Distribuição em Expansão 8

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>>Outubro >>ano I >>Director: António Pedro

>>Director Executivo: Victor Jorge >>Periodicidade: Mensal >>Propriedade: Score Media

2013

>>Preço capa: 700 Kz

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Expansão O retalho até 2016

Inflação Um ano a um dígito

Origens Angola Um lote de café especial

E ainda…

Competitividade

• H&M na África do Sul em 2015 • 24 horas com •A opinião dos VIP •N ovidades do mercado

O que Angola precisa de fazer?


>>Outubro >>ano I >>Director: António Pedro

>>Director Executivo: Victor Jorge >>Periodicidade: Mensal >>Propriedade: Score Media

2013

>>Preço capa: 700 Kz

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Expansão Exp O retalho reta até 2016

Inflação Um ano a um dígito

Origens Angola Um lote de café especial

E ainda…

Competitividade

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O QUE ANGOLA PRECISA DE FAZER?


editorial Café frio sem açúcar O

café é a bebida mais consumida no mundo depois da água, segundo estudos de pesquisa comprovados e ratificados pela Associação Brasileira das Indústrias do Café (ABIC), do país que é o maior produtor do mundo. Face à relevância do café no contexto do comércio internacional, afinal é uma commodity de referência, o assunto é para aqui chamado porque se realizou na cidade de Belo Horizonte, no Brasil, em Setembro último, a 111.ª sessão do Conselho Internacional do Café da Organização Internacional do Café (OIC), com uma análise sobre o mercado global. Segundo o jornal público angolano Economia & Finanças, na sua edição número 263, de 13 de Setembro de 2013, o ministro da Agricultura, Afonso Pedro Canga, destacou esforços nacionais para a produção do café, à margem da 111.ª sessão da OIC. O ministro “lembrou aos presentes que o produto (o café) foi um dos grandes motores do desenvolvimento de Angola nas décadas de 60 e 70, pelo que o Executivo angolano tem adoptado políticas que conduzam ao aumento da sua produção”, escreve o jornal. É urgente afirmar que, actualmente, Angola vive mais de glórias do passado, quanto às políticas de fomento da cultura do café, do que propriamente do trabalho em curso. Até quando os órgãos que tutelam as políticas de desenvolvimento do café nacional continuarão a dizer aos quatro ventos que já fomos um dos maiores produtores de café no mercado global? Se esta é a bandeira que o País pretende continuar a hastear além-fronteiras, facilmente se perceberá que, provavelmente, existem bons projectos, mas não existe capacidade de vária ordem para concretizá-los. Não dá para o País continuar a contentar-se com palmadas nas costas, de parceiros produtores, de que possui uma das melhores variedades de café robusta do mundo. Continuar a ouvir que as espécies Cazengo e Amboim são excelentes e certificadas por laboratórios internacionais credíveis tornou-se menos agradável para orgulho nacional. Será que Angola não está a trabalhar para inverter a sua péssima posição de produtor a nível mundial? Claro que está a trabalhar! Porque estão, então, outros países em melhores posições no ranking internacional? Porque estão a trabalhar mais do que nós. Faz pouco tempo que um economista da nossa praça e um técnico do Ministério da Agricultura, em ocasiões diferentes, tentaram convencer-me de que Angola vai regressar, no

António PedrO, Director

médio prazo, aos palcos dos grandes produtores mundiais de café e resgatar o orgulho da era colonial. Não acredito! Foi assim que respondi ao primeiro e ao segundo. Não se atira areia aos olhos de gente que acompanha os indicadores de produção de café, seja da espécie robusta (tradicional em Angola), seja da espécie arábica, a nível internacional. Para sustentar o contraditório à análise de especialistas que nos vendem sonhos de que estaremos outra vez entre os maiores na produção de café nos próximos anos, é só se observar os indicadores mundiais de produção de 2012, conforme se segue. O Brasil é o líder na produção mundial, com 50,8 milhões de sacas (3,04 milhões de toneladas); segue-se o Vietname, com 22 milhões de sacas (1,3 milhões de toneladas), a Indonésia, com 12,7 milhões de sacas (763,8 mil toneladas), a Colômbia, 9,5 milhões de sacas (570 mil toneladas), e a Etiópia, 8,1 milhões de sacas (486 mil toneladas). Na sexta posição surge a Índia, com produção de 5,2 milhões de sacas (315,4 mil toneldas), seguida de Honduras, com 4,9 milhões de sacas (294 mil toneladas). O México tem 3,9 milhões de sacas (234 mil toneladas), o Uganda possui no ranking de 2012 um total de 3,2 milhões de sacas (192 mil toneladas), e a Guatemala regista produção de 3,1 milhões de sacas (188,5 mil toneladas). Ora, a produção de Angola, no ranking do mesmo ano, foi de 33 mil sacas (1980 toneladas), quase 2000 toneladas de café produzidas em 2012, menos 5,7% em relação a 2010. Para Angola alcançar os níveis da Guatemala, teria de dobrar cada produção anual, durante seis anos, um feito que nenhum produtor mundial de referência já terá demonstrado. Para se atingir só uma safra de café, pode demorar-se cinco anos, sem a influência de pragas no produto. Ainda vamos continuar a tomar café frio sem açúcar no curto e no médio prazo. Em 2009, o Governo assegurou injectar o equivalente a 280 milhões USD para o programa de relançamento do café, colocando esta commodity no centro das prioridades, com o objectivo de multiplicar por 10 a produção nos cinco anos seguintes, visto ser uma cultura de rendimento. Estamos em 2013, e o cheque, provavelmente, ainda não foi assinado. Assiste-se actualmente à gestão dos famosos 5 milhões USD que o Instituto Nacional do Café já reclamou, vezes sem conta, que é pouco dinheiro.

ficha técnica Director António Pedro - antonio.pedro@scoremedia.co.ao • Director Executivo Victor Jorge - v.jorge@scoremedia.co.ao Directora geral de revistas Nilza Rodrigues - nilza.rodrigues@scoremedia.co.ao Conselho de Gerência Alexandre Mealha Colaboram neste número José António Rousseau Fotografia Edson Chagas (Subeditor), César Magalhães, Duarte Villas Projecto Gráfico Rui Sampaio • PAGINAÇÃO Marta Gregório e Rui Sampaio • Impressão Printer • Distribuidora VASPE, SA Direcção Comercial Cátia Amado - catia.amado@scoremedia.co.ao DEP. CONFERÊNCIAS Carina Amuedo ASSiNATURAS Victor Pinheiro - v.pinheiro@netcabo.pt • 922 701 258 Direcção Administrativa e Financeira Renato Moreira (Director), Garcia José, Herlander Tomás, Katila Denise, Rosa Ngola, Stanislau Pataca Contactos 244 222 322 665 / 244 222 322 654 / 244 222 322 674 • Fax: 244 222 443 453 • Rua Damião de Góis, n.º 81 – Bairro de Alvalade, Luanda – Angola Contactos E-mail distribuicaoemexpansao@scoremedia.co.ao Representação em Portugal Estratégia Media • Direcção-Geral Nilza Rodrigues • Departamento Administrativo Amélia Saavedra • Contactos +351 927747062 Registo MCS-520/B2009

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Distribuição em Expansão • Outubro 2013


índice #

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Quiz/Dixit

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Distribuição

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DOSSIER

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24 HORAS COM …

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Produção

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BEBIDAS

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vinhos

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Leituras

06-10 Comércio acelera infra-estruturas logísticas 12 H&M na África do Sul em 2015 14-15 Inflação de um dígito completou o primeiro “aniversário” 16 Retalho português cai no 1.º semestre 18 ADN da Distribuição

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20-35 Angola na rota da competitividade?

36-37 Pedro Diogo Vaz, CEO da FISCHER+BUS Angola e Portugal

36

38-39 Origens Angola - Um lote especial

40-42 E a cerveja mais consumida do mundo é…

44-46 Apostar na qualidade

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48 Saber trabalhar melhor 48 O Poder do Marketing no Ponto de Venda – Guia essencial para vender mais & melhor

50 52 54

Novidades de produto VIP A FECHAR

44 #4

Distribuição em Expansão • Outubro 2013


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Qual a data para a entrada em vigor da nova pauta aduaneira em Angola? a) 1 de Dezembro de 2013 b) 1 de Janeiro de 2014 c) 31 de Dezembro de 2013 d) 1 de Junho de 2014

DIXIT

quiz 2

“Nem sempre é fácil trabalhar com sócios, às vezes, são a causa de muitos problemas.” José Neto, director-geral da Marval Comercial, in Economia&Finanças, 13 de Setembro de 2013

“Ao criarmos políticas proteccionistas, vamos promover a produção nacional e garantir maior qualidade dos produtos.” Eliseu Gaspar, vice-presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), in Semanário Económico, 12 de Setembro de 2013

“O Executivo só se lembra da agricultura, quando o preço do petróleo no mercado internacional está baixo.” Fernando Pacheco, coordenador do Observatório Político e Social de Angola (OPSA), in Agora, 13 de Setembro de 2013

Qual o lugar ocupado por Angola no último ranking da competitividade do World Economic Forum (2013-2014)? a) 134 b) 148 c) 142 d) 117

3

“Vocês não vieram aqui para ficarem sentados e se calarem. Se não falarem hoje, não terão mais outra oportunidade como esta.” Carlos Candove, presidente da Associação dos Vendedores Ambulantes, in Jornal de Angola, 10 de Setembro de 2013

“Um país não é seguro quando os empresários tremem ao saber que têm concorrentes.”

Qual o país que lidera este ranking da competitividade? a) Suíça b) Alemanha c) EUA d) Japão

Pedro Yala, economista, in Expansão, 13 de Setembro de 2013

“Devemos deixar de apostar em projectos megalómanos. É nas micro e pequenas empresas que reside o futuro.” Pedro José Filipe, director-geral do Guiché Único da

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Empresa (GUE), in Expansão, 20 de Setembro de 2013

Que dimensão vão ter os quiosques, a instalar nos bairros sob o programa Meu Negócio, Minha Vida, destinados à venda de produtos alimentares e não alimentares como produtos agrícolas, hortofrutícolas, bebidas, flores, artigos de jardim, roupas, entre outros? a) 7 a 10 m2 b) 5 a 7 m2 c) 3 a 6 m2 d) 4 a 8 m2

“A opção pela agricultura familiar é aquela que queremos advogar, não só por questões ideológicas, mas também económicas, sociais e ambientais, que proporcionam sustentabilidade ao desenvolvimento económico do País.” José Amaro Tati, secretário de Estado da Agricultura, in Expansão, 20 de Setembro de 2013

“Há um défice muito grande a nível do País de superfícies comerciais. Assim, estamos a criar condições para o surgimento do mercado ambulante, que não oferece condições para melhor servir a população, o que provoca um grande constrangimento na saúde pública.” Raul Mateus, administrador da Pomobel, in Novo Jornal, 20 de Setembro de 2013

Respostas: 1b); 2c); 3a); 4d)

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Distribuição em Expansão • Outubro 2013


distribuição

/Expansão

Existe a intenção de criação de um plano orientador que resulta de outro traçado para o período 2013-2017 com vista a fomentar o desenvolvimento do sector para benefício de retalhistas, grossistas, produtores e centros de logística.

Comércio acelera infra-estruturas logísticas >> António Pedro

S

em um plano orientador conforme espelha o Plano Nacional de Desenvolvimento (2013-2017) para o sector do comércio, consubstanciado na implantação de um plano director para o desenvolvimento do comércio e da infraestrutura logística, na concessão de incentivos e oferta de crédito, em condições adequadas, ao pequeno e médio empresário do comércio e serviços, passando pela Lei das Actividades Comerciais, o comércio não vai vingar. Esta preocupação manifestada recentemente pela ministra da tutela aos agentes retalhistas e grossistas, em reunião de concertação, vai fazer com que os players do retalho, os centros logísticos de distribuição, apresentem os seus planos de expansão com vista à criação de um plano director único. A estratégia visa estruturar a forma como poderá ser projectada a redução do défice de lojas de proximidade, que chega às 50 mil unidades em todo o País. Contudo, prevalece, a nível do ministério responsável, a construção de 11 mil lojas de proximidade cuja concretização agrega o sector empresarial privado. Os grupos empresariais Zahara Comércio – que detém a marca Kero – e Score Distribuição – detentor das marcas Deskontão e MEL – anunciaram há algum tempo parte de seus planos de expansão pelo maior mercado consumidor do País, Luanda. A nível de Luanda, o Kero promete concluir até final do ano o maior hipermer-

>> DR

cado da cidade, no Centro Comandante Gika, ao bairro Alvalade, com uma área de venda acima dos 10 mil metros quadrados, para além de outros sete híper e supermercados que possui pelo País. A Score Distribuição tornou público o seu plano de expansão, que consiste na

construção de 37 lojas das redes MEL e da cadeia Deskontão, com suporte de uma plataforma logística de distribuição. Está definido, quanto à expansão da Score Distribuição, que Luanda fica com 30 lojas, e as restantes serão implementa das pelas províncias cujos mercados de

Retalho especializado e o plano director O plano director que o Ministério do Comércio pretende implementar até 2016 poderá vir ou não a definir a inclusão dos retalhistas especializados. Nos encontros de auscultação entre o ministério e os agentes comerciais, tem sido mais notória a presença de operadores ligados ao sector alimentar. Embora os Centros Logísticos e de Distribuição incluam quase todas as categorias de comércio, ainda se vai aguardar pelos primeiros passos para a concretização do plano anunciado e para o tratamento que deverá merecer o retalho não alimentar. Em Angola, existem muitos operadores de retalho não alimentar que despontam nos sectores que operam com marcas já conhecidas junto de consumidores. É o caso, a título de exemplo, do sector de mobiliário, com players como a Moviflor, que é líder de mercado, de origem portuguesa, em mobiliário, interior e jardim, segundo o Snapshot of Angolan Retail da consultora Deloitte. Paralelamente, existe a empresa OK Furniture, que é um distribuidor sul-africano de mobiliário e interior, a Casa de Decoração – possui uma operação de mobiliário, interior e jardim – detida pela empresa de construção portuguesa Teixeira Duarte, a Porcelanosa, que é um fabricante espanhol de cozinhas, equipamentos para casa de banho e materiais de construção desde 2009 em Luanda. Seguem-se outros retalhistas especializados, como a Espazio – retalhista local de mobiliário de interior de qualidade superior – e a Cormat, distribuidor local cujo início de operação no mercado se deu há cinco anos. O retalho voltado para a electrónica de consumo tem como operadores no mercado nacional, de referência, a NCR, como distribuidor dos produtos HP e de equipamentos para entretenimento e produtos electrónicos, a Sistec, que é também um distribuidor e retalhista de hardware da Lenovo, e de electrodomésticos, entretenimento e telemóveis. Já a Meditech está voltada para a distribuição de hardware da Dell e de sistemas de entretenimento, a Ripro dedica-se à distribuição electrónica, e a Rocha Monteiro aposta há largos anos na distribuição de produtos de informática, electrodomésticos, entretenimento e telemóveis. Outro player de referência é a Imporáfrica. Tem actuado no mercado da distribuição de produtos de informática da marca Samsung, electrodomésticos, entretenimento e telemóveis.

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H&M na África do Sul em 2015

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retalho e distribuição moderna estejam maduros para os níveis de investimentos que se pretendem fazer. Outros players possuem planos de expansão mas menos conhecidos face à sua política de marketing menos esclarecedora, o que não deixa de ser preocupação para o Ministério do Comércio, devido à urgência para a criação de um plano director orientado para a construção de infra-estruturas. Segundo a ministra Rosa Pacavira, para a efectivação do plano director de infraestruturas logísticas, quando falava para agentes de empresas de retalho e grossistas de média e grande dimensão, existem medidas práticas em curso. O comércio a retalho tem vindo a crescer e a contribuir para a economia, pois representou 20% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011, com um total de 27 284 empresas, das quais 52,6% se concentram na capital do País, um indicador que, segundo o Observatório Económico do Instituto de Fomento Empresarial, ajuda o órgão regulador na definição de medidas práticas de organização do sector. No plano director, de acordo com a estratégia do Ministério do Comércio, divul-

Inflação de um dígito completou o primeiro “aniversário”

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Retalho português cai no 1.º semestre

explicou ainda como o futuro plano director poderá incluir as 28 306 empresas de comércio a retalho existentes no País, nas zonas norte, sul, centro e leste, até se concluir quantas possuem de facto planos de expansão, embora se vaticine que muitas estejam inoperantes.

Gigantes mundiais em jogo

gada no encontro com agentes comerciais, estáse a trabalhar para reduzir a expressão elevada do mercado informal, com a construção de infra-estruturas de logística. Contudo, o Ministério do Comércio não

A importância da distribuição moderna para o desenvolvimento da economia angolana é inegável. Se em 2011 representou 20% do PIB, com um total de 27 284 empresas, a expansão do sector trará mais riqueza para o país

A SPAR, da África do Sul, é um dos players mundiais que anunciaram a sua entrada no mercado de retalho nacional para os próximos seis meses. O grupo registou, em 2011, vendas no valor de 5,6 mil milhões USD e lucros na ordem dos 138 milhões USD, para além do crescimento médio de 17,7% de 2006 a 2010. Outro gigante do retalho mundial é o líder Walmart, que já anunciou a sua entrada em Angola através da sul-africana Massmart, concorrente directa da Shoprite no país mais a sul de África. A Walmart registou em 2011, segundo o Global Powers of Retailing 2013 da Deloitte, vendas de 446,9 mil milhões USD e lucros de 16,3 mil milhões USD, nos 28 países onde está representada, tendo o crescimento médio sido de 5,1% entre 2006 e 2010. Enquanto a SPAR anunciou presença

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Distribuição em Expansão • Outubro 2013


distribuição /Expansão em Angola nos próximos seis meses, a Walmart, através da Massamart, garante presença até 2016, o que pressupõe, se as projecções destes players não fracassarem, que ambos ganharão tempo de enquadrar os seus planos de expansão no plano director do Ministério do Comércio. Para além dos players nacionais que buscam cada vez mais espaço no mercado, o grupo Sonae, retalhista de Portugal que tem adiado a entrada em Angola mas mantendo as suas aspirações quanto ao mercado nacional, tem indicadores de venda de 6,3 mil milhões USD e lucros de 194 milhões USD no mesmo período assinalado para a SPAR e a Walmart. Caso a Sonae venha a entrar em Angola em 2015, conforme ficou definido pela sua administração, recentemente, vai a tempo de incluir o seu plano de expansão no plano director do Ministério do Comércio. O retalhista português, cujo crescimento médio foi de 68,2% de 2006 a 2010, fez questão de anunciar, há poucos anos, que pretende, numa primeira fase, construir quatro hipermercados na cidade de Luanda, sem detalhar a expansão para as províncias.

Cabinda Zaire Uíge

Número de estabelecimentos em Angola (comércio a retalho)

Bengo Luanda

Bengo

Malange

Lunda Sul

Kwanza-Sul

Zona Norte - 20568 estabelecimentos

Lunda Norte

Zona Centro - 4570 estabelecimentos Zona Sul - 2502 estabelecimentos

Bié

Zona Este - 666 estabelecimentos

Benguela

Huambo

Moxico

Huíla

Namibe

Kwando-Kubango Cunene

Alguns players que operam no mercado nacional ZAHARA COMÉRCIO, SA Hipermercado Kero – Nova Vida Município de Belas, junto ao projecto Nova Vida Luanda Hipermercado Kero – Viana Município de Viana, Estrada de Catete, km 22 Luanda Hipermercado Kero – Kilamba Município de Belas, na Centralidade do Kilamba Kiaxi Luanda Hipermercado Kero – Lobito Retail Park Lobito Benguela Supermercado Kero – Cajueiro Condomínio do Cajueiro ZR1, Talatona Luanda Supermercado Kero – Combatentes Rua Comandante Valódia, Sambizanga Luanda Supermercado Kero – Mártires do Kifangondo Bairro Mártires do Kifangondo, Maianga Luanda

César Magalhães

Plano de expansão Projecto: maior hipermercado de Luanda (até fim de 2013) Área de venda: 10 mil m2 Localização: Alvalade, no projecto imobiliário Comandante Gika – Luanda

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Distribuição em Expansão • Outubro 2013



distribuição /Expansão MAXI – COMÉRCIO GERAL IMPORT-EXPORT, LDA. MAXI Morro Bento Rua Pedro de Castro Van-Dúnem “Loy”, Morro Bento, Luanda Sul MAXI Hoji-ya-Henda Bairro Hoji Ya Henda, Rua Porto Santo, n.º 24, Município do Cazenga MAXI Viana Zona Industrial , Viana MAXI Maianga Rua João Rodrigues, n.º 30, Luanda MAXI Porto Amboim Rua Capitão Eurico Nogueira, Porto Amboim MAXI Sumbe Avenida dos Aliados, S/N.º , Sumbe

MAXI Lobito Bairro da Luz, Talhão n.º 434, 1.º MAXI Zango Parque Industrial do Zango Rua da Boa Esperança, n.º 3, Viana MAXI Cazenga Zona Industrial do Cazenga 6.ª Avenida do Cazenga, Cazenga MAXI Mulemba Bairro da Vidrul Talhão n.º 213 , Mulemba BOMPREÇO Ginga Estrada Camama, km 10 , Viana

SCORE Distribuição

Plano de expansão + 2 lojas até fim de 2013

Marcas: Nosso Super, Poupa Lá, Nossa Casa

SuperCash Deskontão Estrada de Camama, próximo da rotunda da Sapu , Luanda Plano de expansão Total: 37 supermercados Luanda: 30 supermercados Dimensão das lojas: +/- 1000 m2

PRESILD

Nosso Super Total: 29 lojas (supermercados)

POMOBEL, LDA.

SHOPRITE

Pomarbelo Rei Katyavala Rua Rei Katyavala, 115/116 R/C – Ingombotas, Luanda Pomarbelo Maianga Rua Amílcar Cabral, 54/54D R/C – Ingombotas, Luanda Pomarbelo RI20 Rua dos Quartéis, dentro do Quartel-General do Estado-Maior do Exército Luanda Pomarbelo Futungo II Estrada do Benfica, desvio do ex-Acampamento Augusto N’gangula (Citroën), Luanda

Palanca Município do Kilamba Kiaxi, bairro Palanca, Luanda Lobito Largo 1.º de Maio, bairro da Caponte, Lobito, Benguela Belas Bairro Talatona, Via 1 e 2, Município da Samba, Luanda Sul Ilha da cabo Largo da Igreja, n.º 83,

Casa dos Frescos Loja Atlântico Rua Gregorio José Mendes N.76 Largo do Soweto Rangel, Luanda Loja Conchas – Talatona R. Condomínio Comercial Conchas, Fracção 008 Talatona, Luanda Loja Baixa (Mutamba) Largo Julios Fucick Baixa Ingombota, Luanda Loja Brisas – Talatona Avenida Pedro de Castro Van-Dúnem Loy

Pomarbelo 1 Rua Mariano Machado, s/n – Cidade Baixa, Huambo

Luanda: 10 lojas Outras províncias: 19 lojas Plano de expansão Investimento: 100 milhões USD até 2015 Emprego: 3000 pessoas até 2015

Ilha do Cabo, Luanda Morro Bento Rua 21 de Janeiro, 26-A/B, Morro Bento, Luanda Mulemba Estrada de Cacuaco, ex-Armazém Siccal, Luanda Prenda Rua do Laboratório de Engenharia de Angola, bairro Cassenda, Luanda Plano expansão 21 lojas em todo pais (2014-2016)

Pomarbelo 2 Rua Castro Soromenho, n.º 117, r/c – Cidade Baixa, Huambo S/N CS2 Bloco A, Talatona, Luanda Loja Viana Park Estrada do Zango no complexo Viana Par, Viana Loja no Atrium Nova Vida Urbanização Nova Vida (perto da nova Via Expresso), Luanda Plano expansão Meta: 2 lojas em 2013 2 lojas em 2014

Martal Loja Maianga Rua Marien N´Gouabi, 116-172 Maianga, Luanda Loja Martal & Mundo Verde Av. Pedro de Castro Van-Dúnen “Loy”, Talatona, Luanda Loja Martal junto ao Colégio Jacimar Rua Comandante Jika, Bairro Militar, Luanda Armazém Martal Bairro Cassenda, perpendicular a Rua 8 Centro logístico Martal Bairro Benvindo, próximo do Lar do Patriota

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Distribuição em Expansão • Outubro 2013

Plano expansão 8 lojas de proximidade no Kwanza Sul 4 lojas de proximidade em Luanda 1 cash and carry no Kuando Kubango



distribuição /H&M

Depois de Egipto e Marrocos, o grupo sueco prepara-se para abrir a sua primeira loja na África do Sul.

H&M na África do Sul em 2015 >> Victor Jorge

A

Hennes & Mauritz (H&M) prepara-se para seguir as estratégias dos maiores grupos de retalho mundial, sejam eles alimentares ou não alimentares, ao anunciar a intenção de abrir a sua primeira loja na África do Sul já em 2015. Seguindo as pisadas de Walmart, Zara ou Topshop, só para indicar alguns, a companhia sueca de moda está interessada em explorar um país onde as 18 maiores cidades têm um poder de compra combinado de 1,3 mil milhões USD, conforme indicam os números de várias consultoras. À imprensa, Karl-Johan Persson, CEO da H&M, disse: “Vemos grande potencial para futuras expansões na região. Estamos ansiosos por levar moda e qualidade ao melhor preço aos consumidores da África do Sul.” Apesar de ainda não ter sido anunciada a primeira localização da loja H&M na África do Sul, os rumores indicam que, muito provavelmente, a intenção do grupo sueco

>> DR

passará por abrir a sua primeira unidade em Joanesburgo, no centro comercial que está a ser construído pela Atterbury. O centro comercial, a ser construído em Midrand, é financiado pelo Nedbank Corporate Propert Finance. Além de Joanesburgo, a Cidade do Cabo parece outro destino mais que provável para uma loja da H&M, apesar de não haver qualquer confirmação por parte dos responsáveis do grupo. Em comunicado, uma das maiores marcas de roupa do mundo revelou que se trata de uma loja com produtos exclusivamente da própria marca. De referir que a concorrente Zara (pertencente ao grupo Inditex) abriu a sua primeira loja na África do Sul em 2011, com os britânicos da Topshop a fazê-lo em 2012. Além destas duas, também a australiana Cotton On Group tem intenções de expandir as suas marcas Typo e Factorie na África do Sul, enquanto as locais Foschini, Woolworths e Truworths estão a melhorar

a produção e a aumentar a eficiência das lojas e estratégias, de modo a estarem preparadas aquando destas novas entradas no mercado. De lembrar que Erika Eckesbog, da embaixada da Suécia em Luanda, avançou à revista Distribuição em Expansão, em Junho passado (ver edição 4 da revista), que Angola não é um dos destinos a curto prazo, acontecendo o mesmo com as restantes empresas suecas que constam do top mundial do retalho. “Para entrar no mercado angolano, têm [H&M] de considerar os aspectos administrativos como custos, tempo em relação à expedição dos bens”, afirmou na altura a representante da embaixada sueca em Angola. O grupo H&M possui cerca de 2800 lojas em todo o mundo e, desde que abriu a sua primeira loja na Suécia, em 1947, passou a estar representado em mais de 40 mercados, onde as suas colecções estão disponíveis também online. A H&M figura no Top 250 Global Power Retail 2013 da Deloitte, na 55.ª posição, tendo registado uma facturação de 16,7 mil

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Distribuição em Expansão • Outubro 2013

milhões USD em 2012. Já no primeiro semestre de 2013, a H&M registou vendas de 9,1 mil milhões USD, correspondendo a uma subida de 1% face aos primeiros seis meses de 2012, com o lucro líquido a atingir os 1,1 mil milhões USD, representando uma quebra de 11% face ao período homólogo do ano anterior. Para este exercício de 2013, a H&M pretende abrir mais 10% a 15% de lojas, o que representa cerca de 350 novas lojas na globalidade do ano, ou seja, mais 25 pontos de venda que o plano original em Janeiro de 2013. O grupo não possui, contudo, somente uma estratégia de expansão para a H&M. Operando as marcas COS, Monki, Weekday, Cheap Monday e & Other Stories, o grupo sueco já anunciou a abertura das primeiras lojas COS em Istambul (Turquia) e Genebra (Suíça). A marca Monki, por sua vez, irá abrir a sua primeira loja em Tóquio (Japão) e a Cheap Monday lançará a loja online em 18 países. Para 2014, a H&M já preparou a entrada na Austrália.



distribuição /Inflação

Inflação de um dígito completou o primeiro “aniversário” A taxa de inflação alcançou um dígito (9,87%) em Agosto de 2012, pela primeira vez no histórico da economia nacional, um recorde memorável se comparado com a maior inflação de sempre que Angola registou, 5867,91% em 1996. >> António Pedro

O

custo de vida em Angola atingiu o pico mais alto em 1996, com uma taxa de quatro dígitos calculada em 5867,91% – a conhecida hiperinflação –, com o retalho alimentar a depender quase “exclusivamente” das importações, pois o País enfrentava uma guerra civil, sem produção, logística nem indústria transformadora para atender a demanda. Numa fase em que o Jumbo era o único hipermercado em Angola, na capital, Luanda, sem concorrente à vista nem previsível, na década de 90, contra a corrente da conjuntura macroeconómica muito desfavorável, os preços de bens alimentares eram considerados elevados. Os produtos básicos, como fuba de milho, óleo vegetal, leite integral, feijão, arroz, açúcar, bebidas e sabão em barra, e outros géneros alimentícios, continuam caros. Para se ter ideia deste passado tenebroso da economia, o pico atingido pela variação mensal do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) em Maio de 1996 foi de 84,1%. Esta situação levou o Governo a lançar um programa designado Nova Vida, com a finalidade de combater a instabilidade macroeconómica quebrando o ciclo inflação/desvalorização do poder de compra do cidadão. Recentemente, os analistas mostraramse preocupados quanto à manutenção da taxa de um dígito, devido à entrada em circulação de novas notas de kwanzas de maior valor facial, mas em Janeiro último o governador do Banco Nacional de Angola, José de Lima Massano, havia assegurado que “a introdução de uma nota de maior valor facial não contribui por si só para o aumento dos preços, ou seja, para a inflação”. Inflação vs. retalho alimentar À medida que o custo de vida foi regis-

>> DR

tando redução até atingir a taxa de 9,5% em Agosto de 2012, as empresas de retalho alimentar encontraram mercado apetecível a nível nacåional. O hipermercado Jumbo deixou de ser o único a atrair consumidores de classe média. Quando em 1994 a inflação chegou perto de 949,7% e resistia às políticas macroeconómicas de estabilização, segundo o Fundo Monetário Internacional, a Pomobel decidiu entrar para o mercado do retalho sem prever que dois anos depois a economia seria varrida pela hiperinflação histórica de 5867,91%. A Casa dos Frescos abriu a sua primeira loja em 1999, em Luanda, quando a inflação rondava os 270%. Desde então, o grupo cresceu para as actuais seis lojas no centro e arredores da cidade capital no fito de criar e consolidar a sua base de clientes com alto poder de compra. O retalhista Alimenta Angola Cash & Carry levou tempo considerável para exibir a sua marca aos consumidores conforme acontece actualmente, pois desde 2001 que espreitou o mercado e ficou para tentar prosperar, mesmo se tendo deparado, no início da actividade, com uma inflação perto de 110%. Em 2003, quando a inflação já registava a taxa de 76,56%, o grupo de retalho sul-africano Shoprite aproveitou estrear-se num mercado que hoje dá mostras do seu potencial e atrai os gigantes mundiais do sector. Hoje, a empresa já projecta mais 21 lojas para além de sete lojas em Luanda e Lobito, sem incluir as de Kuando Kubango, Huíla, Kwanza Norte e Huambo. A rede Nosso Super e Poupa Lá, que pertenceu ao programa PRESILD – Programa de Reestruturação do Sistema de Logística e de Distribuição de Produtos Essenciais à População, entrou em força no mercado, embora dois anos depois a sua veia retalhista tenha arrefecido. Em 2007, em início de actividade, projectou 31 supermercados, quando a

inflação era de 11,79%. Em 2011, o Ministério do Comércio anunciou nova estratégia de gestão desta cadeia de retalho a favor da Nova Rede de Supermercados de Angola por um período de 10 anos.

O grupo Teixeira Duarte iniciou-se no negócio do cash and carry em 1996, mas foi em 2009 – quando a inflação apontava para 13,99% – que começou a apostar de forma prática no retalho alimentar

Preços médios de alguns produtos seleccionados Produtos Pão cacete Fuba de milho

Uni. de Medida

Preço por Kz (Ago’12)

Preço Kz (Ago’13)

Var.(%)

Unidade

60,00

65,00

8,33

Lata de 900 g

274,33

322,98

17,73

277,19

287,30

3,64

Arroz corrente(*) Carne de primeira (£)

2583,78

3048,21

17,97

Carne de segunda (£)

1916,86

2190,30

14,26

1400,29

1534,80

9,60

1754,83

1915,78

9,17

3040,80

3527,99

16,02

732,99

819,73

11,83

Miudezas de vaca

Monte médio

Costeleta de porco (£) Carne de cabrito

Pedaço médio

Frango congelado Coxas de frango (£)

Unidade

561,30

627,52

11,79

Carne seca de vaca

Monte médio

1527,50

1719,52

12,57 10,83

Peixe cachucho (£)

2036,69

2257,46

Peixe carapau (£)

2290,05

2502,27

9,26

Peixe-espada (£)

895,29

1040,94

16,26

Peixe carapau seco

1558,94

1987,38

27,48

Lata de 2270 g

2964,63

3141,60

5,96

Óleo de palma

1 litro

630,04

676,35

7,35

Óleo de soja

1 litro

435,68

441,61

1,36

441,79

472,01

6,84

1 atado

129,30

134,07

3,68

Tomate (£)

800,61

861,30

7,58

Feijão-castanho (*)

607,91

641,18

5,47

Leite em pó

Cebola (£) Jimboa

Feijão-catarino (*)

590,81

631,29

6,85

Feijão-amarelo (*)

603,85

655,40

8,53

Batata-doce (£)

485,80

564,90

16,28

Fuba de bombo

277,80

317,48

14,28

Lata de 900 g

260,11

267,47

2,82

Vinho tinto

Garrafa de 75 cl

1225,19

1398,17

14,11

Cerveja branca

Garrafa de 310 ml

99,87

103,13

3,26

Cerveja importada

Lata de 340 ml

105,57

114,68

8,62

Açúcar branco

Fonte: INE/IPC Agosto, 2012/Agosto, 2013; elaboração e análise da revista Distribuição em Expansão Nota: São preços médios de cerca de 20 mercados e 100 lojas e estabelecimentos em toda a província de Luanda * = UM nos mercados é lata e nas lojas é 1 kg £ = UM nos mercados é pedaço ou monte e nas lojas é kg

#14

Distribuição em Expansão • Outubro 2013


5867.91

Taxa de inflação (%) por ano

343.32 76.56 14.5 12.21

1996

1997

2003

2010

9.5

2003 2012 (Ago)

Fonte: CEIC, 2009; FMI, 2003; BNA, 2010; INE, 2013

A histórica hiperinflação de 5867,91%, registada em 1996, já pertence ao passado. Em Agosto de 2013 completou-se um ano que a inflação em Angola permanece num único dígito (9,87%)

integrando este no modelo grossista. Outro player da distribuição é o MEGA – Cash and Carry, que começou a operar no mercado em final de 2010, com uma loja principal junto à fábrica da Lactiangol, na estrada de Catete. No ano em que abriu as portas, o País já registava uma inflação de 14,5%, mais 2,71 pontos percentuais que em 2007. O primeiro hipermercado Kero surge

em Dezembro de 2010, quebrando a hegemonia que o Jumbo detinha no formato de hip er merc ado. Esta insígnia da Zahara Comércio, SA deparou-se com uma inflação similar à que o MEGA presenciou na estreia do

retalho. Contudo, o retalhista Sonae de Portugal, que prevê entrada em Angola apenas em 2015, poderá ser o mais sortudo dos demais players que operam no mercado, visto que a inflação esperada para o ano de entrada é de 7%, segundo o Plano Nacional de Desenvolvimento (20132017) do Executivo.

A Walmart, que também ensaia entrada em Angola até 2016, através do retalhista sul-africano Massmart, poderá igualmente encontrar um custo de vida do consumidor a rondar a mesma taxa com que a Sonae poderá deparar-se. Inflação desacelera em Luanda nos últimos 12 meses O custo de vida na cidade de Luanda desacelerou 0,06 pontos percentuais nos primeiros 12 meses de inflação a um dígito, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística. A inflação – custo de vida – ao consumidor na cidade de Luanda, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), recuou para 0,54% em Agosto último em relação ao período homólogo de 2012, que se apresentou com uma taxa de 0,60%. Esta desaceleração, em termos práticos,

não traduz menos gastos nas despesas com produtos de consumo de diferentes categorias, mas um ligeiro abrandamento face ao IPC de Agosto de 2011 (0,73%). Durante um ano, os consumidores na cidade de Luanda gastaram mais dinheiro em despesas com produtos de consumo nas categorias Vestuário e Calçado (de 0,74% a 0,93%), Mobiliário, Equipamento Doméstico e Manutenção (de 0,73% a 0,84%), Transportes (de 0,03% a 0,24%), Lazer, Recreação e Cultura (de 0,55% a 0,75%), Hotéis, Cafés e Restaurantes (de 0,67% a 1,02%) e Bens e Serviços Diversos (de 0,70% a 1,05%). Entre os preços médios de 30 produtos de cerca de 20 mercados e 100 lojas e estabelecimentos em toda a província de Luanda, todos registaram aumento de Agosto de 2012 a Agosto de 2013, conforme mostra o quadro abaixo. #15

Distribuição em Expansão • Outubro 2013


distribuição /Vendas

Retalho português cai no 1.º semestre As vendas no retalho português caíram nos primeiros seis meses de 2013. Curiosamente, o pequeno comércio registou uma subida nas vendas.

>> Victor Jorge

A

s vendas no sector do retalho português (alimentar e não alimentar) caíram 1,5% nos primeiros seis meses de 2013, face ao mesmo período de 2012, totalizando 8,591 mil milhões EUR (cerca de 11,3 mil milhões USD). Esta queda teve no comércio não alimentar o grande responsável, tendo registado uma quebra de 6,1% face aos meses homólogos de 2012, com as vendas a baixarem de 3,8 para 3,5 mil milhões EUR. O retalho alimentar continua numa curva ascendente, revelando os dados divulgados pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) que as vendas aumentaram 2,1%, para 4,919 mil milhões EUR, no período em análise. Destaque para o facto de o pequeno comércio registar uma subida nas vendas, situação que não se verificava há bastante tempo, tendo este sector sido um dos mais afectados pela crise que se vive desde 2009 em Portugal. De facto, as pequenas lojas obtiveram uma subida de 0,3 pontos percentuais (p. p.) face a 2012, fazendo com que a quota de mercado subisse para 15,4%. A maior fatia do mercado pertence, contudo, ao formato supermercado, que detém uma quota de 45,8%, apesar de ter registado uma descida mínima de 0,1 pontos percentuais. Descida foi também registada pelos discounters, que baixaram a sua quota de 15,8% para 14,7%, correspondendo a uma quebra de 1,1 p. p. Em contrapartida, os hipermercados conseguiram ganhar terreno ao aumentar a sua quota em 0,9 p .p., para 24,1%.

>> DR

Nas contas da APED, o consumo dos lares aumentou 2,1%, com o preço médio (não inclui actividades promocionais em que o desconto incide sobre o ticket total) a ter uma evolução de 5,1%. Apesar de os actos de compra terem aumentado 0,2%, o gasto por acto de compra manteve-se igual ao registado nos primeiros seis meses de 2012. Outro destaque na divulgação destes dados por parte da APED vai para o facto de as marcas de fabricante (MdF) terem invertido o sentido a que tinham sido “condenadas” há algum tempo, com uma subida de 1,4 p. p. face às suas concorrentes marcas da distribuição (MdD). As quotas, no final do primeiro semestre de 2013, ficaram da seguinte forma: 64,2% para as MdF, 35,8% para as MdD. Electrónica de consumo em queda livre Como já referido, o retalho alimentar foi o responsável pela quebra global do sector em Portugal. Os três produtos que mais desceram neste sector foram as televisões (-32,7%), set-top boxes (-84,9%) e leitores MP3/MP4 (-25%). No sentido inverso, as vendas de smartphones aumentaram uns impressionantes 73,9%, enquanto os restantes telemóveis caíram 40,3%, demonstrando uma clara preferência pelos dispositivos mais avançados. Também os acessórios para telemóveis e tablets aumentaram as vendas em 22,1%. Neste aspecto, Ana Isabel Trigo Morais, directora-geral da APED, referiu à imprensa portuguesa que os consumidores se estão a equipar para o “futuro do comércio electrónico”.

O retalho alimentar é o sector que ainda consegue manter as vendas no campo positivo

Uma palavra ainda para o vestuário, que sofreu uma quebra de 11,3% nas vendas, bem como os combustíveis, que caíram 3,9%. A APED concluiu, assim, que a forte política de promoções e oferta de propostas de valor tem permitido ao reta-

lho alimentar travar quedas e registar este ligeiro crescimento, admitindo Ana Isabel Trigo Morais que “25% das vendas realizadas neste primeiro semestre foram feitas com base em promoções. São 3,8 milhões EUR de vendas de bens de grande consumo”.

Quota de mercado

Por categoria de produto

24,5

22,2

28,0

28,5

0,4

0,4

16,2

17,5

5,7 10,1

5,8 10,1

10,5 4,5

10,7 4,7

1º SEM. 2012

1º SEM. 2013

Congelados Bebidas Perecíveis DPH Mercearia Outros Lacticínios Bazar Ligeiro

#16

Distribuição em Expansão • Outubro 2013

Variação em relação ao período homólogo

1º Semestre 2013

Congelados

0,2 p.p.

DPH

0.2 p.p

Lacticínios

0.0 p.p

Bebidas

0.1 p.p

Mercearia

1.3 p.p

Bazar Ligeiro

0.0 p.p

Perecíveis

0.5 p.p

Outros*

-2.3 p.p

Fonte: AC Nielsen

* Outros inclui produtos que são comercializados no retalho alimentar e não estão incluídos nas outras categorias designadamente electrodomésticos, têxtil, perfumaria selectiva, brinquedos entre outros.



ADN da Distribuição

6.º Gene

CONCORRÊNCIA (1.ª parte)

C

oncorrência é um conceito maldito. Mal-amado por uns, por outros idolatrado. Aceite no plano dos princípios, frequentemente contestado na sua aplicação prática. Tantas vezes pronunciado em vão ou sem razão quando se qualifica de desleal. Por força de interpretações subjectivas, quantas vezes não é objecto de equívocos e de considerações erradas. Na verdade, concorrência tanto pode ser vista como uma luta entre produtores de bens ou prestadores de serviços com o objectivo de conquistarem a maior quota de mercado possível, como uma situação de mercado em que os diferentes produtores e/ou vendedores de um bem ou serviço interagem com os respectivos compradores e consumidores, com o objectivo de alcançarem maiores vendas, lucros ou quotas de mercado, utilizando para tal diferentes políticas de preços, de qualidade de produtos ou de serviços, num livre jogo da oferta e da procura e sem intervenção do Estado. No mercado da distribuição, se considerarmos a concorrência na sua vertente de oferta, poderemos defini-la como o conjunto de pontos de venda que comercializam os mesmos produtos ou prestam os mesmos serviços numa determinada zona de influência. E, nesta acepção, podemos distinguir entre concorrência directa ou intratipo, ou seja, aquela que é exercida por pontos de venda que actuam no mesmo segmento ou obedecem ao mesmo conceito de loja (supermercado versus hipermercado ou supermercado versus supermercado) e indirecta ou intertipo, isto é, aquela que é exercida em segmentos diversos ou de acordo com conceitos diferentes, mas que se cruzam parcialmente no sortido (lojas de departamento versus hipermercado). A concorrência pode ainda ser horizontal ou vertical, consoante ocorra entre agentes económicos do mesmo tipo (retalhista versus retalhista ou industrial versus industrial) ou agentes económicos situados em níveis distintos do circuito de distribuição (retalhista versus industrial) como acontece nas MdF (marcas de fabricante) versus MdD (marcas da distribuição). Depois de décadas em que não existiu verdadeira concorrência em Portugal, com a entrada do país na UE, tudo mudou para todos. Não possuindo uma cultura de concorrência, não a praticando e, como tal não sabendo bem como fazer, os operadores económicos portugueses demoraram a aceitar a nova realidade, e alguns ainda hoje a não aceitam. E, se, no âmbito da concorrência horizontal, esta já não se estranha (excluindo a percepção dos pequenos retalhistas, para os quais tudo é concorrência desleal), o verdadeiro foco concorrencial situa-se hoje na concorrência vertical existente entre distribuidores e produtores. Mas estas práticas que se observam entre fornecedores e distribuidores no âmbito das suas relações comerciais, decorrentes de um poder de compra acrescido por força de um certo grau de concentração, só serão enquadráveis nos objectivos da legislação de concorrência, caso estas tenham por objecto ou como efeito restringir de forma sensível a concorrência. E tal, até ao momento, nunca aconteceu e muito menos se conseguiu demonstrar.

Pelo contrário, estudos de análises econométricas revelaram que a centralização de compras e a integração vertical de alguns grupos retalhistas permitem obter preços mais baixos na compra dos produtos, sendo os ganhos daí decorrentes repercutidos nos consumidores, verificando-se assim uma efectiva transferência dos resultados positivos do poder de compra da distribuição para os consumidores. Todavia, por força da sua expansão, as empresas de distribuição têm-se revelado, na terminologia das Autoridades da Concorrência, como verdadeiros “porteiros” de acesso ao mercado e aos consumidores das MdF. Não obstante a importância que revestem os grupos de distribuição para o escoamento das MdF, em termos económicos a questão da eventual qualificação destas redes de distribuição, enquanto infra-estrutura essencial para a indústria de aprovisionamento, apenas se coloca nos mercados onde existe concorrência entre empresas de distribuição e os seus fornecedores, ou seja, nos mercados onde existem MdD em concorrência com os MdF no acesso ao espaço de prateleira das lojas. Bem pelo contrário, a crescente oferta por parte dos grupos de distribuição de produtos com a sua marca, comercializados em exclusividade nas suas lojas, e em concorrência com os produtos da indústria, tem consequências de natureza concorrencial, de eficiência económica em termos do bem-estar do consumidor. Embora a comercialização de produtos MdD nos principais grupos de distribuição seja uma realidade iniciada há vinte e cinco anos, a crescente sofisticação desses produtos, num contexto de aumento de concentração nos mercados retalhistas e consequente aumento do seu poder de compra, e de crise económica e financeira que hoje atravessamos, implica que se suscitem questões que se situam no centro da discussão sobre as relações comerciais entre retalhistas e fornecedores. Na sua génese, e sem contar com a famosa linha de produtos brancos lançada no início dos anos oitenta pelo Pão de Açúcar, as MdD começaram por ser produtos oferecidos em categorias de produtos básicos e funcionais onde a componente de inovação tecnológica e diferenciação era diminuta e o factor mimético era regra. O preço baixo e a menor qualidade eram evidentes, pelo que apenas constituíam um segmento específico relativamente reduzido do mercado. Porém, hoje em dia, o perfil das MdD é bastante diverso e segmentado, incluindo desde produtos de preço mais baixo a produtos inovadores capazes de concorrer com os MdF líderes de mercado, e para os quais o preço não é o único factor de competitividade. Para o consumidor trata-se, na maior parte dos casos, de ponderar a relação preço-qualidade das MdD com as MdF, sendo que a qualidade é uma característica subjectiva, cuja apreciação se pode alterar após a experiência de consumo, mas a estratégia da distribuição na comercialização de MdD tem tido basicamente como objectivos oferecer uma alternativa aos produtos de marca industrial e desenvolver uma relação de confiança com o consumidor que se traduza na fidelização destes em termos de preferência face aos outros concorrentes.

#18

Distribuição em Expansão • Outubro 2013

José António Rousseau, Docente, consultor e especialista em Distribuição Moderna www.rousseau.com.pt

O tipo de concorrência introduzida pelas MdD pode gerar dois tipos de efeitos nas vendas da categoria que resultam, para além dos factores relacionados com a conjuntura económica, das escolhas agregadas dos consumidores. Pode estar associado a um efeito de expansão de mercado, onde as MdD contribuem para o alargamento, ou a “democratização” do consumo de uma determinada categoria, e/ou pode estar associado a um efeito de transferência agregado onde o crescimento das vendas em volume destes produtos tem como contrapartida a redução no volume de vendas das MdF, uma vez que o retalhista age aqui no duplo papel de concorrente e cliente dos seus fornecedores. Contudo, os próprios fornecedores com poder de mercado podem responder à expansão das MdD adoptando uma estratégia de diferenciação que explore o grau de substituibilidade entre os dois tipos de produtos, uma vez que o grau de substituibilidade entre MdD e MdF e o grau de concorrência entre retalhistas determinam o sucesso das estratégias de preço de ambos os lados do mercado. (continua).



dossier

/Dossier WEF

Angola regressou ao ranking da competitividade elaborado pelo World Economic Forum para 2013-2014. Embora numa posição baixa, o regresso à rota da competitividade é considerado positivo. A Distribuição em Expansão quis saber junto de economistas e analistas especializados o que significa esta “nova” realidade, que desafios encontrará Angola daqui para a frente e que trilho deve agora traçar.

Angola na rota da competitividade? >> Victor Jorge

>> DR

1. Angola regressou ao ranking de competitividade do World Economic Forum 2013-2014. Em sua opinião, a que se deve esta reentrada? 2. Em que áreas, além do petróleo, é que Angola afirma a sua competitividade? Aponte as razões das suas opções. 3. E em que áreas é que Angola necessita ainda de um trabalho efectivo para se tornar competitiva? Porquê? 4. A enorme dependência do País em relação ao petróleo poderá prejudicar o desenvolvimento de outras áreas/sectores? Em que aspecto? 5. Em sua opinião, tem-se investido demasiado no petróleo e menos em áreas que possam fazer a diferença na competitividade do País? 6. Angola regressou ao ranking ocupando a 142.ª posição, atrás de países como o Lesoto (123.º), Suazilândia (124.º), Etiópia (127.º), Libéria (128.º), Benim (130.º), Mali (136.º) ou Burquina Faso (140.º). Em sua opinião, Angola tem capacidade de, em breve, conseguir ultrapassar esses países no ranking? Porquê e como? 7. Em sua opinião, a subida de Angola no ranking da competitividade mundial dar-se-á através do investimento nacional, internacional ou misto no País? 8. E em que áreas deverá acontecer este investimento? 9. No documento do World Economic Forum, apontam-se “as instituições públicas e privadas que são caracterizadas por uma corrupção generalizada, e os gastos ineficientes do Governo lançam dúvidas sobre a capacidade do País em gastar as receitas em recursos nas áreas mais importantes”. Em sua opinião, os investimentos feitos pelo Executivo têm sido nas áreas necessárias, ou há investimentos que deveriam ter sido feitos noutros sectores? Nesse caso, quais? 10. O documento refere ainda que “as infra-estruturas do País são das menos desenvolvidas a nível mundial (145)”. Estas continuam a ser um travão ao investimento tanto nacional como estrangeiro em Angola? 11. Que contribuição poderá dar o sector da distribuição moderna/comércio para uma subida de Angola neste ranking mundial de competitividade? 12. Como gostaria de ver Angola, em termos de competitividade, no continente africano e no panorama mundial dentro dos próximos cinco anos?

1

O regresso de Angola ao ranking de competitividade do World Economic Forum 2013-2014 deve-se à retoma das altas taxas de crescimento e da política de atracção ao investimento estrangeiro. Recorde-se que nos últimos dois anos a economia angolana não registou os mesmos níveis de crescimento em relação a 2008, ano em que atingiu 13,8%, daí que o Governo, ao aprovar o Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017 (PND), desencadeou uma série de medidas e de programas que visam aumentar a capacidade produtiva, reforma institucional, modernização da administração do Estado, melhorias das infra-estruturas para o apoio ao desenvolvimento económico. Estes esforços têm como objectivo promover o crescimento económico do País

de forma a torná-lo competitivo. O PND 2013-2017 e o Plano Estratégico de Desenvolvimento Angola 2020 enfatizam a indústria transformadora, a agricultura, as telecomunicações, a construção, o segmento dos serviços, banca & finanças como sectores relevantes para a diversificação da economia do País. Do ponto de vista económico, o sector industrial é o que mais postos de trabalho produz, sendo o mesmo responsável pela criação de vários serviços. Daí que a aposta neste sector seja essencial para o desenvolvimento socioeconómico do País e para a sua competitividade em particular. Estudos económicos conduzidos por Rodrik (2000) apontam que a indústria é o sector que mais postos de trabalho cria, e os países que apostam no

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#20

Distribuição em Expansão • Outubro 2013

sector industrial apresentam um elevado grau de produtividade e uma variedade de produtos consumíveis e transaccionáveis. Deste modo, torna a economia bastante competitiva e inovadora. As medidas apresentadas no PND 2013-2017 e que estão ser implementadas visam essencialmente reduzir a dependência do País de um único recurso e evitar a “Dutch Desease”. Como evidência dos esforços do Governo, a indústria transformadora, a construção, a energia e a agricultura têm vindo a apresentar taxas de crescimento bastante elevadas, o que representa uma aposta decisiva no sector não petrolífero. O crescimento do sector petrolífero em 2011 (-5,6%), 2012 (4,3%) e 2013 (6,6%) não tem sido superior ao do segmento não petrolífero (2011 – 9,7%;

3


2012 – 9,1%, e 2013 – 7,7%). Porém, com a conclusão de alguns projectos estruturantes, será visível o progresso das actividades industriais no País. Os níveis de investimento no sector petrolífero são maiores devido aos níveis de retorno que oferece o sector. Os outros sectores também podem ser rentáveis desde que haja investimentos e aposta na produção de produtos comerciáveis e transaccionáveis. Embora isto aconteça, o facto é que o volume de investimentos do sector privado nas áreas da agricultura, indústria transformadora, comércio, construção, telecomunicações, banca e seguros já é visível devido às políticas de incentivos ao desenvolvimento. A melhoria do fornecimento de energia eléctrica, água e de outras infra-estruturas vitais é uma das condicionantes para o aumento do investimento privado e público no segmento não petrolífero em Angola. O número de investimentos em agricultura, construção e indústria transformadora em Angola tem vindo a aumentar significativamente, fruto da expansão económica e da melhoria no clima de negócios. Sem dúvidas! Apesar da classificação de Angola no ranking, conheço perfeitamente muitos países africanos que não possuem actualmente infra-estruturas que Angola tem construído nos últimos 10 anos. Por isso é que acredito numa superação rápida. O mais importante é que Angola continue a introduzir reformas, consolidando a estabilidade macroeconómica, modernizando as suas infra-estruturas de apoio directo ao desenvolvimento. Por outro lado, o Executivo pretende que a economia angolana retome o crescimento na região dos dois dígitos para se alcançar os resultados estabelecidos. As várias reformas que estão a ser feitas em diversos sectores da economia certamente irão superar muitos países. Acredito que, com um crescimento robusto, reforma estrutural da economia e a preservação da estabilidade macroeconómica, será possível a progressão significativa no ranking. Por exemplo, só com um crescimento robusto e com a preservação da estabilidade macroeconómica é que foi possível a China ultrapassar o PIB per capita de Alemanha, França, Itália, Inglaterra e de muitos outros países. O mesmo deverá acontecer com Angola. A subida de Angola no ranking mundial deveu-se a vários factores, nomeadamente à retoma dos níveis de crescimento, que eventualmente serviu de fonte de atracção de investimento directo nacional e estrangeiro. Por outro lado, as reformas em curso e a solidez da estabilidade macroeconómica promoveram positivamente o aumento da confiança dos investidores nacionais e estrangeiros.

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Acredita-se que, com os recursos procedentes dos impostos petrolíferos, tem sido possível canalizar estes recursos para os sectores produtivos, como a agricultura, a indústria transformadora e a construção, com intentos de diversificar a economia nacional. Apesar de o sector de oil & gas continuar a liderar os investimentos em Angola, nota-se também um número elevado de investimentos na área da agricultura, energia, indústria transformadora, construção, hotelaria e turismo. Acresce ainda realçar que o crédito à economia aumentou, onde o segmento do comércio grossista e a retalho lidera significativamente. Considerando as oportunidades de investimento em Angola, existem várias áreas da economia que necessitam de investimentos, e alguns dos sectores em que o investimento poderá acontecer são os das infra-estruturas, indústria, agricultura, construção, telecomunicações, hotelaria e turismo, etc. Obviamente a corrupção tem sido um mal que afecta e torna as instituições de qualquer país ineficientes, degradando o ambiente de negócios, e até põe mesmo em risco a credibilidade das instituições. As reformas institucionais que estão a ser implementadas visam essencialmente combater este mal. Respondendo à pergunta, todos os projectos de investimentos públicos, de âmbito quer central, quer provincial ou sectorial, devem obedecer a vários critérios para que sejam aprovados e orçamentados. Daí os investimentos feitos pelo Executivo possuírem menor margem de erro. É preciso não confundir entre investir nas áreas certas e o atraso ou o incumprimento dos empreiteiros na execução de determinados projectos. O incumprimento na execução de um determinado projecto pode apresentar resultados sociais negativos, porque, uma vez que os projectos necessitam de estudos e planificação prévia, é evidente que até um determinado período espera-se o seu resultado, e quando assim não acontece, a sensação que se tem é de que se investiu numa área errada, quando não é o caso. A nível do investimento público, hoje os instrumentos disponíveis na instituição responsável pela planificação dos projectos permitem direccionar os investimentos para as áreas certas em relação aos anos anteriores. Obviamente não se esperava que durante mais de 20 anos de conflito as infra-estruturas se mantivessem modernas e em bom estado operacional. Depois do conflito, o Governo angolano desencadeou um plano agressivo de recuperação das infra-estruturas do País para apoiar o desenvolvimento nacional, que começou desde a reabilitação das estradas, portos, caminhos-de-ferro, barra-

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gens, rede de distribuição de água e eléctrica, telecomunicações, etc. Hoje, estes esforços já permitem a ligação do País do Sul ao Norte e do Oeste ao Leste. O PND 2013-2017 e o Plano Estratégico de Desenvolvimento Angola 2025 apresentam uma carteira de projectos estruturantes de apoio ao desenvolvimento que certamente terão um impacto bastante positivo na economia nacional. Apesar de as infraestruturas continuarem a ser um problema, é importante reconhecer que muito já foi feito para melhorar as infra-estruturas do País. Dentro de 4 a 5 anos, novas infraestruturas de impacto económico e social serão concluídas para apoiar o desenvolvimento económico do País, o que significará um ganho maior para a atracção do investimento estrangeiro e de aumento da competitividade. Até ao presente, ainda são notórios os constrangimentos de logística que afectam o País. Este factor deriva da ineficiência operacional das empresas envolvidas neste sector. A falta de armazéns adequados para a stockagem e ainda alguns problemas de transporte tornam os custos elevados e eventualmente degradam o grau de competitividade do País. A melhoria da competitividade do País depende de uma série de factores como a distribuição de energia, água, eficiência do funcionamento das instituições, infra-estruturas adequadas, qualidade dos factores de produção, qualidade da força de trabalho nacional e gestão efectiva das empresas nacionais. Estes são os aspectos que gostaria de ver realizados dentro dos próximos anos para obtermos a vantagem comparativa e tornarmos a economia nacional altamente competitiva.

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Cristóvão Neto, Macroeconomista e consultor do Ministério do Planeamento

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Rui Malaquias, Docente e economista

De acordo com uma análise pouco exaustiva ao Relatório Global de Competitividade 2013/2014, podemos constatar que a reentrada e a classificação que Angola obteve se deve essencialmente aos pilares de comparação de cariz económico e financeiro, como pode ser facilmente observado no relatório. Dos 12 pilares de comparabilidade para a criação do índice de competitividade, Angola obteve as suas melhores classificações nos seguintes: ambiente macroeconómico (percentagem do orçamento geral do Estado sobre o PIB e dívida pública em relação ao PIB); dimensão de mercado (participação das exportações no PIB); eficiência do mercado laboral (efeito dos impostos enquanto incentivo laboral e capacidade de atracção de talentos do estrangeiro). Tais indicadores apenas reflectem que o primeiro passo está a ser dado, que é o do crescimento económico robusto e sustentado. No relatório fica claro que está a ser feito um esforço de diversificar a economia, através da aplicação das receitas petrolíferas na dinamização de outras actividades económicas, pois, a seguir aos itens apontados acima, Angola obtém as melhores classificações no pilar “bens e eficiência do mercado”, especificamente quanto ao número de procedimentos e tempo para criação de novos negócios, incentivos fiscais ao comércio e volume de importações em relação ao PIB. Naturalmente que este é o caminho a seguir, pois o petróleo é um recurso esgotável e deve ser usado de forma a promover o crescimento sustentado da economia para mais rapidamente possível reduzir

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dependência sobre o ouro negro e preparar o futuro próspero numa era póspetróleo. O crescimento industrial nacional é a chave para abrir a porta do bem-estar nacional, mas a indústria, para crescer, precisa, sobretudo, de projectos e gestores fortes, bem como de quadros qualificados (saúde, educação e formação profissional), financiamento barato e oportuno (sector financeiro robusto), enforcement e accountability (instituições fortes e credíveis). De uma forma geral, é disto que precisamos, porque este é o caminho que todos os países, desenvolvidos, seguiram para que hoje estejam nos lugares cimeiros do relatório. A dependência em relação a um recurso esgotável e dependente das variações da conjuntura política mundial é claramente um factor de instabilidade aos objectivos de crescimento de qualquer país, mas apenas poderá prejudicar ou atrasar o florescimento de outros sectores caso as suas receitas não sejam usadas para dinamizar outros investimentos. Vejamos, o normal é utilizar as receitas do petróleo para prover os bens e incentivos públicos para incentivar o empresariado privado, de forma a torná-lo forte e compacto, pois estes é que criam emprego, mais rendimento disponível, mais poupança, maior investimento e arrecadação fiscal. Este seria o caminho ao invés de investir em empresas públicas que, por regra, se tornam ineficientes. Hoje, a nossa indústria petrolífera é auto-suficiente, e é ela que gera recursos para investir em outras indústrias. É assim que deve ser, porque somos afortunados por ter um catalisador para a economia em geral, portanto a questão aqui não é saber se estamos a investir muito na indústria petrolífera mas, sim, saber se estaremos e como estaremos a rentabilizar os ganhos provenientes desta indústria. Decorrente da análise ao relatório, podemos ver que Angola leva vantagem em relação aos países citados apenas no campo da dimensão de mercado, ambiente macroeconómico, saúde e educação primária, mas perde decisivamente em vários outros campos, entre eles, qualidade das instituições, infra-estruturas, educação superior e profissional. O que justifica o que temos dito com insistência, ou seja, Angola encontra-se na fase de crescimento económico (bons indicadores macroeconómicos), o passo seguinte é transformar este crescimento em desenvolvimento, pois este, sim, sente-se directamente nas pessoas. A subida deve-se principalmente à boa governação, à correcta linha de política económica e monetária (defesa honrosa do kwanza, combate valente da

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inflação, controlo do endividamento público, reformas fiscais oportunas). Tais medidas é que levaram à melhoria dos indicadores económicos e financeiros responsáveis pela entrada e pontuação de Angola no índice. A citação aqui apresentada vale o que vale para quem a escreveu, e deve ter os seus motivos, que são discutíveis em democracia, pois, como todos sabemos, os países mais desenvolvidos plantaram um estereótipo negativo dos países em desenvolvimento que os leva a ter considerações desta natureza. A verdade é que as nossas instituições não são perfeitas, mas já são muito mais funcionais do que outrora. Isto é um processo que deve ser levado ao ritmo de quem vive a nossa realidade. O plano do Governo para o presente ano prevê um forte investimento em sectores básicos como saúde, saneamento básico, educação e outros sectores de base, pois só a partir deste ponto estaremos em condições de aspirar a voos mais elevados. Naturalmente que as infra-estruturas, de acordo com a presente avaliação, estão muito mal cotadas entre as 148 possíveis. Ainda assim, é possível dizer que os critérios de avaliação do pilar infra-estrutura, que apresenta itens como a qualidade das estradas, dos portos e aeroportos, fornecimento de energia eléctrica e linhas telefónicas, fazem parte ou são exactamente as áreas que o Executivo está a “atacar”. Portanto, estamos em crer que, num médio e curto prazo, os indicadores em questão deverão melhorar. Claro que, se estes sectores são o esteio para o sector primário e secundário da economia, tal facto condiciona a viabilidade dos projectos no País. O sector da distribuição moderna, por norma, cria muitos postos de trabalho, bem como, falando de um sector de distribuição competitivo internamente, estaremos a falar em ganhos de eficiência e posteriormente assistiríamos ao crescimento das exportações (partindo do princípio de que o sector seja competitivo e esteja satisfeita a procura interna), tal facto deverá em grande medida contribuir para a manutenção da imagem de Angola, concretamente pelos pilares dimensão do mercado, bens e eficiência de mercado, eficiência do mercado laboral e ambiente macroeconómico. Gostaria de ver o continente africano a crescer e extremamente competitivo em relação à Europa, Ásia e América, e Angola seria a força motriz deste crescimento, mediante a edificação de uma economia diversificada, competitiva interna e externamente, com uma iniciativa empresarial privada forte a robusta, um Estado presente no apoio aos sectores estruturais.

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Esta reentrada deve-se fundamentalmente ao generalizado interesse que o País suscita ao nível dos mercados internacionais devido ao seu real e potencial crescimento económico. Fornecimento de bens e prestação de serviços são claramente mais competitivas, em relação à realidade de outros países que se encontram já saturados de empresas com esse cariz nos diferentes sectores de actividade económica. População com uma média de idade baixa, crescimento do PIB, aumento do rendimento per capita, expansão urbana, são factores que contribuem directamente para o aumento do consumo de bens e serviços. É necessário um trabalho de fundo, estruturado e sustentado, na agricultura, pecuária e pescas. Estes sectores são fundamentais para a competitividade da economia pelas razões óbvias, mas também porque impulsionam o desenvolvimento de outros sectores como a indústria transformadora e, já agora, suavizam um pouco a carga que neste momento recai sobre o sector da distribuição. Paralelamente, aumentam o PIB, diminuem as importações, etc. Eu diria que a enorme dependência do País em relação ao petróleo deve servir para alavancar o desenvolvimento de outros sectores, tendo em conta que o sector petrolífero gera a maior parte das

Luís Sambo, Jurista, Projecto Executivo para a Reforma Tributária

Creio que pura e simplesmente ao facto de em 2012/2013 não ter sido realizado o survey em Angola. O Relatório do Fórum Económico Mundial apresenta nas suas primeiras páginas as equipas ou as instituições que em cada país conduzem os inquéritos necessários para que se façam os cálculos sobre os vários itens (119 no total) que integram o índice final sobre competitividade. Portanto, Angola reaparece por nenhuma razão em especial. De resto, o País perdeu três posições em relação ao Relatório 2011/2012 (desceu de 139 para 142, entre 148 países), e apenas no item relativo à segurança dos investimentos é que Angola detém uma posição encorajadora. Angola é um país de muito baixa competitividade, não mais do que 3,1 pontos num máximo de 7. E numa área fundamental para se começar a construir uma competitividade estrutural e sustentável – qualidade das infra-estruturas – Angola aprece em último lugar. Os principais parceiros da SADC (Southern African Development Community, ou

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O facto apontado refere-se a um fenómeno mundial, que pode ser medido ou avaliado consoante o nível de educação e desenvolvimento humano de cada realidade. O que leva aos gastos ineficientes do Governo, muito embora estes também existam em todo o lado. O Executivo tem feito investimentos estruturantes em áreas fundamentais para o desenvolvimento do País, disso não existem dúvidas. No entanto, há também investimentos que deveriam, na minha opinião, ter sido feitos noutras áreas, pois não se encontram na condição dos anteriores, não são fundamentais para o desenvolvimento sustentado da nossa economia. Claro que sim. Tanto as infraestruturas ao nível da rede de produção e distribuição de electricidade como também de tratamento e distribuição de água, acessos, vias, enfim. Condicionam na medida em que a sua ausência provoca custos acrescidos. Se esse sector trabalhar em coordenação e dando sempre prioridade aos produtores nacionais no que diz respeito ao escoamento e distribuição dos seus produtos, bens e serviços, a distribuição moderna em Angola dará um enorme contributo para a rápida subida de Angola neste ranking. Gostaria de ver Angola acima da posição 100 do ranking.

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receitas do Estado. Estas receitas devem ser aproveitadas dentro duma política de desenvolvimento que faça com que o sector paulatinamente deixe de ser o sustentáculo da economia. Não. Em minha opinião, deve-se continuar a investir no sector petrolífero, na justa medida em que se consiga manter a fonte geradora de parte substancial da receita. No entanto, entendo que se tem investido bastante em áreas que farão a diferença na competitividade do País a médio/longo prazo. Refiro-me às infraestruturas necessárias à efectiva obtenção e manutenção das condições de competitividade económica. Depende. Desde que se implementem as políticas de desenvolvimento adequadas e se faça um elevado investimento, fomentando o desenvolvimento dos diferentes sectores como foi acima sugerido, a médio/longo prazo poderá ultrapassar esses e outros países. Em minha opinião, terá de ser necessariamente através de investimento misto. Isto, sob pena de, por um lado, demorarmos muito tempo a atingir o nível de competitividade desejado e, por outro, perdermos autonomia e total controlo sobre a nossa economia. Mais uma vez, penso que devemos apostar fortemente na agricultura, na pecuária e nas pescas.

Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral) aparecem todos muitas posições acima de Angola, compreendendo-se, assim, os receios da maior parte dos empresários nacionais, ineficientes por natureza e sempre na expectativa de mais apoios do Estado, que na verdade não os

forma de funcionamento (147.ª posição), etc. Os empresários angolanos não têm sabido tirar partido de muitas das condições que o Estado tem posto à sua disposição, destacando-se o ambiente macroeconómico. De acordo com este Relatório do Fórum Económico Mundial, há um reconhecimento explícito sobre os progressos realizados depois de finalizada a guerra civil: o nosso país ocupa a fantástica 54.ª posição. O regresso de Angola ao ranking de competitividade fez-se sem brio e com muitas insuficiências. Para lá do petróleo, é quase um deserto em matéria de competitividade internacional. E é bom que nos convençamos de que não é com proteccionismos aduaneiros que o País se poderá posicionar face aos mais dinâmicos e agressivos da SADC. Estes proteccionismos protegem essencialmente os ineficientes, pois os outros aguentam bem a batida da concorrência internacional. Ainda não são muitos, mas está a ger-

Admitida que é a dependência de Angola do petróleo, é unânime que o ‘ouro negro’ deve servir para alavancar o desenvolvimento de outros sectores da economia do País

tem regateado. É da responsabilidade dos empresários nacionais reverter a posição de Angola quanto aos itens seguintes: inovação e sofisticação dos factores (148.ª posição entre 148 países), qualidade das infra-estruturas (última posição), eficiência dos mercados e dos produtos (última posição), sofisticação dos mercados e sua

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Manuel Alves da Rocha, Economista, docente e director do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola (UCAN)


minar uma nova geração e uma geração nova de empresários à Schumpeter que acabarão por remeter facilmente para o calendário do tempo os empresários mais proteccionistas. Esta relação está amplamente estudada na literatura económica, sendo conhecida por doença holandesa e por economia rendeira. A questão não está em que poderá prejudicar, mas, sim, de que modo tem prejudicado o desenvolvimento de outros sectores e outras actividades. Provavelmente, os 27 anos de guerra civil serão sempre uma dificuldade de se isolarem os verdadeiros efeitos da maldição dos recursos naturais não renováveis. Espero que não se deixe escapar o que poderá ser a última oportunidade de o petróleo financiar a diversificação da economia e a constituição dum estruturante capital humano nacional. A economia mundial muito dificilmente poderá continuar a conviver com preços de petróleo elevados, sendo muito interessantes as informações sobre os esforços que todos os países estão a fazer no sentido de diversificação das suas fontes de energia e as recentes descobertas – ainda que envoltas em discussão e dúvidas quanto aos seus efeitos ambientais

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e a rentabilidade económica da sua exploração – de novas fontes de petróleo que não as tradicionais. Os mais de 50 mil milhões USD dos Estados Unidos investidos na construção/reabilitação/modernização das infra-estruturas depois de 2002 não permitiram que Angola não ocupasse a última posição neste item. É uma séria deficiência que constrange o funcionamento mais eficiente da actividade económica em qualquer país, tornando mais elevados os custos dos bens e serviços. Na criação do capital humano (educação, saúde, pesquisa, inovação) devem ter sido investidos não mais do que 12% no mesmo período. Aqui está um dos grandes desequilíbrios de que padece a nossa economia e sociedade. Olhando para os pilares “saúde e educação primária” e “educação superior e formação profissional”, a melhor posição que se consegue é a 120.ª, no atributo da taxa de escolarização primária (em quantidade e não em qualidade). Não é com este conjunto de países que Angola tem de se comparar. São paí-

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ses dum campeonato diferente. A primeira liga da competitividade em África disputase com a África do Sul, Marrocos, Argélia, Egipto, Nigéria, Gana, Quénia, Maurícias. Dar-se-á pela via da transformação da mentalidade rendeira de empresários, trabalhadores e cidadãos numa verdadeira cultura da inovação,

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ridade. O problema está na sua qualidade, que deveria ser assegurada por uma fiscalização competente e não corrupta. A Lei da Contratação Pública é clara quanto às modalidades de adjudicação das obras públicas, à responsabilidade dos agentes públicos e privados, etc. O problema é a corrupção que grassa em todo o processo de adjudicação dos projectos de investimento público. O World Economic Forum destaca a corrupção em Angola como o factor mais problemático para se fazerem negócios, com uma cotação de 18,9. A melhoria da posição de Angola nesse ranking depende mais de factores estruturais – transversais a todas as actividades e que anteriormente referi e que de resto também o Relatório sobre a Competitividade os destaca – do que de sectores específicos. Não havendo condições, os sectores acabam por se equalizarem na “incompetitividade”. Cinco anos são nada no processo de obtenção de ganhos reais e efectivos de competitividade.

Entre as 34 nações que compõem a África Subsariana, Angola aparece na 30.ª posição. Para estar no Top 10 em 2015, Angola terá de esforçar-se nos próximos dois anos

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investigação, organização, disciplina, respeito, cumprimento das obrigações e ética nos negócios. Posso até concordar com algumas das áreas para onde o Estado direccionou os seus investimentos. Teoricamente, as infra-estruturas físicas e materiais, em situação de devastações de guerra ou de catástrofes naturais, devem ser uma prio-

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A afirmação de que “Angola volta a constar do ranking mundial de competitividade elaborado pelo World Economic Forum relativamente ao período 2013-2014” faz pensar que algum pressuposto tenha concorrido para tal. Segundo o World Economic Forum, a competitividade compreende toda uma série de factores, instituições e políticas que por sua vez determinam o nível de produtividade, condição para uma base sustentável de progresso de um país. Uma das categorias para que exista essa competitividade é a quantidade e a qualidade das infra-estruturas. Nos indicadores de análise como infraestruturas e comunicações, acesso aos mercados, administração de fronteiras e ambiente de negócios, Angola situa-se nos últimos lugares. Estes componentes são fundamentais

para aumentar a competitividade e diversificar a economia nacional. A dimensão do problema da falta de competitividade da economia nacional fica mais completa se se acrescentarem os

O sector da distribuição moderna pode ser não só um dos impulsionadores do emprego como, também, da produção nacional elevados custos associados à limitação das infra estruturas e da sua qualidade, a reduzida dotação de capital humano e as dificuldades diversas associadas ao clima de negócios. O peso do sector do petróleo continuou a ser, em 2012, a característica mais saliente da economia nacional. A base de exportação é extremamente pouco diversificada, e a integração regional é

quase inexistente. Os investimentos públicos têm sido um dos agentes impulsionadores do crescimento da economia não petrolífera, mas encontram-se embaraços no entrosamento com a economia e na prestação de utilidades sociais de uma forma eficiente. Há ainda a acrescentar a rentabilização dos investimentos realizados pelo Estado evitando a degradação acelerada e encurtando significativamente a vida útil dos projectos. O fornecimento deficiente de energia, os elevados preços dos transportes e de serviços de logística e a falta de mão-de-obra qualificada conformam a falta de perfis necessários para estruturar uma competitividade real da economia nacional. A possibilidade de Angola ultrapassar estes escolhos e poder afirmar-se como economia competitiva reside em factores estruturais e mais do que nunca nos seguintes princípios e valores: a ética e a integridade como princípio básico, a responsabilidade e a disciplina e o respeito pelas leis e pelos outros.

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Regina Santos, Pesquisadora do CEIC (Centro de Estudos e Investigação Científica) da Universidade Católica de Angola



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Judite Marina Correia, Administradora da FacilCredit

Angola reentrou no ranking de competitividade do Wold Economic Forum de 2013-2014 com toda a justiça, porque a sua economia, ultrapassados que foram os anos difíceis da guerra, tem tido um desempenho a vários títulos notável. Um PIB a crescer cerca de 9% em média nos últimos sete anos, a par de uma taxa de inflação abaixo dos 10%, de um saldo orçamental superavitário, para só citar alguns, são indicadores notáveis de numa fase de reconstrução acelerada, em que se tenta também desenvolver o empreendedorismo e reequilibrar a economia quer em termos sectoriais quer regionais. Tudo isto num contexto duma economia mundial em crise, com uma Europa decadente e até com a desaceleração do crescimento dos países dos chamados BRIC, como é o caso da China. Isto porque os países para onde se destinaram as suas exportações, estando em crise, também diminuíram os seus consumos. Além do petróleo, as áreas em que Angola afirma a sua competitividade, para além de outras indústrias extractivas, como os diamantes, são as telecomunicações, construção civil, comércio, banca e área financeira em geral. A banca em Angola é das mais lucrativas do mundo, isto segundo os relatórios dos últimos anos das principais firmas de auditores internacionais acreditados em Angola.

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das as suas necessidades e deixar de estar dependente do exterior. Angola precisa ainda de lançar o seu mercado de capitais, para as empresas terem uma forma alternativa e boa de financiamento que é fundamental para o seu desenvolvimento. A enorme dependência de Angola em relação ao petróleo não é forçosamente prejudicial para o desenvolvimento das outras áreas ou sectores: só o seria se não houvesse a consciência exacta de que a economia tem de ser diversificada. Para tal, é bom que se aproveitem os recursos provenientes do petróleo. A dependência de uma matéria-prima que se esgota é perigosa, e a riqueza que está por cima do solo angolano terá de ser equivalente à que exista por baixo do mesmo solo. É esse o objectivo que – cremos – está a ser prosseguido. Temos de reequilibrar a nossa economia: é o percurso que já está a ser feito e que tem de ser ainda mais acelerado. Em nossa opinião tem havido nos últimos anos uma grande preocupação no investimento em outras áreas que não a petrolífera que possam ajudar a aumentar a competitividade de Angola. Contudo, apesar dos incentivos fiscais e financeiros para atrair o investimento para os sectores secundários e primários, continua a registar-se uma enorme apetência para os serviços e comércio, que convém combater. Por exemplo, segundo os últimos dados oficiais, das mais de 7500 empresas que foram já certificadas no INAPEM, cerca de 90% são ligadas aos sectores de serviços e comércio e, por isso, temos um problema estrutural a resolver. A apetência dos angolanos ainda é muito grande por estes sectores, contudo o que é mesmo mais necessário são os sectores produtivos, pelo que terão de ser criadas as condições e incentivos para alterar este desencontro de interesses. Angola tem tudo para ultrapassar os referidos países, mas vai ter de conseguir resolver alguns problemas estruturais que ainda persistem, e que são mesmo questões de fundo, como o regular fornecimento de energia eléctrica e água, infra-estruturas e o saneamento

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Indústria, agricultura, pecuária, pescas, construção, telecomunicações, hotelaria e turismo foram os sectores mais destacados para o investimento a fazer tanto por players nacionais como internacionais

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As áreas em que Angola necessita ainda de um trabalho efectivo, para se tornar mais competitiva, são sobretudo o sector primário e secundário: tem de ter uma agricultura, pesca e pecuária que sejam suficientes para abastecer o País e, numa segunda fase, até para exportar. Tem de se criar uma indústria sólida e auto-suficiente, para suprir to-

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básico, dificuldades burocráticas, nomeadamente as concernentes à montagem de empresas, assegurar a legalidade dos negócios e o correcto funcionamento de um sistema jurídico eficaz, melhorar o ensino e a formação profissional, melhorar as vias de comunicação terrestres, aéreas navais, etc. A subida de Angola no ranking da competitividade mundial deve-se não só a capitais nacionais, mas também internacionais. Deveríamos ser capazes, e com muitas vantagens a médio e longo prazo, de financiar os nossos próprios investimentos com capitais próprios, para não ficarmos cativos de outros países a prazo, contudo, para que tal aconteça, haverá que criar também condições para os capitais nacionais, que ainda se encontram lá fora, regressarem ao País. As áreas em que o investimento dos nacionais é fundamental são todas aquelas que envolvem sectores estratégicos para a economia: esses não deverão ser controlados por estrangeiros. A aposta de Angola deveria ser, sobretudo, numa forte industrialização do País e no seu sector primário. A par destes, dever-se-ia investir no factor humano e na sua qualidade e na preparação dos angolanos: dever-se-ia apostar num ensino de qualidade a sério. Por último, um sólido sistema judicial, que garanta aos agentes económicos e à população que o nosso Estado de direito é mesmo célere e eficaz. O problema das infra-estruturas é real e continua a ser um travão ao investimento tanto nacional como estrangeiro em Angola. Contudo, creio que haverá já bastantes actuações nesse domínio. Acredito que os capitais procuram os investimentos lucrativos, e esse é o seu principal móbil. A questão do repatriamento dos lucros e dos capitais é que tem de ser devidamente equacionada e no contexto conjunto de tentar recuperar os próprios capitais nacionais. A contribuição do sector distribuição moderna/comércio para a subida de Angola no ranking mundial de competitividade é não negligenciável. A principal preocupação prende-se com o escoamento e conservação da produção de bens agrícolas, perecíveis. Contudo, o sector do comércio e dos serviços é dos que mais se têm desenvolvido, até em detrimento dos sectores produtivos da economia angolana. Como angolana, gostaria de ver Angola no topo das economias africanas, reconhecida como uma das economias mais ricas do mundo. É para isso que todos estamos a trabalhar!

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Salim A. Valimamade, Professor de Análise de Investimentos, Director da Católica Luanda Business School

Na minha opinião, a principal razão da reentrada de Angola ao Ranking do WEF tem a ver com o seu rápido crescimento económico. O País tem apresentado taxas de crescimento bastante altas nesta última década, o que sinaliza que a economia angolana oferece estabilidade, confiança e boas oportunidades de negócio aos investidores. Angola tem demonstrado uma grande estabilidade macroeconómica, as suas infra-estruturas têm vinda a melhorar significativamente (mas que ainda é o desafio para o futuro), as suas instituições governativas e políticas têm demonstrado o reforço da cultura democrática, depois de duas eleições legislativas, que demonstraram que o País tem a capacidade de se construir dentro dos valores democráticos. Naturalmente, que o sector petrolífero é o mais forte em termos de competitividade na economia angolana. Mas também podemos destacar o sector da banca, da construção, dos seguros. Angola oferece grande potencialidade nos outros sectores como a agricultura, o turismo e a indústria e noutros sectores que podem ser tão competitivos como o sector petrolífero. Para a economia se tornar mais competitiva é necessário ir buscar o know-how e as tecnologias necessárias, para além de quadros altamente qualificados. Adicionalmente, temos que ter infra-estruturas físicas (electricidade, água, saneamento, entre outras) e infra-estruturas institucionais (como os mercados

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de capitais, os tribunais, entre outros) que possam funcionar adequadamente para proporcionar um melhor “Ambiente para Negócios” e maior desburocratização e descentralização nas decisões. É importante transmitir a confiança aos investidores para que estes possam realizar investimentos de longo prazo em áreas cruciais para a economia angolana. Estes investimentos podem permitir mais diversificação económica e maior competitividade na economia Penso que existe a consciência do executivo angolano de que existe a grande necessidade a médio prazo do sector petrolífero ter um peso cada vez menor na estrutura económica do País e a tendência tem sido essa. A questão que se coloca é que os investimentos no sector petrolífero são bastante avultados e que, desse modo, em termos absolutos, sejam muito maiores do que os outros sectores. O que se pode fazer é canalizar os fluxos realizados no sector petrolífero para os outros sectores com potencialidade de proporcionar a mesma rentabilidade e competitividade como, por exemplo, a agricultura e o turismo. Penso que as áreas onde Angola deve investir são nas infra-estruturas e na formação de quadro. Naturalmente, que estes investimentos apenas podem dar resultados no longo prazo. Para que Angola consiga simultaneamente resultados a médio prazo, deverá procurar parcerias com outros países para ir buscar a tecnologia, o know-how

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e os quadros qualificados. Mas para tal, é necessário criar um mecanismo mais fácil para a criação de parcerias com esse investimento estrangeiro. *Penso que com esse Ambiente de Negócios mais propício, como a Turquia e o Chile fizeram, pode, de facto alavancar bastante a competitividade da economia angolana. Como disse anteriormente, as instituições angolanas têm vinda a melhorar bastante no seu funcionamento, contudo ainda existem factores burocráticos que a tornam menos eficientes. É um desafio que só veremos resultados a longo prazo. Daí que o investimento nas infra-estruturas terá que ser mais reforçado e as parcerias público-privadas podem contribuir para acelerar esse processo. Ainda existem pouco players na área da distribuição. É importante que existam mais concorrentes, para haver uma maior competitividade e inovação. Adicionalmente, estas empresas podem “puxar” pela produção nacional e diminuir, assim, as importações. Estou convicto que Angola nos próximos cinco anos vai ter um desenvolvimento ainda mais acentuado, com mais sectores a contribuírem para a economia. Espero ver mais indústrias e um sector agrícola com maior produção. O turismo é um sector onde Angola tem um grande potencial. Naturalmente, que não poderia deixar de falar na formação – essencial para a sustentabilidade de qualquer economia.

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Pedro Diogo Vaz, CEO da FISCHER+BUS Portugal e Angola

24Horas com...

>> César Magalhães

08:00 horas Chegada à cafetaria Bolo de Coco onde toma o pequeno-almoço com um parceiro de negócios.

08:40 horas

12:40 horas

Sem perder mais tempo, dirige-se à viatura para aproveitar a implementação de um plano B que consiste em realizar reuniões internas e refazer de imediato objectivos traçados para este dia.

No escritório inteira-se da agenda do dia, consulta e-mails e analisa propostas de clientes.

13:06 horas

Regressa ao 1.º piso do edifício, para complementar a reunião que acabara de realizar no rés-do-chão, e reúne-se com um seu colega de trabalho e partilham informações feedback de clientes.

15:40 horas

08:57 horas

Após o pequeno-almoço, dirige-se ao escritório fazendo caminhada num percurso que levará pouco menos de 15 minutos, evitando assim o trânsito.

Lê atentamente uma matéria sobre as marcas Superbrands 2013, na revista Distribuição em Expansão, e orienta Pedro Rodrigues sobre planos de marketing de marcas de retalho alimentar e especializado.

16:20 horas Durante mais de duas horas decorrem reunões internas, extremamente estratégicas, longe do olhar de uma objectiva fotográfica. Em causa estão lançamentos de novas campanhas, preparação de reuniões com clientes e assuntos ligados a realização da Superbrands 2014, como a criação da Brand Academy, um projecto para formação nas áreas de branding e comunicação em Angola.

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09:10 horas

12:00 horas

Cerca de 10 minutos depois começa uma sessão de formação para colaboradores da FISCHER+BUS, orientada pelo próprio CEO, com temáticas ligadas a processos de trabalho, tendências de publicidade e interacção com Clientes.

Dirige–se ao rés-do-chão do edifício onde funciona parte do escritório e começa a inteirar-se do trabalho realizado em equipa, tomando nota de detalhes importantes e auscultando os colaboradores.

11:15 horas Após terminar a sessão de formação, inicia uma conference call com o escritório da FISCHER+BUS Portugal. Em destaque, assuntos relacionados com clientes e perspectivas em curso sobre planos traçados.

15:32 horas Recebe informação que a reunião fica adiada para outra data. “O dia de trabalho de um gestor tem estas surpresas”, afirma o CEO, ao deixar o local para dedicar-se a outras tarefas programadas.

14:40 horas 13:15 horas Fim dos trabalhos da manhã, desloca-se ao restaurante Pimm´s para almoçar com parceiros de negócios.

Após o almoço, dirige-se para a zona nobre da cidade de Luanda, onde tem agendado reunião de negócios na Imexco, numa altura em que já se trabalha para o Superbrands 2014. Enquanto a viatura percorre as ruas da cidade, liga o laptop para ver assuntos que marcarão a agenda para o período da tarde.

20:15 horas Regressa para casa, aproveita para compartilhar o jantar, e assiste TV, para se manter actualizado das últimas notícias internacionais, até se deitar para novo dia de desafios.

18:55 horas Chegado a casa prepara-se para um jogging, desloca-se à marginal de Luanda, aproveitando o momento para energizar no final de mais um dia de trabalho, na companhia de um colega de trabalho.

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produção

/Angonabeiro

A Angonabeiro alterou a sua estratégia para os cafés Origens. O que era antes o lote Mussulo é agora Angola. O objectivo é que, tanto em Angola como nos restantes mercados internacionais, o consumidor de Delta perceba que está a beber um café de Angola.

Um lote especial >> Victor Jorge

P O objectivo da Angonabeiro com este Origens Angola é claro e simples: colocar no mercado um café de Angola numa marca internacional

resente em mais de 40 países, o grupo Delta redefiniu a sua estratégia para o mercado internacional, com o rebranding dos diferentes lotes Origens (Brasil, Timor, Colômbia e Angola), numa perspectiva de maior internacionalização do grupo. No caso angolano, o conhecido lote Mussulo passa agora a chamar-se Angola, numa clara “intenção de aproximar este lote ao país de onde é proveniente o café”, explicou José Beato, director-geral da Angonabeiro, empresa responsável pela representação das marcas do grupo Nabeiro – Delta Cafés para o mercado angolano. “Sabíamos que quem está fora de Angola dificilmente percebia a origem do lote Mussulo. Além disso, e apesar da produção de café em Angola já não ser a mesma de há 30 ou 40 anos, o café angolano ainda é reconhecido junto dos conhecedores como um café de grande qualidade. Por isso, achou-se que fazia sentido recentrar

>> Duarte Villas

a questão das origens no país.” Resultado da selecção dos melhores Robustas de Angola, este renovado lote da Angonabeiro é 100% angolano e torrado em Portugal na fábrica do grupo em Campo Maior, tal como todos os outros cafés Origens da Delta. “Queremos mostrar, com este lote Angola, que os angolanos têm e podem beber um café que é deles, e que a Delta quis colocar o nome Angola não só aqui, mas nos 40 mercados internacionais onde Delta está presente, e assim levar o nome de Angola aos quatro cantos do mundo. Resumindo de forma simples: estamos a falar de um café de Angola numa marca internacional.” O blend que resulta neste Origens Angola provém de três províncias angolanas – Kwanza Sul, Uíge e Bié – comprando a Angonabeiro cerca de 600 toneladas de café no país que, posteriormente, exporta para Portugal para torra e utilização em vários blends, incluindo este Origens An-

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gola, além do que fica na unidade fabril para produção do café Ginga. Num país que já produziu 200 mil toneladas de café, sendo este um dos sectores da economia em que o Executivo aposta e que pretende dinamizar, José Beato congratula-se com esta estratégia, dando a Angonabeiro o seu contributo através da compra, mas também de um posicionamento junto dos agricultores, associações e intermediários que fazem a comercialização do café. Mas se a produção de café registou uma quebra assinalável, o consumo também não é dos mais altos, admitindo José Beato que, “per capita, estaremos a falar de um dos consumos mais baixos do mundo, embora não possamos afirmar, com toda a certeza, qual o volume que se consome em Angola, já que não existem dados oficiais de consultoras que analisam estes mercados”. A justificação está, também, “no facto de o café ter saído da cesta básica de produtos dos angolanos, excepção


feita nas zonas de produção, sendo contudo de consumo muito rudimentar”. Diferente parece, contudo, ser o consumo do café em cápsulas, revelando o responsável pela Angonabeiro que, “neste caso, Angola segue, embora a outro ritmo, a tendência internacional, acompanhando o desenvolvimento do País e a sofisticação do consumidor. Ou seja, uma evolução forte do consumo de café em cápsulas no lar”. Isso justifica o facto de Angola ter sido um dos mercados onde a Angonabeiro e a Delta Q mais cresceram a nível internacional, fundamentando, assim, o crescimento que o mercado de consumo no lar tem registado. “As pessoas não tinham solução para beber um bom café em casa ou mesmo no escritório e, por isso mesmo, a nossa estratégia para a introdução de Delta Q foi clara, bem como o pricing das cápsulas querendo passar literalmente a mensagem de que não vale a pena trazer cápsulas de Portugal”. Apesar da maior sofisticação do consumo e consumidor angolano, a Delta não está, porém, a equacionar a abertura de uma loja Delta Q. “Estamos a trabalhar bem com o retalho e vamos melhorar essa relação. Estamos, também, a começar uma

relação forte com o retalho especializado que vende electrodomésticos. Para já, é esse o caminho.” Presente no canal do retalho e horeca, José Beato augura “bons tempos”, já que ambos estão a crescer. “Se do lado dos hotéis, restaurantes e cafés há um crescimento notório, a distribuição é outro canal que está em franca expansão, com a abertura de lojas e chegada de novos que farão o mercado crescer. Estamos a assistir a uma formalização do mercado/ comércio, e isso só pode ser positivo.” Além disso, também o canal institucional é destacado pelo responsável da Angona-

beiro, “uma vez que existem hábitos de consumo muito enraizados nas empresas, onde as pessoas gostam de beber o seu café durante a manhã ou à tarde”. À venda em embalagem de 250 g, com moagem universal (adaptada para qualquer máquina), as expectativas para este Origens Angola são enormes por parte da Angonabeiro, admitindo José Beato que as vendas deverão acontecer fundamentalmente no retalho. “Vamos lançar o Origens Angola em várias cadeias, com algum destaque, e esperamos um sucesso enorme junto dos consumidores em Angola.”

A Angonabeiro em Angola 1998 Convite do Governo de Angola, ao grupo Nabeiro – Delta Cafés, para a reabilitação de uma unidade fabril de café – LIANGOL

2008 Angonabeiro assume a representação das marcas do grupo Nabeiro – Delta Cafés para o mercado angolano

2000 Início da venda do café Delta, através da Distribuidora

2011 Renovação do portfólio Ginga e relançamento da marca com nova imagem

2001 Arranque das operações industriais da Angonabeiro. Inauguração da torrefacção do café Ginga

2012/2015 Projecto de crescimento na fileira de café verde e na distribuição de produtos alimentares

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bebidas

/cervejas

O ano de 2012 foi um bom ano para as cervejeiras mundiais, após três anos de performances reduzidas. Com o maior mercado mundial ao nível do consumo a estar na China, foi precisamente este país que contribuiu para um aumento dos volumes vendidos.

E a cerveja mais consumida do mundo é… >> Victor Jorge

A

pesar de o primeiro trimestre de 2013 indicar uma quebra nas vendas de cerveja em dois dos principais mercados mundiais – Reino Unido e Alemanha –, 2012 foi um ano de viragem para a indústria, com as vendas a aumentarem. As economias mais fortes dos chamados emergentes ajudaram significativamente à evolução registada nas vendas dos principais players, indicando um estudo da Drinks

>> DR

Business que os consumidores não se acanham quando toca a gastar dinheiro numa “fresquinha”. China, Brasil e EUA foram os principais responsáveis pelo crescimento, com o país asiático a ter grande influência no mercado mundial, produzindo mais de 25% da produção total de cerveja no mundo. Publicamos aqui o top 10 das marcas de cerveja mais vendidas do mundo.

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1.º Snow Beer Pertencente ao universo da SABMiller, a marca Snow Beer teve um volume de vendas de 74,8 milhões de barris, mantendo, pelo segundo ano consecutivo, a liderança deste ranking, com a maior parte das vendas a registar-se no mercado chinês. A cerveja é produzida pela CR Snow, uma joint-venture entre a SABMiller e a China Resources Entreprises, tendo o valor da


Snow Beer

marca Snow Beer aumentado 350 milhões CNY (iuan chinês), ou seja, cerca de 57 milhões USD, para um valor global de 46,3 mil milhões CNY (cerca de 7,5 mil milhões USD), tornando-se numa das marcas mais valiosas na China, além de ser a marca com maior crescimento entre os produtos de grande consumo e a marca de cerveja mais valiosa.

3.º Budweiser Apesar de não ser a marca de cerveja mais vendida no mundo, a Budweiser é, sem dúvida, uma das marcas de cerveja mais reconhecidas mundialmente. Contudo, no mercado doméstico (EUA), a Budweiser é superada pela Bud Light (ambas da Anheuser-Busch InBev), situação que não acontece a nível global, tendo iniciado recentemente as vendas nos mercados brasileiro e chinês.

Yanjing Beer

A importância da marca foi justificada pelo facto de ter sido a cerveja oficial dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Nos últimos anos, a Yanjing tem vindo a trabalhar no desenvolvimento da sua marca a nível internacional, com a companhia a revelar recentemente em comunicado que “o grupo irá participar nas competições internacionais com a convicção de desenvolver a indústria nacio-

das de 36,7 milhões de barris, a primeira versão da Bud Light foi lançada em 1982 sob o nome Budweiser Light. Nos últimos tempos, novas marcas têm surgido no universo da Bud Light, incluindo a Bud Light Platinum, Bud Light Lime, Bud Light Lime-a-rita, Bud Light Straw-ber-rita ou Bud Light Cheleda.

2.º Tsingtao Com vendas de 57,9 milhões de barris, a marca da Tsingtao Brewery Company, segunda maior cervejeira da China, é produzida desde 1904 e detém cerca de 15% do mercado de cerveja chinês. A Tsingtao é já uma marca global, sendo a marca de cerveja chinesa mais vendida nos EUA, admitindo a empresa ser “líder na exportação de produtos de grande consumo”. ATsingtao começou o processo de exportação em 1954 e entrou nos EUA em 1972.

Bud Light

6.º Corona Extra Budweiser

Vendida em mais de 85 países, a Budweiser foi considerada a marca de cerveja mais valiosa do mundo pelo ranking da Global BrandZ para 2012 e vendeu 40,4 milhões de barris.

4.º Yanjing Beer

Tsingtao

Também conhecida como Beijing Beer, trata-se de uma das maiores cervejeiras na Ásia, com mais de 20 000 empregados. Com vendas de 39,6 milhões de barris, a quota de mercado na China vale 11%, sendo a marca de cerveja mais popular em Pequim, com cerca de 85% de quota.

nal de cerveja e constituir-se como uma marca mundialmente famosa”. Certo é que, além das vendas na China, a Yanjing tem sido uma das marcas de cerveja mais vendidas no mundo desde o início deste século, e, com a empresa a fortalecer activamente a sua operação e a expandir as vendas tanto nacionais como internacionais, é de prever que mantenha esta realidade.

5.º Bud Light Como já referido, a Bud Light é uma das cervejas mais populares nos EUA, não detendo, no entanto, a mesma posição a nível global que a Budweiser. Com ven-

Quem não conhece o ritual de pedir uma Corona e empurrar o bocado de lima para dentro da garrafa? Constituindo-se um ex-líbris do México, a Corona Extra é a mais importante marca de cerveja no mercado mexicano e a cerveja mais importada nos EUA. Produzida pela primeira vez em 1925, com presença em mais de 125 países, a Corona tem uma produção de 31,6 milhões de barris. Pertencente à Anheuser-Busch InBev, depois de ter pago, em Junho de 2013, 29,1 mil milhões USD pela restante aquisição do Grupo Modelo, a marca teve vários contratempos com a autoridade da concorrência norte-americana, entre

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bebidas /cervejas

Corona Extra

tanto resolvidos.

7.º Skol Com vendas de 29,9 milhões de barris, a marca da dinamarquesa Carlsberg tem no Brasil o seu principal mercado, onde é

Heineken

meira cerveja oficial do agente 007. Com vendas de 29,1 milhões de barris, a marca registou crescimentos em quatro das cinco regiões mundiais onde marca presença, destacando-se África, América Latina e Ásia/Pacífico, ao contrário da Europa, onde as vendas foram afectadas pela crise económico-financeira.

9.º Coors Light A marca da Molson Coors é, actualmente, a segundo marca de cerveja mais vendida nos EUA, empurrando a Budweiser para o terceiro lugar. Com vendas de 25,1 milhões de barris, a Coors Light foi produzida pela primeira vez em 1978, a marca está associada a diversos desportos, sendo a marca oficial da Nascar e patrocinadora oficial da National Ice Hockey League (NHL), Liga Nacional de

países, incluindo o Reino Unido, EUA, Canadá, Rússia, França, Austrália e Nova Zelândia.

10.º Brahma A última marca de cervejas deste ranking pertence, também, ao universo Anheuser-Busch InBev (ao todo, o grupo tem três marcas no top 10) e tem vendas de 18,1 milhões de barris. O Brasil é um dos mercados com maior crescimento no mundo, e a AB-InBev constatou isso mesmo no relatório e contas de 2012, ao registar um crescimento de 9,6% no país, muito devido ao facto de a Budweiser se ter tornado na marca de cerveja internacional mais consumida no país. Facto é que a categoria de cervejas premium está em franca expansão no Brasil, à medida que as marcas internacionais olham para este mercado em crescimento massivo. A Brahma divide o palco do mercado da cerveja no Brasil com a Skol, com a cerveja Pilsner a ter 98% do consumo no país. Fundada em 1888, a Companhia Cervejaria Brahma só esteve disponível fora do país a partir de 2005, quando a InBev (transformada posteriormente em Anheuser-Busch InBev), decidiu tornar a marca global, introduzindo-a em 15

Skol

a maior marca de cerveja, com uma quota de mercado a rondar os 30%. Criada em 1960, com licença para ser fabricada no Brasil, o nome da marca vem da palavra escandinava skål, que significa “à vossa saúde/à nossa saúde”. Em 2013, a marca desenvolveu pela primeira vez gelado e ovos de Páscoa a partir de cerveja.

8.º Heineken Fundada em 1863 por Gerard Adriaan Heineken na cidade de Amesterdão (Holanda), a Heineken tem o seu nome associado à Liga dos Campeões da UEFA e aos filmes de James Bond, tornando-se na pri-

Coors Light

Hóquei no Gelo. Os responsáveis da Molson Coors referiram recentemente o objectivo de desenvolver estratégias de crescimento para a marca na Ásia, particularmente, na China e Japão.

Brahma

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Distribuição em Expansão • Outubro 2013

4 controlam 50% De referir que, segundo contas de várias consultoras, em 2012, cerca de 50% do mercado mundial de cerveja era controlado pelas quatro maiores cervejeiras do mundo. Em primeiro lugar surge a AnheuserBusch-InBev (junção entre a norteamericana Anheuser Busch e a belgobrasileira InBev), detendo 200 marcas no seu portfólio, seguida da SABMiller, com 150 marcas. O último lugar do pódio pertence à europeia Heineken, com 200 marcas, que reforçou a sua posição quando, em 2010, comprou a operação de cervejas ao Fomento Economico Mexicano (FEMSA), respondendo, de certa forma, à aquisição da Foster’s por parte da SABMiller. Copenhaga é a origem da quarta maior cervejeira do mundo. A Carlsberg detém perto de 40% do mercado de cerveja russo, depois de ter comprado a Baltika. O top 5 é finalizado pela China Resources Enterprises, maior fabricante de cerveja no país em vendas e volume.



vinhos

/Vinhos em Angola

Com a organização do Angola WINE Festival, quisemos saber o que os profissionais pensam relativamente ao mercado do vinho. Com o consumo claramente a aumentar, a aposta de todos vai para uma estratégia de qualidade. A esperança é que, a médio/ longo prazo, as prateleiras dos super e hipermercados passem a ter vinhos angolanos a concorrer com os internacionais.

Apostar na qualidade >> Victor Jorge

>> DR

1C omo caracteriza o mercado de vinhos em Angola na actualidade? 2 Qual a faixa de preços de vinhos actualmente procurados pelos consumidores em Angola? 3 Existe alguma preferência específica (tipologia de vinho como, por exemplo, país, cor, aroma, etc.) pelos consumidores de vinho em Angola? 4 Os vinhos disponibilizados ao consumidor em Angola são caros? 5O facto de Angola ser um país que tem vindo a demonstrar um crescimento sustentado beneficia o mercado do vinho e o respectivo consumo? 6 Numa recente entrevista à revista Distribuição em Expansão, o presidente da ViniPortugal, Jorge Monteiro, afirmava que “é importante que o consumo de vinhos em Angola dê lugar a vinhos de maior qualidade”. O que se deve fazer para consegui-lo? 7 Que importância tem a distribuição moderna na divulgação do vinho em Angola? 8 E o canal Horeca? 9 O sector dos vinhos é marcado pelo informal, ou, uma vez tratando-se de um produto muito específico e onde a qualidade é um factor exigido, o mercado regulado tem primazia? 10 O mercado dos vinhos em Angola está demasiadamente centralizado na capital, Luanda? 11 E o serviço, nomeadamente, na restauração preenche os requisitos exigidos? 12 U m possível aumento das taxas e pauta aduaneira prejudicará o negócio do vinho? Em que medida? 13 O que poderá/deverá ser feito para impulsionar ainda mais o consumo de vinhos (de qualidade) em Angola? Que papel deverá e poderá ter aqui a restauração e a distribuição moderna? 14 Como vê o mercado dos vinhos em Angola no futuro próximo?

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Um mercado em crescimento, com um aparecimento de muitas marcas de diversos países (em especial os países latinos da Europa, África do Sul e América do Sul). O mercado está cada vez mais exigente e competitivo, em resultado de um maior conhecimento por parte do consumidor. O Kero tem acompanhado este crescimento com o lançamento constante de novas marcas no mercado. Os vinhos com maior procura são os vinhos do primeiro tercil de preço (mais baratos), sendo que, mesmo assim, existe também procura para vinhos do segundo e terceiro tercil.

Sim, as preferências principais a destacar são os vinhos portugueses, em especial do Alentejo. Os vinhos tintos são os preferidos. As bebidas alcoólicas são das categorias com uma pauta aduaneira mais alta, existindo, por isso, um reflexo nos preços a que os produtos chegam ao consumidor. Os novos projectos vitivinícolas, a surgir no País, certamente que influenciarão positivamente os preços. Sim, o crescimento traz estabilidade e influencia o aparecimento cada vez mais visível da classe média, sendo esta a classe

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Distribuição em Expansão • Outubro 2013


que começa a consumir vinho mais regularmente. Todos os dias sentimos nas lojas Kero esse mesmo crescimento. Com o aumento do consumo e do conhecimento por parte dos clientes, é natural que passe a existir um aumento de procura de produtos de qualidade superior. Para tal, o Kero tem contribuído no desenvolvimento de acções de degustação, promovendo o contacto dos enólogos com o público em geral, sendo acções relevantes para a troca de experiências e aumentando a descoberta de novos vinhos por parte dos clientes. Tem uma grande importância. No Kero procuramos comunicar, divulgar e dar a conhecer ao consumidor o vinho através de espaços dedicados ao mesmo. Para além disso, divulgamos estes artigos em folhetos, promoções em TV e feiras dedicadas à temática do vinho. As lojas Kero promovem cada vez mais acções de degustação para que o cliente tenha oportunidade de conhecer os vinhos que estão no mercado e as novas marcas que são lançadas. Tem um papel importante na medida em que, conforme já referido, com o crescimento cada vez maior de uma classe média, com naturalidade existirá um aumento de procura de restaurantes, hotéis, bares por parte dos consumidores, fazendo com que aumente também a procura de vinhos nestes espaços. A distribuição moderna, e o Kero em particular, é cada vez mais o palco por excelência para a venda do vinho, quer pela

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3 4 5 director comercial da DCG

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Filipe Guilherme,

gestor de produto da Líquida Alcoólica do Kero

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Basicamente o mercado é aquilo que os consumidores são e, no caso dos vinhos, nota-se que o consumidor angolano tem evoluído muito e muito rapidamente. É um consumidor mais conhecedor e com padrões de exigência cada vez mais altos. Esta evolução abre boas oportunidades de crescimento para as empresas que tenham marcas de maior qualidade e notoriedade. E aqui destacam-se os vinhos portugueses, mas também temos de reconhecer que Portugal tem sido o país que mais tem apostado na divulgação das suas marcas no mercado angolano. As oportunidades de crescimento estão cá, não só para os vinhos portugueses, mas também para os vinhos de outros países produtores que considerem Angola como um país estratégico. Neste momento, os consumidores angolanos compram em todas as faixas de preço. Existem clientes DCG para quem o n.º 1 de vendas em valor é o JP, um vinho de entrada de gama, e o n.º 2 é um topo de gama, o Quinta da Bacalhôa, um vinho seis vezes mais caro. Vinhos alentejanos e da península de Setúbal, tintos, com graduação entre 14 e 15 graus. São de facto um pouco mais caros devido à carga fiscal e aos custos de transporte. Sem estes dois factores, os preços estariam ao mesmo nível dos preços praticados, por exemplo, em Portugal. Sem dúvida. O consumidor começa a ter maior capacidade financeira, a ser mais conhecedor, a exigir produto de maior qualidade e a procurar espaços onde possa ter uma boa experiência de compra e de consumo. É um processo gradual. O consumidor, ao tornar-se mais exigente e conhecedor, irá adaptar-se a uma nova realidade de consumo de produtos de maior qualidade. É uma transição que não se faz da noite para o dia, demora anos. As boas notícias são que este processo está a ser bastante mais rápido com o consumidor angolano do que foi com o consumidor português, por exemplo. O trabalho a fazer é de parceria entre todas as entidades no sentido de continuar a proporcionar mais informação ao consumidor e vinhos de maior qualidade ao mercado. Bastante importante por duas vias. A primeira é que tem um efeito indirecto de estabilização de preços de venda através das menores margens de comercialização praticadas e da forte activi-

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Nelson Abreu,

variedade que apresenta, quer pelos preços muito competitivos e ainda pelo conforto de compra que proporciona aos nossos clientes. A área informal apresenta um número menor de referências/ marcas. A nossa experiência diz-nos que o consumo é generalizado a todo o País. Podemos porventura afirmar que no interior a sensibilidade ao preço aumenta face às províncias de maior densidade populacional. Será necessário continuar a formar pessoas que trabalhem com os vinhos para que sejam cada vez mais conhecedores, permitindo-lhes sugerir e acompanhar as necessidades e procura dos clientes. No entanto, estamos a assistir a uma melhoria constante do nível de serviço apresentado na restauração. Os aumentos da pauta aduaneira, ainda mais numa categoria que tem uma pauta das mais elevadas, podem vir a contribuir para um menor crescimento do mercado do vinho no País. Mas se a mesma for acompanhada com um aumento da produção vitivinícola, poderá contribuir para o desenvolvimento do mercado e da economia nacional. No Kero, vamos continuar o trabalho desenvolvido até aqui. Comunicar cada vez mais e promover cada vez mais vinhos. Um mercado cada vez mais maduro, em crescimento e com um consumidor cada vez mais exigente.

dade promocional, permitindo que o consumidor efectue compras a preços mais competitivos, e a segunda é por permitir que o consumidor consiga aceder a uma gama mais alargada de produtos, regiões demarcadas, diferentes países, num único sítio, funcionando como uma montra, sendo, também, um óptimo veículo de divulgação. É um bom veículo de divulgação principalmente para as gamas de topo e superiores, e produtores de maior notoriedade. Acabam por estar bastante interligados. Ao contrário de outras categorias onde existem estratégias definidas para o mercado informal (marcas, packaging, unidades/g/ml por embalagem diferentes), podemos encontrar algumas referências de vinho bem implementadas nos dois mercados. No sector das bebidas, em geral, é difícil fazer essa separação. Bastante, embora não seja diferente do que acontece noutras categorias. Angola, principalmente Luanda, tem neste momento restaurantes que faziam óptima figura em qualquer parte do mundo. Também é um sector que está a evoluir muito rapidamente. Prejudicaria mais os consumidores.

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Mais e melhores restaurantes e lojas de distribuição moderna são muito importantes porque permitem o acesso fácil a vinhos de maior qualidade. No entanto, o foco deve ser no consumidor, nomeadamente na sua capacitação para o consumo de vinhos. A formação e a informação são fundamentais. O que tem sido feito até agora por todas as entidades envolvidas, nomeadamente as ligadas aos vinhos portugueses (institutos, associações, produtores, distribuidores, etc.), tem sido bem feito. De salientar ainda o trabalho da Embaixada de Portugal, que, na pessoa do seu embaixador, tem sido incansável na ajuda da promoção dos vinhos portugueses. Temos é de ter em linha de conta que os resultados não são imediatos. Angola tem todas as condições para ser um grande consumidor de vinhos de qualidade a nível mundial. Gostaria de, no futuro, ver Angola também como um grande produtor de vinhos. Isso, sim, seria a cereja em cima do bolo.

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distribuição /Vinhos em Angola

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É um mercado com um enorme potencial, cada vez mais o consumidor angolano é mais exigente e cada vez consome mais e melhor. Existe procura para a generalidade dos segmentos de preço, mas claro que o potencial que existe para os vinhos “topo de gama” é muito significativo quando comparado com Portugal, por exemplo. Mais do que o preço, o consumidor valoriza muito a marca e pretende vinhos honestos e que lhe garantam uma óptima segurança na qualidade. O consumidor tem preferência por vinhos tintos, muito frutados, com bastante estrutura, mas com taninos suaves, daí Portugal e o Alentejo, em particular, gozarem de alguma preferência. Diria que os vinhos, de uma forma geral, não são baratos quando comparados com outras categorias, como a cerveja, mas neste momento existem marcas de vinho com preços bastante competitivos e que permitem que o consumo do vinho seja uma realidade em quase todas as tipologias de consumidor. Claro que sim. Os mercados emergentes com economias florescentes têm perfis de evolução de consumo muito semelhantes e onde algumas categorias, de entre as quais o vinho, têm uma importância significativa. Os novos hábitos consumo de vinho tendem a ser estendidos a uma generalidade da população à medida que o seu poder aquisitivo vai progredindo. Logo, sem dúvida que, para nós, Adega de Borba, Angola é um mercado estratégico, juntamente com outros países emergentes como o Brasil, a China e a Rússia. O consumo de vinhos de maior qualidade anda a par do maior conhecimento sobre os vinhos e com o aumento de rendimento disponível. Desta forma, sem dúvida que, no médio prazo, sendo o consumidor cada vez mais esclarecido em relação aos vinhos, nomeadamente os de Portugal, e com a melhoria das condições e alargamento da classe média, o consumo de vinhos de qualidade vai certamente aumentar. É um canal de grande importância, com volumes de vendas muito significativos, essencialmente no que concerne a vinhos de maior qualidade. O canal Horeca é, essencialmente, trend setter, ou seja, é muito importante para reforçar o posicionamento das marcas e ajuda

3 4 5 Manuel Rocha,

presidente da comissão executiva da Adega de Borba

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É um mercado onde o consumo de vinho tem vindo a crescer, acompanhando a evolução da economia do País, com um crescimento da exigência por parte do consumidor. Todas as faixas de preços apresentam crescimentos em Angola, variando o preço de acordo com o canal de distribuição e ocasião de consumo. Angola é um mercado onde claramente os vinhos portugueses são os preferidos pelos consumidores, em particular os vinhos tintos. No que diz respeito ao preço, a oferta é bastante alargada, existindo vinhos para todos os escalões. No caso dos nossos vinhos, disponibilizamos a quase totalidade do portfólio: desde o JMF, um vinho de entrada de gama, até ao José de Sousa Mayor ou Periquita Superyor, vinhos de um preço mais elevado. Angola é claramente um mercado-chave para os vinhos portugueses em geral, e em particular para a José Maria da Fonseca, pelo que o crescimento sustentado da sua economia é sempre benéfico. Apostar nos segmentos de maior valor acrescentado através da promoção de eventos vínicos que promovam o contacto com vinhos premium, assim como formação ao nível dos vários interlocutores com o consumidor. A distribuição moderna é um canal em grande crescimento em Angola e importante, não só em termos de disponibilização de um portfólio alargado de vinhos como também da promoção de feiras de vinhos que promov<m provas junto dos consumidores.

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a fazer tendências. Em Angola, e particularmente em Luanda, existe um conjunto de restaurantes com cartas de vinhos muito bem estruturadas, e com um serviço de vinhos de excelência que muito dignifica os nossos vinhos. O mercado informal é muito importante na maior parte dos bens de consumo, também não sendo de desprezar no que respeita à categoria dos vinhos. Logo, é também muito importante poder ter uma estratégia que permita alcançar este canal. Os mercados estão centrados nos locais onde existem maiores oportunidades, logo é normal que Luanda tenha uma significativa importância. No entanto, creio que, no médio prazo, as demais províncias terão um grande potencial, e sem dúvida serão mercados de vinho de grande relevância. Sim, como já referi, existem restaurantes fantásticos, com cartas de vinhos muito bem estruturadas e com um serviço irrepreensível. Em qualquer mercado e categoria, o aumento de impostos afecta de forma directa o preço a que o consumidor final adquire os vinhos. Logo, e dependendo da elasticidade do mercado, vai haver invariavelmente uma alteração no perfil de consumo, e normalmente a repercussão será na redução do consumo quer em volume quer em valor. A restauração e a distribuição moderna já têm vindo a desenvolver um papel fundamental nos últimos anos, no sentido de terem disponível um conjunto significativo de marcas de vinhos portugueses. Estou certo de que, a abertura de mais lojas e restaurantes, quer em Luanda, quer nas províncias, vai ajudar a que uma fatia da população possa cada vez mais ter contacto com os vinhos portugueses. Sou muito optimista em relação ao mercado de vinhos em Angola e estou certo de que há bastante espaço para um crescimento sustentável no consumo. Cada vez mais, o consumidor é esclarecido, aposta em marcas seguras e de renome, que aportem uma qualidade reconhecida e premiada, pelo que sem dúvida que as minhas expectativas são muitas em relação ao potencial que Angola encerra em respeito ao mercado dos vinhos.

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Este é um canal extremamente importante na construção de marcas de valor acrescentado, de um segmento mais premium, juntamente com as garrafeiras, e que se encontra maioritariamente concentrado nas grandes cidades. O mercado informal é o canal de maior peso das vendas no mercado angolano, devido sobretudo à distribuição capilar que apresenta em todo o país e em todas as províncias. No que diz respeito às exportações, o porto de Luanda continua a ser o preferencial, pelo que a maioria das vendas continua a ser centralizada a partir de Luanda. No entanto, as províncias têm apresentado crescimentos significativos. Temos vindo a assistir a um aumento dos eventos vínicos neste sector, nomeadamente ao nível da formação, o que claramente demonstra que este é um canal que está a apostar no aumento da sua profissionalização. Sem dúvida, pois tornará os vinhos menos competitivos e menos acessíveis ao consumidor angolano. Continuar a apostar em provas de vinhos de valor acrescentado que permitam ao consumidor contactar com vinhos de maior qualidade, em ambos os canais. Apostar na formação dos profissionais do sector, de forma a melhor esclarecer os consumidores. Continuará a crescer, embora a um ritmo não tão acentuado, novos concorrentes entrarão no mercado, nomeadamente os vinhos estrangeiros, e, fruto desse aumento de escolha, o consumidor tornar-se-á ainda mais exigente e selectivo.

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Distribuição em Expansão • Outubro 2013

Patrícia Sousa

marketing & sales area manager da José Maria da Fonseca



leituras

/livros

Saber trabalhar melhor

O Autores: Mark Goulston Editora: Actual Editora Língua: Português Págs.: 192 Ano: 2013 Preço: 12,51 € (1600 Kz)

autor defende que nos locais de trabalho das empresas há muitos comportamentos prejudiciais, que podem pôr em risco o trabalho, as carreiras e a reputação de quem trabalha. Como exemplo destes comportamentos, temos pessoas com dificuldade em delegar trabalho ou com medo de aprender coisas novas, o que pode gerar frustrações, confusão e até sentimentos de culpa. E isto pode arruinar uma carreira de sucesso, independentemente do grau de inteligência ou de qualificações dos colaboradores em causa.

O Poder do Marketing no Ponto de Venda – Guia essencial para vender mais & melhor

Autor: Robert Liljenwall Editora: Top Books Língua: Português Págs.: 338 Ano: 2013 Preço: 19,99 € (2555 Kz)

E

sta edição do livro O Poder do Marketing no Ponto de Venda, da co-autoria de Robert Liljenwall, apresenta uma das obras mais importantes publicadas na área do marketing aplicado no ponto de venda. Este manual para vender mais e melhor cobre todos os aspectos do marketing no sector do retalho, tanto teóricos como práticos, desde o planeamento até à avaliação de campanhas de publicidade no local de venda (PLV), passando pela fase criativa e pela fase de produção e de implementação, não deixando de lado temas tão importantes como o comportamento do consumidor no ponto de venda, as novas tecnologias no retalho e a sinalética digital.

#48

Distribuição em Expansão • Outubro 2013



novidades

Conheça os mais recentes lançamentos de produtos nestas páginas da Distribuição em Expansão

Iogurte Danone para toda a família A Angoalissar lançou no mercado nacional dois novos sabores do iogurte Danone. Morango e mix de frutos (maracujá, morango e pêssego) são as duas novidades que já estão disponíveis em packs de 6 unidades de 100 gr. cada uma. Mais cremoso, esta novidade da Danone que se diferencia de outros produtos lácteos pela sua qualidade e forma de fabrico, é uma verdadeira fonte de proteínas, cálcio e vitaminas.

Nespresso lança cafés mais intensos Os novos Grands Crus Kazaar e Dharkan elevam o café Nespresso a um novo nível de intensidade que transcende todos os níveis já alcançados no plano sensorial. Envoltos em toda a inovação Nespresso, os nossos coffee specialists foram capazes de ultrapassar os limites da escala de intensidade Nespresso (escala de 1 a 10) com os exóticos Kazaar e Dharkan. Kazaar (12) e Dharkan (11) vêm reforçar a variedade permanente de cafés intensos Nespresso juntando-se a Ristretto (intensidade 10), Arpeggio (intensidade 9) e ao Roma (intensidade 8). Kazaar deriva de uma mistura audaciosa de dois Robustas do Brasil e da Guatemala especialmente preparados para a Nespresso e de um Arábica da América do Sul, torrados separadamente. Para chegar à intensidade rica de Kazaar, os coffee specialists da Nespresso incluíram uma Robusta ‘Conillon’ de grande qualidade, proveniente do Brasil, nunca antes utilizada num Grand Cru e, neste caso, tratada como uma variedade Arábica

LG com novas máquinas e produtos Eco-Hybrid A LG Electronics exibiu recentemente na IFA 2013, Feira de tecnologia que decorreu em Berlim, a sua nova gama de Máquinas de Lavar Roupa com capacidade para 12 kg e as novas máquinas de lavar e secar Eco-Hybrid. As Máquinas de Lavar da LG com capacidade para 12kg são 40% mais eficientes do que outras máquinas LG A+++. Por outro lado, as novas máquinas de lavar e secar da LG, equipadas com a mais inovadora tecnologia Eco-Hybrid, oferecem um novo sistema de ar de secagem, além dos modos de secagem normais. Cada uma das configurações foi finalmente optimizada para alcançar níveis significativos de eficiência energética, poupando água e tempo.

iPhone 5 em modo S e C

O último beijo de Magnum Tiramisu é o último sabor do gelado que fecha a edição limitada e exclusiva da marca da Olá: Magnum 5 Kisses. Este “beijo” vem num sabor de gelado de mascarpone e molho de café com pedaços de bolo embebidos em café e pedaços de chocolate, sendo coberto no final com chocolate de leite. Inspirada na pastelaria francesa, a colecção Magnum 5 Kisses foi lançada a 14 de Fevereiro, dia dos namorados, como forma de celebrar o grande prazer da vida que é beijar. Desde essa altura, e ao longo do ano, a Magnum apresentou receitas inspiradoras como o Primeiro Beijo (sabor a Créme Brûlée), Beijo Apaixonado (sabor a Suspiro e Frutos Vermelhos), Beijo Sedutor (sabor a Gateaux de Chocolate) e Beijo Roubado (sabor a Tarte de Maçã).

A Apple apresentou as suas duas grandes novidades para o mercado de smartphones. A primeira coloca a empresa e marca criada por Steve Jobs no conceito mais baixo dos preços, com o lançamento do iPhone 5C. O novo smartphone vem em cinco cores - azul, branco, rosa, amarelo e verde - e é fabricado numa única peça de policarbonato, com um ecrã de 4 polegadas, processador igual ao do iPhone 5 e uma câmara de 8 megapixels. Já o iPhone 5S aparece nomercado com uma nova cor – Gold – além dos já habituais cinza espacial e silver. Equipado com o novo processadorA7, cuja performance, garante a Apple, é 40 vezes maior que a do primeiro iPhone, o 5S vem também equipado com o chip auxiliar, o M7. O sensor de impressão digital no botão “home” é a grande novidade do iPhone 5S, permitindo a impressão digital desbloquear o telefone e a autenticação de diversos recursos, como a compra de aplicações no iTunes e na App Store.

#50

Distribuição em Expansão • Outubro 2013



VIP

Very Important ProfEssional Barómetro dos Notáveis

Um painel de profissionais dará, mensalmente, a sua opinião sobre questões da actualidade colocadas pela redacção da Distribuição em Expansão. Trabalhadas, a posteriori, estatisticamente, ficará a saber o que os profissionais convidados pensam sobre determinado assunto, mas nunca de forma individual, mas em grupo

1. A gostinho Kapaia, Presidente do grupo Opaia 2. Aguinaldo Jaime, Jurista 3. Albano Lussati, Vice-presidente da UNACA, Confederação das Associações e Cooperativas de Camponeses de Angola 4. E stevão Daniel, Administrador da Refriango 5. Filipe Lemos, Presidente Executivo da LIDE Angola (Grupo de Líderes Empresariais) 6. G alvão Branco, Consultor empresarial da GB Consultores Reunidos 7. Gomes Cardoso, Presidente do Codex Angola, Comité Nacional para o Código Alimentar Angola 8. Jorge Baptista, Presidente da Associação dos Empreendedores de Angola (AEA) 9. J orge Coelho Pinto, Director da Jotil 10. José António Rousseau, Docente, Consultor e especialista em Distribuição Moderna 11. José Macedo, Director-geral da Lactiangol

12. José Severino, Presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) 13. J udith Correia, Administradora da FaciCredit 14. Luís Reis, Presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) 15. Luís Sambo, Jurista, Projecto Executivo para a Reforma Tributária 16. Luis Santos Moura, Conselheiro Económico e Comercial da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) 17. L uíz de Mattos, Director-geral da Alimenta Angola 18. Manuel Monteiro, Director da FertiAngola 19. M anuel Victoriano Sumbula, Administrador da Coca-Cola 20. Matos Cardoso, CEO da Feira Internacional de Luanda (FIL) 21. Manuel Lopes, Directora-geral da MAXI 22. P aulo de Carvalho, Director-geral da ScoreDistribuição

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Distribuição em Expansão • Outubro 2013

23. Paulo Trindade, CEO da Abacus, Consultora Imobiliária 24. Pedro Miguel Silva, Senior Manager da Deloitte Angola 25. Raúl Mateus, Sócio-administrador da Pomobel 26. Regina Santos, Pesquisadora do CEIC, Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola 27. Renato Azevedo, Presidente-executivo da Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola (AEBRAN) 28. Ricardo Gerigk, Delegado do Escritório da Economia Alemão em Angola 29. Rui Catalo, Administrador da Casa dos Frescos 30. Rui Malaquias, Docente e economista 31. Rui Miguel Nabeiro, Administrador da Delta-Cafés 32. Rui Santos, Presidente da Sistec 33. Victor Kavinokeka Paulo, Presidente da Câmara de Comércio e Indústria (Huambo)


VIP

1.

Angola regressou recentemente ao ranking da competitividade do World Economic Forum. Em sua opinião, Angola é competitiva enquanto económica?

2.

Em sua opinião, em que sectores a economia angolana devia apostar para se tornar mais competitiva?

a) Não a) Infra-estruturas gerais b) Sim b) Indústria alimentar c) Não, o modelo económicofinanceiro em que está assente a competitividade não atrai investimentos estrangeiros, excepto no petróleo

c) Comércio d) Logística e transportes

d) Não se pode querer que uma economia que teve em dificuldades até há pouco tempo se torne competitiva rapidamente

3.

A nova pauta aduaneira de Angola vai entrar em vigor em 1 de Janeiro de 2014. Em sua opinião:

4.

A ministra do Comércio, Rosa Pacavira, inaugurou recentemente a primeira fase do Centro Logístico e de Distribuição (CLOD), situado no km 28 do município de Viana.

a) Esta infra-estrutura é fundamental para apoiar todos os que intervêm na cadeia de abastecimento

a) Esta pauta já deveria estar em vigor há muito tempo b) É bom que entre em vigor de uma vez por todas

b) É uma infra-estrutura necessária, mas não em Viana. Traria mais benefícios se ficasse mais perto do Porto de Luanda

c) A entrada em vigor da nova pauta vem prejudicar a economia de Angola

c) Os maiores beneficiados com esta infra-estrutura serão os produtores nacionais

d) É imprescindível a entrada em vigor da nova pauta para proteger os empresários e a produção nacional

5.

A sul-africana SPAR anunciou a abertura da sua primeira loja dentro de um prazo de seis meses em Luanda.

d) O Executivo deverá apostar em mais CLOD espalhados pela periferia de Luanda

6.

Concorda com o Programa Meu Negócio, Minha Vida, que criará quiosques nos bairros destinados à venda de produtos alimentares e não alimentares como produtos agrícolas, hortofrutícolas, bebidas, flores, artigos de jardim, roupas, entre outros?

a) É mais um player internacional que vê em Angola um grande potencial b) É a resposta clara ao desenvolvimento que Angola está a viver c) Não acredito que a primeira loja SPAR abra dentro do prazo de seis meses d) Com tantos players internacionais a mostrarem intenção de entrar em Angola, nota-se, claramente, uma antecipação nessas mesmas entradas

a) Sim, é uma forma de ir formalizando o comércio b) Não c) Sim, desde que o comércio seja controlado e tenha regras d) É uma forma simples de retirar os vendedores da rua, mas que continua a não regular o comércio

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Distribuição em Expansão • Outubro 2013


afechar! Aliança entre Nestlé e Google O nome é Android KitKat, é o novo sistema operativo para smartphones da Google e a primeira associação deste tipo entre empresas das áreas tecnológica e alimentar. “Estamos muito contentes com esta aliança que nos ajudará a que mais fãs de KitKat desfrutem da sua pausa”, assinalou Patrice Bula, director de marketing da Nestlé, em nota de imprensa. Para apoiar este lançamento de Android KitKat, foram disponibilizados mais de 50 milhões de barritas KitKat em 19 mercados. Esta associação entre a Nestlé e a Google é o movimento mais recente da companhia alimentar com o objectivo de aproveitar a tecnologia digital e os conteúdos online para chegar mais fácil e rapidamente aos seus consumidores, ao mesmo tempo que tem a possibilidade de melhor ir ao encontro das suas necessidades e preferências.

China n.º 1 no e-commerce A China será o novo líder no e-commerce, ultrapassando os EUA, revela um recente estudo da Bain&Company, para o ano 2013. O mercado de e-commerce chinês terá crescido a uma taxa média de 71% de 2009 a 2012, contra os 13% dos EUA, prevendo-se que atinja os 530 mil milhões USD em 2015. Em 2012, as compras online efectuadas pelos chineses totalizaram 212,4 mil milhões USD, enquanto os EUA chegaram aos 228,7 mil milhões USD. O estudo da consultora revela ainda que mais de 70% dos consumidores chineses pesquisam e comparam preços, utilizando tanto as lojas físicas como virtuais, e mais de metade afirmou que o preço é o principal critério na hora de tomar uma decisão de compra. Outra conclusão do estudo é que dois terços das pessoas utilizam o telemóvel para obter informação sobre produtos que prevêem comprar.

Unilever compra T2 A Unilever adquiriu recentemente o negócio de chás australiano T2 por um valor não revelado. As vendas da operação T2 ascenderam a 57 milhões USD para o período de um ano, terminado em 30 de Junho de 2013. Kevin Havelock, presidente da Unilever para os refrigerantes, referiu, em comunicado: “A T2 é o negócio de chá premium com maior crescimento e com enorme potencial. A Unilever é a maior companhia de chá do mundo com a marca Lipton, disponível em mais de 70 países. Esta operação permitir-nos-á beneficiar da escala e acesso a novos mercados.” A T2 opera, actualmente, 40 lojas.

Tesco aposta no self-scanning O maior retalhista britânico está a definir a sua estratégia tecnológica com a introdução do sistema self-scanning para os shoppers. Numa entrevista ao Planet Retail, Mike McNamara, CIO da Tesco, refere que o objectivo passa por colocar à disposição do cliente a possibilidade de utilizar o seu smartphone para fazer o scan na loja, podendo depois pagar numa unidade exclusiva. McNamara admite, contudo, que “esta tecnologia só terá sucesso, se os clientes conseguirem pagar as suas compras através de smartphone, evitando assim os checkouts. Esta é a solução perfeita para as lojas com grande afluência de pessoas, especialmente nos centros da cidade”.

Cartier abre nova loja em Lisboa A Cartier abriu recentemente uma nova flagship em Lisboa, mais concretamente no edifício Étoile 240. A loja totaliza uma área de 575 m2, tendo sido projectada pelo arquitecto francês Bruno Moinard, responsável pelo design de interiores e arquitectura de todos os espaços da Cartier no mundo. Além do espaço ocupado pela marca de joalharia, o edifício Étoile 240, que foi totalmente remodelado, oferece ainda 1800 m2 de escritórios para arrendar. Segundo Isabella Jurado-Blanco, associate do departamento de retalho da Cushman & Wakefield, “a arquitectura elegante, a localização de excelência e as montras de grandes dimensões foram os factores decisivos da Cartier”.

Crescimento do comércio internacional revisto em baixa

A Organização Mundial do Comércio (OMC) reviu, recentemente, em baixa o crescimento do comércio internacional para 2013 e 2014. O director-geral do organismo, Roberto Azevedo, confirmou as indicações dos analistas da OMC para 2013, que prevêem uma baixa do crescimento para 2,5%, contra a evolução de 3,3% antecipada inicialmente. As trocas comerciais para 2014 também não deverão crescer tal como previsto, já que o valor estimado de 5,5% baixa agora para 4,5%. O responsável máximo da OMC admitiu que a razão principal está na União Europeia e na expectativa de que a economia dos 27 iria recuperar no segundo trimestre de 2013, situação que não se verificou. O director-geral brasileiro, que assumiu funções no início de Setembro de 2013, indicou que os analistas esperavam uma “recuperação mais rápida da economia europeia”, mas, em vez disso, a UE “bateu no fundo” entre Abril e Junho do presente ano.

#54

Distribuição em Expansão • Outubro 2013



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