World Fashion 149

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moda

Ano XIX | R$30,00 Edição 149

tramas da

Acontece Mundo

Esportivo empresta à moda seu savoir faire

balcão

Arquitetura de lojas e de vendas

e mais:

O produto é do corpo a marca é da alma Sutiãs em alta ajudam na recuperação da moda íntima


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O verão na passarela

fev-mar-abr 15

A

s novas coleções ganham espaço na mídia num verdadeiro efeito cascata: SPFW, Minas Trend Preview, Casa de Criadores, Dragão Fashion, além de outras iniciativas, pontuais, porém não menos eficazes em matéria de negócios e de comunicação com o público-alvo. Início de ano e de calendário de lançamentos é assim, porém, esse vem com um matiz diferente, já que há preocupação no ar, e real, derivada do atual compasso da economia brasileira. Preocupação de um lado, e muito trabalho de outro, para que haja equilíbrio nos dois pratos da balança. Empresários e criadores aumentam a atenção com gastos e investimentos, e não poupam quando o quesito é criatividade – nem para desenvolver as coleções, nem para gerir os negócios. A Publisher do World Fashion +Varejo, Yuko Suzuki, conferiu de perto o ânimo do mercado mineiro, importante termômetro nacional com o seu Minas Trend Preview. Em clima de apreensão e de otimismo materializado em iniciativas, o empresário mineiro sai em busca de alternativas para o seu produto diferenciado, concebido nos moldes do design artesanal. Já que competir com o fast fashion não é possível, nem em escala, nem no custo e preço final, o que é viável, sim, é ganhar – e muito – em qualidade e conceito. “É hora de atrair olhares de fora e ganhar espaço aqui mesmo com novas propostas de criação”, assinala a diretora da publicação. Conversamos também, nessa edição, com o presidente da Abit, Rafael Cervone, cuja visão do panorama atual contempla semelhante caminho de soluções. “A Abit está conduzindo o estudo Têxtil 2030, que aponta propostas de longo prazo para todo o setor. Se, no momento, as questões que pairam no ar são as contas do governo, os altos tributos e a defasagem cambial, em contrapartida os estudos apontam que há possibilidades sendo trabalhadas para a indústria local pela própria Abit, juntamente com a Apex Brasil, para abertura de canais de comercialização no exterior". O toque de emoção fica, sem dúvida, por conta da despedida da top Gisele Bündchen das passarelas, cujo talento e, sobretudo, o carisma contribuíram incrivelmente para que o Brasil ganhasse um lugar no mapa do planeta fashion. A estação Verão 2016, recém-desfilada, está apenas começando. E com ela, toda a expertise de um empresariado que sabe o que faz para manter uma indústria em movimento e um varejo antenado com os desejos do consumidor. Boa leitura! Eleni Kronka

06 + MOVIMENTO

Limites que não podem ser ultrapassados! A falsificação extrema

08 + VITRINE 10 +BALCÃO

A arte invade a cena

32 +acontece brasil Um verão em

branco e preto

36 +acontece mundo Esportivo

empresta à moda seu savoir faire

Arquitetura de lojas e de vendas

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+foco Abit e a agenda para o Têxtil 2030

14 16

38 +comportamento 40 +gestão

Os 3 P’s do licensing

O produto é do corpo

+moda masculina Tecido tem sexo?

+dossie Na trama da moda

a marca é da alma

42 +mercado

Sutiãs em alta ajudam na recuperação

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As novidades da indústria no SPFW

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Donas do

30

+acontece brasil

próprio tempo

Minas Trend tem o foco no Brasil

da moda íntima

44 +online

A sedução das palavras

46 +LER, VER, OUVIR Programe-se

ERRATA:

Na edição 148 página 16 - o correto é Marina Sprogis, de PARIS.

www.worldfashion.com.br Diretor: Luiz Cezar Pimentel | Publisher: Yuko Suzuki yuko@worldfashion.com.br Editora: Eleni Kronka eleni@worldfashion.com.br | Colunistas: Arnaldo Rabelo, Carlos Ferreirinha, Daniela Burity, Edson D’Aguano, Marcelo Prado, Mário Queiroz, Paulo Delegá e Sylvia Demetresco Colaboraram nesta edição: Henrriete Mirrione, Roselaine Araújo Projeto Gráfico e Design: Guilherme Watanabe | Jornalista Responsável Eleni Kronka – MTB 12.882 Publicidade Vera Lopes vera@worldfashion.com.br | Luiz Eduardo Pimentel eduardo@worldfashion.com.br

Crédito da foto capa: Desfile da Colcci - #SPFW20 – 20 anos de Gisele Bündchen na passarela – foto de Osvaldo F.

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WORLD FASHION + VAREJO é uma publicação da World Fashion Editora e Eventos Ltda. Fones: (11) 5535-7709 e (043) 3343-1925. A World Fashion Editora e Eventos Ltda. não se responsabiliza pelas opiniões emitidas nos artigos de seus colunistas. É terminantemente proibida qualquer forma de reprodução do conteúdo – textos, fotos, ilustrações – desta publicação sem a prévia e devida autorização dos editores. Nenhuma pessoa está autorizada a retirar qualquer tipo de material em nome do WORLD FASHION+ VAREJO. Em caso de necessidade, o portador deverá ter em mãos carta assinada.

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COLEÇÃO PLATINUM

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FOUNTAIN BLUE Conceito e prática da sustentabilidade


Foto: Shutterstock

Fundador presidente da MCF Consultoria & Conhecimento, especializada nas ferramentas de gestão e inovação do negócio do luxo Foto: Divulgação

e premium, com atuação no Brasil, na América Latina, em Angola e Portugal.

www.mcfconsultoria.com.br

H Limites que não podem ser ultrapassados! A falsificação extrema! Tifeany & Co (Tiffany & Co), Herwés (Hermés), Cnanel (Chanel) e Caitier (Cartier) não estão escritos aqui de forma errada! Apenas mostram um pouco da realidade das ruas e da fachada de butiques de luxo em redutos da China atual 6

á algum tempo, escutei uma afirmação que considerei ter todo o sentido. A tradicional China dos produtos falsificados estaria se empenhando para se tornar a “Samsung”! O modelo de negócios da empresa coreana vem inspirando a China para a busca de investimento em marca com valor de percepção de prestígio. Fez um enorme sentido para mim. A China não mais poderá ser o país dos preços e salários inacreditavelmente baixos. Há que existir um caminho bem diferente disso. Considerando o investimento massivo em design que o País têm feito, essa afirmação, comparada à Samsung, faz todo o sentido. Na década de 1980, nem mesmo os televisores da marca coreana tinham prestígio e agora essa mesma empresa compete de forma alinhada com os smartphones da norte-americana Apple. A China do não valor agregado surpreende o mundo com crescimentos econômicos que batem recordes. Somente para esse ano de 2015, o PIB Chinês deverá alcançar 7% e os sinais estão cada vez mais claros que essa mesma economia acelerará o desenvolvimento de um modelo econômico de propriedade mista e permitirá um volume cada vez maior de capital privado nas empresas estatais de setores-chave. Sem sombra de dúvida, surpreendente! A China dos novos tempos. A China do Século XXI! Como é possível então esse mesmo País da economia crescente e que busca incrementar ser percebida como contemporânea e moderna, ainda permitir ou não lutar veemente contra a falsificação de marcas que investem pesadamente para garantir o original, o genuíno e o autoral? TIFEANY & CO (Tiffany & Co), STARBOCKS COFFEE (Starbucks), HERWÉS (Hermés), HÄAGEN DEZS (Häagen Dazs), CNANEL (Chanel) e CAITIER (Cartier) são alguns dos nomes das fachadas das lojas de uma rua inteira dedicada à falsificação das marcas de Luxo. Nem mesmo a identidade visual das fachadas das lo-

jas foi respeitada. Uma rua inteira como se fosse uma réplica das ruas de Paris? Definitivamente, a República Popular da China não para de nos surpreender.

Dois pesos, duas medidas

E no meio de tudo isso, eu vejo com profundo incômodo, irritação e angústia, que o mesmo Brasil que recentemente barrou a entrada em nosso País do homem considerado um professor de “pegação de mulheres”, Julien Blanc – assunto fortemente retratado na imprensa brasileira e que teve o colossal envolvimento do Itamaraty, Policia Federal e assim vai... é também o mesmo País que permite a possível comercialização do carro Landwind X7 = um abissal clone chinês (cópia, falsificação) do Evoque, da Land Rover. Vamos de imediato deixar claro: falsificação é crime! E não há sequer o que mais comentar sobre isso. E até para isso deveriam existir limites que jamais poderiam ser ultrapassados. Permitir a entrada por via legais de uma marca chinesa de carros que falsifica um ícone recente de sucesso da britânica Land Rover é, no mínimo, surpreendente. Como assim? Até onde iremos com isso? A comercialização do Landwind X7 é um ultraje à economia brasileira, ao País que cresceu no consumo de carros, ao País que já possui uma dos maiores eventos de carros do mundo e que é o mesmo País que têm observado o crescimento e expansão das marcas de Luxo de diversos segmentos. É um afronto e desrespeito a uma empresa como a Land Rover que há anos investe no Brasil e que iniciará produção local, trazendo ao Brasil investimentos diretos, empregabilidade. Não se pode barrar o visto de um indivíduo que é considerado professor de pegação de mulheres e ao mesmo tempo ser conivente com o “visto de entrada” de um carro que é uma cópia absurda do EVOQUE, resultado do investimento, da pesquisa, da inovação original e genuína da Land Rover. Até mesmo falsificação deveria ter limites estabelecidos.

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arte A

invade a cena

Formas de expressão, simbólicas e lúdicas, vigentes em mostras de inúmeros museus, tomam conta do espaço cênico dedicado à comunicação no ponto de venda Texto e fotos por Sylvia Demetresco

Exposição Manequin Fetiche, no Museu Bourdelle

Passeando por Paris à procura de novidades nas apresentações dos objetos, estejam eles expostos como obras de arte ou como mercadorias a serem adquiridas, há atualmente uma igualdade na forma de expor. Igualdade, aliás, que existe sempre! Reina algo no ar que faz com que vitrinas, lojas, museus e supermercados façam coisas parecidas simultaneamente. Por exemplo, usar azul claro para indicar férias, azul forte para falar de mar, folhas secas no outono e assim por diante. Tudo por causa dos nossos hábitos e cultura; estamos impregnados de conhecimentos semelhantes. É a comunicação que nos faz apreender o mundo ao nosso redor: como as matérias transformadas, a revelação do invisível, a produção de informação, as novas tendências, os desfiles, as novela, etc. É dessa amálgama entre trocas do homem e de seu ambiente que nasce a cultura, que nasce a vontade de ver coisas novas e conhecer a história. Cada exposição de produto quer seja histórico, quer seja de uso, nos traz significações e simbologias infinitas. Essas significações, tanto dos objetos utilitários como do nosso mundo imaginário ou do nosso universo contemplativo, se transpõem em nosso cotidiano e, isto quer dizer que, qualquer coisa que vemos é automaticamente desejada.

Paris

As exposições em Paris são muitas e variadas. Lojas e museus querem apresentar novas formas de ver e de promover o que têm. Os produtos de uso diário, como roupas, calçados, joias, artigos de cozinha, decoração e até carros, são expostos de modo a seduzir os passantes. Nos museus, os objetos ícones também são mostrados de forma a atrair observadores. Nos dois tipos de espaços – comerciais e museológicos –, surge uma mesma forma de colocar em cena os objetos. Apesar de ser início de primavera, nesta cidade maravilhosa, em que o sol surge devagarinho pelos espaços azuis do céu, que por muitos meses estava cinza; num momento tão especial em que cada dia, das árvores de galhos cinza, vão brotando folhas bem verdinhas; aos poucos as flores despontam no alto das castanheiras e nos canteiros das praças. É realmente um instante em que tudo se transforma e a vida fica mais leve, mais ensolarada e as pessoas saem de casa e se sentam onde há sol. Normalmente as exposições e as lojas desabrocham,

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em cores e luzes, como a primavera. Mas este ano, para espanto meu, tudo é pesado nas formas, escuro nas cores, a iluminação se faz pobre e fraca. O que há? Onde estão os brilhos da nova estação? Os designers gráficos que trabalham em todas as áreas decidem, em todos os tipos de exposição quais as formas e as cores que serão utilizadas. Parece que houve uma uniformidade de escolha de formas e cores nas produções em geral.

Vitrina da BMW

Espaço exposição

Conversando com uma curadora de um grande museu, soube que, estranhamente, várias exposições da capital francesa adotam formas retangulares, textos encaixados nessas formas, bem como cores escuras, como o grafite, berinjela, chocolate, verde escuro e o mostarda fechado. De fato, essa proposta aparece em várias mostras do calendário atual. Na exposição dedicada a Jean-Paul

Os Tudors, no Museu de Luxemburgo

Galerie Lafayette

Gaultier, no Grand Palais, o festejado costureiro francês optou por formas retangulares e triangulares para os suportes, tendo um fundo preto e azul marinho, e luz focada nas peças. Já na exposição de Jeanne Lanvin, no Museu Galliera, dominam estruturas retangulares em preto, com fundo preto de um lado e chocolate do outro. A montagem recorre a espelhos para refletir as roupas. A exposição Yves Saint Laurent traz como cenografia o desfile de 1971, onde tudo é negro, com painéis retangulares quadriculados e com croquís ampliados do próprio costureiro. Uma luz branca de neon no chão ilumina de baixo para cima todo o ambiente. No Museu de Luxemburgo, a exposição dedicada a contar a história dos reis Tudors, da Inglaterra, traz painéis imensos quadrados, de cor berinjela e grafite,

Butique Hugo Boss

com sobreposição de outros painéis em tons de mostarda ou verde acinzentado, tudo rodeado por um carpete achocolatado e pouca luz. Na mostra Na Intimidade da Toilette, no Museu Marmottan, imperam as mesmas cores e pouquíssima luz, além do mesmo carpete achocolatado. No Bourdelle, a exposição Manequin Fetiche também é baseada nos tons verde escuro e grafite, misturados com madeira natural. Outras cenas se repetem com formas quadradas, cores fechadas, pouca luz e materiais simples. Nada de provocação, nada de formas ovaladas e flexíveis, nenhuma forma exótica. A luz, apesar de tecnicamente sofisticada, é algo que mais vela, do que revela.

O ponto de venda

Nas lojas, as montagens não são tão escuras, pois a luz forte é essencial nas vitrinas. As matérias, inovadoras, com auxílio da iluminação técnica, remetem a cenografias pesadas. As vitrinas da Printemps, por exemplo, comemorando os 150 anos da loja, usam o rosa e o roxo, com uma iluminação forte nos mesmos tons. Na Galerie Lafayette, a Nike realizou o projeto inspirado na maratona, mas com fundo cinza, ressaltando as cores dos tênis. A Hugo Boss traz uma primavera iluminada por árvores verdes e raios de sol cortados por vidros grafites.

Lojas de carro, como a Mercedes e a BMW, optaram pela escuridão, pelo design de outros objetos que pertencem ao mundo da moda e a luz colorida é o único traço de alegria. Na moda, a Max Mara realiza uma produção em preto e branco que se repete nas roupas, no fundo e nas almofadas integrantes da decoração.

Códigos

Todas essas revelações mostram que entramos numa primavera de cores escuras, formas tradicionais e quadradas, temas diversos e conceitos semelhantes. Formas, cores, volumes, matérias são os componentes essenciais em tudo hoje: de roupas a objetos de uso diário, de carros a restaurantes, tudo vive banhado por esses conceitos. O homo faber constrói instrumentos para transformar coisas naturais em objetos da cultura, e o homo ludens está aí para desconstruí-los e criar novas experiências. Em poucas linhas, tento entrelaçar essas duas noções. Ver como os nossos gestos técnicos (do homem que fabrica, que faz, que constrói) estão carregados de sentido e isso está exposto em nossos usos (do homem que recria encima desses objetos). Nos museus e nas lojas, há algo que flutua entre formas e cores, entre arte e cidade, arte e moda, arte e vitrina. São universos interligados, e poderia dizer que a arte está sempre presente.

Le Printemps

Sylvia Demetresco é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP, com pós-doutorado em Semiótica no Instituto Universitário da França, em Paris. Professora de Visual Merchandising na Ecole Supérieure de Visual Merchandising, em Vevey, na Suíça. É autora de livros sobre vitrinas, entre os quais: Vitrina Construção de Encenações (Educ/Senac), Vitrinas Entre-Vistas: Merchandising Visual (Senac), Vitrinas E Exposições: Arte E Técnica Do Visual Merchandising (Editora Érica, 2014) e Vitrinas: Arte, História e Consumo de São Paulo (Via das Artes, 2014). sylvia@vitrina.com.br | www.vitrina.com.br

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Arquitetura de lojas e de vendas

A criação e lançamento de uma marca é processo que abarca, necessariamente, o trabalho do ponto de venda, seja ele próprio ou franqueado. Já existem hoje empresas especializadas que traduzem a expertise dessa marca em elementos palpáveis de um projeto arquitetônico. Esse é o caso da MB3 Engenharia, empresa que tem realizado trabalhos com várias marcas de moda, levando para a loja física elementos intangíveis bem como aqueles muito concretos que tornam a comunicação possível e os negócios uma realidade. Em entrevista ao World Fashion +Varejo, o arquiteto e sócio da empresa de engenharia, Marco Grenier, fala sobre tendências do momento na arquitetura de lojas. Por Eleni Kronka Marco Grenier: “Nota-se que o e-commerce também busca a aproximação com a experiência em loja física”.

Cafofochic – Shopping JK Iguatemi (São Paulo)

WORLD FASHION + VAREJO – Quais as principais tendências e os elementos-chave para a elaboração de um eficiente projeto de ponto de venda?

Fotos: Divulgação

Picnic – Rua Augusta, Consolação (São Paulo – loja de rua)

Loungerie – Shopping Morumbi (São Paulo)

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Marco Grenier – A principal tendência do varejo de moda na atualidade é a definição mais clara de estilo e público alvo, o que reflete diretamente na estética do projeto arquitetônico. O ambiente de uma loja precisa dialogar com o universo de seu consumidor. Assim, ele se sentirá mais confortável para consumir naquele espaço a informação de moda, despertando seu desejo por determinada marca. Exemplo interessante é a Cavalera. No momento, entregamos uma nova loja no novo Shopping Cidade São Paulo, além de outras experiências que já tivemos com a marca. Trata-se de uma loja focada no público jovem, que busca referências contemporâneas, mas também traz elegância em seu DNA. Esse

conceito é transportado para o ambiente, que mescla cores vivas, vitrines divertidas, com algumas peças de mobiliário mais clássico e sofisticado. Outro exemplo é a YouCom, marca do grupo Renner voltada ao público jovem começa a ganhar lojas exclusivas para elas. Já a Malwee criou um projeto arquitetônico diferente e um espaço exclusivo para a Malwee Brasileirinhos, segmento infantil da marca.

Qual o papel que a tecnologia desempenha nesse contexto?

É inegável a influência da tecnologia hoje e um ambiente conectado será condição indispensável para o sucesso no varejo. Isso já se verifica em lojas que contam com tablets como ferramenta de venda e contadores de fluxo, aparelhos do tamanho de uma câmera de segurança que conseguem aferir a movimentação de clientes na loja

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e os horários. Assim é possível dimensionar equipes nos horários de maior e menor movimento, por exemplo. Sobre o uso de informações coletadas para a gestão do negócio, uma tendência que também é um desafio é o uso eficiente do chamado “bigdata”, isso é, conseguir processar com rapidez grandes volumes de dados para possibilitar uma personalização em massa. E isso traz um desafio para os escritórios de arquitetura que é desenvolver sua capacidade e conhecimento para viabilizar obras como essas.

Quais são os pontos de venda mais influentes ou revolucionários dos últimos cinco anos?

Sem dúvida, a Forever 21 revolucionou o fast fashion e conseguiu levar filas para a porta das lojas, coisa que não acontecia no Brasil há muito tempo. No entanto, temos exemplos de redes nacionais que estão indo pelo mesmo caminho e conseguindo bons resultados, como a Riachuelo, que vem se transformando. São grandes lojas que vendem uma informação de moda pronta, com produtos de qualidade a preço acessível. Outro exemplo é a mudança de posicionamento que também acontece em redes como Hering e Malwee. Essas propostas de certa forma forçaram as lojas menores a buscarem na definição mais clara de seu estilo uma forma de manter seus clientes por meio da identificação com a marca. Lojas que não tinham identidade de marca muito bem definida tiveram que buscar uma.

do País. No novo Shopping Cidade São Paulo, entregamos projetos de loja para as marcas Cavalara e Ana Capri, além de projetos em outros segmentos.

Como se dá a sinergia entre a marca (detentora do ponto de venda) e a própria Construtora?

Empresas como a MB3 são conhecidas como construtoras de obras rápidas. Quando assumimos o espaço, o prazo de entrega da loja pronta para a operação varia de 20 a 40 dias. Trata-se do prazo para a execução da obra que chega até nós com o projeto arquitetônico pronto. Algumas redes de franquias

oferecem aos franqueados esse projeto, enquanto alguns lojistas escolhem o arquiteto de sua preferência para o design. Com o projeto em mãos, o lojista pode buscar a construtora que vai executar a obra.

A sustentabilidade é indispensável para um bom projeto de loja no momento?

A sustentabilidade é proposta importante para todo tipo de negócio. Um projeto para lojas do varejo de moda tem algumas particularidades. O investimento em sustentabilidade traz à marca retorno intangível de conceitos positivos, retorno que se dá a longo prazo.

Isso se verifica na escolha de materiais feitos com matéria prima renovável ou a partir de fontes com baixa emissão de carbono. Porém, hoje não são possíveis práticas sustentáveis, pois o custo ainda é financeiramente inviável para uma loja. O mesmo não acontece com construções de grandes empreendimentos, como um shopping center inteiro, que já conta com práticas que buscam o menor impacto possível ao meio ambiente.

O Brasil é lançador de propostas no campo da arquitetura de lojas?

O Brasil tem tradição e é des-

taque em design e arquitetura no exterior em geral. Mas quando focamos apenas em lojas do varejo, não é um país que se desponta nessa área. O projeto arquitetônico de uma loja não pode se basear apenas no visual, na estética (ponto em que o Brasil mais faz sucesso). Deve envolver inovações tecnológicas, cruzamento de informações e inteligências. Sob esses aspectos, os escritórios nacionais ainda precisam se aprimorar. Escritórios de arquitetura da Europa e Estados Unidos possuem um trabalho muito mais interdisciplinar, o que, digamos, nos falta por aqui.

"INSPIRATION DRIVES US. CREATION IS OUR PASSION. TOMORROW BELONGS TO US."

Anne rIS A IFM P

anuel Emm GENEVE HEAD A V GENE

Sarah BErlIN D EsMO

Zoe orENcE l FIT f

GE oN Liisa EA COLLE IGN loNd s s L CHE T AND DE OF Ar

Qual a experiência que o consumidor vivenciará ao deparar-se com os projetos de loja contemporâneos?

O comportamento nas lojas e, consequentemente, seus projetos de arquitetura, fazem com que a experiência in store seja cada vez mais próxima da experiência na loja online, com informações de moda já prontas, consumidores mais bem informados e independentes na escolha dos produtos. Nota-se que o e-commerce também busca a aproximação com a experiência em loja física.

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Quais os projetos que a MB3 Engenharia tem desenvolvido na área de varejo de moda?

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#wearepremierevision © Aurore Valade / Picturetank

Viabilizamos obras para marcas como Loungerie, Adidas, CafofoChic, Jorge Bischoff, Cavalera, Malwee, Malwee para Brasileirinhos, Scene, YouCom. Para algumas delas já operacionalizamos mais de um ponto de venda em diversas regiões

15-17 sept. 2015 premierevision.com

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+foco

Abit e a agenda para o Têxtil 2030 Os muitos desafios do setor tornam-se objeto de estudo para especialistas reunidos em torno de entidades para propor saídas visando à expansão do setor como um todo Por Eleni Kronka

E

mpresários, pesquisadores e universidades fazem parte do universo de especialistas que se debruçam no momento para traçar a agenda Têxtil 2030. O comitê responsável pelo planejamento das Ações Estratégicas da Cadeia Têxtil de Confecção é liderado pela Associação da Indústria Têxtil e da Confecção (Abit), pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e Senai-Cetiqt. Segundo o presidente da Abit, Rafael Cervone, o estudo sai ainda nesse primeiro semestre e tem como proposta integrar a indústria brasileira nas redes globais de valor, detectando oportunidades. O estudo segue padrões internacionais, levando em conta inclusive

Fotos: Divulgação

Rafael Cervone: Falta de previsibilidade é motivo para redução de investimentos na indústria

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visitas feitas a polos que são referência. Observa-se, por exemplo, conforme explica Cervone, que em determinados polos o operário de uma confecção pode passar um percentual de 20% do tempo costurando e o restante do tempo ocupando-se de outras etapas do processo. “Alguns processos poderiam ser, então, automatizados, segundo especialistas”, assinala. Como exemplo, ele cita o equipamento de precisão chamado “olho artificial”, desenvolvido com alta tecnologia. “Se a costureira necessita unir a listra de um bolso às listras da camisa, esse alinhamento pode vir a ser feito a partir do uso desse recurso”, comenta. Rafael Cervone revela que estão sendo feitos estudos para a implantação

Tecnologia e design somam-se ao DNA brasileiro para projetar o produto local no exterior

de dois projetos pilotos de confecção em nível de excelência. “A ideia é implantá-los em universidades, visando adequação ao mercado local”. Atento ao desempenho dos países asiáticos, Rafael Cervone assinala que a proposta não é trazer um modelo de larguíssima escala e baixo custo. “O diferencial são a qualidade e o design a ser apresentado ao mercado mundial”.

Varejo

O desempenho das vendas ao consumidor final está na pauta das discussões da entidade. “Temos discutido mês a mês com o varejo”, comenta, acrescentando que a proposta é, por exemplo, nacionalizar a produção dos artigos, tendo em vista a questão do câmbio. “Se uma rede ou estabelecimento opta pelo fast fashion, sugerimos como parâmetro a produção de acordo com o consumo”. Nesse sentido, o presidente da Abit observa que a atividade do varejo de moda tem crescido. “A confecção local pode atender a demanda”. O empresário leva em conta também que há outro lado da moeda. “Há um varejo internacional chegando ao Brasil, para somar-se a C&A que está presente aqui há anos”. Segundo Cervone, trata-se de oportunidade para a indústria local passar a produzir e fornecer para esses novos players. A questão do Custo Brasil pode ser trabalhada, na visão do presidente da Abit, em termos estratégicos, por meio de ações concretas visando à projeção do valor agregado. “Dessa forma, coloca-se o produto brasileiro condições e oportunidade de ocupar nichos lá fora”. Cervone lembra que, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimento (Apex Brasil), foram feitos estudos para avaliação da marca Brasil em diferentes mercados internacionais. “Essa é a base que trabalhamos para estratégias de negócios e divulgação do produto brasileiro lá fora”. O executivo destaca que o Brasil é um dos poucos países do mundo que apresenta todos os elos da cadeia produtiva do têxtil – desde a matéria-prima até o produto acabado. “Outros países, como os Estados Unidos, tentam recu-

perar”. Na visão de Cervone, o desafio é a integração dos elos da cadeia. “A tecnologia propicia que a inovação venha da fibra, tanto as artificiais e sintéticas, quanto as naturais”. Nesse sentido, ele lembra que a Embrapa trabalha intensamente em estudos para tornar o algodão brasileiro mais competitivo, aumentando a resistência e o comprimento da fibra. “A tecnologia está cada vez mais intrínseca à roupa”, frisa.

Política cambial

O câmbio é fator relevante. Rafael Cervone sublinha que a falta de previsibilidade nesse sentido faz com que surja um ambiente difícil aos negócios. “A discussão gira em torno do ambiente hostil aos negócios, com a falta de previsibilidade, porque as medidas tomadas em dezembro pelo Governo, como a redução da desoneração da folha de pagamentos, são suficientes para inviabilizar investimentos e o trabalho das empresas”. A consequência é a queda de investimento. Cervone lembra que, em 2008, depois da grande crise econômica, os investimentos subiram de R$ 1 bi para R$ 2 bilhões. “Mas esses números caíram 23% em 2003, e 27,3% em 2014. E continuam em queda, atingindo a marca de 26% de redução no período de janeiro-fevereiro 2015, em relação a igual período do ano passado”. Por isso a Abit, como entidade representativa do setor, fala em redução de despesas por parte do Governo. “É necessária a redução de despesas por parte do Governo, reduzindo para 15 o número de ministérios, bem como o corte no número de cargos comissionados, baixando de 23 mil para 8 mil”. Segundo o presidente da entidade, pesquisa realizada juntamente com a Apex mostra que o fabricante brasileiro tem o desejo de exportar. “Em 24 meses, realizamos 678 ações visando às exportações, inclusive para países como China, que comprou do Brasil, em 2013, R$ 3 milhões em têxteis, indo para R$ 9 milhões em 2014, devendo encerrar 2015 com R$ 9 milhões”, revela, comentando que “o Brasil necessita de um plano, em nível de estado, para os próximos 30 anos, a fim de que haja investimentos”, finaliza.

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Desde 1896, a Eberle faz história nos segmentos em que atua. Líder no mercado de aviamentos metálicos, a empresa dispõe de um portfólio completo de botões, rebites, placas e os mais diversos metais para as grandes marcas do mundo da moda.

www.eberlefashion.com.br


+moda masculina

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sexo?

UM MODELO DE MUDANÇA

Tecido tem

Estamos vivendo constantes transformações em nossa cultura ocidental e muitas “verdades absolutas” estão sendo discutidas, entre elas o significado das roupas Por Mário Queiroz

E

ntre os (pré)conceitos que cercam a moda masculina, certamente muitos envolvem os materiais de que são feitas as roupas. Como estilista que sempre esteve voltado a este segmento, desde as marcas de streetwear e casual que assessorei até a marca que completou 20 anos, não faltam histórias. Lembro a visita do representante de uma tecelagem que levou duas grandes malas de amostras. Depois de me apresentar os produtos de uma delas, perguntei: “E a outra mala?” Ele me respondeu: “Naquela só tem tecidos femininos”. E o surpreendi dizendo: “Mas tecido tem sexo?”. O século XXI começou trazendo ainda a timidez do homem com a moda que foi predominante no século anterior. Podemos chamar de medo, de luto, enfim o homem que viu a ascensão da civilização industrial e duas grandes guerras mundiais não se permitiu a vaidade de seus antecessores. Os papeis no trabalho ficaram muito demarcados e quando a mulher começou a dividir o mercado com o homem, ela também teve que se adaptar aos conceitos de praticidade, conforto e ausência de adornos. Mas estamos vivendo constantes transformações em nossa cultura ocidental e muitas “verdades absolutas” estão sendo discutidas, entre elas o significado das roupas. Numa sociedade de aparências – onde o selfie é o maior símbolo – a moda passa por uma resignificação. Já podemos falar de um embaralhamento das imagens masculinas e femininas – tema que me dediquei em meu doutorado – fruto de novas famílias onde, por exemplo, homens cuidam dos filhos enquanto mulheres assumem postos de trabalho. Neste momento, a moda também é atingida pelo domínio do individualismo, o que a obrigou a ser tão demo-

crática a ponto de cada um ser convidado a compor sua própria imagem, se vestindo como quer e para onde quiser. Claro que os códigos de vestir se mantêm principalmente em trabalhos tidos como mais “sérios” (ou mais sisudos?) e em cerimônias. Mas os conservadores gostando ou não, não mudam a moda nas ruas lotadas de exemplos de “cross-dressing”, ou seja elementos da roupa feminina que migraram para o masculino e vice-versa. Os tecidos de alfaiataria hoje são usados para ternos femininos, muitas estampas passaram a interessar tanto marcas voltadas aos homens e as mulheres. Mesmo os tecidos finos, aqueles que a princípio são destinados para os vestidos de festas, nas mãos de estilistas mais ousados aparecem em coleções masculinas. A ousadia não é absoluta, porque o respeito à igualdade também não, mas ela é permitida cada vez mais na medida em que cada país se adequa as exigências de uma nova sociedade. As tecelagens e malharias devem estar mais interessadas em atender as preocupações tecnológicas e também criar novidades que seduzam consumidores mesmo em tempos “bicudos”. Assim a preocupação em determinar como e para quem suas criações servem se tornam menos importantes ou levam seus designers e profissionais de marketing a se aproximar mais desta realidade onde aos homens novamente estão se permitindo as inovações. Ainda que os rapazes mais audaciosos já usem camisetas longas que lembram vestidos, calças justas como leggings, ou mesmo uma saia (ou ao menos um “kilt”) o formato das roupas é mais resistente, por enquanto... Por isto, as matérias não devem determinar se suas aplicações são masculinas ou femininas, porque nas formas das roupas estas determinações já são por demais severas.

QUAL SERÁ O SEU? No atual cenário da indústria da moda é cada vez mais difícil conseguir crescimento e rentabilidade. A Lectra ajuda empresas de moda e confecção em todo o mundo a otimizar seus processos de negócio e implementar projetos de mudança envolvendo toda a cadeia de valor. Nossa expertise aliada às soluções de desenvolvimento integrado de produtos e produção, redefinem as melhores práticas ajudando os clientes a evoluir para um modelo mais eficaz.

MÁRIO QUEIROZ é designer, consultor e professor de Moda. Graduado em Jornalismo, realizou mestrado e doutorado em Comunicação e Semiótica.

LECTRA.COM/AMODELFORCHANGE


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Foto: Agência Fotosite

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moda Na

trama da

Contabilizar todas as marcas e o número de desfiles realizados ao longo das duas décadas de existência do SPFW pode ser tarefa árdua. Porém, mais do que isso, pode-se olhar para a trajetória do evento e da própria indústria nacional. Esse exercício mostra que, sempre diante de enormes desafios e constantes oscilações do mercado, o setor tira lições de sobrevivência e mostra que é possível investir, pesquisar e desenvolver para se chegar a soluções inteligentes e criativas que inovam a moda.

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+dossiê As novidades da

indústria

SPFW

no

cavalera E o que vimos? Malhas, denim, tules, sedas, cristais, tecidos refletivos, biodegradáveis, e até produtos importados, como na Cavalera, que apesar de celebrar os índios da etnia Yawanawá, do Acre, em sua coleção, trouxe nas peças, em sua maioria, tecidos importados da França, Índia e Turquia, que ganharam delicados bordados manuais indianos. “A qualidade do trabalho artesanal neste país é inigualável”, disse Alberto Hiar.

Há muito mais informação de moda numa coleção do que possam imaginar os olhares mais atentos. Com investimentos significativos, a indústria têxtil leva às passarelas a tecnologia que faz a diferença no produto final Por Henriete Mirrione | Fotos: Agência Fotosite

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a primeira quinzena de abril, no Parque Cândido Portinari, em São Paulo, marcas de diversos cantos do País mostraram nas passarelas da São Paulo Fashion Week mais do que os shapes para o Verão 2016: desfilaram também o novo da indústria têxtil e as parcerias produtivas entre empresas e designers.

uma

tng

E o que marcas como UMA, TNG e Amapô, que criam para públicos tão distintos, podem ter em comum? Denins e Sarjas da Vicunha Têxtil, que para o verão são leves, com aspecto artesanal ou coloridos. A sarja Baldwin, por exemplo, foi base para as botas pretas e brancas com respingos que simulam manchas de tinta, da UMA.

A TNG, que olhou para o Havaí dos anos 1960, rocker e romântico, apostou em tecidos claros. E foi, aliás, o que muitas marcas jovens desenvolveram para a estação. Assim, o White Jeans da Vicunha veio com rasgos, respingos, estampas e texturas bem marcadas. Detalhe: tanto no masculino quanto no feminino. Na alfaiataria, o London, mistura a fibra do algodão com a da viscose para um toque macio, sem abrir mão da leveza e do tom quase raw do jeans.

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+dossiê

Contemporâneo

E quando o assunto é tecnologia têxtil, a coleção a ser observada é a da designer Gloria Coelho. Não que a estilista não opte por tecidos nobres, como o crepe ou outros, como tule bordados com pedras da Pétalas (Grupo Texprima), mas Gloria também ousa com o uso de neoprene da Adar, do Vinil da Focus Têxtil e vai além: nesta estação, que traz o tema da “cura”, da energia positiva, aposta no uso de um tecido refletivo, da 3M. “Estar presente nas roupas de uma criadora como Gloria, por meio da tecnologia do tecido refletivo, possibilita, na prática, trazer a ciência aplicada à vida das pessoas”, conta o head de Marketing Corporativo da 3M do Brasil, Luiz Eduardo Serafim.

amapô

Já as meninas Pitty Taliani e Carô Gold, da Amapô, apostaram no uso do New Roy, também da Vicunha, de aspecto vintage, para incrementar a linha jeanswear, que a cada temporada caminha para ser o carro-chefe da marca. Sarjas, como o brim Ska Plus, destacamse em jaquetas e hot pants coloridas com sobretingimento neon.

GLORIA COELHO

RONALDO FRAGA Entretanto, a tecnologia vem aplicada à preocupação ambiental, na coleção de Ronaldo Fraga – que homenageou as diferentes formas de beleza das mulheres por meio das sereias e do universo mar – amplia o uso da malha desenvolvida pela Santaconstancia com o primeiro fio biodegradável do mundo, o Amni Soul Eco, produzido pela Rhodia, empresa do grupo Solvay; desta vez com novas cores.

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+dossiê

ALEXANDRE HERCHCOVITCH Já Alexandre Herchcovitch, que olhou para o Japão para criar uma coleção elegante, contrapondose entre o feminino e o austero, buscou tecidos como o Silky Plissê, da Texprima, isso é, um de poliéster com superfície levemente transparente e amassada, com caimento suave, proporcionando conforto e elegância na confecção de peças fluidas, com delicados volumes e sobreposições.

SAMUEL CIRNANSCK No quesito brilho, duas coleções são hors concours, especialmente pela parceria com os Cristais Checos Preciosa®: Samuel Cirnansck, com seus desenhos art deco em vestidos sensuais, e Lino Villaventura, com peças que celebram a própria trajetória do designer, com bordados primorosos. Enfim, nas duas marcas, uma profusão de cristais, formas e cores magníficas.

LINO VILLAVENTURA JULIANA JABOUR A Texprima também marcou presença na passarela de Juliana Jabour, numa coleção setentista, na qual o esporte conversa com a linguagem urbana. O Silky Grécia, um tecido de poliéster com toque seco e caimento leve, é destaque, especialmente pelo aspecto creponado bem acentuado, o que dá a impressão de uma superfície mais rústica e remete a motivos étnicos.

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The flash of the eye that masters the mind: denim lights up our vision, to go beyond any imagination.

Sight, thought, soul. The denim senses, the innovation spirit. ISKO is a trademark of SANKO TEKSTIL.


+dossiê

donas do próprio

tempo

Pesquisa e desenvolvimento são o diferencial que conduz a Rhodia, empresa do Grupo Solvay. Um dos produtos de maior destaque é o Amni® Soul Eco, primeiro fio totalmente biodegradável. Feito com poliamida 6.6, a fibra que antes demorava décadas para se decompor agora precisa apenas de três anos. O artigo 100%

reciclável e reutilizável, tem toque macio, boa absorção de umidade e está disponível em inúmeras cores. “Cumprimos nosso papel com a natureza e com as futuras gerações. Esse é o compromisso da Rhodia com a sustentabilidade e moda atual”, enfatiza o diretor da área global de negócios Fibras do Grupo Solvay, Renato Boaventura.

Tecnologia, sustentabilidade e dinamismo no atendimento sustentam as marcas contemporâneas da indústria da moda Por Roselaine Araujo

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Fotos: Divulgação

a produção do fio à confecção das peças, passando por acessórios, etiquetas e até softwares de gerenciamento, o que significa hoje ser contemporâneo? Manter-se atual num mercado tão competitivo e veloz como o setor têxtil e confeccionista está cada vez mais desafiador. Perguntamos a empresas de diferentes perfis o que elas fazem para vencer neste mercado? As companhias não só respondem como apresentam seus novos produtos.

Na Marles, por sua vez, processos cada vez mais tecnológicos fazem parte do caminho da empresa pela solidez. “Investimos em jacquards produzidos com maquinário tecnológico, obtendo diferentes pesos, texturas, desenhos e cores”, declara a gerente de marketing Maria Rehem. No inverno 2016, a premissa é a fluidez. A coleção conta com tecidos requintados e decorativos, como jacquards, rendas e bordados. Há também crepes e suedes que remetem ao luxo despretensioso. A estamparia digital continua em alta, recriando texturas mais lúdicas. Tons fortes e escuros, como o verde, vermelho e o azul são as sugestões para looks monocromáticos.

Já a Advance aposta em tecnologia para integrar o circuito da moda. “Priorizamos os artigos tecnológicos, como os itens que contém proteção UV 50+, fios de elastano resistentes ao cloro da piscina, além dos acabamentos de alta performance para o esporte aquático. Alcançar o sucesso dentro da moda significa estar próximo ao cliente para acompanhar suas necessidades”, enfatiza a gerente de marketing, Eliane Waetge. A Advance destacase pelo trabalho em estamparia rotativa, digital sublimada e desenvolvimentos exclusivos. Para o inverno 2016, destaque para o tema Reconstrução. Luxuoso e opulento, contempla a história com olhar futurista. A cartela de cores traz vermelhos profundos e tons de ouro. As estampas possuem texturas, mosaicos e rendas com transparências.

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+dossiê Fotos: Divulgação

“Estar em sintonia com o melhor da moda requer usar muito bem o gosto pessoal para definir um estilo próprio. Por isso, nossos esforços estão direcionados ao desenvolvimento de artigos exclusivos e diversificados, que possam atender essa necessidade dos clientes”, esclarece a responsável pelo marketing da Tecelagem Panamericana, Ana Di Bernardo. A marca também estende a bandeira da sustentabilidade ao lançar no mercado a linha de Texas feita com fios reciclados. Para o inverno 2016, a novidade será a coleção Sense, inspirada naquilo que é sensível. Cores, acabamentos e texturas variadas chegaram em tecidos dupla face.

Pela segunda vez consecutiva, a Santaconstância trabalhou em parceria com o estilista Ronaldo Fraga, levando à passarela do SPFW o tecido biodegradável CO2 Control. Elaborada com tecnologia Amni Soul Eco®, da Rhodia Solvay, a linha está presente na coleção de Verão 2016 de Fraga através dos artigos Basic (CO2)® e Fluidity (CO2)®, exclusivos da Santaconstancia. A tecnologia do fio permite que 50% da peça se decomponha nos primeiros doze meses e em três anos esteja totalmente decomposta quando descartada em aterros sanitários. “É um orgulho ser a primeira empresa têxtil no mundo a produzir tecidos de poliamida biodegradável, especialmente por ser uma tecnologia feita no Brasil”, afirma a diretora da Santaconstancia, Gabriella Pascolato.

Para permanecer no competitivo segmento têxtil, inovação é a palavra de ordem da gaúcha Sultextil. Especialista em malha circular, a empresa ousa no inverno 2016. O mundo selvagem e o universo urbano pautam a coleção trazendo diversos tipos de malhas com volumes, moletons de felpas grossas e caimento que prioriza o conforto. As texturas chegam com matelassês e micro favos. Os efeitos ficam por conta dos veludos molhados, que se contrapõem ao visual opaco dos neoprenes. Nota-se rica paleta de cores, texturas e padronagens que traduzem bem a união de dois mundos: o selvagem e o urbano.

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+dossiê Só no primeiro trimestre de 2015, a Haco investiu mais de R$ 35 milhões na aquisição de equipamentos de alta tecnologia. O objetivo é tornar os processos mais ágeis e sustentáveis para atingir o êxito máximo. “Ofertamos um portfolio cada vez mais completo de soluções em identificação. Prova disso é que lançamos recentemente a linha de cadarços com ponteiras emborrachadas, que aumentam a resistência do produto e ainda oferecem um toque macio”, explica o diretor comercial Marcelo Paulino. Os processos são certificados pelo selo FSC (Forest Stewardship Council), sistema de certificação florestal internacional, que garante o manejo responsável das florestas mundiais.

A Tecnoblu, sinônimo de tags e etiquetas, faz da tecnologia sua aliada para preservar e ampliar mercados. “Atrelamos tecnologia ao design para elevar nosso diferencial competitivo. Temos books segmentados conforme o modelo de negócio do cliente. Oferecemos produtos em diversas linhas, como Premium, Atacado e Fast Fashion. Além disso, dispomos de softwares de última geração para criação de amostras digitais que oferecem maior agilidade na criação da identificação”. Fazer moda contemporânea, para a Tecnoblu, significa “adaptação às demandas do mercado, antecipando tendências e fortalecendo toda cadeia produtiva”, segundo o diretor de Inovação, Cristiano Buerger. O inverno 2016 vem com inspiração na arte barroca. Itens cheios de contrastes e formas rebuscadas estarão disponíveis em tons terrosos e dourados como o ouro.

Fotos: Divulgação

“Ser contemporâneo na moda é ter agilidade para realizar mudanças na criação dos produtos, seguindo as tendências, além de conseguir atender com rapidez as solicitações dos clientes”, segundo o diretor da Malharia Savyon, Renato Bitter. A empresa, detentora de um dos maiores parques fabris do mundo com máquinas eletrônicas de jacquard, produz múltiplos tecidos com ilimitados tipos de desenhos e tamanhos. “O maquinário nos possibilita alterar os produtos com o dinamismo necessário exigido pelo cliente”, reforça Bitter, que enaltece o trabalho da equipe no processo. No inverno 2016, a novidade são os tecidos com imitação de costura de fitas e também as transparências.

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Mande os problemas de gestão de franquias para o espaço e mantenha o controle do seu negócio nas nuvens

Com a solução de franquias Virtual Age, você garante a integridade das informações da sua rede de franqueados e torna os processos administrativos mais fáceis e seguros. Estruturado em módulos integrados e operado por computação em nuvem, o sistema atende desde o chão da fábrica até o balcão da loja e entende as necessidades do franqueador e franqueado, afinal são 28 anos de experiência no segmento. Saiba mais em www.VirtualAge.com.br


+dossiê Já Daniella Ambrogi, gerente de marketing da Lectra, comenta: “Ser contemporâneo é conseguir colocar o produto certo, na hora certa e no preço certo. Não é uma tarefa simples. Ainda mais se não houver um gerenciamento inteligente dos processos. Sem controlar procedimentos, as chances de perder a competitividade são grandes. Por isso, trabalhamos para colocar nossa expertise tecnológica a favor dos clientes, oferecendo suporte à eficiência produtiva das empresas”, enfatiza. Uma das soluções apresentadas é o Lectra Fashion PLM, programa que gerencia todo o ciclo de vida do produto. A tecnologia permite monitorar as atividades de desenvolvimento desde o planejamento até o produto final, controlando o tempo gasto e tornando possível a priorização de diferentes fases produtivas. Com o software, é possível ter um panorama financeiro e ainda controlar todos os custos.

Sustentabilidade ambiental e social

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Fotos: Divulgação

Há 120 anos no mercado, a Swarovski tornou-se referência mundial em cristais. A marca austríaca destaca três pontos para ser contemporânea: produto, marca e serviço. “Temos as mais sofisticadas técnicas de lapidação em cristais. Lançamos novos itens pelo menos três vezes ao ano e nosso cristal é “Advanced Crystal”, ou seja, está em conformidade com todas as regulamentações mundiais”, garante a gerente de marketing da América do Sul, Mirella Celeri. Cerca de 40% da energia elétrica usada na fábrica vem da própria usina hidrelétrica da Swarovski, aproveitando os recursos de forma sustentável, segundo a executiva, acrescentando que a Swarovski tem “alto posicionamento junto ao trade e ao consumidor pelo design e pela capilaridade no varejo, já que são mais de 2 mil lojas no mundo”. Além de serviços, a empresa sugere tendências, concede suporte técnico e desenvolve programas customizados de marketing.

Sustentável desde a sua criação há 25 anos, a Casulo Feliz, empresa que reconstrói fios primitivos e faz tecidos manuais, tem como responsável pela criação Gustavo Rocha. Para ele, ser contemporâneo vai muito além dos preceitos tecnológicos. “As fibras naturais, as cores orgânicas e a tecelagem a mão têm a real criação humana, sustentável e sublime. Vivemos a época de voltar a valorizar o natural. Isto é a demonstração da nova contemporaneidade”, afirma Rocha. O trabalho da grife feito em tear manual oferece tecidos com desenhos em formatos de trapézio, retângulos e quadrados em fios de palha de seda, seda rústica, seda fina e também o fio 500 Dn Liso, brilhoso e de toque macio.

Há 30 anos no mercado, a malharia Maria Pavan, de Porto Alegre (RS) lançou a SUBB – Summer of Brazilian Bossa, marca focada no beachwear e direcionada à exportação. Utiliza fios recicláveis e fibras naturais, como o algodão e a seda. A confecção dos biquínis e maiôs conta com trabalhos manuais, como crochê. “Ser contemporâneo é muito mais do que ter um produto bonito e tecnológico. Buscamos a preservação ambiental por meio da reutilização de resíduos de tecido, borrachas e couro”, ressalta a diretora da SUBB, Isabella Santoyo. O projeto inclui atuação em comunidades carentes para geração de renda. “Uma equipe de crocheteiras pertence à comunidade Paraisópolis (SP), além de trabalho semelhante com a Laço – Associação de Apoio Social em Belo Horizonte (MG)”, complementa Mariana Pavan, sócia da malharia.

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Foto: Sebastião Jacinto Júnior

Minas Trend tem o foco no Brasil O conceito do Verão 2016 no Minas Trend tem como inspiração os movimentos cíclicos da natureza e aposta no potencial criativo do setor para refletir ações motivadoras mediante o atual cenário econômico

Foto: Agência Fotosite

Por Yuko Suzuki

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sermos simples, pragmáticos e focados em ações que acelerem o desenvolvimento social e econômico do País”. Para o executivo, “a indústria de moda já provou que é capaz de se reinventar e se adequar às instabilidades e hoje, mais que nunca, temos que buscar caminhos para ganhar mercado e maior competitividade. O pessimismo não é a solução e pode gerar o agravamento da crise”. A expressiva participação de fabricantes formadores de opinião dos segmentos de vestuário, calçados, bolsas, acessórios, bijuterias e joias nesta edição, representada por 251 expositores de várias regiões do País, consolidou o MTP como evento com forte vocação para a promoção de negócios e aproximação com o mercado varejista. Um dos principais destaques, reforçando o compromisso da Fiemg em estimular e apoiar ações ligadas à exportação da moda brasileira, foi a

Fotos: Acervo WF

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ob o tema “Viva Ciclicamente”, com direito a projeto cenográfico e conceitual, o Minas Trend Preview (MTP) recorreu às quatro estações do ano para refletir a sazonalidade e as diferentes posturas que demandam as respectivas temporadas dentro do universo da moda. O tema sugere um clima de otimismo para a indústria de moda em contraponto ao cenário econômico pelo qual o País atravessa, visando estimular a criatividade e qualificação para superar as adversidades. Os desfiles no centro de exposições e eventos do ExpoMinas, em Belo Horizonte, foram exclusivos para convidados e profissionais de imprensa, com a participação das grifes: Vivaz, Faven, Patrícia Motta, Alexandre Herchcovitch, Rogério Lima, Lucas Magalhães, Fabiana Milazzo, Plural, Mabel Magalhães e Madrepérola, marca que fez sua estreia na passarela do evento. Segundo o presidente da Fiemg, Olavo Machado Jr., este “é o momento de quebrar paradigmas e ideologias, de

Acima: Stand de Virginia Barros; À direita: joias em crochê de Heliana Lages.

expressiva presença de compradores internacionais. Através da parceria com o projeto Texbrasil, representantes de grandes redes dos Emirados Árabes, França, Irlanda, Reino Unido, Austrália, Portugal e Canadá, marcaram presença no evento e deixaram impressões muito positivas sobre os produtos brasileiros. Outra ação com foco internacional foi a rodada de negócios realizada pelo Centro Internacional de Negócios (CIN), que reuniu 27 compradores internacionais e registrou 177 agendamentos. A compradora britânica Pamela Shiffer, por exemplo, achou que a feira foi produtiva. “Eu tinha uma grande expectativa e consegui encontrar todos os produtos que procurava. Minha intenção é trabalhar mais intensamente com o mercado brasileiro, porque com ele posso levar

produtos únicos e originais aos clientes”. Laure Segehomme, da empresa belga Fashionize Me, considera a moda brasileira “incrível, colorida e vibrante. Um aspecto positivo é o design dos produtos, diferentemente do que é oferecido na Europa, onde os produtos são, em geral, mais sóbrios”. Representante da empresa americana Ban Ke Lok, sediada nos Estados Unidos, Ana Smolka se diz surpreendida pela organização do Minas Trend. Essa é a minha primeira participação no projeto e o meu objetivo era encontrar produtos de qualidade, como bijuterias premium. “Durante a feira fechei bons negócios, porque gosto dos produtos brasileiros e com o dólar em alta é um bom momento para negociar”. A próxima edição do Minas Trend, que promoverá os lançamentos para o Outono/Inverno 2016, acontecerá nos dias 6 a 9 outubro 2015, no Expominas, em Belo Horizonte.

Desfiles, esquerda para a direita: Fabiana Milazzo, Alexandre Herchcovitch, Faven, Lucas Magalhães, Mabel Magalhães, Madrepérola, Plural e Vivaz.

A versatilidade e criatividade são características marcantes no trabalho de Rogério Lima, que utiliza matérias primas originais e inusitadas com acabamentos minuciosamente elaboradas.

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O Um verão em branco e preto

O Verão 2016 dá um giro planetário do qual traz para a cena local o binômio branco e preto. Mas os radares captam também referências locais vindas dos índios e da Bahia, com todo um tempero de cores e estampas. Mas é um verão que sabe também ser zen, trazendo do Oriente silhuetas leves, trabalhadas com amarrações e sobreposições Por Eleni Kronka | Fotos: Agência Fotosite

branco, como mostraram as passarelas internacionais, foi eleita a cor suprema da temporada de inverno no Hemisfério Norte. Aqui nos trópicos, é a escolhida para o Verão 2016 e celebrada em todos os desfiles realizados no SPFW. O evento, aliás, iniciou oficialmente nessa edição as comemorações de suas duas décadas de existência, sinalizando que o cenário da moda, lá fora como aqui, passa por um período de revisão. O que não se pode negar é que o SPFW faz jus ao título de Calendário Oficial da Moda Brasileira. Fiel à essência, a principal semana de moda nacional reúne marcas líderes e é palco para acontecimentos que impactam no setor, tais como: marcas que entram – Lenny Niemeyer, Salinas e Triya, agora no calendário paulistano –, marcas que saem – Forum, Triton, Tufi Duek –, marcas que retornam – Isabela Capeto e Iódice, que reintegrou o line up SP. E, mais ainda, o portentoso “adeus” de Gisele Bündchen das passarelas, acompanhado do alento de que a bela continuará orbitando no dinâmico planeta fashion, sendo sempre estrela maior. O branco puro faz referência ao verão, mas também ao requinte, pela escolha de materiais de aspecto nobre, como cetins e tafetás, mas também avisando que a estação pede descontração, ainda que seja com o toque e o primor da alfaiataria. Como complemento inseparável, o preto entra em cena, individualmente ou formando binômio com o branco. E para que os looks não fiquem com efeito chapado, dada a densidade das cores, os criadores lançam mão de recursos de modelagem, trabalhando volumes e formas, com dobras, recortes, panejamentos, amarrações, sobreposições (para aspectos 3D), e muita moulage. Nos modelos em que impera a fluidez, o brilho aparece para matizar as superfícies, por meio de bordados, rendas, canutilhos, pedras e cristais.

BRANCO

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Adriana Degreas

Animale

Apartamento 03

Gloria Coelho

Lenny

Lolitta

Paula Raia

Samuel Cirnansck

Teca

Wagner Kalieno

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PRETO

Alexandre Herchcovitch

Ellus

João Pimenta

Reinaldo Lourenço

Uma

Colcci

Osklen

Sacada

Vitorino Campos

P&B

Acquastudio

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Estampas e cores sob as lentes tropicais

O

tropicais, proposta que vai tendo continuidade desde o verão passado. Dentro da linha mais autoral, Isabela Capeto trabalha com estampas mesclando os motivos com bordados feitos à mão e aplicações diversas, de elementos vindos do fundo do mar. A criadora mantém absoluto equilíbrio nesse ritual, e apresenta uma coleção que transita tanto no coquetel como em cenários a céu aberto.

Ronaldo Fraga, por sua vez, fez uma interpretação mais literal, ao menos no cenário, dessa referência marítima e levou sereis para a sua passarela. Por entre os seres mitológicos, o criador fez passar peças delicadamente elaboradas em crochê e tricô, numa referência às redes de pesca. A surpresa ficou por conta da modelagem feita de volume e fluidez de looks feitos com fio de náilon em tom de

ocre, lembrando capim-dourado. Do branco e off-white ao azul, laranja, amarelo e verde, Ronaldo promoveu a explosão de cores que a estação propicia. Exemplos não faltaram na edição de Verão 2016 do SPFW de estampas e mescla de cores, que remetem a etnias locais e traços culturais , propondo um caldeirão de imagens multicoloridas para a temporada mais longa e animada brasileira. (E.K.)

Fotos: Agência Fotosite

verão brasileiro é sinônimo de luz e cor – ainda que traga influência europeia em sua estética. Por isso a cena do Verão 2016 atrai um espectro imenso de padrões, matizados por efeitos de tonalidades quentes e frias, que envolvem a silhueta e trazem para vitrines e ruas a feminilidade da brasileira. A estamparia vai do conceitual aos florais e às folhagens

COR

2and Floor

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Juliana Jabour

Salinas

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estampa

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Africa Africans

Água de Coco

Amapô

Cavalera

FH

GIG

Giuliana Romano

Iódice

Isabela Capeto

Lilly Sarti

Lino Villaventura

Pat BO

Patricia Viera

Ronaldo Fraga

TNG

Trya

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+acontece mundo

Esportivo empresta à moda seu savoir faire A arte de entrelaçar fios na construção da anatomia do vestuário está em alta e tem como aliada a alta tecnologia de produção que, por sua vez, inova a performance do produto no varejo

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Foto maior: Coleções cápsulas permitem combinações de formas e cores ad infinito. Abaixo: Neo Conforto propõe a inovação por meio de formas e estampas orientais. Ao lado: Nada mais londrino – e universal! – do que a estampa cashmere

Texto e fotos por Daniela Burity

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+acontece mundo

V

ivemos na era da informação, do vasto poder digital da tecnologia, que nos conecta em um mundo contemporâneo de descobertas constantes, modificando conceitos, valores e comportamentos. O século XXI requer agilidade e obstinação em um laboratório de experimentações pelas inúmeras possibilidades de inovações utilizadas pela confecção do vestuário que renasce a cada temporada e enaltece a individualidade do ser humano. Em uma combinação de tendências: o poderoso sportswear, o moderno utilitário, a inteligente alfaiataria, o luxo do neo conforto e o artesanal manufaturado torna-se um real savoir-faire da nossa imaginação para essa Primavera/Verão 15 no Hemisfério Norte. O sportswear, que esteve bastante presente no inverno passado, continua o seu reinado no mercado varejista também para essa temporada. Agora, ele faz parte do movimentado cotidiano inserido ao nosso estilo de vida. É visto em silhuetas bem ajustadas com recortes e detalhes vazados com um flair fitness. Malhas como o jersey levam uma porcentagem alta de elastano, a segunda pele. Ênfase também para o emborrachado, o neoprene com variações de gramatura, dupla face e seus cortes a laser. A tela, a helanca de poliamida, o canelado e o piquê também têm vez. E nos detalhes zíperes de náilon e elásticos aparentes; as estampas digitais, geométricas e bicolores estão presentes nas principais lojas da high street.

Varejo

Temos como exemplo para essa power trend os lançamentos das das coleções Fitness, antes inexistentes, nas principais marcas como: Primark, H&M,

Ao lado: tecido e forma de alfaiataria ganham ares contemporâneos a partir de acabamentos. No canto direito: campanha da Selfridges “Agender” definida como uma celebração da moda sem limitação entre os sexos.

Topshop, River Island, perfeitamente alinhadas com as suas coleções lançadas na nova estação. Nas vitrines: Praticidade e ousadia, manequins são estilizados com sandálias de solas grossas, bem despojadas ou por tênis. Seguindo o conceito reverso, a marca alemã Adidas que lançou parceria com a estilista britânica Stella McCartney. Especializada em um público jovem, a linha StellaSport traz peças que podem ser usadas tanto nas academias quanto nas ruas. Acompanhando o fast tracking da contemporaneidade, o varejo prova que pode e deve abraçar diferentes experiências. E em março desse ano, a loja de departamentos de luxo inglesa, Selfridges lançou uma campanha denominada “Agender” definida como uma celebra-

ção da moda sem limitação entre os sexos. Uma jornada única, transcendendo o que é masculino ou feminino fazendo com que seus consumidores possam explorar melhor a sua individualidade. O espaço conceitual conta com três andares da loja localizada na Oxford Street, em Londres, onde você encontra itens separados por cor, segmento e tamanho. Nos tecidos: a tricoline de algodão com elastano, o gabardine, a micro-fibra. E nos detalhes, os aboatamentos, os colarinhos entretelados. Os paletós e blazers forrados sem costura e desfiados são o hit da alfaiataria inteligente. O utilitário moderno traz o denim, o chambray e a sarja. Jaquetas funcionais, macacões, maxi-coletes, bolsos com aba, chapados ou com fole e

Foto maior: Stella McCartney, para Adidas, leva o esporte para as ruas. Abaixo: o esportivo compõe com o fast fashion na vitrine contemporânea Rodapé: na Mango, o casual recebe cores do ready-to-wear e a descontração urbana

nos aviamentos, as meias argolas em prata e nos detalhes, cintos forrados com o mesmo tecido.

Design & conforto

Apresentando uma nova dimensão de conforto surge o Neo-Conforto. Um mix harmônico e elegante de loungewear + pijama alfaiataria remetendo aos tecidos nobres como a seda, o chiffon, a mousseline, o crepe, o cetim e o jacquard. Nos detalhes e aviamentos, destacamos as passamanarias franjadas em viscose, rendas francesas, rendas soutache, acabamentos com vivo no bolsos e golas. Nas silhuetas, as golas e mangas de quimonos, o penhoar. E as lindas estampas florais orientais. Ainda fazendo parte do Neo Conforto, temos as silhuetas minimalistas e agigantadas com a cambraia de linho e de algodão, a meia -malha penteada com elastano. Sempre confortáveis que nos remetem a casulos, uma espécie de proteção propiciando uma maior liberdade de movimentos. E transmite a sensação de segurança, do sentir-se bem, do abraço acolhedor.

No varejo

O artesanato para o varejo é industrializado, porém traz o valor estético do DNA e da sua autenticidade histórica e cultural inseridos no vestuário. Tecidos rústicos, estampas de barrado de lenço, os arabescos árabes e o cashmere indiano. Nas silhuetas, as túnicas e as batas. Os bicos de renda, bordados, crochês e macramês são apresentados em diversas formas ou em detalhes especiais, transformando peças industrializadas em trabalhos singulares. Dessa forma, o futuro chega ao mercado varejista. Rápido e inovador, misturando tendências às matérias-primas, que nos surpreendem a cada instante, refletindo a realidade da moda que conquista o seu público-alvo com criatividade, qualidade e preços acessíveis. E o objetivo da indústria fast fashion é seguir os caminhos dos sonhos mais íntimos dos seus consumidores, fazendo com que o varejo supere qualquer obstáculo e acompanhe de forma precisa essa conexão tão exata na revelação da personalidade do individuo. Daniela Burity é trend tracker residente em Londres. Proprietária do TrendZ Bureau, especializado no varejo. www.trendzbureau.com

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Foto: Gui Benites

por Arnaldo Rabelo

Consultor em marketing infantil e licenciamento de marcas.

Foto: Shutterstock

www.rabeloeassociados.com.br

Os 3 P's do Licensing

O licenciamento, quando bem administrado, pode contribuir para aumentar o conhecimento da marca e sua relevância ao público

O

licenciamento de marcas, personagens e artes é um setor econômico importante no Brasil, mas ainda com enorme potencial de crescimento. Muitos desconhecem essa ferramenta de extensão de marca, que está inserida nas estratégias de marketing e branding. Não é difícil encontrarmos uso inadequado dela, com resultados sofríveis. O sucesso em licenciamento, assim como em branding, depende de vários fatores. Mas há um tripé fundamental que pode ser o guia para o sucesso. Podemos considerar que, para isso, o alinhamento entre seus componentes é condição sine qua non. Esse tripé é formado por: Propriedade: Personagem, marca ou arte que está sendo licenciada. Sua principal função no licenciamento é carregar atributos intangíveis que tornam o produto mais valorizado.

38

Produto: Meio pelo qual o consumidor chega aos benefícios tangíveis e intangíveis que valoriza e deseja. Os benefícios tangíveis incluem qualidade, acabamento e design. Os intangíveis podem ser sociais e psicológicos, como a sensação de pertencimento ou status. Público: Consumidor final, que pertence a um grupo de interesse do fabricante do produto e do varejista. Ele deve ter acesso aos produtos pelos canais de venda de sua conveniência e deve perceber nos produtos e na propriedade os atributos que valoriza a ponto de justificar seus custos ao adquiri-lo.

Alinhamento

Além de avaliar a adequação desses três elementos separadamente, deve-

mos tomar muito cuidado com o alinhamento e coerência entre eles. Os erros mais frequentes em extensões de marca, além dos básicos na área de marketing, são a incoerência da marca ou personagem ao conceito do produto ou à sua categoria e na segmentação ou definição de público-alvo. Toda marca tem vários níveis de significados. Os mais ligados à própria marca são os valores, a cultura ou ambiente no qual ela se insere e sua personalidade. Quanto ao produto, a marca evoca atributos e benefícios específicos. E a marca sugere o tipo de consumidor associado a ela. Aqui vemos como a marca ou personagem se relaciona ao produto e ao público. Na ânsia por obter resultados de curto prazo, muitas vezes a marca é inserida em uma categoria de produtos inadequada e oferecida a um público amplo demais. As extensões de marca bem sucedidas ocorrem quando há associação de qualidade à marca original e quando há uma percepção de que

haveria facilidade para a marca produzir e oferecer a extensão, mesmo que na prática ela não seja a fabricante. Mas o mais importante é que a extensão seja percebida como complementar à marca, como uma boa substituta dos produtos atuais do mercado e se perceba que a marca transfere seus conhecimentos e habilidades à extensão. A partir destes conceitos, pesquisas mostram, por exemplo, que o McDonald´s teria muito mais facilidade de lançar batatas fritas congeladas do que processamento de fotos digitais, mesmo que esta última possa aproveitar os atributos de conveniência e rapidez associados à marca. A extensão de marcas deve respeitar limites. Assim como nós, elas podem trocar de roupa, mas nunca perder sua personalidade e sua essência. O licenciamento, quando bem administrado, pode contribuir para aumentar o conhecimento da marca e sua relevância ao público. A palavra de ordem é coerência.

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por Edson D'Aguano

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Entendendo o PCI do consumidor final...

O produto é do corpo... a marca é da alma!!! A marca sem produto é marca. O Produto sem marca não é nada

R

eza a lenda que “uma boa imagem vale mais que mil palavras”... Customizando o velho axioma, “uma boa marca vale mais que mil produtos”. Quero dizer, milhares de produtos. Antigamente, no século retrasado, quando se pensava em um produto standard, ele era, por exemplo, cognominado de Levi’s Jeans e comercializado em uma “embalagem padrão” numa loja de commodities, quase escondido em meio a “trocentas” mercadorias diferentes. O produto, este que, tendo um nome, podia, então, ser anunciado pela propaganda da época como algo de personalidade e de identidade forte. Sendo assim, nascia mais que um nome; um super nome! Uma marca; uma marca de verdade, que já irradiava poder. Já naquela época, a marca eliminava a necessidade de o consumidor obter informações sobre o produto, an-

tes de comprá-lo. Já naquele tempo, as associações mentais que a marca evocava continham tudo e mais um pouco. A emoção, é claro, já estava em cena! Provavelmente, esse foi o primórdio da personalidade de um produto, mas o nome numa etiqueta ou num tag, quiçá numa estampa, no bordado, no botão ou no zíper do produto não significa um reduto na mente tampouco na alma. Não e não mesmo. A marca que é marca só existe na mente e, daí, para a alma é um trajeto sem escala. A propósito, marcas de verdade mesmo só circulam na mente e residem na alma, assim como os produtos circulam no corpo e residem no guardarroupa. Trata-se, portanto, de uma sutil inversão de foco, do produto físico, que “realça a estética” no corpo, para as associações emocionais, que penetram na alma, sob a guarda da marca.

Hoje, os entendidos de plantão, tidos e havidos como experts em branding, acreditam que o marketing pró -marca deve ser apresentado como uma “essência objetiva”, tipo um mantra, na qual se coletam fatos concretos sobre o comportamento de compra e uso do consumidor final, assim como sobre que decisões e ações de comunicação da marca e produto devem ser tomadas, com o Foco Do mercado e não apenas com o Foco No mercado, certo? Errado... O fato é que o Sucesso de um produto baseia-se em um conjunto de significados que, associados a ele, o distingue de uma determinada relação de conteúdo e forma, na tentativa de diferenciá-lo da mesmice usual. Entra em cena, então, a Percepção, a Compreensão e a Interpretação (efeito PCI) do consumidor-alvo, que busca no produto algo inovador, impactante, surpreendente e atrativo para daí e, só daí, decidir a compra. Isso tudo, e ainda assim, se este produto possuir um aval assinado por uma marca que é marca e não apenas um nome que não passa de um nome. Caso contrário, o produto, sem marca, “passa batido” aos olhos do mercado, sem remorsos! Em sendo assim, a última chance do produto próconsumo é possuir um PREÇO arrasador, barato que só (o prejuízo explica). Não se trata, então, para resultar valor de consumo, apenas da chancela do nome, do “jeitão” ou do feeling no produto. É pouco. O sucesso só tem início quando a marca se apresenta como um resumo “de tudo” na mente e quando está enraizada na alma. É a marca, somente ela, que representa a verdade do produto e do ponto de venda para o consumidor-alvo. Entender como o cérebro, e até o coração do consumidor-alvo, elabora o PCI (Percepção a Compreensão e a Interpretação) é a chave da resultância, ou melhor, é tudo na vida de uma empresa, seja fabricante ou varejista. O fato básico, fundamental mesmo, é: uma marca é sempre uma EXPERIÊNCIA SENSORIAL. Um código simbólico

de distinção. Algo que se torna relevante e ressonante, para alguém, de alguma maneira, decidir por possuir, por usar, por curtir. De fato, uma experiência única. Exclusiva. Original. Autêntica. Incrível. Surpreendente. Irresistível “até o talo”. Muito mais do que apenas um nome que se memoriza, em sendo marca, o consumidor se apaixona e se apega, se deixa conduzir e se deixa dominar. Simples assim...

Entendendo a oportunidade do mercado C.A.C.O...

Os neurônios, combustíveis da alma que são, trabalham como máquinas de filtrar relevâncias e ressonâncias, criando sensações em meio aos imputs múltiplos, que vão do caótico e desordenado à mesmice e ao óbvio. Porém, cuidado, muito cuidado... Alargue demais as obrigatoriedades sobre a sua marca e você se afogará, muito provavelmente, num turbilhão sensorial. Você, enquanto marca, será indiferenciado. Seu cliente, confuso que só, não verá razão alguma para escolher você. Convenhamos... A enxurrada de ofertas, no mercado C.A.C.O. (Competitivo, Acirrado, Complexo, Ofertado), recessivo como tal, dilacera mais e mais a demanda atual descendente em meio à concorrência ascendente, que enxerga este cenário de mercado como uma oportunidade. Lembre-se: “O seu principal concorrente ainda nem tinha nascido hoje de manhã”... É cruel, muito cruel... Trabalhar com essa realidade num cenário assolado pela complexibilidade caórdica (caos + ordem), como tal, e ter que pilotar uma marca para, daí, conquistar mercado, pressupõe uma atitude estratégica essencial: reconhecer que, para ganhar mercado, o marketing precisa lidar com o ser humano; é sobre a natureza humana que a lógica racional da mente e a sensibilidade emocional da alma é idiossincrática, sensorial. Sem respeitar e entender esse fenômeno biológico, nada feito. Sem emoção, não há o que faça uma marca construir um valor surpreendente e irresistível na decisão da compra. Sem emoção, nenhuma marca conseguirá funcionar, na prática, como aval e senhora do produto.

A sua marca não pode ser invisível aos olhos... Quem viver,verá!!! 40

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por Marcelo V. Prado

Foto: Arquivo pessoal

Marcelo V. Prado é sócio-diretor do IEMI – Instituto de Estudos e Marketing Industrial

faleconosco@iemi.com.br

Sutiãs em alta ajudam na recuperação da moda íntima

Foto: Shutterstock

Se há um produto que mereça destaque no quadro de recuperação da produção nacional, este produto é o sutiã, cada vez mais valorizado, diversificado e inovador, com a utilização de novas tecnologias, materiais e componentes

D

esde o início desta década, a indústria de moda íntima feminina, assim como todo o setor do vestuário no Brasil, vem sofrendo com o cenário adverso do câmbio, extremamente favorável aos artigos importados, e com as baixas taxas de crescimento do PIB brasileiro, sempre muito aquém da média dos demais países emergentes. Neste período, de 2011 para cá, o número de unidades produtivas em atividade neste segmento no país, chegou a se reduzir de pouco mais de 3.400, para 3.170 estabelecimentos com porte industrial, causando a eliminação de seis mil postos de trabalho. Nos últimos dois anos, porém, este segmento, que engloba a confecção de calcinhas e sutiãs, camisolas, pijamas e modeladores, apresentou uma leve retomada nos seus volumes de produção, em torno de 2,4% acumulados em 2013 e 2014, sinalizando que o pior já teria passado, principalmente se considerarmos as estimativas preliminares para 2015, que apontam para uma nova expansão da produção para o segmento, em torno de 1,5% em volumes de peças. Contribui para explicar este possível crescimento a elevação da taxa de câmbio, com uma forte apreciação do dólar diante do real, o que tende a frear as importações e a reabrir as oportunidades de exportação por parte dos médios e grandes fabricantes nacionais. Alguns deles, inclusive, jamais deixaram esfriar seus contatos com clientes do exterior, mesmo em épocas de dólar a R$ 1,50, quando era impossível ter preço para competir com os asiáticos em grandes redes. Este último grupo, inclusive, composto por pouco mais de 100 empresas e responsáveis por 36% da produção nacional, vem apresentando uma retomada bem mais expressiva em seu crescimento, se comparados aos micros e pequenos produtores, ao se calcarem em estratégias bastante agressivas de

produto, distribuição e marca, associadas com fontes variadas de suprimento, como a produção em regiões incentivadas, terceirização e importação, para dar sortimento e velocidade de inovação ao seu mix de produtos. Dentro deste grupo, a produção nos últimos dois anos registrou uma expansão média acumulada de 5,5% (contra 0,5%, das micro e pequenas empresas). Dentro deste setor, se há um produto que mereça destaque neste processo de recuperação da produção nacional, este produto é o sutiã, cada vez mais valorizado, diversificado e inovador, com a utilização de novas tecnologias, materiais e componentes, para torná-lo cada vez mais desejado pelas consumidoras. A título de comparação, nos últimos dois anos, a produção de sutiãs avançou 7,3% em volume de peças e nada menos que 30% em valores nominais (sem descontar a inflação do período), demonstrando que a estratégia de crescimento adotada para o produto, durante este período de demanda desaquecida, passou longe da oferta de produtos similares, básicos e de baixo custo. O sutiã é mais um excelente exemplo daquilo que afirmamos na coluna passada: “Em tempos de crise, o que vende é o novo”, e sem a inovação, será difícil gerar desejo pelo produto e motivar a compra por parte dos consumidores, empurrando a marca para a briga de preço. Sucesso!!!

Indicadores Setoriais

Excepcionalmente, nesta edição da coluna, em vez dos indicadores conjunturais, apresentamos em primeira mão aos leitores da Revista World Fashion + Varejo os indicadores anuais da Produção e Consumo Interno de Moda Íntima Feminina no Brasil, já com as primeiras projeções estatísticas para o ano de 2015. Para mais detalhes sobre este mercado, consulte o site do IEMI (www.iemi.com.br).

Evolução e Tendências do Mercado de Moda Íntima Feminina (em milhões de peças) 2010

2011

Realizado 2012

Produção

544.361

517.631

495.632

498.094

509.927

2,4%

517.576

1,5%

Importação

14.026

44.651

54.396

57.105

52.409

-8,2%

49.263

-6,0%

Exportação

16.898

18.549

10.896

9.303

5.571

-40,1%

5.792

4,0%

Cons. aparente

541.489

543.733

539.132

545.896

556.765

2,0%

561.047

0,8%

Imp./Consumo

2,6%

8,2%

10,1%

10,5%

9,4%

-

8,8%

-

Exp./Produção

3,1%

3,6%

2,2%

1,9%

1,1%

-

1,1%

-

Descrição

2013

2014

% Var. 14/13

Estimado 2015

% Var. 15/14

Fonte: IEMI

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edição 149


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da Vendere, agência digital de criação e desenvolvimento de sites e marketing na Internet.

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A Sedução das Palavras

Q

uase todas as empresas se preocupam muito com o design dos seus sites, até porque esse é o aspecto mais perceptível e primário no contato com um visitante. As empresas de moda, em particular, redobram a atenção ao design para tentar garantir que o site transmita o “espírito da marca”: ousada ou mais conservadora, esportiva ou social, futurista ou retrô e assim por diante. Design bem feito e adequado à marca é importante, é claro, mas às vezes o foco exagerado nele leva as empresas a subestimar a importância do conteúdo escrito do site. Uma vez projetado um design bem bacana e escolhidas boas fotos, os textos acabam sendo quase um “adendo” apressado, “pós fato”. Não é difícil encontrar, por exemplo, como referência para “visão, mis-

são e valores” uma frase clichê do tipo: “Prestar o melhor serviço para nossos clientes”. Esse e outros tipos de descuidos com os textos do site, em maior ou menor grau, podem levar a empresa a não aproveitar pelo menos dois benefícios que textos mais bem redigidos podem trazer. Confira a seguir.

1. Diferenciar-se da concorrência

Caro leitor, pegue agora um papel e um lápis. Tente rabiscar uma imagem sem palavras que transmita a seguinte ideia: “Uma imagem vale mais que mil palavras”. Você vai descobrir que essa frase composta por apenas sete palavras é muito difícil de ser sintetizada em forma de imagem – além de constatar que os ditados populares não são

verdadeiros em todos os contextos. Muitos conceitos abstratos, ou um pouco mais complexos, o que pode ser o caso de seus diferenciais da concorrência, só podem ser transmitidos, ou são transmitidos muito melhor, através de bons textos.

2. Ajudar o cliente a encontrar seu site

Quando uma pessoa está procurando alguma coisa na Internet, ela entra em um mecanismo de pesquisa (Google, Bing e outros) e digita palavras-chave. O mecanismo por sua vez vai verificar se seu site responde à “pergunta” feita na pesquisa. Os mecanismos de pesquisa são sofisticadíssimos e não basta apenas que o seu site tenha as palavras que a pessoa

digitou na pesquisa ou palavras relacionadas. São levadas em conta considerações contextuais, históricas e de relacionamento com outros sites (sobre os quais você não tem controle). O que estiver escrito em seu site é sempre parte importante da equação, que o considerará uma boa resposta ou não a cada pesquisa feita.

Arte e Ciência

Num plano ideal, os textos de seu site devem ajudar a seduzir os humanos e os robôs dos mecanismos de pesquisa que visitam o site, sem parecer forçados ou artificiais a ambos. Trata-se ao mesmo tempo de arte e de ciência, o que pode demandar mais investimento de tempo e de dinheiro nos textos do site, mas os resultados costumam valer a pena.

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+ler, ver e ouvir

Programe-se! Abra um espaço na agenda para ter um momento de respiro e mergulho cultural nas exposições que acontecem pelo mundo Por Débora Ortolani A Pinacoteca do Estado de São Paulo apresenta, até 28 de julho, obras do pintor abstrato mais importante da geração, Sean Scully (1974-2015). Aclamado internacionalmente, é conhecido pelas formas geométricas e pela variedade de cores. Para quem ama arte urbana, a 3º Bienal Internacional Graffit Fine Arte@SP (foto ao lado) ocorre até 19 de maio, no Pavilhão das Culturas Brasileiras, com curadoria de Binho Ribeiro. A mostra reúne mais de 60 artistas, entre eles o americano Paul Santoleri e a mineira Lídia Viber.

3º Bienal Internacional Graffiti Fine Art: Criação do artista vermelho

Continuando nosso tour por São Paulo, a CASACOR chega à 28º edição, no Jockey Club, indo de 24 de maio a 12 de julho, no Jockey Club de São Paulo. A mostra vem com criações de ambientes inovadores e soluções voltadas para casa, apartamentos, estúdios e lofts. O grafiteiro paulistano Eduardo Kobra terá sua arte exposta em um dos ambientes da mostra. Acesse o site www.casacor.com.br para ficar por dentro da programação em outros estados, como no Rio de Janeiro, onde vai de 5 de agosto a 13 de setembro.

Fotos: Divulgação

Eduardo Kobra na 28º edição da CasaCor 2015

Lá fora Depois de apreciar queijo e degustar um bom vinho na capital francesa, visite a exposição Déboutonner la mode, no Museu de Artes Decorativas, até 19 de julho. Ali está exposta uma coleção singular com uma seleção de mais de cem roupas e acessórios femininos e masculinos de designer emblemáticos, como Jean Paul Gaultier, Christian Dior, Patrick Kelly, entre outros.

Paris é sempre uma boa ideia. Na Cidade Luz e berço da moda, a casa de alta costura Jeanne Lanvin comemora 125 anos com uma retrospectiva inédita com o melhor da costura parisiense. As criações de Lanvin ficam no museu Palais Galliera até 23 de agosto.

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Em Londres, o Victoria & Albert Museum apresenta, até 2 de agosto, a exposição do celebrado Alexander McQueen: Savage Beauty, com trinta peças inéditas e uma nova seção focada nas raízes do estilista britânico.

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