Revista de Cosmetologia e Ingredientes CosmĂŠticos | 1
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CI - Cosmetic Ingredients ® Revista de Cosmetologia e Ingredientes Cosméticos Edição 41
Índice 06
Peles Sensíveis
10
Sustentabilidade e Cosméticos Verdes
12
Conheça as Características da Pele Sensível
14
Alternativas aos Testes em Animais
18
Mercado Cosmético Brasileiro, Atuaidades e Tendências
24
Floraglo® Lutein
38
Dermatite Atópica
32
OTZ® 10
35
Fosfolipídeos do Caviar (F.C. Oral)
36
SolTerra ™ Boost
38
Parsol® TX
41
Rosamine R
42
GPI® Lysine
44
Parsol® SLX
47
Linha Frutari
48
Unisooth EG-28
52
Toxicologia das Fragrâncias em Cosméticos
58
Eventos
Diretor Geral Maurício Gaspari Pupo mauricio@innedita.com Editor Chefe Maurício Gaspari Pupo mauricio@innedita.com Redatores Claudia Meirelles Flávio Castilho Aline Patrícia Lopes Gustavo Miyake redacao@innedita.com Projeto Gráfico Thiago Gimenez Mota thiago@innedita.com Editoração Alexandre Matias Diretor Comercial Neto Montagnini neto@innedita.com Marketing Hugo Campos marketing2@innedita.com Anúncios marketing@innedita.com Assinaturas vendas1@innedita.com Website www.innedita.com Tiragem 2.000 exemplares
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IN FOCO
Peles Sensíveis Novas Abordagens Para Desenvolvimento de Cosméticos
A pele sensível é um problema comum entre mulheres e homens que, durante os últimos anos, tem aumentado, com maior número de pacientes com sensação de desconforto subjetivo de pele sensível. Esses pacientes queixam-se de particular susceptibilidade ao aplicar produtos skin care comumente usados, como cosméticos, sabonetes e protetores solares, sem apresentar, entretanto, sinais visíveis de irritação, dermatite alérgica de contato, fototoxicidade ou dermatite tipo fotocontato.1
do limiar de tolerância da pele e a torna mais sensível a substâncias irritantes e estímulos exógenos. Mesmo uma pequena irritação leva a uma resposta inflamatória com liberação de metabólitos do ácido araquidônico com aumento de prostaglandinas e leucotrienos E2 e F2.1
A pele sensível (ou pele reativa, hiperativa, intolerante ou irritada) é definida como uma pele que reage por eritema ou sintomas subjetivos (como sensação de pinicamento, queimação ou formigamento, e possivelmente de dor ou prurido) à vários fatores não patogênicos, incluindo radiação ultravioleta, calor, frio, vento, cosméticos, sabonete, água, poluição e estresse.3 Essencialmente, essa síndrome é agravada por fatores ambientais ou características genotípicas e fenotípicas. Os sintomas clinicamente subjetivos podem ser muito intensos. O tratamento e controle dos sintomas da pele sensível é sempre difícil tanto para o médico como para o paciente, sendo importante os cuidados com a pele que não causem desconforto.1
Legenda: Ilustração da reação inflamatória cutânea resultante da penetração na pele de substâncias potencialmente irritantes, devido, em parte, à alteração da função de barreira cutânea com maior perda de água e lipídeos do estrato córneo.
Peles Sensíveis Versus Cosméticos Inadequados Epidemiologia e Patofisiologia da Pele Sensível
Um estudo realizado em 3300 mulheres e 500 homens, mostrou que a prevalência de pele sensível à cosméticos foi de 62% para mulheres e 52% para os homens.1 Pele sensível envolve um mecanismo irritativo e não imunológico. Trata-se de uma reação inflamatória resultante da penetração na pele de substâncias potencialmente irritantes devido à alteração da função de barreira cutânea. Esta barreira é enfatizada como sendo uma característica importante neste desconforto da pele, dependendo da espessura do estrato córneo e da qualidade dos lipídios intracelulares. Em um estudo que investigou as respostas da pele a vários irritantes mostrou que 14% de peles sensíveis em uma população normal está relacionada a uma barreira fina e permeável do estrato córneo.1 As ceramidas são, provavelmente, os elementos principais no armazenamento de água no estrato córneo. Em alguns distúrbios como dermatite atópica e dermatite seborreica, a modificação nos lipídeos intercorneocíticos induz a uma diminuição
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O uso de sabão e alguns produtos cosméticos de higiene, protetores solares e esfoliantes químicos que não são adequadas para a pele do paciente são alguns dos fatores desencadeantes dos sintomas da pele sensível. Algumas substâncias químicas, tais como propilenoglicol, álcool, butilenoglicol, cocamidopropilbetaína e trietanolamina são substâncias irritantes para a pele que são comumente encontrados em muitas formulações cosméticas.1 Além disso, o pH da formulação final é, muitas vezes, um fator irritante e agravante na pele hiperreativa.1 A pele apresenta pH levemente ácido (4,6 – 5,8), que contribui para que ocorra proteção bactericida e fungicida em sua superfície. Além disso, as secreções cutâneas apresentam apreciável capacidade tamponante, importante propriedade, uma vez que o pH da pele é frequentemente alterado em consequência da utilização de produtos tópicos inadequados, expondo a pele a uma série de agentes agressores, em especial microorganismos. O controle do pH cutâneo, sob o ponto de vista cosmético e/ou
IN FOCO dermatológico, são de extrema utilidade, uma vez que o contato com substâncias agressivas, como detergentes, costuma ser frequente, ou até mesmo para evitar a utilização de produtos tópicos inadequados.2
Ativos Cosméticos Com Benefícios Para as Peles Mais Sensíveis Os hidratantes constituem uma das mais importantes classes de produtos cosméticos uma vez que apresentam ampla utilização tanto para ação preventiva (na prevenção da xerodermia e no retardamento do envelhecimento precoce) como também por sua utilidade como coadjuvante da terapêutica dermatológica numa ampla variedade de disfunções cutâneas, incluindo a pele sensível ou hiperreativa.2
ingrediente 100% natural aprovado pela ECOCERT e certificado pela Natural Products Association (NPA). INCI Name: Propanediol. Em estudo foi feita uma comparação do Zemea® com o propilenoglicol (PG) nas concentrações de 25%, 50% e 75%, conduzida em aproximadamente 200 voluntários. Os resultados mostraram que não houve irritação cutânea clinicamente significativa ou reações de sensibilização alérgica de contato após a exposição a concentrações de até 75% de Zemea® em três pHs diferentes. Os resultados desses estudos em humanos mostram que o Zemea® tem baixo potencial para irritar ou sensibilizar a pele humana.
Em meio aos diversos recursos usados para hidratar a pele, a adição de substâncias ativas em formulações cosméticas tem sido um fato bastante frequente. O emprego de ceramidas em produtos cosméticos vem crescendo, pois as ceramidas endógenas, que fazem parte do manto lipídico da pele, atuam retendo água no estrato córneo e, portanto, ajudam na manutenção da hidratação da pele.2 ®
Cera Vegetal DC HY-3051 é Alternativa Natural ao Petrolato4 DC® HY-3051 é uma cera da soja que possui propriedade semioclusiva à pele, promovendo emoliência e hidratação. É um ativo natural constituído por poliglicerídeos da soja e pelo óleo de soja hidrogenado, sendo um ingrediente vegetal como uma alternativa ao petrolato. INCI Name: Hydrogenated soybean oil (and) hydrogenated soybean polyglycerides (and) C15-23 alkane. Em um teste realizado pelo fabricante, foi comparada a hidratação promovida pela aplicação de formulações contendo DC® HY-3051 a 10% ou petrolato a 10%. Os resultados obtidos foram apresentados no gráfico abaixo:
Resultado dos testes na pele humana (n=207). Em concentrações tão elevadas quanto 75%, Zemea não produziu irritação ou reações de sensibilidade cutânea.
Olivem® 300 Reduz Irritação Promovida Por Tensoativos6 Olivem® 300 é um óleo de oliva hidrossolúvel, sendo usado como emoliente e sobreengordurante, substituindo a amida. Reduz drasticamente a irritação causada pelos tensoativos, protegendo a pele e o fio de cabelo. INCI Name: Olive Oil Peg-7 Esters. Um estudo realizado in vitro teve como objetivo avaliar a ação do Olivem® 300 na redução da irritação provocada por tensoativos. Para realização deste foram utilizadas duas formulações: uma contendo lauril éter sulfato de sódio (LESS) e água, e a segunda LESS, água e Olivem® 300. Os resultados mostram que a adição de Olivem® 300 promove uma drástica redução da irritação. Em um outro estudo realizado pelo fabricante, comparado à TEWL promovida por um sabonete em barra base, a TEWL com sabonete contendo Olivem® 300 a 2% foi significativamente menor.
Conclusão: A hidratação cutânea promovida por esses ativos é comparável durante 6 horas.
ZEMEA® Possui Alto Poder Hidratante Sem Causar Irritação ou Sensibilização Cutânea5 Zemea® é um glicol natural de elevada pureza, derivado de um processo de fermentação do açúcar do milho. Zemea® é um Revista de Cosmetologia e Ingredientes Cosméticos | 7
IN FOCO Conclusão: Olivem® 300 protege a barreira hidrolipídica e reduz a TEWL.
Amisoft ECS-22® Promove Limpeza Suave Sem Desencadear Processos Irritativos7 Amisoft ECS-22® é um tensoativo aniônico suave, derivado natural do cocoil glutamato dissódico, com eficácia comprovada na limpeza seletiva da pele com alta suavidade, sem desencadear processos irritativos. É um tensoativo muito suave, mas eficaz, que apresenta excelente compatibilidade dérmica, proporcionando uma limpeza eficiente sem qualquer dano à barreira cutânea. O gráfico em destaque compara Amisoft ECS-22® com tensoativos comuns.
AmisolTM Trio Diminui o Potencial de Irritabilidade de Cosméticos8 O Amisol TM Trio é um agente sobreengordurante e emulsificante, um complexo de liponutrientes e agentes hidroprotetores baseado em glicolipídios de soja, fosfolipídios, fitosteróis e vitamina F. Suas propriedades particulares, promovidas, principalmente, pelos fosfolipídios, proporcionam alta bioafinidade do AmisolTM Trio por cabelos ou pele, promovendo reparação, hidratação e maciez com o famoso ‘toque fosfolipídico’ no local da aplicação INCI Name: Phospholipids (and) Glycine soja (soybean) oil (and) Glycolipids (and) Glycine soja (soybean) sterols. O Amisol Trio é importante na reparação da pele corporal, facial e do couro cabeludo irritado, sensível ou sensibilizado, pois ele recupera a função barreira cutânea, reduz a TEWL e forma um filme na superfície da pele protegendo-a contra as agressões externas.
Sulphate) em 90%. Abaixo se seguem imagens de epiderme tratada com SDS (0,1%). O Amisol™ TRIO reforça a função de barreira da pele e repõe as frações lipídicas. Apresenta boa tolerância cutânea e propriedade anti-irritante que diminui o potencial de irritabilidade da formulação.
Referências 1
A Pons-Guiraud. Sensitive skin: a complex and multifactorial syndrome. Journal of Cosmetic Dermatology, 2004, 3, 145–148.
2
Leonardi, Gaspar & Campos. Estudo da variação do pH da pele humana exposta à formulação cosmética acrescida ou não das vitaminas A, E ou de ceramida, por metodologia não invasiva. An bras Dermatol, Rio de Janeiro, 77(5):563-569, set./out. 2002.
3
Saint-Martory C, Roguedas-Contios AM, Sibaud V, Degouy A, Schmitt AM, Misery L. Sensitive skin is not limited to the face. Br J Dermatol. 2008 Jan;158(1):130-3. Epub 2007 Nov 6.
4
Dow Corning, EUA.
5
DuPont Tate & Lyle BioProducts, EUA.
6
B&T Company, Itália.
7
Ajinomoto, Japão.
8
Lucas Meyer, França.
TM
Em um estudo realizado em 10 voluntários com pele seca, os braços dos voluntários receberam 15 aplicações de fita adesiva e, em seguida, aplicação de um gel contendo 1,5% de AmisolTM TRIO. Após 1 hora da aplicação, foi mensurada a TEWL. A TEWL foi reduzida em -13% 1 hora após a aplicação, mostrando que o AmisolTM TRIO promove um filme protetor contra agentes agressivos externos. O Amisol™ TRIO é capaz de neutralizar a irritação causada pela aplicação de um agente irritante para a pele (Sodium Dodecyl
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Prof. Maurício Gaspari Pupo Diretor da IPUPO Consultoria em Desenvolvimento Cosmético e Coordenador da Pós-Graduação e MBA em Cosmetologia do IPUPO em parceria com a Unicastelo. Editor Chefe da CI Cosmetic Ingredients Magazine.
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MARKETING COSMÉTICO
Uma visão contemporânea sobre sustentabilidade e marketing Para qualquer lado que se vá, em qualquer evento ou grupo de discussão, o assunto mais falado na indústria cosmética atualmente é a sustentabilidade. É uma tendência que sem dúvida alguma continuará a mudar a maneira como profissionais de marketing e pesquisa lidam com sua dinâmica de trabalho e com os seus lançamentos. Mas o que é sustentabilidade? Um dicionário online traz a seguinte definição: “qualidade ou condição do que é sustentável”1. Muito longe de discutir a definição do termo, minha intenção aqui é outra. Partindo da definição citada, o que precisaria, então, uma empresa para ser sustentável? Em tempos de convergência digital, em que os consumidores têm acesso a toda e qualquer informação a apenas um toque de dedo na tela de seus celulares, uma empresa precisa de muito mais do que mera divulgação para ser sustentável. Por isso, nossa visão está baseada em três pilares principais, sem os quais acredita-se não ser possível se manter sustentável no mercado sem ser desmascarado pela sociedade.
Primeiro pilar: qualidade e idoneidade A era da qualidade já ficou para trás. A empresa hoje que não oferece produtos de qualidade, não deve nem oferecer seus produtos. Principalmente quando se trata de produtos que potencialmente podem afetar a saúde humana, como é o caso dos cosméticos. Produzir um cosmético de qualidade deixou de ser diferencial competitivo e passou a ser uma exigência de mercado. Quem não tem qualidade vai naturalmente ficando para trás. Então, anunciar aos quatro ventos que a sua marca é melhor que a concorrente porque os seus produtos têm qualidade não faz da sua empresa sustentável. A Johnson & Johnson, por exemplo, não anuncia sua extensão de produtos infantis como produto de qualidade. No entanto, não há mãe nesse país que desconfie da qualidade e da segurança presentes nos produtos dessa empresa. Da mesma maneira que ninguém desconfia da qualidade da nova coloração capilar da L’Oréal, INOA, que chegou ao Brasil causando alvoroço entre cabeleireiros e consumidores. Para quem não acompanhou, a coloração INOA é a primeira tintura capilar sem amônia de uso e venda exclusivos para profissionais. No caso dessas empresas já consagradas, a qualidade é reconhecida e muitas vezes tomada como exemplo. É importante destacar, ainda, que os exemplos citados referem-se à empresas muito conhecidas pelos consumidores e de qualidade reconhecida pela sociedade, ao longo de seus mais 10 | Revista de Cosmetologia e Ingredientes Cosméticos
de 100 anos de presença no mercado cosmético mundial. Nenhuma empresa permanece durante tanto tempo se não tiver o mínimo que um produto cosmético precisa ter: qualidade e eficácia. Cabe ainda ressaltar que sem essas duas características dos produtos e serviços oferecidos pela empresa, ela não se mantém no mercado. Logo, não é sustentável. Pois um dos princípios dessa visão de sustentabilidade consiste em a empresa oferecer emprego a cidadãos honestos, zelar por seu bem-estar e não praticar evasão fiscal, ou seja, pagar todos os impostos e tributos. Consideraremos este como sendo o primeiro pilar da sustentabilidade: a idoneidade.
O segundo pilar: meio-ambiente Passando ao segundo pilar, as empresas devem atentar para a real preocupação com o meio ambiente. Não basta dizer com orgulho que a sua empresa trata os resíduos e efluentes. Isso é obrigação de qualquer indústria e exigência da Anvisa. Devem ser pauta de todas as reuniões das indústrias cosméticas, não só as grandes, mas todas, assuntos como: tratamento adequado dos resíduos e efluentes, redução no consumo de água e energia, troca de créditos de carbono, uso de matérias-primas e processos que sejam menos prejudiciais ao meio ambiente. No tratamento dos resíduos e efluentes, deve-se ter o melhor tratamento possível de acordo com o porte da empresa. Empresas pequenas terão meios menos robustos, mas nem por isso menos eficazes. O importante é gerar indicadores e estabelecer metas para reduzi-los. Pode-se começar gerando menos resíduo de fabricação com processos e formulações otimizados que minimizem as falhas de processo e consequentes descartes de lotes já produzidos. E aqui repousa o compromisso da empresa com a estabilidade do produto que põe no mercado, pois produto não estável ou pouco estável, além de ferir o nosso primeiro pilar da sustentabilidade ainda contribui para gerar mais resíduos. Porque produto “ruim” é produto descartado. Para reduzir o consumo de água a empresa pode realizar testes de lavagem de seus tanques de fabricação e utilizar o mínimo de água necessária para sua limpeza e sanitização. Esse tipo de procedimento deve ser testado e validado. Não adianta redu-
MARKETING COSMÉTICO zir por conta própria e acreditar que está fazendo bem ao meio ambiente e às vendas. Uma limpeza e sanitização mal feitas podem permitir a contaminação de lotes inteiros de produtos, o que representa grande perda, para a empresa, para os consumidores e para o meio ambiente. A redução da energia pode ser uma tarefa diária de todos os colaboradores, principalmente de escritório. Apagar as luzes ao sair da sala, só usar ar condicionado quando for realmente necessário. Aproveitar a iluminação natural com janelas maiores e paredes mais claras. Reduzir as horas extras para diminuir o consumo energético desnecessário. Já temos uma carga horária bastante extensa no Brasil, portanto a hora extra deve acontecer realmente em casos excepcionais, pois ela também contribui negativamente no bem-estar do colaborador. No que diz respeito à fabricação dos produtos, utilizar processos que necessitem de menos aquecimento ou aquecer a mínima quantidade de material possível, já compreende uma boa economia. Com isso ganha a empresa que gasta menos, ganha o consumidor que poderá comprar produtos mais baratos e ganha o meio ambiente. Paralelamente, a empresa pode – e deve – apoiar iniciativas de ONGs e associações sem fins lucrativos para beneficiar a comunidade na qual está inserida. Um bom começo pode ser oferecer oficinas e workshops com a comunidade ou mesmo vender produtos mais baratos para a comunidade local periodicamente. Não é interessante manter uma loja vendendo mais barato, para não canibalizar o mercado e se tornar concorrente dos varejistas locais – ou das consultoras caso o canal de vendas seja a venda direta. Uma alternativa mais enriquecedora para a comunidade é a empresa “adotar” uma praça ou parque nas redondezas, cuidar de sua manutenção e apoiar iniciativas culturais locais. Aos mais sovinas, cabe ressaltar que muitas contribuições sociais da empresa têm impacto direto no imposto de renda. É possível deduzir, fale com seu contador.
O terceiro pilar: os fornecedores O que vem acontecendo cada vez mais no Brasil é o lançamento de produtos com apelo de ingredientes naturais ou orgânicos. E aqui está nosso terceiro pilar da sustentabilidade. Optar por ingredientes de origem vegetal nem sempre é sinônimo de cuidado e atitude sustentável. É preciso auditar os fornecedores e ter certeza de que eles e os fornecedores deles estão de acordo com a política de meio ambiente da sua empresa. Veja o caso da multinacional do ramo de vestuário Zara, envolvida em um escândalo de suposto trabalho escravo. Segundo a companhia, o fato aconteceu em um de seus fornecedores, mas isso impactou diretamente na imagem da marca. Afinal, era ela que, indiretamente, ajudava a financiar essa prática. Voltando aos cosméticos, então, o uso de matérias-primas e embalagens com ingredientes vegetais é um fator importante, sim, nesse processo de busca da sustentabilidade desde que se tenha a certificação da origem desses ingredientes. Por isso já existem vários órgãos certificadores, principalmente na Europa. Também vem de lá a tendência de formulações inteiramente orgânicas e certificadas por algum órgão.
Se a sua empresa não pode comprar uma matéria-prima certificada, por conta do custo ligeiramente mais elevado, realize auditorias nos fornecedores e terceiros. Procure conhecer todo o processo envolvido na coleta, processamento e transporte dos produtos e serviços oferecidos. Por outro lado, se sua empresa já está mais avançado no tema sustentabilidade, comece a pressionar seus fornecedores e terceiros para o mesmo objetivo. Por mais que muitos analistas e consultores de mercado afirmem que os produtos orgânicos tem um bom mercado consumidor, sou da corrente que acredita que a maioria dos consumidores não abre mão da qualidade e eficácia de seu produto cotidiano por um natural ou orgânico. Primeiro por conta do custo mais elevado que dificulta a compra para experimentação. Depois porque o desempenho não é o mesmo. É claro que há exceções e há público para esse tipo de produto, sim. Um público consciente e de certa forma ativista, mas ainda um nicho de mercado que está longe de se tornar maioria. Mesmo na Europa ou Estados Unidos, onde há mais consciência com esse tipo de consumo-cidadão.
Conceito multidisciplinar Enfim, o que se pretendeu abordar nesses parágrafos foi que a sustentabilidade está muito além de um simples ato isolado. É um conceito multidisciplinar e multidepartamental dentro de uma empresa. Se você se interessou pelo tema, comece sugerindo – ou criando – uma comissão de sustentabilidade para a sua empresa, seja ela grande, média, pequena ou micro – quanto menor a empresa, mais fácil implementar esse sistema de sustentabilidade. Aos poucos essa comissão vai agindo, com a ajuda de todos em prol de soluções que se sustentem e que sejam, de alguma forma, “qualidade ou condição do que é sustentável”. Pense nisso e no impacto das ações de divulgação das atitudes sustentáveis da sua empresa. Aproveite as outras páginas desta edição da Cosmetic Ingredients Magazine para se inspirar e criar produtos e conceitos naturais inovadores. Aproveite também para aplicar os conceitos de redução aqui citados, garantir a qualidade dos produtos e iniciar uma nova trajetória na história da sua empresa. Uma trajetória sustentável de uma empresa que realmente se preocupa com o mundo em que vivemos. Não poderia terminar esse texto sem citar a Natura como benchmark, ou seja, um exemplo a ser seguido. Uma empresa que pratica sustentabilidade em todos os elos da cadeia. Do produtor às suas consultoras, passando pela fabricação e entrega dos seus produtos. Lembre-se de mirar os bons exemplos! Assim como as pessoas, toda empresa tem seus pontos de melhoria e suas falhas, mas não devemos nos espelhar que se faz de errado. Espelhe-nos bons exemplos. 1
http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx?pal=Sustentabilidade acesso em : 24/08/2011.
Gustavo Boaventura Farmacêutico Industrial especialista em Pesquisa & Desenvolvimento de Cosméticos. Mestrando em Comunicação Social pela UERJ. Professor de Marketing dos cursos de Pós-Graduação do Ipupo.
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DERMATOLOGIA
Pele Sensível Conheça as características da pele sensível e seus cuidados
Ao contrário do que muita gente acredita, pele sensível não é sinônimo de pele seca. Em outras palavras, mesmo quem tem a cútis oleosa ou mista não está livre do problema. Ela também não escolhe a idade e o gênero e pode aparecer a qualquer momento. A pele conhecida como sensível não é um tipo em si, mas uma condição que pode acometer tanto as pessoas de peles normais e mistas quanto oleosas e secas. A pele sensível reage de forma excessiva aos estímulos internos e externos a que é submetida: facilmente responde com vermelhidão, ardor, descamação, fissuras, procedimentos inflamatórios, coceira, entre outras reações.
A causa Os fatores externos que podem desencadear ou agravar a sensibilidade da pele vão desde as variações climáticas até os hábitos de higiene excessivos ou inadequados. Há outros fatores que podem contribuir para o desencadeamento do processo, como variações climáticas naturais e artificiais, ar-condicionado, poluição atmosférica, aumento da exposição solar, além das condições do tratamento da água que consumimos. Hábitos como o excesso de banhos, água muito quente, barbear, depilar, esfoliar também são agressões mecânicas que acabam sensibilizando a pele. Os cuidados devem ser redobrados, pois quanto mais sensível a pele, piores as consequências. Em curto prazo, a sensibilidade excessiva causa sensação de desconforto. A longo prazo, ela causa perda da vitalidade, firmeza, brilho e flexibilidade, além de aparência de envelhecimento prematuro e aparecimento de finas linhas de expressão e rugas.
Os cuidados Para quem sofre com a sensibilidade da pele, é recomendado ficar bem atento aos rótulos dos produtos de cuidados diários. Evite o uso de sabonetes alcalinos, loções alcoólicas, produtos abrasivos, ácidos de frutas (AHA), tensoativos e produtos perfumados. Deve-se destacar ainda a importância de usar somente produtos dermatologicamente testados e mesmo assim, deve ser feito o teste de sensibilidade. Este consiste em aplicar
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o produto no antebraço por alguns dias, observando o aparecimento de alguma manifestação alérgica. O que melhora esse tipo de pele são produtos que agem como anti-inflamatórios, pois não existe tratamento para deixar a pele menos sensível e sim cuidados para que ela não fique mais sensível. O uso de sabonetes, por serem ricos em tensoativos, pode piorar a sensibilidade. Muitas vezes, tônicos com substâncias calmantes à base de extratos orgânicos podem ser eficientes na limpeza da pele, sem a necessidade do uso de sabonetes. Novos avanços da indústria cosmética permitiram incorporar a filagrina, proteína importante na integridade da camada córnea em sabonetes e hidratantes. Esse avanço pode trazer um impacto positivo no tratamento das peles sensíveis. A hidratação é um passo essencial para a pele sensível, principalmente em períodos do ano com baixa umidade ou durante o inverno. Essa etapa pode ser feita com produtos à base de ceramidas, ácido linoleico, aquaporinas e silício. Um dos ativos que mais utilizo na minha prática diária é o Hidroxiprolisilane, ativo hidratante rico em silício. O uso da ureia deve ser avaliada, pois ela pode agravar condições de hipersensibllidade dependendo da dosagem empregada. Os veículos devem ser escolhidos de acordo com o tipo predominante de pele. E este é o maior desafio para o dermatologista e o farmacêutico: quando nos deparamos com peles oleosas e ao mesmo tempo hiperreativas. O protetor solar também é importante nos cuidados diários de uma pele sensível, desde que seja livre de parabenos e deve ser utilizado mesmo em dias nublados, pois a pele sensível pode sofrer recaídas por conta das radiações ultravioletas. O protetor químico é bem tolerado, mas quando este se torna incômodo, lançamos mão de protetores 100% físicos, com partículas micronizadas de zinco e titânio.
Dr. Jardis Volpe É médico dermatologista formado pela USP. Atua na Dermatocosmiatria e é diretor médico da Clínica Volpe e com atualização em Laser pela Universidade de Harvard.
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TESTES DE EFICÁCIA
Alternativa aos Testes em Animais Introdução Graças aos avanços da tecnologia moderna e a um crescente número de cientistas empenhados existem alternativas à experimentação animal. Estas alternativas, seguras, inovadoras e confiáveis, não salvam apenas as vidas de animais, mas frequentemente também providenciam os dados necessários num curto espaço de tempo e, às vezes, a um custo menor que os tradicionais estudos em animais. Apesar de vários cientistas concluírem que, para determinados estudos, nenhuma alternativa não-animal até hoje desenvolvida possa substituir completamente os testes animais (pré-clínicos), as empresas são capazes de evitar os testes em animais ao confiarem num leque de alternativas como, por exemplo, in vitro e in vivo (humanos). Igualmente também podem recorrer ao GMCS (Geralmente Marcado Como Seguro) americano, uma lista de milhares de ingredientes já conhecidos como seguros, assim como informação sobre o uso histórico e estrutura química. Em sua maioria, os estudos clínicos humanos são praticados pela comunidade cosmética em e também são muito seguros e confiáveis quando os protocolos científicos são bem delineados. Depois de um novo teste alternativo ser desenvolvido tem de passar por um processo rigoroso de validação antes dos resultados dos testes serem vistos como confiáveis para o uso geral. Este processo envolve revisões e opiniões de especialistas através do National Toxicology Program Interagency Center for the Evaluation of Alternative Toxicological Methods (NICEATM) e o Interagency Coordinating Committee on the Validation of Alternative Methods (ICCVAM).1 O questionamento quanto ao uso de animais de laboratório, na avaliação de risco dos produtos de uso humano, resultou em vários estudos a partir da década de 60, direcionados a metodologias que utilizam tecidos e células vivas de mamíferos, organismos inferiores e substratos inertes [6]. Bancos de dados informatizados e programas que avaliam a toxicidade pela determinação de relação estruturaatividade, também foram desenvolvidas, por exemplo o Quantitation Structure Activity Relationship (QSAR), cujo protocolo relaciona a estrutura físico-química de um componente com sua toxicidade [6]. Estes estudos têm por finalidade principal obter metodologias rápidas, baratas, de fácil execução reprodutibilidade que possam ser padronizadas
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e validadas, situação imprescindível para que os métodos in vitro alcancem a aceitação científica internacional. As metodologias que utilizam tecidos e células vivas são as mais empregadas, pois a intrínseca complexidade celular é mantida. As células utilizadas podem ser de vários tecidos, tanto de origem humana quanto de animal, sendo que a sobrevivência e/ou proliferação celular podem ser avaliadas por contagem do número de células ou pelo uso de corantes vitais. A incorporação de radioisótopos, formação de colônias, aderência celular, produtos de metabolismo entre outros são parâmetros que também podem ser utilizados.6
Algumas Alternativas aos testes de produtos em animais são: Citotoxicidade po Vermelho Neutro:
O ensaio de viabilidade celular do vermelho neutro (VN) é baseado na habilidade das células viáveis de incorporar e fixar o corante VN dentro dos lisossomos. A eficiência deste ensaio é melhor em células aderentes. O VN é um corante catiônico fraco que prontamente penetra na membrana celular e se acumula intracelularmente nos lisossomos (pH lisossomo < pH citoplasmático), onde se liga a sítios aniônicos da matriz lisossomal. Perturbações na superfície celular ou da membrana lisossomal levam a fragilidade dessa organela que gradualmente tornam-se irreversíveis. Essas alterações, causadas por xenobióticos ou em resposta a compostos farmacêuticos e químicos, nutrientes e fatores ambientais, resultam na diminuição da incorporação do VN. Desta forma, é possível distinguir entre as células viáveis, danificadas ou mortas. A quantidade de corante incorporada pelas células é mensurada em espectrofotômetro e correlacionada com o número de células intactas.1 Cultura de Células, Tecidos:
É, provavelmente, o método mais eficaz no que diz respeito à investigação farmacêutica, médica e cosmética. No início do século XX sabia-se que células retiradas de animais ou seres humanos podiam estabilizar-se em cultura por várias gerações. Atualmente é possível manter as células de qualquer órgão do corpo vivo por um longo período em atividade. Além disso,
TESTES DE EFICÁCIA podem cultivar-se pedaços de tecido ou de órgãos do corpo humano. As células cultivadas podem ser utilizadas para estudos de citotoxicidade, fototoxicidade em produtos cosméticos, dentre muitos outros.1 Ensaio de Irritação:
Utiliza um sistema de alteração proteíca para ensaiar uma irritação. Modifica a matriz de proteínas causada pelos materiais estranhos que são indicadores potenciais de irritação do olho ou da pele.1 EpiDerme:
Recorre a pele artificial derivada de células de pele normal cultivadas para um tecido tri-dimensional. Testa a irritação dermatológica, estudos de absorção percutânea e pesquisa dermatológica básica.1 BCOP (Bovine Corneal Opacity/ Permeability Assay):
Utiliza a córnea bovina (após abate do animal para consumo da carne) para estudos de irritabilidade ocular de tensoativos utilizados em shampoos por exemplo. Veja abaixo (Figura 1e 2) ilustração da córnea bovina danificada após o aplicação de produto cosmético.4,5
Figura 3: Ilustração do Hen’s Egg Test Chorioallantoic Membrane
Citotoxicidade pelo MTT:
Ensaio colorimétrico para a quantificação do metabolismo mitocondrial e da atividade de cadeia respiratória celular. A verificação da viabilidade e citotoxicidade celular pelo uso do corante vital MTT (3-(4,5 dimethyl thiazole-2yl)-2,5 diphenyl tetrazolium bromide) é um dos parâmetros mais empregados e citados na literatura. Esse ensaio é baseado na conversão do brometo de tetrazolium amarelo (MTT) para formazan azul pela enzima succinato desidrogenase mitocondrial nas células viáveis metabolicamente ativas.
Parecer Final A utilização dos animais nas investigações científicas deve ser vista sob três aspectos: científico, ético e legal. Se o pesquisador mantiver a sua atividade equilibrada nesse tripé, terá maiores chances de progredir sem comprometer o seu trabalho e o seu nome.
Referências Bibliográficas 1
2
3
Figura 1 e 2: Ilustração da Córnea Bovina Danificada.
Hen’s Egg Test Chorioallantoic Membrane (HET-CAM) for non-opaque materials: O ensaio visa avaliar semi-quantitativamente o potencial irritante de um produto-teste após aplicação em membrana corioalantóide de ovo de galinha embrionado. O teste é baseado na observação, por um técnico treinado, dos sinais característicos de irritação (hiperemia, hemorragia e coagulação) que podem ocorrer dentro de 5 minutos após a aplicação do produto-teste, puro ou diluído, em membrana corioalantóide (CAM) de ovo de galinha embrionado, no 9° ou 10º dia de incubação. O método responde a lesão com um processo inflamatório semelhante ao que se observa no tecido conjuntival do olho de um coelho. Sua vascularização bem desenvolvida oferece um modelo ideal para estudos de irritação ocular (Figura 3). É observado o aparecimento de lise, hemorragias e/ou de coagulação que está documentado.2,3
4
5
6
H t t p : / / w w w. c e n t r o v e g e t a r i a n o . o r g / A r t i c l e 4 1 % 2 B A l t e r n a t i v a s %2B%25E0%2BExperimenta%25E7%25E0%2BAnimal.html Hen’s Egg Chorioallantoic Membrane Test for Irritation Potential – N.P. Luepkea Institute of Pharmacology and Toxicology, University of Münster, Domagkstrasse 12, D-4400 Münster, Federal Republic of Germany - Available online 22 November 2002. Interlaboratory validation of in vitro eye irritation tests for cosmetic ingredients. (2) Chorioallantoic membrane (CAM) test - References and further reading may be available for this article. To view references and further reading you must purchase this article. S. Hagino, S. Kinoshita, N. Tani, T. Nakamura, N. Ono, K. Konishi, H. Iimura, H. Kojima and Y. Ohno - 24 March 1999. Prediction of ocular irritancy of prototype shampoo formulations by the isolated rabbit eye (IRE) test and bovine corneal opacity and permeability (BCOP) assay – K.J. Cooper, L. K. Earl, J. Harbell and H. Raabe. 28 March 2001. Interlaboratory assessment of the bovine corneal opacity and permeability (BCOP) assay – P. Gautheron, J. Giroux, M. Cottin, L. Audegond, A. Morilla, L. Mayordomo, L. Mayordomo Blanco, A. Tortajada, G. Haynes, J.A. Vericat, R. Pirovano, E. Gillio Tos, C. Hagemann, P. Vanparys, G. Deknudt, G. Jacobs, M. Prinsen, S. Kalweit and H. Spielmann. – Toxicology in Vitro – Volume 8, Issue 3, June 1994. Pages 381-392. Teste de Citotoxicidade in vitro como alternative ao teste in vivo de Draize na avaliação de produtos cosméticos – Aurea Silveira Cruz – Tese para obtenção do grau de Doutor – Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Universidade de São Paulo (USP) 2003.
Prof.
Cassiano Carlos Escudeiro
Diretor Científico do Grupo ECOLYZER Divisão de Estudos Cosméticos (Eficácia e Segurança) e Professor do MBA em Cosmetologia do IPUPO.
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MERCADO
Mercado Cosmético Brasileiro Atualidades e Tendências O setor de cosméticos, nacional e estrangeiro, destaca-se pelo seu dinamismo. O ritmo de lançamento de novos produtos é bastante acelerado, o que mantém e atrai consumidores cada vez mais exigentes demandando uma busca contínua por inovação e melhoria da qualidade, para a consolidação e fortalecimento das marcas no mercado. Assim, há um investimento constante no desenvolvimento de novos produtos capazes de atender à grande diversidade dos consumidores – que varia conforme a faixa etária, sexo, etnia – e suporte aos lançamentos através de atividades de comunicação e divulgação. Fonte: ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos)
Visão Geral do Mercado de HPPC (Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosmético) O Brasil é um mercado com grande potencial em relação ao mundo e vários fatores contribuem para isso, tais como:
são vistos como de primeira necessidade pela sociedade brasileira); • Contínuo investimento na evolução qualitativa dos produtos para atender demandas de um consumidor cada vez mais ávido por qualidade e por linhas de produtos cada vez mais completas. Além de todos estes itens soma-se o desafio contínuo de conquistar mais espaço no mercado internacional, buscando aumentar o volume das nossas exportações e ampliar a percepção de que o Brasil fabrica produtos diferenciados com valor agregado. Nas tabelas abaixo está destacada a posição do Brasil em relação ao mercado de HPPCs. Fonte: ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos)
Posição do Brasil no consumo de HPPCs em relação a outros países
• Fonte de princípios ativos e insumos, principalmente os de origem natural; • Utilização de tecnologia de ponta e consequente aumento da produtividade; • Avanços na área regulatória; • Busca pela qualificação; • Aumento do consumo de produtos de HPPC; Hoje o Brasil é o 3º maior mercado mundial de HPPC (dados Euromonitor). A tendência é que o Brasil em breve deverá ocupar o 2º lugar do ranking. Fatores favoráveis a este desempenho: •
Segundo o relatório Unctad, das Nações Unidas, entre os 30 países que terão mais prioridade para receber investimento estrangeiro até 2011, quatro são da América, entre eles o Brasil;
•
O desenvolvimento sócio-econômico do País (com a migração das classes D/E para a classe C);
• O aprendizado da superação da crise financeira global de 2008, que muito pouco afetou nosso Setor (o consumo de produtos HPPC não depende de crédito e sim de renda e
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Fonte: Euromonitor
O Mercado Brasileiro de produtos para cabelos movimentou US$ 6,13 bilhões no ano de 2009, atingindo a terceira colocação no ranking mundial, com participação de 9,8%, conforme dados do Euromonitor.
MERCADO Ecodesign em alta A sustentabilidade no mercado de cosméticos é um desafio para as agências de design. Buscar soluções inovadoras e que não agridam o meio ambiente sem dispensar o lado atraente das embalagens para o consumidor – é tarefa do ‘ecodesign’. Veja algumas Soluções simples que foram implantadas junto à embalagens standard. Orgânicos Cadiveu (Cadiveu)
Brasil no ranking mundial de HPPC.
Linha de produtos da empresa de cosméticos Cadiveu tem embalagens que permitem viabilizar e facilitar a separação das peças do cartucho por catadores de recicláveis após o descarte. Dividida em tampa, caixa e berço, sua embalagem utiliza tinta metalizada ao invés de verniz ou rótulo, permitindo a reciclagem sem a perda de recursos como as cores, presentes nos produtos da marca. Para os consumidores, as embalagens apresentam informações sobre quanto cada produto é reciclável – mais uma alternativa para a conscientização dos consumidores.
Embalagens recicláveis para facilitar a separação das peças do cartucho por catadores de recicláveis após o descarte.
Pode-se enumerar algumas ações que ajudarão a Reduzir, Reciclar, Reutilizar (3 R’s) as embalagens: •
Impressão: utilizar tinta à base de soja, em substituição às tintas que agridem o meio ambiente, pois solventes são utilizados para sua obtenção;
• Sempre que possível, usar frascos de vidro em substituição aos de plástico descartável (um bom exemplo, algumas empresas de refrigerante estão voltando a usar garrafas retornáveis de vidro); •
Reduzir o peso das embalagens, trocando o PVC pelo PET, por exemplo.
•
Usar cartonagens recicláveis;
• Usar rótulos biodegradáveis, produzidos a partir de bioplástico; • Buscar fornecedores o mais próximo da empresa, acarretando em economia de combustível e frete; • Pensar ‘fora do quadrado’. Sempre é possível viabilizar uma boa ideia que contribua à sustentabilidade do Planeta. Fonte: Euromonitor
Fonte: ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos)
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DERMO COUNTER Orlane SERUM NUIT EXTREME ANTIRRUGAS REGENERAÇÃO NIGHT SERUM Inovação Anti-Aging Orlane SERUM NUIT EXTREME ANTIRRUGAS REGENERAÇÃO NIGHT SERUM é um novo produto dos laboratórios Orlane. Segundo fabricante este produto demonstrou ter capacidade de corrigir e regenerar rugas durante toda a noite, isso devido à tecnologia utilizada na sua fabricação. Ainda, segundo fabricante, seus concentrados ingredientes ativos prometem contribuir no aumento da longevidade celular, renovação, reparação de rugas e células de DNA, além de estarem perfeitamente orientados para combater os efeitos negativos do estresse sobre o sono, enquanto desintoxica e purifica a pele do rosto. Orlane SERUM NUIT EXTREME ANTIRRUGAS REGENERAÇÃO NIGHT SERUM de 30 ml está disponível no mercado internacional pelo preço médio de US$ 325,00. Ingredientes: Aqua (Water), Glycerin, Dimethicone, Alcohol Denat, Hydrolyzed Soy Flour, Butylene Glycol, Hydroxyethyl Acrylate/ Sodium Acryloydimethyl Taurate Copolymer, Dimethiconol, Phenoxyethanol, Ethylparaben, Sodium Benzoate, Cyperus Esculentus Tuber Extract, Laureth-3, Methylparaben, Caffeine, Hydrolyzed Wheat Protein, Sorbitan Isostearate, Polysorbate 60, Hydroxyethylcellulose, Sodium Hyaluronate, Escin, Parfum (Fragrance), Acetyl Di-peptide 1, Cetyl Ester, Artemia Extract, Ethylhexylglycerin, Oryza Sativa (Rice) Extract Potassium Sorbate, Propylparaben, Butylparaben, Isobutylparaben, Linalool, Limonene, Alpha-Isomethyl Ionone, Potassium Sorbate.
Condicionador Hidratante Anti-Aging de Caviar O Condicionador Hidratante Anti-Aging de Caviar, segundo o fabricante, por ser rico em lipídios promete restaurar e hidratar continuamente os cabelos, protegendo-os dos danos diários e futuros. O Condicionador Hidratante Anti-Aging de Caviar, ainda segundo fabricante, promete também reparar os fios secos e quebradiços promovendo a vedação por uma rica mistura de lipídios e outros ingredientes essenciais para melhora continua da nutrição e hidratação dos cabelos. O fabricante informa ainda que, o produto tem potencial protetor contra estresse diário e fornece o que o cabelo precisa para se tornar forte, saudável e com uma aparência mais jovem. O Condicionador Hidratante Anti-Aging de Caviar está disponível no mercado internacional pelo preço médio de US$ 32,00. Ingredientes: Aqua/Water/EAU, Cetearyl Alcohol, Cyclopentasiloxane, Behentrimonium Chloride, Cetrimonium Chloride, Wasabia Japonica Root Extract, Foeniculum Vulgare (Fennel) Seed Extract, Chondrus Crispus (Carrageenan) Extract, Hydrolyzed Algae Extract, Algae Extract, Caviar Extract, Linum Usitatissimum (Linseed) Seed Oil, Butyrospermum Parkii (Shea Butter), Helianthus Annuus (Sunflower) Seed Extract, Daucus Carota Sativa (Carrot) Root Extract, Pikea Robusta Extract, Glycine Max (Soybean) Symbiosome Extract, Avena Sativa (Oat) Kernel Extract, Hydrolyzed Rice Protein, Glycine Soja (Soybean) Seed Peroxidase, Ganoderma Lucidum (Mushroom) Tyrosinase, Lentinus Edodes Tyrosinase, Peptide, Hydrolyzed Soy Protein, Niacinamide Polypeptide, Ascorbic Acid Polypeptide, Pantothenic Acid Polypeptide, Tocopheryl Acetate, Retinyl Palmitate, Phospholipids, Papain, Bromelain, Saccharomyces/Lysate Ferment, Saccharomyces/Copper Ferment, Saccharomyces/Zinc Ferment, Superoxide Dismutase, Lactoferrin, Corn Oligosaccharides, Copper Lysl Oxidase, Acetyl Methionine, Acetyl Serine, Amino Acyl tRNA Synthetase, Phytosphingosine, Adenosine Triphosphate, Melanin Silanetriol, Hydrolyzed Vegetable Protein PG-Propyl Silanetriol, Guar Hydroxypropyltrimonium Chloride, Cinnamidopropyltrimonium Chloride, Jojoba Esters, Cetrimonium Bromide, Dimethiconol, Glycereth-26, Glycerin, Butylene Glycol, Propylene Glycol, Propylene Glycol Dicaprylate/Dicaprate, PPG-1 Trideceth-6, Polyquaternium-37, Polyquaternium-10, Amodimethicone, Sodium Phytate, Divinyldimethicone/Dimethicone Copolymer, C11-15 Pareth-7, Laureth-9, Trideceth-12, C1213 Pareth-23, C12-13 Pareth-3, Citric Acid, Disodium EDTA, Ethylhexylglycerin, Methylisothiazolinone, Fragrance/Parfum, Geraniol, Hexyl Cinnamal, Linalool, Limonene.
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IN FOCO
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DERMO COUNTER Base Invisível HD A Base Invisível HD é uma base líquida, que segundo informes do fabricante, promete cobrir as imperfeições da pele, deixando-a uniforme. A aparência invisível do produto é garantida até mesmo ao olhar mais atento, e em ambientes com muita iluminação, segundo informa o fabricante. A Base Invisível HD está disponível no mercado internacional pelo preço médio de US$ 40,00. Ingredientes: Aqua, Cyclopentasiloxane, Neopentyl Glycol Diethylhexanoate, Mica, talc, PEG-10 Dimenthicone, Biosaccharide Gum-1, Phenyl, Trimethicone, Sodium Chloride, Lauroyl Lysine, Dimenthicone Crosspolymer, Glyceryl Caprylate, Methylpropanediol, Butylene Glycol, Phenoxyethanol, Chlorphenesin, Disteardimonium Hectorite, Sodium Myristoyl Glutamate, Cyclohexacyloxane, Methylisothiazolinone, Sorbitan Sesquileate, Silver Oxide, Propylene, Carbonate, Parfum (fragrance), Methylparaben, Fagus Sylvatica Extract (Fagus Sylvatica Bud Extract), Hydrolyzed Yeast Protein, [+/- CI 77891 )titanium Dioxide), CI 77491 (Iron Oxides), CI 77499 (Iron Oxides).
CLINIQUE Solução da Vermelhidão - Para Peles Sensíveis Maquiagem FPS 15 Com Tecnologia Probiótica Laboratórios CLINIQUE lançam novo produto que promete a neutralização da vermelhidão da pele. Segundo fabricante, o produto possui ingredientes calmantes que prometem contribuir na diminuição da temperatura da pele que causa a vermelhidão. CLINIQUE Solução da Vermelhidão - Maquiagem FPS 15 Com Tecnologia Probiótica está disponível no mercado internacional pelo preço médio de US$ 50,00. Ingredientes: Octinoxate 5.90%, Zinc Oxide 3.70%, Titanium Dioxide 2.90%. Water/ Aqua/Eau, Methyl Trimethicone, Phenyl Trimethicone, Dimethicone, Triethylhexanoin, Butylene Glycol, Trimethylsiloxysilicate, PEG 10 Dimethicone, Lauryl PEG 9 Polydimethylsiloxyethyl Dimethicone, C12-15 Alkyl Benzoate, Lactobacillus Ferment, Citrus Grandis (Grapefruit) Peel Extract, Magnolia Grandiflora Bark Extract, Poria Cocos Sclerotium Extract, Astrocaryum Murumuru Seed Butter, Glycerin, Caffeine, Sodium Mannose Phosphate, Sodium Myristoyl Sarcosinate, Caprylyl Methicone, Methicone, Polyglyceryl 6 Polyricinoleate, Disteardimmonium Hectorite, Isopropyl Titanium Triisostearate, Dimethicone Crosspolymer 3, Lecithin, Tocopheryl Acetate, Laureth 7, Dimethicone/PEG 10/15 Crosspolymer, Sodium Chloride, Dipropylene Glycol, Disodium EDTA, Aluminum Hydroxide, Polyaminopropul Biguanide, Phenoxyethanol, Titanium Dioxide, CI 77891, Iron Oxides, CI 77491, CI 77492, CI 774999, Mica.
NEW Clinical Peel & Reveal Dermal Resurfacer Tripla Ação Dérmica- Renovação Celular Potencializada O Laboratório Peter Thomas Roth traz para o mercado um novo produto que promove a renovação celular, através de um peeling com alfa hidroxiácido; promove esfoliação com enzima de abóbora e uniformiza o relevo cutâneo com óxido de alumínio. Ele ainda garante a uniformização da tonalidade da pele, suavização de linhas finas, rugas e clareamento cutâneo, de acordo com fabricante. A Resurfacer Tripla Ação Dérmica está disponível no mercado internacional pelo preço médio de US$ 58,00. Ingredientes: Water/Aqua/Eau, Alumina, Cucurbita Pepo (Pumpkin), Glycerin, Lactobacillus/ Pumpkin Ferment Extract, Lactic Acid, Diazolidinyl, Urea, Retinyl Palmitate (Vitamin A), Sodium Hyaluronate, Carbomer, Propylene Glycol, Methylparaben, Propylparaben, Sodium Hydroxide, Fragrance (Parfum).
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INNOVATION AND TECNOLOGY
Floraglo® Lutein Luteína Tópica Inovadora Para Fotoproteção à Luz Visível
Os sinais do envelhecimento prematuro da pele, causados por exposição a fatores danosos ambientais, podem aparecer na forma de rugas, ressecamento, flacidez, alterações na coloração e câncer de pele. Enquanto acredita-se que os danos UVinduzidos sejam o principal agente causador do envelhecimento precoce cutâneo, o comprimento de onda da luz visível também pode penetrar de forma profunda na pele e produzir danos irreversíveis.5 A radiação eletromagnética tem vastos e diversificados efeitos sobre a pele humana, porém, a maioria dos estudos disponíveis se concentra apenas no espectro de radiação ultravioleta.2 Já está bem estabelecido por estudos que a radiação ultravioleta (UV) induz efeitos imunomoduladores que podem estar envolvidos no câncer de pele. Estudos recentes têm mostrado que tanto a radiação UVA (320-400 nm) quanto a UVB (290-320 nm) são imunossupressoras, e demonstram claramente a necessidade de produtos de proteção solar que forneçam fotoproteção eficaz em todo o espectro de radiação ultravioleta.1 Porém, os efeitos de luz visível e da radiação infravermelha não tem sido, até recentemente, claramente elucidados. Além da preocupação com luz ultravioleta UVA e UVB, a luz visível também pode causar eritema, pigmentação, danos térmicos e produção de radicais livres. A radiação da luz visível pode induzir, indiretamente, danos ao DNA através da geração de espécies reativas de oxigênio.2
Radiação Emitida Pela Luz Visível Pode Causar Danos Irreversíveis à Pele Uma revisão publicada no periódico Photochemistry and Photobiology destacou os efeitos da radiação emitida pela luz visível na pele, os quais incluem eritema, pigmentação, danos térmicos e produção de radicais livres. Também foi mostrado que a luz visível pode induzir, indiretamente, danos ao DNA através da geração de espécies reativas de oxigênio. Além disso, uma série de fotodermatoses tem um espectro de ação na faixa da luz visível. 2 Um estudo conduzido por pesquisadores do Departamento de Dermatologia do Hospital Karolinska, Suécia, avaliou 24 | Revista de Cosmetologia e Ingredientes Cosméticos
os efeitos da aplicação repetida (três vezes por semana, durante 4 semanas) de baixas doses de radiação UVA e luz visível em 12 indivíduos saudáveis. Os resultados desse estudo sugerem que doses suberitematosas de luz visível, assim como de radiação UVA1, pode causar danos ao DNA, como demonstrado por alterações na expressão de p53 e proteína bcl-2.6 Outro estudo mostrou ainda que tanto a luz visível quanto a radiação UVA1 pode induzir mutações na pele normal após doses repetidas, e essas alterações podem ser ocasionadas por doses normais de luz visível.7 De acordo com um estudo realizado no Departamento de Dermatologia da Universidade da Pensilvânia, EUA, a avaliação das emissões de 19 diferentes lâmpadas fluorescentes revelou que, apesar de a irradiação de qualquer lâmpada ser baixa, o tempo de exposição diário é muito longo. Como a exposição diária a estas lâmpadas ocorre por longos períodos, isto pode levar a danos cumulativos significativos. 3 De fato, muitas das lâmpadas comumente usadas nos lares e nos ambientes de trabalho emitem doses baixas de radiação. A irradiação é consideravelmente menor que a do Sol, porém o tempo de exposição pode durar horas e geralmente é repetida em uma base diária. Portanto, é possível que esta exposição crônica possa resultar em acúmulos significativos de danos à pele.4
Luteína Tópica Versus Luz Visível Antioxidantes naturalmente presentes na pele humana fornecem certa proteção contra a agressão de fatores ambientais, mas, no entanto, a capacidade protetora dos antioxidantes presentes na pele é rapidamente esgotada mesmo quando há exposição moderada à luz UV.5 A pele pode se beneficiar da capacidade da luteína em absorver comprimentos de onda da faixa do espectro da luz visível correspondente à luz azul, bem como de sua capacidade de eliminar os radicais livres que podem se desenvolver a partir da exposição constante à luz.5
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INNOVATION AND TECNOLOGY
Legenda: Quando exposto a luz UV, a peroxidação lipídica (produção de malondialdeido) foi significativamente reduzida após tratamento com FLORAGLO® LUTEIN em comparação com placebo
Legenda: FLORAGLO® LUTEIN aumentou significativamente a hidratação da pele em comparação com placebo .
Legenda: FLORAGLO® LUTEIN duplicou os níveis de lipídeos na superfície da pele quando comparado com o placebo.
Legenda: Houve grande melhora na elasticidade da pele logo nas primeiras dez semanas de tratamento com FLORAGLO® LUTEIN quando comparada com o placebo.
FLORAGLO® LUTEIN Proteção Contra o Comprimento de Onda das Lâmpadas Fluorescentes (Luz Visível)
FLORAGLO® LUTEIN é um ativo cosmético composto por um extrato natural de luteína obtido das flores de calêndula, que contêm luteína na sua forma biodisponível. Possui a capacidade de absorver a energia dos comprimentos de onda da luz azul (comprimento de onda emitido pelas lâmpadas fluorescentes) e eliminar os radicais livres que podem se desenvolver a partir da exposição constante à luz. Os benefícios potenciais para a saúde da pele de FLORAGLO® LUTEIN podem incluir aumento significativo da hidratação, do conteúdo lipídico e da elasticidade cutânea, podendo minimizar os sinais do envelhecimento prematuro da pele. Seu uso pode resultar em aumento da atividade fotoprotetora e redução da peroxidação lipídica da pele, um sintoma dos danos causados devido à exposição à luz. INCI Name: Xanthophyll.
Mecanismo de Ação FLORAGLO® LUTEIN protege a pele contra os efeitos maléficos da luz azul (luz emitida pelas lâmpadas fluorescentes), bem como inibe a formação de radicais livres (espécies reativas de oxigênio – EROs).
Comprovação de Estudo Foi realizado estudo randomizado e placebo-controlado, envolvendo quarenta voluntários saudáveis do sexo feminino, 26 | Revista de Cosmetologia e Ingredientes Cosméticos
idade 25-50 anos (idade média = 35 anos), de variados tipos de pele, todas exibindo sinais de envelhecimento prematuro, que aplicaram FLORAGLO® LUTEIN ou placebo, duas vezes ao dia durante 12 semanas.
Concentração Usual 0,1% a 0,5%.
Fabricante Kemin Personal Care, U.S.A.
Referências 1
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Mahmoud BH, Hexsel CL, Hamzavi IH, Lim HW. Effects of visible light on the skin. Photochem Photobiol. 2008 Mar-Apr;84(2):450-62. Epub 2008 Jan 29.
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Klein RS, Werth VP, Dowdy JC, Sayre RM. Analysis of compact fluorescent lights for use by patients with photosensitive conditions. Photochem Photobiol. 2009 Jul-Aug;85(4):1004-10. Epub 2009 Mar 20.
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Klein RS, Sayre RM, Dowdy JC, Werth VP. The risk of ultraviolet radiation exposure from indoor lamps in lupus erythematosus. Autoimmun Rev. 2009 Feb;8(4):320-4. Epub 2008 Nov 6.
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Sheila Dana, Justin Green, and Richard Roberts. Clinical evidence shows long-term beneficial effects of floraglo ® lutein on human skin. Kemin Health, L.C. KHBB-017-058. Disponível em: http:// www.floraglolutein.com/KHBB -017-058_Longterm_Beneficial_Effects_of_Lutein_on_Human_Skin.pdf
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DERMOCOSMÉTICA
Dermatite Atópica Conceitos, Atualizações e Tratamentos Cosméticos
A dermatite atópica (DA) ou eczema atópico é uma doença de pele crônica recidivante, que ocorre mais comumente em recémnascidos e crianças, frequentemente associada a anormalidades na função de barreira cutânea e sensibilização a alérgenos. Não há uma característica clínica ou laboratorial específica para o diagnóstico, que se baseia na presença de achados clínicos.1 A atopia é uma condição geneticamente determinada que condiciona uma predisposição para o desenvolvimento de asma, rinite alérgica, dermatite atópica e conjuntivite alérgica. É assim, frequente, no indivíduo com dermatite atópica, um histórico familiar de atopia, bem como o desenvolvimento, ao longo da sua vida, de outras patologias de base atópica. 2
Etiopatogenia A dermatite atópica é atualmente, reconhecida como uma doença de base genética, com expressão variável e influenciada por fatores ambientais.
Manifestações Clínicas Em geral, nos adultos o quadro clínico apresenta predominância de liquenificação e atinge preferencialmente as pregas flexoras. É também frequente o envolvimento das mãos, pés, pálpebras, genitais e, nas mulheres, dos mamilos. Pode-se observar lesões de escoriação em todas as fases da doença, condicionadas pelo prurido, sintoma sempre presente e dominante na dermatite atópica, que é, com frequência, suficientemente intenso para condicionar irritabilidade ou impedir o sono. A xerose cutânea é também uma alteração quase constante. 1,2
reduzida e apresentam xerose, contribuindo para morbidade da doença. Nestes pacientes, há o desenvolvimento de fissuras e rachaduras na pele, que servem de porta de entrada para patógenos, irritantes e alérgenos, sobretudo durante os meses secos. 1 Existem ativos que atuam promovendo o aumento da expressão de proteínas da membranas, como as aquaporinas. A expressão dessas proteínas hidrofóbicas aumentam de 10 a 100 vezes a permeabilidade da membrana á agua promovendo intensa hidratação.6 Os ácidos graxos possuem uma dupla ação na dermatite atópica: reequilibram a composição da película lipídica superficial para limitar os fenômenos de desidratação cutânea, e, por outro lado, retardam a síntese dos mediadores inflamatórios3,4.
Tratamento Cosmético para a Dermatite Atópica Os ativos cosméticos utilizados na dermatite atópica agem principalmente na hidratação, nas aquaporinas, na restituição de ácidos graxos e nos processos inflamatórios, conforme observado na tabela da página seguinte.
Referências Bibliográficas 1
FITZPATRICK, T. B. (Thomas Bernard) (autor); FREEDBERG, Irwin M. (coaut.). Tratado de dermatologia. 7. ed. Rio de Janeiro, RJ: Revinter, c2005. 2v., il. ISBN 8573098961 (enc.).
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Ebner, F., Heller, A., Rippke, F., Tausch, I. Topical use of dexpanthenol in skin disorders. Am J Clin Dermatol. 2002; 3(6): 427-33.
7
Chemyunion, Brasil.
8
Active Concepts, Estados Unidos.
9
DeWit Seciality Oils, Holanda.
10
Natural P&T, Brasil.
11
Chemisches Laboratorium Dr.Kurt Richter GmbH.
Terapia Para o tratamento bem sucedido da dermatite atópica é necessária uma abordagem sistemática e prolongada, que incorpore hidratação da pele, terapia farmacológica e a eliminação de fatores desencadeantes, como irritantes, alérgenos, agentes infecciosos e estressores emocionais. 1
Terapia Tópica A hidratação cutânea em pacientes com dermatite atópica é importante, pois estes pacientes têm a função barreira da pele 28 | Revista de Cosmetologia e Ingredientes Cosméticos
DERMOCOSMÉTICA
Revista de Cosmetologia e Ingredientes Cosméticos | 29
DERMO COUNTER Barefoot Botanicals S.O.S Rescue Me - Face and Body Cream Rescue me é uma emulsão livre de esteróides com vários extratos herbais e ácidos graxos que segundo o fabricante, acalmam a irritação e simultaneamente hidratam e evitam a perda da umidade natural da pele. Possui leve aroma de lavanda francesa, camomila e flor de laranja. Segundo o fabricante este produto pode ser utilizado até pelas peles mais delicadas para um efeito relaxante e calmante instantâneo, além de ser recomendado para peles com dermatite, eczema e ou psoríase. O produto é encontrado internacionalmente com um preço médio de £18.00 para as embalagens de 100 ml. Ingredients: Aqua, Squalane, Macadamia Ternifolia, Simmondsia Chinensis , Cetearyl Alcohol, Borago Officinalis Seed Oil, Glycerin, Cetearyl Glucoside, Helianthus Annuus, Glyceryl Stearate , Oenothera Biennis Oil, Panthenol , Tocopheryl Acetate , Lonicera Caprifolium , Xanthan Gum , Dimethyl Sulfone , Lonicera Japonica , Allantoin , Aloe Barbadensis, Ascorbyl Palmitate , Calendula Officinalis, Alcohol (from Sugar Cane), Tocopherol, Glyceryl Caprylate, Linalool*, Citrus Amara , Berberis Aquifolium , Limonene*, Lavandula Angustifolia , Arctium Lappa , Stellaria Media , Anthemis Nobilis , Farnesol*, Geraniol*, Benzyl Cinnamate*, Citral*, Citronellol*, Benzyl Benzoate*
PaiSkinCare Comfrey & Calendula Calming Body Cream Segundo a empresa Pai Skin Care que desenvolveu o Comfrey & Calendula Calming Body Cream, o produto é uma emulsão terapêutica com hidratação intensa para peles sensíveis ou com tendência a alergias, tendo em sua composição extratos naturais que lhe conferem propriedades antiinflamatórias e um poder de acalmar e regenerar as peles mais irritadas. Segundo o fabricante o produto possui outros óleos e manteigas naturais que visam repor a umidade da pele, enquanto os ácidos graxos de Echium ajudam a promover a elasticidade.O produto é livre de alcoóis, fragrâncias artificiais, conservantes sintéticos e petroquímicos. Encontra-se no mercado internacional em embalagem de 200 ml pelo preço médio de £22.00. Ingredients: aqua, helianthus annuus oil*, olea europa oil*, butyrospermum parkii butter*, cetearyl alcohol, glycerin*, simmondsia chinensis oil*, prunus domestica seed oil*, symphytum spp extract*, calendula officinalis extract*, cetearyl glucoside, echium plantagineum, mixed tocopherols, jasminum grandiflorum* oil, citrus sinensis oil*, sodium levulinate, sodium anisate, lactic acid, sodium lauroyl lactylate (Naturalmente presentes no óleo essencial : d-limonene*)
Ada Tina Redukine® AD Foi desenvolvido pela Ada Tina na Itália um produto com ação ultra calmante e capaz de combater a vermelhidão da pele em 15 minutos, segundo anúncio do fabricante. Sua formulação conta com água termal, óleos vegetais ricos em ômega-3, ômega-6 e ômega-9 que de acordo com o fabricante são ótimos antioxidantes, hidratantes e anti-inflamatórios naturais, e podem ser aplicados até em peles irritadas e machucadas sem ardor. Este produto da Ada Tina possui manteiga de karité ECOcertificada que promove uma hidratação profunda, devolve a maciez e a elasticidade conforme anúncio do fabricante. No mercado nacional o produto é encontrado em embalagem de 60 ml com preço médio de R$153,00. Ingredients: Cetearyl olivate, sorbitan olivate, butyrospermum parkii butter, canola oil, pentaerythrityl tetra-di-t-butyl hidroxyhydrocinnamate, tocopheryl acetate, gossypium herbaceum seed oil, sodium hidroxide, glycerin, acrylates/c10-30 alkyl acrylate crosspolymer, disodium edta, lactose, lactis proteinum (milk protein), cyclopentasiloxane, dimethiconol, dimethicone crosspolymer, aqua, disodium laurimidodipropionate tocopheryl phosphates, phenoxiethanol, caprylyl glycol, aluminum starch octenylsuccinate, aqua, ammonium acryloydimethyltaurate/vp copolymer.
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