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Valéria: o amor constrói mesmo

Valéria Saletti era uma das moças mais bonitas da cidade nos anos 1960/1970, quando as garotas usavam vasta franja (de preferência loura), saias curtas e olhos bem maquiados e negros. Linda assim e simpática demais, foi se apaixonar justamente por Roberto Toledo, que não ficava atrás em matéria de beleza. Era um homem muito requisitado pelo sexo oposto, mas tinha sido reservado para ela. Durante meses, ela o assediou misteriosamente por telefone, sem se revelar. Então, em certo baile de Carnaval no Monte Líbano (ele foi apresentar as atrações do baile), ela combinou que o conheceria naquela noite, mas a revelação estava demorando, as horas corriam, o evento estava acabando, as rainhas e princesas de Momo já haviam sido escolhidas... E ela ali perto sem se identificar, mesmo sabendo que ambos já estavam apaixonados. Até que ela despejou nele um saco de confete para quebrar o gelo. Hoje essa brincadeira de amor, paixão, mistérios e namoro já está fazendo bodas de ouro (48 anos), com dois lindos meninos, Vavá e Leandro, além de três netos.

“Tivemos um namoro tranquilo de quatro anos, sem brigas, e mais dois de noivado,” diz Toledo. “O casamento aconteceu no dia 27 de janeiro de 1973. Depois do banho de confete que me agarrou, casamos sob as bênçãos do padre Domingos, ex-gerente da Anchieta, que depois deixou a batina para se casar e lecionar. Homem cultíssimo, era versado em várias línguas”, completa. O casal combinava em tudo, principalmente no planejamento de filhos (de quatro em quatro anos). “A gente passou uns apertos no começo da vida de casado, mas fomos muitos felizes e reformamos nossa casa devagarinho no Jardim Roseiral. Foi nessa ocasião que participamos do programa do Silvio Santos, e a partir de então muita coisa aconteceu. Cresci muito na profissão depois desse programa. Valéria me acompanhou em muitas viagens para o programa, já que ela tinha muita extroversão e conquistava o público também. Quando ela não compareceu porque um dos meninos estava doente, Silvio Santos chegou a ligar em casa para saber como estavam as coisas. Era uma correria, eu ia e voltava de trem-leito. Foi nessa ocasião de correria que lancei a Secretária Eletrônica no ar; montei estúdio em casa e o personagem estourou. Tempos depois, substituí a secretária por outro personagem mais misterioso, mais instigante, a Lady X. Com uma música de abertura e mistério no ar, ela apresentava comentários, notícias e variedades, sempre assuntos da atualidade. O programa Roberto Toledo Entre Amigos cresceu muito com a participação de Lady X. Ela sabia fazer suspense, mas também dava alguns spoilers quando contava o final das novelas... Claro que tudo bem dosado, para segurar o ouvinte. O personagem durou até a venda da Independência em 1995 para um empresário de Catanduva (SP), dono da concessão da Estação Rodoviária. Dirigi a emissora por alguns meses, mas tive que me desligar. Ficou um vazio da Lady X. No entanto, hoje no meu programa da Interativa ela opina sobre o conteúdo, dá ideias, chega a me ligar durante o horário para me dar

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Acervo Pessoal/Roberto Toledo

Roberto Toledo e a esposa Valéria

uns toques oportunos e faz uma análise crítica leve, com dicas de postura. Quarenta e oito anos de casados! Vivemos muito bem, ela sempre companheira, meu grande amor. Ela me ajuda e cuida de mim, e eu nunca deixo de levá-la para onde vou. Vivemos grandes emoções, e ela sempre esteve comigo nos bastidores, uma vida completamente gêmea”, conta Toledo. Essa é a história pessoal gratificante de um homem que amou o rádio, engrandeceu sua cidade no cenário nacional, teve tempo de casar-se com a mulher da sua vida e, décadas depois, continua com o mesmo pique juvenil e a mesma empolgação. Um homem que o rádio consagrou para sempre.

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