>>Dezembro >>ano I
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>>Director: AntĂłnio Pedro
>>Director Executivo: Victor Jorge >>Periodicidade: Mensal >>Propriedade: Score Media
2013
>>Preço capa: 700 Kz
Nova pauta aduaneira
Quem paga o preço da importação?
Kero
10
Nova loja e marcas prĂłprias
Kinda Home Tudo prĂ casa
E ainda‌
“O MEGA TROUXE, ACIMA DE TUDO, UMA NOVA ABORDAGEM AO MERCADOâ€? EstĂŞvĂŁo Daniel, administrador do MEGA
Foto: Duarte Lima Villas
Ĺ” "T DPODMVTÂąFT EP 83$ "GSJDB Ĺ” IPSBT DPN Ĺ” "OHPMB *OEVTUSZ 'PSVN Ĺ” " PQJOJÂ&#x;P EPT 7*1
editorial “Maomé” quebra receio de escalar a “montanha”
A
edição 2013 dos Prémios Sirius registou a indicação de cinco players da distribuição moderna e da indústria e quatro gestores de empresas destes segmentos de negócios como elegíveis à conquista de galardões em respectivas categorias. Na categoria Empresa do Ano no Sector não Financeiro, os retalhistas, dos ramos alimentar e especializado fizeram-se valer ao serem catapultados, pelo júri, à lista dos premiáveis, sem descurar os dignos vencedores. Cosal, Cuca BGI, Refriango, SISTEC e Grupo Zahara, detentora da marca de hipermercados Kero, convenceram o júri para figurar entre os elegíveis ao prémio, com a Refriango a figurar também na categoria Melhor Programa de Responsabilidade Social. A família da indústria viu-se também prestigiada com a indicação dos empresários Agostinho Kapaia, presidente do Grupo Opaia – tem ramificação no sector da produção –, e João Jardim, gestor da Angolaves, no leque de candidatos ao prémio Melhor Empreendedor do Ano. E, para somar pontos, os empresários Manuel Monteiro, o maior produtor de banana e conhecido por “rei da banana”, e Rui Santos, presidente da SISTEC, que criou a primeira empresa privada no período pós-independência, figuraram no pacote de candidatos ao prémio Melhor Gestor do Ano. Este é, sem dúvida, um ano de boa safra para os sectores da distribuição e da indústria, onde se destaca a ousadia dos players em demonstrar o que sabem fazer e a qualidade do seu trabalho. Depois de em 2012 o sector figurar apenas na categoria Empresa do Ano no Sector não Financeiro, com a Cuca BGI, Refriango e Zahara, a despontarem, e no Prémio Empreendedorismo com Adérito Areias (Salinas Calombolo), António Faceira (Sociedade Agrícola Kambondo) e António Soares, do Grupo Cabiri, a edição do Sirius 2013 acaba de valorizar, sobremaneira, o sector. Esta presença de retalhistas e produtores, de modo geral, nos Prémios Sirius manifesta, à partida, um bom sinal de que os players estão a crescer e a progredir, com níveis padronizados no campo do empreendedorismo, da gestão e prestações de contas, responsabilidade corporativa, uma evolução que permite perceber as razões de “Maomé” subir a montanha. Outro aspecto que marca o cenário nacional é a criação da Comunidade de Empresas Exportadoras e Internacionalizadas de Angola (CEIA), que tem como objectivo partilhar
ANTÓNIO PEDRO, Director
conhecimentos, identificar oportunidades e realizar parcerias, com comunidades e associações congéneres a nível global, visando aumentar o volume de exportação de produtos e serviços. Na prática, o Ministério do Comércio ganha um parceiro social relevante atendendo aos estudos em curso para a construção do Instituto Nacional de Apoio às Exportações (INAPEX), sem modelo definido, oficialmente, para que exportadores nacionais saibam como obter ajuda do órgão da tutela. Oficialmente, o Ministério do Comércio não definiu ainda se os potenciais e activos exportadores que operam no País contarão com o INAPEX à dimensão de prioridade como os espanhóis contam com a ICEX (Instituto de Comércio Exterior), os portugueses com a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal) e os brasileiros com a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), só para citar estes. Entretanto, com a criação do INAPEX e da CEIA, o problema não fica resolvido. Neste particular, “Maomé” terá mesmo de ir à montanha, pois os países apontados possuem uma agência de crédito às exportações, que assegura todos os riscos inerentes à trajectória de produtos das origens aos países de destino. Localmente, como é que este aspecto vai funcionar? A verdade é que os ministérios do Comércio e da Economia precisam de ensaiar o posicionamento de peças no xadrez das exportações. Na proposta do OGE 2014 constam 45 milhões Kz (461,3 mil USD) para estudo da construção do INAPEX e, até à definição do empreiteiro e sua conclusão, o processo levará tempo para cortar a meta. As macroestatísticas nacionais demonstram que o petróleo representa 97% do total de produtos exportados, onde se inclui diamantes, café e outros (madeira, granito, etc.) menos expressivos. Aguarda-se pela conclusão dos pólos de desenvolvimento industriais para dar corpo às exportações que ainda são residuais, o que obriga ao desafio da realização de investimentos no terreno. É desta forma que esta revista, pela primeira vez, pode desejar um feliz Natal aos leitores e aos players da distribuição moderna e da indústria, augurando que em 2014 não haja muitos receios de se subir a “montanha” e de lá saírem bons resultados. Próspero ano novo.
ficha técnica DIRECTOR António Pedro - antonio.pedro@scoremedia.co.ao s DIRECTOR EXECUTIVO Victor Jorge - v.jorge@scoremedia.co.ao DIRECTORA GERAL DE REVISTAS Nilza Rodrigues - nilza.rodrigues@scoremedia.co.ao CONSELHO DE GERÊNCIA Alexandre Mealha COLABORAM NESTE NÚMERO Diógenes de Oliveira, Rui Gouveia (Revisão) s EXCLUSIVOS Planet Retail FOTOGRAFIA César Magalhães, Duarte Lima Villas, Ampe Rogério, Manuel Vicente PROJECTO GRÁFICO Rui Sampaio s PAGINAÇÃO Marta Gregório e Rui Sampaio s IMPRESSÃO Printer s DISTRIBUIDORA VASPE, SA DIRECÇÃO COMERCIAL Sofia Costa (Directora) +244 923 467 171 - sofia.costa@scoremedia.co.ao, Cátia Amado catia.amado@scoremedia.co.ao DEP. CONFERÊNCIAS Carina Amuedo ASSINATURAS Victor Pinheiro - v.pinheiro@netcabo.pt s +244 922 701 258 DIRECÇÃO ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA Renato Moreira (Director), Garcia José, Herlander Tomás, Katila Denise, Rosa Ngola, Stanislau Pataca CONTACTOS 244 222 322 665 / 244 222 322 654 / 244 222 322 674 s Fax: 244 222 443 453 s Rua Damião de Góis, n.º 81 – Bairro de Alvalade, Luanda – Angola CONTACTOS E-MAIL distribuicaoemexpansao@scoremedia.co.ao REPRESENTAÇÃO EM PORTUGAL Estratégia Media s DIRECÇÃO-GERAL Nilza Rodrigues s DEPARTAMENTO ADMINISTRATIVO Amélia Saavedra s CONTACTOS +351 927747062 REGISTO MCS-520/B2009
#3
%JTUSJCVJ£ P FN &YQBOT P Ŕ Dezembro 2013
índice #
05
QUIZ/DIXIT
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DISTRIBUIÇÃO
06-10 Entrevista a Estevão Daniel, administrador do MEGA 12-14 Quem paga o preço da importação? 16-17 Kero avalia uso de marcas próprias 18 Tudo prà casa 20 As “prendas” da distribuição 22-24 Retalho em África: misto de algum risco e muitas oportunidades 26 “Soltas” do WRC África 2013 28-29 Uma oportunidade subsariana 32 Opinião Diógenes de Oliveira, presidente da Associação Angolana
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dos Direitos do Consumidor (AADIC)
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24 HORAS COM …
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34-35 Carlos Teixeira, decano da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto
36 PRODUÇÃO
36-37 Custos de produção continuam a afectar consumidor final
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BEBIDAS
40-41 As espirituosas mais viajadas
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42 VINHOS
42-44 Entrevista a Miguel Pinho e José Oliveira, organizadores do Angola WINE Festival
46 Entrevista a João Nicolau de Almeida, director-geral da Ramos Pinto
48
LEITURAS
50 52 54
NOVIDADES DE PRODUTO
48 O Futuro – Seis forças que irão mudar o mundo 48 Makers – A Nova Revolução Industrial
VIP A FECHAR
40 #4
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Foi recentemente inaugurada a primeira loja Kinda Home. Qual foi o investimento inicial nesta loja? a) 10 milhões USD (cerca de 975 mil milhões Kz) b) 5 milhões USD (cerca de 490 mil milhões Kz) c) 15 milhões USD (cerca de 1,5 biliões de Kz) d) 3 milhões USD (cerca de 290 mil milhões Kz)
DIXIT
quiz 2
“QUEREMOS SER OS PIONEIROS E OS LÍDERES DESTE CONCEITO DE LOJA DE MOBILIÁRIO E DECORAÇÃO NO PAÍS.”
Diogo Caldas, director-geral da Kinda Home, in Expansão, 1 de Novembro de 2013
“O MUNDO EM QUE VIVEMOS ESTÁ HOJE EM CONSTANTE MUDANÇA E EVOLUÇÃO, POR ISSO NÃO PODEMOS REPOUSAR SOBRE O QUE JÁ FOI FEITO NO PASSADO, PORQUE PRECISAMOS DE INOVAR PARA O FUTURO.”
Augusto Tomás, ministro dos Transportes, in Expansão, 1 de Novembro de 2013
“ANGOLA TEM MUITO MAIS A APRENDER COM O BRASIL DO QUE COM PORTUGAL.”
Luís Miguel Henrique, vice-presidente do LIDE, in Semanário Económico, 7 de Novembro de 2013
“A AGRICULTURA É GERADORA DE EMPREGOS E RENDIMENTOS, DAÍ A NECESSIDADE DE PROTEGÊ-LA DOS RISCOS.”
Filomena Oliveira, representante da Associação
Angola volta a cair no ranking do Doing Business para 2014 (análise comprativa entre economias de 189 países do mundo e que avalia o ambiente de negócios). Que lugar ocupa Angola? a) 180.º lugar b) 159.º lugar c) 184.º lugar d) 179.º lugar
3
Agro-pecuária Comercial e Industrial da Huíla (APPCIL), in Semanário Económico, 7 de Novembro de 2013
“OS PREÇOS JUSTIFICAM-SE PORQUE NÃO HÁ OUTRA FORMA.”
Isabel Roque, directora executiva da Pomobel, in Novo Jornal, 7 de Novembro de 2013
“PARECE-ME RIDÍCULO VER UMA LARANJA EM TERRITÓRIO ANGOLANO SER PRODUZIDA POR UMA EMPRESA CHINESA. MUITAS VEZES COM HIPÓTESE DE SER VENDIDA EM
Como se chama o novo programa do Executivo que tem por objectivo revitalizar a diversificação da economia comunitária e o desenvolvimento sustentável? a) PAPAGRO b) AGROVIDA c) SUSTENTAGRO d) AGRIANGOLA
4
QUALQUER PARTE DO MUNDO COMO PRODUTO CHINÊS.”
Íris Batalha, especialista em relações internacionais em Portugal, in Economia & Finanças, 8 de Novembro de 2013
“COMPRAR PRODUTO IMPORTADO, SEJA ELE EM ESPÉCIE PARA TRANSFORMAÇÃO OU EM PRODUTO ACABADO, É CERTAMENTE COMPRAR DESEMPREGO PARA O NOSSO PAÍS.”
Manuel Victoriano Sumbula, administrador executivo da Coca-Cola, in Novo Jornal, 15 de Novembro de 2013
Qual o valor que o Governo espera arrecadar, em 2014, com as receitas de taxas de importação? a) 117 mil milhões Kz b) 97 mil milhões Kz c) 153 mil milhões Kz d) 211 mil milhões Kz
“NÃO TEMOS INTERESSE EM PARAR COM A IMPORTAÇÃO, MAS SIM EM REDUZIR AS PERCENTAGENS PARA OS NÍVEIS DOS PRINCIPAIS MERCADOS DO CONTINENTE – ENTRE 5% E 8%. QUEM QUER BEBER CERVEJA IMPORTADA TEM DE PAGAR UM POUCO MAIS, E ISSO APLICA- SE TAMBÉM AOS SUMOS, REFRIGERANTES E ÁGUAS.”
Philippe Frederic, director-geral do Grupo Castel, in Expansão, 22 de Novembro de 2013
Respostas: 1 a); 2 d); 3 a); 4 a)
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distribuição
/Estêvão Daniel, administrador do Mega
Comemorado que está o terceiro aniversário do Mega, o plano de expansão deste operador angolano está virado para o retalho de proximidade onde opera com a insígnia Bem Me Quer. E os objectivos são ambiciosos: atingir, em 2015, as 500 lojas.
“O Mega trouxe, acima de tudo, uma nova abordagem ao mercado” >> Victor Jorge
C
>> Duarte Lima Villas
om uma única loja, o Mega trouxe, nas palavras do seu administrador, Estêvão Daniel, “uma nova abordagem ao mercado”. Assente numa estratégia de serviço de qualidade e preço ao consumidor angolano, bem como uma forte política de marcas próprias exclusivas, o Mega vai investir aproximadamente 20 milhões USD na expansão da rede de retalho de proximidade Bem Me Quer
e em novos centros de distribuição ao longo de 2014. Distribuição em Expansão: O Mega acaba de festejar o seu 3.º aniversário. Como classificaria este trajecto de três anos? Estêvão Daniel: Acima de tudo, é uma enorme satisfação pessoal e para toda a nossa equipa participar na génese deste projecto inovador, e estarmos hoje pe-
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rante um dos principais operadores na distribuição alimentar em Angola. O reconhecimento e o facto de sermos considerados por muitos como uma referência do sector também nos deixam um enorme orgulho e satisfação. Foi um trajecto difícil, com muitos obstáculos, naturais a qualquer novo projecto, mas sempre efectuado com um sentimento de enorme vontade em acrescentar algo ao mercado.
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Quem paga o preço da importação?
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Quais foram as maiores dificuldades sentidas ao longo deste trajecto? Esta é uma área de negócio onde as dificuldades são uma variável constante. Pela dimensão, volume do negócio e do sector, surgem obstáculos diariamente, sendo a concorrência em condições de desigualdade a que consideramos mais premente, quer ao longo do nosso trajecto quer mesmo no presente. O Mega afirma-se como um operador de referência, que se preza, acima de tudo, por disponibilizar, aos seus clientes e a toda a população angolana, produtos diversificados a preços competitivos, cumprindo com total rigor todas as normas ao nível da qualidade. É importante salvaguardar, para o bem dos consumidores e da economia, condições de concorrência iguais para todos os operadores, pois só assim poderemos evoluir de forma consistente. O que trouxe o Mega de novo ao mercado angolano com a abertura da primeira loja em Outubro de 2010? O Mega trouxe, acima de tudo, uma nova abordagem ao mercado. Após a abertura do Mega, assistimos a uma nova fase de modernização e remodelação de outras novas lojas, dando ao mercado o que de melhor se faz em todo o mundo. Acreditamos que o Mega está na génese desse período ao abrir um espaço com este nível de qualidade. Para além desse factor, o Mega foi, e é ainda, a única empresa de distribuição alimentar com uma forte política de marcas próprias exclusivas para os seus clientes. Estes produtos têm um ciclo de produção e de distribuição que é inteiramente da nossa responsabilidade e que asseguram aos nossos clientes e consumidores finais uma excelente relação qualidade-preço. Qual tem sido o ritmo de aberturas do Mega ao longo destes três anos? É para aumentar, ou manter no futuro? A nossa expansão ocorreu pela equipa de vendas. Apostámos numa venda muito relacional, em que procuramos construir a relação com o cliente a longo prazo, entender as suas necessidades e apoiá-lo no desenvolvimento do seu negócio. Enfocamos assim as nossas energias em consolidar uma proposta de valor sustentável e valorizada pelo mercado. O Mega não pretende ser mais uma cadeia de lojas, mas, sim, um negócio que contribui de forma efectiva na cadeia de valor e cujo contributo é valorizado pelos seus clientes. Por outro lado, efectuámos também uma expansão agressiva ao nível do retalho de proximidade através das lojas
Kero avalia uso de marcas próprias
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Retalho em África: um misto de algum risco e muitas oportunidades
Bem Me Quer, contribuindo assim para a modernização do pequeno comércio. Ainda outra área de expansão são os armazéns avançados em conceito de hard discount e a abertura de novas unidades de distribuição nas províncias de Benguela e do Huambo. O Mega pertence ao conceito cash & carry. Este conceito é para manter, ou quererão, progressivamente, passar para o conceito de retalho moderno? O Mega é na sua essência um stock, e é assim que prevemos o nosso futuro.
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Uma oportunidade subsariana
evoluções e onde existe ainda espaço para melhorar? O retalho alimentar, ou a distribuição moderna, está a ter uma evolução que, do nosso ponto de vista, é perfeitamente natural e traduz a evolução que o próprio País está a ter. A evolução mais visível e explícita traduz-se na qualidade dos espaços e na forma de disponibilização dos produtos aos clientes. Por outro lado, e de uma forma não tão explícita, está o factor evolutivo que consideramos o mais relevante: a exigência que o consumidor coloca na qualidade do produto que lhe é apresentado e na segurança da cadeia de distribuição. É sobretudo neste último ponto que o mercado tem de continuar a fazer uma evolução relevante, pois o consumidor angolano é muito exigente.
Associada a uma operação de distribuição, é importante, também, ter uma cadeia de abastecimento e logística. Como é que o Mega ultrapassou esta questão? Quando chegámos ao mercado, os nossos principais factores “O Mega não pretende ser mais de diferenciação eram, uma cadeia de lojas, mas, sim, e ainda são, um negócio que contribui o preço altade forma efectiva na cadeia mente competitivo, não de valor e cujo contributo é especulativo, valorizado pelos seus clientes” e a disponibilização de mercadoria de forma permanente aos nossos clientes. A concorrência tem sido grande neste Houve momentos em que, fruto tammercado, ou, pelo facto de estarmos bém do nosso crescimento exponena falar de um mercado em expansão, cial, nem sempre foi possível garantir existe espaço para todos sem que exista a cadeia de abastecimento, com peque“roubo” de quota aos outros players? nas rupturas pontuais. No entanto, diIndependentemente de estarmos ou não ria que, dotados de bons profissionais, num mercado em expansão, deve exisrecorrendo às melhores ferramentas tir sempre espaço para quem acrescenta de gestão e aprovisionamento, e com valor ao mercado, e isso nunca pode algum investimento em stock, temos ser visto como “roubo” de quota. Hoje conseguido contornar as dificuldades em dia, nas modernas economias, não da cadeia de abastecimento. existem “roubos” de quota, mas, sim, espaço que se conquista por fazer algo Essa máquina já está afinada? Imdiferente e valorizado pelos clientes face porta realçar que a cadeia de abasteaos restantes operadores de mercado. cimento e logística é, normalmente, vista como uma das mais importantes O sector da distribuição moderna é numa operação de retalho moderno visto, igualmente, como um impulsioou grossista e que muitos operadores nador da produção nacional. De que se queixam das condições precárias forma é que o Mega tem contribuído existentes. para esta realidade? Efectivamente, as condições não são as Sempre considerámos estratégico o melhores e têm influência na nossa actidesenvolvimento da indústria e da providade. No entanto, a nossa posição não dução nacional. A esse nível, dentro do é queixarmo-nos, mas, sim, procurar nosso universo, temos contribuindo ultrapassar as mesmas. fortemente para esse desenvolvimento, algo que se reflecte na redução do peso Como caracterizaria a evolução do das nossas importações no global das sector de distribuição moderna em compras. Angola? Quais foram as principais
No entanto, contribuir para o desenvolvimento da indústria nacional não pode ser encarado como complacência ou apoio a qualquer custo. A nossa principal premissa é a defesa do melhor produto ao melhor preço para os nossos clientes. Esse é o nosso maior contributo para a sociedade angolana, de preferência com indústria nacional. Mas, para isto acontecer, a produção nacional tem de se dotar dessa mesma competitividade, caso contrário é o consumidor que fica a perder. Um aumento da produção nacional poderá levar os players a considerar também a marca própria. Foi por isso que o Mega traçou desde o início a sua estratégia de marcas próprias? O desenvolvimento de marcas próprias no Mega não está assente em modelos de evolução mais rápidos ou mais lentos da produção da indústria nacional. No entanto, reconhecemos que esse factor contribui de forma relevante para agir como elemento catalisador do processo. Respondendo objectivamente à sua questão, posso dizer-lhe que o principal motivo que está na origem de uma política tão agressiva de lançamento de marcas próprias tem que ver com a essência do Mega: oferecer produto com qualidade a preços justos. As marcas próprias do Mega mostram não só que existe um operador, como existem soluções ao nível de produto e preço que estão na linha da frente da oferta qualitativa e competitiva. Quais são as categorias e produtos onde têm marca própria, e quais são as marcas? Pelo facto de ser um factor estratégico, o Mega tem marcas próprias em praticamente todas as categorias e famílias de produtos, desde os bens essenciais
Números Mega Número de funcionários
273
Área de venda total Mega
8000 m2
Número de lojas
1
Volume de vendas em 2012
Por políticas internas de grupo, estes dados não são divulgados
Número de armazéns
3 armazéns avançados
Número de lojas Bem Me Quer
Final de 2013 com 100 lojas #7
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distribuição /Estêvão Daniel, administrador do Mega alimentares aos plásticos e utensílios do lar. O Mega apresenta, assim, ao mercado as marcas Aurora, dedicada às farinhas e aos produtos preparados de puré; Bem Bom, para toda a categoria de preparados para sobremesas (pudins, gelatinas, bolos, entre outros); DaQuinta (onde está a categoria de frutas em conserva); DaHorta (que alberga todas a leguminosas, milho e tomate, pelado ou concentrado); Devora (dedicada aos molhos – ketchup, maionese); Dumar (para todo o peixe congelado, o atum e sardinha em conserva); Fritz (que é um enorme sucesso no segmento de batatas fritas em pacote); Herdade Olival (para azeite e azeitonas); Kuik (onde se encontram todos os plásticos e utensílios do lar); Massimo (com a categoria de gelados); Pety (no segmento de comida para animais); Pitada (para especiarias e temperos); Pramesa (que alberga as categorias de refeições em lata, refeições e salgados congelados assim como as salsichas enlatadas); e Tempera (para as massas para tempero e o vinagre). Temos também acordos de exclusividade em várias categorias como higiene pessoal, fraldas, toalhitas, carne de porco e legumes congelados. A categoria de vinhos também possui algumas marcas em regime de exclusividade, como é o caso do sucesso de vendas Mula Velha, um vinho produzido a pensar no gosto dos angolanos. Em breve teremos novidades nas categorias de arroz, massas e óleos alimentares, assim como em insecticidas, papel higiénico e guardanapos, entre outros. Os produtos de marca própria são produzidos onde? Até hoje temos sido forçados a recorrer a fornecedores externos para a produção dos produtos de marca própria. Quais seriam os produtos que gostaria de ver rapidamente impulsionados por uma produção nacional, e quais poderiam entrar em linha numa estratégia de marca própria do Mega? Neste capitulo não podemos fazer distinção, pois toda a produção nacional é desejada e muito bem-vinda. Normalmente tem-se os 70% a 80% como número de produtos importados nos lineares do retalho em Angola. Qual é a percentagem no Mega? E pretendem diminuí-la? Como? O Mega tem vindo a diminuir o peso das importações, e hoje o número já é inferior a 70%. Continuaremos sempre a privilegiar a produção nacional, desde que isso salvaguarde os interesses dos
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“O retalho alimentar, ou a distribuição moderna, está a ter uma evolução que, do nosso ponto de vista, é perfeitamente natural e traduz a evolução que o próprio País está a ter”
nossos clientes e dos consumidores. Quantos produtos têm, actualmente, à venda nas lojas? O Mega comercializa mais de 4000 artigos diferentes, estando em permanente renovação do seu sortido. Em 2012, o Mega lançou um novo projecto: as lojas Bem Me Quer. Como está a correr esse projecto de parceria com o pequeno retalho? Fazemos um balanço muito positivo. Contamos com o entusiasmo de dezenas de pequenos empresários que viram as suas lojas remodeladas, com resultados positivos e com o desejo de continuar a crescer e melhorar o serviço que prestam aos seus clientes. Mais do que uma parceria, estamos a construir os pilares de um modelo de negócio que, entre outras vertentes, conta com uma clara preocupação social, permitindo aos pequenos empresários desenvolverem o seu negócio e constituírem o sustento do seu agregado familiar. Para nós, poder desenvolver negócios com este nível de interacção social é, de facto, um enorme prazer, uma vez que contribuímos de forma concreta para o desenvolvimento da comunidade empresarial ao mesmo tempo que damos acesso a maior segurança alimentar ao consumidor através de novos espaços e equipamentos modernos. Esta é também uma forma de se efectuar a transição para o mercado formal regulado, com garantia de qualidade de produto e ao mesmo tempo gerador de emprego qualitativo nas mais variadas estruturas sociais, contribuindo em pa-
ralelo para um aumento no pagamento de impostos. Diria que é uma situação em que todos ficam a ganhar, daí o sucesso do projecto e a receptividade que o mesmo está a ter aos mais variados níveis. Como funciona, concretamente, esse projecto? Temos uma equipa de prospecção que identifica potenciais aderentes, fazemos um levantamento das melhorias e equipamentos necessários para estudarmos em conjunto a necessidade de investimento. Depois de apresentadas as condições aos aderentes, marcamos a data da remodelação, e em média demoramos sete dias a entregar a loja. Durante este timing, temos uma equipa que garante a formação dos colaboradores da loja, muitos deles com uma 1.ª experiência no retalho.
Marcas próprias Mega Aurora Bem Bom DaQuinta DaHorta Devora Dumar Fritz Herdade Olival Kuik Massimo Pety Pitada Pramesa Tempera
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Qual a percentagem que os aderentes ao Bem Me Quer têm de comprar ao Mega cash & carry para aderir ao projecto? Temos condições especiais de aquisição para os nossos aderentes, o que permite que a quase totalidade do abastecimento seja realizada no Mega. Temos vindo a adaptar a nossa oferta para que possamos servir cada vez melhor as nossas lojas. Quanto custa em média aderir ao projecto Bem Me Quer? Os valores diferem de loja para loja, consoante a intervenção necessária, o número de metros quadrados, a necessidade de equipamentos e a própria localização. Existem casos onde a totalidade do investimento foi realizado pelo Mega. Visível é, também, o peso do mercado informal em Angola. De que forma e que políticas têm de ser aplicadas para que se torne cada vez mais organizado e formal? Acima de tudo, os vários mercados têm de ter as mesmas regras e exigências, depois é uma questão de deixar o consumidor optar. O consumidor angolano sabe o que é melhor para ele. Em Março deste ano, na conferência organizada pela revista Distribuição em Expansão, ficou patente não só o desejo como a necessidade da criação de uma associação da distribuição moderna que congregue os players existentes no mercado. Em sua opinião, essa associação deve existir? E em que moldes? Qualquer organização que ajude o de
distribuição /Estêvão Daniel, administrador do Mega dores do Mega.
senvolvimento de uma determinada área da economia é sempre relevante, independentemente dos moldes subjacentes à sua organização.
Num estudo recente publicado na Distribuição em Expansão, é possível analisar que existe um crescimento da classe média. Isso é importante para os operadores de retalho? Em que medida? O crescimento da classe média, com o consequente aumento do poder de compra, é sempre importante não só para os operadores de retalho como para toda a economia. Não nos podemos esquecer de que um dos principais vectores da crise internacional é precisamente a redução significativa dessa classe.
Esse seria um primeiro passo para minimizar os efeitos do comércio informal e, por outro lado, ter mais peso junto das entidades oficiais? Como lhe disse anteriormente, a opção entre os vários modelos de comércio cabe ao consumidor. Às entidades oficiais compete regular a actividade. Porque é que ainda não existe tal associação? Certamente porque ainda não se sentiu verdadeiramente a necessidade de a criar. Em sua opinião, uma associação deste tipo deveria partir da vontade dos próprios retalhistas, ou deveria ter um impulso por parte das entidades governamentais? Qualquer movimento que tenha apoio governamental tem maior probabilidade de se disseminar e desenvolver. Nesse sentido, não é relevante de onde parta, desde que tenha esse apoio. E, no caso da sua constituição, que cariz deveria adoptar: privado, misto ou público? Porquê? Constituindo na sua génese a representação de operadores privados, a resposta será óbvia. As entidades governamentais têm apoiado o sector da distribuição moderna? Em que medida? Penso que este apoio é visível quer através da regulação, quer através da implementação dessa mesma regulação. Um dos obstáculos que se apresentam, igualmente, ao desenvolvimento do retalho e abertura de lojas é o preço imobiliário. Aqui, as entidades governamentais poderiam ter uma palavra mais a dizer, já que, com o desenvolvimento do comércio, a própria economia sai beneficiada? O mercado é sempre o melhor regulador. Fala-se também muito da variação de preços entre os players a operar no mercado. Que explicação encontra para tal realidade? Sobre os preços dos nossos concorrentes, não podemos falar. Sobre os nossos, podemos dizer que são altamente competitivos e estáveis, independentemente de variáveis externas pontuais que possam existir.
Este é um problema que pode ser imputado aos serviços alfandegários e à morosidade em conseguir retirar os respectivos produtos? Quando existem falhas na cadeia, seja onde for, existem sempre repercussões.
Em termos de perspectivas, para além de uma cada vez maior preocupação com a qualidade do que se está a consumir, pensamos que o mercado vai evoluir para um modelo de menor venda a granel por contrapartida a um maior
Como olhou para “Independentemente de a recente polémica em torno da estarmos ou não num mercado pauta aduaneira, em expansão, deve existir taxas alfandegárias e análises sempre espaço para quem laboratoriais? acrescenta valor ao mercado, e Como olhamos isso nunca pode ser visto como para todas as alterações que exis‘roubo’ de quota” tem no mercado: procuramos entender as mesmas e adaptarmo-nos consumo em embalagens devidamente o mais rapidamente possível. acondicionadas, rotuladas e ajustadas à dimensão das famílias angolanas. Os custos associados a todas estas medidas irão reflectir-se no preço final Pertencer a um universo como é o da ao consumidor? Refriango é uma vantagem? Em que O mercado tem a capacidade de se medida? auto-regular no médio prazo, indepenA relação entre ambas as empresas é dentemente de oscilações pontuais. uma relação comercial, tal como existe com outros fornecedores do Mega. Por falar em consumidor, como caracterizaria o consumidor angolano? Recentemente lançaram a Nuviagro, O consumidor angolano é exigente, projecto de produção de hortícolas e sabe muito bem o que quer e o que está frutícolas. Voltando um pouco atrás, disposto a pagar. esta é a forma de conseguir o abastecimento sem falhas das vossas lojas? Quais são os principais hábitos de Também aqui a relação entre ambas consumo dos angolanos, e como é as empresas é uma relação comercial, que pensa que estes irão evoluir no tal como existe com outros fornecefuturo?
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Está para breve a entrada de novos players no mercado de retalho em Angola, com a previsível chegada da Sonae. Além disso, a Walmart já admitiu que, até 2016, poderá entrar em Angola através da sua operação na África do Sul. Para breve está também a entrada da Spar. Como é que olha para todas estas movimentações e possíveis entradas em Angola, e como é que o Mega se adaptará a elas? A entrada de novos operadores é sempre um sinal positivo e de dinamização do negócio. O crescimento e a inovação surgem também por essas vias, e é isso que nos propomos fazer: continuar a crescer e a inovar acrescentando valor aos nossos clientes. Essa chegada de players internacionais é bem-vinda? Que mais-valias poderão trazer a este mercado? São cadeias com grande experiência no mercado que nos vão ajudar a construir um sector mais forte e exigente com ele próprio. Isso irá ter reflexo para o consumidor. Será 2013 um ano de crescimento em termos de facturação? De que valores e percentagens estamos a falar? Efectivamente, 2013 será um excelente ano em termos de crescimento e, acima de tudo, de consolidação do nosso modelo de negócio e das nossas propostas de valor. Como gostaria de ver a operação Mega em 2014? O ano de 2014 será mais um ano de forte investimento a vários níveis, com novos centros de distribuição a serem construídos, e com a expansão da rede de retalho de proximidade Bem Me Quer prevemos investir aproximadamente 20 000 000 USD. Mais do que o ano de 2014, vemos o ano de 2015, altura em que queremos atingir as 500 lojas de retalho de proximidade Bem Me Quer.
distribuição /Pauta Aduaneira
Quem paga o preço da importação? >> Victor Jorge/António Pedro
>> Edson Chagas
Há muito que era esperada, contudo há muito que era sucessivamente adiada. O dia 1 de Janeiro de 2014 marcará, previsivelmente, a entrada em vigor da nova Pauta Aduaneira em Angola. Para alguns, é um retrocesso; para outros, um avanço. Fica, no entanto, a questão: estará o País, agentes económicos e consumidores preparados para os efeitos desta medida?
Custo de vida, custo para o importador
A
quando da realização da conferência da Distribuição em Expansão, em Março deste ano, a Pauta Aduaneira foi um dos temas quentes da mesa-redonda e do debate. Houve quem afirmasse que a entrada em vigor da nova Pauta Aduaneira seria um impulso importante para a indústria/produção nacional, como houve quem justificasse que esta nova Pauta Aduaneira faria com que os preços dos produtos tivessem de, obrigatoriamente, aumentar, já que nenhum retalhista, grossista ou importador iria suportar os custos de tais taxas, fazendo-as reflectir-se no preço final ao consumidor. Numa economia onde a produção
nacional é escassa e insuficiente para abastecer o mercado e os consumidores, limitar a importação através da implementação de taxas ou impostos poderá levar a uma falta de produtos nos lineares dos super e hipermercados, isto sem falar na quase obrigatória subida de preços. Ora, limitando a entrada de vegetais, legumes, peixe, sumos, cerveja, papel higiénico, entre outros, pressupõe, por norma, que o mercado e a sua indústria possuem capacidade produtiva, de modo a disponibilizar estes produtos aos consumidores. Em Angola, neste momento, este (ainda) não é o caso, salvo raras excepções, como é o caso das cervejas e dos sumos, onde o Grupo Castel e
Com a nova Pauta Aduaneira, os importadores de cerveja e águas deixam de pagar 30% de direitos de importação para pagar 50%, os sumos passam de 15% para 50%, bem como as carnes e miudezas aumentam de 10% para 10%-30%, um cenário que “parece uma medida de excessiva protecção à produção nacional”, segundo o director-geral da Pomobel. Na óptica de Raul Mateus, a excessiva protecção à produção nacional vai encarecer muito o custo de vida (da população), com o aumento de preços de produtos essenciais, apontando mesmo o caso das carnes, miudezas e do açúcar, cujos direitos de importação, deste último, passam de 2%-5% para 2%-30%, advertindo que “o País não tem produção para permitir alternativas à oferta mercantil”. O imposto de consumo, que se mantém na nova pauta em 10% para águas, sumos de frutas, legumes, açúcar e 20% para cervejas, é, na análise do gestor retalhista da Pomobel, um factor que faz reduzir, certamente, a venda de produtos, face ao aumento significativo do custo de vida nos respectivos produtos. Entende também que a produção nacional vai subir face à oportunidade que se vai gerar de ganhar mais dinheiro. Para casos particulares de players do retalho que agora apostam, simultaneamente, na produção – a Pomobel tem uma fazenda no município da Kibala, no Kwanza Sul –, o gestor exorta sobre a necessidade de planos de fomento mais dimensionados à produção extensiva de produtos agro-pecuários. Em 2011, o então representante do Banco Mundial em Angola, Elio Codato, afirmara em exclusivo ao Expansão que a redução de taxas aduaneiras deveria ter dois efeitos importantes sobre o preço e a disponibilidade dos produtos da cesta básica. “O primeiro efeito é o da redução do custo para o importador, que deveria traduzir-se numa consoante redução de preços ao consumidor, tornando-os, portanto, mais acessíveis tanto aos pobres como aos ricos. O segundo efeito é justamente forçar a produção local a ajustar os preços para poder concorrer com os produtos importados, o que só seria possível mediante um aumento da eficiência na produção local”, explica. De acordo com o economista, os dois efeitos seriam muito benéficos à economia do País e assegurariam o acesso das famílias mais pobres aos produtos da cesta básica, principalmente, dada a elevação dos preços de produtos a nível internacional, mormente os alimentos, sem colocar pressão sobre os níveis de inflação no País. Sublinha que o aumento dos preços dos produtos da cesta básica, a título de exemplo, tem origem no mercado internacional de alimentos, algo que já se havia experimentado no final da década passada, lembrando que as alterações climáticas são responsáveis por oscilações na produção mundial de alimentos. “Essas oscilações, conjugadas com o aumento do consumo de alimentos em vários países emergentes, são os factores que têm impulsionado o aumento de preços dos alimentos no mercado internacional”, detalhou. Como evitar dumping? A Associação Industrial Angolana (AIA), um dos principais promotores da valorização da produção interna, sempre defendeu a sua “dama”, o empresariado privado nacional, incentivando o agravamento de direitos de importação para alguns produtos. Para a AIA, é necessário que se valorize os grandes investimentos feitos no País, no sector das bebidas, para além de outros, concretamente a construção de seis fábricas de cervejas, três grandes linhas de refrigerantes, para além de três fábricas de sumos e oito de produção de águas. O presidente da AIA, José Severino, entende que é necessária fiscalização “apertada” devido ao perigo de importadores praticarem o crime de dumping logo após a publicação da nova pauta aduaneira, afirmou recentemente a esta revista. Os crimes são praticados pelo licenciamento de produtos da parte de importadores, na origem, a preços abaixo do custo, incentivando a fuga à tributação. Considera que é uma atitude reprovada pela AIA, porque, para além de prejudicar o Estado, acaba igualmente por incentivar a concorrência desleal contra demais importadores que cumprem com os normativos internacionais. Recorda que exportar para Angola abaixo do preço de custo é dumping, crime condenado pela Organização Internacional do Comércio (OIC), uma prática que coloca em risco a produção interna.
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Pauta Aduaneira 2005 vs. 2014 2005 Mercadoria
2014
Direitos de Importação (%)
Imposto sobre Consumo (%)
Direitos de Importação (%)
Imposto sobre Consumo (%)
Filetes de peixes e outra carne de peixes (mesmo picada), frescos, refrigerados ou congelados
20
10
30
30
Crustáceos
20
10
30
30
Manteiga e outras matérias gordas provenientes do leite
10
10
20
10
Ovos de aves, com casca, frescos, conservados ou cozidos
15
10
30
10
Mel natural
10
10
30
10
Tomates, frescos ou refrigerados
15
10
50
10
Cebolas, alhos, couve-flor, cenouras, pepinos, espargos, batatas, feijão, milho doce, azeitonas
15
10
50
10
Legumes de vagem, secos, em grão, mesmo pelados ou partidos
15
10
10
10
Raízes de mandioca, batata-doce
15
10
50
10
Cocos, amêndoa, nozes, pistácios
10
10
30
10
Bananas
10
10
50
10
Ananás/abacaxi
10
10
50
10
Citrinos, frescos ou secos
10
10
30
10
Melão/melancia
10
10
30
10
"Frutas, não cozidas ou cozidas em água ou vapor, congeladas
15
10
50
10
Café, mesmo torrado ou descafeinado
30
10
50
10
Enchidos e produtos semelhantes, de carne, miudezas ou sangue
15
10
30
10
Preparações e conservas de peixes
15
10
20
10
Adicionados de aromatizantes ou de corantes
5
10
30
10
Produtos de confeitaria sem cacau (incluindo o chocolate branco)
5
10
20
10
Cacau inteiro ou partido, em bruto ou torrado/Chocolate e outras preparações alimentícias que contenham cacau
10
10
20
10
Tostas, pão torrado e produtos semelhantes torrados
15
10
30
10
Preparações de produtos hortícolas, de frutas ou de outras partes de plantas
15
10
50
10
Águas minerais e águas gaseificadas
30
10
50
10
Cervejas de malta
30
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50
20
Bebidas espirituosas (whisky, vodka, rum, gin etc.)
30
30
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30
Papel higiénico
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10
Sumos de fruta
15
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10
a Refriango, respectivamente, conseguem manter os consumidores angolanos a consumir produto nacional. Mas, se olharmos para a realidade de produtos tão básicos como os ovos, farinha, carne, laranjas, tomate e outras frutas e legumes, rapidamente se conclui que não existe produção nacional suficiente. O ónus fica, por agora, do lado de quem importa e vende ao consumidor final, já que está confrontado com o facto de ter de continuar a importar para preencher as prateleiras das lojas e disponibilizar aos seus clientes os produtos que, até agora, eram habituais na cesta de compra. A grande questão está em perceber a que preço é que esses produtos, habi-
tualmente adquiridos pelo consumidor, passarão a estar nas lojas, já que não será expectável que o importador ou retalhista assuma este custo, sem reflecti-lo no preço final. O consumidor final poderá, assim, ver-se confrontado com um aumento de preços que poderá ir até aos 30%, o que para uma economia em desenvolvimento e para uma população com um rendimento mínimo baixo fará, com certeza, muita diferença. Do lado dos responsáveis angolanos, as palavras são de regozijo, bastando para tal lembrar as declarações do vice-presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), Eliseu Gaspar, que recentemente afirmava que “a nova pauta aduaneira protege o empresaria-
que, relativamente a produ“Ao criarmos políticas tos que são improteccionistas, vamos portados com promover a produção nacional prazos prestes a caducar, “ao e garantir maior qualidade criarmos podos produtos”, líticas proteccionistas, vamos promover a produção nacional e garantir maior qualidade dos produtos”. do e a produção nacional”, permitindo “mais investimentos, criação de novos Contudo, a “certeza” de que esta mepostos de trabalho e a diversificação dida permitirá aumentar a produção nacional tem um senão, já que, mesmo da economia”. O mesmo dirigente justificou ainda com as taxas, existem produtos
Eliseu Gaspar, vice-presidente da AIA
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distribuição /Pauta Aduaneira importados que poderão continuar a ser mais baratos do que os produzidos internamente. Basta para tal lembrarmo-nos dos custos que estão associados à produção nacional, com a constante falta/interrupção no fornecimento de energia a levar os empresários a ter custos altíssimos com combustível, geradores, só para focar este ponto. Um empresário ouvido recentemente pela Distribuição em Expansão questionava como poderia ter preços mais baixos que os produtos importados quando tinha custos com 32 geradores para fornecimento de energia para manter a sua produção de ovos, leite e aves. Mas se internamente as dúvidas referentes à aplicação da nova Pauta Aduaneira e suas consequência existem, nos mercados exportadores para Angola elas são, também, uma realidade. Durante a realização da FILDA, em Julho de 2013, foi possível ouvir muitos empresários, essencialmente portugueses, a levantar grandes dúvidas quanto à razoabilidade desta medida e da sua efectiva repercussão na produção nacional em Angola. Unânime foi a resposta a quem irá pagar o preço final: o consumidor, naturalmente. Contudo, o que está em cima da mesa, neste momento, não são só as repercussões que esta Pauta Aduaneira poderá ter no futuro, mas também o possível proteccionismo que a criação de uma comissão que estudará a aplicação de um “Sistema de Quotas de Importação para Proteger a Produção Nacional” poderá ter em todo este processo. Basicamente, trata-se de uma forma de atribuir quotas de importação que, ao invés da Pauta Aduaneira, não serão controladas pelo Estado, mas por
intermediários que terão nas sempre “atractivas” licenças de importação um negócio de milhões. Seria interessante, neste caso, saber quem irá atribuir estas licenças de importação, quem serão os beneficiados com estas licenças e, sobretudo, a que valores (adicionais) ficarão sujeitos os produtos importados. Uma certeza, porém, parece haver: o consumidor pagará mais caro pelos produtos.
A questão agora é tentar saber como é que a entrada em vigor da nova Pauta Aduaneira irá reflectir-se no preço final dos produtos importados e se os produtos nacionais não sobem de o valor de venda ao público
Proteccionismo Proteccionismo é a teoria que propõe um conjunto de medidas económicas que favorecem as actividades económicas internas em detrimento da concorrência estrangeira. Tal teoria é utilizada por praticamente todos os países, em maior ou menor grau. Essa política é oposta ao livre comércio, onde as barreiras governamentais ao comércio e circulação de capitais são mantidas a um mínimo. Nos últimos anos, tornou-se alinhada com antiglobalização. O termo é usado principalmente no contexto da economia, onde o proteccionismo se refere a políticas ou doutrinas que protegem as empresas e os trabalhadores dentro de um país, restringindo ou regulando o comércio com nações estrangeiras.
O responsável pela fiscalização dos actos proteccionistas adoptados pelos países é a Organização Mundial do Comércio (OMC), cujo papel é promover a liberalização do comércio internacional. Em alguns pontos, o proteccionismo é vantajoso, pois protege a economia nacional da concorrência externa, garante a criação de empregos e incentiva o desenvolvimento de novas tecnologias. No entanto, estas políticas podem fazer com que o país perca espaço no mercado externo; provocar o atraso tecnológico e a acomodação por parte das empresas nacionais, já que essas medidas tendem a protegê-las; além de aumentar os preços internos. Em consequência da diminuição do comércio, provocada pelo proteccionismo, ocorre
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o enfraquecimento de políticas de desenvolvimento e de combate à fome em países pobres. Como exemplo de medidas proteccionistas, podemos citar: s $SJBÕíP EF BMUBT UBSJGBT F OPSNBT UÖDOJDBT EF RVBMJEBEF para produtos estrangeiros, reduzindo a lucratividade dos mesmos; s 4VCTØEJPT ë JOEùTUSJB OBDJPOBM JODFOUJWBOEP P EFTFOWPMvimento económico interno; s 'JYBÕíP EF RVPUBT MJNJUBOEP P OùNFSP EF QSPEVUPT B quantidade de serviços estrangeiros no mercado nacional, ou até mesmo o percentual que o accionário estrangeiro pode atingir numa empresa.
distribuição /Kero
Kero avalia uso de marcas próprias
>> António Pedro
O
Kero está a desenvolver um projecto de marcas próprias, avançou à Distribuição em Expansão o director-geral da maior rede de hipermercados de Angola, João Santos, assegurando tratar-se de um projecto “muito forte”. O gestor revelou que faz parte da estratégia comercial da empresa, tal como acontece nos mercados mais desenvol-
>> Ampe Rogério
Não há data indicativa para quando a maior rede de hipermercados de Angola vai avançar para a fase prática do seu projecto de marcas próprias, um anúncio feito aquando da inauguração do mais novo, e maior de Angola, hipermercado de Cacuaco, em Luanda.
vidos, e acredita que no curto a médio prazo todos os clientes “vão ter uma surpresa”. Considera bastante positiva esta pretensão das marcas próprias, adicionada ao surgimento da marca Kero dentro das expectativas delineadas no campo da distribuição moderna. Presentemente, o Kero está a analisar, segundo João Santos, o desenvolvi-
mento do projecto a ver se os nomes das marcas serão em línguas nacionais ou não, e como vão impactar na mente dos consumidores, mas no curto/médio prazo haverá notícias. PRODUÇÃO NACIONAL Aquando da inauguração do hipermercado de Cacuaco, a oitava loja da rede Kero, o director-geral afirmou a esta re-
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vista que a quota de produtos nacionais nas lojas da rede é de 30%, e a tendência é crescente. Recorda que, quando a empresa começou as operações de retalho, em 2010, a quota de participação de produtos nacionais era de 10%, e tem sido feito um trabalho muito intensivo, segundo o gestor, entre o Kero, produtores e players nacionais de agro-indústria.
A intenção é de fazer com que haja uma parceria capaz de ajustar os produtos às exigências do consumidor. No aspecto estritamente prático, o que se pretende, na visão de João Santos, é trabalhar-se para a satisfação dos clientes, por isso a necessidade de uma conjugação de tarefas entre empresas envolvidas nos processos produção, qualidade e capacidade de abastecimento. “Estou confiante. Este trabalho, cada vez mais sério, está a ser feito pela nossa equipa da central de compras, e estou convicto de que no curto a médio prazo, quando voltar a falar da questão, certamente a participação de produtos nacionais nas nossas lojas será outra, mais positiva ainda (acima de 30%)”, assegurou. EUROPA MENOS CONCORRIDA O Kero tem importado produtos não alimentares a partir de mercados com hegemonia na conjuntura global, nos casos da China, Turquia e Índia. A justificação para o efeito, de acordo com João Santos, é que o Kero procura sempre ter a melhor relação qualidade/preço. Para o gestor, a empresa nunca deixa de sondar os mercados mundiais que se enquadram na sua estratégia comercial, reconhecendo que a Ásia é muito forte neste aspecto. A Turquia tem-se capacitado sobremaneira, ultimamente, na área não alimentar, daí a razão de escolha. “A Europa ainda não é um grande mercado para a área do non food, mas, sempre que apresentar produtos com uma relação qualidade/preço que justifiquem e sejam fundamentalmente capazes de atrair o cliente, nós vamos para lá e compramos”, explicou. Noutra vertente, afirmou que a anunciada entrada no mercado nacional da
Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento e das Pescas, Afonso Pedro Canga, com director-geral do Kero, João Santos
distribuição moderna de players de renome internacional – são os casos do Walmart (o maior retalhista do mundo), da Sonae (um prestigiado retalhita de Portugal) e da SPAR, através da África do Sul – favorece a oferta de produtos ao consumidor. Explica também que não encara o fenómeno como uma pressão para o Kero abrir lojas para aqueles encontrarem um mercado sem muito para se inventar ou cujas zonas estratégicas em demografias estejam “invadidas” com a marca em causa. Face às dinâmicas dos mercados, João Santos prefere ser cauteloso e não julgar que, quando tiver de acontecer a entrada de tais players, o Kero estará a uma distância considerável quanto à expan-
são no mercado nacional da distribuição moderna. Insistiu que todos os players são bemvindos, e acha que há mercado para esta disputa concorrencial, pois não vaticina que, até a prática provar o contrário, estarão “a anos-luz dos concorrentes”. Para o gestor, serão outros players que vão ajudar a empresa a tornar-se cada vez melhor e a dar uma resposta mais satisfatória aos seus clientes. “É assim que vemos a entrada da concorrência. É sempre o cliente final que vai beneficiar-se com estas transformações previstas”, admitiu. ACADEMIA KERO A empresa tem em curso o seu programa de formação de colaboradores e para 2014 tem surpresas agendadas. João Santos não admite que venha a criar-se uma espécie de Academia Kero, tal como acontece nos mercados de retalho mais maduros, para formação
Perfil do hipermercado de Cacuaco Área de construção: 14 075 m2 Área de venda: 6 564 m2 Caixas de pagamento: 34 Parque de viaturas: 467 lugares Empregos directos: 422 pessoas Empregos indirectos: 100 pessoas Investimento: 27 milhões USD Produtos: 20 mil variedades Formação de pessoal: 13 000 horas de aulas Localização: Município de Cacuaco, junto à nova centralidade
contínua de quadros qualificados, mas, seja qual for a designação a se adoptar, diz que o projecto vai se intensificar. Actualmente, dos 5000 colaboradores que o Kero prevê até ao encerramento do ano retalhista de 2013, a quota reservada para estrangeiros, para darem formação e transmitirem conhecimento aos nacionais, a tempo inteiro ou parcial, é de 3%. “Só para se ter ideia, para abrirmos esta loja (hipermercado de Cacuaco), ministrámos mais de 13 mil horas de formação a colaboradores. Pensamos que nos próximos tempos, não sei se com o nome de Academia Kero ou outro, poderemos intensificar a formação”, argumentou. Entende que o mais importante para a empresa é a sua administração observar que os seus colaboradores são bem formados, seja num formato de academia ou não, e prestem o melhor serviço aos clientes. Refira-se que, neste ano, a empresa anunciou a pretensão de inauguração do seu hipermercado no projecto imobiliário Comandante Gika, considerado um dos maiores em África. Tal facto já não vai acontecer, e João Santos explica à Distribuição em Expansão as razões que considera de fundo. Adianta que se trata de uma obra com uma estrutura completamente diferente que envolve não apenas o Kero mas outros parceiros. O projectado hipermercado Kero Gika está inserido dentro de um grande projecto comercial, no espaço de um dos maiores centros comerciais que vão existir em Angola e, quiçá, em África, pelo que se teve de respeitar “algumas das situações que envolvem a abertura de um grande pólo comercial”. #17
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distribuição /Kinda Home
Tudo prà casa >> Victor Jorge
C
riado especificamente para o mercado angolano, o Kinda Home abriu recentemente portas no complexo World Trade Centre, em Viana (Luanda), e posiciona-se como um conceito inovador no mercado angolano da distribuição moderna. Com uma superfície comercial de cerca de 5000 m2 e uma equipa de mais de 120 pessoas, esta loja, que fica em frente ao Porto Seco na Estrada de Catete, possui mais de 4000 artigos de mobiliário e decoração, todos eles desenvolvidos tendo em conta os gostos, as necessidades e as exigências das novas famílias angolanas. Com o nome Kinda a ser originário dos cestos que as mulheres angolanas carregam à cabeça, o “mercado de rua” foi o conceito que serviu de base de inspiração para este projecto, podendo os clientes circular livremente dentro da loja, convivendo com os mais diversos objectos de decoração expostos e que recriam vários ambientes de casas. Os artigos expostos vão desde as propostas de decoração para o interior e exterior das casas, englobando várias divisões: sala, quarto, cozinha, jardim, entre outras. Com
>> Manuel Vicente
Angola tem um novo espaço dedicado ao mobiliário e à decoração. Acabada de ser inaugurada, a primeira loja Kinda Home irá contar com uma ampliação já no primeiro semestre de 2014.
postos na loja são provenientes de 30 países e fabricados por 180 fornecedores, desde Espanha, Portugal, Índia, Turquia, Alemanha, Vietname, Nigéria, Senegal ou China, entre outros. Além disso, o local onde está inserida a loja Kinda Home dispõe de um espaço de restauração – Kinda Food – com zona de cafetaria e refeições para servir os clientes a qualquer hora do dia, estando ainda disponível o serviço de take away. O atelier da designer portuguesa Joana Aranha é responsável pela assinatura dos produtos, desenhados e criados após um detalhado estudo de mercado, que procurou perceber como os angolanos vivem as suas casas, que diPara o primeiro semestre de visões mais 2014, a loja agora inaugurada privilegiam e irá sofrer uma apliação, com que cores e padrões de modo a atingir os 8000m2 mais se idende superfície comercial, com a tificam. Com um infacturação esperada para o ano vestimento de a chegar aos 2,4 mil milhões Kz 975 milhões Kz (cerca de 10 milhões USD), engloa maioria dos artigos a poderem ser recolhidos nas respectivas secções e pagos directamente na caixa, o Kinda Home possui, para os artigos de maior volume (como, por exemplo, estantes, sofás, camas), um sistema de senhas que o cliente entrega na caixa para o artigo ser, posteriormente, entregue após o acto de pagamento. Mas o Kinda Home disponibiliza ainda mais serviços, como entrega, montagem de móveis, cartão cliente Kinda Home Lovers, cartão Kinda Presente e listas de casamento. Com a garantia da prática de preços competitivos através de uma gama alargada de referências, os artigos ex-
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Loja Kinda Home Kinda Home Complexo World Trade Centre Estrada de Viana, Km 22 (em frente ao Porto Seco) Viana, Luanda Horários Segunda-feira a sábado, das 9:30 às 19:00 horas Domingos e feriados, das 9:30 às 16:00 horas
bando desde a concepção do espaço, desenvolvimento, produção e compra dos artigos, à criação de postos de trabalho, marketing, publicidade e formação dos funcionários, esta loja irá ser ampliada já no primeiro semestre de 2014, de modo a atingir os 8000 m2 de superfície comercial. Para o primeiro ano, isto é, até ao final de 2014, a empresa conta obter uma facturação a rondar os 2,4 mil milhões Kz (cerca de 25 milhões USD) e de fora parece não estar a expansão para outras províncias, bem como uma componente de internacionalização para a qual a própria designação já pode apontar.
distribuição /Natal
As “prendas” da distribuição O Natal é, por norma, a época de maior consumo do ano e na qual a maior parte dos retalhista aposta. São várias as iniciativas, acções promocionais, cabazes, que estão à disposição do consumidor.
>> Victor Jorge
C
erca de 10% a 15%. É este o valor que vale, por norma, a época natalícia para um retalhista no seu volume de negócios anual. Em Angola não deverá ser muito diferente, embora não existam dados que possam corroborar esta realidade. De qualquer maneira, é nesta altura do ano que os players da distribuição moderna, principalmente do retalho alimentar, se desdobram em iniciativas para chamar a atenção do shopper e consumidor. A revista Distribuição em Expansão foi falar com dois que actuam no mercado angolano e obteve a confirmação da importância desta quadra. Na Maxi, por exemplo, são várias as acções promocionais e variedade de produtos disponibilizados ao consumidor, indo, de acordo com Vasco Cabral, coordenador de marketing da cadeia, dos habituais cabazes de Natal (com quatro tipologias), passando pelos brinquedos, decorações de Natal, além da maior variedade de produtos alimentares tradicionais desta época do ano, como bacalhau, cabrito, leitão, bolo-rei, vinhos e bebidas espirituosas, entre outros. As formas encontradas pela Maxi para comunicar a “Feira do Natal” são, também, as usuais. Ou seja, outdoors, folhetos, TV, rádio, SMS, site, newsletters e decoração instore. A Alimenta Angola não foge à regra e tem nas semanas que antecedem o Natal o objectivo de propiciar aos seus clientes “variedade, qualidade, novidade e excelentes preços”, afirma Luís
>> DR
de Mattos, director-geral da cadeia de distribuição, que utiliza, fundamentalmente, os folhetos promocionais para comunicar. O timing destas campanhas é, normalmente, preparado com uma antecedência grande, revelando o gestor da Maxi que, ao nível do marketing, o Natal começa a ser trabalhado a partir de Setembro, sendo que do ponto de vista comercial e operacional o processo começa antes. Do lado da Alimenta Angola, o director-geral diz que o pontapé de saída é dado no mês de Abril, com as projecções e compras, enquanto a exposição se dá 45 a 60 dias antes da data comemorativa. Mas será que é prejudicial a um operador de retalho depender tanto deste período? A resposta dos dois profissionais é praticamente unânime, colocando o factor organização como ponto-chave para o sucesso. De qualquer maneira, Luís de Mattos admite “não haver dependência caso o planeamento saiba dosear os resultados durante todo o ano”. Vasco Cabral também coloca a tónica na organização e justifica um eventual prejuízo “se as empresas não estiverem preparadas para esta tendência de mercado”, adiantando que “a época natalícia, em termos de procura de mercado, é e será sempre o período do ano com maior apetência para o consumo de bens alimentares e não alimentares. Cabe às empresas, como a Maxi, preparar-se da melhor forma em termos de oferta, qualidade, serviço e preço, para
dar essa resposta aos consumidores e desta forma potenciar as suas vendas e satisfação dos seus clientes”. E esta tendência não diverge muito da realidade de outros países, sejam eles africanos, europeus ou americanos, com o povo angolano a valorizar muito a época natalícia como momento de reunião e confraternização familiar, ao que acresce o tradicional gosto por receber amigos e familiares em casa. E se a pergunta recair sobre os produtos mais consumidos nesta quadra, as respostas também não divergem muito. Bacalhau, peru, farinha, ovos, açúcar para a confecção dos doces, frutos secos, leitão, cerveja, vinhos, grão-de-bico, batata, couves, bebidas espirituosas, bolo-rei, enfim, tudo para proporcionar uma boa mesa. Factor a ter em conta no Natal é, igual-
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mente, o preço dos produtos, com Maxi e Alimenta Angola a não alterarem o valor dos artigos, admitindo o responsável da Alimenta Angola que, “porventura, até se poderá dar uma ligeira baixa, devido à concorrência”. Com a maior procura, a ruptura de stock é um dos grandes flagelos que os operadores poderão ter de enfrentar, com a estratégia, neste caso, a focar-se numa rápida substituição dos produtos em falta. Da parte da produção/fabricantes, também é possível verificar uma maior propensão para os lançamentos, já que o factor novidade/inovação poderá funcionar muitas vezes como impulsionador da compra, referindo Vasco Cabral que “é natural que as marcas aproveitem este período para lançamento de novidades de forma a diferenciarem-se da concorrência e aproveitarem o maior tráfego nas lojas e, consequentemente, potenciarem as suas vendas”. Quanto às perspectivas para este Natal de 2013, ambos os profissionais estão confiantes. Se, do lado da Maxi, a crença vai “para um Natal com crescimento de vendas, número de clientes e artigos, sempre com o objectivo de satisfazer os actuais e potenciais clientes”, do lado da Alimenta Angola, Luís de Mattos espera um Natal “superior em número de clientes com incremento no ticket médio”. Os clientes da Maxi têm quatro tipos de cabazes à escolha para este Natal
distribuição /WRC Africa 2013
Retalho em África: misto de algum risco e muitas oportunidades Nunca o retalho em África esteve no centro das atenções como recentemente no World Retail Congress, realizado em Joanesburgo (África do Sul). Embora se tenha falado (exageradamente) de países como Quénia, Nigéria e África do Sul, Angola também foi tema.
>> Victor Jorge
>> Dan Rosenthal
O
que é que África tem que mais nenhum continente tem? Na maioria das cabeças dos participantes do World Retail Congress Africa 2013, evento do qual a revista Distribuição em Expansão foi international media partner, tem duas coisas: riscos e oportunidades. Durante os três dias em que a distribuição moderna no continente africano foi o centro das atenções, uma coisa ficou certa: África não pode ser encarada como um único país, mas como um continente constituído por vários países com todas as suas diferenças, dificuldades, riscos e, sobretudo, oportunidades. PANORAMA RETALHISTA AFRICANO Foi precisamente esse aspecto que Christopher Gilmour, retail analyst da ABSA, deixou na sua apresentação inicial do congresso, destacando que, eventualmente, o ponto de maior união entre todos os países do continente seja o domínio do mercado informal. “O mercado informal é um dos poucos elos que poderá ligar todos os países em África. Apesar das diversidades de cada um dos mercados, este ponto é, contudo, aquele que faz com que a distribuição moderna seja um, senão o, sector de maior potencial no continente. Não é por acaso que o sector da distribuição se está a dar tão bem em África”, admitiu Gilmour. Revelando que, em 2019, o maior mercado será a Nigéria (à frente da África do Sul), Gilmour lançou dois pontos de vital importância para o futuro da eco-
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nomia dos países africanos. Se o sector privado será o grande impulsionador da(s) economia(s), o turismo, algo em que os vários governos deverão apostar, poderá ter uma influência e impacto, não só na economia, mas nas operações de retalho. Um dos aspectos mais focados ao longo de todo o congresso foi a paciência que é necessária para quem pretende investir no retalho em África. “Nunca se sabe se o copo está meio cheio ou meio vazio”, confidenciou David Kneale, CEO do Clicks Group. Este responsável pelo grupo de retalho sul-africano
“O mercado informal é um dos poucos elos que poderá ligar todos os países em África. Apesar das diversidades de cada um dos mercados, este ponto é, contudo, aquela que faz com que a distribuição moderna seja um, senão o, sector de maior potencial no continente”
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admitiu mesmo que “investir em África é um misto de risco e oportunidade”, referindo que “a instabilidade dos países em diversas áreas é um dos principais factores que inviabilizam os investimentos por parte dos players da distribuição”, reconhecendo, no entanto, que “é precisamente nesses países que estão as maiores e melhores oportunidades”. Se a instabilidade foi referida, também a burocracia foi outro tema colocado em cima da mesa. Paula Disberry, group director retail operations and international da Woolworths, referiu-se, de resto, à burocracia como o maior “empecilho”. “Muitas vezes as leis, regras, legislação, normas são o maior problema, porque na maioria das vezes são ambíguas”, revelando que existem casos de empresas que, para abrir uma loja, têm de apresentar 60 quilos de papelada. Por isso, uma coisa é certa: “a legislação tem de ser mais clara e não pode estar constantemente a mudar. Não se pode estar a viver na constante incerteza de que, resolvido um problema, rapidamente se levanta outro”. Olhado muitas vezes com desconfiança, o investimento estrangeiro é, normalmente, bem visto no início, “mas a
médio/longo prazo é visto como uma ameaça pelos governos, que vêem nesse investimento uma forma de estrangeiros se apoderarem do país”, admitiu Disberry. Contudo, foi unânime a conclusão de que, para África se desenvolver, é preciso investimento estrangeiro. Esse investimento é necessário sobretudo em infra-estruturas, tendo Mncane Mthunzi, group Africa food retail & supplier development executive da Massmart (braço da Walmart – maior retalhista mundial – em África) lançado os seguintes números: “De acordo com números do Banco Mundial, em 2013, África precisa de 93 mil milhões USD todos os anos durante uma década para melhorar infra-estruturas”, sendo que quase metade desse valor terá de ser alocado a “fornecimento e distribuição de energia”. Por isso, não foi de estranhar ouvir Paula Disberry dizer que um dos maiores problemas colocados a um retalhista é “a expansão de lojas para territórios mais desfavorecidos e onde existe falta de praticamente tudo”. A responsável da Woolworths enumerou, de resto, os grandes problemas colocados ao retalho em África: “imobiliá-
ANDRÉ FARBER, “Angola é Angola e não é nem o Brasil, nem Portugal” rio/urbanização; regras de importação e cadeia de abastecimento”. Curiosamente, foi o moderador do debate, Chris Bishop, editor in chief da revista Forbes Africa, que levantou a questão: “Então e o consumidor?” A resposta foi rápida e simples: “O consumidor, de facto, não está nas três
prioridades de um retalhista. E porquê? Porque, se estas três não forem satisfeitas, não há consumidor.” A questão do consumidor foi levantada, igualmente, por Boris Planer, chief economist do Planet Retail, referindo que “a existência de uma vasta população jovem é a grande vantagem para quem quer investir na África Subsariana, seja retalho, seja indústria de bens de grande consumo [em inglês, fast moving consumer goods (FMCG)]”. Com os números a indicarem que a po
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distribuição /WRC Africa 2013 pulação em África irá duplicar até 2050, a produtividade é, na maioria dos países, muito baixa, revelando ainda que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e o crescimento social são duas coisas bem distintas e que muitas vezes não andam lado a lado. “Fala-se muito em classe média, mas a classe média não é a mesma que os ocidentais reconhecem como classe média. Como é que se pode classificar de classe média alguém que sobrevive com 2 USD por dia?” Na opinião deste expert da maior consultora de retalho do mundo, “os grandes players do retalho estão, neste momento, mais a sair de países do que a expandirse para novas geografias. Mercados que seriam interessantes não são explorados, não por causa do mercado, mas por causa do próprio retalhista. Isso vai dar grandes oportunidades aos players nacionais/locais, que poderão ter mais tempo para cimentar as suas operações e, quiçá, vendê-las quando esses retalhistas internacionais quiserem entrar”.
Franciso Sousa Pimentel, “Sempre foi claro que teremos de ter parceiros para estar em África” MDD = PRODUÇÃO NACIONAL Com o advento das marcas da distribuição (MdD) em todo o mundo, uma coisa ficou certa no World Retail Congress Africa: “As marcas da distribuição vão chegar a África!” Com uma importância crescente nas operações dos retalhistas ocidentais, muitas vezes sendo o suporte das contas e margens de negócio na aguerrida competição de preço e concorrência, o debate que opôs David Kneale, CEO do Clicks Group, a Yaw Nsarkoh, managing director da Unilever (East & South Africa, Quénia), colocou a tónica no facto de, se retalhistas e fabricantes eram, até há 15 ou 20 anos, parceiros, neste momento são concorrentes.
O ponto foi colocado, assim, na tónica do “serviço”, referindo Nsarkoh que “quem servir melhor o seu shopper e consumidor sairá vencedor, seja ele retalhista ou fabricante”. Fundamental parece ser, contudo, a confiança por que ambos terão de lutar (retalhistas e fabricantes), que será a diferenciadora e onde entra o factor inovação, que, em tempos de crise, poderá ser a mais-valia. Quanto à questão levantada, se algum dia poderemos ver a MdD no mercado informal, a resposta foi simples: “nenhum retalhista está interessado em colocar a sua marca no mercado informal. Até porque o objectivo do retalhista é atrair o shopper/consumidor para a(s) sua(s) loja(s)”, e aqui, admitiu Nsarkoh, a marca do fabricante (MdF) tem vantagem, já que “poderá e quererá estar no mercado informal, até para compensar o que perde no retalho para a MdD”. Ambos os participantes no painel concordaram que até mesmo na moda a MdD está forte e em expansão. Mas ambos reconheceram que “o problema está quando o shopper compra algo 30% ou 40% mais barato (MdD) e fica satisfeito com a compra. Aí o fabricante tem um problema e precisa de saber porque está a acontecer e como combater esta realidade”. E ANGOLA? Angola apareceu de forma específica na apresentação de André Farber, vicepresidente executivo de O Boticário, quando referiu que, apesar de a operação ser um sucesso no Brasil e em Portugal, nunca poderia ir para Angola com o mesmo espírito e layout de loja. “Angola é Angola, e não é nem o Brasil, nem Portugal.” Com vendas superiores a 5 mil milhões USD por ano, o segredo para ter sucesso em Angola está nas parcerias certas, admitindo mesmo que nunca se atreveria a ir sozinho para Angola. Assente numa estratégia de franchising forte para a expansão das lojas, O Boticário possui, actualmente, 15 lojas em território angolano, tendo entrado em 2009. Comparando o mercado doméstico (Brasil, onde detém 4000 lojas, sendo que 700 delas são em franchising) com Angola, Farber apontou a flexibilidade como algo muito importante a ter em conta, referindo mesmo que a sua empresa não se limita “a enviar produtos que funcionam no Brasil ou em Portugal para Angola. Até a publicidade é diferente”, admitindo, contudo: “A língua é um aspecto importante que facilita, e muito, a operação. É um dos grandes problemas que não tivemos de ultrapassar”, finali-
Shopper vs. Consumidor Shopper = aquele(a) que compra, independentemente se consome ou não. Consumidor = pode não comprar (ser shopper), mas é quem consome. O melhor exemplo neste “dilema” é o caso das fraldas. As mães/pais são os shoppers, os bebés são os consumidores. Muitas vezes confundem-se estes dois termos. Há que diferenciá-los muito bem e saber a quem nos dirigimos. Se o consumidor é quem com maior facilidade se fideliza a uma marca, é, contudo, o shopper que efectua a compra. E no caso dos mais jovens este aspecto tem uma importância ainda maior, já que, na maioria, não são eles quem compra, mas são eles que influenciam a compra efectuada pelos pais.
zou o responsável de O Boticário. Também Francisco Sousa Pimentel, managing diector for international development da Sonae SR (braço da Sonae para o retalho especializado), começou por referir: “Sempre foi claro que teremos de ter parceiros para estar em África”, admitindo: “Não escolhemos ter parceiros, tivemos de ter parceiros, já que, quando fomos sozinhos, falhámos.” Apesar de o negócio do retalho especializado da Sonae ainda não estar em Angola, Sousa Pimentel abordou a questão das parcerias da seguinte forma: “O parceiro tem de demonstrar que é o parceiro certo através do conhecimento que possui do mercado. É o parceiro que sabe o que funciona e não funciona no seu mercado em termos de tipologia de loja, sortido, entre outros. A nós, cabenos gerir a parte operacional.” Confidenciando que estarão nalguns países de língua oficial portuguesa em 2014, sem especificar quais, o responsável do desenvolvimento internacional da Sonae SR concluiu que, para tal operação, procurarão pessoas/parceiros ambiciosos que queiram melhorar e desenvolver o País e que tenham a componente do envolvimento com a comunidade muito vincada. BACK TO AFRICA De regresso à análise global do continente africano, Michael Yates, managing director da Procter & Gamble South Africa, começou por referir que, em 2020, “África terá o dobro das lojas”, quando compa-
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rado com 2012. E a pergunta que deixou para o público relativamente a uma entrada de qualquer operador (retalhista ou fabricante) foi: “Consegue-se criar valor para a marca, consumidor e empresa? Se sim, então entra-se. Se não, é preferível esperar ou mudar a estratégia de forma a conseguir estes factores de sucesso.” Mas a tónica desta apresentação foi colocada também de forma inversa. Ou seja, agora não são só os players a lutar para estarem em determinados países africanos, como existem países a lutar para criar as infra-estruturas necessárias para se tornarem atractivos para entrar no “catálogo” de possibilidades de expansão dos retalhistas e fabricantes. O online, naturalmente, não poderia faltar num congresso mundial de retalho. E a questão foi levantada, mas logo colocada de parte, já que se os players têm dificuldade em considerar determinados mercados pela falta de infra-estruturas existentes: “Como é que poderemos considerar estar somente online no país, se questões como a logística, pagamentos, entregas e devoluções são um problema de difícil resolução?” A conclusão foi simples e poderá abranger todo o World Retail Congress Africa 2013: se por um lado “há que dar experiência de compra ao shopper e consumidor”, outro dos intervenientes resumiu uma presença africana da seguinte forma: “Independentemente da concorrência e das dificuldades, quem for ao encontro das necessidades e exigências do shopper e consumidor terá sucesso.”
distribuição /WRC Africa 2013
“NUM CONTINENTE ONDE EM TODA A ESQUINA DE RUA PODE
“COM CULTURAS DIFERENTES, GRUPOS DE
ESTAR UM EMPREENDEDOR, EMPREENDEDORISMO NÃO É SÓ UM
CONSUMIDORES DIVERSIFICADOS E FACTORES
FACTOR IMPORTANTE NO CRESCIMENTO ECONÓMICO, MAS ALGO
SOCIOECONÓMICOS DISTINTOS A TER EM
“INVESTIR EM ÁFRICA É UM MISTO DE RISCO
QUE MELHORA A VIDA DAS PESSOAS DIARIAMENTE.”
CONTA E A INCORPORAR NA ESTRATÉGIA
E OPORTUNIDADES.”
Alvin Nadas, empresário, executive director
DE MARKETING, O BRANDING É UM DESAFIO
Paula Disberry, group director retail operations
da Four Rivers Trading
DIÁRIO EM ÁFRICA.”
and international da Woolworths
Mike Elliot, empresário, general manager da Luxottica (South Africa)
“O GRANDE PROBLEMA PARA OS FABRICANTES É QUANDO O CONSUMIDOR COMPRA ALGO QUE É 30% OU 40% MAIS BARATO E FICA SATISFEITO. AÍ O FABRICANTE TEM UM PROBLEMA SÉRIO PARA RESOLVER E PERGUNTAR-SE A SI PRÓPRIO O QUE ESTÁ A FAZER MAL.”
Yaw Nsarkoh, empresário, MD da Unilever (East & South Africa, Kenya)
“A INSTABILIDADE DE ALGUNS PAÍSES
“O COMÉRCIO MOBILE
AFRICANOS É UM DOS FACTORES QUE
JÁ NÃO É UMA
INVIABILIZAM INVESTIMENTOS POR PARTE
TENDÊNCIA.
DOS OPERADORES INTERNACIONAIS. MAS
É UMA REALIDADE.”
É PRECISAMENTE NESSES PAÍSES QUE
Luke McKend, country
ESTÃO AS MELHORES OPORTUNIDADES DE
head da Google
NEGÓCIO.”
South Africa
David Kneale, CEO da Clicks Group “A JUVENTUDE DA POPULAÇÃO É UM DOS GRANDES FACTORES A TER EM CONTA E UMA VANTAGEM ENORME PARA QUEM QUER INVESTIR NA ÁFRICA SUBSARIANA, SEJA FABRICANTE OU RETALHISTA.”
Boris Planer, chief economist do Planet Retail
“O FRANCHISING É UMA DAS MELHORES OPÇÕES PARA A EXPANSÃO AFRICANA.”
Michael Yates, managing director da Procter & Gamble South Africa
“Soltas” do WRC Africa 2013
“OS CENTROS COMERCIAIS SERÃO A GRANDE BASE PARA O DESENVOLVIMENTO DO RETALHO EM ÁFRICA.”
Boris Planer, chief economist do Planet Retail
“O SEGREDO ESTÁ EM NÃO FAZER AS COISAS
“A MARCA DOS FABRICANTES É UM CATALISADOR DA INOVAÇÃO POR PARTE DOS FABRICANTES.”
Yaw Nsarkoh, MD da Unilever (East & South Africa, Kenya)
“NÃO TENHO DÚVIDAS DE QUE A MARCA PRÓPRIA
EXACTAMENTE DA MESMA FORMA COMO AS
“ÁFRICA NUNCA DEVE SER CONSIDERADA
VAI CHEGAR À MAIORIA, SENÃO A TODOS OS
FAZEMOS NOUTROS PAÍSES. ANGOLA É ANGOLA, E OS
A CURTO PRAZO MAS, SIM, SEMPRE A MÉDIO
MERCADOS AFRICANOS. A QUESTÃO PRINCIPAL
CONSUMIDORES EM ANGOLA SÃO ANGOLANOS. POR
E PRINCIPALMENTE A LONGO PRAZO.”
É SABER QUEM PRESTA MELHOR SERVIÇO AO
ISSO, FAZER AS COISAS COMO FAZEMOS NO BRASIL OU
Michael Yates, managing director da Procter
SHOPPER E AO CONSUMIDOR. QUEM CONSEGUIR
EM PORTUGAL SERIA UMA FORMA QUASE CERTA PARA O
& Gamble South Africa
PRODUTOS DE QUALIDADE, COM PREÇOS
FALHANÇO.”
ATRACTIVOS VENCERÁ, SEJA MARCA PRÓPRIA,
André Farber, vice-presidente executivo de O Boticário
SEJA MARCA DO FABRICANTE.”
Yaw Nsarkoh, MD da Unilever (East & South Africa, Kenya) “É PRECISO ESTAR PRESENTE. NÃO SE PODE TER UMA OPERAÇÃO EM ÁFRICA E GERI-LA DE FORA. “NÃO SE PODE VER ÁFRICA COMO UM ÚNICO PAÍS.
É PRECISO CONHECER A REALIDADE E ESTAR
É UM CONTINENTE, E TODOS OS PAÍSES TÊM AS
A PAR DAS TENDÊNCIAS, QUE MUDAM MUITO
SUAS DIFERENÇAS E ESPECIFICIDADES. E QUEM
RAPIDAMENTE.”
NÃO AS COMPREENDER NÃO VALE A PENA SEQUER
Paula Disberry, group director retail operations
CONSIDERAR UMA ENTRADA EM QUALQUER
and international da Woolworths
MERCADO AFRICANO.”
“A ÁFRICA DO SUL TEM A PRETENSÃO DE SER A PORTA DE ENTRADA PARA ÁFRICA. MAS ESSA REALIDADE ESTÁ A MUDAR.”
Rodger George, senior strategy director
Christopher Gilmour, retail analyst da ABSA
da Deloitte
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distribuição /Planet Retail
Uma oportunidade subsariana É recorrente o continente africano aparecer entre os locais para onde se deve expandir qualquer operação. Muitos são os sectores que têm este continente debaixo de olho, e o retalho é um deles. O Planet Retail explica porquê.
Á
frica parece ser o continente onde todos querem estar. Contudo, existem várias Áfricas, e as realidades são bem diversas entre países como Marrocos e Moçambique, Libéria e Namíbia, Mauritânia e África do Sul ou Etiópia e Angola. Se todos querem, de facto, estar em África, mais ainda vêem a África Subsariana como uma das zonas mais dinâmicas e com uma taxa de crescimento assinalável. Mas se existem diferenças entre os diversos países africanos, estas também existem entre os 47 países que compõem a África Subsariana. Exemplo disso é o rendimento médio das famílias, sendo na generalidade dos países 37 vezes inferior ao dos EUA, mas com a África do
Sul a apresentar rendimentos 4,5 vezes superiores às restantes nações que fazem parte desta região do continente. Com uma população a crescer, o potencial a médio e longo prazo da região é considerável, e é isso mesmo que operadores do retalho estão a analisar para tomar decisões e saber onde e quando marcarão presença neste(s) mercado(s). Certo é que a modernização do sector do retalho é impulsionada pela já mencionada população em crescimento, bem como pelo aumento do rendimento disponível das famílias, além de se verificar um desenvolvimento das infra-estruturas aliado ao facto de os maiores players do retalho se encontrarem desesperados para encontrar mercados para as suas estratégias de expansão, sabendo-se que
>> Victor Jorge
a Europa e os EUA estão “esgotados”. Num estudo efectuado recentemente pelo Planet Retail, maior consultora mundial na área do retalho, e a que a
>> Edson Chagas
Distribuição em Expansão teve acesso exclusivo, é apontado que as vendas globais no retalho vs. população são 5,8 vezes superiores nos EUA em relação
Quota da distribuição moderna organizada face ao total do comércio (%) África Subsariana (excl. África do Sul)
África Subsariana (incl. África do Sul) Rússia Brasil Alemanha Reino Unido 0 Fonte: Planet Retail
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à África Subsariana, baixando para 2,7 vezes mais quando analisado somente o retalho alimentar. Contudo, o estudo “African growth opportunities for local and global players” mostra que a população na África Subsariana é 2,7 vezes maior que nos EUA. E os números não deixam de impressionar. Se a previsão de crescimento da população nos EUA é de 26,4%, na China é de 16,3% e na União Europeia é de 6,7%, os dados apontam para uma subida de 81% na população da África Subsariana até 2018. Juntando esta subida de 81% à previsão de um aumento de 308% no gasto per capita, a conclusão é a de que o gasto efectuado pelo consumidor global deverá crescer 637%. Com o crescimento do Produto Interno Bruto da África Subsariana a estar sempre acima da África do Sul desde 2000, um dos pontos principais indicados pelo estudo da Planet Retail é ao nível das infra-estruturas. Contudo, quando a consultora aponta as infra-estruturas, deixa a nota de que estas são mais do que a construção de simples estradas, destacando, igualmente, o sistema educativo, serviços financeiros, rede de comunica-
Conclusões s A economia da África Subsariana regista um crescimento dinâmico
a partir de uma base baixa (população, rendimentos, etc.) s Interesse pelas cidades da África Subsariana aumenta à medida que a economia sul-africana arrefece s Os retalhistas internacionais demorarão a entrar (Walmart é excepção) s Existência de espaço para os players locais crescerem s Comércio informal continuará ainda durante muitos anos s Mais oportunidades de exportação em mercados não-africanos para fornecedores domésticos
ções, fornecimento de energia e água, cadeia de abastecimento, entre outros. O estudo aponta, no entanto, quatro destinos específicos como os principais a ter em conta para futuras estratégias de expansão por parte dos retalhistas: Nigéria, Quénia, África do Sul e Angola. RETALHISTAS, SIM. FABRICANTES, TAMBÉM Apesar desta especificidade de mercado, os analistas do Planet Retail admitem que nem todos estejam preparados para “aventurar-se” por terras africanas, já que será necessário muito capital, e o break-even de uma eventual operação não surgirá de um dia para o outro.
Uma das constatações que, no entanto, ressaltam deste estudo é o facto de o conceito de hipermercado não ser o que apresentará a maior oportunidade de crescimento, uma vez que, dada a demografia das cidades e os rendimentos disponíveis das famílias, será o pequeno comércio ou mesmo o comércio informal a prevalecer. Isto faz com que os operadores locais, conhecedores das diferentes realidades, tenham vantagens face aos gigantes ocidentais, aparecendo aqui a Walmart – muito graças à experiência da Massmart – como excepção. Mas a África Subsariana não se apresenta como mercado apetecível somente
para os players do retalho. Também os produtores/fabricantes vêem na zona uma oportunidade para expandir as suas operações, produtos e marcas. Uma das conclusões básicas e simples a que o estudo do Planet Retail chega é a de que o comércio informal não irá desaparecer, que a modernização do sector da distribuição deverá demorar três gerações e que essa modernização dependerá muito da expansão dos operadores domésticos. Também para os produtores/fabricantes as oportunidades de crescimento são baseadas nos pressupostos de uma população em rápido desenvolvimento, de aumentos de rendimentos, mais espaços urbanos, novos estilos de vida e consumidores internacionais, aparecendo destacados dois gigantes do mundo das marcas que já marcam uma forte presença na África Subsariana: Unilever e Nestlé. Daí a Planet Retail prever que seja mais fácil para os produtores/fabricantes aparecerem em força nestes mercados do que para os retalhistas, cujas operações são mais custosas e complexas e necessitam de uma maior planificação estratégica.
Infra-estruturas são mais do que estradas Rede rodoviária/ transportes públicos/logísticos
Cadeia de fornecimento
Sistema de educação
Serviços financeiros
Sistemas de saúde e social
Infra-estruturas
Rede de comunicações
Administração pública e quadro legal
Fornecimento de energia
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opinião
DIÓGENES DE OLIVEIRA, Presidente da Associação Angolana dos Direitos do Consumidor (AADIC) www.aadic.org
Obrigações dos comerciantes na quadra festiva
O
“
Comete crime de especulação, punível com prisão até dois anos e multa, aquele que, sendo comerciante ou dedicando-se habitualmente ao comércio ou à prestação de serviºos, o fizer com a intenção de obter um lucro desproporcionado
desconhecimento de algumas leis proteccionistas por parte dos consumidores em geral, como também a hipossuficiência económica, a fraqueza e a ignorância, leva ao fornecedor/comerciante a vantagem de impor-lhes os seus bens ou serviços. Em Angola, é um costume reiterado: nesta data (Dezembro), há comerciantes que expõem bens de primeira necessidade à venda com a denominação de cabaz! Agora existe uma grande diferença abismal entre cabaz e cesta básica. Cabaz – É conjunto de produtos essenciais de óptima qualidade, dos quais o Governo, e não só, durante certo período, garante o abastecimento suficiente a um preço máximo ou preestabelecido. Cesta básica – Recipiente de vime entrançado, com ou sem asa, destinado a conter ou transportar todo tipo de pequenos objectos alimentares ou mantimentos com possibilidade de aquisição com 6 salários mínimos. Diante destes conceitos e perante as publicidades que veiculam nos órgãos de comunicação social, só podemos dizer que os comerciantes que têm perpetuado estes factos estão a enganar os consumidores, através de publicidades enganosas nos termos do artigo 21.º da Lei de Defesa do Consumidor, da qual passo a transcrever o parágrafo 1.º do mesmo artigo: “É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicado de carácter publicitário, inteira ou parcialmente falsa ou capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre bens e serviços.” Mesmo em respeito às leis vigentes em Angola, estes comerciantes cometem um crime de enriquecimento sem causa nos termos do artigo 473.º do Código Civil, que remete para a responsabilidade civil nos termos do artigo 483.º da lei ora mencionada. A Lei de Defesa do Consumidor, no seu artigo 4.º, é extremamente clara em expor os direitos dos consumidores em geral, e um deles é a protecção dos interesses económicos contra a publicidade enganosa e abusiva. Os comerciantes sabem que estão a pôr ou a mexer na situ-
ação económica do cidadão angolano a todo o momento. O acto é o mesmo, passa ano, entra ano, sempre desrespeitando a Lei n.º 15/03, de 22 de Julho – Lei de Defesa do Consumidor e o artigo 78.º da Constituição da República de Angola. Constitucionalmente, no seu artigo 23.º, esclarece que todos somos iguais perante a Constituição e a lei. Nesta adversidade de factos concretos impera um ilícito penal através de fraudes nos termos do artigo 456.º do Código Penal, que passa desde já a resvalar para especulação de preços, que passo em revista: Comete crime de especulação, punível com prisão até 2 anos e multa, aquele que, sendo comerciante ou dedicando-se habitualmente ao comércio ou à prestação de serviços, o fizer com a intenção de obter um lucro desproporcionado, conforme o artigo 42.º e alíneas seguintes deste mesmo artigo implícito na Lei n.º 6/99, de 6 de Agosto – Lei das Infracções contra a Economia. PROPONHO Que os órgãos da Administração Pública como a Polícia Nacional, especificamente a Polícia Económica, o Ministério do Comércio, e todos os outros órgãos afins na defesa e protecção dos interesses dos consumidores, devem este ano fazer fincar um direito de todos nós, sabendo de antemão que todos somos consumidores, isto por natureza, e deixarmos de pensar que neste País existe impunidade: acabar com as publicidades enganosas no descumprimento da Lei n.º 15/03, de 22 de Julho, e outras avulsas. ACONSELHO Devemos todos dar o nosso contributo, não esperando somente o Executivo ou o Governo fazerem. Devemos ter em questão que somos todos importantes nesta sociedade angolana, desde já denunciando e fiscalizando actos que estejam em desacordo com a Lei de Defesa do Consumidor. Não devemos aceitar um abuso de direito por parte de seja lá quem for. Devemos todos respeitar as leis existentes, para o bem e desenvolvimento da economia angolana, de forma a termos um País bom para se viver. Deve-se dar nomes às coisas, cabaz ou cesta básica, e acabar com estes nomes fictícios de Cabaz Ouro, Prata, Gold, Diamante e outros que veiculam nas publicidades.
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CARLOS TEIXEIRA, decano da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto
24Horas com...
>> fotos: César Magalhães
Já em casa, prepara-se para a jornada laboral, toma o pequeno-almoço e assiste simultaneamente ao programa Bom Dia, Angola no canal televisivo público.
Começa o dia praticando exercícios físicos durante uma hora, nas ruas adjacentes à sua residência, no projecto Nova Vida, percorrendo mais de 5 km.
10:50 horas
10:25 horas Começa uma reunião de trabalho. Ao seu lado está a responsável de uma empresa privada que venceu concurso público para fazer gestão do restaurante/bar da Faculdade de Direito que ficou paralisado meses a fio, e faz-se acertos de início de actividade sob olhar atento de uma funcionária sénior da área.
15:30 horas Hora do almoço. Faz a refeição na sua sala de trabalho, conforme é costume. Dificilmente se desloca aos restaurantes. Na ocasião, degustou comida típica de Angola sem refrigerantes à mistura. Simultaneamente, assiste ao serviço noticioso da Euronews, um renomado canal televisivo europeu.
07:40
06:40 horas
05:30 horas
Desloca-se ao Auditório Professora Maria do Carmo Medina em vésperas de um evento agendado por um departamento ministerial do Executivo angolano e observa o nível de organização da sala, sugerindo algumas alterações ao cenário visual.
16:00 horas Começa o ciclo de reuniões da parte da tarde deste dia. A conversa é com dois quadros seniores da instituição, em ocasiões separadas, pois sobre a mesa estão documentos para serem analisados e se decidir quais medidas que devem ser tomadas para êxito do funcionamento interno.
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Partida da Uni da cida no dia
11:20-11:48 horas
Após constatar os trabalhos no auditório, tem agora reunião de quase meia hora com o docente Osvaldo Van-Dúnem, que é também director do Centro de Estudos em Ciências Jurídico-Económicas e Sociais (CEJES) da Universidade Agostinho Neto. Em análise, focam questões académicas relativas à vida do centro e projecções realizáveis.
16:46 horas Procede a despachos de documentos que registaram entrada enquanto esteve reunido com diferentes figuras ligadas ao trabalho da faculdade e extrafaculdade.
08:45 horas Chegada à faculdade. Dirige-se ao escritório e toma contacto com e-mails recebidos e a agenda do dia, onde constam várias reuniões internas com diferentes gestores universitários. A agenda indica que neste dia tem chances nulas de trabalhar fora da faculdade.
09:00-10:00 horas Início da aula de Direito Administrativo, ladeado de um professor assistente. Interage com os discentes sobre as consequências do Estado-providência, ética dos servidores públicos, remuneração segundo a produtividade dos servidores públicos, principalmente, regras nas finanças públicas.
horas
a de casa para a Faculdade de Direito iversidade Agostinho Neto, no centro ade. Inteira-se das principais notícias a pelo Jornal de Angola.
, o
12:00-12:27 horas Breve visita à biblioteca, às secretarias académica e pedagógica da faculdade e a vários departamentos, onde tem interacção com os colaboradores. Segue-se uma série de reuniões em privado.
12:36 horas Recebe na sua sala de trabalho o professor Jacob Massuanganhe, PhD em Políticas Públicas, Governação e Desenvolvimento Local e director executivo do Centro de Pesquisa em Políticas e Governação Local da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto. A conversa já decorre há mais de uma hora. Seguem-se reuniões privadas sobre a vida da faculdade.
17:21 – 20:50 horas O dia está quase a terminar, e as reuniões internas continuam a marcar o dia de trabalho do decano da mais prestigiada faculdade de Direito do País. À porta fechada reúne-se com quadros de topo da instituição e conclui a última reunião.
21:10 horas Agora é momento de regressar a casa. Aguarda-o um jantar em família, como é tradicional, na sua residência.
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produção
/Angola Industry Forum
“Comprar frango importado é comprar desemprego”, defendeu a cúpula de empresários nacionais recentemente durante o Angola Industry Forum, que pretende ver reduzidos ou eliminados custos adicionais à importação de matéria-prima para produção local, uma realidade sem força para contrapor o peso da comercialização de produtos importados.
Custos de produção continuam a afectar consumidor final >> António Pedro
Segundo o presidente da AIA, se o Estado comprar a produção nacional já está a financiar os empresários de pequena e média dimensão, não precisando de proceder a incentivos financeiros directos
P
raticar a “política do contentor” ainda é o mais fácil de se fazer em Angola, mas, para se lançar mão à obra e produzir, com todos os riscos atrelados ao seu processo, poucos arriscam mesmo com perspectivas de um mercado promissor no médio prazo, afirmou, nas entrelinhas, o director da Brasafrica – empresa agrícola –, Rodrigo Cardoso Silva. O gestor agrícola tem constatado que quem viaja de Luanda para Benguela ou para Kibala (Kwanza Sul) não vê parcelas de terras em produção, porque nin-
>> Lídia Onde
guém o faz, e isto é um problema sério, vai levar tempo para ser superado, mas quem perde são os angolanos em trocar esta prioridade pela importação de bens produzíveis localmente. Esta realidade coloca em vantagem a comercialização de produtos importados, sem dar espaço à produção nacional de mostrar-se competitiva devido aos custos adicionais para a transformação de matéria-prima em produtos acabados. Santos Militão, gestor hoteleiro, mostrou-se preocupado com a pretensão de se dar protecção excessiva à produção
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nacional, argumentando que, enquanto prestador de serviços na área alimentar, procura o melhor produto ao mais baixo preço para que a refeição chegue à mesa do consumidor a um preço equilibrado. “Se não reconhecermos no produto nacional uma boa embalagem e conservação”, refere Militão, sem qualidade e mais caro que o produto importado, quando este aparece calibrado, dentro de todos os padrões, e o produto nacional não, “como é possível continuarmos a defender o consumo dos produtos na-
tada industrial porque o País não tem produção de grão suficiente, recordou Bettencourt. “Se eu comprar uma tonelada de milho acima dos 280 USD, localmente, não posso concorrer com o frango importado do Brasil. É completamente impossível. É por estas questões que temos de procurar formas de reduzir custos”, exemplificou. No Aldeia Nova, são necessários 32 geradores industriais em funcionamento para a produção diária de perto de 200 mil ovos. Entre a maquinaria estão cinco geradores que fornecem electricidade para aquecimento de pintos, e igual número para alimentação de água aos pintos e demais “Se não tivermos mercado, geradores para a não aprenderemos a fazer captação de água. estas coisas (...) temos de “São custos adicionais. Se eu comprar ter o máximo de cuidados milho lá fora, no necessário na Brasil custa, por exemplo, 150 USD/ qualidade de produtos tonelada, posto em que estamos a fazer, mas Luanda pago mais a protecção tem de vir 50 USD por tonelada para transporte de cima [do Governo]” até ao Waku Kungo, fora os custos que tenho no porto”, explica as razões de produtos nacionais Não se pretende, de maneira alguma, custarem caro face os importados. que a indústria hoteleira seja prejuApesar de os fertilizantes e os pesticidas dicada pelos altos custos ou pela má estarem isentos de taxas aduaneiras pelo qualidade de produtos nacionais, acauGoverno, no entanto, têm um custo de tela Bettencourt ao gestor Militão, pois desalfandegamento que varia de 20% a não é esse o objectivo, mas, sim, que se 35%, situação que precisa de ser elimicomece a ter condições para “sermos nada, segundo José Bettencourt, senão competitivos com os produtos impordificilmente se irá produzir localmente. tados”. O gestor da Gesterra aponta outro exemplo, ao afirmar que, no caso de se CUSTOS ELEVADOS avariar um tractor agrícola e o acessóO projecto Aldeia Nova, propriedade rio mecânico custar 10 USD na África da Gesterra, no município do Waku do Sul, a importação por intermédio de Kungo, no Kwanza Sul, produzia franuma empresa angolana eleva o custo da gos de corte, mas desistiu dessa empreicionais?”, questiona. Sobre o assunto, o presidente do conselho de administração da Gesterra, José Carlos Bettencourt, defendeu que a boa apresentação de produtos nacionais, quanto à embalagem e descrição de suas características, vai conquistar-se com o decorrer do tempo, caso exista mercado. “Se não tivermos mercado, não aprenderemos a fazer estas coisas”, adverte Bettencourt, mas insiste que “temos de ter o máximo de cuidado necessário na qualidade de produtos que estamos a fazer, mas a protecção tem de vir de cima [do Governo]”.
Consequências para o agronegócio Outra condicionante manifestada pelo gestor da Biocom é a falta de infra-estruturas capazes de dar suporte às plataformas logísticas, um dos grandes custos do agronegócio. Na óptica de Mathias, esta situação faz de Angola uma particularidade no agronegócio, principalmente na comercialização de produtos que mais da metade vai para o mercado informal. “Isto gera um custo altíssimo para o País”, explica, porque o produto passa de mão em mão, do produtor ao consumidor final, visto que se tem uma quantidade enorme de intermediários neste processo, numa dinâmica que consiste em o grande distribuidor passar a mercadoria ou produto ao médio distribuidor, e este para o pequeno, até chegar ao pequeno consumidor. Partindo do pressuposto de que cada um dos integrantes da cadeia de repasse do produto inclui sua facturação e lucro, em cada fase do processo, será o consumidor final a pagar um preço muito alto, sublinha Mathias. “Enquanto o País não tiver uma rede de distribuição logística em que o próprio pequeno consumidor tenha capacidade de ir ao encontro, para comprar, o produto vai continuar a sair mais caro”, adverte. CONTAS À MESA A produção nacional continua a perder para a importação de produtos de categorias similares, a julgar pelos indicadores da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação e do Ministério da Agricultura. Até 2009, enquanto a compra de 1 tonelada de frango de produção nacional custava 750 mil Kz (7,6 mil USD), a mesma quantidade importada ficava por 1000 USD. Já em 2011, o quadro foi pior com a tonelada de frango importado a custar quase 1500 USD enquanto a de produção nacional rondava a 1,2 milhões Kz (12,8 mil USD). Em Novembro último, o ministro da Agricultura, Afonso Pedro Canga, assegurou à revista Distribuição em Expansão, aquando da inauguração do hipermercado Kero na zona de Cacuaco, que a protecção aos produtores nacionais vai continuar até se encontrar uma “fórmula” que ajude a reduzir encargos e criar incentivos para baixar preços. Falou do caso concreto da produção de ovos, apontando que era necessário proteger quem investe internamente e limitar o tempo de importação de ovos, a contar da data de produção, 30 dias no máximo, como forma de salvaguardar a saúde pública. Enquanto prevalecer o actual cenário, continuará mais caro comprar produtos nacionais feito em Angola do que importados.
referida peça mecânica para 70 USD. Segundo a realidade de Bettencourt, como gestor do projecto Aldeia Nova, todos os factores enumerados encarecem o preço de qualquer produto. Por isso, entende que é preciso procurar-se uma forma de subvenção de custos à produção nacional. Na agricultura, existe a necessidade de se fazer calagem – etapa do preparo do solo para cultivo agrícola na qual se aplica calcário para um desenvolvimento satisfatório das culturas –, e o País possui calcário às toneladas, de norte a sul, mas a compra de uma tonelada não
fica a menos de 110 USD e são necessários de 800 kg a 1 tonelada por hectare, explicou o gestor da Gesterra. Segundo análise do presidente da Associação Industrial Angolana (AIA), José Severino, a primeira acção do Estado deve consistir em comprar a produção nacional e não o incentivo directo, concedendo financiamentos e até subsídios, cogitando que, se o Estado comprar a produção nacional, já estará a financiar os empresários de pequena, média e grande dimensão, pois terão dinheiro para desenvolvimento de suas actividades.
Proteger a incompetência Os custos sobre a produção nacional tornam os preços um pouco mais caros que os importados, mas, de acordo com Carlos Henrique Mathias, director-geral da Biocom – Companhia de Bioenergia de Angola –, temos de ver esta questão sob outra óptica: “É um aumento de preço, mas tenho certeza de que as pessoas ganham muito mais.” Sustenta a afirmação de que, apesar dos elevados custos já citados, em certos casos concretos, existem outras vantagens, como é o caso de o País, no curto prazo, vir a deixar de importar açúcar, através de um projecto em execução pela Biocom que prevê proporcionar 5000 empregos em que cada um contará com uma família composta por cinco pessoas, no mínimo.
“Concordo que qualquer protecção tem de ter limite, senão protege-se a incompetência. É um processo que o Governo precisa de saber acompanhar junto de órgãos de controlo para se evitar abusos. Não há outro caminho, sem isto jamais a indústria de qualquer país consegue ser competitiva, principalmente se está a surgir no mercado. Não tenho dúvida de que o ganho para o País é muito maior no curto e médio prazo”, reforçou. Carlos Mathias admite que o açúcar de produção local, previsto para 2016, tem tudo para ser mais barato no mercado internacional que o açúcar do Brasil, porque, para se exportar o segundo para a Europa, tem impostos taxados, ao passo que Angola está livre desta condição e pode ser
mais competitiva. A ideia do gestor da Biocom é ratificada pelo director da Brasafrica quando sustenta que a distância de Angola para a China é metade em relação do Brasil ao gigante asiático, um pequeno detalhe que faz a diferença quando os países tiverem de vender um mesmo produto de exportação. Mathias defende, por esta via, que, para o êxito desta pretensão, é necessária a protecção da produção nacional de açúcar, face ao importado, num determinado momento. Até porque a mão-de-obra da Biocom, para citar este caso, torna-se mais capacitada, o que vai rentabilizar a produção ano após ano, o que permitiria a escala de produção anual passar de 200 mil toneladas para 500 mil toneladas em pouco tempo.
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produção /Angola Industry Forum
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bebidas
/Espirituosas duty free
As espirituosas mais viajadas
Um estudo curioso da International Wine & Spirits Research (IWSR) revelou quais as marcas de bebidas espirituosas mais vendidas nos duty free dos aeroportos por este mundo fora. Numa altura em que o número de pessoas a viajar dispara, talvez encontre aqui alguns dos néctares que já comprou nas suas viagens. >> Victor Jorge
O
relatório dá pelo nome de 2013 Travel Retail Summary Report e analisa as marcas de bebidas espirituosas mais vendidas nos duty free em todo o mundo de 2007 a 2012, concluindo a empresa responsável – IWSR – que as 100 marcas top eram responsáveis por 85,7% do total de vendas no retalho, em 2012, contra os 83,8% de 2008. Só as 10 marcas principais pesam cerca de 40% neste top de vendas de 2012. No top 100, a Diageo coloca 18 marcas, enquanto a Pernod Ricard tem 17; a Beam, 10; a Bacardi, 6, seguindo-se a William Grant & Sons (5), a Campari (5) e a Brown-Forman (3). No campo das bebidas, o whisky apresenta-se com 26 marcas, enquanto os licores seguem com 13 e a vodka com 12.
>> DR
1.
JOHNNIE WALKER A marca de whiskies mais vendida do mundo é também um best-seller no retalho duty free, com uma quota de mercado de 10,9%, revela o IWSR. Em 2011, a Johnnie Walker conseguiu ser a primeira marca a ultrapassar a barreira de dois milhões de caixas no sector, tendo melhorado a performance em 2012. A Diageo, detentora da marca e maior empresa distribuidora mundial de bebidas espirituosas, fez a marca crescer 15,3% em 2012, face ao ano anterior, atingindo 2,336 milhões de caixas, o correspondente a mais 310 000 caixas que em 2011. Em 2012, a Diageo vendeu 19,7 milhões de caixas de Johnnie Walker, tornando-a a marca mais popular de whisky do mundo e a terceira espiritu-
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osa mais badalada do mercado.
2.
ABSOLUT Pertencente ao universo da Pernod Ricard, a Absolut é a quarta bebida espirituosa mais vendida em todo o mundo, não tendo vivido um ano particularmente positivo em 2012. As vendas no retalho duty free mundial caíram 4%, de 1,111 milhões de caixas, em 2011, para 1,065 milhões, em 2012. Isto fez com que a quota de mercado caísse para os 5%, menos de metade do líder. Globalmente, contudo, a Absolut cresceu 3,6%, para 11,4 milhões de caixas.
3.
CHIVAS REGAL A terceira marca mais vendida nos duty free também pertence à Pernod
Ballantine’s vendeu, em 2012, 596 mil caixas, representando uma subida de 2,8% face a 2011. Em termos de quota de mercado nos duty free, Ballentine’s fica-se pelos 2,8%. Embora as vendas globalmente tenham caído, Ballentine’s continua a ser a segunda maca de whisky mais vendida em todo o mundo.
Ricard. Curiosamente, o terceiro lugar da Chivas Regal não corresponde à posição que ocupa nas vendas globais das bebidas espirituosas, já que não aparece no top 10. Nos duty free, no entanto, a marca vendeu, em 2012, mais de 931 mil caixas, correspondendo a uma subida de 4,6%, contra as 890,5 mil de 2011, fazendo com que a marca detenha uma quota de mercado nos duty free de 4,4%.
4.
JACK DANIEL’S Em quarto lugar, aparece um dos maiores ganhadores deste relatório, com uma evolução de 11,8% face a 2011, tendo chegado, em 2012, às 733,2 mil caixas vendidas. A marca beneficiou muito da campanha de marketing efectuada, bem como de uma maior visibilidade do conceito Jack Daniel’s nos pontos de venda dos aeroportos, chegando a uma quota de 3,4%.
5.
BAILEYS A segunda marca da Diageo presente neste ranking viu as vendas aumenta-
9. rem 1,3% de 2011 para 2012, atingindo as 711,6 mil caixas, colocando-a com uma quota de 3,3%. Globalmente, Baileys vendeu 6,5 milhões de caixas em 2011.
6.
BACARDI Outra das marcas que não detêm a mesma reputação e sucesso que possuem globalmente é a Bacardi. Se em 2012 vendeu um total de 19,8 milhões de caixas, tornando-se na segunda bebida espirituosa mais vendida do mundo, nos aeroportos a Bacardi vendeu só 638 mil caixas (3% de quota), correspondendo a uma subida de 6,1% em relação a 2011.
7.
SMIRNOFF Apesar de ser a bebida espirituosa mais vendida em todo o mundo, esse sucesso não é traduzido nos duty free, onde a Smirnoff tem menos de 3% de quota. Se em 2012 a marca vendeu 26,3 milhõ es de caixas, as vendas nos aeroportos chegaram somente às 632,5 mil caixas, embora represente uma subida de 8,2% face às 584,6 mil caixas vendidas em 2011.
8.
BALLANTINE’S Esta é a terceira marca da companhia francesa a constar neste top 10.
HENNESSY A primeira marca do universo LVMH (Louis Vuitton Moët Hennessy), embora tenha registado um crescimento nas vendas no duty free, ficou aquém da evolução do principal concorrente – Courvoisier, da Beam. Em 2012, a marca Hennessy aumentou as vendas em 3,4%, para 476,2 mil caixas, o que permitiu manter a nona posição com uma quota de 2,2%.
10.
COURVOISIER Em último lugar deste ranking aparece a Courvoisier, que registou o maior crescimento do top 10 da IWSR (20%), passando de 322,2 mil para 389,4 mil caixas, garantindo-lhe uma quota de 1,8% em 2012.
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vinhos
/Miguel Pinho e José Oliveira, organizadores do Angola WINE Festival
Luanda foi durante três dias não só a capital de Angola como também a capital do vinho. No final do evento, falámos com os organizadores, que garantiram estar de regresso em Outubro de 2014.
“Já se justificava um evento desta natureza” >> Victor Jorge
M
ais de 500 vinhos em prova, quase 4500 visitantes. Estes são os números do Angola WINE Festival, evento que reuniu durante três dias alguns dos melhores vinhos que se podem beber em Angola. Do lado dos organizadores já existem certezas: em 2014 haverá uma segunda edição com mais e melhores vinhos e com o objectivo ambicioso de chegar aos 10 000 visitantes. Distribuição em Expansão: Após três dias de Angola WINE Festival, que balanço fazem do evento? Miguel Pinho/José Oliveira: O balanço é francamente positivo. Conseguimos confirmar o Angola WINE Festival como a referência em termos de evento vínico em Angola, quer junto de profissionais quer junto do público interessado. Qual o feedback recebido por parte de expositores e visitantes do evento? Por parte dos expositores, a reacção foi muito positiva. Foi unânime a cer-
>> Manuel Vicente
teza de que o mercado já justificava um evento desta natureza. A qualidade apresentada ao nível do serviço, o cuidado estético do Angola WINE Festival, além da presença de grandes figuras do vinho, ajudaram a fortalecer a ideia de que o Angola WINE Festival será um evento fundamental na estratégia de cada marca para a sua promoção. Por outro lado ainda, os visitantes foram claramente surpreendidos pela qualidade do evento, pela sua organização, pela grande e excelente oferta de vinhos apresentada e pelo formato próximo mas de grande qualidade que lhes permitiu provar grandes vinhos. Nesse facto também residiu parte do sucesso obtido. Quantos vinhos estiveram em prova ao longo dos três dias? Pelas contas da organização, os vinhos em prova superaram os 500. É um número impressionante que apenas foi perceptível no local e ao longo dos três dias. Tivemos uma adesão dos profissionais da restauração e hotelaria mui-
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to relevante, efectivamente existiram casos de presença assídua ao longo dos três dias para conhecerem melhor os vinhos existentes no mercado e novos produtores que se apresentaram ao mercado pela primeira vez. E qual foi o feedback relativamente às actividades paralelas? Esta talvez foi a maior surpresa de todas. Nem nas nossas melhores expectativas pensávamos que a adesão de profissionais e público interessado fosse tão maciça. Todas as acções estiveram lotadas, todas elas sem excepção tiveram o condão de reforçar a cultura vínica em Angola e aproximar os consumidores das diferentes marcas presentes nestas actividades. Neste factor também reside a confirmação de que o momento do mercado actual, em que a sofisticação está muito presente, foi o ideal para criar este conceito! O cada vez maior conhecimento por parte dos consumidores angolanos foi perceptível no evento?
produção /Miguel Pinho e José Oliveira, organizadores do Angola WINE Festival Na verdade, essa tónica foi notada por todos os expositores. Ao longo dos três dias, além da visita dos profissionais, contámos com a visita de um público muito esclarecido e exigente. Foi a confirmação de que o consumidor está cada vez mais informado, percebe mais sobre vinho e quer saber mais sobre vinho. Outro factor muito positivo foi a presença dos principais enólogos, produtores e empresários do sector, que ajudou ainda mais a valorizar a visita. Todos os visitantes puderam colher informações na primeira pessoa directamente de quem faz o vinho. O esforço da organização para envolver as personalidades do vinho também foi notado e valorizado pelos visitantes do evento ao longo dos três dias. Na conferência de imprensa antes do evento, referiram que o Angola WINE Festival é uma maratona, e não uma corrida de 100 metros. Para que data estão a programar então o evento de 2014? A 2.ª edição do Angola WINE Festival
está assegurada para Outubro de 2014. O evento passou de um projecto para uma certeza, bem acolhido por profissionais, público, pelo mercado em geral e pela imprensa nacional. O último dia do evento foi, desde logo, o primeiro dia de trabalho em torno da próxima edição, tal o entusiasmo dos agentes económicos e de todos os envolvidos no evento, directa e indirectamente! A fasquia para o evento de 2013 foi colocada acima da média. Para melhorar no próximo ano, quais os aspectos/factores a ter em conta: mais expositores, mais vinhos, melhores vinhos, mais visitantes? Como organizadores, tentaremos superar os números deste evento, sem querer parecer arrogantes, parece-nos que quem esteve confirmou a boa opção que fez, quem não esteve percebeu a enorme diferença qualitativa que existiu neste evento. Por isso mesmo o número de expositores irá crescer, o número de visitantes igualmente, sendo que objectivamente a quantidade de vinhos e a sua qualidade irão ob-
viamente reflectir essa tendência. No evento de 2013, revelam que tiveram 4356 visitantes. Uma meta de 10 000 visitantes em 2014 será plausível? O que será necessário para o alcançar de tal objectivo? A meta dos 10 000 visitantes será um objectivo. Estamos convictos de que,
tendo sido a adesão tão grande de visitantes nesta edição, aliados à continuidade da comunicação ao longo do ano por parte da organização, esse número será atingível!
E já têm algumas ideias para melhorar o evento do próximo ano? Existem sempre pontos a melhorar. Fundamentalmente, pretendemos aumentar o número de visitantes, pretendemos aumentar a oferta ao nível dos expositores, ter ainda mais actividades, envolvendo de uma forma directa mais a cidade de Lu“Durante três dias anda no evento. O espírito tiveram em degustação do vinho e da boa gastronomais de 500 vinhos. mia deverá alargar a sua acção para além das fronteiras Para 2014, o evento tem físicas do evento.
“
data marcada para Outubro e o objectivo é superar todos os números alcançados em 2013
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Como gostariam de ver referido o evento de 2013 junto de quem o visitou? Como uma experiência única, como algo inesquecível, algo a repetir ainda com maior intensidade.
vinhos /João Nicolau de Almeida, director-geral da Ramos Pinto
“O consumidor angolano não descobriu ainda as verdadeiras potencialidades do vinho do Porto” >> Victor Jorge
>> Duarte Lima Villas
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oram poucas horas, mas deu para perceber que os vinhos da casa Ramos Pinto são apreciados em Angola. Desde os brancos aos tintos, passando pelo vinho do Porto, a importação para território angolano está a cargo da Cinco Sentidos. Distribuição em Expansão: Esteve há relativamente pouco tempo num evento de promoção dos vinhos da Ramos Pinto. Que receptividade tiveram os néctares? O evento organizado pela Cinco Sentidos, no Hotel Baía, teve uma presença muito significativa das forças de venda
Presente em Luanda para um jantar de degustação, a revista Distribuição em Expansão falou com o responsável da casa Ramos Pinto. Destacando a importância do mercado angolano, o recado ficou dado: seria bom que os políticos portugueses conhecessem a realidade das marcas de vinho portuguesas em Luanda.
O consumidor angolano demonstra especial apetência por vinhos tintos de grande qualidade. No caso da Ramos Pinto, o Duas Quintas e o Duas Quintas Reserva são os mais apreciados. Contudo, os vinhos brancos começam a marcar presença no mercado, uma vez que estes vinhos já viajam em condições de grande estabilidade, chegando ao destino com a qualidade desejada. No caso do vinho do Porto, este regista tradicionalmente um aumento de vendas no período natalício, mas julgo que o consumidor angolano não descobriu ainda as verdadeiras potencialidades deste produto. Creio que, com mais
O facto de a distribuição moderna e o canal Horeca em Angola viverem um período de franco desenvolvimento é benéfico para o vinho de forma geral e para os vinhos portugueses em particular? Com certeza que sim. Traz uma exposição muito maior dos nossos vinhos. Os produtores de vinho portugueses têm sabido aproveitar a proximidade existente com o consumidor angolano? Acho que sim. Os angolanos e os portugueses têm uma afinidade cultural muito profunda, e para isto contribui bastante a maneira de viver e, neste caso, de beber. Estão em Luanda quase todas as marcas portuguesas, e é bom que os nossos políticos conheçam esta realidade. Se tivesse de escolher um vinho, um só, para dar a conhecer a casa Ramos Pinto em Angola, qual seria? Desculpe-me, mas não escolhia um mas, sim, dois: um Duas Quintas Tinto Reserva e um Porto Tawny 10 Anos.
dos diferentes canais estabelecidos em Luanda e não só. Que importância tem o mercado angolano para a Ramos Pinto? É um mercado muito importante, na medida em que se encontra em franca expansão, com grande poder de compra e interesse por vinhos de qualidade. Durante o evento, foram degustados vinhos brancos, tintos e vinho do Porto. Na sua opinião, qual o preferido pelos consumidores angolanos?
informação e maior promoção, o mercado verificará que o vinho do Porto é um excelente produto para se beber a uma temperatura de cerca de 18o, aproveitando assim toda a força da fruta e o aroma que este vinho de reconhecimento mundial nos oferece.
A promoção dos vinhos da Ramos Pinto está a cargo do importador/distribuidor – Cinco Sentidos –, ou também da Ramos Pinto? Só e exclusivamente da Cinco Sentidos. Penso que esta empresa compreendeu bem a importância de ter uma distribuição especializada em vinhos e com exclusividade. Só assim poderão garantir qualidade aos seus fornecedores e clientes.
Os vinhos da Ramos Pinto estão disponíveis em que canais de venda: off trade e on trade? Nos dois. De momento, o mercado em geral ainda não esta bem definido. Veremos no futuro o que se passará.
É em eventos como o jantar de degustação realizado recentemente que se dá, de facto, a conhecer os vinhos ao consumidor angolano? Há várias formas de promoção de vinhos, mas, para mim, esta possibilidade
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de ter contacto directo com os nossos clientes torna-se um bom complemento para o vinho. O vinho que fazemos não é para nós bebermos, é para os outros beberem. Assim, este contacto dá-nos a oportunidade de ver a outra parte, ou seja, o que pensam as pessoas que vendem o nosso vinho e os próprios consumidores. A casa Ramos Pinto sempre optou pelo contacto personalizado. Têm prevista alguma acção de ponto de venda na distribuição moderna para divulgação dos vinhos agora que se aproxima o Natal? Com certeza que a Cinco Sentidos está atenta a esta época festiva. A Ramos Pinto está desde o início com esta empresa e já tem programas estabelecidos. Contudo, a oferta de cabazes parece-me uma forma cultural muito específica, talvez herdada de Portugal… Qual o volume exportado pela Ramos Pinto para o mercado angolano? É um mercado para nós, Ramos Pinto, em franca expansão. De momento não gostaria de avançar números, mas é um dos dois países mais importantes para os vinhos de mesa Douro. Mas esse valor tenderá a aumentar? Espero que sim. A nossa parceria com a Cinco Sentidos tem um sexto sentido muito importante, que é a amizade. Que perspectivas tem para este ano de 2013 e para 2014? As perspectivas para 2013 são francamente superiores às de 2012 em termos de quantidade e de qualidade. Quanto às perspectivas para 2014, como se diz na gíria futebolística: “prognósticos, só no final do jogo”.
leituras
/livros
Makers – A Nova Revolução Industrial
N Autor(es): Chris Anderson Edição: 2013 Editora: Actual Editora Págs.: 276 Preço: 17,91 € (2340 Kz)
uma época de design e criação de produtos personalizados e “faça você mesmo”, o potencial colectivo de milhões de entusiastas começa a fazer-se sentir na economia, impulsionando a nova era da indústria transformadora. Em Makers, Chris Anderson, director da revista Wired e autor de A Cauda Longa e Free – O Futuro É Grátis, ambos publicados pela Actual, revela-nos que está em curso uma nova revolução industrial. Os empresários actuais, com a ajuda do design de código aberto e da impressão 3D, estão a usar técnicas de microfabricação para criar variadíssimos produtos em pequenos lotes, em geral personalizados para clientes específicos e com margens mais elevadas. Para permanecer economicamente forte, cada país tem de fabricar produtos físicos se não quiser tornar-se uma nação de cozinheiros e empregados de mesa. No entanto, na América e na Europa, tornou-se cada vez mais difícil manter a fabricação de produtos, pois houve indústrias inteiras que transferiram as suas fábricas para a Ásia e para outros países de custos baixos. A solução, garante Anderson, está na revolução da fabricação de desktop, que mudará o mundo da mesma forma que o computador pessoal. As ferramentas da produção fabril, da fabricação digital aos serviços de fabricação online, estão agora à disposição de toda a gente; empresas minúsculas podem fabricar produtos em lotes tão pequenos quanto uma unidade ou tão grandes quanto as dezenas de milhares. Qualquer pessoa com uma ideia pode criar uma linha de montagem com pouco mais do que um clique do rato. Além disso, graças ao crowdfunding e ao financiamento social, os empresários já não dependem de investidores de risco ou da banca para financiar as suas ideias. E com o alcance global da Internet, num instante os empresários podem vender os seus produtos a consumidores no seu próprio país ou em todo o mundo, tirando igualmente partido de novas empresas que criam novas plataformas e mercados para juntar compradores e vendedores.
O Futuro – Seis forças que irão mudar o mundo
D Autor(es): Al Gore Edição: 2013 Editora: Actual Editora Págs.: 604 Preço: 20,61 € (2690 Kz)
esde a época em que desempenhava cargos públicos, fosse no Congresso ou como vice-presidente dos EUA, que Al Gore nos tem vindo a alertar para a promessa e os perigos das verdades emergentes, por muito inconvenientes que sejam. Fruto de uma investigação exaustiva e da análise de casos paradigmáticos, O Futuro identifica as principais forças emergentes que irão moldar os tempos vindouros: as mudanças em curso na economia global, a alteração no equilíbrio de poder geostratégico e o papel dos Estados e nações; as revoluções digital e biotecnológica, a crise climática e a transição energética para as renováveis; o desafio demográfico, o consumo dos recursos do planeta, a medicina e a saúde; e, por fim, a emergência de uma consciência global que transcende fronteiras. Um roteiro para os desafios que a civilização humana irá enfrentar.
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novidades
AZEITE EM SPRAY
DANONE DÁ MIMOS A Danone lançou recentemente a nova gama Mimos, disponível em embalagens de quatro copos, nas variedades de Chocolate e Flan. Inserida na linha Corpos Danone, a nova aposta doce da companhia especialista em iogurtes tem 0,9% de matéria gorda e foi pensada para “todos aqueles que se preocupam com o corpo e optam por uma alimentação equilibrada e um estilo de vida saudável, sem abdicar do prazer dos doces sempre que apetece”, explica a marca em comunicado.
THE BALVENIE DOUBLEWOOD COM 17 ANOS A destilaria The Balvenie alargou o seu portfólio de produtos com o lançamento de The Balvenie DoubleWood 17 anos. “O whisky DoubleWood 17 Anos é um parente mais velho do DoubleWood 12 Anos, o mais popular da família The Balvenie. A versão mais recente de, 17 anos, partilha o mesmo ADN, o sabor doce e as mesmas especiarias características da versão 12 anos, mas é totalmente diferente, com notas mais apuradas de baunilha, traços de maçã verde, caramelo cremoso e uma riqueza e complexidade impressionantes”, refere a marca. David Stewart, malt master da marca, diz que tem sido um grande prazer criar o DoubleWood 17 anos. “Fiquei maravilhado com o resultado final e espero que todos os entusiastas dos whiskies Single Malt The Balvenie também o fiquem. Seja qual for o lugar para onde viaje no mundo, The Balvenie DoubleWood 12 Anos é o whisky que as pessoas são mais susceptíveis de terem desfrutado. É também um dos whiskies de que tenho mais orgulho quando olho para os 50 anos que passei na destilaria, sendo também por isso que tem sido tão emocionante criar esta versão com um maior período de envelhecimento.”
Conheça os mais recentes lançamentos de produtos nestas páginas da Distribuição em Expansão
FUSÃO DE SOM A Sound Fusion lançou para este Natal os novos auscultadores (in ear) que oferecem uma qualidade de som profissional e que são totalmente personalizáveis, desde o molde até ao design. O molde é feito à medida, por técnicos profissionais, o que permite melhorar a qualidade do som obtido, e o seu design é personalizável, com uma diversidade de cores e insígnias à escolha do cliente. Com um elevado nível de precisão e equilíbrio, cada auricular apresenta uma configuração interna composta por modelos de três e quatro vias utilizando auscultadores com Balanced Armature (BA) e um crossover integrado de duas vias. O resultado é uma resposta de frequência com graves fortes e detalhados, e uma clareza de som impressionante. A protecção auditiva é outra das apostas da Sound Fusion. Desenvolvidos para proporcionar uma melhor protecção quando expostos a elevados níveis de ruído, os filtros da Sound Fusion permitem ouvir um som natural. Confortáveis e personalizados, estes filtros acústicos atuam por mais tempo e de forma segura, sem o risco de danificar a audição.
DELTA QONTRAST: UM BLEND, DUAS TORRAS A Delta Q reforçou a sua aposta em inovação, lançando o lote Qontrast. Esta edição limitada diferencia-se ao apresentar duas versões de torra do mesmo café: Qontrast Dark Roast e Qontrast Light Roast, dois aromas únicos de qualidade concebidos a pensar em todos os apreciadores e amantes de café. A gama Qontrast apresenta um único blend, com duas torras diferentes e 100% naturais. O Qontrast Dark Roast apresenta uma torra intensa, dando origem a um café de sabor mais forte e amargo, com menor grau de acidez, por sua vez o Qontrast Light Roast apresenta uma torra mais clara, que proporciona um aroma suave e delicado, com um suave toque de acidez. #50
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A Oliveira da Serra (grupo Sovena) apresentou o primeiro azeite português em spray. Com um formato inovador e prático, que permite três utilizações distintas – gotas, fio ou spray –, o novo Oliveira da Serra Q.B. é ideal para temperar à mesa, decorar ou finalizar pratos. O novo spray é um azeite virgem extra, criado a partir de azeitonas maduras seleccionadas, evita os desperdícios e facilita a confecção de pratos “profissionais”. “Desde sempre que procuramos soluções que facilitem o dia-adia dos portugueses e foi por acreditarmos nas novas ideias que lançámos o spray, que veio oferecer aos consumidores uma forma prática e divertida de usar azeite quer à mesa quer enquanto cozinhamos. E para levar a magia do azeite mais longe, incorporámos um doseador que permite obter fio, spray ou gota, diversificando as suas utilizações culinárias”, explica Isabel Roseiro, strategic marketing manager da Oliveira da Serra. O Oliveira da Serra Q.B tem um QR code na embalagem que conduz a uma lista de receitas, feitas pelo chefe Vítor Sobral.
VIP
VERY IMPORTANT PROFESSIONAL Barómetro dos Notáveis
Um painel de profissionais dará, mensalmente, a sua opinião sobre questões da actualidade colocadas pela redacção da Distribuição em Expansão. Trabalhadas, a posteriori, estatisticamente, ficará a saber o que os profissionais convidados pensam sobre determinado assunto, mas nunca de forma individual, mas em grupo
1. Agostinho Kapaia, Presidente do grupo Opaia 2. Aguinaldo Jaime, Jurista 3. Albano Lussati, Vice-presidente da UNACA, Confederação das Associações e Cooperativas de Camponeses de Angola 4. Estevão Daniel, Administrador da Refriango 5. Filipe Lemos, Presidente Executivo da LIDE Angola (Grupo de Líderes Empresariais) 6. Galvão Branco, Consultor empresarial da GB Consultores Reunidos 7. Gomes Cardoso, Presidente do Codex Angola, Comité Nacional para o Código Alimentar Angola 8. Jorge Baptista, Presidente da Associação dos Empreendedores de Angola (AEA) 9. Jorge Coelho Pinto, Director da Jotil 10. José António Rousseau, Docente, Consultor e especialista em Distribuição Moderna 11. José Macedo, Director-geral da Lactiangol
12. José Severino, Presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) 13. Judith Correia, de CEO da Golden Broker, SCVM S.A. 14. Luís Reis, Presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) 15. Luís Sambo, Jurista, Projecto Executivo para a Reforma Tributária 16. Luis Santos Moura, Conselheiro Económico e Comercial da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) 17. Luíz de Mattos, Director-geral da Alimenta Angola 18. Manuel Monteiro, Director da FertiAngola 19. Manuel Victoriano Sumbula, Administrador da Coca-Cola 20. Matos Cardoso, CEO da Feira Internacional de Luanda (FIL) 21. Manuel Lopes, Directora-geral da MAXI 22. Paulo de Carvalho, Director-geral da ScoreDistribuição
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23. Paulo Trindade, CEO da Abacus, Consultora Imobiliária 24. Pedro Miguel Silva, Senior Manager da Deloitte Angola 25. Raúl Mateus, Sócio-administrador da Pomobel 26. Regina Santos, Pesquisadora do CEIC, Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola 27. Renato Azevedo, Presidente-executivo da Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola (AEBRAN) 28. Ricardo Gerigk, Delegado do Escritório da Economia Alemão em Angola 29. Rui Catalo, Administrador da Casa dos Frescos 30. Rui Malaquias, Docente e economista 31. Rui Miguel Nabeiro, Administrador da Delta-Cafés 32. Rui Santos, Presidente da Sistec 33. Victor Kavinokeka Paulo, Presidente da Câmara de Comércio e Indústria (Huambo)
VIP
1.
O turismo foi apontado durante o WRC Africa 2013 como um dos sectores que mais poderão influenciar e impulsionar a distribuição moderna em África. Concorda com esta afirmação?
2.
Foram quatro os maiores desafios apontados pelos participantes do WRC Africa 2013 para se abrir um negócio em África. Qual deles é para si o maior desafio?
a) Sim
a) Imobiliário
b) Não
b) Regras de importação
c) Se for um turismo para as massas, sim. Se for de luxo, não
c) Cadeia de abastecimento d) Burocracia e legislação
d) Existem outros sectores bem mais importantes do que o turismo para impulsionar a distribuição moderna
3.
Apontadas durante o WRC Africa 2013 foram também as grandes oportunidades existentes nos países africanos. Com qual concorda mais?
4.
Que frase caracteriza melhor o actual estado da economia africana?
a) Marca da distribuição/própria
a) “O sector privado será o principal impulsionador da economia africana”
b) Cartões de fidelização b) “O sector informal ainda vai perdurar durante muitos e muitos anos, se não décadas”
c) E-commerce d) Customização de serviços
c) “Investir em África é um misto de risco e oportunidade” d) “Quando se resolve um problema, levanta-se imediatamente outro”
5.
A África do Sul foi apontada como querendo ter a pretensão de ser a porta de entrada para África. Que outro país poderá ter esse papel?
6.
Os países em maior destaque durante o WRC Africa 2013 foram África do Sul, Quénia e Nigéria. Se fosse investidor, em que países, além destes três, investiria?
a) Nigéria b) Angola c) Namíbia d) Quénia
a) Mauritânia b) Namíbia c) Angola d) Moçambique e) Tanzânia f) Camarões g) Rep. Democrática do Congo h) Costa do Marfim i) Senegal
e) Tanzânia
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afechar! NEGÓCIO P&G CRESCE 10 VEZES
A Procter & Gamble (P&G) revelou recentemente, pela voz do director-geral para a África do Sul, Michael Yates, que o negócio africano cresceu dez vezes na última década. Apesar dos desafios e dificuldades inerentes à operação africana, Yates referiu que a companhia não vê estas questões de forma diferente de outros mercados em desenvolvimento. O responsável pela operação do gigante norte-americano admitiu mesmo que as perspectivas para o futuro são positivas, já que, “com uma demografia a mostrar que 50% da população tem menos de 15 anos e com uma classe média em crescendo, os argumentos do lado do consumidor são atractivos” para uma empresa como a sua. Certo é que a P&G irá investir 1,6 mil milhões ZAR (cerca de 15,2 mil milhões Kz) numa nova unidade fabril na África do Sul para abastecimento dos mercados do Sul e Oriente africanos. Nas palavras de Yates, a explorar está, também, o mercado dos gelados, já que “o consumo per capita ainda é muito baixo, mas com uma clara tendência para subir”.
1 MILHÃO PS4 EM 24 HORAS Lançada a horas para o Natal deste ano, a Sony revelou recentemente que vendeu um milhão de consolas PlayStation 4 em apenas 24 horas depois do lançamento da consola nos mercados norte-americano e canadiano. O responsável norte-americano pela Sony Computer Entertainment, Andrew House, disse em comunicado que “as vendas mantêm-se muito fortes na América do Norte”, tendo a Sony afirmado que quer vender 5 milhões de unidades PS4 até Março de 2014, quando termina o seu ano fiscal. Em Agosto, as pré-encomendas da consola já tinham ultrapassado um milhão de unidades, desempenho importante tendo em conta que a principal concorrente, a Xbox One, da Microsoft, também será lançada brevemente.
LACTIANGOL DÁ PRÉMIO A Faculdade de Medicina Veterinária do Huambo, da Universidade José Eduardo dos Santos, instituído pela Ordem dos Médicos Veterinários de Angola e patrocinado em exclusivo pela Lactiangol atribuiu, recentemente, o prémio de melhor aluno finalista, no valor de 1,5 milhões Kz, a Pedro Roberto Afonso. Este prémio destina-se a valorizar o ensino superior, particularmente da Faculdade de Medicina Veterinária do Huambo, sublinhando o bom aproveitamento dos alunos e o trabalho docente e de investigação, realizado pela comunidade escolar. Em nota de imprensa, a administração da Lactiangol refere que “a alavancagem da produção nacional só será possível de uma forma estruturante e sustentada, se soubermos investir na formação dos quadros nacionais, implementando uma política de qualidade no ensino e de paixão pela investigação científica, inovação e desenvolvimento tecnológico”. Este prémio de mérito com uma forte componente pecuniária pretende apoiar o lançamento na vida profissional do galardoado, proporcionando-lhe condições materiais para um início de carreira que facilitem o seu crescimento enquanto quadro nacional dedicado ao apoio da produção pecuária e ao desenvolvimento técnico e tecnológico do país.
50% DOS ALIMENTOS NUNCA CHEGAM AO CONSUMIDOR Uma questão que preocupa cada vez mais o mundo é o desperdício de alimentos. O World Economic Forum, com o Conselho para a Logística e Sistemas da Cadeia de Abastecimento, refere numa recente análise sobre África que as infra-estruturas de transporte são “grande parte do problema”, adiantando que “investir em estradas, caminhos-de-ferro e portos será a melhor forma de reduzir tempo e perdas”. O WEF chama, contudo, a atenção para a crescente importância da cadeia de abastecimento e do seu correcto funcionamento, verificando-se que em muitos países os canais de distribuição estão fragmentados, são complexos e ineficientes.
O SÉCULO AFRICANO Numa iniciativa do World Economic Forum (WEF), Ashish Thakkar, fundador e directorgeral do Mara Group e membro do Global Agenda para África 2012-2014, respondeu aos participantes no Twitter e no Facebook sobre questões relacionadas com o desenvolvimento do continente africano. Thakkar referiu ainda que não só as economias estão a diversificar como é possível registar uma maior estabilidade política e o surgimento de investimentos estrangeiros directos. Quanto à questão da importação vs. exportação, Thakkar refere que o sector privado terá um “papel fundamental” nesta questão. Para este analista, África é um mercado com um enorme potencial de crescimento, admitindo que “chegou o século de África” e que este “veio para ficar”.
UMA DÚZIA MAXI A Maxi abriu recentemente a 12.ª loja na localidade do Cacuaco (junto ao Hotel AAA). A Maxi Cacuaco conta com uma área de vendas de 3000 m2 e disponibiliza à população um vasto sortido de produtos, nomeadamente frutas e legumes, congelados, lacticínios, bebidas, mercearia, produtos de higiene e limpeza, bazar e electrodomésticos. Esta loja também oferece serviço de padaria com pão fresco todos os dias e o espaço Maxi Grill com grelhados para take away. Até ao final do ano, a Maxi inaugurará mais uma loja no Bairro Rocha Pinto, terminando o ano com um total de 13 lojas, mais três que em 2012. No próximo ano, a rede prevê abrir mais um conjunto de lojas das insígnias Maxi e Bompreço, dando assim continuidade a uma forte política de expansão. “O nosso intuito é continuar este ritmo de abertura de novas lojas. Isso permitirá fazer chegar os nossos produtos a cada vez mais pessoas, contribuindo para a criação de novos empregos, para a requalificação urbana e para o desenvolvimento de cada região em que operamos”, diz Manuel Lopes, director-geral da Maxi. A Maxi Cacuaco encontra-se inserida no complexo Maxipark, que integra mais 500 m2 de área para outras lojas, na qual abrirá uma loja TDA com motos, geradores, peças e acessórios, e onde estão previstas igualmente uma farmácia, uma pastelaria, uma sapataria e um banco. Com um investimento total de cerca de 20 milhões USD, este empreendimento vem criar mais de 120 novos postos de trabalho directos e 80 indirectos.
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