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>>Junho >>ano I >>Director: António Pedro

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>>Director Executivo: Victor Jorge >>Periodicidade: Mensal >>Propriedade: Score Media

Modernização

Inspecção

Privatizações

Novas regras para o comércio grossista

Bivac, SGS e Cotecna perdem negócio

Gestão Poupa Lá passa a privada

2013

>>Preço capa: 700 Kz

E ainda… • Sumol+Compal produz em Moçambique • 24 Horas com ... • A opinião dos VIP • As novidades

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MARCA EM CRISE. O QUE FAZER! 01-02 Capa.indd 1

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editorial Senhora ministra, os consumidores agradecem!

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a edição de Maio desta revista, manifestámos preocupação neste espaço quanto à defesa do consumidor final, que frequenta com regularidade ou não as pequenas, médias e grandes superfícies comerciais modernas, sem descartar o mercado informal, que representa um peso significativo do sector da distribuição de um modo geral. Em causa estavam posições divergentes de dois conceituados laboratórios nacionais que prestam serviços de realização de análises laboratoriais de produtos importados. Trata-se dos laboratórios da Bromangol e do Laboratório Central Agro-Alimentar do Ministério da Agricultura. O primeiro remeteu às Alfândegas um relatório que espelha o resultado das análises feitas sobre 20% do total dos produtos importados de Janeiro a Março deste ano, concluindo que 80% do que foi avaliado não tem qualidade para consumo humano, enquanto o segundo laboratório desdramatizou a situação. Tal situação deixou baralhados importadores, agentes grossistas e retalhistas que se consideram honestos, e até consumidores exigentes e atentos à nossa conjuntura. Estes últimos aguardavam por uma posição oficial que denotasse a defesa do consumidor. O que pouco se sabia é que o Ministério do Comércio estava atento à “novela” que gerou controvérsia quanto à veracidade ou não dos resultados opostos emitidos pelos dois laboratórios. Para se evitar situações semelhantes, no curto ou médio prazo, deixando os consumidores sem saber em quem acreditar – estes são os mais importantes de toda cadeia, porque sem eles não há importador, nem grossista, tão-pouco retalhista que sobreviva no mercado –, o pelouro do Comércio tomou uma medida a bem de todos. A partir de agora, nenhum laboratório em Angola deve publicar resultados negativos, conforme aconteceu, sem antes consultar um ou dois laboratórios de referência, no mercado nacional, para que haja confrontação de resultados. Se os respectivos laboratórios chegarem à mesma conclusão, avaliação negativa de determinados produtos, então é justo que se publique a informação sem deixar os consumidores divididos entre a verdade e a mentira. E assim ficou definido. Consequentemente, a ministra do Comércio conseguiu alterar outro quadro negativo junto de importadores e que gerava fortes suspeitas junto de consumidores. Acontece que as Alfândegas recusavam divulgar nomes de importadores, nacionais ou estrangeiros, cujos produtos que trazem para Angola, principalmente perecíveis (carnes, frangos, peixes, ovos, leite, etc.), apresentam condições impróprias para consumo humano. Um dos supostos argumentos de fundo era que, divulgando os nomes, se corria risco de tais importadores perderem credibilidade junto do mercado e fundamentalmente de seus clientes tradicionais, anexado ao facto de que a medida mais adequada consistia em agir de forma

ANTÓNIO PEDRO, Director

pedagógica diante dos players prevaricadores. Ao colocar ordem no “círculo” de importadores menos honestos, a ministra Rosa Pacavira entendeu que este género de importadores deve ter o nome divulgado caso insistam em trazer ao País produtos que afectam a saúde pública. Esta atitude é louvada por importadores que se consideram sérios e honestos, mas, infelizmente, estão cansados por serem arrolados no mesmo cesto que agrupa os prevaricadores regulares. Sendo Angola um país meramente importador, as autoridades assumem que entra muita mercadoria sem qualidade, e não seria justo proteger, através de decretos ou diplomas, quem traga carnes contaminadas para consumo da população. Acredita-se que, desta forma, os importadores escolherão a dedo os seus fornecedores e estabelecerão critérios próprios, segundo experiências vivenciadas nestes mercados, para não comprarem gato por lebre. É também uma posição que leva os importadores que agem pelo lucro gordo em detrimento da saúde do consumidor e rever suas estratégias de comércio moderno e ajudar a velar pela saúde pública dos angolanos e estrangeiros que cá vivem, senão lembraremos com facilidade os episódios que recordam os traficantes de vinagre dos séculos XVIII e XIX. Com estas duas medidas, a da concordância dos laboratórios na divulgação de resultados negativos sobre produtos importados e da publicação de nomes de importadores que regularmente violam as regras de saúde pública e até do Codex Angola, já se pode dizer que são factos que vão integrar os grandes momentos do comércio moderno neste ano. O Codex Angola – Comité Nacional para o Código Alimentar em Angola – é um organismo nacional multissectorial e multidisciplinar do Governo, encarregado de promover, elaborar e velar pela harmonização e pelo cumprimento de normas e códigos de uso internacionalmente aceites, incentivar a criação de infra-estruturas de controlo da qualidade, e estabelecer e assegurar a legislação nacional sobre os alimentos e práticas leais no comércio. Não têm sido poucos os apelos do Codex em prol de uma conduta exemplar da parte de importadores, no fito de se registar a entrada em Angola de produtos alimentares de boa qualidade, já que especialistas na matéria há muito defendem que os importadores que trazem mercadoria imprópria para consumo humano, mas se fazem de vítimas, estão conscientes de que nunca arriscariam importar as mesmas mercadorias a partir de mercados muito selectivos, como França, Espanha, Portugal, Alemanha, EUA, Japão, pois sabem do rigor neles aplicado. Diante da nossa conjuntura que se quer moderna, face às duas medidas bem aplicadas, aos laboratórios e aos importadores, só resta dizer: os consumidores agradecem, senhora ministra!

ficha técnica DIRECTOR António Pedro • DIRECTOR EXECUTIVO Victor Jorge • DIRECTORA GERAL DE REVISTAS Nilza Rodrigues CONSELHO DE GERÊNCIA Alexandre Mealha COLABORAM NESTE NÚMERO Marcelino Von Haff, César Silveira, Agostinho Kapaia, Aylton Melo FOTOGRAFIA Edson Chagas (Subeditor), César Magalhães, Lídia Onde PROJECTO GRÁFICO Rui Sampaio • IMPRESSÃO Printer • DISTRIBUIDORA VASPE, SA • DEP. COMERCIAL Cátia Amado • DEP. CONFERÊNCIAS Carina Amuedo DIRECÇÃO ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA Renato Moreira (Director), Garcia José, Herlander Tomás, Katila Denise, Rosa Ngola, Stanislau Pataca CONTACTOS 244 222 322 665 / 244 222 322 654 / 244 222 322 674 • Fax: 244 222 443 453 • Rua Damião de Góis, n.º 81 – Bairro de Alvalade, Luanda – Angola CONTACTOS E-MAIL distribuicaoemexpansao@scoremedia.co.ao REPRESENTAÇÃO EM PORTUGAL Estratégia Media • DIRECÇÃO-GERAL Nilza Rodrigues • DEPARTAMENTO ADMINISTRATIVO Amélia Saavedra • Contactos +351 927747062 REGISTO MCS-520/B2009

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índice #

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QUIZ/DIXIT

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DISTRIBUIÇÃO

06-08 Comércio grossista do centro de Luanda despede-se da concorrência

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desleal

10 Bromangol perde monopólio, mas pode surpreender mercado 12 Opinião Agostinho Kapaia, Empreendedor e presidente do conselho de administração do Grupo Opaia

14 Poupa Lá passa a gestão privada 15 Distribuição sueca não olha para Angola 16 Entrevista a Eunice Silva, directora de wholesale e franchising da Sonae MC 18 Alimentar minimiza quebras no retalho português 20 Bivac, SGS e Cotecna perdem negócio de inspecção pré-embarque 22 Agronegócio prevê fomentar mercado de distribuição alimentar

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24 HORAS COM…

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PRODUÇÃO

26

24-25 ... José Severino, presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) 26-28 Entrevista a Luis Cumbrera Tavares, Adjunto da Administração da Cofaco Açores

30 Privatizações de fábricas beneficiam distribuição à vista 32-34 Como gerir uma crise de marca?

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BEBIDAS

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VINHOS

36 Sumol+Compal já produz em Moçambique

36

38 Entrevista a António Alves, administrador da Atlanfina 40-41 Entrevista a Dora Simões, presidente da Comissão Vitivinicola Regional Alentejana (CVRA)

42 44 46

NOVIDADES DE PRODUTO VIP LEITURAS

46 Desta Vez É Diferente – Oito séculos de loucura financeira 46 Liderança Inteligente – Criar a paixão pela mudança

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DIXIT

quiz

“A nova estratégia é vender empresas não essenciais, reduzir os seus custos e os montantes dos subsídios atribuídos pelo governo.” Abrahão Gourgel, ministro da Economia de Angola, in jornal Expansão, 31 de Maio de 2013

1

Quantas são as empresaa que o Estado angolano pretende pivatizar até 2015? a) 15 b) 20 c) 30 d) 42

2

“Queremos ser mais audazes para a médio prazo invertemos a actual tendência [de importações].” Manuel António Monteiro, presidente da Federação das Cooperativas Agro-Pecuárias da província de Benguela, in Jornal de Angola, 3 de Junho de 2013

“Angola tem um potencial grande, agora é preciso desenvolvê-lo.” Ana Cabral, embaixadora do Brasil em Angola, in jornal

Quanto é que o Executivo de Angola vai destinar ao projecto que visa melhorar o escolamento da produção agrícola do País para os centros comerciais? a) 6,2 mil milhões Kz b) 5,8 mil milhões Kz c) 4,1 mil milhões Kz d) 7,5 mil milhões Kz

3

Qual o país que recentemente organizou, em Lisboa, um evento com o objectivo de encontrar parceiros para entrar em mercados como Angola, Brasil ou Moçambique? a) China b) Alemanha c) Reino Unido d) EUA

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Expansão, 6 de Junho de 2013

“Angola é um país que oferece grandes oportunidades.” José Eduardo dos Santos, Presidente de Angola, in jornal i, 7 de Junho de 2013

“Queremos desenvolver o comércio rural, construir infra-estruturas logísticas, reestruturar a rede comercial e incentivar o comércio de serviços.” Álvaro Soares Paixão Franco, secretário de Estado do Comércio, em Pequim, in Angop, 30 de Maio de 2013

“Não há como competir com uma empresa que não cumpre com requisitos legais.” José Severino, presidente da AIA, in Expansão online, 10 de Junho de 2013

Qual a produção diária de ovos que a empresa nacional Sociedade Aldeia Nova atingirá até ao final do primeiro semestre de 2013? a) 100 mil b) 250 mil c) 50 mil d) 200 mil

“Hoje, o fosso entre as empresas e as instituições de ensino superior está reduzido, o que e positivo.” Octávio Jimbi, pedagogo, in jornal Expansão, 14 de Junho de 2013

“Se Angola tem a capacidade de investir, então é melhor fazer agora. Este é o momento de apostar em tudo o que são actividades complementares à banca e ao petróleo. Aqui há ainda muito por se fazer no mercado retalhista.” Rui Paiva, administrador da SSI Angola, in jornal Expansão, 14 de Junho de 2013

Respostas: 1 = c); 2 = a); 3 = c); 4 = d)

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distribuição

/modernização rede grossista

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Bromangol perde monopólio, mas pode surpreender mercado

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Poupa Lá passa a gestão privada

Comércio grossista do centro de Luanda despede-se da concorrência desleal

>> António Pedro

>> Edson Chagas

O comércio grossista vai conhecer novas regras na capital do País. Emprega perto de 32 mil trabalhadores, possui 1036 estabelecimentos, mais de 50% destes estão instalados nas zonas do Grafanil, Hoji-ya-Henda e Kikolo. Os restantes 458 estabelecimentos, que representam 44,3% do total, podem transformar-se em cash and carry ou mudar-se para Viana, com apoio de bancos comerciais na concessão de crédito. Que efeito tem a medida governamental para grossistas, retalhistas e consumidor final? Saiba aqui e agora, na revista Distribuição em Expansão.

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Distribuição sueca não olha para Angola

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“Somos defensores da produção local”

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Alimentar minimiza quebras no retalho português

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Bivac, SGS e Cotecna perdem negócio de inspecção pré-embarque

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Agronegócio prevê fomentar mercado de distribuição alimentar

Armazéns grossistas no centro e bairros de Luanda BAIRRO/ZONA(S) Arredores da Capitania do Porto Arredores da Tua Cmdte. Kima São Paulo Ngola Kiluanji Rua da Samba Prenda e Samba Rocha Pinto Arredores do Prenda Bairro Indígena Bairro Nelito Soares Zona do Grafanil Marçal Hoji-ya-Henda Kikolo

N.º DE ARMAZÉNS GROSSISTAS 14 38 81 101 40 22 49 30 53 129 34 21 369 55

Fonte: Censo dos Estabelecimentos Comerciais de Angola, 2012

A

s novas regras para modernização do comércio grossista começam a indiciar uma perseguição à concorrência desleal. Até agora, não existem limites nos três ciclos da cadeia de comercialização, e os mais prejudicados são os players do retalho moderno. O primeiro ciclo tem que ver com a relação produtor/importador/grossista. O segundo entre o grossista e o retalhista, e o último faz uma ponte entre o retalhista e o consumidor final. Luanda representa 17,4% dos 5952 estabelecimentos comerciais grossistas que existem em todo o País. Na teoria, nenhum ciclo deve transpor a área de actuação de outro, mas, na prática, quer o produtor, quer o importador, bem como o grossista, no mercado nacional, vendem directamente ao consumidor final, consolidando a concorrência desleal e fazendo com que os retalhistas percam hegemonia no comércio. Depois de em 2007 ter sido aprovada a lei das actividades comerciais, pela Assembleia Nacional, passados quatro anos o Governo injectou 163,8 milhões Kz para a construção do Centro Logístico e de Distribuição (CLOD) de Viana, região de Luanda com mais de 2 milhões de consumidores, prevendo uma nova medida para a organização e modernização do comércio grossista. Para os grossistas atentos à conjuntura nacional do comércio, começava um alerta de transformações de fundo. Em 2011, as novas regras indicavam para o comércio grossista a transformação de armazéns em cash and carry – um sistema moderno do comércio a grosso que utiliza o livre serviço ou auto-serviço, no

qual os retalhistas se auto-abastecem sem precisar da presença física do proprietário do armazém. O formato desenhado por especialistas nacionais não surgiu ao acaso, conta um técnico que participou na elaboração da lei que dita o fim dos grossistas no centro de Luanda. “Começámos a trabalhar em 1996. Visitámos países cujos mercados são modernos como referência para criação de um modelo à nossa realidade”, esclareceu. Mercados modernos de comércio como Alemanha, Brasil, China, Espanha, Estados Unidos da América, Portugal, África do Sul, Namíbia e demais países da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês) receberam especialistas angolanos para troca de experiências e concepção de um modelo próprio. É assim que o novo formato estipula que

a prática do comércio a grosso deve ser proibida nas cidades, não apenas em Luanda, porque, posteriormente, vai se estender pelo País. Foi nestes termos que a ministra do Comércio, Rosa Pacavira, conversou, recentemente, com operadores nacionais e estrangeiros que actuam no mercado de Luanda sobre as novas regras que visam a modernização do comércio na capital. A ideia não era fechar todos os armazéns que estão na cidade de Luanda, principalmente, mas buscar-se um conjunto de alternativas de negociação com os comerciantes grossistas, para transformarem os seus armazéns em cash and carry. “O que nos anunciaram em 2011 não foi apenas de funcionarmos fora da cidade mas escolhermos a opção de transformarmos os armazéns em lojas modernas, de alimentos ou não, conforme os pequenos e grandes supermercados de

países modernos, para permanecermos aqui no São Paulo”, confessou um agente grossista oeste-africano, à zona da Gajajeira, ao São Paulo.

MUDAR-SE AO RETALHO As regras já apontavam que, caso determinado agente grossista não aceitasse transformar o seu armazém normal em cash and carry, devia aproveitar a infra-estrutura como minimercado, supermercado ou hipermercado, ou ainda centro comercial, segundo a dimensão do recinto. Desta forma, muitos grossistas, caso optassem pela segunda alternativa, passariam à categoria de retalhistas como condição única para permanecer o seu comércio na cidade e arredores, o que veio a constranger alguns players que vaticinavam perder os seus níveis de facturação, “raramente” divulgados. “O retalho é mais trabalhoso que o comércio a grosso, segundo a nossa realidade. É mais fácil instalar um armazém, empregar duas pessoas para vender os produtos e contratar estivadores para carregar as mercadorias, do que organizar uma estrutura funcional de retalho”, admitiu o empresário retalhista Luís Gaspar, que há anos tem feito a expansão do negócio de uma pequena rede retalhista, em Luanda. O incumprimento das regras implica a desactivação do comércio grossista para o município de Viana, concretamente no CLOD, que dista 30 quilómetros de Luanda, onde os agentes devem perspectivar novo modelo na relação com demais agentes económicos que intervêm neste processo, desde o produtor, exportador, importador e o próprio grossista. #07

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distribuição /modernização rede grossista Chegados a 2013, a aplicação prática das regras veio a consolidar-se. O Ministério do Comércio avisou os operadores de que desta vez é para valer, uma vez que o CLOD de Viana regista conclusão da sua segunda fase de construção, com a injecção neste ano de 5,2 mil milhões Kz, montante que permite a construção de dois hipermercados da rede Kero, o de Viana e do Nova Vida. Uma vez que as obras do CLOD caminham em velocidade de cruzeiro, com financiamento externo que representa 87,7% do total aprovado este ano, fica descartada a possibilidade de os grossistas merecerem prazos alargados para a transformação dos seus armazéns em infra-estruturas de retalho alimentar ou especializado, tendo em conta que, no encontro com a ministra do sector, os empresários não solicitaram este modelo prometido em 2011.

CONSTRANGIMENTOS EMPRESARIAIS Empresários do comércio grossista, receando a redução da carteira de clientes com a mudança para Viana, e, consequentemente, a redução dos níveis de receitas, quase nunca revelados junto do fisco, questionaram a ministra da tutela sobre se o conhecido episódio do Roque Santeiro se vai repetir. Trata-se de uma situação que exigiu a transferência de armazéns grossistas na vizinhança do então maior mercado angolano a céu aberto,

Comércio a grosso É a actividade comercial que consiste na aquisição de produtos aos importadores e/ou a produtores e na sua venda a grosso, realizada em instalações adequadas à natureza da mercadoria a comercializar, não efectuando venda directa ao público consumidor.

Comércio a grosso em livre serviço Sistema de comércio a grosso cujo método de venda consiste em expor as mercadorias à disposição dos clientes de forma a serem eles próprios a retirá-las e a levá-las à caixa para efectuar o pagamento. Fonte: CLei n.º 1/07, de 14 de Maio, das Actividades Comerciais.

o Roque Santeiro, no município do Sambizanga, para a zona do Panguila, a 30 quilómetros de Luanda, onde não havia infra-estruturas disponíveis segundo o número de operadores grossistas sujeitos a mudança. O empreendedor-grossista António Cordeiro, ao interagir com a ministra do Comércio, perante colegas seus, manifestou a necessidade de haver uma boa planificação quanto à transferência para Viana, o que não se verificou na mudança para o Panguila. O empreendedor pediu também transparência para o novo processo, receando os

“O novo formato estipula que a prática do comércio a grosso deve ser proibida nas cidades, não apenas em Luanda, porque, posteriormente, vai-se estender pelo País”

efeitos do caso Roque Santeiro, que levou a sua empresa à falência. A empresária Alice Van-Dúnen, do ramo de venda de bebidas, recordou que muitos agentes logísticos sedeados na zona decretaram falência após a mudança para o Panguila. Outra preocupação manifestada pelos players é sobre armazéns grossistas cujo valor imobiliário poderá, eventualmente, superar o do espaço a ser concedido no CLOD de Viana, bem como as regras para conseguir vaga no novo destino: Viana. João Santos, empresário de frescos, revelou que gastou 40 mil USD para a instalação de um posto de transformação que leva corrente eléctrica ao seu estabelecimento comercial no interior do bairro da Fubu, arredores do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro e da zona do Gamek Vila. “Pretendo saber como recuperar este dinheiro ao mudar-me para Viana”, indagou à ministra do Comércio.

SOLUÇÕES À VISTA A transferência de agentes

grossistas do antigo mercado Roque Santeiro para o mercado do Panguila levou à falência muitos operadores dos sectores da logística e da distribuição, o que se deveu, em parte, à anarquia verificada no comércio praticado na zona, assegurou a ministra. No Bairro Rocha Pinto, nas laterais da Avenida 21 de Janeiro, muitos grossistas deixaram de existir devido à necessidade de se alargar a rodovia para ampliar e modernizar a urbanização da área. “Muitos grossistas foram ao mercado do Panguila, mas maior parte não está lá. Recebemos muitas reclamações, naquela altura, de pessoas que afirmaram ter perdido os seus armazéns, mas para este novo Centro Logístico de Distribuição estamos a acautelar isto. Iremos fazer, primeiro, um diagnóstico municipal”, garantiu Rosa Pacavira. Para além da realização de seminários sobre o assunto, sob a égide da direcção provincial de Luanda do Comércio, vai realizar-se, igualmente, o levantamento de todos os comerciantes interessados em transferir-se para Viana. Os comerciantes que não tiverem recursos financeiros para erguer infra-estruturas no CLOD serão apoiados pelo Ministério do Comércio por intermédio de cinco bancos comerciais operadores para concessão de crédito. “Não vamos prejudicar os empresários grossistas, estamos a trabalhar de outra forma com o Banco de Desenvolvimento de Angola para se acautelar todas as situações que daí surgirem. Os empresários que sozinhos não conseguirem avançar neste processo podem fazer parcerias com outros. Estamos também abertos a parcerias público-privadas para os empresários que desejam mudar-se para o CLOD”, tranquilizou a ministra. Segundo a governante, o interesse do empresariado nacional vai ser salvaguardado. Entretanto, lamentou o facto de esta classe se ter acomodado no exercício da sua actividade, ao praticar o aluguer de alvarás aos comerciantes estrangeiros, isto em todo o País, sugerindo aos transgressores o retorno à prática do comércio ou a criação de parcerias com estrangeiros, excepto persistirem à violação da lei. O Ministério do Comércio criou o Centro de Apoio ao Empreendedorismo Comercial e formou 60 jovens para trabalharem com pessoas interessadas em desenvolver actividade comercial, desde a renovação de alvarás e fazer adesão ao CLOD. Quanto ao empresário que gastou 40 mil USD para a transmissão de electricidade ao seu empreendimento, de comércio de frescos, ficou a garantia de uma equipa do Comércio avaliar o processo.

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distribuição /Bromangol Depois de muitas reclamações de importadores nacionais e estrangeiros sobre o modelo adoptado pelo Serviço Nacional das Alfândegas, que “atribuiu” exclusividade ao laboratório privado da Bromangol para proceder às análises de laboratório sobre produtos importados, os ministérios das Finanças e do Comércio assinaram um protocolo que alarga o mercado para demais laboratórios.

Bromangol perde monopólio, mas pode surpreender mercado >> António Pedro

Q

uebrou-se o monopólio de análises laboratoriais detido pela Bromangol, desde Fevereiro deste ano. Os importadores buscaram concertação junto do Ministério do Comércio e associações empresariais para que tivessem o direito à preferência de laboratórios na fase de recolha de amostras para avaliação. Com o fim de exclusividade “imposto” sobre a Bromangol, a partir de agora os importadores passam a escolher o laboratório que melhor julgarem para análise de seus produtos importados. A assinatura de um protocolo, em Maio último, pelos ministros das Finanças, Armando Manuel, e do Comércio, Rosa Pacavira, que permite o alargamento do mercado de análises laboratoriais cimentou a posição dos importadores. Os preços praticados pela Bromangol, para realização de análises em amostras recolhidas nos contentores importados – vão de 44,4 mil Kz a 194,6 mil Kz –, um processo que é obrigatório, fundamentalmente para produtos perecíveis, são considerados avultados pelos operadores do mercado. Desta forma, termina a desavença entre importadores e o laboratório contratado pelas Alfândegas, que só no primeiro trimestre do ano corrente recolheu 2700 amostras e gerou 3525 resultados microbiológicos e 8530 resultados físico-químicos, apesar de estar equipado, tecnologicamente, para gerar 45 mil resultados analíticos por mês. A Bromangol foi o único laboratório que analisou 20% das mercadorias que entraram no País no primeiro trimestre deste ano, tendo concluído que 80% dos produtos avaliados estavam em condições impróprias para consumo humano.

EXPANSÃO AOS PORTOS A Bromangol tem em carteira a expansão da sua actividade para os demais portos do País e também para os postos aduaneiros, indicou recentemente a directora-geral da

>> DR

empresa, Maria Paula Parmigiani, num debate radiofónico promovido pela rádio LAC. A prioridade inicial recai para os portos de Cabinda e do Lobito, numa primeira fase. O conceituado laboratório privado, assim consideram especialistas na matéria, projecta instalar nos portos comerciais a mesma categoria de tecnologia do laboratório de Luanda e o mesmo nível de técnicos. Contudo, entre os portos comerciais de Cabinda, Soyo, Luanda, Lobito e Namibe, o da capital do País recebe entre 70% e 80% de toda a mercadoria importada anualmente. A expansão da Bromangol para os quatro portos extra Luanda implicaria correr atrás de um negócio que tem representado, na prática, uma quota que varia de 20% a 30%, no máximo, do total de mercadorias que o País importa. Para se perceber a realidade dos valores aduaneiros de mercadorias importadas nas regiões alfandegárias, em termos absolutos, e como o alargamento do mercado de análises laboratoriais retira peso de facturação à Bromangol, em 2012 Luanda registou 18,1 mil milhões USD, ao passo que Lobito assinalou 1,5 mil milhões USD; Namibe, 1,02 mil milhões USD, e Cabinda, 987 milhões USD. Os portos de Cabinda, Lobito e Namibe somaram, em conjunto, um total de 3,5 mil milhões USD, que representa 19,7% do total que caracteriza Luanda. Quanto à receita arrecada em 2012, cuja cifra é de 3,3 mil milhões USD, Luanda é o big market, a nível de regiões alfandegárias, com um registo de 2,7 mil milhões USD contra 210 milhões USD do Lobito; 207,4 milhões USD do Namibe e 142,2 milhões USD de Cabinda. Facilmente se percebe para que mercados de análises laboratoriais a Bromangol prevê entrar, sem concorrência directa nem indirecta à altura da norma ISO 17025, da qual está certificada por empresa internacional qualificada na matéria. Segundo especialistas, os demais laborató-

rios de Luanda, tal é o caso do Laboratório Central Agro-Alimentar, do Ministério da Agricultura, e um outro afecto ao Ministério das Pescas, não possuem recursos financeiros nem humanos para acompanhar o investimento privado previsto noutras regiões alfandegárias, dando assim “prioridade” à Bromangol.

EXTENSÃO AOS POSTOS FRONTEIRIÇOS Em 2011, o Executivo aprovou uma carteira de investimentos de 8,1 mil milhões Kz (84,3 milhões USD) para a construção de postos aduaneiros nas regiões fronteiriças de Calai, Katuitui, Calueque, Kuangar (no Kuando Kubango), Massabi e Yema (em Cabinda), Ruacana e Santa Clara (no Cunene), Luau (Moxico) e Noqui (Zaire). Nestas regiões, não existem infra-estruturas capazes para se realizar análises laboratoriais de produtos importados, principalmente perecíveis. É, pois, neste segmento de negócios que a Bromangol vai apostar no curto prazo. Ao contrário de demais regiões fronteiriças, a de Santa Clara é considerada rentável face à afluência de empresários angolanos à Namíbia, fazendo-se às compras, bem como empresários da região sul de Angola que preferem importar mercadorias por intermédio do porto namibiano de Welvis Bay ao do Namibe.

ALARGAMENTO DE MERCADO O protocolo assinado entre os ministros das Finanças e do Comércio, em Maio último, que alarga o mercado de análises laboratoriais de produtos importados para demais players, públicos e privados, havia sido anunciado em Abril pela titular do segundo departamento ministerial, Rosa Pacavira. As análises sobre produtos importados, principalmente alimentares, vão custar entre 20 mil Kz e 250 mil Kz, mas serão cobradas por pacotes onde um único pacote de análises de seis a sete produtos prevê custar 20 mil Kz, no mínimo, enquanto a Bromangol cobra cada análise. Rosa Pacavira havia reconhecido em Maio que, fruto de uma concertação com importadores nacionais e associações empresariais, se concluiu que era oportuno abrir mão para a aprovação de uma tabela de preços que favoreça o desenvolvimento empresarial da classe nacional, sem afectar o consumidor final. Face à concertação com importadores, a nova tabela, que vai ser publicada em breve, é de total consenso destes e despachantes. Contudo, até ao fecho desta edição, os importadores continuavam a aguardar pela publicação da nova tabela de preços de análises como resultado do protocolo assinado entre os ministros das Finanças e do Comércio.

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opinião

AGOSTINHO KAPAIA Empreendedor e presidente do conselho de administração do Grupo Opaia

“Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las.” Séneca

Empreendedorismo e inovação – dois factores de sucesso profissional

A

evolução de um país rege-se pelo potencial de produzir riqueza que origine bem-estar e qualidade de vida à sua população. Nos dias que correm, se tem verificado uma mudança em relação ao empreendedorismo, quer ao nível dos jovens, quer ao nível de outros profissionais, independentemente das suas habilitações académicas. Em Angola, bem como no resto do mundo, existe uma preocupação em potenciar instituições, empresas e pessoas de uma maior capacidade empreendedora. A maior parte dos actuais empregos é ocupada por pessoas em actividades que surgiram nos últimos vinte anos, tendo por contrapartida diminuído ou terminado determinados trabalhos que existiam há décadas. Por exemplo, as tecnologias de informação e comunicação, o sector agro-alimentar e o sector das energias renováveis surgem agora como áreas fundamentais para as populações, têm um potencial inovador e de desenvolvimento que, quando é acompanhado de boas práticas de gestão profissional, é capaz de alavancar muitas outras actividades. É necessário perceber e melhorar a influência que o empreendedorismo e a inovação têm nas mais diversas áreas, assim como compreender a influência destes instrumentos como factores potenciadores de novos projectos. Assim, contribuímos para a regeneração dos tecidos empresariais, quer ao nível da criação de novas empresas inovadoras, quer ao nível da modernização e reposicionamento de empresas existentes. Neste sentido, podemos mencionar as oportunidades de trabalhar mais neste paradigma criando um leque de novas empresas, novos projectos, novas parcerias focalizados em ambientes empreendedores, inovadores e de alto valor acrescentado. O empreendedorismo nunca foi tão comentado como agora, com a importância acrescida que lhe tem sido atribuída, à qual o desemprego e a necessidade de novas formas de desenvolvimento económico nas províncias não serão com certeza

alheios. Actualmente, os líderes institucionais e as universidades não esquecem nas suas intervenções o empreendedorismo, tendo em conta a importância que pode ter para a alteração dos tecidos económicos e sociais. O empreendedor é a personalidade criativa, sempre lidando melhor com o desconhecido, transformando possibilidades em probabilidades, caos em harmonia (GERBER, 1989). Estamos a viver uma época globalmente marcada por situações económico-sociais instáveis, em que a solução passa por coisas simples como atitude positiva e vontade de trabalhar/inovar, ou seja, o empreendedorismo é a chave que permitirá que a economia de muitos países promova emprego e novas formas de negócio. Entende-se empreendedorismo como uma habilidade capaz de transformar ideias criativas em novos empregos, novas formas de gerar riqueza para um país e melhorar também algo que já exista, seja qual for a área ou projecto a desenvolver. Nas empresas, as pessoas participam também neste ambiente de mudança através de uma nova forma de agir e desenvolver novas competências e oportunidades. Perante este cenário, a grande oportunidade de as empresas superarem este desafio está nos seus recursos humanos, são as pessoas que, através de criatividade e empenho, poderão optimizar recursos e resultados. Os líderes das empresas enfrentam também uma altura em que são postos à prova, só irão sobreviver nas organizações aqueles que abordarem de forma criativa os problemas e se sintam confortáveis na gestão de tantas mudanças. Os grandes líderes metem mãos à obra e fazem o que for necessário, têm ideias próprias mas também sabem pedir ajuda, têm coragem para adoptar novos modelos de negócio e agilidade suficiente para implantar ideias que não são as suas. Empreender é inovar para ajudar a desenvolver, para crescer mais e distribuir melhor! E é da responsabilidade de todos os angolanos contribuírem de forma activa para este crescimento!

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distribuição /fórum Alemão-Angola Quando em 2009 foi inaugurado o primeiro supermercado da rede Poupa Lá, a previsão de crescimento da cadeia retalhista de distribuição moderna não apontava para encerramento de portas dois anos depois. Em 2012 reabriu as portas, mas num ritmo lento visando a expansão. O Governo definiu novo formato: a privatização.

Poupa Lá passa a gestão privada >> Marcelino Von-Haff

A

rede de supermercados Poupa Lá, as conhecidas lojas de proximidade, vai ser privatizada em breve, passando assim a haver uma oportunidade para os operadores privados do retalho alimentar organizado apostarem na continuidade do projecto. Decorre, actualmente, o processo que visa retirar a gestão da rede retalhista em questão ao Entreposto Aduaneiro, adstrito ao Ministério das Finanças. Este dado foi confirmado pela titular da pasta do Comércio, num encontro mantido com operadores nacionais e estrangeiros das redes grossista e retalhista. Fonte familiar ao dossiê avançou à revista Distribuição em Expansão que ainda não está definido se os produtos importados, numa primeira fase, principalmente os acabados, mas sem produção local ou insuficiente, para a rede Poupa Lá, continuarão a vir de Portugal e do Brasil, tal como de início, ou se os novos proprietários terão o direito de preferência. Uma vez que na fase inicial, em 2009, estava acordado que a gestão dos supermercados seria assegurada pelo grupo português de distribuição alimentar GCT, especializado em armazéns cash and carry, desconhece-se se o modelo vai vingar ou não a fim de manter a rede logística com estoque suficiente, embora, recorde-se, a maior parte dos produtos agrícolas nos supermercados da rede tenha sido sempre de produção nacional. A preparação do processo de privatização vai atingir a fase em que os novos “inquilinos” saberão das imposições contratuais de compra e os benefícios, quanto a manter-se o formato original das diferentes áreas das lojas, desde serviços logísticos e armazém, limpeza, caixas, e da peixaria ao talho, e, indispensavelmente, os colaboradores nacionais.

>> DR

EXPANSÃO NÃO AVANÇOU A paralisação da rede de retalho Poupa Lá causou danos financeiros que nunca foram anunciados, mesmo com a tímida reabertura no ano passado, já sob gestão do Entreposto Aduaneiro. Cogita-se que o Estado deixou de obter uma facturação na ordem dos 1000 milhões Kz, face ao elevado público consumidor, particularmente em Luanda, que conta com cerca de 5 milhões de habitantes. Na primeira edição desta revista, o especialista português em distribuição moderna José António Rousseau, ao escrever sobre o ADN da distribuição, frisou que o gene expansão é o verdadeiro oxigénio da distribuição, pois, sem este, qualquer conceito comercial sufoca, estagna e morre, afirmando que, “na distribuição, parar é realmente morrer”. Em 2010, existiam 18 lojas da rede em Luanda e uma no Huambo, e a previsão apontava para a conclusão de mais 54 lojas Poupa Lá para todo o País. Infelizmente, face à conjuntura financeira viciada pelos efeitos da crise económica e financeira global, o objectivo de construção de 10 mil lojas nas 18 províncias, nos longos anos seguintes, estagnou. Esta situação não favoreceu o acesso a produtos com qualidade e a preços mais acessíveis, bem como a eliminação da má qualidade de bens vendidos no mercado nacional e a respectiva especulação, bem como a previsão de construção de 1000 lojas até final de 2012.

TENTATIVA DE REACTIVAÇÃO Estudo comparativo junto dos países da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês) levou o Governo a traçar a estratégia de pelo menos construir-se uma loja de pro-

ximidade para mil habitantes, cujos esforços fracassaram na fase de materialização do objectivo através da rede PRESILD – Programa de Reestruturação do Sistema de Logística e de Distribuição de Produtos Essenciais à População – então detentora das lojas Poupa Lá. Em 2011, o Governo destinou 636,1 milhões Kz (6,6 milhões USD), no seu programa de investimentos públicos, à construção de lojas de proximidade, mas sem indicação oficial do número de infra-estruturas, projecto sob responsabilidade do Ministério da Economia, uma vez que o sector privado tem reconhecido incapacidade financeira para desenvolver projectos similares. Na prática, nada avançou. O dinheiro ficou guardado no cofre governamental, e no ano passado o projecto passou para a

carteira de investimentos do Ministério do Comércio, com a mesma fatia financeira. Nesta fase, começou-se a repensar a expansão da rede de supermercados em causa. Para o presente ano, ao valor citado, foram adicionados 966 milhões Kz para gestão do Ministério do Comércio, a fim de dar início a um estudo de viabilidade visando a construção de 11 mil lojas de proximidade em todo o território nacional. Actualmente, Luanda, Uíge, Namibe, Kwanza Sul, Benguela e Malanje possuem lojas da rede. Enquanto projecto estatal, o PRESILD teve sempre duas escolas pedagógicas em Luanda e no Huambo para formar quadros para as lojas Poupa Lá, e alargadas a demais players do mercado, mas a expansão de lojas pedagógicas às províncias ficou encravada no papel, desde 2010.

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/H&M em Angola

Embora a expansão internacional seja uma das estratégias seguida pela Hennes & Mauritz (H&M), à semelhança de outras empresas suecas da área do retalho (alimentar e não alimentar), é pouco provável que Angola seja um dos países visados, já que a procura incide em países marcados pela estabilidade.

Distribuição sueca não olha para Angola >> António Pedro

A

empresa sueca H&M, uma das maiores marcas de moda na Suécia e com forte expansão na Europa, poderá não adoptar Angola como destino no curto prazo, avançou à revista Distribuição em Expansão Erika Eckeskog, da embaixada da Suécia em Luanda. Situação similar abrange demais empresas suecas do retalho, em geral, que figuram no top mundial. A H&M está representada em apenas dois países africanos, Marrocos e Egipto, desde 2007, onde possui lojas com produtos próprios. “Pode ser que a H&M ainda não tenha tido tempo para se interessar por esta parte do mundo. Se vão entrar no mercado angolano, têm de considerar os aspectos administrativos como custos, tempo em relação à expedição dos bens”, afirmou. O grupo H&M possui cerca de 2800 lojas em todo o mundo e desde que abriu a sua primeira loja na Suécia, em 1947, passou a estar representado em mais de 40 mercados, onde as suas colecções estão disponíveis também online. A empresa sueca possui uma linha de design muito ampla e diversificada para homens, mulheres, jovens e crianças, na sua linha de roupas, cosméticos, acessórios e produtos têxteis para lar. A falta de indústrias têxteis em Angola – a primeira está em reabilitação com 80% de

>> DR

conclusão, contando com apoio do Japão – condiciona, igualmente, a entrada de players como a H&M, segundo analistas abordados pela Distribuição em Expansão, pois teriam de enveredar pela importação de tecido com padrão similar ao que existe nos mercados onde já operam. Quanto à ICA AB, uma empresa do ramo da distribuição alimentar e detentora de supermercados, não tem lojas fora dos países nórdicos. Por esta razão, a sua presença em mercados fora da sua zona geográfica fica entendida como pouco provável. Tal é, também, o caso da KF Gruppen, voltada para igual nicho de negócios. Segundo Erika Eckeskog, a Systembolaget, uma loja de bebidas alcoólicas que pertence ao Estado sueco, apesar de constar no ranking mundial, é pouco provável investir em Angola, pois na Suécia as bebidas alcoólicas pagam impostos ao Estado, e a Systembolaget é a única com direito a vender as bebidas. ”É um monopólio de álcool. A empresa existe para controlar as bebidas vendidas na Suécia, porque a ideia é que assim é melhor para a saúde da população e, por isso, a empresa não tem fins lucrativos. Então, é pouco provável que manifeste interesse em investir fora do mercado da Suécia”, explicou.

MINISTRA SUECA EM LUANDA Até ao presente momento, as empresas

suecas que manifestam mais interesse em trabalhar no mercado angolano são dos ramos da energia ou tecnologias de informação e comunicação, porque são áreas em forte crescimento em Angola, segundo Eckeskog. Recentemente, a ministra do Comércio da Suécia, Ewa Bjorling, deslocou-se a Luanda para consolidar a cooperação no ramo empresarial, com o objetivo de abrir portas para empresas do país europeu. Inicialmente, o foco não está voltado para projectos empresariais de produção, logística e distribuição alimentar, de forma directa. Ewa Bjorling deixou claro que os sectores de interesse, por enquanto, são telecomunicações e tecnologia de informação, energia, transportes e meio ambiente. É nestas áreas que reside o forte compromisso da Suécia para o desenvolvimento, promoção do comércio e consumo para as trocas comerciais, pois “esses sectores são de alta prioridade do Governo angolano”, avançou Erika.

QUEDA DAS EXPORTAÇÕES Segundo dados da embaixada da Suécia em Luanda, as exportações suecas para Angola caíram drasticamente. Em 2009, ascenderam a mais de 7,9 mil milhões de coroas suecas (1,19 mil milhões USD, equivalente a 115,2 mil milhões Kz), mas em 2012 atingiram apenas pouco mais de 500 milhões

de coroas suecas (SEK). No sentido inverso, as importações de Angola caíram de mais de 4 mil milhões SEK, em 2009, para 604 milhões SEK, em 2012, mas admite-se, no quadro da diplomacia entre os dois países, que há um grande potencial para aumentar o comércio nos próximos anos. Recorde-se que as exportações de Angola para a Suécia são essencialmente petróleo, ao passo que o país europeu exporta para Angola veículos e maquinaria. A Suécia tem uma longa tradição e conhecimento na área de energia e telecomunicações, no mercado internacional. A sua influência empresarial abrange o mercado dos transportes e activos na indústria mineral.

SUECOS NO RANKING DO RETALHO Entre as empresas suecas do retalho alimentar e especializado que constam no Top 250 Global Power Retail 2013 da Deloitte, a H&M figura na 55.ª posição, tendo registado uma facturação de 16,7 mil milhões USD, ao passo que a ICA AB está na posição 71, com 14,3 mil milhões USD. Em 171.º está a KF Gruppen, detentora de hipermercados, supermercados e lojas de departamentos, com um volume de negócios de 5,3 mil milhões USD, enquanto a Systembolaget AB, com especialidade nas bebidas, alcançou a posição 244, com 3,7 mil milhões USD. #15

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distribuição /Eunice Silva, directora de wholesale e franchising da Sonae MC

“Somos defensores da produção local” Numa altura em que está a olhar mais para fora do que para dentro, a Sonae MC começou um processo de exportação das suas marcas. África e Europa são os primeiros destinos.

>> Victor Jorge

À

espera de entrar no mercado africano com operação própria, a Sonae entra no continente com as suas marcas numa óptica de wholesale e franchising.

Distribuição em Expansão: A Sonae iniciou a internacionalização da área de retalho alimentar através da exportação dos produtos das suas marcas alimentares. Quais são os países abrangidos por esta expansão? Eunice Silva: A internacionalização da Sonae MC através da exportação e do franchising pretende explorar as vantagens reconhecidas das nossas marcas de retalho alimentar. A expansão da Sonae MC através de formatos capital light pretende explorar oportunidades em países que têm afinidades económicas importantes com as comunidades portuguesas, nomeadamente em África e na Europa. Nesse sentido, já foram realizados negócios em Timor e Cabo Verde.

>> DR

capaz de responder a todas as necessidades dos nossos parceiros de negócio e, como consequência, dos seus clientes.

produtos aos melhores preços. O formato de franquia além-fronteiras é uma alternativa adicional que ponderamos vir a testar.

Revelam que também estarão abrangidas marcas de fabricante. Que marcas são essas? São muitas. São as mesmas que já disponibilizamos na operação de wholesale em Portugal, onde temos a melhor e mais completa oferta. Oferecemos milhares de referências, sendo esta uma vantagem competitiva que disponibilizamos a outras empresas do sector.

As marcas/produtos serão de produção nacional/portuguesa, ou, nalguns casos, poderá haver exportação a partir de outros países com a chancela Continente/ Sonae? Nesta fase, é natural que a maioria dos produtos disponibilizados seja produzida em Portugal. Contudo, somos defensores da produção local, pelo que, sempre que faça sentido, trabalharemos com as comunidades locais no desenvolvimento de oportunidades conjuntas.

Essa exportação será feita directamente, ou noutro sistema como, por exemplo, franchising ou parcerias? A oferta através da exportação está disponível a empresas e empresários que queiram contar nas suas lojas com os melhores

É conhecida a intenção da Sonae de entrar em Angola. Esta poderá ser uma primeira forma para esta entrada? Já existe um projecto para Angola no âm-

bito de uma parceria, e os nossos esforços permanecem focados nesse projecto. A exportação dos produtos de marca Continente destina-se à venda em que locais? Super, hipermercados, lojas de pequena dimensão, etc.? Não estabelecemos barreiras na disponibilização dos nossos produtos, estando disponíveis à generalidade dos empresários e empresas que procuram ter nas suas lojas uma oferta de qualidade e competitiva. Estamos sempre disponíveis para analisar oportunidades de desenvolvimento de negócio, actuando numa lógica de parceria de longo prazo criadora de valor para todas as partes. Quem assegurará a cadeia de abastecimento desta operação? A Sonae assegura as questões logísticas, em articulação com os seus parceiros, beneficiando do vasto conhecimento em operações nacionais e internacionais.

Que tipo de produtos pretende a Sonae exportar? A oferta para os mercados internacionais é idêntica à disponibilizada em Portugal aos parceiros de wholesale e franchising.

Qual o valor de investimento neste projecto wholesale? Na Sonae temos por regra não revelar investimentos específicos e, como tal, neste caso concreto, mantemos esse princípio.

Essa expansão limitar-se-á à marca Continente, ou poderá haver outras marcas? Inclui produtos de marca própria e exclusiva, bem como de produtores de referência. Disponibilizamos um cabaz completo

Qual o valor de negócios esperado para este projecto? É prematuro fazer um balanço ou estimativa, dado ainda estarmos no início do processo.

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distribuição /APED

Alimentar minimiza quebras no retalho português

A viver uma crise económica, financeira e social profunda, o retalho português registou uma quebra nas vendas globais, minimizadas só pela performance do alimentar.

H

á muito que não se via nada assim em Portugal, com as vendas da distribuição moderna a caírem repetidamente. De acordo com os mais recentes números divulgados pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) no seu Barómetro de Vendas 2012, o sector perdeu mais de 400 milhões EUR em vendas relativamente ao ano de 2011, correspondendo a uma quebra global de 1,9%. O maior responsável por esta descida foi, contudo, o retalho não alimentar, que passou de 8,742 para 8,185 mil milhões EUR, representando um decréscimo de 6,4%, enquanto o retalho alimentar registou uma evolução de 1,3% face a 2011, passando dos 12,295 para os 12,451 mil milhões EUR (ver quadro), mantendo, assim, o crescimento de cerca de 1% que trazia de 2011. Esta performance do retalho português registou, no entanto, alguns pontos positivos (não tanto para o consumidor), com o preço médio a aumentar 7,4%, enquanto os actos de compra e o gasto por acto de compra cresceram 0,2% e 6%, respectivamente. Quanto à quota de mercado dos diversos conceitos de loja em actividade, a primazia vai ainda para os hipermercados e supermercados, embora o crescimento entre ambos tenha sido distinto. Enquanto o formato maior da distribuição moderna em Portugal aumentou a sua quota de 23,5% para 23,7% (o equivalente a uma evolução de 0,2 pontos percentuais), o crescimento dos supermercados foi bem maior, com uma subida de 1,4 pontos percentuais (p. p.), elevando a sua quota para os 45,1% quando em período homólogo de 2011 es-

>> Victor Jorge

>> DR

tava nos 43,7%. Em quebra continuam os discounters (-0,4 p. p., para 15,4%), enquanto o retalho tradicional desceu 1,2 p. p., para os 15,8% (17% em 2011).

FRESCOS EM ALTA Categoria de produto que continua em alta é a dos frescos, que, em 2012, viu a sua quota crescer 0,7 p. p., representando já 31,4% do cabaz de compra dos portugueses, com a segunda categoria a mais crescer ser a mercearia (+0,6 p. p., para 21,2%), logo seguida da charcutaria (+0,5 p. p., para 6,4%). Comportamento inverso tiveram os lácteos

Volume de vendas Distribuição Moderna em Portugal 2012 (Mil. €) Mercado

2011

2012

Var. %

Retalho Alimentar + Não Alimentar

21 037

20 636

-1,9

Retalho Alimentar

12 295

12 451

1,3

8 742

8 185

-6,4

2 066

1 887

-8,7

Retalho Não Alimentar Bens de equipamento Entretenimento + Papelaria

454

374

-17,6

MNSRM*

437

442

1,2

Vestuário

1 999

1 856

-7,1

Combustíveis

3 786

3 626

-4,2

Fonte: APED; *Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

(-1,1 p. p., para 11,9%), o DPH (-0,8 p. p., para 12,9%) e as bebidas (-0,3 p. p., para 6,8%), reflectindo, assim, os “novos” hábitos de consumo dos portugueses em tempos de crise. Quem parece passar imune a estas contas menos positivas são as marcas da distribuição (MdD), que continuam a ver a sua quota de mercado crescer, atingindo, no final de 2012, 37%. Já as marcas de fabricante (MdF) continuam o seu calvário, registando uma quebra de 1,3 p. p., para os 63%. Os últimos dados da consultora Nielsen indicam, contudo, que mesmo as vendas do sector alimentar já estão a registar uma quebra, com os mais recentes números a mostrarem uma quebra de 0,6% na facturação entre 25 de Março e 21 de Abril de 2013, face ao período homólogo, coincidindo este facto com a Páscoa, época que, normalmente, regista precisamente o oposto, ou seja, um aumento das vendas. Este facto é, no entanto, justificado por dois dos actores do mercado – Pedro Pimentel (director-geral da Centromarca, em representação

dos fabricantes, e Ana Isabel Trigo de Morais, directora-geral da APED, a representar os retalhistas) com uma maior guerra nas promocionais entre as marcas e que está a beneficiar o consumidor. No período em análise, até mesmo as MdD e Primeiro Preço estão a ser penalizadas, com um decréscimo de 3,3%, ao contrário das MdF, que registaram um aumento de 0,3%, no que pode ser compreendido como um reforço das acções de promoção dos retalhistas e marcas no sentido de disponibilizarem os seus produtos ao consumidor ao preço mais baixo possível.

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distribuição /inspecções

Bivac, SGS e Cotecna perdem negócio de inspecção pré-embarque Depois de 13 anos de actividade consecutiva no mercado nacional, inspeccionando a veracidade de mercadorias importadas de Angola, o Governo decidiu “desfazer-se” da prestação de serviços dos três players concorrentes entre si. Fonte desta revista adiantou que o relatório das Alfândegas, emitido pelo laboratório da Bromangol de análises de produtos no primeiro trimestre do ano, ajudou na tomada de uma medida há muito prevista pelos importadores atentos.

>> António Pedro

TOP 5 DOS 100 PRODUTOS MAIS IMPORTADOS EM 2009

>> Edson Chagas

Produto

Quantidade/Toneladas

Taxa (%) do total(*)

2.194.243,61 257.709,89 235.462,93 229.895,28 200.880,84

20,94 2,46 2,25 2,19 1,92

Cimentos Granito Marfim Cervejas de malte Açúcares

TOP 5 DOS 100 PRODUTOS MAIS IMPORTADOS EM 2010 Produto

Quantidade/Toneladas

Taxa (%) do total(*)

Cimentos Cervejas Açúcares Vinhos Carnes

2.708.347,53 800.818,9 522.296,43 490.108,96 388.218,86

19,25 5,69 3,71 3,48 2,76

TOP 5 DOS 100 PRODUTOS MAIS IMPORTADOS EM 2011 Produto

A

s três empresas que realizam serviços de inspecção pré-embarque de mercadorias no estrangeiro com destino para Angola acabam de perder o negócio que constituía o peso forte da sua actividade desde 2000, no caso da Bivac International, e desde 2006, para a Cotecna e a SGS. As empresas que acabam de perder mercado eram responsáveis pela verificação de mercadorias, para apurar a conformidade, qualidade e quantidade de produtos a importar segundo o declarado pelo importador, e, como resultado satisfatório, emitiam um certificado, designado CRF (Cleaning/ Clean Report of Findings), documento de atestação da veracidade da mercadoria usado para fins aduaneiros. O Governo decidiu abdicar dos serviços destas empresas, uma medida apoiada, em larga escala, pela Associação Industrial de Angola. A partir de agora, os importadores nacionais e estrangeiros no País ficam desobrigados de inspeccionar suas mercadorias antes de partir para o destino, Angola. Segundo os Serviços de Apoio ao Presidente da República, que emitiram uma nota so-

Quantidade/Toneladas

Taxa (%) do total(*)

1.123.859,31 765.094,82 297.358,43 282.230,83 278.510,60

10,60 7,22 2,81 2,66 2,63

Cimentos Pedras Cervejas de malte Arroz Carnes

bre o assunto, a decisão “teve também em conta que os resultados desta certificação se revelavam desproporcionais às reais condições, após a adequada e segura verificação e controlo das mercadorias importadas, e que era, portanto, imperioso o seu controlo pós-importação, em especial daquelas que apresentam um maior risco para a cobrança da receita fiscal e para a protecção da saúde pública, do meio ambiente e da indústria nacional”. O Decreto Presidencial que anula os serviços da Bivac, da SGS e da Cotecna espelha que também “levou em consideração a existência de capacidade técnica e humana, no País, para proceder a uma adequada e segura verificação e controlo das mercadorias importadas ou de produção nacional, nomeadamente quanto a quantidade, qualidade, preço, características técnicas e comerciais, classificação pautal e protecção dos direitos de importação”. Fonte ligada ao dossiê avançou à revista Distribuição em Expansão que havia sinais no fundo do túnel de que o problema de rescisão de contrato estava a chegar, principalmente com os últimos acontecimentos

TOP 5 DOS 100 PRODUTOS MAIS IMPORTADOS EM 2012 Produto

Quantidade/Toneladas

Cimentos Farinha de trigo Cervejas de malte Arroz Carnes

2.688.429,22 397.004,39 361.879,74 344.939,7 278.997,4

Taxa (%) do total(*) 23,1 3,4 3,1 2,9 2,4

Fonte: Conselho Nacional de Carregadores Legenda: (*) Cálculos da revista Distribuição em Expansão sobre o total de todas as mercadorias importadas e não apenas do top 100.

sobre a qualidade de produtos importados.

INDICADORES DE IMPORTAÇÃO E INSPECÇÃO Entre os últimos cinco anos, 2010 foi o período aduaneiro em que a SGS, a Cotecna e a Bivac prestaram maior volume de serviço de inspecção pré-embarque, quando o País importou um total de 14,07 mil toneladas de produtos, onde o cimento liderou o ranking dos 100 produtos mais importados, enquanto o arroz e o açúcar ficaram na quarta e quinta posição. Em 2008, as empresas citadas inspeccionaram 13 mil tipos de produtos que totalizaram 9,4 milhões de toneladas, com destaque

para os 500 produtos mais importados, onde se realçam as cervejas, arroz e açúcar, pois figuraram no top 5. No ano seguinte, a quantidade de mercadoria importada e inspeccionada na origem atingiu 10,4 milhões de toneladas. Ressalta-se ainda que a inspecção na origem registou 14,6 milhões de toneladas em 2010, o maior pico nos últimos cinco anos, mas conheceu uma redução de 4,07 milhões de toneladas no ano seguinte. O indicador do ano passado, de 11,6 milhões de toneladas de produtos diferentes, não supera o recorde de 2010 mas aproxima-se ao representar 79,1%. Confira na tabela ilustrada nesta página sobre os cinco produtos mais importados de 2008 a 2012.

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distribuição /LIDE Angola A consolidação do desenvolvimento do agronegócio no País é das maiores preocupações que o Lide Angola – Grupo de Líderes Empresariais – carrega na sua carteira de interacção com empresários nacionais e estrangeiros que operam localmente. O objectivo é também impulsionar os sectores da produção, logística e distribuição.

Agronegócio prevê fomentar mercado de distribuição alimentar >> António Pedro

>> Edson Chagas

O

mercado de distribuição alimentar moderna tem espaço para crescer a um ritmo favorável à diversificação da economia nacional, atrelada ao crescimento e desenvolvimento do sector de agronegócio no País, avançou à revista Distribuição em Expansão o presidente executivo do Lide Angola. Filipe Lemos detalhou que o surgimento de grandes cadeias de hipermercados/ supermercados de grupos empresariais nacionais, sem descurar a eventual possibilidade de entrada de players internacionais de referência, obriga a que o agronegócio registe crescimento à dimensão dos desafios económicos. Numa altura em que o Lide Angola – braço nacional do Lide Internacional – avança em Junho corrente para a realização do Fórum Empresarial de Angola – Luanda 2013, nos dias 21, 22 e 23 no Hotel de Convenções de Talatona, o jurista revela que o tema sobre o agronegócio não foi seleccionado ao acaso. “Se o agronegócio não ganhar consistência, as grandes cadeias de distribuição moderna como Kero, Nosso Super, Maxi, Poupa Lá, Jumbo, e outras que provavelmente estejam em preparação de entrada ao mercado, terão dificuldades em satisfazer os consumidores e, sobretudo, os seus clientes fidelizados, devido às tendências dos mercados. É preciso olharmos para o assunto no médio e longo prazo”, explica. O agronegócio é dos temas mais sonantes do evento, o que levou a parte angolana a convidar também, para o seu primeiro fórum internacional, o presidente do Lide Agronegócio e antigo ministro da Agricultura do Brasil, Roberto Rodrigues, face à experiência e aos resultados alcançados no país sul-americano que é agora a sexta maior economia do mundo.

ras de logística, que causa atracção ao nosso mercado em parceria com os nacionais”, exemplificou Lemos. No Brasil, a maior cadeia de retalho alimentar e não alimentar, o Grupo Pão de Açúcar, é hoje a mais representativa companhia em distribuição do retalho, com mais de 1,3 mil unidades, e tem beneficiado muito com a consolidação do agronegócio naquele país, refere o executivo do Lide Angola, indagando “por que razão Angola não pode seguir trilhos parecidos, segundo a nossa realidade, e avançar mais ainda para a diversificação da economia”. Em Março passado, o Lide Brasil organizou naquele país um fórum nacional sobre o sector do retalho, alimentar e especializado, que permitiu medir o sector num mercado extremamente competitivo e que busca inovação e tecnologias modernas para a distribuição. Diante de diferentes e fortes desafios, focados na diversificação e sustentabilidade da economia nacional, o presidente executivo do Lide Angola admite que os resultados do primeiro fórum internacional no país, que conta com 40 oradores de topo a nível nacional e internacional, vão trazer soluções há muito esperadas por empresários nacionais, principalmente.

MODELO DE COMANDATUBA

O gestor brasileiro tem defendido para o seu país, e para África, a criação de redes de infra-estruturas e logística, financiamento da produção, seguro rural, tecnologia e sustentabilidade como aspectos do agronegócio que impulsionam também o sector do retalho alimentar, que atrai milhões de consumidores, diariamente, às cadeias de supermercados pelo mundo. Filipe Lemos vaticina que Angola não vai fugir à regra, pois trata-se de uma tendência mundial e, passo a passo, chegar-se-á

aos patamares de desenvolvimento de certos países, com ênfase para a rede de produção e logística que favoreçam a distribuição moderna no curto e no longo prazo. “Não é salutar que grandes cadeias mundiais de retalho, como a Wal-Mart, dos Estados Unidos da América, que é a maior rede de supermercados do mundo e que há poucos anos entrou inclusive para o mercado da África do Sul, bem como outras de referência, não observem no nosso país um sector de agronegócio forte, e infra-estrutu-

O Fórum Empresarial Angola – Luanda 2013 é um evento que adopta o modelo do Fórum de Comandatuba, o maior encontro empresarial do Brasil e da América Latina, realizado anualmente na Ilha de Comandatuba, na Baía, Rio de Janeiro, pois reúne os mais importantes líderes políticos e empresariais para agenda de debates sobre política económica, gestão empresarial e responsabilidade sobre como impactam os mercados. Em Luanda, o encontro conta com mais de 300 empresários e investidores convidados, nacionais e estrangeiros, ligados aos diferentes sectores da economia local e global, incluindo o retalho, produção, logística e distribuição, bem como banca, seguros, mineração, energia e sectores que concorrem para a diversificação da economia. Para além do tema principal, “Industrialização, Diversificação Económica e Competitividade”, no fórum de Luanda serão abordados temas relacionados com o mercado empresarial nacional, comportamento e desempenho dos empresários e problemas que afectam a classe no seu todo.

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24Horas com...

JOSÉ SEVERINO, presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) >> César Magalhães

09:30 horas

10:40 horas

Chegada ao Ministério da Indústria (MIND) para participação no workshop sobre o censo da indústria angolana, após ter participado, horas antes, como convidado, no programa Manhã Informativa da Rádio Nacional de Angola, sobre a privatização de empresas públicas, um processo que vai de 2013 a 2017.

12:40 horas À saída do MIND, após descer as escadas, conversa com o secretário (equivalente a delegado ou director) do Ministério da Indústria na província de Cabinda, Geraldo Ndubo Paulo, enquanto aguarda pelo motorista.

Intervenção no workshop, sugerindo a necessidade de inserção de associações parceiras do Executivo no processo de censo das indústrias.

12:55 horas

11:00 horas Ainda no Ministério da Indústria, concede entrevista à Televisão Pública de Angola e ao jornal semanário Economia & Finanças sobre as vantagens e precauções no processo do censo, uma vez que as micro e pequenas empresas estão sem recursos financeiros.

13:40 horas

Agora é hora de almoço, mas, devido ao trânsito congestionado na zona do Governo da Província de Luanda, levou mais de 20 minutos para percorrer menos de 1,5 km.

15:30 horas

Enquanto almoça, não deixa de atender o telemóvel para dar orientações sobre reuniões e trabalhos em curso levados a cabo pela sua equipa e congéneres empresariais.

16:45 horas

Já no Epic Sana Hotel, após intervenção em reunião de um grupo de concertação empresarial, promovida pela Embaixada da Alemanha, sobre barreiras ao investimento estrangeiro em Angola, conversa com o embaixador alemão, Yorg Verner Marquet, e o delegado da Economia Alemã em Angola, Ricardo Gerigk.

Ainda no Epic Sana Hotel, concede entrevista agendada ao programa Fórum da RTP África, conduzida pelo jornalista português Paulo Catarro, sobre os meandros da economia angolana.

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11:30 horas

12:23 horas

Conversa amena com o ministro da Economia, Abrahão Gourgel, ao centro, e com o antigo ministro das Finanças e antigo representante de Angola no Fundo Monetário Internacional, José Pedro de Morais Júnior.

Já no 7.º andar, aborda a técnica do ministério que procurava contactar. Conversam sobre questões logísticas inerentes à ida a Benguela de investidores alemães, já que se aproxima a realização do 5.º Fórum Alemão-Angolano, em Luanda.

12:07 horas

12:13 horas

Aguarda pelo elevador no rés-do-chão do MIND, por mais de 20 minutos, para dirigir-se ao 7.º andar do edifício. Decide então caminhar pelas escadas.

Falta de informação precisa, da parte de colaboradores do MIND, provoca um movimento de vaivém, entre os andares do edifício, e mais uma vez chega ao andar errado.

14:20 horas Depois do almoço, reuniu-se no Ministério da Economia, onde abordou personalidades diferentes sobre reuniões empresariais agendadas. Uma dessas reuniões estava para decorrer, dentro de meia hora, no Epic Sana Hotel.

17:32 horas Primeira visita aos escritórios, à Rua da Missão, desde o início da jornada pela manhã. Reúne-se com sua equipa e procede à análise de tarefas executadas e deferimento de assuntos registados ao longo do dia.

15:00 horas 18:50 horas Regressa ao Epic Sana Hotel, onde é abordado, após a entrada, por parceiros italianos de negócios sobre o desenrolar de certas situações que afectam o mercado empresarial nacional.

Caminhada a pé do Ministério da Economia para participar numa reunião no Epic Sana Hotel, devido ao trânsito e por opção. Faz uma curta paragem na loja York e conversa sobre a agenda de uma reunião da Associação de Empresários da Baixa de Luanda.

19:00 horas Começa reunião com a equipa cinematográfica que está a produzir um filme sobre a indústria angolana, com ênfase no seu histórico, indicando as fases boas e más de desenvolvimento, desde o passado, o presente e perspectivas de médio e longo prazo.

20:47 horas Regressa a casa, depois de uma jornada interventiva e cansativa.

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produção

/Luís Cumbrera Tavares, adjunto da administração da Cofaco Açores

Nascida há 52 anos, a Cofaco Açores conheceu recentemente mais um episódio da sua história. Com um novo accionista maioritário angolano, os objectivos continuam a ser os mesmos: levar o atum aos quatro cantos do mundo. Angola tem um lugar especial nesta estretágia.

“Temos agora mais vontade e capacidade para atingir outros mercados” >> Victor Jorge

A

visita à fábrica da Cofaco Açores, em Rabo de Peixe (na ilha de São Miguel), foi pretexto para conhecer a finalização do investimento de 12,5 milhões EUR (cerca de 1,6 mil milhões Kz) na remodelação e renovação da unidade, que será inaugurado em breve, bem como conhecer a “nova” estratégia da empresa, agora sob nova gestão angolana. Distribuição em Expansão: A Cofaco nasceu em 1961. Como tem sido este trajecto

>> DR

de mais de 50 anos? Luís Cumbrera Tavares: Em 50 anos tem de haver sempre grandes alterações. A primeira foi a deslocalização da empresa do Algarve para os Açores, principalmente, por escassez de matéria-prima. Essa foi a principal razão: a escassez de matéria-prima? Sim. O Algarve era uma rota onde passava muito atum e de repente começou a escassear. Além disso, há uma grande tradição e

um grande saber relativamente à indústria conserveira nos Açores. Mas essa escassez de atum não se pode dar também nos Açores? Não, embora o atum seja uma espécie migratória, sabemos que a safra é sazonal, com anos mais abundantes que outros. A nível mundial há alguma apreensão, não que exista falta de matéria-prima, mas a realidade é que o consumo de atum disparou nalguns continentes, principalmente na

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Privatizações de fábricas beneficiam distribuição à vista

Ásia e em África, bem como em parte da América do Sul. Por isso, não é que se trate de um problema de falta de atum, a questão coloca-se mais no aumento do consumo que faz com que a procura seja maior.

OLHOS POSTOS NA EXPORTAÇÃO Mas isso é bom para o negócio? Sim, claro. Vemos isso como um desafio e uma oportunidade. Daí também que a grande alteração estratégica da empresa tivesse passado por um maior foco nos mercados de exportação. Perguntou-me sobre grandes alterações. O que mudou mais foi a forma como se trabalha os diversos mercados. A nível da estratégia comercial, embora a Cofaco seja uma empresa exportadora, com mercados trabalhados há 30 e 40 anos, essa forma de abordagem aos mercados internacioanis alterou-se. Com uma maior abertura dos próprios mercados? Sim, claro. Há a globalização da própria economia e a abertura de determinados mercados que estavam fechados e que tinham, quase unicamente, produções próprias e que agora é possível trabalhar. A concorrência também aumentou, e é possível encontrar produtos de nacionalidades diferentes que antigamente não se viam. No entanto, a Cofaco decidiu que a aposta no mercado de exportação deveria ser maior, e estamos muito satisfeitos com essa opção. Qual foi a maior alteração que tiveram de fazer na “nova” estratégia de exportação para esses mercados emergentes? Em primeiro lugar, ter uma equipa de exportação mais ampla e com uma abrangência maior de países. Definimos uma equipa de exportação com outras capacidades e dimensão, ter um foco maior no aspecto da visita aos países e depois o ajuste a nível do produto. Este último aspecto é muito importante, porque, se não tivermos um produto adaptado às exigências de determinado país, não conseguiremos entrar. Desde ter latas redondas, formatos maiores, outro tipo de

pág.

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Como gerir uma crise de marca?

variedade a nível de molhos, o packaging, etc., houve a necessidade de adaptar o produto ao mercado. São grandes essas diferenças entre gostos, exigências, embalagem, formas de consumo entre mercados? Sim, desde o tipo de embalagem e packaging, a cor, a língua, a imagem do produto, e depois a nível organoléptico, há grandes diferenças. Há países que preferem ou estão dispostos a produtos mais premium, outros que, no fundo, querem somente um produto que satisfaça as necessidades mais básicas. Além disso, estamos a falar de patamares de preços e tipologias de produto muito diferentes que vão desde o filete, o produto mais premium, até produtos que possuem preços mais acessíveis. Há países em que um produto se encaixa perfeitamente, e outros onde esse produto não tem qualquer possibilidade de sucesso. Olhando para o leque de marcas que possuem (ver caixa), há uma que se destaca claramente: Bom Petisco. Quanto representa em vendas (volume e valor) e como tem sido a adaptação da marca às novas exigências de mercado? Sim, Bom Petisco é, claramente, o nosso core e a marca mais importante da Cofaco tanto a nível de notoriedade como de vendas, muito sustentada pelo mercado português, já que foi uma marca que, na década de 70 do século XX com a massificação da emigração, foi levada por muitos portugueses para diferentes origens. Bom Petisco teve e continua a ter um peso importante em Portugal, mas passámos a ter um peso cada vez maior a nivel internacional. Continuamos a vender ao mesmo nível nos chamados mercados da saudade, mas a nossa principal aposta tem recaído nos mercados emergentes, sejam PALOP ou outros. Nos mercados de língua portuguesa, obvia-

Com tendência a subir, ou a descer? A descer, dada a aposta noutras marcas nos mercados de exportação. Bom Petisco depende muito do mercado português, e sabemos que não iremos crescer exponencialmente dentro de portas. Nos mercados de exportação, apesar da crise e das dificuldades que se vivem por esse mundo fora, o nosso comportamento mantém-se bastante positivo.

mente que Bom Petisco é uma marca de referência, mas temos outras que têm tido um comportamento muito interessante, especialmente, a marca Bom Amigo em Angola, Moçambique e Cabo Verde. Quando vamos para mercados sem ligação a Portugal, aí temos outras marcas com outra importância. Quais são essas marcas? Bon Appetit é a marca com maior gama (atum, sardinha e especialidades). Isto permite-nos, em países em que o atum não tem tanta notoriedade, apresentar as especialidades como o polvo, sardinha, mexilhão, anchovas. Essa conjugação entre a inexistência de uma ligação histórica com a marca Bom Petisco em determinados países acaba por dar maior evidência a outras marcas como Bon Appetit e Santamaria. Bom Petisco mantém e manterá sempre um lugar de destaque na Cofaco, mas, principalmente, as marcas Bom Amigo e Bon Appetit são as que têm apresentado um crescimento maior. Quanto vale a marca Bom Petisco? Deverá andar à volta dos 65% a 70%.

Um investimento para exportar A Cofaco investiu, recentemente, 12,5 milhões EUR (cerca de 1,6 mil milhões Kz) na sua fábrica de Rabo de Peixe, com o objectivo de aumentar a produção. Nas palavras de Luís Cumbrera Tavares, “foi um grande desafio, numa altura de crise, levar a cabo este investimento. Além de proporcionar melhores condições de trabalho, os grandes

objectivos desta remodelação/renovação passam por aumentar a capacidade e eficiência produtiva e dar respostas mais céleres. Com o investimento a possibilitar um aumento na produção, o gestor da Cofaco admite que poderá rondar os “50% a 70%” e que terá na exportação o principal destino.

Quais são os principais mercados de exportação da Cofaco? E os chamados novos mercados? Em termos de mercados de exportação já trabalhados, diria Itália, França e Moçambique. Nos novos mercados incluo Angola. Não que nunca tenhamos vendido para Angola, mas a abordagem era diferente, e a nova estratégia tem permitido alcançar vendas significativas. Além de Angola, destacaria Líbia e Brasil, apesar do proteccionismo existente. E quanto pesa já a exportação? Cerca de 35%, sendo que, em 2012, quase que duplicámos as vendas para a exportação. Acredito que estes 35% num período de dois a três anos se solidifiquem e aumentem. Apontamos para um crescimento de 50% nos próximos três anos. E o volume de negócios da Cofaco? Em 2012, foi de cerca de 55 milhões EUR (cerca de 7 mil milhões Kz). Falou nos mercados de exportação já trabalhados e em novos mercados. Ainda existem mercados a explorar pela Cofaco? Há alguns mercados já identificados. Dado o crescimento que tivemos, estamos, neste momento, numa fase de consolidação destes novos mercados, que possuem um potencial muito grande a explorar. Não queremos dar um passo maior que as pernas, embora a nossa estimativa de crescimento seja grande. É importante, nesta fase, dar apoio aos nossos agentes, distribuidores e consumidores para manter e aumentar vendas. A concorrência dos principais players – Equador, Tailândia, Filipinas, Vietname – é muito forte e está em todo o lado. São produtos muito agressivos a nível de preço. De preço e de qualidade? Não, de preço. Essa é a nossa vantagem. Produto de qualidade. Quando entramos #27

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produção /Luís Cumbrera Tavares, adjunto da administração da Cofaco Açores num país novo, fazemos questão de mostrar a qualidade dos nossos produtos. A nossa defesa é a qualidade, é construir marca com qualidade.

NOVA GESTÃO ANGOLANA A Cofaco tem um novo accionista, um empresário angolano. Isso alterou de alguma forma a estratégia que a Cofaco tinha delineada, ou mantém-se?

de Portugal e que agora passam a trabalhar directamente de Angola? Exactamente. Essa é uma das grandes vantagens. Conseguimos ter uma equipa que vai estar a dar não só maior assistência aos nossos clientes e distribuidores, como ao nível do consumidor final vamos ter um maior conhecimento das suas necessidades, de adaptação dos nossos produtos ao mercado local. Relativamente à maior parte da nossa concorrência, essa vai ser a nossa maior vantagem. Para além das nossas marcas e da qualdiade dos nossos produtos, o facto de termos uma equipa 100% local e focada no negócio permite-nos dar assistência a clientes, armazenistas, distribuidores e garantir que o produto está sempre disponível e mesmo junto do consumidor, perceber melhor que adaptações teremos de fazer.

O MERCADO E O CONSUMIDOR ANGOLANO

Foi uma combinação perfeita da estratégia seguida pela Cofaco. Há uma maior vontade de crescer no mercado de exportação. Houve uma simbiose interessante: temos agora mais vontade e capacidade para atingir outros mercados. Passou a existir um maior foco no mercado angolano ou uma estratégia específica para Angola? Permite-nos ter outra presença e acompanhamento no mercado angolano. Como é óbvio, há o objectivo de termos uma presença maior das nossas marcas e que Angola passe a ser um dos principais mercados. Mas é um mercado residual? Não é residual. Já é um dos principais. Nos últimos dois anos conseguimos crescer bastante, com as marcas Bom Petisco e Bom Amigo a estarem presentes na maior parte dos pontos de venda em Angola. Angola está no top 5 dos nossos mercados, foi o país que mais cresceu, mas o que esta alteração de accionista nos permite é ter mais armas para crescer e fazer um excelente trabalho na exportação. É um mercado que trabalhavam a partir

O consumidor angolano já identifica as marcas de atum existentes no mercado como sendo marcas da Cofaco? Sim, sem dúvida. Quando falamos de consumidor final, este sabe distinguir o produto, sabe o que procura e tem plena noção das marcas disponíveis e das diferenças entre elas. A diferença maior não está, contudo, no consumidor final, mas na especificidade do mercado, ou seja, da distribuição. O mercado informal tem um peso muito grande, à volta dos 60% a 70%. Estamos habituados a trabalhar com a grande distribuição, mas em Angola deparamo-nos com uma situação um pouco diferente. Essa é a adaptação e evolução que teremos de fazer para, no fundo, garantir que o consumidor final encontra os nossos produtos em todo o lado. Esse é o nosso grande desafio. Não podem esquecer o mercado informal em Angola? Sem dúvida alguma. É, neste momento, o principal mercado. Mas há que fazer a transferência para a

As marcas MERCADO NACIONAL Bom Petisco Pitéu Líder

MERCADO INTERNACIONAL Ás do Mar Bon Appetit Santamaria Bom Amigo

pecíficas para o mercado angolano? Neste momento não é essa a nossa estretágia. Estamos em Angola com Bom Petisco, Bom Amigo, Bon Appetit e Pitéu. Temos um leque bastante grande, o que nos permite ter uma segmentação de preço e de produto diferentes. Por isso, achamos que temos um portfólio bastante completo para todas as necessidades.

distribuição moderna? Sim, esse é o grande desafio. O mercado informal tem muito peso, continuará a ter nos próximos anos, mas temos uma grande distribuição que continua a crescer, começa a ficar muito mais organizada. Mas esta questão não é tanto de marcas ou empresas, mas, sim, do próprio mercado. O grande desafio que temos hoje em dia é garantir que os nossos produtos estejam disponíveis em todos os pontos de venda, para que o nosso

Os produtos importados viram as taxas, impostos e pautas aumentarem em Angola. Como é que a Cofaco olha para esta questão? É óbvio que todos os entraves desse género não são positivos, e será o consumidor final a pagar um preço mais elevado. A Cofaco opera noutros países, como o Brasil, em que as taxas à importação são elevadas. É algo que nos preocupa e temos de estar atentos e arranjar soluções. O que queremos é servir os nossos clientes da distribuição onde estão e de forma mais próxima. Naturalmente que esses entraves não são benéficos. Estamos, contudo, convictos de que, com o posicionamento que temos e com a força das nossas marcas, conseguiremos superar essa questão. Mas teme que o preço possa subir ou que este produto deixe de ser uma opção interessante para o consumidor? Não a esse ponto, mas pode dificultar-nos no caminho que temos traçado. Angola era e, como é óbvio, passa a ter um peso importante, mas nunca foi nosso objectivo ser o nosso principal mercado. Queremos continuar a crescer e ter uma boa posição. Sabemos as oportunidades que temos e que há consumidores que querem os nossos produtos, mas temos de nos adaptar ao mercado e às suas exigências e necessidades.

consumidor os encontre com maior facilidade. E isso depende muito da abordagem ao mercado, que é completamente diferente de outros mais organizados. Mas não deixa de ser uma vantagem a distribuição moderna em Angola estar em franca evolução? Sim. Para nós e qualquer marca que queira estar em Angola. A nível logístico, de abastecimento, facilita muito. Julgo que se trata de um processo que vai demorar mais tempo do que as pessoas julgam. É uma questão cultural, as pessoas habituaram-se a comprar no mercado informal e são iguais. O posicionamento vai-se manter em Angola? Vão ter novas marcas ou marcas es-

Acha que a Cofaco nos próximos cinco a dez anos possa ter o seu principal volume de negócios proveniente da exportação? Sim. É para isso que estamos a trabalhar. O mercado português é maduro e limitado. Portanto, para crescermos, temos de ir para fora. O nosso objectivo é crescer e, para consegui-lo, temos de ir para a exportação. A Cofaco tem 52 anos, um histórico considerável, acaba de fazer um investimento significativo. Como vê ou gostaria de ver a Cofaco no futuro mais próximo? No fundo, vejo a Cofaco a fazer o melhor trabalho possível para satisfazer as necessidades e exigências dos nossos consumidores. Essa é a nossa principal missão.

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publireportagem //////////////////

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produção /privatizações indústria

Privatizações de fábricas beneficiam distribuição à vista O Governo vai privatizar empresas públicas cujo rendimento financeiro e humano não corresponde às expectativas traçadas, segundo os objectivos e metas de cada uma, em relação ao segmento de negócio que desenvolvem.

>> César Silveira

U

>> DR

ma fábrica de bolachas, uma de massas alimentares, duas moagens – de milho e de trigo –, uma produtora de refrigerantes e uma de sabão constam da carteira de empresas públicas, com forte ligação ao sector da distribuição, que o Governo decidiu privatizar aos empresários nacionais e estrangeiros. Depois de um considerável tempo sem se falar do assunto, o processo de privatização das empresas públicas voltou à ribalta no final de Maio passado com uma notícia a destacar-se, esta que, no entanto, resultou de um lapso. A maior empresa de seguros de Angola, a ENSA, afinal, não consta na lista das 27 que o Executivo tenciona privatizar nos próximos cinco anos. Na verdade, são empresas do sector da produção, cuja actividade tem repercussão positiva no sector da distribuição. Constam na lista 10 empresas ligadas ao sector da produção moderna de bens como bolachas, fuba, massa alimentar, refrigerantes e artigos de plástico. Trata-se das moagens Moagex e Ermohuila, cuja matéria-prima é o milho e o trigo, as fábri-

cas Bolama e Emabol, produção de bolachas e massa alimentar, assim como a Refrinor, que é uma fábrica de refrigerantes, e a Congeral, com foco no fabrico de sabão. Fazem ainda parte do grupo a Enepa, fábrica de artigos de plástico, que tem seis unidades de produção, a ETM, que é uma fábrica de mobiliário de cozinha, a Textang I (fiação e tecelagem), a Fiangol (fiação), a Facobang (tecelagem) e a Satec (tecelagem). Das 10 empresas em vias de privatização, apenas a Bolama e uma das unidades produtivas da Enepa, no caso a Cipal, se encontram em estado de actividade residual, as demais estão paralisadas, o que, na prática, é uma realidade pouco animadora para os investidores e empresários que anseiam ver as mesmas a

“Quando as empresas estão totalmente paralisadas, o Executivo tem poucas margens para exigir que os futuros donos mantenham as actividades”

manter as respectivas actividades depois de privatizadas.

NOVO FOCO EMPRESARIAL Segundo explicações de especialistas do Ministério da Economia, quando as empresas estão totalmente paralisadas, o Executivo tem poucas margens para exigir que os futuros donos mantenham as actividades. Para o caso das empresas a serem privatizadas, será mais fácil, por exemplo, o Executivo negociar e ou exigir que, depois de privatizada, a Bolama continue a produzir bolachas e massa alimentar, enquanto o futuro proprietário da congénere Emabol pode receber autorização para apostar em outro negócio.

Esta impossibilidade de o Executivo exigir a manutenção da actividade pode comprometer algumas das metas traçadas com a alienação das 30 empresas listadas, no total, como é a criação de cerca de 300 000 novos postos de trabalho, assim como a promoção de exportações e o aumento da produção nacional. Por outro lado, a manutenção das actividades por parte das 10 empresas em causa interessaria ao mercado, tendo em conta o nível de importação dos produtos congéneres. A título de exemplo, em 2012, Angola importou cerca de 363,9 mil toneladas de farinha de trigo, 115,9 mil toneladas de massa alimentar e 74 mil toneladas de sabão de diferentes géneros, tudo porque internamente não tem produção que satisfaça as necessidades dos consumidores.

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produção /crise marcas

COMO GERIR UMA CRISE DE MARCA? A Refriango foi, recentemente, alvo de um “ataque” por pessoa incerta via mensagens de telemóvel, fazendo circular informações falsas, enganosas e muito graves sobre os produtos da empresa. Esta não foi, contudo, a primeira e única vez que isso aconteceu a uma marca ou empresa, existindo vários exemplos por este mundo fora, fazendo este caso lembrar um igual que aconteceu à PepsiCo.. Quisemos saber, junto de especialistas na área da comunicação, como se deve actuar e responder a tais situações.

>> Victor Jorge

O

que é que uma empresa deve fazer quando circulam informações falsas sobre a empresa ou marca/produto? Como deve responder, actuar, que meios deve utilizar, quem, como e onde deve responder?

>> DR

Após um “ataque”, por pessoa incerta, que fez circular, via mensagens de telemóvel, uma campanha de informações falsas sobre a empresa e produtos da Refriango, a revista Distribuição em Expansão quis saber como é que se deve reagir perante tal situação.

José Brandão, consultor de comunicação da Street Media, é peremptório em casos como este. “A frontalidade é sempre a melhor resposta. Uma marca, uma vez que tem presença física, mas não tem rosto, num caso como este, deve sempre vir a público assumir o que está a ser dito

e contrapor”, adiantando que “uma voz e um rosto são essenciais para descansar um consumidor”. Já Elgar Rosa, director-executivo da Pure Ativism, refere que, quando o teor das acusações se relacionar com possíveis consequências para a saúde e integridade

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física dos consumidores, “responder com factos é a melhor opção”. Assim, a política da empresa em matéria de condições de produção, higiene e segurança é algo que “deve ser lembrado para restituir a confiança do consumidor”, podendo ainda somar-se “declarações de autoridades refutando as acusações”.

IGNORAR? NUNCA! Contudo, por vezes pode cair-se no exagero e ter uma percepção errada da situação, pecando, eventualmente, pelo exagero. Nestes casos, considera Luís Pereira, CEO da McCann Worldgroup Portugal, “deve-se deixar o tema morrer por si”, admitindo que, por vezes, as empresas têm uma visão “exagerada e vitimista dos ataques. É preciso ter uma noção realista da relevância e abrangência do mesmo para não se começar a negar algo ao público em geral que até então só era do conhecimento de um grupo restrito, contribuindo assim para a disseminação

tarde”, uma vez que “a comunicação é a responsável pelo diálogo entre a empresa e os seus públicos, sendo ou não consumidores”.

COMUNICAÇÃO, COMUNICAÇÃO, COMUNICAÇÃO… Os meios a utilizar para responder a tais “ataques” também devem ser analisados, com o ponto de partida a ser sempre a página na Internet da empresa e as suas múltiplas vertentes, ou seja, redes sociais (Facebook, Twitter, Google+, entre outras) a ela ligada. Paula Gustavo alerta, contudo, para a necessidade de uma “monitorização ao minuto” e, percebido um crescendo, então deve-se activar não só as redes sociais, mas também a comunicação interna, a comunicação com os stakeholders e a assessoria de imprensa. O avanço para uma campanha de publicidade, com o objectivo de renovar a imagem da marca/empresa, é situação

Os conselhos deixados pelos especialistas “O conselho que eu deixo a todas as marcas é tratarem da sua imagem como se fosse uma pessoa, com as qualidades e os defeitos de personalidade que todos temos. A interacção só é real se assumirmos que o consumidor espera de uma marca uma retribuição contínua da expectativa que a própria marca criou no mercado. Seja um carro, uma bebida, uma casa, uma roupa, um bem alimentar, a expectativa que a marca criou e que o consumidor espera ver revelada em cada acto de consumo, quando falha, deve ser imediatamente explicada, seja por razões verdadeiras ou alegadamente falsas. Ignorar essa relação com o consumidor, mas com toda a sociedade, é permitir que um boato se materialize numa verdade ecoada durante anos. (…) O tempo de reacção é determinante e, por fim, a simplicidade na resposta. Uma mensagem que não seja facilmente descodificada apenas indicia um subterfúgio, e todos os subterfúgios escondem culpados. Matar-se-á uma marca com o silêncio.” José Brandão, consultor de comunicação da Street Media

“Seriedade, formalidade e frieza na avaliação do tema e comedimento na resposta.” Luís Pereira Santos, CEO McCann Worldgroup Portugal

“Apostem na comunicação. Num mercado cada vez mais concorrencial, a relação das marcas com os consumidores faz-se através da comunicação, das acções que reforcem a ligação emocional das marcas aos consumidores.” Elgar Rosa, director-executivo da Pure Ativism

da mensagem pela sua negação”. Deve-se, então, ignorar tais falsidades? Paula Gustavo, directora-geral da Media Consulting, refere que, “cada vez mais, estas questões não podem ser ignoradas. As empresas nunca estiveram tão expostas como actualmente e, por isso, têm a obrigação de comunicar com o mercado e os seus consumidores de uma forma rápida, séria e próxima”, considerando Luís Pereira que poderá inclusivamente tratar-se de situações do foro “criminal”. O próprio ignorar de tal situação pode mesmo ser “perigoso”, alertando José Brandão para o facto de que “permitir um rumor é dar-lhe a força de um tornado e permitir que seja imprevisível no seu comportamento: pode desaparecer, como pode ganhar uma força e velocidade devastadoras”. Trata-se então de uma questão de comunicação, ou de marketing? Para o consultor da Street Media, é uma questão de comunicação, “o marketing entrará mais

que os responsáveis da área da comunicação descartam, existindo outras ferramentas de comunicação que devem ser utilizadas previamente. “Estas situações exigem credibilidade, confiança e transparência, e a publicidade não é a melhor opção”, menciona a responsável da Media Consulting, justificando José Brandão que “uma campanha de marketing serve para despertar uma vontade de consumo”. Assim, usar uma campanha de marketing para negar, abafar ou inverter um ataque “é usar um meio tradicionalmente esperado para veicular novidades ou reforçar um relacionamento para um fim diferente” Ou seja, “os consumidores nem sempre reagem positivamente a esta “manipulação”. Deve-se ter, igualmente, atenção a quem veicula a mensagem, referindo o CEO da McCann Worldgroup Portugal que deve ser usada a “fonte mais credível para contrapor a verdade”. Ou seja, se o ataque é sobre questões de qualidade e segurança

“Reunir rapidamente o gabinete de gestão de crise e definir e implementar um plano de acções que credibilize a empresa. Dar continuidade às acções de comunicação envolvendo a comunidade, a comunicação social e os consumidores.” Paula Gustavo, directora-geral da Media Consulting

alimentar, deve ser o departamento de qualidade a responder, admitindo Luís Pereira mesmo que “o pior departamento possível é o de marketing”, já que tem uma “aura negativa de manipulação de mensagens e spinning que não ajuda à contraposição da verdade”. Unânime parece ser a opinião relativamente à necessidade, ou não, de a resposta ser dada pela estrutura máxima da empresa – o CEO ou presidente. “A intervenção do CEO e/ou presidente só deve acontecer quando a situação for grave (perdas de vidas, queda de estrutura, encerramento de unidades)”, diz o

responsável da Pure Ativism. Mas a grande questão é saber se tais acusações por pessoa incerta e veiculadas das mais diversas formas – SMS, redes sociais, e-mails, entre outros – podem de facto “deitar abaixo” uma marca e em que medida podem prejudicá-la. Em breves palavras, Luís Pereira Santos admite que “é possível fazer uma grande mossa”, adiantando Paula Gustavo que tal depende da “gravidade da situação”, mas também da “relação e do engagement anterior da marca/empresa com os seus públicos”. Se uma marca não vem “abaixo” por #33

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produção /crise marcas mensagens de telemóvel, pode vir, no entanto, por uma acção concertada com uma estratégia. José Brandão refere que “acções isoladas não destroem, mas podem provocar um estado de alerta que, noutras situações, se fortalecerá”. E reforça: “Permitir que cada um destes microataques não tenha resposta é deixar que o destino, numa ocasião posterior, tome conta e potencie um rombo na reputação da marca.” A necessidade de um renaming da marca afectada é descartada por todos. “Mudar

sob um ataque é sempre percepcionado como dar-se razão ao que foi dito”, acredita José Brandão, revelando que “os consumidores, mais uma vez, seguem a psicologia social que ainda não foi alterada”. Também Paula Gustavo refere que, “se for implementada uma boa gestão de crise”, não será necessário fazer nenhum renaming, dando Luís Pereira Santos o exemplo da Findus (marca que foi recentemente assolada pelo escândalo da carne de cavalo em pratos congelados supostamente preparados somente com

carne bovina) “e nesse caso a acusação tinha fundamento”. Certo é que nenhuma marca/produto/ empresa poderá dizer-se livre de ser alvo de “ataques” deste tipo, sendo que a prevenção passa muito pela “construção e gestão de reputação”, considerada por Elgar Rosa como “a melhor forma de as empresas se prepararem para questões como esta. Não impede, mas, quanto maior for a confiança do consumidor, mais difícil será que essa mesma confiança seja abalada”.

“Tratou-se de um ataque ao tecido industrial e empresarial angolano” Distribuição em Expansão: Recentemente, a Refriango viu circular, via sms, informações que punham em causa a qualidade e mesmo a segurança alimentar dos seus produtos. Como reagiu a empresa e que razões estão por detrás desta informação? Eurico Feliciano: A Refriango deu conta da situação através de um alerta por parte de alguns consumidores. A primeira preocupação da empresa foi encontrar mecanismos para o esclarecimento imediato da situação, pois todos os dados da mensagem eram falsos: não houve qualquer alerta da Polícia, nunca houve qualquer peça transmitida pela TPA e obviamente não havia qualquer contaminação dos produtos. Tendo em conta o teor da mensagem que circulou, acreditamos que esta tenha sido uma campanha orquestrada por interesses económicos. O sucesso que a Refriango tem alcançado nos últimos anos, sendo a primeira empresa angolana de bens de grande consumo a iniciar uma estratégia de internacionalização, a ganhar prémios de qualidade internacionais, a ser a primeira empresa certificada em Angola, estará certamente na origem deste boato. Acreditamos também que o trabalho que tem vindo a ser feito por parte da indústria nacional, junto das entidades oficiais, para que as empresas importadoras contribuam economicamente com o que está consagrado na lei possa estar relacionado com este rumor, pois é um tema que tem levado a uma onda crescente de contestação por parte das empresas importadoras. Que medidas tomou a Refriango? A nossa principal preocupação foi esclarecer clientes e consumidores para que não houvesse qualquer reserva relativamente às nossas marcas e produtos. Neste aspecto, os meios de comunicação em Angola foram muito prestáveis. Proactivamente predispuseram-se para repor a verdade ao consumidor, pela confiança que têm nos nossos produtos e por saberem que a contaminação de que se falava no SMS era impossível de acontecer. Neste sentido, e por ser nossa responsabilidade esclarecer o consumidor sobre a qualidade e segurança alimentar dos produtos, a Refriango abriu as suas portas à TPA, TV Zimbo e RTP e a outros meios de comunicação social, para demonstrar que não existiu qualquer contaminação dos seus produtos. Também nas estações de rádio pres-

autoridades oficiais competentes, permitiu-nos esclarecer imediatamente centenas de consumidores. Recebemos inúmeras mensagens de apoio de consumidores e clientes aos quais agradecemos a confiança demonstrada e prometemos continuar a trabalhar garantindo o nosso máximo esforço.

EURICO FELICIANO, director de Marketing Operacional da Refriango

tamos todos os esclarecimentos que nos foram pedidos. Simultaneamente, estivemos disponíveis diariamente via Facebook para esclarecer as dúvidas dos consumidores. Informamos todos os fãs da página que a directora de Qualidade da Refriango estava disponível para responder, na primeira pessoa, a todas as questões que se pretendiam ver esclarecidas. As peças realizadas pela televisão e rádio foram também disponibilizadas na página. Por outro lado, também o INADEC – Instituto de Defesa do Consumidor – predispôs-se a prestar um esclarecimento público sobre a falsidade deste rumor. O INADEC por ser uma entidade independente e por realizar sistematicamente análises e inspecções à Refriango seria a entidade que estaria na posse de todos os elementos para comprovar esta falsidade. Através da Unitel, a quem agradecemos o apoio, a mensagem do Inadec foi divulgada por milhares de consumidores num curto espaço de tempo repondo toda a verdade. Que repercussões teve ou terá este caso? Não temos dúvidas que, infelizmente, possam existir danos. Acreditamos que sejam residuais e que com o decorrer do tempo irão desaparecer. A política de total transparência com que actuámos desde o primeiro momento, prestando todos os esclarecimentos solicitados, abrindo as portas aos órgãos de comunicação social e às

A Refriango garante a qualidade e segurança dos seus produtos? Absolutamente. Não só a Refriango garante a qualidade e segurança dos seus produtos, bem como as entidades oficias competentes que testam, analisam e realizam periodicamente inspecções à unidade fabril e aos produtos. A Refriango é a única empresa angolana de bens de grande consumo a ser certificada ao nível da qualidade e segurança alimentar dos seus produtos pela ISO 22000, pela APCER. Apenas as empresas cumpridoras das regras e normas nacionais e internacionais alcançam esta certificação. A actuação da Refriango sempre se pautou pelo desenvolvimento de produtos de excelência, produtos de qualidade e é o reconhecimento dos consumidores e clientes na qualidade e segurança dos nossos produtos, bem como na nossa política de transparência que nos permite desmistificar este tipo de campanhas que têm como único objectivo denegrir a imagem de sucesso da empresa. Simultaneamente, os prémios de qualidade que temos merecidamente recebido assumem um papel preponderante ao serem entidades independentes e internacionais que atestam a qualidade da produção nacional, tais como: Concurso Internacional da Qualidade Monde Selection, Produto do Ano (2013) atribuído pela SADC e Prémios Sabor do Ano 2013 em Portugal. Tratou-se de um caso isolado a uma empresa ou pensam que este caso pode ser um ataque ao aparelho produtivo angolano? Acreditamos que se tratou claramente de um ataque ao tecido industrial e empresarial angolano. Ainda que com menos expressão circularam mensagens também sobre outras empresas e produtos nacionais. Inclusive o que aconteceu foi uma cópia idêntica de um sms que circulou em 2011 sobre a Pepsi-Cola. O conteúdo da mensagem foi exactamente o mesmo, bem como o modo de disseminação do rumor.

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bebidas

/Sumol+Compal

A Sumol+Compal inaugurou recentemente a sua fábrica em Moçambique, num investimento que supera os 10 milhões USD.

Sumol+Compal já produz em Moçambique >> Victor Jorge

A

Sumol+Compal inaugurou a sua primeira unidade industrial fora de Portugal. Localizado nos arredores da cidade de Maputo, mais concretamente em Boane, o investimento da companhia de bebidas portuguesa foi de 10,4 milhões USD e marca a entrada no continente africano. Com este investimento, a Sumol+Compal concretiza o desejo de entrar no continente africano, uma das áreas prioritárias nos esforços de internacionalização da empresa. Moçambique foi o país escolhido para iniciar este processo por reunir as condições essenciais oferecidas a um investidor estrangeiro e pela sua posição geoestratégica na África Austral. A nova fábrica terá uma capacidade instalada de 30 milhões de litros anuais, para servir um mercado de 170 milhões de habitantes que apresenta todas as condições para um crescimento interessante e sustentado. “A Sumol+Compal congratula-se pelo facto de ter agora a capacidade de começar a produzir em Moçambique, o que lhe permitirá tirar partido do enorme potencial de crescimento do consumo em Moçambique e na região da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC)”, considerou Duarte Pinto, presidente executivo da Sumol+Compal na inauguração do projecto. Para o responsável, esta aposta ganha es-

>> DR

pecial relevância porque a empresa sente que “está a contribuir positivamente não só para o desenvolvimento do seu negócio, mas também para o crescimento da economia moçambicana, estreitando ligações entre países que partilham causas, história e língua comuns”. A unidade fabril possui três linhas de embalagem em cartão. Com a projecção inicial da Sumol+Compal a estimar que 70% da produção da fábrica deverá ser para exportação, dentro de dois ou três anos, dependendo do ritmo de aceitação das bebidas da fábrica no país e na própria região Austral de África. De referir ainda que a Sumol+Compal emprega 74 pessoas, das quais perto de 70 são moçambicanos. A Sumol+Compal deverá, a breve trecho, utilizar a produção da fruta nacional nas suas operações, como forma de fazer o aproveitamento da mesma e contribuir ainda mais para economia moçambicana. O capital da operação moçambicana - foi constituída a Sumol+Compal Moçambique, S.A. – é detido em 90% pela empresa portuguesa, com os restantes 10% a pertencerem ao empresário moçambicano Adolfo Manuel Correia da Silva.

MOÇAMBIQUE, MAS NÃO SÓ A expectativa relativamente a esta nova unidade fabril da Sumol+Compal em território moçambicano é alta e não se limita

exclusivamente a este mercado, já que a intenção é a de abastecer, dentro de dois a três anos, outros mercados. Estima-se que 70% da produção possa vir a ter como destino os mercado vizinhos como o Zimbabué, Suazilândia, Madagáscar ou África do Sul. Para alcançar estes objectivos, a esperança da Sumol+Compal é de que os níveis de crescimento demográfico, especialmente junto da população jovem, em Moçambique se mantenham. Para além dos sumos e néctares da Compal, a nova unidade de produção localizada em Boane irá produzir, igualmente, as bebidas de fruta da marca GUD. Se sob a primeira marca os sabores serão manga, laranja, maracujá e uva (Compa 100%), e pera, pêssego, manga e tutti-frutti (Compal Clássico), já na GUD os sabores recaem na manga, laranja, pêssego e tutti-frutti. De referir que, além da nova unidade fabril em Moçambique, a Sumol+Compal possui instalações em Almeirim, Gouveia, Pombal e Sampaio. Relativamente às contas da empresa, o recente relatório e contas mostra que as vendas em volume, em relação ao período homólogo do ano anterior, cresceram 2,1%, alcançando 72,1 milhões de litros, com a marca Sumol a progredir 12,4%, para 21,7 milhões de litros e a marca Compal a evoluir positivamente em 7,6%, para 19,8 milhões de litros. Já em valor, o volume de negócios ascendeu a 57,3 milhões EUR (cerca de 7,2 mil milhões Kz = 74,6 milhões USD), decrescendo 2,6% em relação ao período homólogo do ano anterior. As vendas regrediram 1,9%, para 55,1 milhões EUR (cerca de 6,9 mil milhões Kz = 71,5 milhões USD), tendo as vendas em Portugal alcançado 39,1 milhões EUR (cerca de 4,9 mil milhões Kz = 51 milhões USD), um decréscimo de 10,2%, resultado dos factores apresentados anteriormente. As vendas para os outros mercados foram de 16,0 milhões EUR (cerca de 2 mil milhões Kz = 20,7 milhões USD), crescendo 26,9%.

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vinhos

/António Alves, administrador da Atlanfina

A Atlanfina opera no mercado nacional há 15 anos, e nos últimos tem apostado no sector da distribuição de bebidas como vinhos, que representam 60% do seu portefólio, e espirituosas. Entre os seus 10 parceiros de distribuição, metade está inserida no conhecido comércio “janela aberta”. Destaque para o facto de existir já em Angola uma distribuição mais moderna, devido à dinamização de estruturas como cash and carry e redes de supermercados que se estendem às províncias.

“A distribuição de bebidas em Angola aproxima-se de padrões internacionais” >> Aylton Melo

D

istribuição em Expansão: Que balanço comercial faz da empresa nos últimos dois anos? António Alves: A Atlanfina exerce a sua actividade comercial há mais de 15 anos no mercado nacional e tem vindo a crescer de forma sustentada. No ano passado crescemos dois dígitos, na ordem dos 15%. Nos últimos cinco anos houve crescimentos exponenciais, mas agora que o mercado está mais maduro continuamos ainda assim a ter crescimentos interessantes, e espero manter este padrão de crescimento este ano. E em termos de volume de vendas? Em termos de volume de vendas, das contas consolidadas em Luanda e outras províncias, operamos e distribuímos mais de 10 milhões de garrafas.

Perfil da Atlanfina Uma empresa angolana, subholding do Grupo Atlântica para Angola, com um historial no País, nas áreas comercial, de serviços e imobiliária, que remonta aos anos 80. Há mais de 15 anos no mercado nacional, tem-se especializado, nos últimos anos, na representação e distribuição de bebidas, designadamente, vinhos portugueses, espirituosas de qualidade e outros produtos alimentares e gourmet. Possui uma logística dimensionada no centro de Luanda. Entre os principais parceiros e agentes, constam grupos hoteleiros (Sana, HTCA, Victoria Garden) e principais distribuidores (Shoprite, Kero, Nosso Super).

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“O consumidor angolano aprecia a estrutura dos vinhos alentejanos”

Como avalia a distribuição de bebidas importadas no mercado angolano? O mercado tem vindo a evoluir e a desenvolver-se. Em alguns aspectos está a aproximar-se dos padrões internacionais, hoje já aparece uma distribuição mais moderna, nomeadamente, cash and carry e redes de supermercados que se estendem às províncias, coexistindo com uma distribuição mais comercial. A chamada “janela aberta” tem uma força muito expressiva, estes são parceiros de excelência que conseguem com muito êxito disseminar o produto pelo mercado. A restauração e a hotelaria também estão a desenvolver-se. Por isso temos apoiado em termos de formação, porque acreditamos que podemos ter uma estrutura hoteleira cada vez mais funcional. Quantas “janelas abertas” fazem parte da vossa carteira de revendedores? Da nossa carteira, entre os dez maiores parceiros, cinco são “janelas abertas”. Embora exista um número inestimado de janelas abertas por Luanda, há de facto algumas muito fortes, que representam uma parcela

>> DR

significativa e indispensável na estrutura de distribuição de bebidas. São os casos de Populão e Madeirão, que são empresas dignas de respeito em Luanda. E quanto às outras províncias? Temos particularmente duas parcerias comparticipadas e escolhidas estrategicamente, em Benguela e Namibe. Além disso, temos apoiado outros parceiros nessas províncias. Acrescentamos a isto a realização de um conjunto de eventos para fazer chegar as nossas marcas. Quais os problemas que enfrenta como empresa de representação e distribuição de bebidas? Entre alguns dos problemas principais que enfrentamos e dificultam a nossa actividade, à cabeça, encontra-se o mercado paralelo. Apesar de representarmos algumas marcas em exclusivo, existem operadores que não respeitam esses acordos e não tratam o vinho com a qualidade exigida. Um aspecto que as autoridades deviam salvaguardar para que tenhamos um produto nas melhores condições. À semelhança de Portugal, devia se exigir um certificado de origem que ateste a proveniência e a qualidade do produto. Um aspecto que se deveria ter em conta nas inspecções de embarque e desembarque. Depois, a distribuição encontra problemas em termos logísticos por razões já conhecidas, em termos do tráfego, sobretudo na cidade de Luanda, mas procuramos fazer a distribuição a tempo e nas condições recomendáveis para que a qualidade se mantenha e o consumidor saia satisfeito. A Atlanfina já teve problemas de ruptura de estoque? É um aspecto importante que acontece em alguns períodos do ano, como no Natal e em Janeiro de cada ano. Nestes períodos já registámos alguma ruptura. Procuramos não ter ruptura de estoque, mas é muito difícil, porque há alturas em que os conten-

tores não são desalfandegados com fluidez necessária, devido a alguma burocracia e alguns atrasos no Porto de Luanda. Qual é o período do ano com mais níveis de consumo? O consumo é muito cíclico, o período pré-Natal – Outubro, Novembro e Dezembro – vale cerca de 40% do consumo do ano. Quer em Luanda, quer pelo resto do País, registamos esta taxa de concentração do consumo. Como empresa de representação e distribuição de bebidas, como avalia a vossa representação em termos de bebidas espirituosas? Neste particular, mantemos a nossa liderança. Temos uma selecção criteriosa de bebidas espirituosas. Por isso mesmo, trabalhamos com 10 países diferentes – desde a África do Sul passando pelos países europeus até ao Uruguai –, onde temos em todos estes mercados representações que avaliam a qualidade de cada produto e seleccionam os melhores, desde o champanhe, bermudez, vodcas, conhaques, whiskies, etc. Vamos onde for preciso ao sabor da excelência, para oferecermos o melhor possível. Do vosso portefólio, qual é a taxa dos vinhos face a outras bebidas? Diria que 60% são vinhos e o restante corresponde às bebidas espirituosas. Os vinhos ainda são predominantes, mas, cada vez mais, sentimos o peso crescente das bebidas espirituosas. Cremos que um dia poderão estar igualados. Quais são as perspectivas de negócio para 2014? Agora que sentimos que a nossa operação em Angola está mais ou menos consolidada, estamos a trabalhar na internacionalização para mercados como o da Namíbia, Moçambique, Cabo Verde, Brasil e Bélgica. Vamos aproveitar levar o nosso know how e experiência para estes países.

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vinhos /Dora Simões, presidente da Comissão Vitivinicola Regional Alentejana (CVRA)

“O consumidor angolano aprecia a estrutura dos vinhos alentejanos” Constituindo-se como o maior mercado de exportação fora da União Europeia, Angola reveste-se de uma importância quase “fulcral” para os produtores alentejanos. Foi nesse sentido, e a pensar na sustentação e no aumento da quota no mercado angolano, que a CVRA organizou uma prova de vinhos em Luanda.

>> Victor Jorge

C

om um total de 355 agentes económicos (divididos em 260 produtores e 95 comerciantes) e uma área total de vinha perto dos 22 mil hectares, o Alentejo é uma das principais regiões vitivinícolas portuguesas. Angola aparece como o maior mercado de exportação dos vinhos do Alentejo, tendo, praticamente, duplicado o volume exportado de 2010 para 2011, passando de 2,3 milhões para mais de 4,1 milhões de litros. A presidente da CVRA esteve em Angola, e a Distribuição em Expansão falou com ela. Distribuição em Expansão: A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) realizou recentemente uma prova de vinhos em Luanda – Vinhos do Alentejo em Luanda. Como correu? Dora Simões: A prova de vinhos do Alentejo foi um grande sucesso, dado que tivemos um grande número de visitantes, tanto ao nível de importadores como de consumidores finais. Foi uma oportunidade excelente para dar a conhecer as novas colheitas e novas marcas. Esta acção insere-se no plano de promoção externa que os vinhos do Alentejo têm desenvolvido nos últimos anos, sendo Angola um dos países pre-

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ferenciais de actuação. Como caracterizaria o mercado de vinhos actual em Angola? Angola é o maior mercado de exportação dos vinhos do Alentejo e tem tido uma evolução enorme no consumo de vinhos de qualidade. Esta evolução repercute-se claramente nas importações de vinhos do Alentejo, que aumentaram muito significativamente desde 2003.

“O facto de a restauração estar a aumentar em Angola permite a introdução dos vinhos em novos canais de distribuição e em novas tipologias de consumo”

É importante ter os produtores presentes neste tipo de acções? É muitíssimo importante, porque ninguém melhor que os produtores conhece os seus vinhos e detalhes sobre a sua origem e produção. Desta forma, eles são agentes privilegiados para esclarecerem os visitantes da nossa prova. Qual o valor e volume de exportação dos vinhos do Alentejo para Angola? Em 2012, o Alentejo exportou 4 milhões

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Principais mercados de exportação dos vinhos do Alentejo (X 1.000 L)

de litros de vinhos de qualidade com designação DOC Alentejo e Vinho Regional Alentejano.

APOSTA NA QUALIDADE Quais foram as principais evoluções possíveis de registar no consumo e consumidor angolano? A principal evolução tem sido no sentido de consumir vinhos com cada vez maior qualidade. O presidente da ViniPortugal, Jorge Monteiro, revelava recentemente, numa entrevista concedida à Distribuição em Expansão, que “o importante é que o consumo de vinhos em Angola dê lugar a vinhos de maior qualidade”. Como é que isso pode ser conseguido? A evolução do consumo de vinhos de qualidade pelo consumidor angolano passa certamente pela realização de mais acções de formação específicas para os profissionais, sobre as regiões, as castas e a diversidade de vinhos portugueses e pela continuação do desenvolvimento de acções de promoção que informem os consumidores, de forma a que estes sejam cada vez mais exigentes nas suas escolhas. O vinho está entre os produtos mais exportados de Portugal para Angola. No entanto, a concorrência internacional neste sector é feroz. O que faz os angolanos terem um gosto especial pelos vinhos portugueses e, neste caso particular, pelos vinhos do Alentejo? O consumidor angolano aprecia a estrutura dos vinhos alentejanos, associada à sua suavidade, aromas e sabores frutados e boa acidez, que tornam os nossos vinhos ideais para acompanhar a cozinha angolana, ou até para serem bebidos sozinhos. Angola é, contudo, um mercado que está a ficar cada vez mais exigente. Como é que os produtores de vinho portugueses/alentejanos devem encarar actualmente o mercado de Angola? O mercado de vinhos de Angola tem de ser encarado necessariamente de forma muito séria, primando sempre pela qualidade dos vinhos exportados, de forma a valorizarmo-nos por aquilo que produzimos de melhor. Angola deixou de ser um país para o envio de qualquer vinho barato. Os produtores portugueses estão cientes deste facto, ou ainda há quem julgue que para exportação para Angola serve qualquer vinho? Conforme disse, essa não pode ser a atitude do exportador para Angola. O mercado angolano é tão importante como ou-

Fonte: CVRA

tros mercados internacionais dos vinhos do Alentejo, pelo que deve ser visto e trabalhado com grande profissionalismo e visão de futuro.

VINHOS MULTICANAL O facto de a distribuição moderna, a hotelaria e a restauração em Angola estarem em franco desenvolvimento é uma vantagem? Certamente, o aumento dos canais de distribuição é sempre vantajoso, tanto para os vinhos do Alentejo como para os seus potenciais clientes. O facto de a restauração estar a aumentar em Angola permite a introdução dos vinhos em novos canais de distribuição e em novas tipologias de consumo como, por exemplo, a do serviço de vinho de qualidade a copo. Os vinhos do Alentejo enquadram-se nestas três vertentes (distribuição moderna, hotelaria e restauração), ou há um canal preferencial? A variedade existente dentro do portfólio dos vinhos do Alentejo permite ter produtos adequados a cada um dos canais. Admitiu recentemente que a exportação “é a única saída” para os vinhos portugueses. Que peso e importância tem ou pode vir a ter Angola nesse sentido? Angola é já o maior mercado de exportação dos vinhos do Alentejo, representando 35,8% das nossas exportações para fora da União Europeia. Por este motivo, e pela adequação dos nossos vinhos ao gosto do consumidor angolano, a importância do mercado angolano é muito grande e com boas perspectivas de continuar a ter uma evolução positiva. Angola tem vindo a conhecer regras restritivas à importação de bens ali-

mentares, incluindo os vinhos. Como é que a responsável pela CVRA encara esta realidade e que sentimento tem recebido por parte dos produtores da região em relação a esta situação? Trata-se de uma situação que, obviamente, nos ultrapassa. Esperamos que possa ficar resolvida o quanto antes. Como gostaria de ver os vinhos do Alentejo no mercado de Angola num futuro a 10 anos? Gostaríamos que, de facto, houvesse uma expansão da categoria vinhos do Alente-

jo no mercado angolano, nomeadamente no retalho e na restauração associada, em simultâneo com um incremento do preço médio da garrafa vendida. Há espaço para crescer muito mais, ou a evolução a partir de agora será mais lenta e passa por sustentar o consumo de vinhos de maior qualidade? O espaço para crescer está associado ao crescimento do consumo de vinhos de qualidade pelos consumidores angolanos, que esperamos que se mantenha pelo menos ao mesmo ritmo dos últimos anos. #41

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novidades

Conheça os mais recentes lançamentos de produtos nestas páginas da Distribuição em Expansão

LG COM NOVA TV SMART A LG apresentou, recentemente em Luanda, a televisão LG 84” Ultra HD numa resposta à crescente exigência dos consumidores angolanos. A nova TV da LG com um gigantesco ecrã de 84 polegadas (213 cm) e com tecnologia inovadora e sem paralelo no mercado, tem 8 milhões de píxeis, quatro vezes a resolução dos aparelhos em Full HD, isto deve-se em grande parte ao avançado processador LG Triple XD. A LG equipou este aparelho com a tecnologia Cinema 3D para garantir que este ecrã gigantesco possa proporcionar a melhor e mais envolvente experiência de visionamento possível. O preço de venda ao público da LG 84”LM9600 UHD é de 2 100 000 Kz

FRIGORÍFICO LG COM 3 PORTAS Para mostrar que inovação na fabricação de aparelhos não envolve apenas rede Wi-Fi ou assistente de voz, a LG apresentou um frigorífico com três portas. O frigorífico LG Door-in-Door inclui uma porta que por sua vez é uma outra porta, ou seja, teremos um primeiro espaço que lhe dará acesso a produtos mais usados, como por exemplo as bebidas, e outra porta para aceder aos produtos usados com menos frequência, evitando assim que certos alimentos percam qualidade com o movimento constante de abrir e fechar a porta. O preço de venda ao público do novo frigorífico LG é de 380 000 Kz.

CANDEREL LANÇA ADOÇANTE GRANULADO Canderel Green Granulado é a mais recente proposta da marca Canderel para os adoçantes, mantendo a mesma textura granulada do açúcar. Este adoçante é produzido à base de estévia, uma planta da América do Sul, constituindo uma alternativa natural ao açúcar que vai ao encontro das necessidades dos consumidores que procuram produtos mais naturais e saudáveis. A marca revela que 50 gramas de Canderel Green Granulado são equivalentes a 100 gramas de açúcar.

AZEITE ERVA-LIMÃO ALMOJANDA A Diterra apresentou recentemente o seu novo Azeite Virgem Extra Erva-Limão, dando continuidade à gama de azeites aromatizados Almojanda que já existe: Azeite Virgem Extra Cogumelo e Azeite Virgem Extra Malagueta.

NESPRESSO AUMENTA GAMA DE GRAND CRUS Vanilio, Ciocattino e Caramelito, as três Limited Editions Variations da Nespresso, passam agora a fazer parte da gama permanente de Grands Crus da marca de cafés em cápsula da companhia Nestlé. Combinando o sabor do café com os aromas da baunilha, do chocolate e do caramelo, Vanilio combina a baunilha com o aroma do Grand Cru Livanto, enquanto o Ciocattino apresenta notas de chocolate preto e amargo com os sabores torrados do Grand Cru Livanto. Por fim, o Caramelito combina o sabor do caramelo com as notas torradas do Grand Cru Livanto.

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VERY IMPORTANT PROFESSIONAL Barómetro dos Notáveis

Um painel de profissionais dará, mensalmente, a sua opinião sobre questões da actualidade colocadas pela redacção da Distribuição em Expansão. Trabalhadas, a posteriori, estatisticamente, ficará a saber o que os profissionais convidados pensam sobre determinado assunto, mas nunca de forma individual, mas em grupo

1. Agostinho Kapaia, Presidente do grupo Opaia 2. Aguinaldo Jaime, Jurista 3. Albano Lussati, Vice-presidente da UNACA, Confederação das Associações e Cooperativas de Camponeses de Angola 4. Estevão Daniel, Administrador da Refriango 5. Filipe Lemos, Presidente Executivo da LIDE Angola (Grupo de Líderes Empresariais) 6. Galvão Branco, Consultor empresarial da GB Consultores Reunidos 7. Gomes Cardoso, Presidente do Codex Angola, Comité Nacional para o Código Alimentar Angola 8. Jorge Baptista, Presidente da Associação dos Empreendedores de Angola (AEA) 9. Jorge Coelho Pinto, Director da Jotil 10. José António Rousseau, Docente, Consultor e especialista em Distribuição Moderna

11. José Macedo, Director-geral da Lactiangol 12. José Severino, Presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) 13. Judith Correia, Administradora da FaciCredit 14. Luís Reis, Presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) 15. Luís Sambo, Jurista, Projecto Executivo para a Reforma Tributária 16. Manuel Monteiro, Director da FertiAngola 17. Manuel Victoriano Sumbula, Administrador da Coca-Cola 18. Matos Cardoso, CEO da Feira Internacional de Luanda (FIL) 19. Paulo de Carvalho, Director-geral da ScoreDistribuição 20. Paulo Trindade, CEO da Abacus, Consultora Imobiliária 21. Pedro Miguel Silva, Senior Manager da Deloitte Angola

22. Raúl Mateus, Sócio-administrador da Pomobel 23. Regina Santos, Pesquisadora do CEIC, Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola 24. Renato Azevedo, Presidente-executivo da Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola (AEBRAN) 25. Ricardo Gerigk, Delegado do Escritório da Economia Alemão em Angola 26. Rui Catalo, Administrador da Casa dos Frescos 27. Rui Malaquias, Docente e economista 28. Rui Miguel Nabeiro, Administrador da Delta-Cafés 29. Rui Santos, Presidente da Sistec 30. Victor Kavinokeka Paulo, Presidente da Câmara de Comércio e Indústria (Huambo)

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1.

Estima-se que apenas 15 mil, de 1 milhão de hectares de terra disponibilizado para agricultura, no País, estejam a ser usados, foi revelado recentemente no Fórum sobre o Sector Produtivo e Empresarial do Kwanza Sul, “Políticas de Crédito ao Sector Privado – Uma Análise Crítica”.

2.

Em sua opinião, o processo de privatizações das empresas públicas está a ser bem gerido?

a) Este é um valor manifestamente irrisório para as necessidades do País

a) Sim

b) Revela a pouca aptidão dos empresários de olharem para a agricultura

c) É preciso uma nova Lei das Privatizações

b) Não

d) Qualquer processo de privatizações é complexo e tem condicionantes

c) É um primeiro indicativo de onde se deve investir no País d) É o sector onde se deve investir mais e com reflexos imediatos na economia

3.

4.

As empresas a privatizar deveriam ficar...?

Durante o 5.º Fórum Alemão-Angolano, que se realizou no início de Junho, ficou claro que os grandes players do retalho alemão não estão interessados, para já, em investir em Angola. O que poderia alterar esta percepção?

a) Em mãos angolanas

a) Um maior controlo e diminuição do mercado informal

b) Em mãos estrangeiras b) Uma maior organização do sector

c) Em mãos do Estado. Não deveria de proceder-se às privatizações

c) Uma aposta clara na qualidade em todas as vertentes

d) Num misto (nacionalinternacional)

5.

Após as recentes alterações relativamente às novas regras portuárias, de controlo de qualidade e taxa de importação, as cervejeiras portuguesas temem um rude golpe nas suas exportações para Angola. Em quanto é que estas importações de cervejas portuguesas poderão vir a ser diminuídas?

d) O sustentado crescimento da classe média e o aumento da população

6.

A ministra do Comércio, Rosa Pacavira, anunciou recentemente o arranque da primeira fase da actividade do projecto que visa melhorar o escoamento da produção agrícola do campo para os centros comerciais, tendo sido disponibilizados 6,2 mil milhões Kz (65 milhões USD).

a) 20% a 30% b) 30% a 50% c) Mais de 50% d) Menos de 20%

a) Este é um incentivo fundamental para o impulso da produção nacional em Angola e respectivo escoamento b) Sem este projecto, será difícil a Angola ter produção nacional e fazer chegar os produtos produzidos localmente às grande urbes de consumo c) Este projecto dependerá sempre da construção de infra-estruturas capazes de fazer circular os meios de transporte para o escoamento da produção d) Este projecto só terá sucesso se, junto das produções, existirem armazéns centralizados que recebam as produções e as distribuam de forma organizada

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leituras

/livros

Desta Vez É Diferente – Oito séculos de loucura financeira

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om base numa vasta quantidade de informação compilada numa imensa base de dados (os dados abrangem a África, a Ásia, a Europa, a América Latina, a América do Norte e a Oceânia, cobrem 66 países ao todo e incluem ainda dados específicos para muitos outros), os autores puderam analisar, de uma forma mais ampla e de longa duração, os diversos episódios de vários tipos de crises financeiras. Estas incluem incumprimentos soberanos (quando um governo não pode satisfazer os compromissos de pagamento a que está obrigado pelas suas dívidas externa ou interna, ou ambas); as crises bancárias, como as que o mundo viveu em catadupa no final da primeira década deste milénio, quando uma nação descobre que grande parte da banca se tornou insolvente, depois de perdas pesadas em investimentos, de pânicos bancários, ou ambos; e, por fim, as crises de taxa de câmbio, como as que assolaram a Ásia, a Europa e a América Latina nos anos 90. Nesta análise quantitativa emerge um padrão. Nas palavras dos autores: “Já aqui estivemos antes. Por muito diferente que pareça sempre o último furor ou crise financeira, há normalmente semelhanças notórias com a experiência passada de outros países e da história. Reconhecer estas analogias e precedentes é um passo essencial para aperfeiçoar o sistema financeiro global, quer reduzindo o risco de crises futuras, quer lidando melhor com as catástrofes, quando elas acontecem.”

Autor(es): Carmen Reinhart, Kenneth Rogoff Edição: 2013 Editora: Actual Editora língua: Português Págs.: 550 Preço: 22,00 EUR (2750 Kz)

Liderança Inteligente – Criar a paixão pela mudança

Autor(es): Alan Hooper, John Potter Edição: 2013 Editora: Actual Editora Língua: Actual Editora Págs.: 222 Preço: 20,14 EUR (2517 Kz)

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ste livro oferece uma abordagem prática e inovadora para desenvolver capacidades de liderança e ensina a tirar partido da mudança de forma eficaz, através da conquista dos “corações e mentes” de todos os envolvidos. O tema da liderança está na ordem do dia, e este livro aborda, de forma acessível, tendências dominantes do desempenho eficaz da gestão. Se, para muitos, a mudança é vista como uma ameaça, para outros representa um desafio e uma oportunidade de futuro. Saber liderar eficazmente em tempos de mudança, mais do que uma capacidade, resulta da experiência de vida e do desenvolvimento de competências adequadas para motivar e conquistar o empenho e compromisso de todos os colaboradores.

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