Revista CI 37ª Edição

Page 1

Revista de Cosmetologia e Ingredientes CosmĂŠticos | 1


2 | Revista de Cosmetologia e Ingredientes CosmĂŠticos


Revista de Cosmetologia e Ingredientes CosmĂŠticos | 3


CI - Cosmetic Ingredients ® Revista de Cosmetologia e Ingredientes Cosméticos Edição 37

Índice 6 Desodorantes e Antiperspirantes 1 0 Eficácia Desodorante e Antiperspirante 1 6 Nano e Biotecnologia 1 7 Regularização

Diretor Geral Maurício Gaspari Pupo mauricio@innedita.com Editor Chefe Maurício Gaspari Pupo mauricio@innedita.com Redatores Jelena Cvijic Roberta Rigon Flávio Castilho Claudia Meirelles Projeto Gráfico Thiago Gimenez Mota thiago@innedita.com

1 8 Dados do Mercado 2 0 Mercado de Desodorantes e Antitranspirantes 2 2 Alunos do IPUPO em Mônaco 2 3 Paris Recebe Alunos do IPUPO 2 4 Fotoprotetores Naturais

Editoração José Messias de Oliveira Diretor Comercial Neto Montagnini neto@innedita.com Marketing Hugo Campos marketing2@innedita.com Anúncios marketing@innedita.com Assinaturas vendas1@innedita.com Website www.innedita.com

2 7 Bromidrose 3 0 Hiperidrose focal 3 3 Caderno Técnico 3 4 Clareamento Axilar 3 6 Cosmacol® ELI e DeoPlex®

Tiragem 2.000 exemplares

3 8 Reach® 301 Assinatura 6 (Seis) exemplares anuais. Brasil R$ 150,00 Exterior US$ 100,00 80,00

3 9 Reach® AZO-956 G 4 0 Rezal® 36GP 4 1 Zetesol® ZN

Av. Francisco Glicério, 2.331 - Jd. Guanabara - Mezanino CEP 13013-101- Campinas - SP - Brasil Fone/Fax: +55 19 3736.6870 www.innedita.com

Não é permitida a cópia ou a reprodução total ou parcial desta revista prévia autorização. A reprodução dos artigos e das ilustrações publicadas é reservada e não pode ser feita e nem traduzida sem autorização prévia. Os artigos enviados a redação e que não sejam publicados não serão devolvidos. A CI - Cosmetic Ingredients® não se responsabiliza pelas informações enviadas e nem por eventuais erros no conteúdo dos artigos publicados e enviados bem como dos anúncios contidos nesta edição. A CI - Cosmetic Ingredients® não se responsabiliza por informações e opiniões emitidas em matérias assinadas, as quais são de exclusiva responsabilidade de seus autores. 4 | Revista de Cosmetologia e Ingredientes Cosméticos

4 2 Verochic® 4 3 DepilineTM e CapislowTM 4 5 CoffeeBios® 4 6 Segurança e Eficácia de Antiperspirantes 4 8 Filtros Solares Foram Detectados no Leite Materno e no Sêmen 5 8 Eventos


Revista de Cosmetologia e Ingredientes CosmĂŠticos | 5


IN FOCO

Desodorantes e Antiperspirantes Formação, Classificação e Papel do Suor

Apesar de os produtos desodorantes e antiperspirantes fazerem parte essencial na nossa higiene pessoal, essas formulações foram introduzidas no mercado no início do século XX, quando o odor corporal e a perspiração intensa começaram a ser considerados inconvenientes. Nessa época, também no mercado foram introduzidos os sais de alumínio para a redução da transpiração. Anteriormente, os perfumes eram utilizados para mascarar os odores corporais.

Sudorese: Um Processo Essencial para a Termorregulação A termorregulação é a capacidade de manutenção da temperatura corpórea dentro de certos limites, mesmo quando a temperatura do ambiente é diferente. Ela é realizada através de um conjunto de mecanismos e é essencial para a homeostasia. A temperatura corporal deve ser regulada de forma rigorosa, dentro dos limites fisiológicos de aproximadamente 37+/-1ºC por alguns motivos: • A cada elevação da temperatura em 1ºC, a velocidade das reações químicas aumenta em cerca de 10 vezes; ·• Todas as enzimas possuem uma temperatura ideal acima da qual sua atividade declina; • Geralmente, a maioria das pessoas apresenta convulsão quando a temperatura central excede os 41ºC, e a desnaturação das enzimas e outras proteínas se acelera acima de 42ºC, promovendo a morte celular. Um dos importantes mecanismos para a termorregulação contra o superaquecimento corpóreo é a sudorese. O processo de evaporação da água do corpo pode ser realizado através de dois mecanismos: pelas vias aéreas e pela superfície cutânea. Essa habilidade de transpirar até 1,8 l/hora permitiu a adaptação do ser humano a diferentes climas. Cada litro evaporado de suor significa 580 Kcal transferidas para o meio ambiente. A evaporação do suor promove esfriamento da pele e consequente redução da temperatura.

6 | Revista de Cosmetologia e Ingredientes Cosméticos

Legenda. Evaporação de suor e redução da temperatura.

Glândulas Sudoríparas: Definição e Diferenças A produção do suor em seres humanos ocorre nas glândulas sudoríparas écrinas e apócrinas. • As glândulas écrinas são distribuídas por toda a superfície da pele, sendo envolvidas na termorregulação através da produção do suor. Elas são mais numerosas e menores; • As glândulas apócrinas têm tamanho muito maior que as écrinas, e encontram-se localizadas nas axilas, abdome e região púbica, podendo ser encontradas nas áreas periorbital e periauricular, e estão relacionadas ao desenvolvimento sexual e formação de odor feromonal. Também foram definidas as glândulas apoécrinas – glândulas sudoríparas que se tornam aparentes na idade entre 8 e 14 anos. Elas são funcionalmente diferentes das glândulas apócrinas, localizadas somente na região axilar, contribuindo muito na transpiração dessa região. Elas se desenvolvem das glândulas precursoras écrino-like durante o período da adolescência.


IN FOCO Os achados histológicos confirmam que as glândulas écrinas são dominantes na derme, enquanto a maioria das apócrinas está localizada no tecido subcutâneo.

Características da Secreção Écrina e Apócrina O suor écrino é uma solução eletrolítica bastante diluída, composta por cloreto de sódio, potássio, amônia e bicarbonatos, além de substâncias orgânicas, como lactato e ureia. Essa solução hipotônica confere à pele um pH ácido (4,7 para os homens e 6,0 para as mulheres), desfavorável para a proliferação bacteriana. Essa solução, embora abundante, é muito diluída para originar o odor axilar. Por outro lado, o suor apócrino contém, além de água e cloreto de sódio, percentagens mais elevadas de proteínas, ácidos graxos, lipoproteínas e lipídeos que são um substrato para o crescimento bacteriano.

Legenda. Glândula écrina (imagem a) e glândula apócrina (imagem b).

O suor écrino, assim como o apócrino, é estéril e inodoro ao ser secretado. A formação de odores na superfície cutânea é realizada através da ação bacteriana sobre o suor apócrino, rico em substâncias orgânicas ideais para o crescimento bacteriano. O odor desagradável também pode ser formado em casos de hiperidrose, quando associada à maceração de queratina, principalmente na região plantar. Nessa região também pode ocorrer uma superinfecção bacteriana.

Revista de Cosmetologia e Ingredientes Cosméticos | 7


IN FOCO Controle da Secreção Écrina e Apócrina

Controle do Odor da Secreção

Sendo a termorregulação a função principal das glândulas écrinas, sua secreção é alterada em resposta a fatores térmicos, osmóticos, mentais e gustativos. O centro hipotalâmico que controla a secreção dessas glândulas nas regiões plantares e palmares é separado dos demais centros da secreção das glândulas sudoríparas. Esse ‘controle central’ dessas regiões é ativado, principalmente, por estimulação emocional ou mental, e muito menos por estimulação termorregulatória.

Ao ser secretado, o suor écrino e apócrino não apresentam odor, mas a ação bacteriana, a presença de fungos, a maceração de queratina ou superinfecções podem causar odor muito desagradável. As condições e patologias cutâneas, como hiperidrose (sudorese excessiva, muito superior à requerida para termorregulação normal) ou bromidrose (condição crônica caracterizada por sudorese e odor excessivo) requerem uma atenção especial em termos de redução e controle da sudorese e odor. Em geral, há três formas de redução ou controle do odor: 1. Redução ou inibição das secreções glandular; 2. Impedir o crescimento das bactérias; 3. Adsorver os odores corporais. Tendo suas ações e funções claramente definidas, há duas categorias diferentes de formulações: desodorantes e antiperspirantes.

Legenda. O controle da secreção das glândulas écrinas na região plantar é central, sendo ativado por estimulação emocional ou mental, e muito menos termorregulatória.

As evidências atuais sugerem que a secreção das glândulas apócrinas está sob controle do sistema nervoso simpático, com mecanismos periféricos regulados por catecolaminas. A presença dos receptores purinérgicos nas glândulas também indica que há outra via secundária, sudomotora, com envolvimento de nucleotídeos nas glândulas apócrinas.

Os desodorantes são formulações tópicas que inibem o crescimento microbiano na região de aplicação ou mascaram o odor das substâncias odoríferas presentes no suor. Um dos ativos desodorantes mais utilizados é o triclosan. Os antiperspirantes são produtos para a aplicação tópica que reduzem a quantidade de secreção das glândulas sudoríparas na zona tratada, inibindo a formação do odor desagradável do suor. Eles atuam reduzindo a secreção glandular, promovendo a formação de um tampão no ducto, alterando a permeabilidade do ducto aos fluidos e através de outros mecanismos. Os ativos antiperspirantes mais comumente utilizados são os sais de alumínio. Atualmente, há outras opções de ativos desodorantes, além dos tradicionais, como desodorantes enzimáticos, adsorvedores de odor, ou por meio de outros mecanismos.

Bibliografia 1

Nascimento, L. P., Raffin,R.P., Guterres,S.S. Aspectos atuais sobre a segurança no uso de produtos antiperspirantes contendo derivados de alumínio. alumínio.. Pharmacia Brasileira, v. 16, p. 66-72, 2004.

2

Wingfield Rehmus. Bromhidrosis. Disponível em: http://emedicine.medscape.com/ article/1072342-overview. Acessado em: 23/12/2010.

3

Robert A Schwartz. Hyperhidrosis. Disponível em: http:// emedicine.medscape.com/article/1073359-overview. Acessado em: 23/12/2010.

4

Scarff CE. Sweaty Sweaty,, smelly hands and feet. Aust Fam Physician. 2009 Sep;38(9):666-9.

5

Termorregulação. Disponível em:http://www.unirio.br/farmacologia/ a u l a s % 2 0 f i s i o l o g i a / m e t a b o l i s m o / ERMORREGULA%C3%87%C3%83O%202010%20aula%20%5BSalvo%20automaticame nte%5D%20%5BModo%20de%20Compatibilidade%5D.pdf. Acessado em: 23/12/ 2010.

Prof. Maurício Gaspari Pupo

Legenda. O controle da secreção das glândulas apócrinas está sob controle do sistema nervoso simpático.

8 | Revista de Cosmetologia e Ingredientes Cosméticos

Diretor da IPUPO Consultoria em Desenvolvimento Cosmético e Coordenador da Pós-Graduação e MBA em Cosmetologia do IPUPO em parceria com a Unicastelo. Editor Chefe da CI Cosmetic Ingredients Magazine.


Revista de Cosmetologia e Ingredientes CosmĂŠticos | 9


TESTES DE EFICÁCIA

Eficácia Desodorante e Antiperspirante INTRODUÇÃO Produção do suor

O suor humano é composto primariamente de água, com diversos sais e compostos orgânicos em solução. Ele contém quantidades mínimas de materiais gordurosos, uréia e outras excreções. O suor de outras espécies normalmente difere do humano em sua composição.

portanto, mais predispostas à produção de odores desagradáveis. Além disso, as axilas são o ambiente ideal para a proliferação de bactérias, por serem mornas e úmidas. Unindo estes dois aspectos, é possível entender como o odor indesejado associado à transpiração aparece mais nesta área, já que ele nada mais é do que o resultado da digestão da secreção pelos microorganismos.6

Em algumas áreas do corpo, as glândulas sudoríparas são modificadas para produzir secreções, como as glândulas sebáceas e mamárias. Nos humanos, existem dois tipos diferentes de glândulas sudoríparas que se diferem bastante na composição do suor e na sua proposta. As glândulas sudoríparas apócrinas são ativadas a partir da puberdade e, em geral, desembocam nos folículos polissebáceos (e onde também emergem os pêlos e as glândulas sebáceas, que produzem a oleosidade da pele). Distribuídas em locais específicos do organismo, como as axilas, região púbica e região peitoral, a atividade dessas glândulas é estimulada principalmente por fatores emocionais, como o medo, a apreensão e a dor. A secreção dessas glândulas possui aspecto “leitoso” (levemente esbranquiçado), sendo liberada em pequenas quantidades e em longos intervalos de tempo. Esta secreção contém proteínas, carboidratos, lipídeos e outras substâncias que vão servir de alimento para as bactérias que vivem na pele. 11 Consideradas as verdadeiras glândulas sudoríparas, as glândulas écrinas (Figura 1) são responsáveis por secreções incolores e inodoras, compostas por 99% de água. São ativas desde o nascimento e encontram-se espalhadas por todo o corpo, em maior quantidade nas palmas das mãos, nas plantas dos pés e nas axilas. São glândulas tubulares que desembocam diretamente na superfície cutânea, ativadas pelo calor e pelo estresse, podendo atingir uma produção de até 12 litros em 24 horas num organismo desregulado. Pelo predomínio tanto de glândulas sudoríparas apócrinas como écrinas, as axilas são locais com maior sudorese e,

10 | Revista de Cosmetologia e Ingredientes Cosméticos

Figura 1: Glândula sudorípara écrina

Apesar de ser um processo natural do organismo, a transpiração é sempre um tema delicado. Isso porque o assunto nos lembra a questão dos cheiros indesejados associados ao suor. Para entender como o mau-cheiro surge é necessário entender que na nossa pele existem uma série de bactérias. Muitas dessas bactérias “alimentam-se” das secreções eliminadas pelas nossas glândulas. Na transpiração, as bactérias decompõem a secreção de aspecto leitoso, rica em nutrientes, eliminada pela glândula sudorípara apócrina. Neste processo de decomposição, são geradas várias moléculas menores que


TESTES DE EFICÁCIA são responsáveis pelo aparecimento do mau-cheiro. Para evitar a formação dos cheiros indesejados, torna-se necessário diminuir o número de bactérias ou reduzir a eliminação da secreção produzida pelas glândulas sudoríparas. Para isso, os pesquisadores desenvolveram os desodorantes com o objetivo de eliminar as bactérias, controlar a transpiração e evitar o desconforto do mau-cheiro, sem trazer danos ao organismo.

Definição de Produto 1) Desodorantes: reduzem a formação do mau-cheiro através de sua ação bactericida (eliminam as bactérias); 2) Antiperspirantes: agem reduzindo a taxa de transpiração. Um produto antiperspirante é aplicado para reduzir a taxa de produção do suor no local da aplicação e, uma vez ocorrendo essa inibição, atua como um redutor do meio de cultura para bactérias potencialmente degradar e formar o mau cheiro, antiperspirante também pode ser chamado de desodorante. Por outro lado, um produto formulado para ter apenas a atividade de desodorante pode controlar o mau cheiro através da absorção ou inibição da atividade antibacteriana. Sua principal função é reduzir ou evitar o odor, algum nível de redução de suor e também controlar o mau cheiro. 6 Para um produto para ser rotulado como um antiperspirante, segundo o “Guidelines for Effectiveness Testing of OTC Antiperspirant Drug Products”, Monografia Final do FDA, 2004 o mesmo deverá demonstrar a sua capacidade de reduzir a produção de suor das axilas para um nível de mais de 20%, com significância estatística.1,2

Exigências Regulatórias A documentação de claim support é uma exigência para todos os tipos de produtos, incluindo produtos cosméticos. A globalização dos produtos fez com que a exigência da documentação de eficácia e segurança de um produto se tornasse cada vez mais importante uma vez que os mesmos podem ter de cumprir várias regulamentações diferentes. Na Europa, por exemplo, a diretiva européia exige que os produtos cosméticos tenham essa documentação para suportar os apelos a serem rotulados. Nos Estados Unidos essa exigência é basicamente a mesma, exceto para alguns produtos que são considerados medicamentos sem prescrição médica (Over the Counter - OTC). Produtos antiperspirantes estão nesta categoria nos EUA e apenas alguns ingredientes ativos previamente aprovados pela monografia do FDA podem ser utilizados em produtos rotulados como desodorantes. Um ingrediente ativo não estando nesta listagem, deverá passar por novo processo de aprovação dos medicamentos antes que ele possa ser usado para tal finalidade.12

No Brasil, produtos antiperspirantes e desodorantes são registrados como grau de risco 2 e, diferentemente dos EUA, não entram na classificação de medicamentos OTC apesar da ANVISA (Agência Nacional da Vigilância Sanitária) solicitar os estudos de eficácia nos moldes do Guideline americano.

OBJETIVO Um estudo antiperspirante é geralmente conduzido por um dos dois objectivos: (1) Para avaliar o produto teste para determinar se a redução percentual no suor axilar em intervalos específicos de pós-tratamento atende a OTC Monografia (EUA) padrão de rotulagem antiperspirante; (2) para comparar a eficácia antiperspirante de dois ou mais produtos teste em intervalos específicos após a aplicação dos mesmos.12

PROCEDIMENTO Método Gravimétrico

Técnicas gravimétricas foram desenvolvidas a fim de quantificar os montantes de suor produzido durante intervalos de tempo específico e sob condições específicas. Depois dessa padronização, foi possível determinar quantitativamente a saída do suor com e sem o uso de antiperspirantes. Então, a análise gravimétrica tornou-se o método mais utilizado para a determinação da eficácia antiperspirante até os dias atuais. Três métodos têm sido relatados como as técnicas para a indução da sudorese: (1) A temperatura ambiente e umidade, (2) sauna seca com ambiente controlado e sudorese (3) emocional. O método mais comum usado para induzir o suor é o da sauna seca ambientalmente controlada em cerca de 38 + / - 2 graus Celsius e 35-40% de umidade relativa. As condições ambientais e estímulos emocionais também podem ser usados para induzir a transpiração, mas a sauna seca é a mais fácil de controlar. O método gravimétrico, com pequenas modificações, publicado por Majors e Wild 1974, tornou-se o método padrão para avaliar a eficácia antiperspirante. 10, 12

Avaliação do Odor Normalmente são selecionados aproximadamente 30 voluntários que preenchem os critérios de inclusão (Ex: não gestante, não apresenta pressão alta, não diabético, etc).4 Então, os mesmos entram em um período de condicionamento de 3 semanas e são instruídos a somente utilizar um sabonete padrão e um desodorante bacteriostático padrão conforme exigido pela metodologia. Os mesmos não devem fazer uso de qualquer outro tipo de produto na região teste (axilas). Uma semana antes do início das aplicações do produto teste (segunda semana de condicionamento), os voluntários são orientados a suspender totalmente o uso do desodorante padrão, continuar não fazendo uso de qualquer outro

Revista de Cosmetologia e Ingredientes Cosméticos | 11


12 | Revista de Cosmetologia e Ingredientes CosmĂŠticos


Revista de Cosmetologia e Ingredientes CosmĂŠticos | 13


TESTES DE EFICÁCIA produto na região axilar ou mesmo depilar as axilas até o final do estudo. 1, 2, 3, 5 Uma das formas de investigar se houve uso não autorizado de antiperspirantes pelos voluntários é a realização de teste para identificar residual de alumínio por ionização de chama, uma vez que a grande maioria dos produtos dessa categoria contém cloridróxido de alumínio. Após essa investigação, os voluntários são instruídos e supervisionados por um pesquisador treinado para lavarem as axilas, anteriormente a cada aplicação do produto teste a fim de estabelecer uma padronização do teste. O produto teste é aplicado por um pesquisador treinado em uma das axilas anteriormente aleatorizadas em uma área de aproximadamente de 150 cm2. Este procedimento é repetido durante quatro dias consecutivos. A quantidade de produto teste aplicada é de 700 microlitros, sendo que na outra axila não é aplicado produto, o que caracteriza uma área controle. Finalmente, 24 (vinte e quatro) horas após a quarta aplicação do produto é realizada a avaliação de odor das axilas conduzida por 2 (dois) ou 3 (três) sniffers (pesquisadores treinados com alta sensibilidade olfativa – Figura 2) para a avaliação da intensidade do odor axilar. Cada pesquisador avalia a intensidade de mau odor em uma escala de notas que variam de 0 a 10 (sendo que 0 = ausência de mau odor e 10 = mau odor extremamente forte). Essa avaliação acontece a uma distância padronizada de aproximadamente 10 cm. A norma aplicada para essa avaliação de eficácia é a ASTM. Standard Practice for the Sensory Evaluation of Axillary Deodorancy, 1993.

Quantificação da Sudorese Após a avaliação de odor axilar (24 horas após a quarta aplicação do produto), os voluntários são submetidos à exposição ao calor de 37,80C ± 1ºC e a umidade relativa entre 30% e 40% dentro de uma sauna seca. Para a coleta de sudorese são utilizados pads armazenados em embalagens muito bem fechadas. Durante a realização da sauna, os pads são retirados de suas embalagens e colocados imediatamente nas axilas de cada voluntário, sendo substituídos a cada 20 minutos. Os voluntários devem ser suficientemente representativos de modo que as diferenças entre as taxas máxima e mínima de suor entre os mesmos durante o teste deverão ultrapassar 600 miligramas em 20 minutos por axila. O tempo total de exposição é de 80 minutos. Somente os pads referentes aos tempos de 60 e 80 minutos de exposição são retirados e pesados, correspondendo respectivamente aos tempos T1 e T2. Os pads utilizados nos intervalos de tempo de 20 e 40 minutos são removidos e descartados. São utilizados pads padronizados nas axilas e vestimentas adequadas para a realização de sauna. Os voluntários ingerem 200 ml de água ao entrar na sauna e após 40 minutos de seu

14 | Revista de Cosmetologia e Ingredientes Cosméticos

início, a fim de manter o nível interno de hidratação, permitindo livre fluxo de suor e evidenciando, unicamente, os efeitos da formulação do produto testado. Os períodos iniciais correspondendo a 20 e 40 minutos de exposição ao calor, em cada sauna, são considerados como período de climatização. Os teores de sudorese obtidos nestes períodos são desconsiderados, razão pela qual os pads substituídos nestes intervalos de tempo não são pesados.1, 2, 3, 9, 10

Análise dos resultados O resultado da análise para o poder desodorante é a média das notas dos dois ou três sniffers. Utiliza-se o teste t de Student para efetuar a análise comparativa entre os tratamentos. Já para a quantificação da redução ou não da sudorese utiliza-se o teste de Wilcoxon Signed Rank (protocolo FDA), lembrando que, para um antiperspirante ser considerado eficaz pelo menos 50% dos voluntários do painel de estudo tem que apresentar uma redução de sudorese maior ou igual a 20%.

Referências Bibliográficas 1

FOOD AND DRUG ADMINISTRATION. Guidelines for Effectiveness T C Antiperspirant Drug PProducts roducts in finished product OT Testing of O form , 350.60 ( 21 CFR 350.60 ), final monograph, Federal Register on June 9, 2003 ( 68 FR 34273 );

2

“Guidelines for Effectiveness Testing of OTC Antiperspirant Drug Products”, Monografia Final do FDA, 2004;

3

ASTM. Standard Practice for the Sensory Evaluation of Axillary Deodorancy. ASTM Standards, E 1207-87 (Re-approved in 1993); Deodorancy

4

BARAN, R. & MAIBACH, H.I. Cosmetic Dermatology, Baltimore, Willians & Wilkins, 1994. CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE - Resolução 196/96 do Ministério da Saúde Saúde. Diário Oficial, 16/10/1996;

5

SHEHADEH, N. & KLIGMAN, A.M. Variations in Axillary Odor Odor. J. Soc. Cosmet. Chem., 14: 605-607, 1963;

6

http://cosmeticnow.com.br/sb_unilever_protecao-de-verao.htm

7

Baster P.M. and Reed J.V., The evaluation of under arms deodorants deodorants, Int. of cosmetic science, 1983, 5, pp. 85-95;

8

Antiperspirant Drug PProduct roduct for Over Over--The - Counter Human Use Use, Food and Drug Administration – Dept. of Health and Human Services, Federal Register, vol. 47. No. 162, Aug 20 th , 1982;

9

Parisse, A., Antiperspirants, In: Waggoner, W. (ed.), Clinical Safety and esting of Cosmetics, 1990, Marcel Dekker Inc; Efficacy TTesting

10

Majors P.A., Wild JE (1974) The evaluation of antiperspirant efficacy: variables. J Soc Cosmet Chem 25:139; influence of certain variables

11

http://pt.wikipedia.org/wiki/Gl%C3%A2ndula_sudor%C3%ADpara

12

J. E. Wild, J.P. Bowman, L.P. Oddo - Methods for Antiperspirant and Deodorant Efficacy Evaluations - Controlled Efficacy Studies and Regulation P. Elsner, H.F. Merk, H.I. Maibach, 107, Springer 1999 ISBN 3-540-64047-9.

Prof.

Cassiano Carlos Escudeiro

Diretor Científico do Grupo ECOLYZER Divisão de Estudos Cosméticos (Eficácia e Segurança) e Professor do MBA em Cosmetologia do IPUPO.


Revista de Cosmetologia e Ingredientes CosmĂŠticos | 15


QUÍMICA E COSMÉTICA

Nano e Biotecnologia Navegando pelos bastidores da orgânica dos antiperspirantes

Nos bastidores dos ativos antiperspirantes ainda temos como tecnologia mais usada a utilização de sais inorgânicos de complexos basicos de cloro com um raio atômico específico com Al ou com Al + Zr ou ainda Al+ Zr/Cl. Controvérsias à parte relativas à segurança do uso de sais de Alumínio, pouco se têm feito especificamente para desenvolvimento de ativos antiperspirantes talvez devido ao custo e ao tempo por se tratar de ser uma categoria classificada como OTC nos EUA. Sendo assim, a criatividade corre solta na tentativa de aumentar a proteção desodorante e ou o desenvolvimento de melhorias no veículo do produto. Como ilustração segue a descrição de algumas tecnologias: a) Inovação com biotecnologia através da aplicação de enzimas • para redução da acidez do suor com inibidores da VATPase • Betaglucorinidases para inibição do odor corporal causado pela decomposição de esteres esteroides • Laccases para inibir as células microbianas. b) Inovação nos veículos das formulações • Emulsões a base de cristais líquidos com fase oleosa estruturada e ativo antiperspirante na fase aquosa.

de odores de ácidos carboxílicos em especial os ácidos propionico, butirico, isovalerico, 3- metil 2 hexenoico e hexanoico. • Uso de c1 a c4 álcool monohidrico com atividade antimicrobiana Enquanto isso o que mais tentamos garantir como performance ou valor agregado são apelos relacionados com a proteção ao longo do dia ou por até mais horas (há no mercado até um produto que permite proteção por sete dias sendo a inovação aplicada ao tamanho do sal de Al/Cl utilizado em nanoparticulas), sensação seca, características estéticas, ou seja, não deixar branco e não pegajoso e também alguns benefícios para tratamento de pele associados como, por exemplo, o clareamento das axilas, etc. Fica aqui, portanto, uma idéia ou um grande desafio: pensarmos, num futuro próximo, em apresentar tecnologias com enfase na segurança do uso e no respeito básico ao nosso meio ambiente.

Referencias: 1

Formulating Strategies in Cosmetic Science Alluredbooks 2009

2

Biotechnology in Personal Care, Cosmetic Science and Technology Series, Volume 29.

• Emulsão semi sólida com ponto de transição vítrea na temperatura de 40C que permite que a água livre do sistema não fique exposta o que causaria redução da atividade. • Emulsões óleo/glicol • Uso de gelificante a base de dibenzilideno sorbitol acetato para gelificar a água livre em emulsões antiperspirantes c) Inovação usando a solvência como propulsor de melhora no desempenho • uso de alchol acilatado e suas variantes de baixo peso molecular atuando como quelantes e ou bloqueadores

16 | Revista de Cosmetologia e Ingredientes Cosméticos

Dra. Alexandra Bazito Agarelli Bacharel em Química Industrial, especialista em desenvolvimento de produtos cósmeticos. Atua há mais de 20 anos no mercado. Atualmente, é responsável pela Criar Pesquisas e Projetos Laboratoriais Ltda.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.