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7. O bem do r e in o

da educação profissional e dos bens produzidos pela nação. Diz a Bíblia que “ quando os justos se engrandecem o povo se alegra...” , e que “ o rei que julga os pobres conforme a verdade, firmará o seu trono para sempre” (Provérbios 29:2, 14). E ainda: “ Como ribeiros de águas é o coração do rei na mão do Senhor; a tudo o que quer o inclina” (Provérbios 21:1).

Um bem econômico. O reino de Deus é também um bem econômico, e é imensa a transformação que ele opera na área da economia. A graça divina, que é a força motriz do reino de Deus, nos ensina a sermos mordomos fiéis de tudo o que recebemos, ou pouco ou muito. O sinal da nossa submissão a Deus — de nós mesmos e de tudo o que possuímos — é o dízimo que entregamos com alegria, confessando assim que o Senhor tem o controle também sobre os nove décimos que conservamos. Há algo inspirador registrado na Bíblia acerca dos que repararam a Casa do Senhor nos dias de Joás: “ Não pediam contas aos homens em cujas mãos entregavam aquele dinheiro, para o dar aos que faziam a obra, porque agiam com honestidade” (2 Reis 12:15).

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E imensa a transformação que o reino de Deus opera na área econômica. Um novo convertido, entusiasmado com a sua nova fé, falava do poder transformador de Jesus, e citou o milagre de Caná da Galiléia, em que Jesus transformou a água em vinho. Quando um dos ouvintes disse que não acreditava naquele milagre, o novo crente levou esse amigo à sua própria casa, que antes da sua conversão era um atestado de miséria, e disse ao amigo: “ Se você não acredita que Jesus transformou água em vinho, acredite pelo menos que ele transformou cachaça em móveis, e cigarros em comida” .

Um bem nacional. O reino de Deus é, também, um

bem nacional. A Bíblia afirma: “ Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo que ele escolheu pa ra sua h e r a n ç a ” (S a lm o 3 3 :1 2 ). H o m e n s que governam, legislam e administram justiça sob a égide do reino de Deus só podem trazer bênçãos a toda a sua nação.

Stanley Jones conta um testemunho interessante. Um engenheiro indiano, recém-convertido ao cristianismo, foi enviado pelo governo de seu país ao Japão a fim de realizar vultosa compra de material ferroviário. Os japoneses fizeram de tudo para suborná-lo com dinheiro e mulheres, e assim venderem material inferior pelo p re ço de m ateria l de p rim e ira q u a lida d e. M as o engenheiro permaneceu insubornável, e isso poupou a índia de um prejuízo de dezenas de milhões de dólares.

Falando de corrupção no Brasil, um amigo meu, empresário bem informado, disse que a corrupção custa anualmente à nação brasileira cerca de cém bilhões de dólares. Quanto dinheiro, que deveria ser empregado na construção de escolas, de moradias, de hospitais, e de melhores estradas, não vem sendo crim inosam ente desviado! Por ocasião da construção da ferrovia do aço, tomei conhecimento de que muitos sub-empreiteiros se enriqueceram desonestamente, cobrando quatro ou cinco vezes mais o custo, por exemplo, de um caminhão de terra que retiravam das escavações.

A Bíblia e a história destacam a atuação de homens tementes a Deus, que foram uma verdadeira bênção nacional. José, Davi e Daniel são, talvez, os exemplos mais clássicos mencionados nas Escrituras. O primeiro deles foi provado pelo ódio e desprezo dos próprios irmãos, vendido como escravo, caluniado pela esposa de Potifar, e ao final lançado na prisão, de onde saiu

diretamente para governar a maior nação de seu tempo. Foi ele uma grande bênção para o Egito, para os povos vizinhos, e para a própria nação israelita ainda no seu nascedouro.

Oito séculos depois de José, surge Davi, o nosso segundo exemplo. Toda a nação israelita foi abençoada sob o governo daquele que foi chamado o homem segundo o coração de Deus.

Por ú ltim o, D aniel, exilado na B abilônia, fo i o instrumento de Deus para abençoar, com o seu poderoso testemunho, dois grandes impérios, o dos caldeus, e o dos medos e persas. Sendo uma bênção na posição de governador nesses impérios, ele foi também uma bênção pra os de sua própria nação, os judeus, e para todas as gerações fu tu ras de cren tes, graças às rev ela ções proféticas que ele nos legou.

Um bem internacional. Finalmente, o reino de Deus é o nosso bem internacional. Diplomatas que buscam primeiro o reino de Deus acabam levando às nações onde servem como cônsules, embaixadores e às vezes como mediadores em conflitos ideológicos ou territoriais, as benesses do reino de Deus. Como pacificadores, eles afastam o fantasma da guerra e estabelecem um clima de paz e de harmonia entre os povos.

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A harmonia do reino

OMENTE NO REINO de Deus uma pessoa \ pode desfrutar harmonia total com tudo e com todos. A progressão dessa harmonia está em Tito 2:12, que afirma: “ Ela [a graça] nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas, para que v iv a m o s n este p r e s e n t e sé c u lo s ó b r ia , ju s t a e piedosamente” .

Harmonia íntima

A primeira coisa que ocorre a uma pessoa que entra no reino de Deus é a sobriedade, que vem a ser a sua h a r m o n iz a ç ã o ín tim a , que p r o d u z um a v id a de temperança, de domínio próprio, de autocontrole. O recém-convertido deixa de lutar contra si mesmo, e depõe as armas.

A vida longe de Deus, ou fora do reino, é uma vida dissoluta. O filho perdido, ou pródigo, longe da casa do pai, ia “ v iv e n d o d is s o lu t a m e n te ” (L u ca s 1 5 :1 3 ). Literalmente, caía aos pedaços, se dissolvia espiritual, moral e fisicamente. A sua vida já não possuía nem alicerce nem cimento interior. Batido pelas tempestades da vida, a sua casa interior e exterior ruíram fragorosamente.

É tendência nossa contrapor ao irmão mais novo a figura do irmão mais velho, que permanecia em casa. Mas este também era pródigo num sentido talvez ainda mais profundo que seu irmão mais novo. Aquele pecava na carne, e este, no espírito.

Os pecados da carne parecem ser mais repugnantes que os do espírito, e mais depressa recebem a nossa condenação. Estamos sempre prontos a afastar de nosso relacionamento pessoal e da comunhão da igreja os que pecam na carne, com o os adúlteros, os ladrões, os h om icid a s, mas não sabem os o que fa ze r com os invejosos, os mexeriqueiros, os maldizentes, os que não amam, os legalistas. Esses pecados são tolerados porque aparentemente — e só aparentemente — não degradam a pessoa. São pecados ditos respeitáveis. Mas foram pecados desse tipo que deixaram o irmão mais velho do lado de fora da festa. Diz a Bíblia: “ Mas ele se indignou, e não queria entrar...” (Lucas 15:28-30).

Quando Jesus disse que prostitutas e outras classes de pecadores precederiam os religiosos israelitas no reino de D eus, ele esta va a firm a n d o que é m ais fá c il arrepender-se dos pecados da carne do que dos pecados do espírito. Zaqueus e Madalenas, tanto dos dias de Jesus como dos nossos, continuam chegando primeiro ao reino de Deus do que aqueles que se vestem de uma capa de religiosidade e de boas obras, e que acabam se tornando refratários ao apelo do arrependimento e à entrega total de sua vida a Deus.

Harmonia com o próxim o

A ju s t iç a , p o r sua v ez, diz r e s p e it o ao n o s s o relacionamento com o próximo. Quem é o meu próximo?,

perguntou um fariseu a Jesus, e este, como resposta, contou a linda parábola do samaritano, que através dos séculos tem inspirado muitos à prática da filantropia e promoção social.

Na parábola, temos interessantes tipos das religiões ju d a i c a e pagãs. E sta s, nas p e s so a s de seus representantes, ao verem o moribundo à beira da estrada, passaram “ de largo” , não desejando, assim, sujar as mãos em socorro do pobre homem. Mas o samaritano, que representa Jesus, ao ver o homem ferido, enche-se de compaixão por ele, aproxima-se dele, faz-lhe os devidos curativos, o conduz com segurança a uma estalagem, e ali cuida dele.

E assim que Jesus nos dá o exemplo maior de praticar neste mundo a justiça social. Quando possuímos harmonia íntima, então podemos harmonizar-nos com o nosso próximo. Já não alimentamos nenhum sentimento de inimizade, de segregação racial, social ou cultural. Passamos a ver todas as pessoas como Deus as vê, e a amá-las como Deus as ama.

Harmonia com Deus

O resultado da sobriedade e da justiça é a piedade, que significa a nossa harmonia com Deus. O reino de D eus, em sua to ta l a b ra n g ê n cia , nos h a rm o n iz a primeiramente conosco, depois com as demais pessoas, e, ao final, com Deus.

Esse novo relacionamento com Deus, que Paulo coloca depois da sobriedade e da justiça, é na verdade o primeiro fruto da presença do reino de Deus em nós. Como na carta a Tito o apóstolo está tratando dos frutos do cristianismo em nós, já como cristãos, ele modifica essa

ordem . U nindo essas três virtudes em um círculo, teríamos que começar com a piedade em se tratando de descrentes, passando pela sobriedade e terminando na justiça; e, em se tratando de crentes, como está na carta a Tito, começamos com a sobriedade e terminamos com a piedade.

Esse novo relacionamento com Deus está expresso em Apocalipse 21:7: “ Quem vencer herdará todas as coisas, e eu serei seu Deus, e ele será meu filh o” . Quando recebemos o reino de Deus, passamos imediatamente do alheamento dele para a bendita condição de um filho dele.

Harmonia com a criacão .s

Lamentavelmente, o comportamento predador do h om e m tem ca u sa d o p r o fu n d a s t r a n s fo r m a ç õ e s ecológicas em nosso planeta. Espécies valiosas de peixes estão sendo exterminadas pela poluição de rios e mares. Em conseqüência do uso indiscriminado de inseticidas, várias espécies de aves estão morrendo envenenadas nas lavouras de muitos países. Os zoólogos registram que as aves dodo, que habitavam as ilhas Maurício, foram dizimadas por marinheiros europeus no século dezoito. As moas, aves gigantes da Nova Zelândia, o boi auroque, da E u ro p a , e n u m e r o s o s o u t r o s a n im a is fo ra m exterminados pela ação nefasta do homem vivendo em desarmonia com a criação de Deus.

Em nossos dias estão am eaçados de ex tin çã o o rinoceronte de Java, o leopardo nebuloso, o orangotango, o búfalo anão da Indonésia, a ariranha e o cervo da p a n ta n a l, da A m é r ic a do Sul. A ca u s a do d e s a p a r e c im e n t o de ta n ta s e s p é c ie s e stá na

transformação do habitat natural de plantas e animais, que sofre desnecessariam ente a agressão humana. Apesar dos esforços de instituições internacionais, florestas, lagos e rios continuam a ser arrasados ou profundamente modificados, trazendo preocupações a muitos cientistas no que diz respeito ou futuro da vida neste nosso planeta.

A Bíblia, referindo-se às obras da criação, afirma que Deus, ao criar todas as coisas, viu “ que tudo era b om ” . Mas por causa do pecado a criação ficou sujeita à vaidade, “ não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Pelo que sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora” (Romanos 8:20-22). A palavra vaidade, além de ter a idéia de futilidade, pode ter o sentido de adorar deuses falsos, indicando que a natureza ficou sujeita às forças do maligno.

Segundo o conhecido teólogo inglês John Stott,

O homem pode comportar-se como Deus, em cuja imagem foi feito, e ao mesmo tempo como os animais referente aos quais está chamado a ser distinto. Em um momento pode elevar-se às alturas do heroísmo, e no momento seguinte submergir nas profundidades do egoísmo e da c r u e ld a d e . E o in v e n to r de tem p lo s e u n iv e r s i d a d e s , h o s p ita is e o r fa n a to s , monumentos e museus, mas é também o inventor de bombas de hidrogênio, câmaras de tortura e ca m p os de c o n c e n t r a ç ã o . Q ue e s tr a n h o paradoxo !(29)

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