Distribuição em Expansão 9

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>>Novembro >>ano I >>Director: António Pedro

>>Director Executivo: Victor Jorge >>Periodicidade: Mensal >>Propriedade: Score Media

2013

>>Preço capa: 700 Kz

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Crédito Porque “trava” a banca de investimentos o crédito ao retalho?

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Retalho especializado Electrónica agita previsões do mercado nacional

Entrevista Country manager da Cerveja Sagres em Angola

E ainda…

“Há que saber chamar a atenção do consumidor através de uma imagem de marca dinâmica e moderna” José Macedo, presidente do conselho de administração da Lactiangol

Foto: Duarte Lima Villas

Diageo “keep walking para Angola 24 horas com A opinião dos VIP Novidades do mercado


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2013

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Crédito Porque “trava” a banca de investimentos o crédito ao retalho?

retalho especializado Electrónica agita previsões do mercado nacional

Entrevista Country manager da Cerveja Sagres em Angola

E ainda… • Diageo “keep walking” para Angola • 24 horas com • A opinião dos VIP • Novidades do mercado

“Há que saber cHamar a atenção do consumidor através de uma imagem de marca dinâmica e moderna” Entrevista a José Macedo, presidente do conselho de administração da Lactiangol

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editorial A certeza de Pierre Castel e a incerteza da Unicer

C

erta vez, um CEO de uma conceituada empresa angolana argumentou que duas situações podiam paralisar uma empreitada. Dizia o gestor angolano que seria pela falta de dinheiro do dono da obra, ou pela incompetência do empreiteiro. Fica difícil aplicar o primeiro ou o segundo caso à Unicer, que recentemente voltou a anunciar a abertura da sua fábrica de cerveja no País, concretamente em 2016. A Unicer sempre anunciou que tem dinheiro para avançar com o projecto e proporcionar emprego aos angolanos, mas também nunca ficou definido o empreiteiro. Contudo, vamos ao epicentro da polémica. Em Fevereiro de 2008, a Unicer anunciou que pretende construir a prazo uma fábrica para a produção de cerveja Super Bock no País, quantificando que no ano anterior havia comercializado, localmente, 108 milhões de litros. A intenção, segundo o director de vendas da empresa, Marcos Pereira, por ocasião de uma conferência de imprensa em Lisboa, foi sempre tornar-se numa operadora de capital português mas com mão-deobra nacional. Passado um ano, em Janeiro de 2009, o presidente executivo do grupo português, António Pires de Lima, afirmou em Lisboa que a fábrica de cerveja começaria a ser construída no primeiro semestre daquele ano, num investimento de 100 milhões EUR, enfatizando que a marca privilegia mercados que falam português, reconhecendo ser Angola de longe o mercado mais importante, numa altura em que o País representava 60% das exportações da Unicer. Em Dezembro de 2009, o presidente do grupo voltou a afirmar, ao português Diário Económico, que finalmente se começaria o investimento equivalente a 120 milhões USD na construção da fábrica de cerveja, e recordou que o projecto remonta a 2003, mas que apenas naquele ano haviam sido assinados os contratos que regulam a relação entre os sócios e o governo da sociedade, com três parceiros nacionais: Giasope, Emprominas e Imosil. Estavam assim delineadas as condições para a criação de mais de mil postos de trabalho directos e 10 mil indirectos, para um projecto designado de Única, com 49% da Unicer e 51% dos sócios nacionais. Chegado Janeiro de 2010, o representante do grupo em Angola, José Teixeira, assegurava ao angolano jornal O País que a fábrica teria uma capacidade de produção de cerca de 100

António PedrO, Director

milhões de litros de cerveja, devendo entrar em funcionamento em Maio de 2011. Fez saber também que apenas um dos produtos tradicionais da Unicer, entre Cristal, Carlsberg e Super Bock, deveria ser produzido no País, pois a aposta é a criação de marcas novas com nomes próprios, que se identifiquem com o povo angolano. A procissão da estratégia de adiamentos continuou no adro, tanto em 2011 como no ano passado, que, segundo um biólogo abordado por esta revista, é tempo mais que suficiente para uma tartaruga marinha debutante na vida aquática percorrer o oceano de Lisboa a Luanda. Em Maio deste ano, o presidente da Unicer avançou, novamente ao Diário Económico, que a construção da fábrica arranca este ano, mas com previsão de entrada em funcionamento para o final de 2015, e sublinhou que as divergências entre o grupo e os quatro sócios angolanos (mais um que em 2009) estavam ultrapassadas, um problema que nunca se abordou em praça pública de forma oficial. Passados cinco meses, em Outubro passado, o novo presidente executivo do grupo português, João Abecassis (o antigo foi nomeado ministro da Economia), anunciou que a fábrica deverá entrar em funcionamento em 2016, dispondo de uma capacidade inicial de produção de 120 milhões de litros (mais 20 milhões que o volume anunciado em 2010) de cerveja por ano, quantidade igual à actualmente exportada para Angola. Quando em Outubro de 2010 o francês Pierre Castel, patrão da cervejeira Cuca, detida pelo seu grupo BGI, almoçou com jornalistas angolanos na província francesa de Bordéus, perguntara-lhe como encarava a entrada da Unicer no mercado angolano. Perante uma conversa muito amena, muito aberta, permitindo até aos jornalistas nacionais gravarem, Pierre Castel disse que não estava preocupado com a concorrência da Unicer. O patrão da Cuca terá dito algo como – eles estão sempre a anunciar e nunca fazem nada, há pouca credibilidade neles, e vocês vão ver que no próximo ano voltarão a anunciar o arranque do projecto. A certeza de Pierre Castel continua sólida, até hoje, mas a certeza da Unicer em instalar fábrica em Luanda continua incerta face à sua estratégia de adiamentos sucessivos. E se em 2014 se reforçar a estratégia de adiamento? Quiçá para 2017! Aí Pierre Castel dirá com certeza: estes tipos já não mudam.

ficha técnica Director António Pedro - antonio.pedro@scoremedia.co.ao • Director Executivo Victor Jorge - v.jorge@scoremedia.co.ao Directora geral de revistas Nilza Rodrigues - nilza.rodrigues@scoremedia.co.ao Conselho de Gerência Alexandre Mealha Colaboram neste número José António Rousseau, Nuno Ribeiro, André Samuel Fotografia Edson Chagas (Subeditor), César Magalhães, Duarte Lima Villas Projecto Gráfico Rui Sampaio • PAGINAÇÃO Marta Gregório e Rui Sampaio • Impressão Printer • Distribuidora VASPE, SA Direcção Comercial Sofia Costa (Directora) +244 923 467 171 - sofia.costa@scoremedia.co.ao, Cátia Amado catia.amado@scoremedia.co.ao DEP. CONFERÊNCIAS Carina Amuedo ASSINATURAS Victor Pinheiro - v.pinheiro@netcabo.pt • +244 922 701 258 Direcção Administrativa e Financeira Renato Moreira (Director), Garcia José, Herlander Tomás, Katila Denise, Rosa Ngola, Stanislau Pataca Contactos 244 222 322 665 / 244 222 322 654 / 244 222 322 674 • Fax: 244 222 443 453 • Rua Damião de Góis, n.º 81 – Bairro de Alvalade, Luanda – Angola Contactos E-mail distribuicaoemexpansao@scoremedia.co.ao Representação em Portugal Estratégia Media • Direcção-Geral Nilza Rodrigues • Departamento Administrativo Amélia Saavedra • Contactos +351 927747062 Registo MCS-520/B2009

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Distribuição em Expansão • Novembro 2013


índice #

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Quiz/Dixit

06

Distribuição

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PRODUÇÃO

06-10 Porque a banca de investimentos “trava” crédito ao retalho? 14 Retalho electrónico agita previsões do mercado nacional 16 Luandenses gastam mais dinheiro em imobiliário, vestuário e lazer 18 Retalhistas usam África do Sul para expansão africana 20 ADN da Distribuição 21 Opinião Nuno Ribeiro, Country Manager da agência de inovação faberNovel

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16

22-26 Entrevista José Macedo, Presidente do Conselho de Administração da Lactiangol

30

24 HORAS COM …

32

BEBIDAS

22

30-31 Elias Fayad, Director-geral da AngoAlissar Corporate

32-34 Entrevista Paulo Gomes, Country Manager da Cerveja Sagre em Angola 36-37 Diageo “keep walking” para Angola

38 LOGÍSTICA

38 Uma porta super-rápida

40

TECNOLOGIA

42

INOVAÇÃO

48

LEITURAS

50 52 54

NOVIDADES DE PRODUTO

32

40 Uma solução para reduzir as quebras

42-44 Aumenta procura de materiais renováveis e rótulos ambientais

48 O Preço da Desigualdade 48 Como Destruir Uma Empresa em 12 Meses… ou antes

VIP A FECHAR

42 #4

Distribuição em Expansão • Novembro 2013


1

O investimento estrangeiro directo em Angola caiu quanto em 2011? a) 3,1% b) 4,2% c) 2,9% d) 0,4%

DIXIT

quiz 2

Qual o valor que o Mega Cash&Carry irá investir até ao final de 2014 na construção de um centro logístico e no lançamento de lojas Bem Me Quer nas províncias de Luanda, Benguela e Huíla? a) 15 milhões USD b) 10 milhões USD c) 35 milhões USD d) 20 milhões USD

3

“A não importação de alguns produtos de Setembro a Maio vai criar mais emprego.” Fernando Solinho, empresário, in Semanário Económico, 3 de Outubro de 2013

“A economia angolana tem oferecido e oferecerá confiança aos agentes económicos.” Salim Valimamade, economista e docente universitário, in Expansão, 11 de Outubro de 2013

“O projecto Bem Me Quer são lojas que dão fundos ao Estado, porque a facturação é feita de uma forma legal.” Estêvão Daniel, administrador do Mega, in Expansão, 11 de Outubro de 2013

“Lamento o facto de muitas das nossas grandes empresas produtoras de tecnologia inovadoras não estarem presentes no mercado angolano. Perdemos muitos anos, enquanto outros países como China, Brasil e Portugal estão no terreno há muito tempo.” Daniel Ribant, banqueiro belga, in Jornal de Angola, 11 de Outubro de 2013

“É importante que o País reduza as exigências para permitir que as pequenas empresas entrem no mercado, pois são os principais impulsionadores da economia nacional.” José Severino, presidente da Associação Industrial

Qual o volume de produtos contratados mensalmente no programa Fazenda Maxi? a) 100 toneladas b) 130 toneladas c) 170 toneladas d) 80 toneladas

de Angola (AIA), in Economia & Finanças, 11 de Outubro de 2013

“A entrada dos produtos da cesta básica no País está isenta de taxas e, por isso, devem ser vigiados. Estamos a trabalhar com o Ministério das Finanças para estabelecimento de preços.”

4

Rosa Pacavira, ministra do Comércio, in Semanário Económico, 10 de Outubro de 2013

Quando vão ser efectuadas as recolhas de alimentos e outros bens pelo Banco Alimentar contra a Fome em Luanda? a) 26 e 27 de Outubro de 2013 b) 30 de Novembro e 1 de Dezembro de 2013 c) 21 e 22 de Dezembro de 2013 d) 12 e 13 de Dezembro de 2013

“Não há razão para nos deixarmos intimidar.” José Eduardo dos Santos, Presidente da República de Angola, in discurso sobre o Estado da Nação, 15 de Outubro de 2013

“Se alguém perguntasse às empresas britânicas se queriam vir para Angola há dois anos, provavelmente haveria umas cinco que diriam que sim.” Jonathan Marland, líder da missão empresarial do Reino Unido a Angola, in Expansão, 18 de Outubro de 2013

Respostas: 1 c); 2 d); 3 b); 4 b)

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Distribuição em Expansão • Novembro 2013


distribuição

/Crédito

A concessão de crédito ao sector do retalho alimentar e especializado tem sido dificultada pelos bancos comerciais na óptica dos players nacionais que operam no mercado da distribuição moderna. Abordámos figuras que dominam a matéria e espelham o seu ponto de vista. Se o crédito já é difícil de se obter para o desenvolvimento da actividade retalhista e até grossista, como é que os nacionais enfrentarão o mercado com a inclusão de operadores internacionais de renome cuja estratégia não se apega em recorrer à banca de investimentos mas aplicando capital próprio?

Porque “trava” a banca de investimentos o crédito ao retalho? >> António Pedro

>> DR

1. O crédito ao comércio a grosso e a retalho, do total de crédito do sistema bancário por sectores de actividade económica, de Dezembro de 2012 a Agosto de 2013, segundo cálculos feitos com dados do BNA, representa em média 16%. Considera elevada, ou não, a referida taxa de crédito, uma vez que o sector apresenta tendência de crescimento no médio prazo? 2. Os empresários nacionais ligados aos sectores de retalho alimentar continuam a reclamar, desde há muitos anos, que a banca de investimentos pouco apoia o sector. Por que razão esta situação prevalece? 3. O que é que os empresários do ramo do retalho alimentar precisam de fazer para contornar esta situação e ganhar maior confiança dos bancos comerciais de investimentos, para haver crescimento e desenvolvimento da sua actividade? 4. Uma vez que grandes grupos internacionais do retalho alimentar anunciaram entrada em Angola, no curto prazo – é o caso do maior player mundial, o Walmart (através da Massmart, que é o concorrente directo da Shoprite na África do Sul), da Sonae, de Portugal, da SPAR, entre outros –, como poderá ser o futuro dos empresários nacionais do retalho alimentar (supermercados e hipermercados) com as actuais “restrições” de crédito junto da banca de investimentos?

1 Xerum res disitae experibusam qui dolupta voloria consequiduci quibustrum non nustiae qui aperi optat idestiores eos essus. Et autae volorestrum ut r

Não se nos apresenta muito elevada [a taxa de 16%], pois o País depende ainda e em muito de importações cuja rotação é lenta, face ao tempo de transporte marítimo, desembaraço e despachos. O problema reside na sua possível concentração em grandes importadores. Para o bem da economia, até poderia ser um pouco mais alto, se tais aplicações fossem orientadas a impulsionar a aquisição de bens nacionais, o que hoje, e infelizmente, não tem nenhum peso. Os serviços de crédito à economia “lambem-se” com as importações como ursos por mel, e fogem da produção nacional como o apicultor europeu foge das abelhas africanas. Há razões objectivas e também razões subjectivas. É um processo. Nem banca de investimento e quase diríamos que nem banca de retalho

2

para operações costumeiras. Em relação ao investimento, ele ainda tem mais propensão, é natural que assim seja. Está mais orientado para a criação de bens, face à actual e atroz dependência externa. Salvo melhor estratégia, recomendaríamos a consolidação do seu património imobiliário e o demais para garantia dos seus empréstimos, ter contabilidade bem organizada e um bom desempenho. Também não apontar logo para megaprojectos, mas, sim, iniciar de forma concisa mas acautelada, de modo a facilitar um estudo de viabilidade. Em investimento, esta é a peça curial. A AIA tem vindo a recomendar que o comércio retalhista se organize em associações empresariais, ou então será trucidado pelas grandes superfícies, com a perda de milhares de postos de trabalho.

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4

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Distribuição em Expansão • Novembro 2013

José Severino, Presidente da Associação Industrial Angolana (AIA)


pág.

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Luandenses gastam mais dinheiro em imobiliário, vestuário e lazer

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Para qualquer sector da economia crescer, terá de ser acompanhado pelo crédito bancário. Este tem sido, usualmente, em todas as economias, o motor para o crescimento e a expansão dos sectores económicos. Nesse sentido, acredito que o crédito bancário no sector de comércio e serviços tenha de aumentar para corresponder à expectativa de crescimento que este sector tem na economia angolana. Temos de ter em consideração que a maior parte das transacções deste sector de comércio e serviços se regista no mercado informal, onde a maior parte das empresas não tem contabilidade organizada, comprovativos de pagamento de impostos, um plano de negócios nem uma estrutura organizativa que apresente “confiança” para os bancos emprestarem dinheiro. Os bancos comerciais, cada vez mais, têm as questões de compliance e a gestão de risco como factores cruciais para a estabilidade da

2/3

Retalho electrónico agita previsões do mercado nacional

pág.

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Retalhistas usam África do Sul para expansão africana

instituição financeira. Desse modo, são “obrigados” a ter uma avaliação de risco, em especial no crédito, que verifique as tais condições de compliance e que mitigue os riscos. Assim, é normal que os bancos sejam mais exigentes para com as empresas na concessão do crédito. Penso que, apesar da entrada dos grandes players no mercado, existem sempre “nichos” de mercado que os nacionais podem explorar. Os nacio-

4

nais são aqueles que melhor conhecem o mercado e o perfil de consumo da população. Desse modo, têm de potenciar a capacidade de diferenciação (nos serviços, tipo de produto, na promoção e na distribuição) para ganharem vantagens competitivas face a estes grandes players. Adicionalmente, há que frisar que os grandes players, apesar de terem escala, registam grandes custos fixos e maior rigidez nas estruturas, enquanto as empresas mais pequenas, para além de serem mais conhecedoras do mercado, podem aproveitar-se de ter estruturas mais pequenas e flexíveis para tirarem vantagens. Os bancos comerciais, apesar de terem uma liquidez bastante razoável, necessitam de seleccionar bons projectos para financiarem, para que não corram riscos de “imparidades” como tem acontecido no sistema bancário angolano nos últimos anos.

“Os serviços de crédito à economia ‘lambem-se’ com as importações como ursos por mel, e fogem da produção nacional como o apicultor europeu foge das abelhas africanas. Há razões objectivas e também subjectivas. É um processo”

Salim Valimamade, Professor de Análise de Investimentos, director da Católica Luanda Business School

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Distribuição em Expansão • Novembro 2013


distribuição /Crédito

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Galvão Branco, Consultor empresarial

É necessário que, em rigor, admitamos que, no nosso contexto e no quadro das nossas realidades económicas, o sector do comércio (a grosso e a retalho) não é um preponderante elemento reactor de crescimento económico e de formação de receita fiscal. A grande procura interna de bens de consumo é suprida por via da importação, e o preponderante dos seus canais de distribuição são os circuitos e operadores informais, e as grandes superfícies. Não me parece que, em matéria de promoção de crescimento alavancado por via da concessão de crédito, seja a melhor aposta estratégica face aos outros sectores económicos. Creio até que não faz parte dos sectores priorizados pelo programa Angola Investe. Os empresários nacionais ligados a este sector são confrontados com a falta de escala e dimensão para competirem, por um lado, com as “grandes superfícies” e, por outro lado, com o mercado informal, que proporciona uma concorrência desleal, para não falar de outras “máfias” que ultimamente se têm posicionado num perímetro nebuloso da distribuição grossista alimentar. Entendo, portanto, que a falta de competitividade dos empresários nacionais de pouca

2

dimensão e com estatuto fiscal definido não é uma questão de falta de financiamento, mas das actuais contingências do mercado. Acredito que o sucesso dos pequenos empresários nacionais ligados ao ramo alimentar não pode inserir-se na fileira comercial dos centros de grande consumo, como é o caso das grandes cidades, onde a oferta está perfeitamente segmentada e orientada para grandes superfícies. Qualquer acção de estímulo aos operadores nacionais de retalho alimentar deveria ser, no meu entender, orientada essencialmente para os bens da produção nacional, sobretudo no domínio dos produtos agrícolas, carne, peixe e outros bens perecíveis, cujas vantagens competitivas são garantidas por via da política fiscal/aduaneira, que vem assumindo uma atitude proteccionista. Creio que resultaria em grandes impactos económicos e sociais se as políticas de financiamento ao sector privado nacional fossem orientadas para o comércio rural, quer em relação aos produtos agrícolas resultantes da produção familiar, quer, e com particular incidência, na compra de gado bovino, para abate, cujos excedentes existentes, na região sul do País, já começam a ser uma séria preocupação em

3

termos ambientais, face à enorme pressão que está a ser exercida sobre os pastos e os anguíferos. Presumo que o recente programa da iniciativa do Ministério do Comércio – PROPAGO – tem essa intencionalidade, e acredito que vai ter consequências muito benéficas ao nível dos pequenos produtores e comerciantes. Com a entrada no mercado dessas grandes cadeias alimentares, situação que era expectável e inevitável, os empresários nacionais do retalho alimentar têm de redesenhar o seu modelo de negócios, formatar a sua cadeia de valor e definir uma nova estratégia comercial. Têm de se posicionar em “mercados“ numa lógica espacial, onde possam ser competitivos, quiçá por via do factor proximidade do consumidor e oferta de produtos de origem local. Haverá espaço de negócio para as pequenas lojas nos bairros, cantinas, minimercados nas novas centralidades e, sobretudo, acredito nas lojas implementadas no meio rural com a vocação de comprar os excedentes agrícolas das famílias camponesas e vender os produtos básicos ajustados à procura local. Não estou em crer que o crescimento do sector e a sua competitividade resida, essencialmente, nas restrições ao acesso ao financiamento bancário.

4

Crédito ao retalho nos países O crédito ao sector privado em Angola representa 15% do total do Produto Interno Bruto, de acordo com o Global Financial Development Report 2013 do Banco Mundial. No entanto, segundo dados do Banco Nacional de Angola, do crédito total concedido por sectores de actividade económica de Janeiro a Agosto do presente ano, o comércio a grosso e a retalho, juntos, representam uma taxa média de 16% do total, que em valores absolutos ronda os 450 mil milhões Kz, quando o total atinge os 2,7 mil milhões Kz. José Severino, presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), entende que é pouco dinheiro para desenvolver o retalho, mas enquanto o País depender sobremaneira de importações e os retalhistas não se organizarem em associações, dificilmente a banca de investimentos e de retalho vai olhar para o sector com confiança para cedência de crédito. Contudo, Galvão Branco, consultor de empresas, não acredita que o crescimento do sector e a sua competitividade residam essencialmente no acesso ao financiamento bancário. O crédito ao retalho alimentar e especializado demonstrou o quanto o consumo familiar no Brasil cresceu de forma sequencial, desde 2004, apresentando elevadas taxas, segundo a “Análise Sectorial do Varejo”, de autoria da Deloitte. “A melhora do crédito, menores taxas e maiores prazos de

financiamento também contribuíram para o desempenho, principalmente nos segmentos mais dependentes das condições de crédito (…)”, cujo desempenho acompanhou o crescimento económico e a elevação do nível de emprego e renda da população, determinantes directos do desenvolvimento das vendas no retalho em geral. Esta revista seleccionou países cujo desenvolvimento da distribuição moderna figura no top 10 mundial. EUA, França, Reino Unido e Alemanha repartem as posições de 1 a 10, com nomes de empresas sonantes, publicadas no Global Powers of Retail 2013 da consultora Deloitte. Comparativamente a Angola, trata-se de economia cujo desenvolvimento do retalho e o crescimento da classe média servem de referência para a banca de investimentos e de retalho financiarem projectos do sector. Aliás, nos referidos mercados, muitos são os players que ganharam músculo financeiro a ponto de aplicarem seus próprios rendimentos em projectos novos. Paralelamente, os únicos países africanos que aparecem no estudo da Deloitte, a África do Sul e Angola, apresentam taxas mais elevadas, sobre o crédito ao sector privado em relação do total do PIB, face à realidade angolana, conforme se pode observar no gráfico “Crédito ao Sector Privado (% do PIB)”. Portugal tem um sector de distribuição moderna que representa 9,2% do PIB, ao passo que o Brasil, cujo mercado de retalho alimentar, principalmente, está também ma-

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Distribuição em Expansão • Novembro 2013

duro, possui uma taxa de crédito à economia de 45,6%. Refira-se que o consultor Galvão Branco apontou que a grande procura interna de bens de consumo é suprida por via da importação e que o preponderante dos seus canais de distribuição são os circuitos e operadores informais, e as grandes superfícies. Face às inúmeras reclamações de operadores nacionais sobre o custo de um contentor importado, esta revista apresenta no gráfico III o custo de importação (USD/ contentor) para elucidar o leitor, pois, segundo dados do Banco Mundial, quando analisados entre países desenvolvidos no sector da distribuição moderna, Angola supera no elevado custo para os players.



distribuição /Crédito O grande problema ligado à falta de crédito ao retalho nacional só pode suceder com os pequenos retalhistas, cuja estruturação empresarial não é a mais convincente junto da banca para receberem dinheiro

Crédito ao Sector Privado (% do PIB) 250 200 150 100 50

Alemanha

Reino Unido

França

EUA

Bélgica

Holanda

Austrália

Itália

Japão

Irlanda

China

Canadá

Turquia

Brasil

Portugal

África do Sul

Crédito à Economia, Angola 2013 (mil milhões Kz) Crédito ao comércio (grosso e retalho)

3500.00

Total do crédito à economia

3000.00 2500.00 2000.00 1500.00 1000.00 500.00 0.00 Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Fonte: Banco Nacional de Angola

Custos de Importação (USD/contentor) 3000.00

2.840

2500.00 2000.00 1500.00 1000-00 500.00 Alemanha

Reino Unido

França

EUA

Bélgica

Holanda

Austrália

Itália

Japão

Irlanda

China

Canadá

Turquia

Brasil

0.0 Portugal

sua performance nos negócios. “Do que sei, há um grande apoio [aos grandes retalhistas], agora, com os pequenos retalhistas, aí é diferente”, assegurou, admitindo que, à medida que a taxa de sinistralidade for menor, a confiança dos bancos comerciais, junto de pequenos players e das famílias, na cedência de crédito, aumenta – e não é o que está a acontecer actualmente. Quanto aos players internacionais do retalho que anunciaram entrada em Angola, nos casos da Sonae (Portugal) e da Walmart (EUA), Vítor afirma que “são bem-vindos, mas desde que tragam financiamentos da origem e não venham a contar com os bancos locais, porque internamente há iniciativas boas que já precisam e aguardam por financiamentos da banca”. O partner da KPMG explica que a taxa de crédito à economia em Angola é reduzida em relação a determinados países (gráfico III) por várias razões, e apontou que a taxa de bancarização no País não é muito reduzida em relação aos países em comparação. “Não é comparável [a taxa de bancarização] com a dos países que referiu e, naturalmente, a percentagem de crédito concedido às famílias, face ao nosso PIB, é muito mais reduzida e, neste caso, Angola tem muito espaço de crescimento nesta vertente”, ressaltou.

Angola

As empresas nacionais de retalho estão financiadas pelos bancos comerciais, afirmou Vítor Ribeirinho, partner e director de auditoria e serviços financeiros da KPMG Angola, quando, no fim de Outubro, procedia à apresentação do relatório sobre a banca angolana. Entende que os retalhistas precisam, com certeza, de aumentar a sua capacidade de se financiarem com o propósito de projectarem o seu crescimento, como empresas. Reforça que existe, actualmente, um grande apoio dos bancos comerciais, com os quais a KPMG trabalha na prestação de serviços de auditoria, para com os grandes retalhistas, pois “todos os bancos querem estar associados às grandes marcas nacionais do retalho, a julgar pela sua liquidez diária, avaliada em muitos milhões de kwanzas”, revelou. Vítor Ribeirinho acredita que o grande problema ligado à falta de crédito ao retalho nacional só pode suceder com os pequenos retalhistas, cuja estruturação empresarial não é a mais convincente junto da banca para receberem dinheiro. A título de exemplo, falou que a taxa de sinistralidade (incumprimento) de reembolso de crédito junto de famílias é elevada junto de certos bancos, embora não tenha avançado números, e entende que esta dificuldade é comum em pequenas empresas que precisam de melhorar a

Fonte: Fonte: Global Financial Development Report 2013, World Bank Nota: *Entre os países listados, Angola é o único que não figura no Top 250 dos maiores retalhistas do mundo – in Global Powers of Retail 2013, Deloitte

África do Sul

Crédito vai aos grandes retalhistas

Angola

15 0

Fonte: Banco Mundial, última actualização em 08/09/2013 Nota: *Entre os países listados, Angola é o único que não figura no Top 250 dos maiores retalhistas do mundo – in Global Powers of Retail 2013, Deloitte

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Distribuição em Expansão • Novembro 2013



////////////////// publientrevista

Inaugurada que foi a primeira loja, em 2010, o Kero, pertencente ao grupo Zahara, assenta a sua estratégia numa resposta eficiente às necessidades do cliente. Para 2014, os objectivos estão definidos: estar presentes em mais províncias e abrir um dos maiores hipermercados de África.

Fotos: Duarte Villas

“O Kero aposta na variedade e satisfação do cliente” #12

Distribuição em Expansão • Novembro 2013


C

omo surgiu e se desenvolveu a marca Kero? A marca Kero surge após a identificação de uma oportunidade clara para a implementação da distribuição a retalho, num mercado que, até então, apresentava apenas uma solução de venda grossista. A nossa aposta passou pela definição de pilares estratégicos fundamentais de abordagem ao mercado, pilares que ainda hoje se mantêm actuais: uma política de preços mais baixos que qualquer outro player no mercado e em todos os artigos, níveis de serviço e de atendimento diferenciadores, uma qualidade irrepreensível na nossa oferta de produtos, promover os produtos nacionais e a produção nacional e, como elemento base da nossa estratégia, não defraudar as expectativas dos clientes assegurando que encontram sempre os produtos que habitualmente consomem. Mantendo-nos fiéis aos pilares estratégicos definidos, conseguimos evoluir no processo de recrutamento de novos clientes ao mesmo tempo que fidelizamos os clientes que já consideram a marca Kero como sua. Que tipo de serviços e produtos disponibiliza a empresa? A nossa oferta engloba produtos alimentares e não alimentares. O nosso objectivo é ter, sob o mesmo tecto, a resposta a todas as necessidades dos clientes, melhorando a sua qualidade de vida e fazendo com que não tenham de se deslocar a vários locais para cobrir todo o leque de produtos que precisam para si e para a sua família. Naturalmente que os produtos frescos e de mercearia têm maior destaque, mas a nossa oferta tem vindo a crescer à medida que os consumidores se tornam mais conhecedores e exigentes. Um bom exemplo disso é a variedade de cabazes de Natal que teremos à disposição dos nossos clientes nesta época natalícia, oferta diferenciada para todas as bolsas, sabendo que se trata de um produto com tradição neste mercado. Ao nível dos serviços, temos vindo a inovar com o lançamento do Cartão Kero, ferramenta estratégica de fidelização de clientes, o serviço de pagamento automático em todas as Lojas Kero e o recém-inaugurado serviço de entregas ao domicílio de electrodomésticos e móveis na centralidade do Kilamba e no Condomínio do Cajueiro. É nosso objectivo fazer com que este serviço seja colocado à disposição de todos os clientes em 2014. Destacamos igualmente o nosso site www.kero.co.ao, que nos permite ter uma relação muito próxima com todos os clientes que utilizam este meio. O nosso

site contém as informações institucionais da empresa, oportunidades de emprego em vigor e, naturalmente, todas as promoções e produtos com eskebra. Quantas superfícies comerciais, e em que províncias, tem a empresa? O Kero já conta com 7 superfícies comerciais, nas províncias de Luanda e Benguela. Qual o enquadramento accionista do Kero? A marca Kero faz parte da Zahara Comércio S.A., empresa privada, detida por capitais 100% angolanos. Afirmou querer que a marca Kero marque presença em todo o território angolano em três formatos: hipermercados, supermercados e lojas de conveniência. Como está a correr este projecto? Abrimos o formato Supermercado no interior da cidade de Luanda de forma que a nossa marca aportasse valor a uma área de influência mais citadina. Sabemos que o formato em que somos mais reconhecidos é o formato Hipermercado, e será essa a nossa aposta de expansão até 2015. Após 2015 faremos uma reavaliação do mercado, onde iremos perceber em que outros segmentos de mercado poderemos apostar num médio e longo prazo. Pretende abrir novos estabelecimentos? Em que locais e para quando está prevista a sua abertura? Será ainda durante 2014 que iremos abrir novas superfícies comerciais na província da Huíla, concretamente na cidade do Lubango, na província do Huambo e na de Benguela. Iremos igualmente reforçar a nossa presença em Luanda, quer no centro da cidade quer na sua periferia. Está prevista, para breve, a abertura de hipermercados de outras marcas em Angola. De que forma contorna esta situação? A entrada de novos players é sempre vista de forma positiva, conduzindo a uma maior formalização e profissionalização do mercado. É importante reforçar que, num mercado aberto e transparente, desde que todos os players tenham as mesmas condições em termos comparáveis, será o cliente a decidir e optar qual a marca que melhor responde às suas

necessidades. No panorama económico actual, e desde que o Kero abriu a primeira loja, o Kero no Projecto Nova Vida em Dezembro de 2010, já surgiram no mercado inúmeros concorrentes em termos de distribuição moderna. Relembro que é primordialmente o cliente que irá usufruir de uma maior competitividade entre os diversos playrs, o que é sempre salutar. Qual o valor investido pela empresa, até hoje, na criação dos seus estabelecimentos? Até à data, investimos acima de 100 mi-

acolhimento das nossas lojas. Além de permitir um carregamento fácil e directo, o cliente pode usufruir da eskebra em vários artigos que entram directamente para o saldo disponível do cartão. Oferece igualmente um bónus automático de 500 Kz sempre que o cliente atinge um acumulado de 25000 Kz de compras. É uma solução muito prática que tem sido, inclusive, utilizada por várias empresas como uma regalia social e também como solução de cabaz de Natal para os seus colaboradores. Em média, quantos clientes passam mensalmente pelas superfícies comerciais da marca Kero? Actualmente temos cerca de 30000 clientes por dia nas Lojas Kero, antecipando que na altura de Natal cheguem aos 40000 clientes por dia.

Após 2015 faremos uma reavaliação do mercado, onde iremos perceber em que outros segmentos de mercado poderemos apostar num médio e longo prazo

lhões USD nas unidades Kero em funcionamento. Acreditamos que iremos manter este nível de investimento numa base regular anual. A empresa criou o Cartão Kero. Em que consiste? O Cartão Kero é uma ferramenta de fidelização dos nossos clientes. A adesão é gratuita, e o saldo de 900 Kz, que é carregado no momento da adesão, pode ser imediatamente utilizado em qualquer Loja Kero. O seu recarregamento pode ser feito directamente no Multicaixa ou no balcão de

Distribuição em Expansão • Novemnro 2013

Os produtos comercializados não são todos de origem angolana. A empresa dá preferência à produção nacional? O Kero é uma empresa 100% angolana. Temos como objectivo uma aposta clara em produtos nacionais e na produção nacional, é um pilar estratégico sempre presente. Sabemos que ainda não existe uma produção agro-industrial nacional que permita responder a todas as necessidades de produto nas nossas lojas. No entanto, é importante reforçar que, sempre que os critérios de preço, qualidade, certificação comercial, comércio justo e capacidade regular de abastecimento se verifiquem por parte de um produtor nacional, damos preferência a esse mesmo produtor em detrimento de um fornecedor internacional.

#13


////////////////// publientrevista

Um bom exemplo do quão forte é a nossa aposta foi a Feira de Produtos Nacionais que decorreu de 13 a 26 de Maio em todas as Lojas Kero, com um leque de produtos muito amplo, desde frutas e legumes, carne fresca, peixe nacional e uma oferta industrial alimentar e não alimentar bastante relevante. Quais os produtos de origem angolana comercializados pela empresa? Hoje o rácio de produtos de origem nacional comercializados pelo Kero é de cerca de 30%. Estamos entretanto a implementar um projecto específico que visa o desenvolvimento de produtores nacionais com menor capacidade instalada. Ao assegurar o escoamento da sua produção, estamos a dar condições aos produtores para que eles próprios se desenvolvam em segurança e de forma sustentada. É o cliente que vai beneficiar desta aposta, incorporando menores custos no preço final do produto. É um projecto que irá beneficiar todos os intervenientes e aportar mais-valias à economia nacional no seu todo. De que países importam produtos? Com o leque de artigos superior a 40000 nos nossos Hipermercados, é natural que as origens de produtos sejam as mais variadas. Os produtos alimentares importados são oriundos primordialmente de Portugal, Espanha, Argentina, Brasil e África do Sul; enquanto os produtos não alimentares importados provêm maioritariamente da China, Índia e Turquia. Quais foram os principais desafios colocados à operação Kero? Os desafios do Kero foram vários desde o momento em que começámos a nossa ope-ração, no entanto, elegia um ou dois factores como os mais relevantes: todo o proce-sso de importação e respectivo desembaraço de mercadoria, associado a toda a carga fiscal, taxas e encargos que estão presentes em todo o processo de libertação dos pro-dutos que importamos. Por um lado, o desafio da importação constitui de facto um processo complexo. Para garantir que todos os clientes encontram sempre as suas necessidades satisfeitas, debatemo-nos com inúmeros obstáculos, começando logo na origem, sendo que as principais dificuldades começam assim que os produtos chegam ao nosso porto. Desde o processo de retirada destes produtos, que envolve uma relação com um despachan-te, ao pagamento de tudo o que está relacionado com a pauta aduaneira e imposto de consumo. Neste aspecto, somos uma empresa muito afectada, pois a

isenção apenas contempla os produtos da cesta básica, quando no nosso caso, e de acordo com as necessidades de mercado, o Kero aposta na variedade e satisfação do cliente com mais de 40000 referências diariamente nas nossas prateleiras. O pagamento de taxas relacionadas com fiscalizações que são feitas no acto do desembaraço das mercadorias aumenta o grau de burocracia. Tudo isto implica que, para além de perdermos bastante tempo, os produtos ficam muito mais caros quando comparados com outros mercados. Temos noção de que não compramos produtos inflacionados, uma vez que compramos directamente aos principais produtores e fabricantes mundiais, mas é este tipo de taxas e impostos que encarece os produtos e origina incrementos de preços. No nosso caso, os clientes acabam por beneficiar de preços mais baixos porque, cada vez mais, somos uma empresa que tem uma escala significativa, compramos sempre na origem e sem passar por intermediários. Criámos uma equipa específica na nossa central de compras dedicada a cada família de produ-tos, o que nos permite estar mais atentos ao que se passa no mercado nacional e nos mercados internacionais. Por fim, mas não menos importante, todos os processos que estão relacionados com os certificados e respectivas guias de desalfandegamento, que em algumas situações são redundantes, também penalizam o preço de custo dos produtos. Este facto asso-ciado à burocracia inerente do processo resulta em perdas significativas de eficiência e redução do poder de compra por parte dos consumidores. Qual o volume de facturação anual do Kero? O Kero facturou acima de 100 milhões USD em 2011 e acima de 300 milhões USD em 2012. Temos previsto para 2013 um rácio de crescimento equiparável ao histórico de anos anteriores. Quantos colaboradores tem a empresa? Neste momento contamos com cerca de 3000 colaboradores e seremos aproximadamente 5000 colaboradores até final de 2013. Neste processo de crescimento rápido e exponencial, é fundamental reforçar o investimento que fazemos em horas de formação, o plano de integração de novos colaboradores, o seu acompanhamento, avaliação de desempenho com respectiva premiação mensal e regalias sociais em vigor na empresa. Todas estas medidas nos permitiram reduzir o absentismo acumulado de 2013 em mais de 3%. O que distingue esta empresa das demais

da mesma área? Existem vários factores de diferenciação do Kero quando comparado com outros players no mercado. Ao ter de destacar alguns, daria evidência aos nossos recursos humanos e à forma como estão ao serviço do nosso cliente, qualquer que seja a sua função. A forma como estamos no mercado, como influenciamos e acompanhamos as transformações no consumo a nível nacional faz-nos sentir orgulhosos do trabalho desenvolvido. O Kero aposta na inovação e nas boas práticas que se desenvolvem a nível nacional e internacional. Somos fiéis à nossa política de preço, queremos ser realmente os mais baratos em todos os artigos quando comparados com a concorrência. Investimos no ambiente e na decoração das nossas Lojas para aumentar o conforto dos nossos clientes, vamos a Feiras Internacionais de produtos para que as novidades cheguem aos nossos clientes em primeira mão. Sabemos que os hábitos de consumo evoluem, e queremos acompanhar essa mesma evolução. Que balanço faz de 2013? Um ano bastante positivo em que a empresa, acima de tudo, consolidou a sua estratégia ao nível interno e externo. Positivo por ser um ano de grande crescimento dos principais indicadores: número de colaboradores, facturação e resultados. Um ano em que continuamos a fidelizar os nossos clientes, chegando a mais locais e conseguindo crescer percentualmente mais em clientes do que em vendas, o que é um sinal bastante positivo. Ao nível externo fomos reconhecidos como uma Marca de Excelência no mercado com a atribuição do Prémio SuperBrands. O Cartão Kero continua a fidelizar cada vez

#14

Distribuição em Expansão • Novembro 2013

mais clientes, reforçando a sua participação nas vendas. Ao nível da responsabilidade social, demos continuidade ao Programa Kero Kandengue, apoiando centenas de crianças diariamente com ajuda alimentar, cumprindo o compromisso de apadrinhar um novo Centro de Acolhimento sempre que abríssemos uma nova loja. Foi igualmente importante a reorganização da nossa cadeia de distribuição com um novo Centro de Distribuição, que nos vai permitir aumentar a eficiência no abastecimento regular às Lojas e será um garante na resposta ao nosso plano de expansão às novas províncias. Quais os projectos da empresa para 2014? No primeiro quadrimestre de 2014 iremos reforçar a nossa presença no mercado com a abertura de um Kero no Luanda Shopping, sito no Comandante Gika, com uma loja com mais de 14000 m2 de área de construção. Será uma loja com vários factores inovadores: ao nível do conceito e imagem de loja, ao nível da organização e ao nível do tipo de variedade de produtos e serviços que apresentaremos aos futuros clientes. É importante reforçar que ainda durante 2014 queremos estar presentes em mais províncias, respondendo a inúmeros apelos que recebemos, não só apelos institucionais mas também apelos de futuros clientes que confiam na marca Kero e no nosso desejo de contribuir para a melhoria da sua qualidade de vida. Faz parte dos nossos objectivos crescer e estar em todas as províncias, mas sabemos que não o poderemos fazer em simultâneo em todos os locais e que será necessário criar condições e equilíbrios em relação a reunir um conjunto de recursos económicos necessários para podermos avançar nesse sentido.


IPC/ distribuição

Luandenses gastam mais dinheiro em imobiliário, vestuário e lazer O custo de vida dos luandenses, medido pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), desacelerou para 0,50% de Agosto para Setembro últimos, quando de Julho para Agosto se fixou na taxa de 0,54%. Em termos práticos, gastou-se mais dinheiro, mas em valores não múltiplos dos preços registados em Agosto.

VARIAÇÕES Grupo

Variação (%) Agosto/2013

Variação (%) Setembro/2013

Alimentação

0,50

0,49

Bebidas alcoólicas

0,36

0,41

Vestuário

0,93

0,95

Habitação

0,26

0,20

Mobiliário

0,84

0,23

Saúde

0,57

1,35

Transportes

0,24

0,22

Comunicações

0,00

0,00

Lazer

0,75

0,60

Educação

0,00

0,00

Hotéis

1,02

0,53

Bens e serviços

1,05

0,76

Índice Geral

0,54

0,50

Preços médios de alguns produtos seleccionados Produtos Seleccionados

Unidade de medida

Pão cacete

65,00

65,00

0,00

322,98

324,02

0,32

Arroz corrente(*)

287,30

287,59

0,10

Carne de primeira (£)

3048,21

3071,22

0,75

Carne de segunda (£)

2190,30

2194,72

0,20

1534,80

1559,00

1,58

1915,78

1949,90

1,78

3527,99

3543,09

0,43

819,73

825,57

0,71

Monte médio

Costeleta de porco (£) Carne de cabrito

O

custo de vida dos consumidores de Luanda registou ligeiro aumento, mas desacelerado, de preços de produtos de algumas das classes de despesas analisadas, mensalmente, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Quatro dos 12 grupos que compõem o IPC apresentaram aumento na taxa de variação mensal de Agosto para Setembro. O aumento mais expressivo foi observado na classe Mobiliário, Equipamento Doméstico e Manutenção, cuja taxa passou de 0,84% para 1,23%. No mesmo sentido, as classes Vestuário e Calçado (de 0,93% para 0,95%), Bens e Serviços Diversos (de 1,05% para 0,76%) e Lazer, Recreação e Cultura (de 0,75% para 0,60%) tiveram variação maior em Setembro em relação a Agosto. Em relação a Agosto, observa-se que, com excepção da classe Hotéis, Cafés e Restaurantes, as mesmas classes que puxaram pelo aumento do IPC em Setembro são as que fizeram igual papel no período anterior. Outro detalhe é que o quadro com a taxa de variação do IPC, por classes de consumo, mostra que, das 12 classes, a de Mobiliário, Equipamento Doméstico e Manutenção apresenta taxa de um dígito,

Pedaço médio

Frango congelado

com a variação de 1,23%, enquanto as restantes classes apresentam taxas inferiores à unidade. A meta do Executivo, o Plano Nacional de Desenvolvimento, é atingir a taxa de 7% em 2015 e manter-se regular este nível até 2017, a julgar pela previsão de uma taxa de 8% para o próximo ano. Segundo o economista Rui Queiroz, a isenção fiscal de produtos da cesta básica tem contribuído para a desaceleração do aumento de preços nas despesas do consumidor, há pouco mais de um ano. Contudo, vaticina que só uma produção interna sólida e sustentável poderá levar os preços a uma redução estável, fazendo com que a inflação esteja a uma taxa de 7,0% – o indicador da SADC (sigla original da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral). Entretanto, apesar de a classe Alimentação apresentar uma desaceleração de preços sem peso para impulsionar o IPC de Setembro, tal como aconteceu de Julho para Agosto, esta revista inclui em tabela os produtos alimentares mais procurados pelos consumidores de Luanda nas lojas de retalho, de pequena e grande dimensão, e nos mercados formais, segundo selecção e análise feita pelo INE.

Variação (%)

Unidade

Miudezas de vaca

>> DR

Preço Kz (Set/13)

Lata de 900 g

Fuba de milho

>> André Samuel

Preço Kz (Ago/13)

Coxas de frango (£)

Unidade

627,52

633,30

0,92

Carne seca de vaca

Monte médio

1719,52

1745,76

1,53

Peixe cachucho (£)

2257,46

2259,84

0,11

Peixe carapau (£)

2502,27

2507,42

0,21

Peixe-espada (£)

1040,94

1051,56

1,02

Peixe carapau seco

1987,38

2004,28

0,85

Leite em pó

Lata de 2270 g

3141,60

3142,01

0,01

Óleo de palma

1 litro

676,35

677,40

0,15

Óleo de soja

1 litro

441,61

441,61

0,00

472,01

476,34

0,92

134,07

134,07

0,00

Tomate (£)

861,30

861,77

0,05

Feijão-castanho (*)

641,18

641,18

0,00

Feijão-catarino (*)

631,29

631,29

0,00

Feijão-amarelo (*)

655,40

655,67

0,04

Batata-doce (£)

564,90

571,61

1,19

Fuba de bombo

317,48

318,29

0,26

Lata de 900 g

267,47

267,47

0,00

Garrafa de 75 cl

1398,17

1416,07

1,28

Garrafa de 310 ml

103,13

103,17

0,03

Lata de 340 ml

114,68

115,14

0,40

Cebola (£) Jimboa

Açúcar branco Vinho tinto

1 atado

Cerveja branca Cerveja importada

Fonte: Fonte: INE – IPC Agosto 2013 e IPC Setembro 2013 Nota: São preços médios de cerca de 20 mercados e 100 lojas e estabelecimentos em toda a província de Luanda * = UM nos mercados é lata e nas lojas é 1 kg

#15

Distribuição em Expansão • Novembro 2013


distribuição /Stylus

Retalho electrónico agita previsões do mercado nacional Desde que a facturação anual de aplicativos móveis para Android começou a crescer e consultoras internacionais apontaram uma previsão global de 6,8 mil milhões USD para 2013, o interesse no negócio também cresceu, e em Angola a empresa Stylus firmou parceria com o gigante mundial Huawei para venda de smartphones no País, um negócio que se prevê prosperar no médio prazo.

>> António Pedro

0

mercado de retalho electrónico conta agora com o smartphone mais fino do mundo, o Huawei P6, resultado de uma parceria entre a Stylus, empresa de direito angolano, e o gigante mundial Huawei, que recentemente pesquisou o mercado nacional para verificar se as condições de telecomunicações são adequadas para o bom funcionamento dos smartphones. A empresa angolana investiu na parceria perto de 200 milhões Kz (cerca de 2 milhões USD) para a compra de material e equipamentos do Android da Huawei para distribuir aos mais de 300 clientes retalhistas electrónicos, cadastrados na sua base de dados, que revendem os produtos de 26 marcas de tecnologias de informação (TI) representadas pela Stylus no País. Luís Pereira, director-geral da Stylus, explicou a esta revista que a parceria com o gigante mundial Huawei resulta de estudos de mercado da consultora internacional GFK, que apontam, a nível mundial, os smartphones como responsáveis por 30% a 40% do volume de negócios de empresas de TI. O preço do smartphone para o consumidor final, na rede retalhista, poderá chegar até aos 60 mil Kz. Segundo estudo da GFK, do último trimestre do ano passado ao primeiro do presente ano, os smartphones em Angola representaram uma taxa de vendas muito inferior à dos telemóveis, altura em que a Stylus começou a comercializar smartphones. “Em Angola ainda não se sabe de concreto [o volume de negócio dos smartphones],

>> Manuel Vicente

o mercado está desregulado, o sector é muito informal, e as marcas internacionais sabem que este problema existe cá e que cresceu por si só”, afirmou. Contudo, um estudo da própria GFK sobre o mercado nacional de smartphones e telemóveis, conforme ilustram os gráficos, terá influenciado a Stylus a abraçar o nosso segmento de negócio na classe dos electrónicos. O estudo – que revela dados sobre quotas de mercado em taxas percentuais, e não em valores absolutos, de Outubro do ano passado a Março último, altura em que a Stylus já afinava a parceria – demonstra que a venda de smartphones tem conquistado espaço no mercado nacional. Realidade e tendência Apesar da falta de informação e da desregulação do mercado de smartphones no País, a tentativa actual da Stylus é de entrar para o mercado e ajudar na criação de mecanismos de regulação e também de informação sobre estes electrónicos Android. Recordou que as pessoas importavam e compravam (ainda o fazem) os smartphones sem preocupação de existir ou não garantia do produto, e sem reparar se por acaso obedecem a todos os critérios das redes de telecomunicações de Angola. “Quando trabalhamos com uma marca como a Huawei, a própria gigante mundial faz uma verificação se a rede 3G cá está dentro dos parâmetros com que o telefone funciona, para não haver reclamações de

clientes sobre falhas de funcionamento do aparelho”, exemplificou. Contudo, telemóveis mais baratos continuam a ser os mais vendidos em quantidade no País, segundo a GFK, enquanto os mais caros têm uma pequena fatia em quantidade de vendas mas representam um valor de negócio muito superior, perto de 50% do volume de negócio total da venda de smartphones.

A Stylus, actualmente com 120 colaboradores, representa também as principais marcas mundiais, como HP, Toshiba, Samsung, DELL, Sony e outras. A empresa não trabalha directamente para o cliente final, não tem lojas em Luanda nem nas restantes províncias, continua a actuar no mercado como um representante de marcas internacionais, na categoria grossista/ distribuidor.

Diferença entre smartphone e telemóvel Smartphone É um telemóvel com funcionalidades avançadas que podem ser estendidas por meio de programas executados pelo sistema operativo. Os sistemas operativos dos smartphones permitem que developers criem milhares de programas e aplicações adicionais, com diversas utilidades. Geralmente, um smartphone possui características mínimas de hardware e software, sendo as principais a capacidade de conexão com redes de dados para acesso à Internet, a capacidade de sincronização dos dados do organizador com um computador pessoal, uma agenda de contactos que pode utilizar toda a memória disponível do dospisitivo – não é limitada a um número fixo de contactos. Um smartphone pode ser considerado um telemóvel com as funcionalidades de um PDA. Os sistemas operativos mais conhecidos do mercado são iOS (Apple), Android (Google), Blackberry OS, Windows Phone (Microsoft), Symbian (Nokia). Telemóvel É um aparelho de comunicação por ondas electromagnéticas que permite a transmissão bidireccional de voz e dados utilizáveis numa área geográfica servida por um transmissor/receptor. Há diferentes tecnologias para a difusão das ondas electromagnéticas nos telefones móveis, baseadas na compressão das informações ou na sua distribuição: na primeira geração (1G) (a analógica, desenvolvida no início dos anos 1980), com os sistemas NMT e AMPS; na segunda geração (2G) (digital, desenvolvida no final dos anos 1980 e início dos anos 1990): GSM, CDMA e TDMA; na segunda geração e meia (2,5G) (uma evolução à 2G, com melhorias significativas em capacidade de transmissão de dados e na adopção da tecnologia de pacotes e não mais comutação de circuitos), presente nas tecnologias GPRS, EDGE, HSCSD e 1xRTT; na terceira geração (3G) (digital, com mais recursos, em desenvolvimento desde o final dos anos 1990), como UMTS e EVDO; na terceira geração e meia (3,5G), com HSDPA, HSPA e HSUPA. Já em desenvolvimento a 4G (quarta geração).

#16

Distribuição em Expansão • Novembro 2013



distribuição /Expansão africana

Retalhistas usam África do Sul para expansão africana O continente africano é visto com cada vez mais interesse pelos operadores do retalho a nível mundial. A entrada faz-se pela África do Sul.

>> Victor Jorge

A

África do Sul é, de longe, a maior economia de consumo do continente africano, e os retalhistas internacionais que desejam expandir as operações em África inclinam-se para o país para lançar os seus negócios para o resto do continente. África, cujas 18 maiores cidades possuem um poder de compra combinado superior a 1,3 mil milhões USD, apresenta, assim, um “escape” para os investimentos dos retalhistas à medida que o crescimento nos mercados domésticos tende a estagnar ou mesmo reduzir. Grupos como Walmart, Inditex e Topshop já avançaram para o continente africano através de uma entrada inicial pela África do Sul. E outros virão como, por exemplo, a sueca Hennes&Mauritz (H&M) que já anunciou a entrada na África do Sul – apesar de já estar em Marrocos e Egipto – com olhos postos noutros países. Com maior presença entre os retalhistas sul-africanos aparece a Shoprite – com actividade no mercado angolano – que pretende alargar a sua presença a outros países. Adrian Bertschinger, managing director para as áreas do retalho e serviços ao consumidor da Accenture, revelou recentemente que “existem centenas de milhões de consumidores inexplorados em África”, admitindo que “não será fácil a partir

>> DR

do ponto de vista da cadeia de abastecimento ter uma operação rápida, mas a realidade é que não há este tipo de oportunidades em qualquer lugar do mundo. Isso faz com que África seja única”. Certo é que as empresas dominantes que se movem para norte são da África do Sul. Mas não são as únicas. Utilizando a afinidade linguística, os retalhistas portugueses e franceses estão cada vez mais apostados em entrar nos países onde a língua não apresente uma dificuldade. De acordo com o Accenture Globalisation Index, os retalhistas globais entraram em 25 novos mercados no primeiro trimestre do ano 2013, abrangendo 22 países, sejam eles maduros ou emergentes. O índice destacou ainda o crescente interesse no desenvolvimento de lojas de formato mais pequeno. Ou seja, a actual realidade económicofinanceira, que espalha alguma – se não muita – incerteza de vários países, faz com que cada investimento seja medido até ao ínfimo pormenor. Isso mesmo é possível verificar no sector do retalho, onde os operadores estão a repensar os investimentos feitos em grandes formatos em novos mercados, especialmente quando já possuem área de venda em ex-

ternacionais feitos por retalhistas com base em mercados emergentes. Assim, cerca de 20% de todas as entradas do mercado durante o primeiro trimestre de 2013 foram efectuadas por retalhistas com base em mercados emergentes, indicando que existe uma confiança crescente nos mercados emergentes entre estes retalhistas, mostrando, potencialmente, um sinal de aviso antecipado em relação à saturação noutros mercados. África do Sul que surge no 53.º lugar no mais recente ranking da competitividade do World Economic Forum, constituindo a segunda economia mais competitiva da África Subsariana, depois das Ilhas Maurícias que ocupa a 45.ª posição.

Utilizando a afinidade linguística, os retalhistas portugueses e franceses estão cada vez mais apostados em entrar em países onde a língua não apresente uma dificuldade

cesso nos mercados domésticos. Em vez disso, os retalhistas estão a optar por entrar em novos mercados com formatos mais pequenos e lojas temporárias ou pop-up stores para avaliar o interesse dos consumidores na marca e no potencial de sucesso de uma loja permanente. O índice apontou, também, para o aumento do número de movimentos in-

Origem e destino das entradas de mercado De mercados emergentes para emergentes De mercados emergentes para desenvolvidos

1T 2013 1T 2013

4 3

3T 2012

1 1 10

De mercados desenvolvidos para emergentes De mercados desenvolvidos para mercados desenvolvidos Fonte: Accenture

#18

Distribuição em Expansão • Novembro 2013

14 25 10 3 14



ADN da Distribuição

6.º Gene

CONCORRÊNCIA (2.ª parte)

N

os últimos anos, temos assistido a uma verdadeira revolução na indústria da grande distribuição alimentar, que tem no aprofundar da internacionalização o seu próximo episódio. A grande escala a que operam os grandes retalhistas, possível mediante a introdução de tecnologias de ponta na gestão logística, permitiu a obtenção de ganhos de eficiência. Regra geral, estas inovações alteraram de forma positiva a maneira como os consumidores se relacionam com o comércio a retalho. A possibilidade de efectuar acções de one-stop-shopping, com disponibilidade de uma oferta de produtos bastante alargada e a preços potencialmente mais reduzidos, é benefício assinalável. O peso crescente das grandes cadeias de distribuição é acompanhado por um aumento bastante significativo do seu poder de mercado perante os fornecedores. De facto, as relações comerciais nos mercados de aprovisionamento, agora caracterizadas por níveis de dependência económica bastante elevados por parte de alguns fornecedores, são uma característica desta nova realidade. Contudo, o facto de o poder de compra estar, no actual contexto do mercado da grande distribuição, cada vez mais associado a poder de compra nos mercados a jusante – através da vantagem comparativa que os grandes retalhistas conseguem obter pela negociação de condições de compra mais vantajosas junto dos fornecedores e das possíveis consequências no nível de eficiência e equidade da afectação do mercado – tem suscitado um debate em torno do papel da política de concorrência neste contexto. De facto, no contexto das relações concorrenciais entre distribuidores e fornecedores, o exercício de poder de compra é o resultado da capacidade de alguns retalhistas obterem dos fornecedores termos de troca mais favoráveis do que aqueles disponíveis a outros, ou que seriam expectáveis em condições normais num mercado concorrencial, incluindo-se aqui não só os descontos, mas toda uma série de obrigações contratuais que podem ser encaradas como restrições verticais, impostas pelos retalhistas aos fornecedores. Tais restrições podem traduzir-se, por exemplo, na selecção de fornecedores e custos de entrada por via do referenciamento e entrada em linha de produtos; na locação de espaço na prateleira, níveis de exposição ou topos de gôndola; na exigência de descontos retroactivos sobre transacções já efectuadas; em cláusulas de cliente mais favorecido que impossibilitam o fornecedor de vender a qualquer outro retalhista a um preço mais baixo; em contribuições para despesas de promoção não justificadas; na imposição de rappel incondicional sem correspondência com o volume de vendas anual; na imposição ou dilatação de prazos de pagamento com ameaça de desreferenciamento. O poder de compra, se associado à capacidade de exploração de poder de mercado a jusante, pode ser prejudicial se colocar em causa a viabilidade dos fornecedores e/ou a sua disponibilidade para investirem em novos processos e produtos. De facto, o acréscimo de poder de compra tem como situação limite a sobrevivência apenas das marcas absolutas e relativas, sendo que as marcas transparentes, isto é, todas as demais marcas cuja percepção e o reconhecimento para o consumidor são fracos ou até inexistentes, tenderão a ver as suas margens reduzidas e eventualmente a ser substituídos por produtos de marca própria. Apesar de o exercício do poder de compra poder afectar negativamente tanto os mercados a jusante como a montante, do ponto de vista das regras de concorrência é difícil ignorar que podem existir

ganhos económicos importantes. Sob certas condições que já referi, a obtenção de melhores termos de troca nos mercados de aprovisionamento pode ser passada aos consumidores, traduzindo-se em preços mais baixos para estes. As relações comerciais entre retalhistas e fornecedores obedecem ao modelo comum de contratos de compra e venda de bens e/ou serviços, estabelecidos ao abrigo de um enquadramento legal de direito privado civil e comercial, pelo que a iniciativa para a contratação tanto poderá surgir da parte dos fornecedores como dos distribuidores. Para formalização dessas relações comerciais, utiliza-se um documento formal, designado por contrato comercial ou acordo geral de fornecimento, aplicável a qualquer transacção com qualquer fornecedor ou para qualquer produto a fornecer, sendo a sua estrutura geralmente constituída por duas partes: condições gerais e condições específicas. A primeira parte, sob a designação de condições gerais, caracteriza-se por prever os termos e as condições nucleares no âmbito das quais a relação comercial entre as partes se vai estabelecer e, não sendo objecto de negociação mas meramente de aceitação/adesão pelo fornecedor, é universalmente aplicável a qualquer fornecedor ou a qualquer produto objecto de transacção. Por sua vez, a parte das condições específicas caracteriza-se por revestir a forma de formulário, sujeito ao preenchimento apenas das rubricas relevantes para efeitos da transacção em causa. Do conteúdo deste documento podemos identificar quatro áreas de grande sensibilidade, nomeadamente, a imposição unilateral de condições através de uma componente tipo contrato de adesão; descontos e outras contrapartidas; penalizações e prazos de pagamento. Quanto à primeira área, a definição prévia das condições gerais pelo distribuidor, confere uma natureza de contrato de adesão nos termos do qual o fornecedor aceita sem discussão tais condições ou não faz contrato. A área das penalizações, na medida em que é unilateral e aplicável apenas aos fornecedores, faz pressupor a existência de um desequilíbrio contratual entre distribuidores e fornecedores, no âmbito das respectivas relações comerciais. Quanto à sua natureza, a penalização poderá ser, ou não, pecuniária, sendo paga, neste caso, mediante emissão de nota de débito a ser repercutida na factura seguinte, sendo diversas as situações contratualmente previstas que, com maior frequência, dão lugar a penalizações, tais como a não entrega, total ou parcial, da encomenda; o atraso, em termos de dias ou de horas, na entrega e a menor qualidade ou falta de qualidade da encomenda ou de parte desta. Por fim, a área dos prazos de pagamento apresenta dois tipos de problemas: a imposição contratual, por parte dos distribuidores, de prazos muito longos, sobretudo, para o caso de produtos com prazos de validade limitados, e os atrasos no pagamento por via de mora ou mesmo de incumprimento contratual. Tudo isto é natural e legal. Nada disto é novo nem diferente do que sempre foi nas últimas décadas. Tudo isto irá continuar a acontecer nas relações comerciais entre produtores e distribuidores. Mas tudo isto pode e deve também evoluir positivamente através de um acentuar das relações de interacção e colaboração entre produtores e distribuidores, de formas de trabalho conjuntas (coopetição) com o objectivo de prestarem mais e melhores serviços aos consumidores.

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José António Rousseau, Docente, consultor e especialista em Distribuição Moderna www.rousseau.com.pt

“O peso crescente das grandes cadeias de distribuição é acompanhado por um aumento bastante significativo do seu poder de mercado perante os fornecedores


opinião

Retalho

É possível o offline sobreviver ao online?

J

á ninguém tem dúvidas: os consumidores compram cada vez mais online, o que está a deixar muitos retalhistas tradicionais preocupados com o futuro do seu negócio, mesmo se também têm lojas virtuais. As barreiras como a confiança, a tecnologia e a segurança em comprar online já foram vencidas, e muitos retalhistas, como é o caso da Amazon, estão a tirar partido disso. Quem nem sempre, ou na grande maioria dos casos, está a tirar partido do fim das barreiras às compras online são muitos retalhistas tradicionais, pois as lojas físicas podem apresentar-se como uma vantagem se os canais digitais também forem devidamente explorados. Um estudo recente da agência de inovação faberNovel aponta cinco formas para os retalhistas tradicionais poderem combater os concorrentes online: • Garanta que a equipa da loja está em condições de responder imediatamente a qualquer questão do cliente. Uma forma de o fazer é disponibilizar dispositivos móveis (tablets) aos colaboradores para que possam aceder a informação dos

produtos.

• Privilegie a realização de demonstrações como forma de ganhar

o envolvimento de quem está na loja. Efectuar demonstrações é também uma forma de atrair novos consumidores interessados em experimentar os produtos. • Dê informações sobre o que o cliente pretende. Implemente ferramentas de análise nas lojas para melhor conhecer o comportamento dos clientes. • Elimine uma das mais importantes barreiras: deixe o cliente pagar rapidamente. Crie um sistema de pagamento que permita ao cliente pagar em qualquer lugar da loja. • Faça entrega ao domicílio. Ofereça serviços de entrega, o que demonstra proximidade com o cliente, e garanta que tem um melhor serviço do que as lojas online. As lojas físicas não deixarão de existir, e o futuro não irá separar o retalho online do retalho offline. Bem pelo contrário, a união entre os dois canais será um factor de sucesso.

Nuno Ribeiro country manager da agência de inovação faberNovel

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produção

/José Macedo, presidente do conselho de administração da Lactiangol

“Há que saber chamar a atenção do consumidor através de uma imagem de marca dinâmica e moderna” A maior empresa de lacticínios em Angola acaba de lançar novos produtos no mercado, indo, assim, ao encontro da estratégia de expansão das diversas gamas. Num mercado com um “significativo potencial de crescimento”, o responsável máximo da empresa falou sobre estas novidades e da realidade actual do mercado de iogurtes e sumos.

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>> Victor Jorge

C

riada em Março de 1994, a Lactiangol tornou-se, ao longo destes quase 20 anos, na principal unidade industrial de lacticínios de Angola. Para o final de 2013, a empresa liderada por José Macedo apresenta novidades nas categorias dos sumos, com a introdução dos sabores manga e tropical na marca YA, e iogurtes, surgindo os sabores amoras e morangos. Sem avançar que contribuição estas novidades poderão ter nas contas finais do actual exercício da empresa, o presidente do conselho de administração da Lactiangol admite um crescimento global da facturação entre os 8% e os 9%. Distribuição em Expansão: A Lactiangol lançou no mês de Outubro e Novembro novos produtos: Sabores manga e tropical nos sumos YA, e amoras e morangos nos iogurtes. Qual a razão destes lançamentos? José Macedo: O lançamento de novos produtos corresponde a uma necessidade de alargar a nossa gama, proporcionando ao

>> Duarte Lima Villas

público consumidor um leque de ofertas mais diversificado. Para o lançamento destes novos produtos, procederam a uma investigação e desenvolvimento de vários meses, num valor que ascendeu a 300 mil USD. Em que consistiu essa investigação e a que conclusões chegaram? Basicamente, o lançamento dos novos produtos foi precedido de uma fase de investigação e desenvolvimento que compreendeu várias etapas. Inicialmente, foi feita uma análise da oferta no mercado de produtos similares, no caso vertente, iogurtes e sumos. Depois procedeu-se à definição de quais os itens mais procurados pelo público e que não estavam compreendidos na nossa gama. Em face da definição dos itens mais apetecidos, passou-se à realização

dos ensaios de produção em laboratório e provas para afinação de paladar, consistência, aspecto visual e outras características organolépticas. Finalmente, procedeu-se à procura da embalagem mais apelativa, dentro de uma linha de inovação e continuidade da gama Lactiangol. Essa investigação foi desenvolvida onde? As diferentes etapas foram realizadas através dos serviços de marketing, de produção e de controlo de qualidade e

O lançamento dos novos produtos foi precedido de uma fase de investigação e desenvolvimento que compreendeu várias etapas

decorreram, numa primeira fase correspondente à recolha de dados, na rede comercial cliente da empresa, e, numa segunda fase, no laboratório da Lactiangol. Isso também quer dizer que fizeram experimentação com outros sabores? Quais foram e porque não “funcionaram”? O facto de apenas termos escolhido alguns dos sabores fruto dos ensaios realizados prendeu-se sobretudo com dois aspectos: por um lado, priorizar os sabores que comprovadamente têm maior aceitação por parte dos consumidores. Por outro, fazer um lançamento faseado dos novos produtos, de modo a ter capacidade de resposta por parte da nossa estrutura de produção e comercial, evitando as roturas e a dispersão. Concluíram que existia uma lacuna no mercado/categoria, ou foi uma resposta a uma exigência por parte do

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produção /José Macedo, presidente do conselho de administração da Lactiangol consumidor? Como já referi, trata-se de uma estratégia de expansão da gama de produtos, subordinando esse crescimento às apetências notadas no consumidor. Juntamente com o lançamento dos novos produtos, procederam igualmente à remodelação de embalagens. Porquê? A renovação e modernização da imagem dos produtos de grande consumo é uma necessidade, a fim de evitar o envelhecimento precoce dos mesmos no mercado. Há que saber chamar a atenção do consumidor através de uma imagem de marca dinâmica e moderna. Também houve um renaming nos iogurtes. É importante possibilitar ao consumidor uma identificação imediata do produto? Nos lineares dos super e hipermercados e outras lojas, a presença de um produto alimentar deve ser facilmente notada e individualizada. Em regra, os consumidores despendem o menor tempo possível nas compras, logo deve saber-se ajudá-los através de uma rápida e precisa identificação do nosso produto.

Nos lineares dos super e hipermercados e outras lojas, a presença de um produto alimentar deve ser facilmente notada e individualizada

O aumento de produção que os novos produtos implicaram não tornou necessário o aumento da capacidade instalada, pelo que o investimento ao nível dos equipamentos foi irrelevante. O principal factor incrementado regista-se ao nível dos recursos humanos relacionados com produção e controlo de qualidade. Referiram recentemente também que estes novos produtos podem contribuir para a melhoria dos resultados das vendas. Em que aspecto e que percentagem

de aumento esperam obter resultante destas novidades? Este alargar da gama de produtos Lactiangol, compreendendo novos sabores de sumos YA e novos iogurtes, vem contribuir para uma maior e mais diversificada oferta, o que naturalmente resulta num incremento das vendas. Prever a percentagem desse aumento é ainda muito arriscado e prematuro. Só após a verificação da aceitação pelo consumidor dos novos itens ao seu dispor se poderá estimar um percentual de crescimento.

A matéria-prima De onde provêm as matérias-primas para a produção destes novos produtos? À semelhança dos restantes produtos por nós laborados, as matérias-primas são adquiridas quer no mercado nacional, quer através da importação directa. A fragilidade da produção nacional levanos a ter de recorrer à importação de matéria-prima.

O facto de este lançamento acontecer antes da quadra festiva quer dizer que é este o momento ideal para apresentar novidades nestas categorias? Sem dúvida. A quadra festiva representa o ponto mais alto do ciclo de vendas de produtos alimentares ao longo de todo o ano. Logo, é de bom senso usufruir dessa predisposição do consumidor, no sentido de impulsionar o lançamento de um novo produto. Que acções no ponto de venda irão realizar para dar a conhecer estas novidades? Promoções com oferta de brindes, provas de degustação e acções publicitárias serão as acções privilegiadas nesta campanha de lançamento. Um mercado em crescimento Como caracterizaria o actual estado do mercado de iogurtes? E dos sumos? Trata-se de mercados com muita concorrência e em estado maduro, ou ainda existe muito mercado para “desbravar”? Ambos os mercados, de iogurtes e sumos, conheceram na última década um forte incremento. De qualquer modo, ainda não poderemos considerar que se trate de um mercado com a oferta saturada e procura estabilizada. Quer ao nível da diversidade de itens disponíveis, quer ao nível do alargamento geográfico, ambos os mercados apresentam ainda um significativo potencial de crescimento. Que preferências notam junto do consumidor de sumos e iogurtes em Angola? Há alguma preferência por sabores e formas de consumo? Nos sumos assiste-se a um crescimento da preferência por produtos não gaseificados, com uma percentagem de sumo ou polpa natural, embora o mercado dos refrigerantes, com corantes e aromas e sem qualquer espécie de fruta, seja o de maior relevância. Nos iogurtes, a preferência por sucedâneos, do tipo sobremesas lácteas, é significativa, muito por força da publicidade enganosa, que rotula estes produtos como verdadeiro iogurte, quando na realidade se trata de produtos de longa duração, enquanto o iogurte é um produto vivo e fresco, com um prazo de validade curto e que obriga à conservação no frio.

O facto de Angola ter uma produção nacional limitada prejudica a actividaA importação da matériaprima para a elaboração dos produtos deve-se, essencialmente, à fragilidade da produção nacional

de da Lactiangol? Em que aspecto? Naturalmente que prejudica. Sendo uma indústria cuja principal matéria-prima [o leite] é proveniente da produção pecuária, é fundamental para o crescimento da Lactiangol que a produção nacional de leite em natureza se desenvolva e se torne numa realidade significativa em termos económicos.

Onde é que estes novos produtos da Lactiangol estarão à venda? No mercado informal, no formal, ou em ambos? À semelhança da restante gama, estes produtos irão ser oferecidos na rede de retalhistas, com especial ênfase nos hiper e supermercados, bem como no canal

Para estes novos produtos foi necessário um aumento da capacidade de produção? Em quanto e que investimentos foi necessário efectuar? #24

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produção /José Macedo, presidente do conselho de administração da Lactiangol horeca (hotelaria, restauração e cafés) e ainda no catering. Associação, sim. MdD, também O desenvolvimento do sector da distribuição moderna em Angola, com a abertura de várias lojas de players já existentes e de outros que se prevêem entrar em breve, é uma boa notícia para uma empresa como a Lactiangol? Em que medida? Na medida em que o desenvolvimento do sector da distribuição moderna se concretize no respeito dos interesses dos produtores locais, não os preterindo em benefício da importação, tal representará uma oportunidade de crescimento da Lactiangol e de todas as suas congéneres ligadas ao sector agro-alimentar. Quais são as maiores dificuldades actualmente vividas pela Lactiangol no mercado em Angola? Em termos de mercado, a Lactiangol debate-se principalmente com dois tipos de adversidades, que tentamos dia a dia minimizar. Em primeiro lugar, o factor importação, quando esta desrespeita as normas internacionalmente aceites, nomeadamente no que toca à correcta denominação dos produtos, sendo disso exemplo flagrante a rotulagem das sobremesas lácteas de longa duração com a denominação incorrecta de iogurtes. Outra adversidade é a crescente adopção por parte das grandes empresas de distribuição (redes de hiper e supermercados) de uma política de alargamento dos prazos de pagamento para além do razoável e da exigência crescente de descontos, muitas das vezes incomportáveis por parte de quem produz.

“Não é possível determinar o timing da implementação das marcas brancas ou Marcas da Distribuição (MdD). No entanto, é perfeitamente expectável que tal venha a surgir no muito curto prazo

Por norma, a cadeia de frio é considerada fundamental no sector lácteo. Esta funciona bem em Angola? A cadeia de frio é ainda incipiente em muitas áreas do mercado nacional. A sua melhoria significativa passa, sobretudo, pela normalização do fornecimento de energia eléctrica, sem a qual é irrealista manter uma rede nacional de frio baseada em geradores, não só por razões operacionais, mas também, e sobretudo, pelo aumento de custos que tal representa.

pectável que tal venha a surgir no muito curto prazo.

do fabrico no exterior do País, ou seja, da importação.

Em mercados maduros, é recorrente a distribuição moderna colocar nos seus lineares marcas brancas ou marcas da distribuição (MdD). Este é um fenómeno que acontecerá em Angola? Dentro de que espaço de tempo acha que isso poderá acontecer? Não é possível determinar o timing da implementação das marcas brancas e MdD. No entanto, é perfeitamente ex-

E a Lactiangol, sendo dos poucos fabricantes de lacticínios em Angola, vê-se a produzir para as MdD num futuro próximo? Quanto à possibilidade de produzirmos para as MdD, estamos inteiramente disponíveis para tal, assim as cadeias da distribuição moderna estejam dispostas em apostar no desenvolvimento da produção nacional, em detrimento de contratação

Nos países mais desenvolvidos, existem associações ou federações que congregam os produtores de vários sectores da cadeia agro-alimentar. Em Angola, seria desejável este tipo de associação entre os diversos produtores? Em que moldes veria uma associação deste tipo? É sem dúvida fundamental a existência de organismos sectoriais associativos

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Distribuição em Expansão • Novembro 2013

dos produtores. Tal representa a criação de entidades capazes de melhor dialogar, representar e defender os interesses da produção, nos diferentes domínios e perante a diversidade de interlocutores, sejam eles institucionais ou privados. Crescimento natural Os lançamentos por parte da Lactiangol em 2013 terminam com estas novidades agora apresentadas ao mercado? Temos ainda em carteira o lançamento do cabaz de Natal Lactiangol, agendado para o advento da quadra festiva. Trata-se de uma iniciativa que visa incrementar o consumo de um conjunto de bens alimentares salutares e nutritivos, com benefícios comprovados para a saúde humana, numa altura em que o público está particularmente propenso para o consumo. No exercício de 2012, a Lactiangol obteve um volume de negócios de cerca de 30 milhões USD. Quais são as expectativas para 2013 e em que categorias poderá alcançar maiores crescimentos? Ultrapassada a barreira dos 30 milhões USD em 2012, a Lactiangol prevê para o ano em curso um crescimento de cerca de 8% a 9%, sendo previsível que o mesmo assente sobretudo no aumento do volume de vendas de leite ultrapasteurizado.





Elias Fayad, Director-geral da AngoAlissar Corporate

24Horas com...

>> fotos: Duarte Lima Villas

08:15

Tele de n

06:30 horas

08:00 horas

Exercício matinal na marginal, aproveitando para ver os primeiros e-mails do dia enquanto faz footing

Chegada à sede da AngoAlissar, localizada na Av. 4 de Fevereiro, em Luanda, depois de pequeno-almoço caseiro

09:15 horas

Chegada ao Deskontão, aproveitando o tempo para um almoço rápido antes de uma verificação dos produtos expostos no interior da loja. Encontro ocasional com Bruno Mestre, national account da AngoAlissar

Primeira reunião com Sabrina, market research field, para discussão de novo projecto e estratégia para parceria com a Kellogg’s

10:20 horas

Viagem para visita à nova sede da AngoAlissar Corporate, localizada no Miramar. Reunião informal com Sónia Ribeiro, da Original Foundation

14:20 horas

08:05 horas

Viagem para Cazenga, ao armazém, com chegada às 11:10 horas

15:15 horas Saída do Deskontão de regresso a Luanda para a sede da empresa

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16:00 horas Chegada à sede da AngoAlissar e começo de reunião com Anh To, da Maersk

11:20 horas Visita ao armazém do Cazenga


08:55 horas

5 horas

Reunião com Ana Bastos (business unit manager da Intermarcas) e Sheliza Mamad (bussiness process support)

efonemas antes do começo nova reunião

08:20 horas

08:45 horas

Reunião com Gassan, financial manager, tendo em vista a empresa Intermarcas

Reunião com Guilhermina, assistente executiva, para se inteirar da agenda diária e semanal

12:25 horas Viagem ao novo Centro de Distribuição de Viana e reunião com o director de logística, David, para se inteirar do timing para finalização do projecto com uma área de armazenagem de 3500 m2, enquanto o novo centro (com 8500 m2) não está pronto

11.40 horas

13:35 horas

Rodagem de um filme de 2 minutos referente ao projecto Palanca Parade junto à obra do artista Tó Zé

Saída em direcção ao Deskontão

18:50 horas Início de reunião com Teresa, trade marketing manager, sobre a edição limitada da água Evian

17:40 horas Reunião com sales analyst Nadim, depois de reunião confidencial com potenciais parceiros de negócios

17:55 horas Reunião com Andreia, directora de recursos humanos, sobre matérias de recrutamento e formação

19:30 horas Final do dia de trabalho no escritório, com preparação de algumas matérias para o dia seguinte, com saída às 20:00 horas da sede da AngoAlissar para um jantar de negócios na ilha de Luanda

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bebidas

/Paulo Gomes, country manager da Cerveja Sagres em Angola

Dá pelo nome de Radler e é a nova aposta da Sagres para o mercado angolano. Optimista quanto ao sucesso que esta nova cerveja terá junto dos angolanos, o gestor refere que o segredo está na “dupla refrescância”.

“A inovação da marca Sagres representa a melhor estratégia de diferenciação”

“Estamos habituados a viver num mercado concorrencial (...) mesmo que a concorrência surja em Angola, teremos sempre do nosso lado o facto inovação e originalidade e termos sido os primeiros

>> Victor Jorge

A

ntecipando o Verão que está a chegar, a Sociedade Central de Cervejas e Bebidas (SCC) lançou no mercado a Sagres Radler. O responsável pela marca em Angola acredita que a inovação apresentada pela Sagres no País continuará a contribuir para a preferência do consumidor angolano pela marca. Uma coisa é certa: “mesmo que a competição surja em

>> Duarte Lima Villas

Angola, teremos sempre do nosso lado o factor inovação e originalidade e termos sido os primeiros a lançá-la”. Distribuição em Expansão: A Cerveja Sagres antecipou as exportações da Radler para Angola. Qual a razão desta estratégia? Paulo Gomes: A Sagres Radler não antecipou nenhum timing. O mesmo já

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estava previsto no nosso plano. A Sagres Radler é um produto cuja principal característica é a sua capacidade de “dupla refrescância”. Assim, o melhor momento para o lançar é agora no início do Verão em Angola. À imprensa portuguesa, Nuno Pinto de Magalhães, director de comunicação e relações institucionais da SCC, referiu



bebidas /Paulo Gomes, country manager da Cerveja Sagres em Angola que exportar Sagres Radler é a “aposta prioritária”. De que quantidades estamos a falar e em que timeline? Sagres Radler revelou-se um sucesso em Portugal e acreditamos que o mesmo irá acontecer em Angola. O clima em Angola leva à necessidade sistemática de nos refrescarmos, e a Sagres Radler poderá e deverá ter assim um importante papel na satisfação desta necessidade presente no quotidiano do consumidor angolano. Esta necessidade já existe e está bem latente no mercado, e portanto temos a ambição de ser bem-sucedidos já neste Verão 2013/2014. Referem também que os PALOP são mercados “prioritários em termos de exportação”. Que diferenças encontram entre estes mercados e quais as expectativas em relação a cada um deles? A Cerveja Sagres é já uma marca bem conhecida nos PALOP pela proximidade cultural, e é também pela importante função de “dupla refrescância” que acreditamos que a nossa Radler irá ter sucesso em qualquer um destes mercados que se caracterize por climas mais quentes.

A nova cerveja Sagres Radler surge no merlhor momento para lançar um produto deste tipo: o início do Verão em Angola

Que estudo/análises efectuaram ao mercado angolano para estarem tão “optimistas” quanto ao sucesso da Sagres Radler em Angola? Existem já alguns produtos bem-sucedidos no mercado angolano que se caracterizam pela mistura de cerveja ou outras bebidas alcoólicas com extractos ou sumos naturais. Por outro lado, toda a naturalidade de Sagres Radler, enquanto cerveja Sagres adicionada de sumo natural de limão, será certamente bem recebida pelo consumidor, uma vez que este se preocupa frequentemente com a origem e os ingredientes utilizados no processo de fabrico de todo e qualquer produto que consome. Poder de antecipação Que vantagens são vistas no mercado angolano, sendo que é a primeira Radler a marcar presença em Angola? Normalmente existe uma vantagem competitiva associada à capacidade de nos anteciparmos e entrarmos mais rápido num mercado sempre que falamos de inovação. É a oportunidade de sermos os primeiros a introduzir a receita ao

consumidor em Angola, comunicarmos com ele e de sermos assim também os primeiros a definir ocasiões de consumo de cerveja mais leve e duplamente refrescante. Qual o target desta nova cerveja Sagres Radler em termos de consumidor? A Sagres Radler foi pensada para os consumidores que apreciam uma bebida diferente, mais leve e duplamente refrescante. Para além de proporcionar outras ocasiões de consumo de cerveja, Sagres Radler é também a alternativa ideal para aqueles que não apreciam o sabor característico da cerveja. E em termos de pontos de venda? Esta é uma cerveja para o ontrade, ou para o offtrade? Porquê? Acreditamos que a necessidade de refrescância acaba por ser constante em Angola, e tanto pode surgir em momentos de consumo em casa como na rua ou num restaurante. Sagres Radler deverá ser uma bebida para todos os momentos de refrescância, sejam eles no comércio formal ou informal. Temem alguma canibalização de produto, já que possuem também a Sagres em Angola, ou trata-se de uma cerveja para experiências de consumo completamente diferentes?

Poderão existir ocasiões em que o consumidor poderá debater-se sobre o consumo de uma ou de outra, no entanto, os produtos são bem diferentes no sabor e leveza, e portanto acreditamos que a Sagres Radler irá maioriatariamente trazer novas ocasiões de consumo, ou mesmo novos consumidores, para a nossa marca. Que investimentos vão ser feitos no mercado angolano e de que forma vão dar a conhecer esta novidade da SCC? A Sagres Radler conta com um lançamento suportado por uma campanha de TV, outdoor e também digital. A comunicação será muito focada na explicação do produto, a sua origem, composição e função de “dupla refrescância”, clarificando desde logo as diferenças que o consumidor angolano poderá notar na comparação com a sua cerveja Sagres habitualmente consumida. Vendida, em Portugal, a um valor médio 12,5% acima do preço da Sagres, esta será a política a seguir em Angola? A Sagres Radler, composta por 40% de cerveja Sagres e 60% de sumo natural de limão, tem efectivamente menor presença da cerveja, mas é, no entanto, adicionada de sumo natural de limão, razão pela qual o seu custo irá também ser forçosamente mais caro. Assim, a nova Cerveja Sagres

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Radler irá sustentar um preço mais alto no mercado quando comparada com a Cerveja Sagres. Esta é uma cerveja de valor e não tanto de volume? Sim, a grande maioria das inovações da marca Sagres assenta no valor acrescido. O mercado das cervejas em Angola é dominado por um player local. Temem que, de alguma forma, a Radler possa vir a ser “copiada”? Estamos habituados a viver num mercado concorrencial. Acreditamos na perfeita composição e receita do nosso produto, e, mesmo que a competição surja em Angola, teremos sempre do nosso lado o factor inovação e originalidade e termos sido os primeiros a lançá-la. Que expectativas ou esperanças tem a Cerveja Sagres em relação ao mercado angolano, tendo em conta que dentro em breve entrará em vigor uma nova pauta aduaneira que deverá fazer aumentar os preços dos produtos importados? A inovação da marca Sagres representa para nós a melhor estratégia de diferenciação face à competição, e acreditamos que é assim que continuaremos a justificar ao consumidor angolano a sua preferência pela nossa marca



bebidas /Diageo Depois de ter firmado uma parceria com a Luanday para a distribuição do seu portfólio de bebidas espirituosas, Angola aparece novamente entre os países estratégicos para a expansão da Diageo no continente africano.

Diageo “keep walking” para Angola >> Victor Jorge

A

britânica Diageo pretende explorar as possibilidades existentes no mercado africano, de modo a impulsionar as suas vendas e estender os seus negócios a novos países como Etiópia, Angola e Moçambique. A maior empresa distribuidora de bebidas espirituosas do mundo factura, actualmente, 1,4 mil milhões de libras esterlinas (cerca de 2,2 mil milhões USD) em África, o que representa 12% da facturação total do grupo. A companhia registou crescimentos anuais na ordem dos 13% e julga ter no continente africano ainda um grande filão para explorar e encontrar maiores rendimentos. “Espero que a longo prazo o comportamento dos mercados africanos seja o mesmo, o que acelerará o crescimento”, assinalou Nick Blazquez, presidente da Diageo África, Turquia, Rússia e Europa Central e de Leste, em conferência

>> DR

de imprensa recentemente realizada em Londres com investidores. Blazquez destacou o papel que o continente africano poderá assumir na facturação da Diageo, sendo certo que Angola faz parte de um grupo de países onde a companhia britânica pretende investir e ter mais visibilidade. Ainda recentemente, a Diageo fez parte de uma missão britânica que visitou Angola, tendo o director de operações para África, Andy Fennell, referido, na reunião com investidores em Londres, que “a maioria dos economistas diria que agora é a hora de África“. Grande parte da facturação obtida pelo fabricante e distribuidor de bebidas espirituosas como J&B, Johnnie Walker ou Baileys provém de países como Quénia, Nigéria e África do Sul, mas a Diageo está a colocar bases noutros mercados como Etiópia, Angola e Moçambique, prevendo uma evolução do negócio no

Angola, um país em transformação • • • • • • • •

População urbana e jovem em crescimento Fortes ligações a Portugal e Brasil Produção de petróleo à escala da Nigéria Terceiro mercado de bebidas alcoólicas em África Comércio formal em grande desenvolvimento Crescimento do mercado das bebidas espirituosas Estabelecer benefícios para os consumidores, com foco em parcerias fortes Parcerias com companhias no mercado para melhorar eficiência operacional

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te, 16% de 2010 a 2016, ficando somente atrás do valor apresentado por Moçambique (+17%), mas à frente de Gana (+11%), Etiópia (+10%) e Camarões (+4%). Além disso, também o rendimento disponível dos angolanos apresenta uma curva ascendente, embora neste capítulo Angola ainda esteja atrás dos países analisadas anteriormente. Para ter noção da importância que Angola tem na estratégia da Diageo, basta olhar para o crescimento registado por uma das marcas premium – Johnnie Walker. Referindo que a marca tem um “status icónico” em África, as vendas líquidas de Johnnie Walker aumentaram 25% em 2013, sendo que no caso ango-

Para Nick Blazquez, África crescerá mais rápido que a Ásia

Volume total de cerveja e bebidas espirituosas (milhões de euros)

0

Fonte: Platalogic, IWSR

Consumo em litros per capita 2012 com idade mínima legal 80

Cerveja

Espirituosas

30

76

72

70

25

60

60

40

15 30

30

7,4

20 10

11

10

6 2,4

0,3

10 1,3

0,3

9 1,3

0,4

0,3

0

5,7

3,7 8

4

10 5

0,7

0,9

Espirituosas

20

49

50

0 EUA

Reino Unido

Moçambique

África do Sul

Angola

Etiópia

Tanzânia

Uganda

Quénia

Camarões

Gana

Nigéria

lano a evolução foi de 61% face ao ano de 2012, com Camarões, Etiópia e Gana a crescerem 24%, 25% e 36%, respectivamente. A Diageo, que conseguiu ganhar quota de mercado nos mercados emergentes, com Brasil, China e Turquia a aparecer na primeira linha, graças à aquisição de empresas locais, não descarta prosseguir com a mesma estratégia em África. A companhia prevê obter metade da facturação global nos países emergentes em 2015, contra os actuais 42%.

14

Cerveja

Uma população jovem e urbana, aliada a um desenvolvimento cada vez maior de uma classe média, fazem com que Angola seja um dos países onde a Diageo pretende apostar fortemente no continente africano. É “a hora de África”

São Tomé e Principe Gambia Seicheles Nigéria Guiné-Bissau Mali Cabo Verde Serra Leoa Libéria Rep. Centro-Africana Guiné Senegal Suazilândia Malawi Chade Lesoto Togo Maurícias Botsuana Benim Burquina Faso Reunião Zâmbia Madagascar Namíbia Gabão Costa do Marfim Zimbabué Congo Gana Moçambique Etópia Zaire/RDC Camarões Angola

continente africano. Até agora, a companhia baseava o seu negócio no segmento da cerveja, com marcas locais como Tusker, Serengeti e outras globais como Guinness. Não obstante, a empresa quer aproveitar a sua posição no mercado cervejeiro para atrair os clientes para o consumo de bebidas espirituosas como o rum, whisky e gin, categorias que aportam maiores margens e que têm um enorme potencial de crescimento no continente africano. Embora África seja um mercado complexo, com uma classe média ainda reduzida, um baixo nível de consumo e pouca capacidade de compra, as grandes companhias estão há anos a estender os seus negócios para o continente africano para aproveitar o desenvolvimento económico dos países e fazer face à crise que vivida na Europa, bem como à estagnação verificada em mercado maduros. Nas palavras de Blazquez, e apesar das precauções a ter em África, as oportunidades do continente são imensas, revelando que “estamos perante um mercado que crescerá mais rápido que a Ásia”. Esta percepção provém dos números que a Diageo possui e que foram disponibilizados na reunião com os investidores. Blazquez referiu que, no caso angolano, o PIB per capita crescerá, previsivelmen-

Consumo de cerveja e esperituosas per capita - 2012 (litros/ano) Consumo de cerveja Etiópia Tanzânia Gana

Consumo de espirituosas Etiópia

4

Tanzânia

9

0,4 0,3 2,4

Gana

6

Nigéria

11

Nigéria

Uganda

10

Uganda

1,3

Quénia

10

Quénia

1,3

Camarões

Camarões

30

Angola RU

49

Angola 72

EUA

78

Espanha Brasil

RU 79

68

0,3

0,3 0,9 5,7

EUA Espanha Brasil

7,4 5,2 6,5

Fonte: Plato Logic, estimativas internas, IMF, IWSR , UNDP

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Distribuição em Expansão • Novembro 2013


logística

/Hörmann

Depois de ter apresentado recentemente uma nova série de portas seccionais industriais no mercado angolano, a Hörmann lança agora outra novidade.

Uma porta super-rápida >> Victor Jorge

A

Esta inovação poderá vir a padronizar o mercado de portas rápidas devido à tecnologia de abertura em fole vertical

Hörmann Portugal acaba de lançar no mercado português, angolano e moçambicano uma nova porta porta super-rápida industrial que alia inovação, segurança e desempenho intensivo com economia de custos e manutenção. Este novo modelo apresenta-se ao mercado depois de a marca líder mundial em portas e automatismos ter disponibilizado uma nova série de portas seccionais industriais, com porta integrada. Esta novidade de porta super-rápida – V 9015 L Stacking – destaca-se pela tecnologia inovadora de abertura e fecho em cortina de fole vertical. “Trata-se de uma porta destinada ao uso intensivo exterior que corresponde às actuais exigências de insonorização de movimento devido à elevada estabilidade mecânica e motorização silenciosa”, explica Diogo Tamagnini, director de expansão na Hörmann Portugal. Esta inovação poderá vir a padronizar o mercado de portas rápidas devido à tecnologia de abertura em fole vertical, salientando Diogo Tamagnini que “a abertura em fole vertical é apoiada em perfis em alumínio, que potenciam maior velocidade, insonorização, resistência ao vento e máxima segurança”. A V 9015 L Stacking foi concebida especialmente para aberturas elevadas de porta em pavilhões com lintel baixo, uma vez que a porta também pode ser montada no exterior do pavilhão.

>> DR

A técnica de automatismo encontra-se protegida, de forma segura, no revestimento do aro e do veio. O comando pode ser accionado opcionalmente através de um elemento de comando externo integrado no aro de forma simples e confortável a partir do solo. A cortina desta nova V 9015 L Stacking é aberta através de um sistema de correia com os perfis de protecção de vento e dobrada na zona do lintel. A disposição dos perfis em alumínio de elevada qualidade

é vertical com distâncias de 600 mm sobre a altura integral da porta. De série, é integrado um campo visual com 600 mm de altura na cortina sobre a largura completa da porta. A pedido podem ainda ser executadas, de forma transparente, outras secções. Esta nova porta industrial é especialmente recomendada para áreas de grande dimensão ou armazenamento, nomeadamente para unidades de produção, logística e armazenamento, entre outras.

Porta de interior/porta de exterior V 9015 L Stacking Área de dimensões Largura (LDB) máx. Altura (LDH) máx.

9000 mm 6000 mm

Velocidade com apoio de protecção AK E de série Abertura máx. Fecho máx.

0,7 m/s 0,7 m/s

com comando FU BK 150 FU E H opcional Abertura máx. Fecho máx.

1,5 m/s 0,7 m/s

Abertura de emergência Corrente manual de emergência Cortina com perfis de alumínio Espessura do tecido Espessura do campo visual Carga devido à pressão do vento Largura da porta até 6000 mm Largura da porta superior a 6000 mm Cores da cortina RAL 1018 amarelo zinco RAL 2004 cor-de-laranja puro RAL 3002 vermelho carmim RAL 5010 azul genciana RAL 7038 cinzento ágata

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Distribuição em Expansão • Novembro 2013

0,9 mm 2,0 mm (EN 12424) Classe 3 máx. 115 km/h Classe 2 máx. 100 km/h



tecnologia

/Segurança

O manuseamento de dinheiro sempre foi um problema, seja em grandes lojas, seja em lojas de dimensão mais reduzida. Na África do Sul, a solução passa por transportar o dinheiro por tubos de ar.

Uma solução para reduzir as quebras >> Victor Jorge

>> DR

Q

uantos não são os retalhistas ou proprietários de lojas em centros comerciais que vêem no manuseamento do dinheiro e no risco de assaltos às lojas um dos grandes problemas da sua actividade? São inúmeras as soluções existentes no mercado para proteger o dinheiro entretanto feito em caixa, mas que está sempre em risco de ir parar a mãos alheias. Foi no sentido de reduzir os roubos e assaltos no sector do retalho que o Consumer Goods Council, da divisão de risco da África do Sul, CGRI, fez uma parceria com o Business Against Crime, Cash in Transit e Liberty Properties com o objectivo de desenvolver um sistema seguro de distribuição/manuseamento de dinheiro. O sistema pode parecer complicado, mas na realidade limita-se a aproveitar as estruturas já existentes num centro comercial ou loja ou numa simples adaptação das mesmas. Num primeiro teste, o dinheiro, neste sistema, é transportado da(s) loja(s) por todo o centro comercial através de tubagens de ar, significando isto que o retalhista não possui mais grandes quantidades de dinheiro dentro da loja sujeito a ser roubado. Isto resulta numa redução na recolha e depósito de dinheiro, diminuindo, por sua vez, o risco de assaltos à mão armada,

roubos de caixa ou de transporte de valores e potenciais prejuízos para os funcionários e clientes. Neste sistema, o dinheiro recolhido nas lojas através das tubagens de ar é “reciclado” para as multicaixas existentes dentro do centro comercial. Este sistema foi desenvolvido e posto em prática num dos maiores centros comerciais de Joanesburgo, encontrando-se, actualmente, em implementação em vários outros centros comerciais da cidade sul-africana, com os planos das autoridades a contemplar uma implementação em todo o território do país dentro de um curto espaço de tempo. Outras medidas incluem o fornecimento

#40

Distribuição em Expansão • Novembro 2013

de conselhos de standards mínimos e padrões de boas práticas através de câmaras CCTV (closed-circuit television), enviando mensalmente alertas sobre tendências de crimes, numa iniciativa para combater furtos nas lojas. O responsável da CGRI, James Oosthuizen, referiu à imprensa sul-africana: “Estamos muito preocupados com o aumento significativo de roubos à mão armada no sector do retalho e estamos a trabalhar de perto com as autoridades policiais para encontrar uma nova e melhor forma de combater o roubo no retalho”. Estas medidas vêm na sequência de os números indicarem um aumento significativo dos roubos em centros comerciais na África do Sul, mostrando os dados que os furtos aumentaram em 60%, passando de 274, em 2011/2012, para 438 incidentes, em 2012/2013, correspondendo a 38,7 milhões de rands sul-africanos (ZAR) (cera de 377 milhões Kz), contra 20,5 milhões ZAR (perto de 200 milhões Kz), em 2011/2012. Os roubos à mão armada envolvendo joalharias aumentaram, por sua vez, 63%, passando de 38 para 62 incidentes, correspondendo no período de 2012/2013 a 16,8 milhões ZAR (cerca de 165 milhões Kz), contra os 12,9 milhões ZAR (pouco mais de 125 milhões Kz) em 2011/2012.



inovação

/Tetra Pak

Um recente estudo, efectuado pela Tetra Pak, concluiu que as preocupações com o meio ambiente são uma realidade junto dos consumidores.

Aumenta procura de materiais renováveis e rótulos ambientais >> Vítor Jorge

A

Tetra Pak, líder mundial em soluções de tratamento e embalagem para alimentos, divulgou recentemente as conclusões do seu 5.º estudo bianual global sobre ambiente, que destaca o aumento da procura de materiais renováveis e de selos ambientais junto dos consumidores a nível mundial. O estudo revela, ainda, que a reciclagem se mantém como principal expectativa tanto para os consumidores como para os operadores na indústria alimentar. Na 5.ª versão do estudo da companhia de origem sueca, destaca-se um incremento significativo na atitude face aos materiais renováveis entre os agentes da indústria alimentar, impulsionado pelo recente desenvolvimento de novas tec

>> DR

Como os consumidores classificam os diferentes tipos de embalagem Falta de conhecimento relativamente às leis que gerem os produtos “melhores para o ambiente” Ausência de consequências por maltratar o ambiente Falta de vontade da administração para investir em melhoramentos Falta de tecnologia adequada para a produção do produto “melhor para o ambiente” Falta de know-how

2013

Disponibilidade de produtos com menor impacto

2011

Qualidade dos produtos com menor impacto Falta de procura por parte do consumidor relativamente a produtos que são melhores para o ambiente Custos de produção de produtos com impacto menor 0

Fonte: Tetra Pak

20

40

60

80

Como os consumidores classificam os diferentes tipos de embalagem Total% 38

Cartão

34

Vidro

17

Lata

Plástico

26

12

25

19

13

Amigo do ambiente Fonte: Tetra Pak

#42

Distribuição em Expansão • Novembro 2013

23

22

27

21

8

9

18

16 Não amigo do ambiente

11

19

39

5



inovação /Tetra Pak

RELATÓRIO DE PESQUISA AMBIENTAL Mudando Atitudes & Comportamentos Ambientais 2013

RENOVABILIDADE É UMA PRIORIDADE Há uma crescente procura por produtos ambientalmente saudáveis entre os consumidores em todo o mundo

O cartão é visto como o tipo de embalagem mais "amiga do ambiente" por parte dos consumidores

Principais tendências da indústria que estão a moldar o futuro das embalagens de bebidas: 1 uso de novos materiais bio-massa 2 emissões reduzidas 3 gestão de resíduos

50 % Variáveis cada vez mais utilizadas pela indústria para medir o impacto ambiental:

consumidores pensam que plástico bio-massa melhora a imagem ambiental das embalagens de cartão

1 taxas de reciclagem de embalagens 2 peso da embalagem 3 utilização de materiais renováveis

PROCURA CRESCENTE POR UMA ROTULAGEM CLARA Os consumidores procuram cada vez mais de informação de fácil compreensão

37 % 20 %

dos consumidores procuram regularmente por logos ambientais

dos consumidores reconhecem o logotipo Forest Stewardship CouncilTM (FSCTM)

54 % dos consumidores confiam nos logotipos ambientais vs. 37% em 2011

nologias. A utilização de materiais de origem biológica é referida como uma das principais tendências ambientais que moldam o futuro das embalagens para bebidas. O estudo revela ainda que os consumidores continuam a pontuar as embalagens de cartão para alimentos líquidos como o tipo de embalagem mais “amiga do ambiente” devido à utilização do cartão – um material renovável –, e mais de 50% dos consumidores acreditam que a utilização, nas embalagens, de plástico de origem biológica irá melhorar ainda mais a imagem ambiental das embalagens de cartão para alimentos líquidos. Quanto aos rótulos, o relatório identifica um crescimento da procura de informação ambiental por parte dos consumidores. De modo a fazerem escolhas informadas, 37% dos consumidores procuram, de forma regular, a presença de selos ambientais nas embalagens alimentares. Actualmente, 54% dos consumidores confiam na rotulagem ambiental, comparativamente com os 37% registados em 2011. Um em cada cinco consumidores inquiridos neste estudo reconhece o logótipo do Forest Stewardship Council™ (FSC™), com maior associação à gestão responsável das florestas.

A reciclabilidade dos materiais de embalagem é uma das principais prioridades para os operadores da indústria alimentar no desenvolvimento de um novo produto ou serviço

O logotipo FSC é o único rótulo florestal reconhecido pelos consumidores em todos os países

A RECICLAGEM É UMA OBRIGAÇÃO

75 %

50 %

dos consumidores considera a classificação, além da reciclagem, como a actividade ambiental número um

dos consumidores compra produtos "amigos do ambiente" para:

1 fazer algo de útil pelo meio ambiente 2 preservar o meio ambiente para gerações futuras 3

Conveniência e perfil ambiental determinam a decisão de compra do consumidor

Reciclabilidade é um imperativo A separação e deposição selectiva das embalagens usadas para posterior reciclagem continua a ser a principal actividade ambiental entre os consumidores, uma variável que se mantém desde 2005. A reciclabilidade dos materiais de embalagem é uma das principais prioridades para os operadores da indústria alimentar no desenvolvimento de um novo produto ou serviço. “As conclusões do estudo realizado este ano reforçam a importância de colocar as questões ambientais no centro da nossa estratégia”, refere Dennis Jönsson, presidente e CEO da Tetra Pak. “Estabelecemos firmes compromissos quanto à redução da nossa pegada ambiental ao

adequar os hábitos e preferências ao estilo de vida

A capacidade para reciclar o material da embalagem é uma prioridade considerada pela indústria

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Distribuição em Expansão • Novembro 2013

longo da cadeia de valor, no desenvolvimento de produtos sustentáveis e no aumento das nossas taxas de reciclagem; e estamos a fazer bons progressos no sentido de alcançar os objectivos que estabelecemos para nós próprios em cada uma destas três importantes áreas de actuação.”





leituras

/livros

O Preço da Desigualdade

N

Autor(es): J oseph E. Stiglitz Edição: 2013 Editora: Bertrand Págs.: 496 Preço: 17,90 EUR (2355 Kz)

uma era em que a maioria dos norte-americanos via a economia como a ciência do dinheiro, eu era, por muitos motivos, um improvável candidato a economista. A minha família tinha ideais políticos e ensinou-me que o dinheiro não era importante; que o dinheiro não compra a felicidade; que o que importa é dedicarmo-nos aos outros e à nossa vida mental. Não obstante, na tumultuosa década de 1960, uma vez que me expus a novas ideias em Amherst, apercebi-me de que a economia era muito mais do que o estudo do dinheiro – era, na verdade, uma forma de pesquisa capaz de abordar as causas fundamentais da desigualdade (…).” Em O Preço da Desigualdade, Joseph Stiglitz mostra-nos que a desigualdade crescente não é algo inevitável, e que são os interesses financeiros que, no processo de criação da riqueza, sufocam o verdadeiro e dinâmico capitalismo. Com a sua visão única, Stiglitz analisa o cenário mundial, lançando hipóteses sobre as implicações que o crescimento da desigualdade terá na democracia, na política monetária e orçamental, e na globalização.

Como Destruir Uma Empresa em 12 Meses… ou antes

Autor(es): L uis Castañeda Edição: 2013 Editora: Actual Editora Págs.: 224 Preço: 13,41 EUR (1764 Kz)

Q

uer saber como destruir uma empresa em 12 meses ou antes? Pois com esta obra – um guia prático de grande utilidade para si e para todos na sua empresa – ficará a saber que erros e falhas não deve cometer na gestão de uma empresa. O livro está dividido pelas várias áreas de gestão que abrangem o quotidiano e a vida de uma empresa, e é a súmula do conhecimento, sabedoria prática e experiência empresarial do autor, enriquecido com o contributo de muitos outros gestores e empresários.

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Distribuição em Expansão • Novembro 2013



novidades

Conheça os mais recentes lançamentos de produtos nestas páginas da Distribuição em Expansão

Azeite Virgem Extra e Borba A Adega de Borba apresenta o mais recente produto do seu portefólio: o novo Azeite Virgem Extra Adega de Borba. Com denominação de origem protegida (DOP) Norte Alentejano, este novo produto premium da Adega de Borba foi produzido a partir de azeitonas da variedade Galega, provenientes dos olivais mais antigos da região. A extracção de azeitonas maduras origina aromas e sabores fortes, sendo o azeite especiado e elegante. No aroma, este azeite caracteriza-se pelo frutado maduro e fruto seco. No sabor, destaca-se a textura delicada, sendo doce, fresco e suave, com um ligeiro toque picante e amargo. Ideal para degustação pura ou como tempero, enriquece pratos ligeiros de sabor requintado, como peixe, carnes, legumes e saladas.

Mini Grego da Nestlé A Yoco lançou o novo Nestlé Mini Grego – o primeiro iogurte grego feito a pensar nas necessidades nutricionais dos mais pequenos. Com porções adaptadas à fisiologia das crianças, sem pedaços e com redução de pelo menos 70% de matéria gorda face a um iogurte grego tradicional, o Mini Grego está disponível em três variedades (Açucarado, Morango e Multifrutos) e encontra-se disponível no canal alimentar. Este lançamento permitirá à marca alargar ainda mais o seu portefólio numa categoria em crescimento.

Milka em formato cookie A marca de chocolates Milka lançou novas variedades de bolachas com pepitas de chocolate: Choco Cookies e Choco Cookies XL, que prometem fazer as delícias de toda a família. As Choco Cookies combinam a bolacha com o sabor das pepitas de chocolate Milka, e para os verdadeiros amantes da marca está disponível também em tamanho XL. A Milka é uma marca da Mondelez Portugal (ex-Kraft Foods), uma das maiores empresas de alimentação do país, que opera nos segmentos de bolachas, pastilhas e rebuçados, tabletes de chocolate, sobremesas em pó e queijo-creme, com as marcas Proalimentar, Triunfo, Oreo, Chipmix, Trident, Chiclets, Bubblicious, Bubbaloo, Halls, Milka, Toblerone, Cadbury, Royal, Boca Doce e Philadelphia, respectivamente.

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Munich Dunkel, a nova cerveja da Unicer A Super Bock Selecção 1927 recupera a tradição cervejeira de Munique com a nova Munich Dunkel. Esta recriação portuguesa da autoria dos mestres cervejeiros da Unicer recria a cerveja tradicional alemã que, a partir do ano 1553, só podia ser produzida com o fim da estação quente, mais precisamente entre os dias 29 de Setembro e 23 de Abril, para responder à sazonalidade das estações e aproveitar os recursos naturais na obtenção da excelência do seu sabor. Produzida com um malte especial, a nova cerveja apresenta um tom dourado e brilhante, espuma cremosa e um aroma rico a malte, chocolate, frutos secos e fumado ligeiro. Na boca é elegante, discretamente amarga para sustentar a doçura do malte; já o fim de boca é médio, frutado e ligeiramente tostado. À semelhança das duas primeiras edições – Imperial Stout e Premium American Lager –, também esta nova cerveja é uma selecção exclusiva e limitada a 6 mil garrafas, devidamente numeradas. A garrafa é de partilha, com 0,75 litros e rolha de cortiça, preservando a essência do seu processo produtivo de cariz artesanal.


/novidades

Inissia: a nova paixão Nespresso

Um novo néctar do Douro A Sociedade Agrícola da Casa d´Arrochella, produtor do Douro Superior, lançou no mercado um novo néctar: o Grandes Quintas Colheita Tinto 2010. Esta nova categoria de vinhos do produtor do Douro tem a assinatura do enólogo Luís Soares Duarte e, de acordo com a Casa d’Arrochella, “apresenta um excelente vigor aromático, com notas de frutos vermelhos, balsâmicos e florais. Na boca é robusto, mas sem excessos, os taninos estão equilibrados com a acidez, terminando delicado e elegante”. O Grandes Quintas Colheita Tinto 2010 fermentou em cubas de inox com uma temperatura controlada a 26 graus durante seis dias e estagiou 10 meses em barricas de carvalho francês. A Sociedade Agrícola da Casa d´Arrochella coloca no mercado 25 000 garrafas.

A Nespresso apresenta Inissia, uma nova máquina com design clean e elegante, pequena no tamanho e com uma eficiência energética Classe A. Inspirada em objectos de design disruptivos e altamente funcionais, a Inissia foi pensada para oferecer uma eficiência máxima, elevando a qualidade dos Grands Crus Nespresso na chávena, graças ao seu sistema de extracção com 19 bar de pressão e a uma gestão optimizada de todos os factores que influenciam a qualidade do café: pressão, temperatura da água e quantidade. A Inissia aquece em apenas 25 segundos e tem botões automáticos pré-programados que garantem a porção ideal de café. O seu sistema de turn-off ao fim de nove minutos de inactividade classifica-a como Classe A na escala de eficiência energética. Com um peso que ronda os 2,7 kg, esta é a mais leve máquina de toda a gama Nespresso. O reservatório para cápsulas usadas de grande capacidade (até 11 cápsulas) e o depósito de água de 0,7 litros da Inissia provam que ser pequena não significa necessariamente menos eficácia. A Inissia será inicialmente lançada em quatro cores tradicionais da Nespresso: preto, branco, vermelho e creme.

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VIP

Very Important ProfEssional Barómetro dos Notáveis

Um painel de profissionais dará, mensalmente, a sua opinião sobre questões da actualidade colocadas pela redacção da Distribuição em Expansão. Trabalhadas, a posteriori, estatisticamente, ficará a saber o que os profissionais convidados pensam sobre determinado assunto, mas nunca de forma individual, mas em grupo

1. A gostinho Kapaia, Presidente do grupo Opaia 2. Aguinaldo Jaime, Jurista 3. Albano Lussati, Vice-presidente da UNACA, Confederação das Associações e Cooperativas de Camponeses de Angola 4. E stevão Daniel, Administrador da Refriango 5. Filipe Lemos, Presidente Executivo da LIDE Angola (Grupo de Líderes Empresariais) 6. G alvão Branco, Consultor empresarial da GB Consultores Reunidos 7. Gomes Cardoso, Presidente do Codex Angola, Comité Nacional para o Código Alimentar Angola 8. Jorge Baptista, Presidente da Associação dos Empreendedores de Angola (AEA) 9. J orge Coelho Pinto, Director da Jotil 10. José António Rousseau, Docente, Consultor e especialista em Distribuição Moderna 11. José Macedo, Director-geral da Lactiangol

12. José Severino, Presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) 13. J udith Correia, Administradora da FaciCredit 14. Luís Reis, Presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) 15. Luís Sambo, Jurista, Projecto Executivo para a Reforma Tributária 16. Luis Santos Moura, Conselheiro Económico e Comercial da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) 17. L uíz de Mattos, Director-geral da Alimenta Angola 18. Manuel Monteiro, Director da FertiAngola 19. M anuel Victoriano Sumbula, Administrador da Coca-Cola 20. Matos Cardoso, CEO da Feira Internacional de Luanda (FIL) 21. Manuel Lopes, Directora-geral da MAXI 22. P aulo de Carvalho, Director-geral da ScoreDistribuição

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Distribuição em Expansão • Novembro 2013

23. Paulo Trindade, CEO da Abacus, Consultora Imobiliária 24. Pedro Miguel Silva, Senior Manager da Deloitte Angola 25. Raúl Mateus, Sócio-administrador da Pomobel 26. Regina Santos, Pesquisadora do CEIC, Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola 27. Renato Azevedo, Presidente-executivo da Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola (AEBRAN) 28. Ricardo Gerigk, Delegado do Escritório da Economia Alemão em Angola 29. Rui Catalo, Administrador da Casa dos Frescos 30. Rui Malaquias, Docente e economista 31. Rui Miguel Nabeiro, Administrador da Delta-Cafés 32. Rui Santos, Presidente da Sistec 33. Victor Kavinokeka Paulo, Presidente da Câmara de Comércio e Indústria (Huambo)


VIP

1.

Uma nova medida implementada pelo Ministério do Comércio fará com que Angola deixe de importar produtos como refrigerantes, água mineral, sal, café, crustáceos e marisco de Setembro a Maio. Esta medida…

2.

Aos produtos indicados – refrigerantes, água mineral, sal, café, crustáceos e marisco – deveriam ser acrescentados mais alguns produtos? Quais?

a) é benéfica para a produção nacional

a) Cerveja b) Todo o tipo de frutas

30%

35%

15%

3.

b) é prejudicial para a distribuição

1 2 para o c) é uma solução escoamento 3 dos produtos nacionais 4

29,40%

1

c) Todo o tipo de legumes

2

58,80%

4.

Em sua opinião, esta medida…

26,30%

O Ministério do Comércio, em consonância com o Ministério das Finanças, pretende estabelecer preços para os produtos da cesta básica. Qual deverá ser essa margem (para mais e menos)?

a) 10%

b) permitirá a baixa de preços dos produtos

b) 20%

27,80%

1

c) aumentará consideravelmente 2 da produção nacional

44,40%

2

16,70%

No discurso à nação, o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, deixou críticas à posição da “cúpula” governativa em Portugal. Em sua opinião…

a) esta posição vai enfraquecer as relações bilaterais com Portugal

a) Multa

10,50%

15%

b) Apreensão da mercadoria

21,10%

52,60%

4

11,10%

6.

E qual deverá ser a punição para quem prevaricar?

1 3

4 impacto d) não terá qualquer na produção nacional

47,40%

c) 30%

d) O preço deve ser fixo para todos

3

15,80%

4

11,80%

a) vai criar mais emprego

5.

3

d) fará com que haja falta de produtos nas prateleiras da distribuição

20%

26,30%

d) Peixe

c) Fecho de loja1por um período determinado 2

35% 15%

3

b) as mais prejudicadas serão as 1 empresas portuguesas que estão ou querem estar 2 em Angola

3

d) Remoção da licença comercial

4

35%

c) esta posição não vai ter reflexos, uma 4 vez que as relações entre Angola e Portugal são demasiado importantes d) esta posição vai prejudicar mais os investimentos angolanos em Portugal

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Distribuição em Expansão • Novembro 2013


afechar! O problema das taxas As taxas são consideradas um dos grandes problemas para fazer negócio em África, depois da instabilidade política, segundo avança um estudo da PwC. República Democrática do Congo, Nigéria e Angola foram considerados os países onde maiores dificuldades existem para fazer negócios, aparecendo igualmente a África do Sul no relatório da consultora. Para Paul de Chalain, responsável pelas questões relacionadas com impostos e taxas na PwC, “apesar de se verificar um crescente interesse em fazer negócios em África e com isso atrair investimento estrangeiro para esses países, também é possível registar uma crescente necessidade de formação e melhores práticas no que concerne a impostos e taxas”. Os resultados mais significativos do estudo “Tax Survey Africa” da PwC confirmam que fazer negócios nos países africanos “ainda é um grande desafio”, em particular em áreas como “a certeza em torno da aplicação da legislação, além de a discussão e a negociação com as autoridades fiscais permanecerem um grande desafio”.

Nestlé à beira de uma reorganização Uma das maiores empresas alimentares do mundo parece estar inclinada para reorganizar o seu portefólio de marcas. Numa recente reunião com investidores, Paul Bulcke, presidente executivo da Nestlé, adiantou, citado pela Reuters, que “tinha identificado uma lista de negócios que podem ter solução e outros que não”. “Vamos ter alguns desinvestimentos”, avançou Bulcke, admitindo querer “estar no negócio e não em agonia”. Sem avançar marcas ou áreas de negócio, Bulcke referiu aos investidores que outra prioridade é reduzir o gasto de capital, que, segundo o próprio, não deverá “ultrapassar 4% a 5% das vendas”.

Próxima paragem da Jerónimo Martins: México Dias depois de anunciar a sua saída de chairman da Jerónimo Martins (JM), maior grupo retalhista português, Alexandre Soares dos Santos afirmou: “Se na Colômbia temos um êxito razoável, não tenho nenhuma dúvida de que o passo seguinte é entrar no México.” Confiante na estratégia seguida pela companhia, Soares dos Santos referiu ainda que a JM terá de “continuar com a mesma linha de humildade, mas sempre activa e com vontade de crescer”. O grupo, que em 2012 facturou mais de 14,7 mil milhões USD, obtendo um lucro a rondar os 500 milhões USD, marca presença no mercado colombiano desde Março de 2013 com a insígnia Ara, prevendo abrir 30 e 40 lojas até ao final do exercício. À hora do fecho desta edição ainda não era conhecido o sucessor de Alexandre Soares do Santos na JM, havendo a dúvida se será alguém da família ou um profissional externo. Certa parece ser a estratégia do grupo a médio-longo prazo e que passa por “apostar na agricultura”.

O vinho mais caro à venda no Dubai O nome é Balthazar Château Margaux e está à venda na loja Le Clos no Aeroporto Internacional do Dubai pela módica quantia de 194 500 USD (cerca de 18,8 milhões Kz), tornandose, assim, no vinho mais caro do mundo à venda no retalho. A Le Clos tem os direitos exclusivos para a venda no retalho de 3 de 12 garrafas deste Bordeaux engarrafado pela primeira vez em 2009. Quem comprar este néctar, contudo, terá primeiro direito a um voo em primeira classe até França para ver onde o vinho foi produzido, onde conhecerá as vinhas e caves, finalizando a visita com um jantar com o enólogo e director-geral da Margaux. A Le Clos já tem, no entanto, história. Em 2010 foi responsável por um novo recorde mundial quando um cliente pagou 112 mil USD por oito garrafas de vinho de Bordéus, estando entre elas uma Château Petrus 1947, outra de 1961 e uma Magnum Petrus 1959.

Google inicia supermercado online

Uma das maiores empresas tecnológicas do mundo deu os primeiros passos no comércio online, com o lançamento do Google Shopping Express. Esta nova plataforma de compras online permite aos utilizadores receberem as compras do supermercado em casa no mesmo dia, estando, nesta fase, disponível somente nas cidades de São Francisco e San José (EUA). A diferença deste projecto da companhia liderada por Larry Page é que o Google Shopping Express não limita a sua oferta a produtos tecnológicos e têxtil, alargando-a a bens de grande consumo disponíveis em super e hipermercados. A nova plataforma de comércio da Google oferece sete categorias de produtos: alimentação, saúde e beleza, artigos para o lar, para bebé, roupa e outros produtos que vão de instrumentos musicais a câmaras digitais. Os produtos estão disponíveis ao mesmo preço que nas lojas físicas, possibilitando ao shopper ter acesso às mesmas promoções praticadas nas lojas. Durante os primeiros seis meses do projecto, o envio das compras é gratuito, cobrando a Google posteriormente um valor fixo por cada compra. O novo serviço da Google permite ao shopper escolher a hora de entrega das compras em casa, estando disponível uma aplicação para Android e iOS, dando, assim, a oportunidade ao utilizador de fazer as compras onde e quando quer.

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Distribuição em Expansão • Novembro 2013


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