do Administrador do Concelho, Abílio Freitas Craveiro, a 8 de janeiro de 1857, para o Governador do Porto a justificar a obra em falta bem como a divulgar o estado atual das obras: “…adjunto tenho a honra de enviar a 081 e-vilacondense

V. Ex.ª a o orçamento e atas respetivas da junta da Paróquia da Freguesia de S. Salvador de Touguinhó para a conclusão de uma torre de pedra pelo lado sul da Igreja, e junto dela uma sacristia segundo a planta junta ao mesmo orçamento que a referida junta pretende lhe seja aprovado. Das cópias das atas que transmito a V. Ex.ª eme dispensado de entrar em mais minuciosas informações. Verá V. Ex.ª tudo tem havido naquela freguesia a semelhante respeito podendo eu acrescentar pelas averiguações a que hei procedido, que


a referida obra não era desnecessária atendendo que os sinos se achavam no adro em uma estaca de pau e quena Igreja não havia sacristia privativa da paróquia (…) A torre acha-se em meias sineiras e a sacristia coberta mas como ainda falta a quantia apontada no orçamento para os pagamentos e a conclusão da referida obra pretende agora a junta receber o défice por meio da derrama e pela forma que expõe que me parece razoável suposto que ela dever-se

talvez ter solicitado a competente aprovação antes da obra se achar no estado em que se acha, a pretendida derrama.”24 Touguinhó tem como orago Divino Salvador e em Agosto assinalam-se festividades em honra de Nossa Senhora do Resgaste. Outras solenidades e romarias são em honra do Santíssimo Sacramento e do seu orago - Divino Salvador. Num dos altares laterais da Igreja Paroquial, localiza-se

1. VALE, Nuno – Nossa Senhora do Resgate - uma parte da História de Touguinhó, capítulo II, p.27 24. RODRIGUES, Silva; Em redor da Igreja de Touguinhó-subsídios para a sua história, 1997, pp.17-18


uma imagem da Nossa Senhora do Resgate, iconograficamente assemelha-se a uma “pietá” de pequeno porte, madeira estofada e será datável do século XVII ou XVIII. É invocada para o resgate das almas do Purgatório, a classe piscatória recorre a Ela para resgate das almas dos seus mortos e também do corpo dos náufragos 25.

capela ergue-se um esguio cruzeiro de arquitetura simples. Imagem de Sto. António no seu interior. Segundo placa inscrita na fachada foi erigida em 1940 aquando da celebração do VIII Centenário da Independência e III da Restauração de Portugal. Esta capelinha sustenta o único cruzeiro existente na freguesia e o seu lugar inicial poderá ter sido na parte de um campo pertencente ao passal da Igreja 26. Ao Km 5 da estrada nacional 206 que liga as cidades da Póvoa de Varzim e Famalicão situa-se uma outra capela dedicada a Santo António datável de 1915.

No topo da avenida que desce para a Igreja situa-se um templetecruzeiro. Edifício de estrutura simples e planta quadrangular de reduzidas dimensões. Sobre o telhado da 25. AMORIM, M. - O Culto Mariano no Arciprestado de Vila do Conde e Póvoa de Varzim, Arciprestado de Vila do Conde e Póvoa de Varzim, Dezembro 2003 26. SOUSA, Mónica; VALE, Nuno – Nossa Senhora do Resgate - uma parte da História de Touguinhó, capítulo I, p.18

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Situado na confluência de diferentes vias, na estrada nacional 525, localizam-se as “alminhas”, estrutura em pedra datada de 1726. Ao longo dos tempos sofreu obras de melhoramento. No interior apresenta uma composição em azulejos com a apresentação da crucificação de Cristo e das Almas no inferno, com a seguinte inscrição em epígrafe: “MEU JESUS PERDÃO E MISERICÓRDIA PELOS MÉRITOS DAS VOSSAS SANTAS CHAGAS P.N.A.M”

Esta freguesia apresenta ainda outros locais de interesse como as azenhas nas margens do rio Este, algumas remontam ao início da Idade Moderna. Contudo, foi a partir do século XVIII que muitas proliferaram. Pertenciam a gente pobre, mas também a grandes proprietários e senhores fidalgos. Entre as existentes destacam-se as seguintes: azenha do Torno, azenha da Pinguela, azenhas Novas, azenha da Guilhada, azenha da Ponte d`Este, azenha da Oliveira, azenha da Carvalha, azenha do Vau, azenhas da Azeveda, azenha da

Costa, azenha do Peniche e azenha do Campo 27. Atualmente algumas delas encontram-se em ruínas mas outras estão a ser reconvertidas em locais de habitação e lazer. No século XIX, os moleiros eram uma grande potência económica. A indústria artesanal da moagem foi a principal abastecedora de farinha para o fabrico do pão. Ao longo do século XX o aparecimento de novas indústrias como a têxtil ou a reconversão da indústria da moagem e a emigração fizeram com que esta atividade fosse sendo paulatinamente abandonada.

RODRIGUES, Silva – Em redor da Igreja de Touguinhó Subsídios para a sua história, Câmara Municipal de Vila do Conde, 1997 28. RODRIGUES, Silva – Em redor da Igreja de Touguinhó Subsídios para a sua história, Câmara Municipal de Vila do Conde, 1997, pp- 41-43. Através do cruzamento de dados é possível verificar uma “política de alianças matrimoniais” entre os membros destas importantes famílias. 29. VALE, Nuno – Nossa Senhora do Resgate: Touguinhó em festa, capítulo II, p. 54

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Desde tempos imemoriais as principais atividades desta freguesia consistiram na moagem e no trabalho da terra. Houve grandes proprietários como António Gomes Angeiras, Custódio Ferreira Morim, Gaspar Martins Torres,

Padre Joaquim Fernandes Ferreira, Joaquim Fernandes Patrício, Joaquim Gonçalves Galante e Manuel Martins Gomes 28. No rio Este lavadeiras dos lugares do Mirante e da Ponte d´Este ganhavam a vida lavando a roupa dos fidalgos poveiros 29.


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Rota turística do rio Este É ainda de salientar que o município de Vila do Conde nos seus roteiros turísticos propõe a rota do Rio Este sendo parte do percurso e término realizado na freguesia de Touguinhó. Tem início na Praça Velha em Vila do Conde, passagem pela Casa de S. Sebastião, um antigo e requintado solar, onde agora funciona o Centro de Memória, seguese a Igreja da Lapa, erguida no século XVIII. Continuando na velha estrada o visitante é convidado a passar pelo largo do lugar de Formariz cujo centro é assinalado por um velho cruzeiro e por uma casa rural com uma pequena capela. O roteiro segue pelas terras baixas e alagadiças da Lagoa, um dos antigos sapais da região, onde é possível avistar colónias de garças. Seguindo pela estrada principal e já no lugar da Pena, quase no limite com Touguinhó, erguem-se dois solares. Aqui o visitante deverá retomar a estrada principal até chegar às pontes sobre o rio Este. A mais recente, ainda em uso, foi mandada erguer por Fontes Pereira de Melo em finais do século XIX e foi um importante melhoramento na estrada do vale do Ave. Num pequeno largo erguese a capela de S. João – um nicho ali colocado pela devoção popular ao padroeiro dos rios. A partir daqui o visitante pode percorrer um dos mais

pitorescos caminhos interiores de Vila do Conde, caminhando ao longo do Rio Este, numa estrada milenar limitada pelas escarpas do Mirante e pelo serpentear do rio. No alto do mirante reza a tradição que existiu um povoado fortificado da Idade do Ferro – um Castro. O local é bucólico acompanhando o rio num espaço em que se erguem inúmeras azenhas com os seus açudes. Na fonte da Aguilhada, a 6.5 km de Vila do Conde, termina a rota turística. 30

30. Esta rota pode ser consultada em pormenor no sítio da Internet da Câmara Municipal de Vila do Conde - (www. cm-viladoconde.pt), turismo - roteiros

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Atividades etnográficas e culturais As atividades culturais e recreativas enriqueceram ao longo dos tempos o património etnográfico de Touguinhó. No século XIX existiu uma Banda de Música cujo mestre era Albino Gonçalves Cunha. O Rancho Folclórico das Lavradeiras de S. Salvador de Touguinhó foi fundado no dia 24 de Junho de 1956. A sua apresentação feita nas Festas de S. João em Vila do Conde obteve um enorme sucesso, ganhando um Concurso de Ranchos Folclóricos do município. Os seus trajes simbolizam o trabalho no campo, moleiro, feira, domingueiro,

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noivos e romaria dos finais do século XIX e inícios do século XX. Em 1975, formou-se o Rancho Folclórico de S. Salvador de Touguinhó, que teve como impulsionador Júlio Neves. Em 1981 este Rancho participou nas Festas do Concelho e teve o privilégio de dançar em exclusivo para o Presidente da República. Ao longo da sua existência participou em vários festivais como o Festival de Folclore realizado na cidade do Porto em 1981. Foi também um dos grandes animadores do Festival Internacional Comemorativo do 50º aniversário da


cidade de Barcelos. Participou ainda no 1º Congresso Nacional da Imprensa Regional, no 1º Congresso Nacional de Folclore e no 13º Grande-Prix Europeu de Vela. Os seus trajes simbolizavam o trabalho no campo, moleiro e domingueiro. Em 1995 realizouse um pitoresco Desfile de Chitas impulsionado por Maria José Ferreira. Esta iniciativa inspirou-se no 1º Grande Concurso de Vestidos de Chita organizado pela Comissão Municipal de Turismo de Vila do Conde em 1970 e integrado no programa das Festas em honra de S. João.


Considerações finais Por iniciativa de privados Touguinhó também já se rendeu às novas tecnologias nomeadamente através da criação do blogue “Touguinhó Online”, onde todos os Touguinhoenses podem estar informados sobre as atividades desenvolvidas na freguesia, noticias e breve resenha A comunidade histórica 31.

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tem desenvolvido iniciativas de convívio, camaradagem, cooperação e promoção da terra como a construção de presépios, em diferentes lugares da freguesia, durante a época natalícia ou ainda cantares das Janeiras. Um projeto que será certamente uma maisvalia na prestação de cuidados de saúde para a freguesia mas também


a nível nacional e internacional é a construção de uma nova infraestrutura de iniciativa privada - Hospital Senhor do Bonfim, numa antiga propriedade que pertenceu a Américo Angeiras 32. A história local através de trabalhos de investigação, recolha e sistematização de dados recuando a épocas mais ou menos longínquas permite-nos conhecer

as origens e transformações das localidades a par das suas linhas contemporâneas, que a sua projeção no futuro faz destacar. Este trabalho procura desta forma enriquecer os registos do Tempo e do Espaço desta freguesia. Visitar Touguinhó é usufruir da sua ruralidade, da hospitalidade das suas gentes e da beleza do seu património edificado e cultural.

31. O blogue é da autoria de Alberto Rodrigues. Endereço: freguesiadetouguinho.blogspot.pt. Já chegou também às redes sociais: www.facebook.com/pages/Touguinho-Online. 32. De origem abastada, neto de António Gomes Angeiras, emigrou para o Brasil tornando-se um dos maiores proprietários da região.


“PERCURSOS” MUSEUS DA CIDADE Todos temos a ideia de que Vila do Conde é um “Museu”, com as suas ruas antigas, cheias de vida. Mas a cidade é povoada por museus

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onde se aprende com o passado. O itinerário pelos museus é uma visita ao passado e uma nova hipótese de percorrer as ruas do velho burgo.


Contactos Rua D. Sancho I 4480-771 Vila do Conde Telefone: 252 640 605 Fax: 252 640 609 O Museu dos Bombeiros, instalado entre 1984 e 1998 no Quartel da Av. Marquês Sá da Bandeira, encontrase hoje em novas instalações no Quartel situado na Rua D. Sancho I. O espaço é composto por duas salas, uma destinada à exposição, e outra a audiovisuais e serviços educativos. Para além destas áreas, o Museu dispõe de uma miniescola fixa de trânsito, onde os visitantes podem tomar conhecimento de algumas normas de actuação, de acordo com a Prevenção Rodoviária Portuguesa. A coleção do Museu dos Bombeiros retrata a atividade da

associação, sendo constituída por viaturas antigas, de tração animal, manual e mecânica, fardas de intervenção, de gala, da Fanfarra e da Banda de Música dos Bombeiros, numismática, galhardetes, salvados, fotografias e documentação que relata a história da corporação. Paralelamente às visitas guiadas à exposição, o Museu e o corpo ativo envolvido na sua programação promovem visitas orientadas, no sentido de elucidar os visitantes sobre os potenciais perigos do dia-a-dia e os cuidados a observar quanto aos fenómenos da natureza, entre outros.

Horário de Funcionamento Segunda a Sexta, das 09h00 às 12h00 e das 14h00 às 17h00 (por marcação)


Contactos Rua da Lapa, 293 4480-757 Vila do Conde Telefone: 252 240 400 Fax: 252 240 414 Criado pelo estudioso Elísero Pinto, o Museu da Cooperativa Agrícola abriu ao público no antigo Grémio da Lavoura, na Praça da República. Com a passagem da Cooperativa para as novas instalações, na Rua da Lapa, o Museu foi, provisoriamente, instalado no novo edifício, estando, no entanto, projetada a sua reinstalação numa nova sala do mesmo edifício, que reúna as condições mais adequadas à função museológica. A exposição apresenta ao público um conjunto de alfaias agrícolas, entre as quais se encontram os Jugos – utensílios para aparelhar o gado –, trajes de lavoura, e ainda objetos domésticos utilizados pelas

comunidades rurais, de onde se destacam as peças de cerâmica.

Horário de Funcionamento Segunda a Sexta, das 09h00 às 12h00 e das 14h00 às 17h00 (por marcação) 095 e-vilacondense


Contactos Largo de S. Sebastião 4480-706 Vila do Conde Telefone: 252 617 506 e-mail: centro.memoria@ cm-viladoconde.pt Juntando as valências do Arquivo Municipal e do Núcleo Central do Museu, o Centro de Memória, concebido com o intuito de funcionar no belíssimo edifício da Casa de S. Sebastião, resultou de um projeto de reestruturação, bem como da criação de dois novos corpos, duplicando, desta forma, a área existente. O referido imóvel que, desde há um século, significa uma centralidade na cultura do nosso concelho, continuará a assumir, de forma inquestionável, lugar de destaque no panorama cultural local, regional e nacional. No Centro de Memória funciona o Arquivo Municipal, numa perspetiva integrada, que não separa o que tradicionalmente se chama de arquivo histórico do arquivo corrente. Através da exposição Horário de Funcionamento Terça a Domingo - 10h00 às 18h00

permanente, em fase de montagem, ou do núcleo de exposições temporárias, o Centro de Memória expõe elementos deveras marcantes para a compreensão do território que hoje constitui o concelho de Vila do Conde, proporcionando, simultaneamente, à cidade uma abordagem inovadora, onde são visitáveis recursos presentes nas mais conceituadas salas expositivas do país. A estruturação do serviço educativo, bem como a existência do Espaço Internet, da cafetaria, da loja e do Centro de Pedagogia Ambiental, associados aos 7.000m2 de jardim tornam a Casa de S. Sebastião, um Centro de Memória dos e para os vilacondenses, espaço de fruição de informação, cultura e lazer.


Contactos Largo Dr. Acácio Barbosa, 36 4480-952 Vila do Conde Telefone: 252 631 477 Fax: 252 632 628 O Museu das Cinzas encontra-se instalado numa sala, projetada pelo Eng.º Eça Guimarães, anexa à Igreja do antigo Convento de N.ª Sr.ª da Encarnação, hoje mais conhecida como Igreja de S. Francisco. O Convento foi mandado erigir em 1522, por D.ª Isabel Mendanha, que, depois de pronto, o entregou a 12 religiosos, número posteriormente aumentado para 20. A extinção do Convento, em 1834, originou a dispersão de todos os seus bens. A base da coleção do Museu são as 16 imagens da Procissão das Cinzas. O acervo é ainda constituído por livros de registo, alfaias litúrgicas, bordados a matiz, saiais de andor bordados a ouro, utensílios da Procissão, pratarias, bem como imagens sacras desde o século XIII até ao século XVIII.

A exposição organiza-se a partir de uma peça central – A ESTIGMATIZAÇÃO DE S. FRANCISCO – em volta da qual se encontram todas as outras imagens que incorporam o préstimo religioso. Na galeria superior, encontram-se as alfaias litúrgicas, bem como toda a documentação.

Horário de Funcionamento Segunda a Domingo, das 10h00 às 12h00 e das 14h00 às 18h00 097 e-vilacondense


Contactos Av. José Régio 4480-671 Vila do Conde Telefone: 252 631 532 252 619 053 E-mail:: museus @cm-viladoconde.pt José Régio foi, ao longo da sua vida, um grande colecionador de obras de arte, basicamente de cariz popular e, na sua grande maioria, de Arte Sacra. Cristos, ex-votos, ferros, estatuária religiosa, bem como uma vasta gama tipológica de objetos, foram recolhidos, comprados ou trocados por esta grande figura das letras portuguesas do século XX. Após a sua morte, ocorrida a 22 de Dezembro de 1969, e, depois de negociações com a respetiva família, a Câmara Municipal de Vila do Conde adquiriu a casa do poeta, abrindo-a ao público a 17 de Setembro de 1975. É um espaço intimista, com as áreas funcionais de uma casa de habitação, onde o único espaço criado após a sua morte é a sala de pintura moderna,

organizada pelo seu irmão Julio, mas também de acordo com a vontade de Régio. O escritório, o quarto, local onde faleceu, a sala de jantar e o jardim serão as áreas fundamentais desta casa. Todavia, todo o espaço pretende ser como que um espelho que reflita fielmente a personalidade do poeta, daí a decisão de não alterar qualquer compartimento deste imóvel. Paralelamente, na casa de Benilde, foi desenvolvida uma obra que visou a instalação do Centro de Estudos Regianos, para além de um conjunto de serviços de apoio à Casa de José Régio, tais como receção, sala de exposições temporárias e auditório.

Horário de Funcionamento Segunda a Sexta, das 09h00 às 12h00 e das 14h00 às 17h00


Contactos Centro Paroquial Paróquia de S. João Baptista de Vila do Conde Rua da Misericórdia Vila do Conde Telefone: 252 640 810 O Museu encontra-se instalado na sacristia privativa da Confraria do Santíssimo Sacramento, na Igreja Matriz de Vila do Conde. Abre portas em 1985, nas Festas do Corpo de Deus, contando com a presença de D. Eurico Dias Nogueira. Até hoje, o Museu de Arte Sacra mantém-se como um importante centro cultural, visitado por inúmeras pessoas ao longo do ano, onde se podem admirar alguns dos melhores exemplares de Arte Sacra de Vila do Conde, com destaque para a Cruz Processional da Capela de Formariz, datada de finais do século XVI, início do século XVII. Como o próprio nome indica, o acervo deste Museu é composto pelas mais diversas peças de Arte

Sacra: cruzes, paramentos, patenas e cálices, varas, lanternas, entre outros, e ainda livros manuscritos pertencentes ao arquivo histórico da Confraria.

Horário de Funcionamento Marcação prévia junto do Centro Paroquial

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Contactos Rua de S. Bento, 70 4480-781 Vila do Conde Telefone: 252 248 470 E-mail:: museus @cm-viladoconde.pt Instalado em 1991 na Casa do Vinhal, típico solar urbano do século XVIII, o Museu veio criar uma dinâmica em torno das Rendas de Bilros, nomeadamente na sua divulgação. O edifício mantém ancestrais ligações às Rendas de Bilros, pois nele se sediou e funcionou a Escola de Rendas. A coleção do Museu das Rendas de Bilros é composta por todo o tipo de instrumentos e materiais utilizados na produção das Rendas de Bilros. Do acervo do Museu fazem parte belos exemplares de Rendas de Bilros, desenhos e piques, bilros e almofadas e documentos vários. Merece ainda referência a coleção de bilros e almofadas estrangeiras, testemunho dos sucessivos

contactos com centros produtores além-fronteiras. A exposição permanente do Museu para além de apresentar a tradicional renda vilacondense, expõe, simultaneamente, várias rendas contemporâneas, fruto de um conjunto de atividades desenvolvidas com outros centros produtores de rendas na Europa, bem como inúmeros trabalhos concebidos por estilistas nacionais. Mas a presença de Rendilheiras que, num recanto cheio de luz, mostram aos visitantes a sua perícia na arte de bem dedilhar os bilros, constitui um particular motivo de interesse do único Museu de Rendas de Bilros em Portugal.

Horário de Funcionamento Terça a Domingo, das 10h00 às 12h00 e das 14h00 às 18h00


Contactos Rua Cais da Alfândega 4480-702 Vila do Conde Telefone: 252 240 740 e-mail: museus@ cm-viladoconde.pt O edifício da Alfândega Régia – Museu da Construção Naval fica situado na rua Cais da Alfândega, no coração da zona ribeirinha de Vila do Conde, onde, outrora, laboraram os estaleiros navais vilacondenses. Datado do final do século XV, o edifício sofreu, ao longo do século XVIII, sucessivas ampliações de modo a colmatar as necessidades ditadas pelo intenso tráfego comercial que então se fazia sentir. A exposição permanente patente ao público, assume três vertentes que traduzem a função do Museu: a Navegação Portuguesa, nomeadamente aquela que tem origem e destino em Vila do Conde, a história da Alfândega Régia, seu funcionamento, oficiais e produtos desalfandegados, e, simultaneamente, a história da Construção Naval, tipos de barcos construídos em Vila do Conde, e respetivas técnicas e processos Horário de Funcionamento Terça a Domingo, das 10h00 às 18h00 101 e-vilacondense

construtivos utilizados na Construção Naval de Madeira. No projeto de recuperação da Alfândega Régia e do Museu dedicado à tradição da Construção Naval em Vila do Conde, é um precioso complemento a construção da réplica de uma Nau. Para além de um importante elemento de atração turística e lúdica, tem uma função pedagógica, pois, construída com o maior respeito pelas investigações científicas da responsabilidade do Almirante Rogério de Oliveira, incorpora o saber ancestral dos carpinteiros e calafates dos estaleiros vilacondenses. A fim de mostrar a complexidade da organização das viagens, a Nau apresenta os camarotes do piloto e do cartógrafo, material cartográfico, instrumentos e técnicas de navegação, cozinha e despensa, procurando elucidar sobre a complexidade e as vicissitudes da vida a bordo.


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SABIA QUE ... ?

IDENTIFICAR E COMPREENDER A DE O Caminho para a Prevenção POR ANDRÉA DA COSTA Mestre em Psicologia

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EPRESSÃO A depressão constitui uma doença frequentemente reportada nos mais diversos meios de comunicação e divulgação, acompanhando as notícias relativas à conjuntura socio económica da nossa sociedade. De facto, são bem conhecidos os efeitos da crise socioeconómica sobre a saúde mental do indivíduo – perda da autoestima, depressão, ansiedade e riscos de comportamentos suicidas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2012), 121 milhões de pessoas, ao redor do Mundo, são afectadas pela depressão, prevendo-se que no ano de 2020 essa doença se afirme como a segunda maior causa de incapacidade e perda de qualidade de vida do indivíduo. Neste seguimento, salienta-se que em Portugal as doenças mentais comuns afectam quase 23% da população adulta portuguesa, ou seja, mais de dois milhões por ano, sendo que a depressão afecta 7,9% dos adultos, ou seja, 400 mil pessoas. Neste quadro, o suicídio apresentase como uma complicação médica resultante destas perturbações mentais, em particular da depressão, elevando-se a dois mil o número de suicídios cometidos por ano, em Portugal, isto é, cinco portugueses

por dia. Tendo em consideração os dados alarmantes no que concerne a saúde mental, bemestar e qualidade de vida da nossa sociedade, urge informar e sensibilizar a nossa população para o fenómeno crescente da depressão, nomeadamente para o conhecimento dos seus sinais de alerta, dos factores que estão na origem da depressão e ainda o desenvolvimento de estratégias capazes de prevenir essa doença. Em primeiro lugar, salientase que o distúrbio da depressão não deve ser confundido com um período de tristeza, bem como os seus sinais de alerta podem certamente ser diagnosticados com facilidade. As manifestações mais frequentes desta perturbação consistem na baixa autoestima, na perda de interesse e prazer na realização de tarefas, no desânimo/ tristeza persistente, na irritabilidade excessiva, nas perturbações do sono, perturbações do apetite, sentimento de culpa, de inutilidade e incapacidade, perda de energia, fadiga, dificuldade de concentração e de tomada de decisão, bem como sintomas físicos a referir dores de cabeça, doenças digestivas e dores crônicas.


Por fim, e após a explanação das causas e sinais de alerta da depressão, um fenómeno que tanto afecta a população portuguesa, importa indicar algumas estratégias de prevenção desse distúrbio. Em primeiro lugar, indica-se a importância de manter um estilo de vida saudável, pautado por uma alimentação equilibrada, a prática de exercício físico, bem como o respeito das oito horas mínimas de sono por noite. Evite isolar-se e procure ficar junto das pessoas que gostam de si; partilhe com

eles os seus sentimentos, pensamentos, desafios e expectativas. Se começar a sentir-se ansioso, procure ajuda médica, pois, talvez seja um sintoma de depressão. Durante a realização de actividades laborais, respeite e aproveite momentos de pausa para relaxar e respirar – Espreguice! Boceje! Por fim, procure caminhar em espaços amplos e invista na realização de actividades prazerosas. Em suma, deve-se salientar a existência de um vasto leque de sinais que alertam para a depressão. A dor e o mal-estar levam-nos a prestar atenção ao nosso corpo, pelo que importa compreendermos os sinais transmitidos por ele e, seguidamente, mude as suas rotinas e opte por um estilo de vida saudável. O melhor remédio para a depressão é a prevenção – cuidando de si! Serviço de Psicologia

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Praça José Régio, 168 4480-718 Vila do Conde 252 645 983


AGENDA CULTURAL ABRIL 2013 Dia 20 às 21h30 - Teatro Municipal José Pedro Gomes e Rui Mendes são os reis desta comédia de Neil Simon, um dos mais premiados dramaturgos norteamericanos da actualidade.

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Eles são Jacinto Leite e Alberto Cruz que, após 12 anos sem se falarem, se encontram num programa de televisão dedicado à comédia nacional. Jorge Mourato, Carla de Sá, Diogo Leite e Rui de Sá compõem o resto do elenco deste reencontro onde, entre gargalhadas, se desenterram memórias e quezílias.

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A

Trio Port Salão de Festas d


Dia 21 - Teatro Municipal CONCERTINHOS PARA PEQUENINOS -> 16h00 | 5 aos 8 anos -> 17h15 | 0 aos 4 anos

Dia 13 às 21h30 Dia 14 às 18h00 O CORPO EM MOVIMENTO

8ª Mostra de Dança do Centro Municipal de Juventude

Teatro Municipal

Dia 26 abril - 21h30

“Raízes” - Noites de Sexta Auditório Municipal

Dia 26 abril - 21h30

Academia de Música S. Pio X

tucale - Violino, Piano e Violoncelo do Centro Municipal de Juventudel


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BIBLIOTECA MUNICIPAL JOSÉ RÉGIO 26 abril - 21h30 Na última sexta marcamos encontro com…

ÁLVARO CUNHAL

Dia 6 abril - 15h30 Apresentação do livro

UMA HISTÓRIA CHEIA DE COR

Dia 20 abril - 15h30 CONTOS AOS SÁBADOS

O PATINHO FEIO Teatro de sombras


CINECLUBE DE VILA DO CONDE Sessões no Teatro Municipal às 16h00 e às 21h45

Dia 7 - M/16 | 99’

Dia 14 - M/12 | 127’

Dia 21 - M/16 | 123’

Dia 28 - M/12 | 116’

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EXPOSIÇÕES Dia 02 a 30 abril

SOLAR DOS VASCONCELOS Auditório Municipal

Dia 20 abril a 8 setembro

“MAGIC CIRCLE” Centro de Memória

Dia 01 a 30 abril

JOSÉ RÉGIO E OS SEUS AMIGOS: AGUSTINA BESSA-LUÍS Casa José Régio

Dia 06 a 27 abril

PINTURA DE JOÃO REBELO Auditório Municipal

Dia 01 a 30 abril

RENDA DE BILROS TRADIÇÃO E MODERNIDADE Museu das Rendas de Bilros

Dia 27 abril a 25 maio DEPÓSITO DE ARTEFACTOS PERFORMATIVOS Centro de Memória


PATRIMÓNIO PELA CIDADE A Câmara Municipal de Vila do Conde, através do Museu de Vila do Conde, em parceria com a Associação Comercial e Industrial de Vila do Conde promoverá ao longo do corrente ano a iniciativa Património pela Cidade. Pretende-se com este programa enriquecer as montras do comércio local, com objetos do património cultural móvel de Vila do Conde, criando novas formas de atração para os diversos estabelecimentos Canecas antropomórficas comerciais, potenciando, também, a valorização do património local. Mensalmente, nas vitrinas dos comerciantes que aderirem a esta iniciativa, poderão ser apreciados objetos do acervo municipal, identificando o núcleo museológico a que pertencem, a coleção que integram, projetando uma nova forma de valorização cultural e das atividades económicas de Vila do Conde e dos Vilacondenses. Chapéu bicórneo

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Explicações

Geometria Descritiva

Professor licenciado Explicações individuais e em grupo. CONTACTO: Contato: 919748 748 989 919 989 115 e-vilacondense


e-vilacondense www.vilacondense.pt

Diretor Alexandre Maia Editores Alexandre Maia - alexandre.maia@lexart.com.pt Hélder Guimarães - memorias@vilacondense.pt Grafismo Alexandre Maia Revisão Paula Miranda Colaboradores Textos Hélder Guimarães Mario Almeida Mónica Sousa António Ponte Andreá da Costa Fotografia António Maia Alexandre Maia Hélder Guimarães Mónica Sousa Alberto Rodrigues JUM - Juventude Unida de Mosteiró Casa Grande Chocolatier Museu Câmara Municipal de Vila do Conde Publicidade publicidade@vilacondense.pt Notícias info@vilacondense.pt Agenda agenda@vilacondense.pt Propriedade Alexandre Maia Vilacondense - Roteiro Online Sede: Apartado 170 4481-910 Vila do Conde ISSN 2182-8709 Leitores Média mensal de 250


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