VITRINE
Ano XX | R$30,00 Edição 151
Ver, ouvir, V i sentir, degustar as inovadoras vitrinas
RADAR
Uma análise áli sobre o têxtil no País
E MAIS:
surfa A moda
nas ondas da alta tecnologia
Passarela da versatilidade Malharia revela-se com inovações
reconhecer uma tendência é importante. ser a tendência é transformador.
Com tantas tarefas diárias, quase não sobra tempo para as mulheres cuidarem da saúde e do corpo. As roupas precisam cada vez mais acompanhá-las em todos os momentos, e é isso que o fio Emana® faz. O jeans com Emana® oferece aquele plus que vai além do que os olhos podem ver e cuida do corpo da mulher. Esta tecnologia revolucionária é reconhecida por laboratórios independentes que comprovaram sua eficácia, pelas consumidoras que estão
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Na ordem do dia
A
economia, ciência dos recursos escassos, tem a intenção de colocar em equilíbrio os bens disponíveis para que tudo gire em harmonia. Mas nada disso funciona se não houver gente que trabalhe para que esse cenário – isso é, o melhor dos mundos – realmente se construa. E é por causa dessas pessoas, empreendedoras por natureza e por necessidade, que o mundo ganha novos contornos. Também no mundo da moda. Para se chegar aos melhores resultados, o investimento em tecnologia é um dos caminhos mais certeiros. Diante da necessidade máxima de se preservar as fontes naturais e o planeta em que habitamos, cresce a consciência entre empresários, designers e todos os profissionais envolvidos nessa grande indústria chamada moda, de que ou racionalizamos os processos – da criação ao produto acabado no ponto de venda –, ou cavaremos a sepultura desse negócio e tornaremos mais duro aquele já o árduo caminho da sobrevivência. Nessa edição, World Fashion vai às fontes, de onde saem matérias-primas sintéticas, cada vez mais amigáveis à vida humana e ao próprio planeta. Aí e em outros elos, a palavra de ordem é reduzir o consumo de água, racionalizar processos e encurtar etapas, para uma produção de qualidade, a um custo (social e financeiro) razoável, com menor impacto ambiental. Essa ideia-chave aos poucos vai permeando a trajetória de cada produto. O próprio fast fashion, do qual falamos há cerca de duas décadas, começa a ser questionado para ter suas práticas revistas. Nossos colunistas seguem por essa trilha de raciocínio, propondo a reflexão de diferentes aspectos de uma mesma realidade que, ao mesmo tempo que sugere a obsolescência das criações, não descarta, no dia-a-dia, a adoção de um consumo consciente e programado. Estamos ainda nos primeiros passos, mas é já o começo de um novo ciclo da moda, para que suas coleções encantem, ao mesmo tempo que nos mostrem um novo cenário contemporâneo imaginando que haverá um porvir. Boa leitura! Eleni Kronka
ago/set/out 15
05 + RADAR
Relatório traz análise
24 +ACONTECE MUNDO
Todos os caminhos
sobre o têxtil no País
06 + MOVIMENTO
Omini Chanel, o caminho sem volta!
08 + VITRINE
Ver, ouvir, sentir, degustar as inovadoras vitrinas
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+BALCÃO Nova identidade de
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26 +ACONTECE BRASIL Passarela da
versatilidade
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Minas Trend
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+GESTÃO
Preview
Gestão tem que ser pensada como
Lafayette
circunstância e não
+FOCO Alfaiataria sob o
+MODA MASCULINA Roupa nova
+DOSSIÊ Nas ondas sustentáveis da moda
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tendências
moda para Galeries
prisma da perfeição
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levam ao mix de
como atributo!!!
32 +MERCADO
Novo ciclo de exportações e desafios inéditos à indústria
34 +COMPORTAMENTO Como avaliar
personagens para uso em produtos
Malharia revela-se com inovações
36 +ONLINE
Cadê o maldito
Revolução digital na rota da produção
“xiszinho”?
38 +SUA LOJA
Os futuristas
www.worldfashion.com.br
Diretor: Luiz Cezar Pimentel | Publisher: Yuko Suzuki yuko@worldfashion.com.br Editora: Eleni Kronka eleni@worldfashion.com.br | Colunistas: Arnaldo Rabelo, Carlos Ferreirinha, Daniela Burity, Edson D’Aguano, Fernanda Calfat, Marcelo Prado, Mário Queiroz, Paulo Delegá. e Sylvia Demetresco Projeto Gráfico e Design: Guilherme Watanabe | Jornalista Responsável Eleni Kronka – MTB 12.882 Publicidade Vera Lopes vera@worldfashion.com.br | Luiz Eduardo Pimentel eduardo@worldfashion.com.br
Crédito da foto capa: Coleção Rosset Verão 2017 Fotógrafa: Bruna Castanheira, Modelo: Priscila Uchoa
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WORLD FASHION + VAREJO é uma publicação da World Fashion Editora e Eventos Ltda. Fones: (11) 5535-7709 e (043) 3343-1925. A World Fashion Editora e Eventos Ltda. não se responsabiliza pelas opiniões emitidas nos artigos de seus colunistas. É terminantemente proibida qualquer forma de reprodução do conteúdo – textos, fotos, ilustrações – desta publicação sem a prévia e devida autorização dos editores. Nenhuma pessoa está autorizada a retirar qualquer tipo de material em nome do WORLD FASHION+ VAREJO. Em caso de necessidade, o portador deverá ter em mãos carta assinada.
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+radar
Relatório traz análise sobre o têxtil no País
Estudo mostra que indústria brasileira registrou recuo na produção e País mantém perfil de importador de produtos têxteis e confeccionados
Da Redação
INVESTIMENTOS Os investimentos totais realizados na cadeia têxtil em 2014, em modernização e/ ou ampliação da capacidade
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produtiva (máquinas, instalações, treinamento, etc.), estimados pelo IEMI, chegaram a R$ 4,3 bilhões, representando uma queda de 14,7% sobre os valores investidos em 2013. Por outro lado, houve crescimento de 8,1% no
período de 2010 a 2014. Em 2014, todos os segmentos de manufaturas têxteis apresentaram queda em seus investimentos quando comparados a 2013. A maior queda ocorreu no segmento de malharia (21,7%). Apenas
os nãotecidos tiveram crescimento, de 8,1%. Em máquinas e equipamentos, os investimentos de 2014 atingiram R$ 2,3 bilhões, o que representa uma queda de 4,9% em relação aos valores de 2013, porém mostra-
ram crescimento de 21,9% no período de 2010 a 2014. O segmento de fiação foi o que apresentou a maior queda nos investimentos em máquinas e equipamentos (-12,5%) em relação ao ano de 2013. (E.K.)
THEY INSPIRE FASHION. Jeremy Somers Creative Director and Designer Circleline
Rosa Pujol Creative Manager Gratacos Riccardo Bruni Textile Designer Lyria
Wendy Richard Style Manager Mégisserie Richard
Takao Ozaki Creative Director A-Girl’s
Federica Martini Masoni Style Office Chief Masoni Industria Conciaria
16-18 Feb. 2016 premierevision.com © Paolo Verzone
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IEMI Inteligência de Mercado acaba de lançar a edição Brasil Têxtil 2015 – Relatório Setorial da Indústria Têxtil Brasileira, estudo sobre o mercado nacional sob o aspecto da produção têxtil e de confecção do País. Sob a direção de Marcelo Villin Prado, o relatório aponta que nos últimos 15 anos, a quantidade de unidades produtivas em atividade no setor têxtil nacional cresceu 23%, passando de 2.471 estabelecimentos para um total de 3.045. Entre os artigos confeccionados, a alta no período de 2000 a 2014 foi de surpreendentes 84%, o que representa a cifra aproximada de 30 mil estabelecimentos, contra cerca de 16 mil verificados em 2000. Segundo o IEMI, a expansão é fruto do próprio crescimento do mercado nacional e, em especial do segmento de confeccionados, por meio de contínuo processo de formalização de pequenas e médias empresas. A soma geral do setor, hoje, supera a marca de 32 mil estabelecimentos em atividade, com perfil industrial. Outro dado importante é o substancial aumento de produção de têxteis no país de 2000 a 2010, motivado pela incorporação de novas tecnologias e o aumento da produtividade, tudo isso somado ao crescimento do mercado interno. A valorização do Real, no entanto, pôs fim à competitividade das exportações brasileiras e estimulou fortemente as importações. Com isso, a produção de têxteis nacional estagnou e, em seguida, recuou. Nos últimos anos, como mostra o Relatório, Brasil vem se consolidando como país importador de produtos têxteis e confeccionados. A balança comercial da cadeia têxtil vem, ano a ano, ampliando seu déficit, chegando a US$ 4,7 bilhões em 2014. Em 2010, o déficit era de US$ 2,8 bilhões. Em quatro anos, houve crescimento de 69%, ou seja, uma média de 14% ao ano.
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Carlos Ferreirinha é Fundador e Presidente Foto: Divulgação
da MCF Consultoria, especializada na Inteligência da Gestão do Luxo
www.mcfconsultoria.com.br
O varejo nunca mais será o mesmo! Omini Chanel, o caminho sem volta! Um consumidor que já não quer mais e já não tem paciência para diferenciar o off-line do on-line. Um novo comportamento de consumo gerando ruptura e alterando por completo as relações estabelecidas de mercado. Empresas e marcas forçadas à reinvenção do diálogo e da dinâmica de compra e venda
C
onsumidores não somente com mais poder, mas também se sentindo mais poderosos e extraordinariamente bem informados, e, principalmente, com o absoluto controle. Definem quando, como e em que formato a interação acontecerá. Conveniência passou a ser a palavra de ordem. Se as empresas/marcas conseguirem personalizar, o efeito de estímulo torna-se ainda maior. E não se trata apenas de novos canais de vendas ou de contato com o consumidor final. Estamos falando de um formato muito mais evoluído, contemporâneo e dinâmico. Entramos na era da integração e engajamento total, levando o consumidor a praticamente desenhar para qual o tipo de experiência de relação de consumo ele está mais disposto. Lojas físicas, call center, TV, vitrines, ecommerce, sites, redes sociais, mobile = na visão do consumidor, tudo
deveria ser apenas um contato onde todas suas demandas são resolvidas. O ambiente físico e o virtual se fundem, criando assim diversos e múltiplos canais de compras. A loja física tradicional levará o cliente ao virtual e o virtual levará o cliente ao físico.
CONECTADOS Estímulos de consumo acontecendo como nunca antes por engajamento em redes sociais e o brasileiro demonstrando uma capacidade singular nesse tema, mantendo quase dez horas do dia conectado à internet. Segundo grupo de pessoas mais ativas e engajadas no Facebook, primeira posição mundial na tomada de fotos selfies e transformando o Rio de Janeiro e São Paulo, como duas das cinco cidades mais retratadas no Instagram. Instagram por sua vez impactando fortemente o estímulo de consumo, tornando-se assim bem significativo e
relevante para o varejo brasileiro. Marcas que passaram décadas fundamentadas no marketing e na comunicação tradicional, tendo que aprender a criar “vida” nas redes sociais para motivar os consumidores a compartilhar e validar opiniões com amigos e pessoas do relacionamento em geral. Dados mais recentes apontam que as consultas on-line subiram de 19% para 62% nos últimos anos. Inquietação, porque se falamos de vida, as marcas precisam dialogar com a “vida” dos consumidores. E isso demanda inteligência de segmentação e estudo de comportamentos.
DEFINITIVAMENTE NOVOS TEMPOS! Se levarmos essa reflexão para as marcas de Luxo e de forte prestígio, o tema é ainda mais inquietante. Marcas que pautaram o modelo bem sucedido de negócios aos templos de consumo
tradicional. As lojas. Os espaços físicos. Se estas já estavam atrasadas de certa forma quanto ao mundo digital em seu todo como interação, engajamento, ecommerce... precisam agora também a estimular o consumo no mundo on-line. Como ficará então a tão importante “experiência” eu sempre determinou a tomada de decisão de consumo nessas marcas? Haverá, portanto, a experiência de consumo digital? O fato é que bons exemplos começam a surgir e definitivamente uma marca é destaque absoluto nesse tema: a inglesa Burberry. A tradicional marca do trench coat xadrez, que passou por uma profunda renovação e atualização, se tornou uma das marcas de Luxo mais seguidas no mundo digital, capaz inclusive de transmitir suas coleções dos poderosos desfile de moda, on-line em tempo real. Ruptura total. Já a marca Prep Obsessed concentou suas vendas nas fotos postadas do Instagram.
INTERATIVIDADE A marca americana DVF – Diane Von Furstenberg em parceria com o Google e sua ferramenta Hangouts permitem que os “espectadores consumidores” comprem as peças no momento que aparecem no vídeo.
A Brooke Brothers através de uma eficiente gestão inteligente de dados, a empresa consegue ajustar as promoções de acordo com os padrões de navegação do cliente no site de ecommerce, até mesmo se ele estiver na loja física da marca.
Fotos: Divulgação
A Kate Spade lançou o movimento Saturday permitindo que o consumidor faça suas compras 24 horas por dia pela vitrine interativa na loja de NY com entrega em casa em menos de uma hora.
Os aprendizados são muitos, levando à necessidade de rápida atualização. As lojas passam a ser destinos para o incremento da experiência de marca, mas não mais somente o único ponto de contato. E com isso, o “fora de estoque” terá que ser banido. Vendedores terão que se tornar cada
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vez mais contadores de histórias para garantir a atratividade nos ambientes físicos e os ambientes virtuais terão que oferecer um ambiente virtual amigável, fácil de navegação e com precisa inteligência de consolidação de dados. Tecnologia não mais será aliada ou “nice to have”. Tecnologia que estimule
sensações, interação e experiências se tornarão comuns, porque assim serão as expectativas dos consumidores. Tecnologia favorecendo total integração. O varejo passa de um local no qual o principal objetivo sempre foi a venda de produto, para um espaço de estímulo de venda em todos os canais
possíveis. E esse mesmo caminho será do virtual para o físico. “Feliz de quem entende que é preciso mudar tudo para continuar sendo o mesmo” – frase de Dom Helder Câmara. A hora é agora! Mudar ou não ser mais relevante, eis a questão!
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Ver, ouvir, sentir, degustar as inovadoras vitrinas O branco é a cor de fundo dos espaços que conjugam conceito, sustentabilidade e inovação que contribuem para a construção da imagem das marcas Texto e fotos por Sylvia Demetresco
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erambular pelas cidades, feiras e pelos eventos em várias cidades do mundo pode dar aos outros a impressão de que estou perdendo tempo... Na realidade, estou a reencontrá-lo. É um estado de alerta! Perambular para o parisiense é flanar! E é estar com todos os sentidos afiados: ver, ouvir, sentir, degustar. São instintos que me levam à caça do que é o novo, do que está no ar, mas não é possível prever realmente. Entre passos, ora lentos, ora rápidos, em paralelo com a vivacidade do meu olhar, sempre estou à procura do imprevisto; tento encontrar na banalidade das coisas o insólito ou, metamorfosear o espaço comum em um terreno de aventura. E esta aventura ou este flanar quer dizer pinçar pequenos acontecimentos e transformá-los numa linguagem do visível. Ou provar que nestas brechas é que acontece o novo. Desta vez devo dizer que existe uma harmonia por todas as feiras, salões, bienais, exposições pelas quais andei nos últimos meses. Entre França, Itália, Portugal e Suíça, pude verificar
que a questão do “como fazer o visual” é ponto central nas apresentações. Com temas como o da Bienal de Arte de Veneza – All the world’s future – ou o tema da Expo 2015 de Milão – Feeding the Planet, Energy for Life –, ou ainda no salão Maison & Objet, de Paris, com o tema Precious: une projection dans le futur de l’habiter é possível perceber que há uma grande preocupação entre visualidade e visibilidade, de encontro com sustentabilidade e fragilidade do planeta. Talvez seja por isso que a cor branca surge repetidamente em muitas exposições de produtos e até mesmo nos produtos em si. Haja vista uma das tendências da feira Who’s Next era o azul “bleu glacier”, representado pela neve, o calcário e as geleiras dos Alpes. Alguns empresários optaram por expositores muito simples e brancos de uma sutileza e delicadeza impressionante.
MODA E ARTE Nestas semanas de eventos de moda e arte, durante alguns dias a moda e o design se cruzaram nas ruas de
Paris. Vitrinas com poucas cores foram instaladas na Galeries Lafayette: o branco de fundo dominou com roupas negras e manequins brancos que seguravam balões brancos, grafitados de preto. E a luz, em invés de ser somente iluminação, passou a ser decoração ao contornar os manequins de um branco azulado e frio. Já a loja Le Printemps festejava a marca Dolce & Gabbana em todas as vitrinas de fundo chapado de uma cor só, com roupas quase todas brancas, nas quais se via algum detalhe, como bordado ou um desenho colorido. Ora na cenografia, ora na vestimenta, o branco dominava! A Coreia, tema do mostra no Museu das Artes Decorativas, em Paris, a propósito do ano da Coreia na França, acentua o uso do branco, com salas brancas e objetos de design muito claros, tanto no espaço dedicado à moda quanto no do design. No andar da história de sua moda, no qual se apresentam as suas tradições, predominam o cru, o creme e o branco. Não quer dizer que as cores não estejam
presentes, mas surgem em espaços diferentes e pré-determinados, como na entrada com roupas infantis. A marca Hermès criou, durante a semana de moda de setembro último, um percurso numa ambientação exterior muito colorida, expressando o que é flanar em Paris Dans l’oeil du Flâneur. Um percurso insólito entre o tangível e o surreal, criando um percurso através de objetos e produtos expostos de modo sonhador, cheio de imagens ilusórias. Acreditem, os primeiros e os últimos espaços eram totalmente brancos. Pequenos objetos de suas coleções de moda, como calçados, bengalas, bolsas, porcelanas, echarpes e gravatas eram expostos nesses ambientes brancos e saltavam aos olhos, os detalhes de cada um neste ambiente onírico. Nestas ocasiões, é o passeio por vários lugares que me faz agarrar em voo essas pequenas coincidências. E nestes percursos a cor branca bateu forte! O branco tende ao perfeccionismo, ao audacioso, à perseverança, ao sagrado e à sofisticação... E, obviamente, à paz, neste momento de tantos conflitos mundiais!
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[02] Na Galeries Lafayette, a luz, como decoração, ressaltou silhuetas e marcou o contraste entre fundo branco e roupas pretas para um inverno glacial
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[01] Simplicidade, leveza e visão de futuro, com o toque bleu glacier foram vistos em expositores da mostra Who´s Next Fotos: Sylvia Demetresco
[03] A Le Printemps, com Dolce & Gabbana, festejam 150 anos de elegância expondo roupas quase inteiramente brancas sobre fundo de uma só cor. [04] A Coreia festeja o ano que a França lhe dedica mostrando em um dos espaços sua história e tradição em moda. Delicadeza absoluta que se faz em branco puro e em tons de cru. [05] A Hermès traça um mapa insólito entre o tangível e o surreal, criando um percurso através de objetos e produtos expostos de modo sonhador, cheio de imagens ilusórias, tendo o branco como cor de fundo
Phd . Sylvia Demetresco é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP, com pós-doutorado em Semiótica no Instituto Universitário da França, em Paris. Professora de Visual Merchandising na Ecole Supérieure de Visual Merchandising, em Vevey, na Suíça. É autora de livros sobre vitrinas, entre os quais: Vitrina Construção de Encenações (Educ/Senac), Vitrinas Entre-Vistas: Merchandising Visual (Senac), Vitrinas E Exposições: Arte E Técnica Do Visual Merchandising (Editora Érica, 2014) e Vitrinas: Arte, História e Consumo de São Paulo (Via das Artes, 2014). sylvia@vitrina.com.br | www.vitrina.com.br
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Passagem obrigatória para quem cumpre roteiro em Paris, o grande magazine do Boulevard Haussmann estreou campanha para apresentar sua nova comunicação e lançar-se como referência em moda Por Eleni Kronka
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esde setembro, os dez andares da imponente loja de departamentos estrategicamente instalada há mais de 120 anos no movimentado Boulevard Haussmann, em Paris, tem algo de muito novo a dizer. Sempre associada ao comércio de uma amplíssima gama de artigos de qualidade – e que têm feito a alegria dos ávidos turistas que visitam o estabelecimento –, agora a Galeries Lafayette quer ser de fato referência em moda contemporânea. A comunicação da empresa esteve sob a batuta do francês Jean-Paul Goude nos últimos 14 anos. A partir de agora, o discurso toma novos rumos, visando ao posicionamento da loja para até 2020. O grupo liderado pela família Houze escolheu a agência parisiense BETC
(que tem contas como as da Air France, Evian e Canal+) para desenhar o novo símbolo da marca, enquanto à agência inglesa Wednesday (detentora das contas da Mr Porter, InStyle, Net-à-Porter) coube idealizar a campanha de comunicação que acompanha a mudança. A mudança começa pelo novo logotipo, totalmente elaborado com letras do tipo cursivas, como se fossem desenhadas com pinceladas, lembrando aquelas usadas na escrita chinesa. Também dentro da nova proposta, em vez de uma comunicação baseada em imagens icônicas e irreverentes, que era a proposta de Jean-Paul Goude, a Galeries Lafayette propõe-se a estabelecer um diálogo mais aberto com o seu consumidor. Para isso, celebridades como Leticia Casta deram lugar a nomes do momento, tais como
Fotos: Divulgação
Nova identidade de moda para Galeries Lafayette
a dançarina e coreógrafa francesa Marie-Agnès Gillot, o jovem músico e modelo Gabriel-Kane Day Lewis (filho da atriz francesa Isabelle Adjani e do ator norte-americano Daniel Day Lewis), a colunista e produtora de moda Mademoiselle Agnès, as modelos Anaïs Mali e Camille Rowe, além do chef de cozinha Pierre Jancou, entre outros. O mais importante é que todo esse universo de estrelas –ligadas às artes ou associadas ao estilo de vida francês contemporâneo – deixam claro ao consumidor que a imagem da Galeries Lafayette está essencialmente unida à moda. A proposta vem junto com o slogan Le Nouveau Chic (o novo chic), que surge para chamar a atenção do público-alvo da loja. E cada artista escolhido para a campanha dá uma interpretação pessoal para proposta na forma de pequeno depoimento. Da mesma forma, 150 marcas entraram em cena no mix da Lafayette com a mesma intenção, ocupando todo o território do estabelecimento. Entre elas estão: Rochas, Julien David, See by Chloé, bem como Top Shop, Sessún e Kookaï. As coleções próprias – Galeries Lafayette Paris feminina), Jodhpur (clássica) e Comptoir Galeries Lafayette (masculina) – foram simplificadas e renovadas. Melhor identificadas nas áreas de venda, essas coleções estão mais visíveis e reunidas em corners. Já Louis-Gabriel Nouchi, finalista da edição de 2014 do festival de Hyères de novos talentos da moda, assina uma coleção cápsula exclusiva para o magazine.
ONLINE Os dirigentes da Galeries Lafayette apostam também nas vendas eletrônicas, realizadas por meio do site da loja, agora repaginado. Ali estão cerca de 2 mil marcas, das luxuosas às mais acessíveis, ligadas aos segmentos da moda, da beleza, da decoração, para os públicos feminino, masculino e infantil. A empresa tem o cuidado de apresentar os produtos por meio do site que tem visual clean, de fácil navegação e com todos os elementos necessários referentes aos produtos visando facilitar a venda. Tudo isso e um pouco mais está no novo site da loja, disponível em www. haussmann.galerieslafayette.com
Fotos: Divulgação
Le Nouveau Chic: campanha traz celebridades do momento na França, como Marie-Agnès Gillot, Anaïs Mali, Gabriel-Kane Day Lewis, Camille Rowe e Mademoiselle Agnès
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behype.com.br
+foco Fotos: Divulgação
TRAJETÓRIA
Trench coat com tecido resinado e Casaco com forro acetinado
Alfaiataria sob o prisma da perfeição Presente no varejo há seis décadas, a Nutria ganha autonomia no mercado, oferecendo o que é a sua especialidade: o know how para desenvolvimento de tecidos que darão o total diferencial à temporada Por Eleni Kronka
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ão há mulher no mundo que não queira ter em seu guarda-roupa versões repetidas (com apenas alguma nuance de cor) daquelas peças que são verdadeiros achados, perfeitas no caimento e sucesso garantido em qualquer ambiente em que circulem. Se a consumidora é assim, as butiques multimarcas certamente são também à hora de eleger modelos best sellers para compor o mix da loja. Desse Olimpo de marcas com o esse toque de Midas está a Nutria, criada há 68 anos por Izidoro Knobloch, no reduto paulistano do Bom Retiro. A história da Nutria na moda coincide com uma trajetória de perfeccionismo na modelagem e no estilo, além de um cuidado todo especial na escolha dos materiais que, mais do que compor uma coleção, vão colaborar para a construção da imagem da cliente da marca.
PRECIOSISMO O ponto forte da marca em todos esses anos, sem dúvida, é o extremo cuidado na escolha das matérias-primas, associado à expertise da empresa na concepção das modelagens e nos acabamentos. A ideia é que uma peça possa ser contemplada do lado
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direito e do avesso; ou até mesmo seja usada ostentando o seu avesso. Esse é o caso do casaco de pura lã, de corte assimétrico, gola ampla formato levemente godê da silhueta. O lado interno é todo acabado com viés vermelho, que forma um interessante jogo de contraste com a lã preta. Há peças cujo forro acetinado leva estampa minimalista, em perfeita harmonia com o tecido do modelo. Isso permite que não raras vezes a cliente Nutria queira usar o casaco ou blazer ostentando o que, na verdade, é o avesso. Da série de best sellers faz parte, por exemplo, a capa do tipo trench coat, feita com tecido resinado. A importância da matéria-prima para a concepção de uma coleção fica mais uma vez comprovada na escolha do tecido tecnológico da Tecelagem Werner, que leva algodão e poliamida, associados ao fio metálico, que confere “memória” à peça. E nota-se que a Nutria vai compondo as harmonias por meio da escolha dos materiais, podendo associar a seda à malha de jérsei do tipo casinha-de -abelha. Já as estampas têm caráter de exclusividade, por se tratar de exigência da marca e pelo fato de serem produzidas por sistema digital.
Inaugurada como Peleteria Nutria em 1948, a empresa foi a primeira a industrializar produtos de pele no País. Em 1957, a marca mostra sua veia vanguardista, inovando a coleção ao trabalhar com materiais plásticos como detalhe das peças. Já em 1973, assume para o mercado o nome de Nutrisport, trabalhando dentro do esquema do prêt-à-porter e propondo uma moda mais casual e urbana – implícita no conceito de “sport” que passava a levar como marca. Os anos 1980 trouxeram para a cena o figura dos yuppies, e a Nutrisport, nessa onda, lança sua coleção de ternos e costumes femininos, mostrando mais uma vez toda a sua vocação para a alfaiataria. Atenta às evoluções no campo da tecnologia, a empresa informatiza todos os seus processos de produção. A alfaiataria volta para o centro das atenções no ano 2000, ao mesmo tempo que abre o leque para um casual mais ousado, com informação de moda. Esse foi também o marco para o lançamento da marca Lilla Ka, para a executiva antenada com a moda. Em 2015, a Nutria investe novamente na linha do private label, como reação ao próprio mercado. “Marcas que, nos últimos anos partiram para a fabricação fora do País, agora retornam às raízes, dada a alta do dólar, que dificulta muito as importações”, assinala Patrícia Bueloni. Com três unidades de produção, sendo uma no Bom Retiro, na Capital, e duas no interior (Várzea Paulista e Bragança Paulista), a empresa produz a média mensal de 20 mil peças, com ênfase à fabricação das marcas próprias (75%), seguida pela produção para outras marcas (25%) , pelo sistema private label. “Temos um acervo muito significativo de modelagens na alfaiataria que tem atendido plenamente a esse segmento de mercado”, assinala Patrícia, afirmando ser o momento positivo nesse sentido.
Patrícia Bueloni, gerente comercial da Nutria, com foco no private label e na expansão da marca no varejo de multimarcas
DO OUTRO LADO DO BALCÃO A experiência com a loja de varejo é outro ponto de destaque. “Esse é o termômetro para os lançamentos, pois o aval é dado diretamente pelas nossas clientes consumidoras”, destaca a gerente comercial da Nutria. Com quase sete décadas de existência, a Nutria aproximou-se do seu próprio canal de vendas no varejo há apenas três anos, quando foi inaugurada a loja da marca na Rua Lorena, nos Jardins. A experiência deu à empresa conhecimento do que realmente acontece no ponto de venda, para o perfeito ajuste de um produto. Além do varejo bem sucedido, a Nutria aposta na expansão pelo Brasil com a conquista de novos territórios por meio das multimarcas. No foco da estratégia estão os mercados de Brasília e Cuiabá, além de capitais das regiões Norte e Nordeste. “Estamos prospectando novos representantes, para que se somem aos 18 já existentes pelo País”, comenta Patrícia Bueloni, referindo-se aos profissionais dedicados às praças do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Minas e Pernambuco. “Contamos também com a eficiência das prontas-entregas do Bom Retiro e do Itaim”.
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Fotos: Divulgação, Agência Fotosite
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Desfile João Pimenta SPFW20A/ inverno 2016
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Roupa nova Em tempos de crise, o consumismo pode não ser a melhor ideia, pelo contrário... O caminho aponta para um mundo em que a sustentabilidade é que determina o padrão estético vigente Por André do Val
O
modelo econômico brasileiro dos últimos anos que incentivou o consumo sem freios já não funciona mais. A crise que domina os noticiários, porém, não é novidade na moda nacional, e são muitos os fatores que poderíamos enunciar para tentar explicá-la. Pode ter sido a abrupta abertura para os importados nos anos 1990 sem antes ter preparado os produtores locais; pode ter sido também o mais recente fenômeno do fast-fashion, que na virada dos anos 2000 transformou o consumidor em uma criatura mimada que quer tudo do mais atual pelo menor preço possível. Não há um só responsável como querem nos fazer acreditar. Nem há apenas uma só solução. Conversando com o historiador João Braga para tentar antecipar como situações como essa vão influenciar a moda, ele afirma que o processo criativo tende a ficar acentuado em momentos de crise, e na moda não é diferente. “É um momento péssimo para todos nós, mas que traz oportunidade de mudança. Você passa a ter a chance de ser o novo padrão estético”, defende. A única saída para ele é paciência e sutileza para transformar. Braga acha muito possível que essa mudança seja em torno de práticas sustentáveis. “Digo isso em todos os âmbitos, não apenas o ecológico. Falo de todas as etapas da produção. As roupas precisam ser melhor aproveitadas em todos os aspectos”.
Por isso o desfile de João Pimenta neste SPFW de inverno 2016 é especial em muitos níveis. “Para esta coleção, fiz uma parceria com a Paramount, marca de tecidos que é referência em alfaiataria, e trabalhei apenas com materiais antigos de seu acervo, que já não são mais fabricados”, contou o estilista, que pretende assim aproximar suas criações do consumidor final. E com essa matéria-prima “obsoleta”, ele pretende falar sobre o futuro. Foi uma maneira extremamente criativa de valorizar seu próprio trabalho como estilista, de criar um elo mais duradouro da peça de roupa com seu cliente. O que importa aqui, afinal, é sua interferência, sua criação, e não apenas a roupa em si. O documentário “The True Cost”, lançado este ano, acende uma luz sobre um problema em especial e mostra que, para alimentar nosso desejo insaciável de vestir o último grito da moda sem pagar muito, alguém tem que pagar a conta para nós. Neste caso, os países pobres que em teoria se beneficiariam das oportunidades de trabalho num processo conhecido como globalização. O que acontece, na real, é que fabricantes asiáticos são pressionados a baixar suas margens de lucro sob a ameaça de perder o negócio. Esse círculo vicioso não apenas degrada as condições de trabalho como faz sobrar uma inimaginável pilha de lixo não-reciclável. Não precisamos de tantas roupas, muito menos que elas sejam descartáveis.
André do Val é especialista e palestrante em Moda Masculina.
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Coleção verão 2016/ Rosset
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ondas Nas
sustentaveis da
moda Em tempos de crise, o consumismo pode não ser a melhor ideia, pelo contrário... O caminho aponta para um mundo em que a sustentabilidade é que determina o padrão estético vigente Por Eleni Kronka
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novação é a palavra que dá a diretriz à indústria têxtil mundial – leiase indústria da moda. Se as passarelas propõem renovação a cada temporada, em termos de conceito e estilo, a máxima vale também – e principalmente – para as empresas que provêm o setor com as matérias -primas que ganharão forma na linha de produção, durante a estação. A inovação se dá sob os aspectos da construção e de acabamentos, fazendo com que os produtos cheguem ao consumidor com novas texturas e efeitos visuais. A verdadeira revolução, porém, se dá no campo das fibras, que chamadas de inteligentes, dão ao produto final atributos que os associam diretamente ao conforto, praticidade na conservação e até mesmo à preservação do meio ambiente.
Amni Soul Eco por Ronaldo Fraga
A TECNOLOGIA COM SUSTENTABILIDADE Uma das empresas que pode falar com propriedade sobre o tema é a brasileira Rhodia, integrante do Grupo Solvay, da Bélgica, que está entre as 100 companhias mais inovadoras do planeta, segundo o Relatório Thomson Reuters 2015. A companhia chega a esse patamar após uma série de desenvolvimentos – como o Amni® UV Protection, que oferece proteção à pele contra os efeitos nocivos do sol, o Amni® Biotech, que tem ação bacteriostática, evitando o odor da transpiração –, culminando com o Amni® Soul Eco, o primeiro fio de poliamida biodegradável do mundo, que permite que roupas feitas a partir dele se decomponham em menos de três anos quando descartadas corretamente em aterros sanitários, permitem uma nova concepção para os artigos têxteis. Segundo o presidente da Unidade Global de Negócios Fibras do Grupo Solvay, Renato Boaventura, “Amni Soul Eco® representa um grande avanço sustentável para toda a indústria têxtil, contribuindo assim para a manutenção do meio ambiente para as futuras gerações”. Desenvolvido após quase cinco anos de pesquisas, o Amni® Soul Eco é um fio têxtil de poliamida 6.6, que foi aprimorado em sua formulação para permitir que roupas que o levem em sua composição se decomponham rapidamente quando descartadas em aterro sanitário. Contemplado com os prêmios ECO da Amcham (American Chamber of Commerce for Brazil), na categoria Sus-
tentabilidade em Produtos ou Serviços, e o Abquim (Premio Kurt Politzer de tecnologia), na categoria Empresas, o Amni® Soul Eco concorreu, em novembro último, ao prêmio Future Material Award, da ITMA 2015, na categoria Best Innovation - Sustainable Textiles. O prêmio visa reconhecer as melhores inovações têxteis e celebrar o trabalho essencial das empresas que apoiam esta indústria. “Acreditamos que o Amni® Soul Eco é uma revolução para o mercado e trará grandes benefícios para o planeta”, comentou Renato Boaventura.
QUALIDADE E OPORTUNIDADE Para o gerente técnico para a América do Sul da Lenzing, Gilberto Campanatti, o ano de 2015 surpreendeu pelas vendas registradas. “Houve um aumento de 15% no volume de fibras comercializadas pela companhia, de forma geral, no mercado sul americano”, afirma. O empresário atribui o resultado a uma queda na oferta desses fios por parte
Renato Boaventura, da Rhodia Solvay: "Amni Soul Eco representa avanço sustentável para toda a indústria têxtil".
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da China. “Algumas fábricas chinesas interromperam a produção para adequar seus procedimentos aos critérios internacionais de preservação ambiental”. Segundo Campanatti, o fato foi suficiente para que aumentasse aqui a demanda pelo Modal e o Tencel, além da própria viscose da Lenzing. “Se tivéssemos que vender um quilo a mais de alguma das nossas fibras, teríamos dificuldade para atender a essa demanda”, assegura. Ao mesmo tempo, a Lenzing está atenta ao fato de que as fábricas chinesas produtoras de viscose reiniciam a produção interrompida. “Ainda assim, levará um tempo para que sintamos algum impacto nesse sentido”, observa o gerente técnico da companhia, acrescentando que os números referentes às vendas de 2014/15 não serão muito diferentes aos alcançados no exercício anterior. “A partir daí, tudo são estimativas. É possível que voltemos a conquistar as metas de vendas mês a mês, em vez de atingir resultados trimestralmente”. Perguntado se o fato de Tencel e Modal fazerem parte de um nicho de fibras seletivas e, portanto, mais caras, não é fator decisivo de compra – ou não – no momento crítico em que se encontra a economia brasileira. Gilberto Campanatti lembra que o preço desses artigos chega a ser 30% superior ao da viscose comum. “No entanto, atributos e valores dessas fibras produzidas pela Lenzing possibilitam que o produto final alcance melhor performance (durabilidade, conforto, intensidade e solidez de cor). Além disso, o percentual desses artigos na composição da roupa causa um impacto que não ultrapassa 8% do custo final”, contabiliza. A Lenzing está presente com seus
produtos nos segmentos de tecidos planos (lisos e estampados), na malharia (circular e em artigos sem-costura), bem como no mercado de não-tecido. “As passarelas atuais têm contribuído para a venda dessas fibras, pois atributos como conforto e sustentabilidade fazem parte dos temas de interesse da moda contemporânea”. Sob esse aspecto, Campanatti assinala que “todas as fibras Lenzing são ecofibras e detêm os mais importantes selos conferidos por organismos internacionais focados na proteção ambiental. E isso se dá inclusive com a viscose,
Gilberto Campanatti, da Lenzing
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PERSPECTIVAS PER
Saia em tecido da coleção verão da Canatiba misto algodão com liocel e Camisa em tecido da coleção verão da Canatiba em 100% Modal
pois a companhia tem entre seus valores a responsabilidade de produzir dentro de rígidos padrões de preservação ambiental, com absoluto controle de todas as etapas de produção”, comenta. Campanatti frisa que a política de investimento da Lenzing em marketing e sustentabilidade é real. “Este marketing, calcado em ações verdadeiras, é um dos pontos fortes de venda das fibras”. Por fim, o empresário argumenta que segmentos e empresas que podem sofrer maiores dificuldades no
atual cenário da economia local “são aqueles que focam seus negócios nos artigos baratos”. Na visão dele, os consumidores que se tornaram conhecidos como “emergentes” estão muito endividados hoje. “Já os consumidores que realmente fazem parte da classe média tomam suas decisões de compra tendo por base a qualidade – com durabilidade – do produto, comportamento que é decisivo para a presença de fibras seletivas, como Tencel e Modal, no mercado de moda”.
Seg Segundo o gerente comercial para o Segmento Malharia Circular da Invista Segm no Br Brasil, Paulo Roberto Tardin Junior, a companhia vê o Brasil como um “mercom cado promissor, que busca inovação e diferenciação e que, apesar da retradifere ção atual, deve dar mais oportunidades aos produtores de tecidos e vestuário local, devido à queda constante tuári da importação, im mantido o patamar de apreciação do dólar atual”. apre Com queda do varejo pelo oitavo Co mês consecutivo, Tardin lembra que toda a cadeia têxtil teve que se adequar ao novo cenário de consumo, o que exigiu ações rápidas de reestruturação do negócio e novas estratégias raçã comerciais. “Com a ajuda de uma marcom que é reconhecida hoje no Brasil por ca q 98% dos consumidores, temos condições de ser um negócio vencedor por muitas décadas ainda”, comenta. mui A sustentabilidade, associada à tecnologia, possibilita que a Invista aprenolo sente soluções efetivas ao mercado. sent “Temos fios que permitem ao fabricante “Tem trabalhar com o menor gasto de malhas m energético para estabilizar as malhas e ene menor uso de produtos químicos para fazer branqueamento de tecidos”, afirma. Além disso, segundo o executivo, devido a maior estabilidade da malha, “o confeccionista consegue produzir mais moldes por área de tecido, reduzindo perdas e aumentando produtividade”. Tardin opina que os mercados de moda praia e moda íntima são “mais maduros e com marcas consolidadas”. O mercado de moda esportiva, por sua vez, registra um crescimento acentuado, principalmente devido ao surgimento de novos eventos de corridas e ciclismo no País. As perspectivas de crescimento de participação de Lycra® nesses segmentos são boas, conforme atesta Tardin. “Praticamente todas as marcas importan-
tes para moda praia e íntima levam o fio Lycra® em seus tecidos, pois supõe valor agregado para a marca e reconhecimento da qualidade por parte do consumidor”. O executivo da área comercial da Invista revela que é real “a oportunidade de crescimento no mercado de moda esportiva”. Ele lembra a pesquisa conduzida pelo Ibope em Agosto de 2014 para a Invista mostrando que 65% da população brasileira não pratica esporte. “Pensando na grande oportunidade deste mercado, estamos desenvolvimento uma estratégia mais agressiva de promoção da plataforma de marketing Lycra® Sport e um portfólio inovador de produtos, trabalhando não somente com clientes diretos mas também com marcas e varejo em projetos tipo pull through”. Tardin assinala também que há um aumento de 5% na taxa de elastização de tecidos de malha ao ano. “Isto obviamente é decorrente do desejo do consumidor final em obter peças de vestuário com melhor caimento, retenção da forma, modelagem e em certos casos, para peças coladas ao corpo, compressão com conforto e liberdade de movimento”. Tendo em mente o apelo à sustentabilidade, a Invista aposta em artigos que permitam aos produtores de malha reduzir custos, aos confecionistas aumento de produtividade, sempre associados a plataformas de marketing adequadas. Tais como as usadas para promover os tecidos Lycra® dualFX™, Coolmax®, Lycra® Sport e o fio Lycra®Easy Set. Para isto, ter uma coleção de vestuário de moda feita em malha combinada as peças em tecido plano (denim, camisas) é fundamental. “Estas peças devem refletir os conceitos de athleisure e commuter wear, endereçando o desejo do consumidor por peças hibridas que possam ser usadas como roupas de moda e moda esportiva, fazendo com que o usuário se sinta bem vestido para várias ocasiões”, conclui.
Peças híbridas, que possam ser usadas como roupas de moda e moda esportiva têm o conforto garantido pela presença de Lycra® na composição da malha
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Fotos: Divulgação
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Malharia revela-se com inovacoes A malha circular, versátil e confortável, tem lugar cativo nas coleções de verão, pois conta com estrutura e composição idealizadas em perfeito equilíbrio
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verão 2017 da Rosset já está no mercado. E como lembra o coordenador de produtos da Rosset e Doutex, Angelo Frigerio, “esse é o lançamento mais esperado para a definição da moda praia no Brasil”. Isso se deve em boa parte ao fato de a Rosset ser a detentora da Cia. Marítima, marca de peso no segmento beachwear. “A Rosset tem igualmente influência e participação em matéria de novidades para as áreas de lingerie e fitness”, assinala o empresário. Para a temporada de Verão 2017, a Rosset oferece quatro diretrizes: Novo Artresanato, o Novo Havaiano, Mundo Mix e Cores Sólidas. “Entendemos que todas essas propostas interagem para o enriquecimento da coleção”, assinala Angelo Frigerio, observando que as cores fortes, inspiradas no tema dos grandes resorts, podem dialogar com uma proposta mais artesanal, originária do tear manual, do crochê, do tricô, da pintura ou do ikat,
por exemplo. “Então o trabalho feito à mão é valorizado e absorvido pelo conceito da moda praia”, comenta. Esse novo olhar é lançado também sobre o conjunto de símbolos que remetem ao Havaí. “As cores e a exuberância das flores que caracterizam habitualmente o tema migram para peças e outros elementos que fogem do âmbito do tema”, explica, acrescentando que esse é o caso dos florais multicoloridos que vão para os bodies, por exemplo; ou ainda as flores e folhas misturadas com faixas. “São novas interpretações do tema”. O tema “Mundo Mix” remete às culturas dos povos, permitindo que os valores de uns permeiem os cenários dos demais. “Assim, elementos que lembrem as criações de Frida Kahlo, por exemplo, entram em harmonia com padrões de Caxemire ou bordados indianos, numa conexão estética entre México e Índia”. Angelo Frigerio assinala que a Rosset investe em tecnologia para chegar a novos desenvolvimentos. “Hoje há procura pelas texturas e relevos
nas malhas, o que se dá por meio das construções do tecido”, comenta, acrescentando que “aquilo que é visualmente percebível, como o mini jacquard, é bem vindo aos olhos do criador e do confeccionista, pois contribui para a diferenciação da peça”. Segundo o empresário, inovação e beleza são elementos muito valorizados pela Rosset em suas coleções. “O cliente interessa-se pelo que surpreende”. A importância do beachwear, no entanto, não ofusca a atenção que a Rosset tem dado ao fitness. “A estratégia iniciou-se há dois anos e, desde então, crescemos em participação em todas as boas marcas do setor, como a Vestem, CCM e Labellamafia”, revela. Segundo ele, é um segmento marcado pela pulverização e pela diversificação de propostas. “As criações vão do mais clean e voltado às práticas específicas, como é o caso da Track & Field, até às linhas feiras de efeitos, formas e cores, que vão da academia à balada”, descreve. A Rosset está presente também nas empresas que
atendem às marcas internacionais do setor. “É um nicho de mercado importante, em expansão, e não tão sazonal quanto ao da praia”, afirma. As empresas fabricantes estão em São Paulo, mas também nos estados do Norte, Nordeste e Sul, com destaque para o Paraná. “Não é necessário que o fabricante esteja na praia ou numa cidade cosmopolita, pois se trata de uma tendência que pode ser interpretada em qualquer lugar do País”. Frigerio assegura que “não há uma capital do fitness, assim como não há mais uma capital para a lingerie: a produção é pulverizada, com expoentes em Nova Friburgo, Santa Cruz do Capibaribe ou São Paulo”. O consumidor cresce a cada dia. SP é o mais forte, além de N, NE, Sul, Paraná com grandes fábricas, pq não é um produto que precise da grande cidade, pode ser interpretado em qualquer lugar do país. Não há mais uma capital do fitness, como não há mais a capital da lingerie – tudo pulverizado, Nova F, Santa Cruz Capibaribe, SP é um mercado de grande uso.
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CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO NOS DESENVOLVIMENTOS
Coleção verão da Rosset
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LEVEZA Conhecida pela proposta arrojada de moda em malhas e tecidos, a Santaconstancia vem com uma coleção calcada no conforto, suavidade e leveza dos artigos. Esse é o caso da Tricoline Summer, produzida com fio algodão, poliamida Amni Soul Eco e Lastol, numa combinação inédita que proporciona o conforto em peças mais leves para vários segmentos. Outro destaque é o artigo Plume, caracterizado pela transparência, trabalhada de forma diferenciada, ideal para detalhes e sobreposições. A temporada é marcada por quatro temas. A inspiração nas décadas 1960 e 1970 sugere a valorização do antigo, do decorativo e do op art num geométrico optical. Prevalecem estampas inspiradas em tapeçaria, papel de parede e florais botânicos. O tema Realidade Fantástica propõe a moda trabalhada com humor, por meio de cores e estampas vibrantes, valorizadas pelo 3D e por florais exuberantes. Já o tema Essência tende para o romantismo, com estampas de florais filetados com respiro, bicolores e folhagens aquareladas. A Santaconstancia apresenta a malha dupla, levemente estruturada, visando às propostas de coleções minimalistas. A cartela de cores abusa dos brancos, do preto, laranja, vermelho, rosa, azul, mescla, roxo e vinho.
ON DEMAND Conhecida por seus road shows por diferentes polos brasileiros de confecção, a Focus Têxtil trabalha principalmente com desenvolvimento de produtos idealizados para atender a demandas bastante específicas dos clientes confeccionistas. A a gerente de produto e projetos especiais de estampados, Sílvia Nitti, lembra que a Focus trabalha com uma base muito ampla de tecidos planos e malhas. “Mesmo assim, se não dispusermos daquilo que o cliente quer, buscamos o fornecedor para produzir”, afirma. O fato de a Focus trabalhar com artigos importados, segundo a executiva, não interfere significativamente na tabela de preços quando se considera a atual alta do dólar. “O preço continua sendo competitivo”, afirma, acrescentando que há bases diferenciadas com preços acessíveis. O diferencial da Focus, segundo Sílvia Nitti, é a exclusividade oferecida ao cliente confeccionista. “Da base à cor, passando pelos padrões e sobretudo a tecnologia, sempre há algo de diferente a oferecer”. Sob o aspecto dos tecidos tecnológicos, a Focus dispõe de produtos que se caracterizam pela nanotecnologia, no caso das partículas diminutas que conferem atributos ao produto acabado. “Já trabalhamos até mesmo com fios à base de bambu, para uma demanda específica. Hoje a Focus tem condições de oferecer produtos com a última tecnologia da indústria para satisfazer exigências do mercado”. Segundo a empresária, há uma equipe especializada para orientar o comprador no momento da composição do seu mix de artigos. Com ritmo bimestral de lançamentos, a empresa oferece uma gama aproximada de 20 mil artigos. Segundo a gerente de marketing, Ellen Leite, o departamento de estamparia funciona como um verdadeiro bureau de criação. “O cliente passa o briefing de sua proposta de trabalho e a Focus desenvolve os padrões”, explica. E para atender a demanda mais rapidamente, a Focus produz amostras com tecnologia digital, num prazo que vai de 30 a 40 dias. Na malharia, o destaque é para os tules, rendas e composições diferenciadas. No jeans, destaque para metalizados, coachings, estampas e jeans acetinados. Ellen Leite destaca que, se o momento é de redução no volume dos pedidos, a diversificação de produtos (cores, padrões, acabamentos e construções) é o que prevalece. “O tecido diferenciado tornou-se uma constante nas coleções”, assinala.
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Coleção de estampas da Santaconstancia
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SEGURANÇA
Audaces oferece soluções diversificadas para diferentes etapas da produção
Revolucao digital na rota da producao Modelagem, corte, estamparia digital. Esses são apenas algumas das etapas de produção do vestuário que se beneficiam dos inúmeros recursos oferecidos pela tecnologia Por Eleni Kronka
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aquinário mais eficiente e menos agressivo ao meio ambiente é uma tendência da indústria têxtil, que recorre à tecnologia laser para chegar a uma produção menos poluente e que minimize os impactos ambientais. Tudo isso, porém, sem perder a competitividade de mercado e a produtividade. Tendo em vista esse posicionamento, a Automatisa, empresa de peso no desenvolvimento, fabricação, comercialização e pós-venda, desenvolveu a Mira 3E, alinhada às demandas de redução de consumo de água e emprego de produtos químicos. O equipamento é capaz de gravar e texturizar tecidos dependendo apenas de imagens feitas no computador. Outra novidade da Automatisa é a Vista, especialmente desenvolvida para corte e meio-corte a laser de materiais em rolo, como etiquetas tecidas, bordadas e adesivas. Já a ID Laser Eco Fiber, com design compacto, identifica a codifica por laser uma vasta gama de produtos. “O uso do laser torna os processos de lavanderia na confecção mais rápidos e humanizados, reduz pela metade o consumo de água, além de dispensar o uso de produtos químicos”, conforme afirma a diretora comercial da empresa, Joana de Jesus.
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ESTAMPARIA DIGITAL A Epson apresentou esse ano ao mercado sua nova impressora para sublimação têxtil. Ao lançar o modelo Epson SureColor F9200, a companhia reforça sua meta de consolidar participação no segmento de moda. Em 2014, 50% do faturamento da empresa foi representado pela atuação no segmento têxtil no Japão. O Brasil ocupa um posto de destaque dentro da estratégia da empresa e por isso foi um dos países escolhidos para o lançamento da impressora. O mercado de estamparia digital no País cresce a níveis bastante incentivadores, segundo a gerente de vendas Evelin Wanke, especializada em impressoras de grandes formatos. O crescimento registrado nesse segmento é da ordem de 30%, com liderança dos equipamentos Epson. A Epson SureColor F9200 possui duas cabeças de impressão com a tecnologia PrecisionCore, com redução do tempo de impressão em 50% e manutenção do nível de qualidade do produto final. O equipamento possui também sistema de tinta UltraChrome DS, fazendo com que o preto de alta densidade proporcione impressão em tons intensos de preto, neutros e sombras densas, ideal para a indústria têxtil na produção de estampas em tecidos de alta qualidade, com fidelidade de cor para a utilização na moda festa, esportiva, praia e artigos de decoração.
Outro equipamento Epson voltado ao mercado de moda SureColor F2000, que imprime sobre camisetas e peças de vestuário de algodão, com velocidade de 27 segundos para a impressão de cada camiseta. Já as versões F6070 e F170 destinam-se à sublimação e são dotadas da mais recente tecnologia de impressão de imagens de alta performance, isso é, o sistema de cabeças de impressão exclusivo Epson Precision Core TFP. Os equipamentos permitem a impressão a uma velocidade de até 58,9 metros quadrados por hora. Um dos benefícios é o baixo consumo de tinta, associado a uma economia de até 60% no custo de produção.
Desde 2010, a norma de segurança NR12 aumento de 40 para mais de 300 o número de exigências a ser cumpridas, o que tem deixado a indústria no Brasil em alerta, especialmente no segmento têxtil e de confecções. Para atender exigências da norma e do mercado competitivo, a Audaces lançou a Audaces Neocut, máquina de corte desenvolvida para atender à NR12, conhecida como a norma mais exigente do mundo. A tecnologia é brasileira, criada pela empresa global Audaces, líder no Brasil e na América Latina no segmento de tecnologia para moda. De acordo com o presidente da empresa, Claudio Grando, “sem um sistema inteligente, a produtividade do setor pode reduzir em até 40%, o que pode ser fatal em um contexto de aumento nos custos com água e energia”.
APOIO A DESIGNERS A tecnologia chegou ao ateliê da designer de underwear Thais Gusmão. A Lectra, referência mundial no desenvolvimento de tecnologia para a indústria da moda, acaba de estabelecer uma parceria com a criadora. A partir de agora, Thais Gusmão e sua equipe, têm à disposição a tecnologia para todas as etapas do processo produtivo: criação, modelagem, cálculo de custo e aproveitamento de matéria-prima e um equipamento para plotagem de desenhos. “Disponibilizamos licenças das nossas soluções Kaledo (criação); Modaris (modelagem); Diamino (colocação e previsão de custos). Além disso, nossa equipe de especialistas em processos dá treinamentos e suporte à equipe de profissionais da marca durante alguns meses”, explica a gerente de marketing da Lectra, Daniella Ambrogi. A Lectra realiza experiências semelhantes em várias partes do mundo. Fanny Grosbois, a jovem designer por trás da marca francesa Les French Demoiselles, é um exemplo. Além disso, a empresa apoia novos estilistas no Brasil e em todo o mundo. As designers Gabriela Sakate, com marca homônima, e Silvia Ferraz, estilista da marca infantil Spirodiro, também recebem as licenças e a consultoria Lectra. Ambas foram descobertas em edições do concurso BtoBe (Brazilian to Be), realizado pela Texbrasil (Programa de Internacionalização da Indústria da Moda Brasileira, mantido pela Abit e pela Apex-Brasil).
Jovens estilistas apresentam criações realizadas com a tecnologia Epson para estamparia digital
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The ash of the eye that masters the mind: denim lights up our vision, to go beyond any imagination.
Sight, thought, soul. The denim senses, the innovation spirit. ISKO is a trademark of SANKO TEKSTIL.
+acontece mundo
Todos os caminhos levam ao mix de tendências No Preview Summer 2016 euroupeu, conforto e versatilidade conduzem as criações e as propostas que chegam às vitrines europeias Texto e fotos por Daniela Burity
Híbrido: Alfaitaria Inteligente + Padronagem Índio Americano
Híbrido – Blazer + Pijama = Alfaiataria Inteligente + Neo Conforto + Estampa Flamingo
Short Marinheiro + Estampa Floral Botânica
Aviamento da temporada, o ilhós é o detalhe da beleza do laço
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m novo conceito de conforto foi redefinido para esse verão, utilizando tecidos leves, silhuetas agigantadas e loungewear em puro glamour. Há uma arquitetura complexa nas criações, expressa em múltiplas combinações de detalhes, silhuetas, aviamentos, padrões e estampas. Criatividade e inovação permeiam as novas propostas, através das peças híbridas. Tratase de uma deliciosa mistura de tendências, com personalidade em perfeito equilíbrio. A alfaiataria inteligente continuou nesta estação com modernidade e beleza, acompanhada por peças utilitárias contemporâneas. O varejo levou para as roupas produzidas em série o charme do flair com toque artesanal. Peças cut-out e cropped tornaram a estação mais quente do ano divertida e, ao mesmo tempo, glamorosa. Silhuetas alongadas, comprimentos micro, estampas inspiradas pelos anos 60 e 70 compõem o cenário atual. Confira a pesquisa realizada pelo TrendZ Bureau, em Londres, nas principais lojas de varejo, no período compreendido pelos meses de fevereiro e agosto de 2015. Os dados foram cuidadosamente mapeados e obtidos no vasto universo das coleções da high street do mercado europeu. Tendências – Retrô 70 (super forte); Indiano; Árabe; Japonês; África Tropical + Tribal; Retrô 60; Alfaiataria Inteligente; Utilitário/Militar Moderno; Sportswear; Artesanal Industrializado; Índio Americano; Latino Americano; Neo Conforto – Loungewear; Clean Look; Cut-out e Retrô-contemporâneo. Silhueta – quimono; max-colete; pijama; micro-saia; penhoar/robe; short-saia; micro-vestido; vestido avental; vestido jardineira; vestido longo; bermudão-pantalona; pantalona cropped; macaquinho; macacão cigarrete e pantalona. Silhueta Híbrida – quimono+túnica; paletó+trench-coat; pijama+blazer; jaqueta utilitária+sportswear; jaqueta sportswear+alfaiataria; jogging+utilitário; jogging+alfaitaria. Estampa – flamingo; cashmere; arabesco árabe; indiano; africano tribal/tropical e geométrico; vegetação tropical; abacaxi; patchwork; listras; geométrico retrô 60, arte e óptico; floral: indiano; japonês; botânico; + borboletas; + barrado lenço; + pássaros. Aviamentos – botão de pé; botão forrado; zíper metal; zíper náilon grosso; meia argola; argola; gorgurão; elastex; ilhós; pingente de franja. Detalhes – pregas; prega macho; bordado indiano; dragona; assimétrico; laço; babado; franja; macramê; plissado; transpassado; barras sobrepostas; sobreposição; viés; recorte; bordado de engrampado; comprimentos diferentes; mangas: 4/8, 5/8, 6/8; manga raglã; evasê; cintura alta; frente-única. Acabamentos – corte laser; desfiados; barra sem costura.
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+acontece mundo Retrô 70: mix Índia + Latino Americano + Índio Americano
Tropical em vários estilos
Vários tons de branco, forte tendência da temporada
O abacaxi continuou presente nesse verão em manequins voadores na Topshop, Oxford Street
Verão com muita atitude
Na Zara, cores quentes para esquentar ainda mais o verão europeu
Fun Festival
Daniela Burity é trend tracker residente em Londres. Proprietária do TrendZ Bureau, especializado no varejo. www.trendzbureau.com
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Passarela da versatilidade
Fotos: Osvaldo F.
+acontece brasil BORDADOS E PEDRARIAS
Por Eleni Kronka
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ão é totalmente verdade que em tempos de crise o pêndulo da moda tende a seguir parâmetros mais comerciais. Mas que isso ajuda, ajuda! Na escolha de suas referências e diretrizes, designers e marcas garimpam elementos que facilitem o diálogo com o mercado. O Inverno 2016 é essa grande oportunidade de os profissionais da criação mostrarem o que são capazes de fazer, e ainda tornar as coleções mais próximas do consumidor final. São capazes de reeditar os anos 80 – nas cores, nas formas e também no “over”, mas com uma pegada contemporânea. Também traduzem requinte por meio dos bordados e das muitas pedrarias. Trabalham o artesanal por meio de amarrações, de grandes tramas e de
ingredientes que deixam as peças sofisticadas e ao mesmo tempo com aspecto de feito à mão. A alfaiataria, por sua vez, não sai de moda e é presença garantida para a estação. O tricô foi alçado à passarela como peça “must have”. Aconchegantes e amplos, ou compactos e geométricos, as peças tricotadas nunca foram tão atuais e exigidas em looks de inverno como complemento indispensável – seja pela forma, seja pela função. O tom dramático da temporada fica por conta da estética nômade feminina, que remete a povos nórdicos e a superproduções idealizadas para a telona. São figuras femininas fortes, longilíneas, intencionalmente despojadas, mas com o toque de sofisticação garantido pela escolha dos tecidos e materiais.
Ronaldo Fraga
Samuel Cirsnansk
ALFAIATARIA
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Animale
Colcci
Lilly Sarti
Ratier
Patricia Vieira
Wagner Kallieno
Wagner Kalileno
Uma Raquel Davidowicz
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+acontece brasil COURO
Lilly Sarti
Patricia Vieira
Ratier
Uma Raquel Davidowicz
Wagner Kallieno
FORMAS DESESTRUTURADAS E AMARRAÇÕES
Amapo
PatBo
Ratier
Ronaldo Fraga
Uma Raquel Davidowicz
GRAFISMOS
Alexandre Herchcovitch
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Iódice
Patricia Vieira
Ronaldo Fraga
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+acontece brasil MULHERES NÔMADES
Lino Villaventura
Ratier
Ratier
Uma Raquel Davidowicz
SILHUETA LONGILÍNEA
Animale
Iódice
Lilly Sarti
Lino Villaventura
Patricia Vieira
Ronaldo Fraga
TRICÔS
Animale
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Ratier
Ronaldo Fraga
Ronaldo Fraga
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+acontece brasil
Desfile de abertura
Minas Trend Preview Realizado entre os dias 6 a 9 de setembro, o Minas Trend Outono/Inverno 2016, além dos desfiles, promoveu o salão de negócios dividido em três setores distintos: Vestuário, Bolsas e Calçados e Joias, e bijuterias
Fotos: Divulgação Fotosite
Por Yuko Suzuki
Mabel Magalhães
Lucas Magalhães
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Vivaz
Lino Villa
Ane est Folle
Plural
P
ara o Superintendente de Gestão e Comunicação da Fiemg, Henrique Câmara, o principal objetivo do Minas Trend é oferecer uma plataforma de negócios consistente para que a indústria de moda possa fidelizar o comprador e estimular, cada vez mais, o processo de venda. “Há um esforço para encontrar um ponto de equilíbrio entre todos os elementos necessários para gerar um evento de qualidade que, a cada edição, mantenha o Minas Trend Preview como o melhor salão de negócios de moda da América Latina”, avalia Câmara. Os números dessa edição confirmam o potencial de geração de negócios do evento, que nesta temporada registrou a presença de 4,2 mil compradores e 742 profissionais de imprensa de todo o Brasil e exterior. Esta estação contou com 250 marcas provenientes de todo o território brasileiro.
DOS DESFILES A paleta de cores da Mabel Magalhães, conta com o clássico duo preto e branco e o pink, alinhada com as ousadas experimentações dos movimentos da Pop Art. Mabel Magalhães procura trazer esse espírito de contemporaneidade e reconhecimento dos clássicos em sua releitura. “Três gerações de mulheres” é a proposta da Vivaz, com muitas lembranças e histórias marcantes vividas com os cavalos, no Haras da família. Com estes animais, sinônimo de elegância, companheirismo e fidelidade, criaram uma relação que
vai além de épocas, estilos e se confunde com o imaginário dos contos de fadas. Neste universo, ninfas, guerreiras e princesas se misturam, mostrando que a delicadeza, a força e o romantismo podem existir ao mesmo tempo em cada um de nós. A marca Anne est Folle apresenta tricôs assimétricos e recortados, com golas bold e mangas super longas. As botas estampadas da marca aparecem às vezes como cuissardes combinadas com minivestidos, às vezes como ankle boots com vestidos e saias fluidos e assimétricos. Lucas Magalhães volta para as referências clássicas das artes gráficas e de coleções anteriores e reconstrói de forma nova, a partir do tricô e do couro, bases importantes na estruturação da alfaiataria. Lino Villa estreou no Minas Trend com uma linha fresh e casual, fácil de usar e pautada pelo conforto, sem perder a qualidade e perfeita elaboração das peças. Os tecidos algodão, cambraia, tricoline e malha de seda. Um trabalho consistente no mais íntimos detalhes incorporando a força do tricô e suas mil possibilidades de construção de novas tramas. As formas e shapes que se baseiam em uma alfaiataria descontruída e assimétrica, forte e rígida trabalhadas em nervuras e jacquards. A Plural mostrou roupas de shapes longilíneos e estampas estilizadas refletindo perfis e silhuetas de rostos e corpos, que nos levam a uma viagem tridimensional onde linhas de nanquim ilustram o ser orgânico na sua mais pura essência.
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Fotos: Arquivo pessoal, Divulgação
por Edson D'Aguano
Diretor presidente da Consultive Holding.
www.consultive.com.br
Gestão tem que ser pensada como circunstância e não como atributo!!! Geração de valor é o nome do jogo em gestão...
R
eza a lenda que num mercado Reconfigurado como o atual cenário no Brasil, Valor é o nome do jogo. O ponto de partida de tudo. O desafio é: como fazer as pessoas perceberem esse Valor? O que rola são as necessidades e desejos... Como assim? Nada de errado colocar o foco nisso; apenas está incompleto este raciocínio. A necessidade e o desejo de consumo dependem das circunstâncias, mas não existe uma teoria das circunstâncias para orientar os gestores do varejo pró-Valor; só existe a teoria das necessidades e desejos do consumidor quando está disposto a consumir e não é o que ocorre hoje em dia. A realidade fala mais alto. O mercado atual está um C.A.C.O (Competitivo, Acirrado, Complexo e Ofertado) que só... Consumo é (atualmente), portanto, pura circunstância... Acontece que o Valor é refém da circunstância... Por isso que Gestão é Resultado, não esforço. A teoria do Fashion World em que o gestor precisa gerar e gerir Resultados é um mecanismo mental que ele põe em marcha para prever quais causas produzem quais efeitos. É uma
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narrativa dentro da sua mente, que diz assim: “para obter aquilo, tenho de fazer isso e|ou vice-versa”. Se esse gestor for ruim em relacionar causas com efeitos, o Resultado de Valor já era... Bancarrota total! É claro que “ele” faz coisas pensando no sucesso, do tipo acordar cedo, trabalhar pra caramba, esforçar-se além do normal e ser eficiente até o talo, mas o Resultado que interessa não aparece. Eficácia, que é bom, neca! Trata-se apenas de um perdedor super esforçado. Nada além disso. É empírico pra dedéu. Se acha no último, workaholic pacas, mas nada de útil e muito menos de produtividade Resultante. Se esse cara fosse um cirurgião, seria uma cirurgia atrás da outra, mas seus pacientes teriam óbito total! Sem remorsos... O mantra das empresas, nos dias de hoje e quando o mais não seja, é: gestão é irmã de alma gêmea do Resultado e inimiga mortal do esforço. Esforço é input, gestão é output. A sacada da Gestão Pró-Resultado, portanto, tem tudo a ver com aprendizado. É, na verdade, uma ciência de aprender a entender as circunstâncias e agir de acordo com elas. Talvez seja por isso que
as empresas|organizações, aquelas do “mundinho fashion“ que se revelaram duradouras, até hoje não foram, na verdade, criadas para viverem ad eternum.
O ACASO NÃO GARANTE CICLO DE VIDA... O mercado C.A.C.O. (Competitivo, Acirrado, Complexo e Ofertado) é cruel, muito cruel... Não existem mais empresas FEITAS para durar com Resultância; existem empresas QUE MUDAM para durar, independente até de Resultarem, e olhe lá... Essas poucas (duráveis) foram “abençoadas” pela ação da seleção natural de mercado, decorrente da força estratégica na gestão de branding. “Quem tem marca tem futuro, quem não tem marca tem destino”, já dizia o axioma milenar. Entretanto (e aqui vai o insight), daqui por diante, só vão durar aquelas empresas que dispuserem de um Planejamento Estratégico (pró-marca) para durar Resultando Valor. Com certeza, as empresas que dependerem só do investimento no produto irão, fatalmente, arder no fogo intenso do mármore do inferno. O demônio explica... Por quê? Por causa inequívoca da aceleração das trocas no comportamento de compra e uso, formatadas pelo excesso na tempestade da oferta. De novas ideias, de novos conceitos, de novos processos, de novas tecnologias, de novos hábitos e costumes, de tudo que é mudança, afinal, no lifestyle de nós “pobres mortais”. A febre da globalização agradece, é claro. Esse movimento mutante
na maneira de pensar, agir e viver intensamente sugere audácia e inovação na gestão competitiva e na briga por espaço no guarda roupa das pessoas. E constante que só... Sendo assim, todo organismo “que dura” vencendo o cenário C.A.C.O. e Resultando Valor possui a mesma competência central de gestão; implanta ações que modificam comportamentos ao logo do tempo. Quem tiver a persistência e paciência para durar com Resultado crescente e melhoria contínua, terá que rever e re-planejar o processo de mudança de cabo a rabo na sua empresa e, se não for pela “ação do amor”, terá que ser pela “trilha da dor”. O foco é não mais confiar no acaso. Não se trata apenas de focar o Dever|Saber, mas, especialmente, o Saber|Fazer, o Fazer|Fazer, o Fazer|Resultar para Resultar|Crescer e, daí, só daí, o Crescer|Durar, mudando de rota, de altitude e de velocidade, sem turbulência, no timing certo para continuar vivo e com saúde a milhão... Simples assim. Como bem disse Alvin Toffler: “O analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender”. Plagiando os blogueiros do Apocalipse, sinal dos tempos é aprender a modificar a forma como nos comportamos no mundo, para nos tornamos mais eficazes (eficientes é pouco) na arte de permanecer Resultando e, assim, sermos felizes. EM TEMPO: Gestão é Resultado, não esforço e, muito menos, invisível aos olhos...
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Fotos: Arquivo pessoal, divulgação
por Marcelo V. Prado
Marcelo V. Prado é sócio-diretor do IEMI – Instituto de Estudos e Marketing Industrial
faleconosco@iemi.com.br
Novo ciclo de exportações e desafios inéditos à indústria Mais do que nunca, as maiores chances estarão na oferta de produtos que possam ser reconhecidos por seus próprios diferenciais
C
om o dólar valendo em torno de R$ 4,00, as indústrias brasileiras de vestuário vislumbram a possibilidade de voltar a participar do mercado internacional, com a exportação de artigos de moda. No passado, tiveram certo sucesso ao se apresentarem como uma base alternativa de baixo custo de produção, aos grandes varejistas e marcas de renome do hemisfério norte. Àquela época, muitas dessas empresas brasileiras conseguiram obter bons resultados, com um modelo de exportação baseado no suprimento de produtos desenvolvidos a partir de modelos fornecidos por seus clientes no exterior. Essa é, sem dúvida, uma estratégia
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baseada estritamente numa competição de custos, onde o câmbio desvalorizado exerce papel determinante no sucesso deste tipo de operação. A questão é que agora, mesmo com o câmbio atual, ainda estão longe de serem mais competitivas que a maio-
ria dos países asiáticos, ou africanos, ou centro americanos, que além de custos de produção mais baixos do que os nacionais, contam, em muitos casos, com acesso privilegiado aos mercados europeu e norte americano. Assim, para que seja possível criar uma vantagem competitiva sustentável no longo prazo e ampliar a fatia no comércio internacional de moda, dessa vez nossas as empresas terão que ir muito além da oferta de produtos a preços baixos. Mais do que nunca, as maiores chances estarão na oferta de produtos que possam ser reconhecidos por seus próprios diferenciais. Para tanto, além de estarem atentas às tendências do design mundial como fonte de inspiração e no desenvolvimento de seus produtos, as empresas nacionais terão que utilizar seu conhecimento e criatividade para construir seus próprios diferenciais, buscando explorar, sempre que possível, o que o Brasil tem de melhor, como seus recur-
sos naturais e seu estilo de vida. Estou seguro de que para a maior parte das empresas brasileiras, somente com a oferta de produtos diferenciados e originais, será possível agregar valor aos seus produtos e construir vantagens competitivas sustentáveis na exportação. Outro desafio que terão que superar no anseio de voltar a disputar o mercado externo, reside nos elevados custos e no grande esforço envolvido neste tipo de operação, o que tende a restringir a participação no comércio internacional, aos grandes fabricantes. Para que as empresas menores possam sonhar com este canal alternativo de vendas, tão importante neste momento de crise no consumo interno, o apoio, a orientação e as ações de promoção conjuntas, como as que são patrocinadas pela APEX e pela ABIT, dentro do programa TexBrasil, são prerrogativas fundamentais para viabilizar a participação dessas empresas no mercado externo. Sem dúvida, as exportações têm o potencial de contribuir de maneira importante para a retomada do crescimento das indústrias brasileiras do vestuário, ao menos para uma parte delas; mas para que essa alternativa possa de fato se materializar, tais empresas terão que empenhar seus esforços na inovação e diferenciação de seus produtos, sem abrir mão do apoio dos programas de promoção das exportações, já existentes no país. Sucesso!!!
INDICADORES ECONÔMICOS Voltando ao vestuário, a venda do comércio varejista teve retração no mês de agosto. Em volumes físicos a queda foi de 7,1% e, em valores de venda, de 6,9%. No acumulado do ano, de janeiro a agosto de 2015, houve queda de (-)3,4% nas receitas e de (-)6,6% nos volumes. A produção nacional destes artigos, em número de peças confeccionadas, avançou 5,6% em agosto comparado ao mês de julho de 2015, porém no ano, a produção desacelerou (-)9,6% em 2015, sobre o montante produzido em 2014. As importações brasileiras de roupas, por sua vez, cresceram 3,2% em setembro, no ano acumula queda de 1,3%. Já as exportações obtiveram alta de 1,7% no mês e recuo de 11,9% no ano.
DESEMPENHO VESTUÁRIO
VARIAÇÃO NO MÊS 1
VARIAÇÃO ANUALIZADA 2
VENDAS NO VAREJO (R$)
-6,9%
-3,4%
VENDAS NO VAREJO (PEÇAS)
-7,1%
-6,6%
PRODUÇÃO INDUSTRIAL (PEÇAS)
5,6%
-13,2%
IMPORTAÇÕES (US$)
3,2%
-9,6%
EXPORTAÇÕES (US$)
1,7%
-11,9%
Fontes: IEMI / IBGE / SECEX (1) Agosto 2015 / Julho 2015 (2) Janeiro-Setembro 2015 / Janeiro-Setembro 2014
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por Arnaldo Rabelo
Arnaldo Rabelo é consultor Foto: Gui Benites
em marketing estratégico, marketing infantil e licenciamento de marcas.
Foto: Divulgação
www.novi.ly
Como avaliar personagens para uso em produtos
A
É em função do licenciamento que vemos roupas infantis com estampas da Barbie ou brinquedos com personagens da série de filmes Star Wars
cidade de Las Vegas cediou, em junho, a Licensing Expo, a mais importante feira mundial sobre licenciamento de marcas e personagens. Vale lembrar que licenciamento é o processo pelo qual as empresas podem contratar, por um determinado período, a autorização de uso de uma arte, personagem, marca ou celebridade em seus produtos. É em função do licenciamento que vemos roupas infantis com estampas da Barbie ou brinquedos com personagens da série de filmes Star Wars, por exemplo. A feira deixou evidente a grande variedade de conteúdos disponíveis para licenciamento. As empresas que pretendem utilizar personagens licenciados em seus produtos têm a árdua tarefa de escolher os mais adequados. Muitas têm dúvidas sobre quais critérios utilizar na análise e nem sempre fazem escolhas que resultam em sucesso no ponto de venda.
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A avaliação de personagens não pode ser feita com base apenas na sua exposição. É claro que personagens muito famosos impactam um público muito grande. Mas, assim como há produtos de massa e produtos de nicho (um pequeno segmento do mercado), há personagens de massa e de nicho. Precisamos ver o que é adequado a cada empresa. Os aspectos que influenciam vendas futuras em um personagem ou marca são basicamente: seu reconhecimento pelo público (nome, desenho, símbolos, história, etc.) e a relevância dos conceitos associados a ele (significados ligados ao personagem, seus valores e princípios, o quanto são diferenciados e valorizados pelo público).
VALOR AGREGADO Além desses itens, também são muito importantes a percepção de qualidade associada ao personagem e o nível de lealdade que o público
tem em relação a ele. Devemos considerar que o período em que um personagem faz sucesso varia. Temos os personagens “clássicos”, que fazem sucesso há décadas e não cairão no esquecimento – como o Mickey. E temos também personagens “da moda”, mais ligados a ações promocionais ou lançamentos passageiros, como os ligados a um filme – Transformers, por exemplo. A empresa deve escolher o que é mais adequado à utilização que fará dele e ao ciclo de desenvolvimento de seu produto. Um dos pontos mais críticos na escolha de personagens para licenciamento é a adequação. Sob esse aspectos, devemos verificar se são adequados: os conceitos do personagem à categoria de produtos; o público do personagem ao público da empresa (faixa etária, gênero, classe social, estilo e outros aspectos comportamentais). Assim como nenhuma empresa tende a ter sucesso oferecendo todo tipo
de produto a todos os públicos, um personagem licenciado tende a ser indicado a apenas algumas categorias de produtos e alguns públicos (não todos). A necessidade de foco é um dos pontos mais negligenciados pelos administradores de marcas e personagens. Outros pontos que também devem ser considerados são: quais são as empresas que já licenciam o personagem; quais os casos de sucesso de vendas que existem com a utilização do personagem e, por fim, o nível de apoio que o licenciador (proprietário dos direitos autorais sobre o personagem) dá aos licenciados. Se a escolha é feita de forma adequada e os produtos são bem desenvolvidos, o personagem agrega valor através das novas associações que gera, criando maior atratividade dos produtos ao seu público. Hoje, o licenciamento de marcas e personagens no Brasil gera cerca de R$ 17 bi em vendas ao varejo e tem enorme potencial de crescimento.
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prodv
Eventos Paralelos:
FÓRUM/Informações Realização:
4ºFÓRUM/Digital
Faça sua inscrição antecipada online compareça ao evento e concorra a uma viagem para a Febratex 2016
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O MERCADO AO SEU ALCANCE OPENING G NEW N E BUSINESS S IN N OPPORTUNITIES PPORT
0815
08 a 11 de março
09 a 12
por Paulo Delegá
Paulo Delegá é diretor da Foto: Arquivo pessoal
Vendere, agência digital de criação para sites, redes sociais e marketing de conteúdo.
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Cadê o maldito “xiszinho”? O marketing de conteúdo é capaz de levar à Internet a mensagem que os anúncios terão cada vez mais dificuldade para difundir
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B
oa parte do marketing em mídias eletrônicas, como rádio e TV, consiste em interromper uma experiência agradável que a pessoa tem, por exemplo, ao assistir a um filme, para enfiar-lhe goela abaixo a mensagem do patrocinador. Os magos da propaganda até tentam tornar essa experiência mais agradável, com anúncios interessantes ou engraçados, mas isso não muda a essência desse “marketing da interrupção”: interromper o acesso do espectador ao que ele quer ver, para mostrar a ele o que o patrocinador quer que ele veja. Com o surgimento da Internet, esse conceito foi transportado naturalmente para a nova mídia: você clica para assistir um vídeo e tem que aguentar alguns segundos de propaganda antes de começar o vídeo que você realmente queria ver. Você entra num site para saber como anda a crise em Brasília e pimba: a foto de um carro ou apartamento (com excelentes condições de financiamento...) cobre a notícia. Aí você tem que procurar aquele “x” minúsculo no canto para clicar e fechar o anúncio. Atire a primeira pedra o leitor deste artigo que goste de ser interrompido ou atrasado quando está tentando atingir algum objetivo, para se divertir, se informar, pagar uma conta ou o que for. E com o crescimento da navegação na Internet por celular, o desconforto do público com os anúncios se agravou: eles concorrem com o conteúdo desejado, por espaço na tela e velocidade de transmissão, que são menores nos celulares. Em qualquer lugar de uma página da Internet, mesmo sem cobrir o conteúdo, um anúncio atrasa e dificulta a navegação no celular. Isso levou dois gigantes da Internet a fazerem movimentos que restringem anúncios. O iOS 9, sistema operacional da Apple disponível desde 16 de setembro, roda em todos os novos telefone, tabletes e computadores da marca. Esse sistema
agora permite que bloqueadores de anúncios e de rastreamento da navegação sejam instalados no navegador – o Safari. Assim, quem navegar na Internet em um iPhone poderá baixar e instalar aplicações para bloquear anúncios dentro dos sites que visitar. Já a Google lançou, em 28 de outubro, nos EUA, o YouTube Red, site de publicação de vídeos o qual, mediante pagamento de assinatura mensal de US$ 9,99, permite ao usuário assistir aos vídeos, sem anúncios. Diferentemente do YouTube comum, no Red os vídeos não serão mais precedidos ou interrompidos por anúncios. Porém, ainda não há data prevista de lançamento nem preço para o Brasil.
CONTEÚDO Tudo muito bom para a Apple e a Google, que estão agradando à parcela do público que recusa anúncios, mas e os anunciantes? Se você é o responsável por marketing na Internet de sua empresa, o que fazer se anúncios estão cada vez mais rejeitados pelo público e bloqueados pela tecnologia? Algumas empresas têm ido pelo caminho de criar conteúdo que o público procure espontaneamente e que, ao mesmo tempo em que entretenha ou informe, venda o peixe. É uma técnica conhecida como “marketing de conteúdo”. Fácil de enunciar, porém difícil de executar. É preciso criar e publicar conteúdo interessante: vídeos, textos e fotos que os internautas procurem na Internet, encontrem com certa facilidade, gostem e que até, em ideal, divulguem em suas redes sociais, multiplicando a audiência. Criar conteúdo de qualidade, de forma regular e permanente, não é tarefa fácil. Além disso, esse conteúdo tem que vender a marca, seus produtos ou serviços, sem parecer algo forçado. É fazer marketing, não é só fazer entretenimento de graça para o público. É um campo relativamente novo, mas já há histórias de sucesso.
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O IEMI, possui uma série de soluções em inteligência para o mercado de moda vestuário no Brasil. Conheça o seu mercado, entenda o seu consumidor e encontre as respostas para inovar e ĂƟŶŐŝƌ ƐĞƵƐ ŽďũĞƟǀŽƐ͘
ŽŵƉŽƌƚĂŵĞŶƚŽ ĚĂ ŽŶƐƵŵŝĚŽƌĂ ĚĞ DŽĚĂ 1ŶƟŵĂ WĞƐƋƵŝƐĂ ĨŽĐĂĚĂ ŶĂ ƷůƟŵĂ ĐŽŵƉƌĂ ĚĞ ŵŽĚĂ şŶƟŵĂ͕ ĂďŽƌĚĂŶĚŽ ĚŝĨĞƌĞŶƚĞƐ ǀĂƌŝĄǀĞŝƐ ĚŽ ĐŽŶƐƵŵŽ͕ ŚĄďŝƚŽƐ͕ ŝŶŇƵġŶĐŝĂƐ ŶĂ ŚŽƌĂ ĚĂ ĐŽŵƉƌĂ Ğ ŵĂŝƐ͘
Canais do Varejo de Vestuário ŝŵĞŶƐŝŽŶĂŵĞŶƚŽ ĚŽ ǀĂƌĞũŽ ĚĞ ǀĞƐƚƵĄƌŝŽ ŶŽ ƌĂƐŝů͕ ĂŶĄůŝƐĞ ĐŽŵƉĂƌĂƟǀĂ Ğ Ž ĚĞƐĞŵƉĞŶŚŽ ĚŽƐ ƐĞƵƐ ƉƌŝŶĐŝƉĂŝƐ ĐĂŶĂŝƐ ĚĞ ǀĞŶĚĂ Ğ ŵĂŝƐ͘
Mercado Potencial de Moda Feminina KĨĞƌƚĂ Ğ ĚĞŵĂŶĚĂ ĚĞ ŵŽĚĂ ĨĞŵŝŶŝŶĂ ŶŽ ƌĂƐŝů Ğ ŶŽ ŵƵŶĚŽ͕ ůĞǀĂŶƚĂŶĚŽ ŝŵƉŽƌƚĂŶƚĞƐ ŝŶĚŝĐĂĚŽƌĞƐ͕ ƉƌŽũĞĕƁĞƐ Ğ ŵĂŝƐ͘ Os estudos prontos do IEMI podem ser customizados para assim melhor atender as suas necessidades. Fale com um consultor.
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Fotos: Arquivo pessoal, divulgação
Diretora de Criação da Nomina Design, escritório especializado em projetos completos de loja e identidade de marca no varejo.
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Os futuristas Incríveis propostas surgem associando a tecnologia ao conceito das marcas, levando informação ao consumidor de forma totalmente inovadora
A
tecnologia traz novas possibilidades ao dia a dia do homem, à indústria e novas formas de expressão artística. Da tecnologia digital, o mundo virtual saindo do computador, torna-se tangível no ambiente físico. Podemos experimentar fisicamente o que antes víamos na tela do monitor.
TEAMLAB Um belo exemplo desta experiência é a instalação interativa chamada Floating Flower Garden (Jardim das Flores Flutuantes) da TeamLab, liderada pelo japonês Toshiyuki Inoko. Esta instalação, que ocorreu em setembro, durante a Maison&Object, em Paris, consistia em 2.300 flores naturais suspensas no teto e programadas
para subir e descer de acordo com o movimento do visitante. O varejo que vive em constante renovação também se apropria da tecnologia digital para criar novas experiências aos clientes. A intenção é fazer do espaço de varejo um lugar de entretenimento e novas experiências sensoriais com uma boa dose de arte e tecnologia. Levando o usuário à uma viagem no tempo e no espaço.
MELISSA Na Galeria Melissa em Covent Garden, Londres, o designer brasileiro Muti Randolph utilizou a tecnologia do LED para criar movimento, cor e iluminação e transpor o visitante para um cenário de um filme sci-fi. Já na entrada, uma instalação cinética formada por uma série de 21 caixas acrílicas suspensas, que suavemente sobem e descem, dá origem a diferentes composições durante o dia. Cada caixa expõe uma Melissa ilumi-
nada por um sistema de LED chamado Applelec, instalado no topo interno de cada caixa. Na sala maior, outra instalação em forma de U cria um túnel repleto de fog, neste caso digital. O túnel é formado por três painéis, brancos e espelhados, que se tornam transparentes ao capturar o movimento do cliente. O fog digital é produzido por um software que alterna entre a opacidade e a transparência; a reflexão e a visibilidade produzem uma sensação
de ilusão e confusão. Por trás do painel de vidro espelhado existem 64 aberturas com a exposição das sandálias que aparecem e desaparecem ou tem sua iluminação “dimerizada” para criar focos em determinadas composições. O Futurismo pode também estar presente nos ambientes de maneira mais simbólica, como nos materiais que remetem a um espaço high-tech, ou nas formas inspiradas na ficção científica e assim aguçar a imaginação do visitante.
ACNE Com predominância do aço inox nas superfícies do interior, a loja Acne em Estocolmo, Suécia, ressalta a futurística instalação luminotécnica. E em conjunto com a forte presença do monolito branco, passa a sensação de estar no interior de um avançado laboratório tecnológico.
LC-CC (LATE NIGHT CAMELEON CAFE) LC-CC é em espaço de varejo com uma curadoria de moda, literatura e música, além galeria de arte e um clube. A loja conceito situa-se no bairro de Dalston, em Londres, e cinco anos após sua criação, acaba de passar uma nova transformação. Mas sempre mantendo o ambiente sensorial, onde o visitante transita pelas diversas salas passando por instalações como o túnel – antes em madeira –, que recebeu cor branca e iluminação de LED e espelho. Seria um túnel do tempo?
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