A REVISTA PARA OS PROFISSIONAIS DA MODA
Ano XX | R$30,00 Edição 152
LAVANDERIAS são o lab do novo jeanswear
Vitrina UNIVERSO TECNOLÓGICO Moda Masculina O JEANS BRILHA Acontece Brasil IDEIAS QUE GERAM VENDAS
reconhecer uma tendência é importante. ser a tendência é transformador.
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O jeanswear na era digital
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mundo digital provocou mudanças radicais na vida real em todas as suas possibilidades. A comunicação não é mais a mesma – nem mesmo a interpessoal. Acessamos o que quisermos, a qualquer momento e em qualquer lugar na velocidade que a tecnologia nos permitir. O fato é que a unidade de tempo são os segundos que nos separam dos fatos mais recentes. E, mesmo assim, já estamos ansiosos esperando pelo que virá a seguir. Tudo isso regado a muita informação, de maior ou menor relevância, que chega aos nossos dispositivos móveis... Essa virada só poderia impactar no sistema da moda, que vive de inovações. Lá fora, a Burberry avisou que fará desfiles, sim, mas sem rotulá-los como verão ou inverno. A proposta é realizar a apresentação e, no final do desfile, disponibilizar nas lojas o que os clientes viram na passarela. Nada de deixar para seis meses depois. A expectativa é grande, mas o êxito não é líquido e certo. A Burberry avisa que ainda não tem resposta para tudo. Paulo Borges, diretor do SPFW, anuncia que deve ir pelo mesmo caminho, eliminando as barreiras das estações e puxando os desfiles para fevereiro e novembro. World Fashion ouviu Júlio Viana, diretor de feiras de moda que, embora trabalhe com outro público – confeccionistas e atacadistas – já tem recebido pedidos para fazer um evento do tipo Preview, com poucos expositores para vender para varejistas com rede de lojas. Enquanto isso, jeans e denim continuam de mãos dadas, com investimentos tecnológicos para manter o posto conquistado no mercado mundial. A lavanderia empresta aos produtos todo o seu potencial e, juntamente com a tecelagem, faz um trabalho bem orquestrado para garantir ao jeanswear o status de carro-chefe de vendas. É por isso que World Fashion retoma o tema do denim nessa edição enfocando, além da tecnologia de ponta e as novas técnicas, o comportamento do consumidor que diz porque esse é o segmento que tem fôlego pra se perpetuar no topo da moda. Boa leitura!
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05 + RADAR
Sob o olhar dos empresários
06 + MOVIMENTO
Conexões Emocionais... o novo protagonista do Varejo!
08 + VITRINA
Universo tecnológico
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+FOCO
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cartas no varejo europeu
28 +ACONTECE BRASIL Ideias que geram vendas
30 +GESTÃO
Uma dúzia de bons motivos para você acreditar no além do
direção do Verão 17
horizonte...
+BALCÃO Construção no
+MODA MASCULINA O Jeans brilha
+DOSSIÊ Lavanderias são o lab que inova o jeans
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O jeans dá as
Première Vision aponta
mercado fashion
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26 +ACONTECE MUNDO
32 +MERCADO
A crise como fator de mudança no varejo de moda
34 +ONLINE 36 +SUA LOJA
O Funil de vendas
Inspirações
Denim sem fronteiras O Jeans no inverno de NYC
geladas
38 +BAZAR
O jeans, você e a história
A lavanderia hoje Apostas da temporada
www.worldfashion.com.br Publisher: Yuko Suzuki yuko@worldfashion.com.br | Editora: Eleni Kronka eleni.redacao@worldfashion.com.br Colunistas: André do Val, Carlos Ferreirinha, Daniela Burity, Edson D’Aguano, Marcelo V. Prado, Noemi Saga, Paulo Delegá e Sylvia Demetresco | Colaboraram nesta edição: Andrea D’Andrea, Fernanda Calfat, Henriete Mirrione, Sueli Pereira Direção de Arte: Guilherme Watanabe | Jornalista Responsável Eleni Kronka – MTB 12.882 Publicidade Vera Lopes vera@worldfashion.com.br | Luiz Eduardo Pimentel eduardo@worldfashion.com.br
WORLD FASHION + VAREJO é a revista dos profissionais da moda. É uma publicação da World Fashion Editora e Eventos Ltda. Fone: (11) 5535-7709. A World Fashion Editora e Eventos Ltda. não se responsabiliza pelas opiniões emitidas nos artigos de seus colunistas. É terminantemente proibida qualquer forma de reprodução do conteúdo – textos, fotos, ilustrações – desta publicação sem a prévia e devida autorização dos editores. Nenhuma pessoa está autorizada a retirar qualquer tipo de material em nome do WORLD FASHION+ VAREJO. Em caso de necessidade, o portador deverá ter em mãos carta assinada. Crédito da foto capa: Vestido de Leticia Lanzan/ Canatiba LAB. Foto de José Vitor Malheiro
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Sob o olhar dos empresários Empresários reunidos em torno de uma mesa – diante de profissionais da imprensa – é sinal de que há ideias e iniciativas que podem ultrapassar limites da linha de produção na busca de soluções inteligentes para a crise que o Brasil da atual década enfrenta. Por Eleni Kronka
MERCADO EXTERNO Ricardo Steinbruck, presidente da Vicunha Têxtil, afirma que 2015 foi ano de queda acentuada nas vendas no mercado interno, girando em torno de 10% a 15%. No sentido inverso, as vendas cresceram: a Vicunha atingiu aumento de até 15% nas exportações. “Nós sempre estivemos preocupados com as vendas externas e o momento pede novamente essa atenção”, afirma Steinbruck. Com fábrica no Brasil, no Equador e na Argentina, a Vicunha produz aqui 85% do que comercializa, produzindo 15% nas plantas no exterior. O empresário destaca que a empresa atua na Argentina desde 1989, sendo que em 1992 instalou ali a fábrica. “Trata-se de uma unidade que passou por uma modernização”, destaca, acrescentando que o governo do novo presidente argentino Maurício Macri “dá novo ânimo aos empresários, a partir das medidas macroeconômicas tomadas”. Para o diretor-superintendente da Abit, Fenando Pimentel, o empresariado brasileiro vive um grande momento de insegurança, dado o quadro incer-
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to tributário do País. “O empresário, pequeno, médio ou grande, precisa de um mínimo de previsibilidade para poder investir em seu negócio, gerar produção e gerar emprego, e não é o que acontece hoje”. Pimentel cita como exemplo a Emenda Constitucional n° 87, que ficou conhecida como a Emenda do Comércio Eletrônico. Esse tipo de comércio estava vinculado ao Protocolo ICMS 21/2011, que exigia uma diferença do ICMS em favor dos Estados de destino, em determinadas vendas interestaduais, nas chamadas vendas não presenciais (telemarketing e e-commerce). A partir de 2016, num processo lento e gradual, a carga tributária devida integralmente ao Estado de origem se limitará a 4%, 7% e 12%. Nesta nova composição legal, a diferença do imposto, ao final de 2019, ficará integralmente para o Estado de destino. “Isso tem gerado uma grande burocracia para os grandes sites e dificultado enormemente o desempenho dos pequenos e médios”, frisa, complementando que a Abit, por meio de trabalhos junto à Frente Parlamentar, tem atuado nesse campo especialmente.
a valorização do dólar em relação ao real surtiu benefício sobre este segmento específico, levantando uma espécie de barreira contra a entrada do jeans importado da Ásia. Por outro lado, a Comask, que durante quatro anos atingiu resultados muito positivos em exportações, a partir de 2008 assistiu uma queda bastante acentuada. “As vendas para Inglaterra e Itália, por exemplo, cessaram com a crise internacional”, recorda Fábio Américo Leme dos Santos, responsável pelas atuação da empresa no mercado externo. O empresário considera que a atual situação do real é um novo convite a investir nas exportações. “Mas o governo precisa sinalizar com uma po-
lítica nesse sentido”, comenta. Matheus Fagundes, vice-presidente da 2Rios Lingerie, por sua vez, comenta que a empresa está há 20 anos no mercado e há 13 atua com vendas no exterior. Segundo ele, 20% da produção destina-se ao exterior, considerando que a empresa conta com escritório de representação nos EUA. Há três anos, a 2Rios iniciou um reposicionamento de imagem, com investimentos em comunicação, ao mesmo tempo em que investiu na verticalização da fábrica, que agora também produz o bojo e a malha de microfibra para a confecção da lingerie. A empresa tem uma produção mensal de 200 mil peças, parte dela terceirizada.
NA CONFECÇÃO Os 40 anos de mercado alcançados pela Comask no segmento de confecção e de lavanderias industriais ensinaram tanto ao fundador, Paulo Walter Leme dos Santos, quanto ao filho e diretor Fábio Américo Leme dos Santos, lições que só mesmo uma economia instável são capazes de proporcionar, mesmo a um segmento importante quanto o do jeanswear. Com fábricas em Sorocaba (SP) e Três Lagoas (MG), a Comask tem uma produção mensal de 300 mil unidades, o que a coloca entre as maiores fabricantes do segmento de confecção de jeans do País. Desse total, Paulo Walter afirma que 70% destina-se aos magazines, enquanto o restante 30% é produzido pelo sistema de private lable. “A lavanderia atende a produção própria”, afirma o empresário, acrescentando que a alta do dólar não impactou diretamente na confecção do jeans. “O preço do algodão, como commodity, é que sofreu a alta”. O executivo da Comask lembra que
Fotos: Divulgação, Shutterstock
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Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) promoveu uma rodada de entrevistas e troca de ideias entre representantes de diferentes setores da indústria com a imprensa, tendo por objetivo facilitar o fluxo de informação com o mercado. Participaram do encontro, entre outros membros da entidade, o presidente, Rafael Cervone, e o diretor-superintendente Fernando Pimentel, além de empresários do setor têxtil, como Alessandro Pascolato e Ricardo Steinbruck, respectivamente presidentes da Tecelagem Santaconstancia e da Vicunha Têxtil. Também marcaram presença o empresário Matheus D. Fagundes, vice-presidente da 2 Rios Lingerie, o diretor do Senai, Marcelo Costa, e o economista da Abit Haroldo da Silva. Do segmento de lavanderia industrial compareceram Paulo Walter Leme dos Santos e Fábio Américo Leme dos Santos, respectivamente presidente e diretor da Comask.
Fernando Pimentel Diretor Superintendente da ABIT
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Especialista na Inteligência da Foto: Divulgação
Gestão do Luxo e Premium Fundador | Presidente da MCF Consultoria e Sócio-Fundador da marca varejista BENTO STORE.
Conexões Emocionais... o novo protagonista do Varejo!
Foto: Divulgação
Aumentar o conhecimento sobre o cliente passa a ser determinante e chegar ao coração dele, essencial
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urante alguns anos, a NRF, o maior evento de varejo do mundo, evidenciava que as lojas físicas desapareceriam uma vez que o digital, na linguagem do e-commerce seria a única alternativa. Há dois anos, porém, essa visão complexa e sombria foi drasticamente alterada para o termo que chamaram “brick is the new black” – que nada mais é do que revogar o término das lojas físicas e afirmar que a “loja de tijolo” volta a ter papel fundamental com os consumidores. E aqui estamos em 2016. E nesse ano a atenção dos principais temas tocados e abordados no varejo americano, base de reflexão para o varejo mundial, refere-se fundamentalmente às CONEXÕES e aos MILLENIALS! Conectar os clientes, que definitivamente estarão nas lojas ou no mundo virtual, ou seja, no mundo físico ou no mundo do e-commerce, às emoções, às sensações, às colaborações... O conceito de “conectar” tão associado ao digital, ganha força e relevância maior. Na visita que realizamos na IFF – International Flavor & Fragrancies, como parte dos trabalhos pré-NRF (parte dos trabalhos da Delegação GS&MD), o grupo de executivos participou de um workshop de sinestesia, cujo foco era exercitar sensações olfativas, estimular percepções visuais e ativar o cérebro para outros diálogos... enxergar cores nos cheiros. Tudo isso com o objetivo de expandir a criatividade, criando novas soluções para os ne-
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gócios. Total alinhamento ao que viria ser abordado posteriormente nas diversas palestras da NRF. Toda essa conexão emocional tornar-se-á ainda mais desafiadora perante a este grupo de consumidores que não é fácil de leitura = Descontruindo os Millenials, o desafio da nova era de consumo. De forma geral, ter a atenção dos consumidores, Millenials ou não, se dará quase que plenamente pela linguagem além do produto e do serviço. O que era diferenciação de algumas marcas passará a ocupar o lugar de protagonista.
INTELIGÊNCIA DA GESTÃO EMOCIONAR clientes pela história ou pela estória, pela causa, pelo processo, pelas pessoas... emoção essa, tão alinhada à entrega das marcas reconhecidas por possuírem foco no Luxo e Premium. O momento e a hora para “Aprender com a Gestão do Luxo e Premium”, foco da especialização da MCF, por meio do qual afirmamos que nem todas as marcas e empresas precisam ou deveriam ser Luxo, mas todas podem aprender com a inteligência dessa gestão. Todas as marcas deveriam ter uma voz e deveriam ter uma causa. E, deveriam através dessa voz e dessa causa, garantir diálogos e conexões pelos estímulos emocionais, mesmo quando não enxergamos de imediato cores nos cheiros. Devemos nos permitir evoluir na sinestesia que já está em
cada um de nós, mas que precisa ser estimulada. A cada história bem elaborada e contada, temos que garantir um produto com qualidade, design e funcionalidade indiscutível; facilitando o caminho de uma prestação de serviço que encante e surpreenda.
PREMIUM & LUXO É cada vez mais claro que já não há mais espaço para os generalistas somente. E até mesmo os especialistas precisam garantir um propósito claro nos nichos que atuam, sustentando a relevância e a razão de existência, respeitando a história, a essência e a identidade. A diferenciação se torna imperativa e caminhos precisam ser continuamente testados e exercitados, como a premiumnização e o luxo acessível. Entretanto, uma visão de Luxo mais democrático, humanizado e não pretencioso. Novas alternativas muito alinhadas às expectativas e às oportunidades que vem sendo desenhadas no cenário competitivo. Alternativas essas que têm considerado movimentos como personalizar e customizar, deixando de serem opções e ganhando protagonismo. Aumentar o conhecimento sobre o cliente passa a ser determinante e chegar ao coração dele, essencial. Precisamos de uma vez por todas, entender que clientes se manifestam por hábitos, preferências, gostos e sentem a necessidade de preencher a falta de alguma coisa. O foco tem que ser em descobrir o que vem a ser essa “falta”.
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Apresentar o novo da novidade com mais frequência. Arriscar deveria ser hábito. E errar deveria ser assumido como parte do processo. Misturar cada um desses elementos para que o resultado seja consistente na cultura que conquista pessoas, fazendo que todos sonhem grande. Temos que exercitar a contento e continuamente a capacidade de emocionar clientes. Liderar pelo conhecimento e “insights”, gerar conteúdos que gerem engajamento = grudando nas pessoas pela emoção. A paixão é o motor da autenticidade = temos que usar essa paixão como a embalagem principal de produtos, serviços, atendimento e romantizar as interações. Consumidores querem se perder em um mundo de sensações, como uma nova jornada para se reconectarem com os sentidos. A revolução digital trouxe ganhos significativos na eficiência, criando atalhos para o ganho de tempo, mas, ao mesmo tempo eliminou os momentos de descoberta e o prazer de ser revelado. É urgente a necessidade de se introjetar “serendipidade” na jornada do consumo e entender que a Experiência é a nova Sala de Aula. Entendendo “serendipidade” como as descobertas afortunadas feitas, aparentemente, por acaso; ou como forma especial de criatividade, ou uma das muitas técnicas de desenvolvimento do potencial criativo de uma pessoa adulta que alia perseverança, inteligência e senso de observação. Por favor, “Don’t think, just smell”!...
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+vitrina
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s processos criativos e artísticos se multiplicam nas vitrinas tecnológicas e as transformam em cenas em que se desenrolam o real e o virtual. As possibilidades de interação entre o cliente, a vitrina e a web são infinitas, tanto para interagir ou animar o espaço de venda, como também para criar novas experiências na loja. Às vezes, frente à vitrina e por alguma ação que praticamos, efeitos cinéticos acontecem no reflexo do vidro – ou mesmo no seu interior. O consumidor é retirado da rotina e sua atenção nas vitrinas é despertada pelos recursos da interatividade. Todos os comércios devem se adaptar aos tempos atuais e, assim, incorporar em seus negócios a utilização dos novos sistemas táteis, visuais e informativos que surgem a cada dia, pois promovem novas interações com o público ao aliar o mundo real e o virtual. Em aprimoramento crescente, incorporado a técnicas de montagens e à exposição das vitrinas, os sentidos dos consumidores são cada vez mais acionados. Nesses movimentos, as interações trazem novas fontes inspiradoras e enfatizam, continuamente, a magia sedutora da vitrina.
Vitral no Mega Polo
TÁCTIL
Universo tecnológico A robótica robótica, a informática e a tecnologia nos fazem ver e sentir novos movimentos nas vitrinas Texto e fotos por Sylvia Demetresco
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No universo digital, as vitrinas se comunicam constantemente com seus potenciais clientes. Vivemos na “Era do toque”, em que praticamente tudo é touch. O que antes era pouco tocado, hoje é possível de se percebido nas pontas dos dedos. As vitrinas virtuais entraram na vida das pessoas como se desejassem fazer parte do mundo de sonhos dos consumidores, ávidos por serviços, experiências e pela agilidade em busca de uma conexão simples e rápida, com a marca e o ponto de venda. Isto só pode ser efetivamente realizado com equipes com as quais o Visual Merchandiser tem estreita relação, sobretudo, com o webdesigner. Existe um grande mercado ainda inexplorado tanto para o web designer como para o Visual Merchandiser trabalharem no desenvolvimento e na execução de projetos conjuntamente. A tactilização da vitrina, conhecida como “touch panel”, é a modalidade em que o seu vidro se comporta como uma tela gigante. O observador, ao tocar a vitrina ou ao passar frente a ela, aciona um filme, um som ou uma imagem. Um equipamento sofisticado, instalado por trás do vidro, desencadeia essa interação. Na montagem da vitrina da FNAC, em Paris, foram utilizadas diferentes tecnologias ao mesmo tempo. Sobre o vidro da vitrina, uma lâmina escura exibia três quadrados no meio do vidro. Quando a mão do consumidor se aproximava de um desses quadrados, uma música era acionada e, na sequência, o movimento do corpo produzia linhas curvas como um eletrocardiograma que ficavam ondulando pelo vidro. Já nas vitrinas da Nespresso, em Genebra, o movimento de qualquer corpo fazia as máquinas de café desfilarem na vitrina, por instantes, de modo ondular, como um leque que se abria e que se fechava. A loja da Repetto, em Paris, por sua
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+vitrina Armazém Paraíba
Vitrine Phebo Granado
vez, aproveitou outra tecnologia para atrair consumidores: eles se posicionavam num ponto marcado na calçada e, ao abrirem os braços, as cenas que podiam ser vistas na vitrina mudavam. Essas novas maneiras de conceber a vitrina são estratégias que atraem tanto o público atento às novas tecnologias, quanto um público mais geral, que, pela curiosidade, interage com esse espaço de exposição e se diverte por instantes com novos meios utilizados.
REAL-VIRTUAL A realidade aumentada, contando com a “biometria”, é outra técnica utilizada que aciona algum tipo de brincadeira com o toque ou o olhar do observador, e que pode ser desenvolvida nas vitrinas para qualquer produto. Este tipo de animações pode ser utilizado na área têxtil, juntamente com o uso de manequins interativos que, na encenação, experimentam roupas virtualmente, como nas vitrinas de inverno da Galeries Lafayette, em Paris. Ou remetem à apresentação da coleção dos relógios Tissot, na loja Harrods, em Londres, em que o consumidor pode provar o relógio e movimentar-se com ele no pulso. A instalação e a adaptação destas tecnologias são simples, porém custosas no momento. É preciso reconhecer, apesar disso, que nisso tudo há um enorme potencial, pois cada vez mais as vitrinas surgirão com encenações que permitirão entremear som, arte e música nas montagens.
REDES SOCIAIS Outro sistema baseia-se na simples ação de o consumidor estar conectado a um rede social. A marca de óculos Chilli Beans, por exemplo, promove a prova de óculos em seus clientes, fotografa o rosto deles e compartilha a foto instantaneamente no Facebook. Já a startup Lema21, que comercializa óculos de sol, apostou em tecnologias de venda interativa, disponibili-
zando aos clientes o “espelho virtual”. O consumidor, por meio de foto feita no seu computador, experimenta quatro modelos de óculos e escolhe o que mais lhe agrada, e que será entregue em poucos dias. Nas grandes metrópoles, essas instalações efêmeras são realizadas para durar uma noite ou apenas alguns dias. Estes novos meios de expressão, cujas palavras-chaves são lúdico, interação, projeção, movimento, festividade. O que resta desses movimentos são fragmentos de memórias dos sujeitos que as vivenciaram e os filmes nas redes sociais. Há uma necessidade e uma vontade crescente de os homens serem “digitais”, tanto do ponto de vista de sua produtividade profissional, como para sua inserção no mundo humano das relações mediadas pelas tecnologias.
diversão, o elemento que atrai! A última geração de marcas de moda se preocupa 100% em relacionar tudo o que acontece na loja: a logística de seus produtos conforme as vendas; a procura do que mais se vende; a identificação do que não se vende, tudo em função da criação de um total entendimento comunicacional entre o que forma a logística de circulação dos produtos, as vendas online e as vendas na loja. Por fim, para que o consumidor se sin-
ta plenamente satisfeito, é preciso pensar que a empresa deve estar engajada a alguma parceria que indique de maneira clara a sua atenção em relação ao cliente. Assim, a empresa deve compartilhar o que faz com seu público, pois, cada vez mais, o cliente, além de querer um atendimento diferenciado, quer ser coautor, curador, e quer poder fazer com seus amigos reais ou virtuais suas observações, de modo vivenciar de modo pleno suas experiências da marca.
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FUTURO DO CONSUMO Os negócios aprenderam que quanto mais se investe em informação, por meio de uma comunicação ágil e atrativa, melhores serão os resultados que eles vão obter. Baseando-se nos índices de crescimento, a curva de desenvolvimento tecnológico tende a aumentar cada vez mais. Ampliar as vendas das duas operações, real e online, e criar sinergia entre os canais de venda são algo de extrema importância para o presente – e o futuro – e será uma estratégia fundamental para manter satisfeitas e realizadas as ilusões das sociedades do consumo. É preciso entender o novo consumidor, conhecer suas aspirações, compreender suas necessidades e seus desejos, percebê-lo em sua esfera individual para, assim, projetar como os serviços serão oferecidos a ele e como ele deverá ser atendido nesta nova configuração dos modos de o homem ser e estar no mundo. As vitrinas devem ser apreendidas por uma storytelling, em que não é apenas o ato da compra, mas também o ato da
Phd . Sylvia Demetresco é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP, com pós-doutorado em Semiótica no Instituto Universitário da França, em Paris. Professora de Visual Merchandising na Ecole Supérieure de Visual Merchandising, em Vevey, na Suíça. É autora de livros sobre vitrinas, entre os quais: Vitrina Construção de Encenações (Educ/Senac), Vitrinas Entre-Vistas: Merchandising Visual (Senac), Vitrinas E Exposições: Arte E Técnica Do Visual Merchandising (Editora Érica, 2014) e Vitrinas: Arte, História e Consumo de São Paulo (Via das Artes, 2014). sylvia@vitrina.com.br | www.vitrina.com.br
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Malharia com vanguarda em design e alta tecnologia é um dos destaques da feira
Première Vision aponta direção do Verão 17 Edição recentemente realizada em Paris confirma a importância da tecnologia e da sustentabilidade, associadas à informação de moda
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Por Eleni Kronka
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principal feira de negócios destinada aos profissionais da moda reuniu, em fevereiro último, no Pavilhão Nord Villepinte, nos arredores de Paris, fabricantes de seis grandes grupos que atendem essa indústria em toda a sua complexidade: fibras/fios, tecidos, couro, design, acessórios e manufaturados. Nessa estação, 55.025 visitantes compareceram ao encontro para conhecer os desenvolvimentos propostos por 1.725 empresas, sendo que o Première Vision atingiu a marca notável de 73% de visitas procedentes do exterior. O desafio, no entanto, conforme frisava a direção do evento, estava justamente em vencer obstáculos reais, tais como: a volatilidade do contexto internacional, que poderia afetar a presença dos visitantes; a complexi-
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dade política e econômica internacional, que tem impactado sobre os resultados industriais e ambientais. Isso sem contar o tema da segurança, o palpável desaquecimento da economia global, que, entre outras consequências, exerce influência negativa sobre o mercado de luxo. Importante ressaltar o fenômeno crescente da concentração da produção de artigos de vestuário em um número cada vez menor de empresas, o que leva a uma redução na variedade de players nesse importante segmento da indústria mundial. Vale lembrar que o Brasil – onde o Première Vision tem marcado presença nos últimos anos com a realização de feiras em São Paulo por algumas temporadas – é citado, juntamente com a Rússia, como um dos países
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do grupo dos emergentes que atravessam por reais dificuldades econômicas. A China, segundo o Première Vision, apresenta um quadro de crescimento menos sustentável. Conscientes dessas dificuldades, que não poupou o setor da moda, os dirigentes do evento afirmam que os profissionais investiram na participação do encontro que leva ao mercado as mais recentes novidades no campo do design e da tecnologia têxtil.
VERÃO 2017
O tecido mais difundido do planeta fashion merece uma área especial no Première Vision Paris. Fabricantes asiáticos (Japão, Índia, Taiwan, Hong Kong) e da Europa marcam presença ali, levando seus lançamentos a um mercado que, a despeito do quadro econômico mundial atual, mantém o nível de competitividade e relativo grau de investimento em novos desenvolvimentos. O Upper Jeans, instalado no Hall 6 do parque de exposições onde o Première Vision se realiza, foi criado para atender à demanda de marcas de moda interessadas em dar mais atenção ao jeans em suas coleções. Os organizadores da mostra lembram que é notável o destaque dado ao jeanswear pela grande maioria das marcas de moda em todo o mundo. “Nenhum dos principais designers e das grandes marcas deixam de lado o jeanswear de suas coleções. O denim tem conquistado espaço cada vez mais significativo no mercado contemporâneo”. A ideia é levar para esse espaço reservado ao denim os grandes fabricantes, bem como as lavanderias e empresas de acabamento que atendem a todo o setor.
ARTESANAL Mas há uma área muito especial a ser visitada e desbravada pelo visitante do Première Vision Paris. A cada edição, o evento tem reunido um grupo de criadores que alicerçam a produção exclusivamente em técnicas artesanais. Conhecido como “Maison d´Exceptions”, o espaço traz o que os organizadores apresentam como uma celebração ao artesanato e a excelência daquilo que é o mais atual no campo da criação. Na edição de fevereiro último, 29 ateliês se apresentaram com aquilo que representa suas especialidades: tecelagem artesanal, crochê, tricô, técnicas em tecidos, revestimento de couro, bordados, acessórios, entre outros. Tudo para dar o toque final e personalizado à proposta de criação de marcas atentas à proposta mais autoral.
Fotos: Divulgação
Três diretrizes marcam as propostas apresentadas nos fóruns de tendências do Première Vision em Paris: Requinte Rudimentar (beleza e imperfeição não são incompatíveis e tal combinação pode fazer a diferença), Gentilmente Irreverente (porque é possível vestir um clássico com pitadas de bom humor, com elegância e atitude) e Romantismo Experimental (Equilíbrio entre ciência e poesia, técnica e emoção, para criar formas graciosas com DNA esportivo). A temporada é marcada pela combinação surpreendente entre tecidos e cores para chegar a resultados que fujam às convenções. A tecnologia ancorada em bases sustentáveis permite que os materiais ofereçam atributos que os associem ao bem estar, com características estéticas absolutamente conectadas com a informação de moda e life style. As coleções, por meio de seus tecidos e todos os componentes que dão forma e vida às múltiplas linhas de produtos, apostam em combinações surpreendentes e em elementos que as associe à proposta sustentável – com apelo orgânico ou não – sugerida pela moda em sua esfera mais ampla. Por meio de seus fóruns, o Première Vision mostra que a realidade é feita de engajamento às novas causas e desafios que se apresentam, de tom humano e/ou humanitário, com viés prático ou conceitual, econômico e cultural. E a moda, por sua imensa flexibilidade e poder de difusão, é veículo condutor de todas as novas ideias e ações.
UPPER JEANSWEAR
Maison d´Exceptions reúne designers e artesãos com propostas que podem complementar criações autorais
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Fotos: Divulgação
Júlio Viana: “a feira é um recurso que tem muita eficácia”
Construção do mercado fashion Duas décadas de experiência com feiras dão a Júlio Viana a visão de negócios que pode ajudar fabricante e lojista driblarem obstáculos do mercado, impostos pela atual conjuntura Por Eleni Kronka
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mpresário experiente e escolado pelo sobe e desce do mercado interno brasileiro, Júlio Viana, diretor da Feira Nacional da Indústria da Moda – Fenin, concorda que a atual crise política causa impacto forte sobre a economia e o mercado. “Quando uma for solucionada, a outra parte também encontrará o seu caminho”, comenta. Enquanto isso, Viana assiste a mais uma prova do poder de adaptação do empreendedorismo brasileiro, que busca saídas para manter vendas e a superar os muitos desafios. “Nesse setor, há empresas que estão muito mal, outras que estão medianamente bem e outras que vão muito bem”. Qual o segredo para ir bem, mesmo no meio do vendaval? “As empresas capitalizadas podem comprar, pagar e também negociar preços. Como o pagamento é de certa forma garantido, os fornecedores aceitam as condições da negociação”. Júlio Viana, que completa 20 anos na realização de feiras de moda com a “bandeira” Fenin, afirma que há muitas empresas que adiam a decisão de participar desses encontros comerciais devido à insegurança do mercado. “A participação é necessária, pois a feira é um recurso que tem eficácia”,
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acrescentando que se trata de uma fonte de difusão de informação sobre a moda da respectiva estação. Com edições na paradisíaca Gramado (RS) e em São Paulo, a Fenim oferece edições de inverno e verão. “A feira de São Paulo vende bem. Mas Gramado é um estouro!”, comemora. Para atingir resultados, o executivo investe na infraestrutura do local, no receptivo, na hospedagem, no convite aos compradores. “Lojistas de todo o Brasil vão a Gramado e a São Paulo a convite da Fenin. Ali fazem suas compras para a estação e retornam na temporada seguinte”.
HORA DO PEDIDO O câmbio é um fator que preocupa os empresários. “O varejista diminui as compras ou deixa de comprar da China e passa a adquirir o produto nacional, o que é muito positivo”, assinala, observando que o lojista que deixou de fazer os pedidos na feira terá que se abastecer na pronta-entrega. “Ou ainda, caso todos buscarem o abastecimento no mercado interno faltará produto”. O fato é que, segundo Júlio Viana, as margens de preço diminuíram. “Quem ganhava dez na venda, agora ganha um”, compara, assegurando que por isso “as compras estão mais programadas e pensadas, sem impulso e emoção”.
REALIDADE DE MERCADO O diretor da Fenin comenta que as semanas de moda são importantes e contribuem muito para a comunicação da informação de moda que chega na forma de produto ao ponto de venda. “Os desfiles estimulam o consumidor à compra no grande mercado de massa”. Viana destaca que os polos de moda pelo Brasil se beneficiam muito com essa mobilização. “Brás, Bom Retiro, Toritama, Caruaru, Goiânia e o oeste de Santa Catarina, bem como o norte do Paraná, entre outros, recebem a influência das passarelas, o que é bom. Aí nesses polos há muitas vendas acontecendo”. O empresário comenta que os lojistas compram das confecções desses polos, ao mesmo tempo que as marcas formadoras de opinião também se dirigem para lá em busca de confecções para suas coleções. “A produção local volta a ser atrativa”, assinala. No entanto, ele lembra que ainda há importadores que mantêm os pedidos em fábricas chinesas. “Esses são grandes distribuidores, com alto volume de compras, que ainda encontram condições de vantagens oferecidas por fornecedores chineses”. O fato, segundo Viana, é que “o mundo
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ficou pequeno”, acrescentando que não há espaço para improvisos. “As equipes trabalham muito alinhadas, com pesquisa e desenvolvimento de produto. O profissional da confecção viaja para Nova York e Paris e até para a China e retorna ao Brasil fazendo as adaptações ao gosto e à cultura local. Não há espaço para aventureiros; é preciso ter pés no chão”.
CALENDÁRIO 2017 Para atender esse mercado inquieto, Júlio Viana confirma a realização da Fenin do Verão 2017 para o período de26 a 29 de junho, no Anhembi, juntamente com a Francal. De 5 a 7 de julho, será a vez de Gramado (RS) receber as coleções do verão. Em janeiro de 2017, São Paulo recebe o Inverno 2017 (de 15 a 17), seguido por Gramado (24 a 27). “Alguns empresários sugerem que eu faça uma espécie de Preview de inverno em novembro, visando aos lojistas que têm redes com 15 a 20 lojas, oferecendo a eles a oportunidade de programar com tempo as compras da temporada”. Júlio Viana justifica: “Quem trabalha com grandes volumes precisa trabalhar com antecipação, ao mesmo tempo em que o confeccionista não teria que percorrer o Brasil para ir ao encontro desse grande comprador: a feira promoveria essa aproximação”.
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DUO CORE
A união dos fios LYCRA® e Lasting Fit T400®, recobertos com algodão, dá origem a um denim de alta performance, com a recuperação do stretch, ajuste com perfeição ao corpo, toque suave e macio. Entre suas características, o alto controle da elasticidade com várias possibilidades de composições, pesos e tonalidades.
CANATIBA.COM.BR/DUOCORE
Fotos: Divulgação
+moda masculina
O Jeans Brilha O jeans continua sendo ícone da moda e alavanca para mudanças nas passarelas e ruas mais influentes do planeta Por André do Val
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e a personalidade da calça jeans remete originalmente à rebeldia e ao anti-conformismo dos rockabillies, as grifes internacionais têm tentado cada vez mais aproximar este material (antes visto como grosseiro) do universo do luxo e das peças únicas.
Um exemplo é a Valentino, em que os estilistas Maria Grazia Chiuri e Pierpaolo Piccioli seguem olhando para outras culturas para criar os motivos de suas coleções e os temas de suas campanhas.
Pharrel Williams, aqui ao lado da mulher, Helen Lasichanh, veste blêizer no melhor estilo Chanel - ele que tem sido rosto e corpo da griffe nas últimas temporadas, ao lado de Cara Delavigne
Ítalo Zucchelli, por sua vez, mostrou no desfile masculino da Calvin Klein, em Milão, um jeans branco alvo, pincelado com tinta dourada, fazendo uma ponte entre a moda de rua e a passarela.
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Na Burberry, Christopher Bailey propõe um uso inspirado nos anos 1970, com o blue jeans bem desgastado, sapatos mocassim do tipo “driving shoes” e um agasalho esportivo vermelho de paetês.
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Por um lado são criticados pela militância da apropriação cultural, que os acusa de tomar o trabalho de um determinado povo ou comunidade (neste caso, uma tribo nativa dos EUA, os Navaho) sem dar o devido crédito. Por outro lado, o resultado final apresentado na temporada de inverno 2017 por Valentino, em Paris, é realmente impressionante, nos bordados de linha, miçangas, pedras e tachas sobre base de jeans descolorido.
QUAL SERÁ O SEU?
André do Val é jornalista de moda e consultor de estilo masculino, professor e palestrante de moda masculina. Cobriu as temporadas de Londres, Milão, Paris e no Brasil todo, trabalhou por muitos anos no site Chic, de Gloria Kalil e no site Erika Palomino. Atualmente é editor do Petiscos, de Julia Petit. Além do próprio site www.andredoval.com.br
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A Lectra ajuda empresas de moda e confecção a otimizar seus processos e implementar projetos de mudança envolvendo toda a cadeia de valor. lectra.com
Marca 69. Foto de Fernanda Calfat
+dossiê
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E
le já assumiu as mais diferentes formas: muito amplas, fazendo o tipo clochard, ou extremamente próximas ao corpo, redesenhando a silhueta das pin ups. No formato baggy ou semi-baggy, marcou presença nos anos 1980, sugerindo cintura alta para alongar o corpo. Na década seguinte, o cós escorregou tanto que a cintura feminina sumiu...
Quase simultaneamente, num movimento de resistência e inteligência, a calça engineered para os homens mostrava que modelagem é trabalho pra quem entende do riscado. Funcionou tanto, com seu corte despojado e muito confortável, que as mulheres logo adotaram para elas a versão boyfriend. A engenharia do jeans deu passagem, na atual década, à tecnologia das lavagens e a esse tema dedicamos parte da presente edição do World Fashion consagrada ao denim, o tecido que gira o mundo e constitui o elo mais forte da cadeia têxtil nacional.
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Fotos: Divulgação
+dossiê MIXTER Exibicionistas e extravagantes, colocam-se no centro das atenções. O espírito crítico dos anticonformistas e anti-trendies acabou por se tornar a tendência. O denim é suporte de protestos, o corpo é o veículo, seja em formas amplas ou extremamente aderentes com máximo stretch.
POSH Espécie de luxo low-tech, clean, nobre e refinado. Integra arte e design com em norm core tecnológico. O dress code é simples e impecável, com produtos elaborados, melhores acabamentos e refinamento da linha denim couture.
DENIM SEM FRONTEIRAS O comportamento do consumidor contemporâneo serve como vetor principal para direcionar as propostas de criação desse que continua sendo o principal segmento da indústria da moda
Por Sueli Pereira
A
apresentação de tendência verão 2017 traz as direções de estilo a partir de uma visão de contexto de mundo, tendo por base a configuração das questões sociais, econômicas, culturais, ambientais. Estamos atentos a como elas se manifestam e de que forma dão origem aos códigos da arte, da arquitetura e da moda. Acreditamos que a estética e a ética caminham juntas e, assim, a moda torna-se a mais forte expressão de seu tempo. A escolha dos temas – Global Archivist, Mixter e Posh – para a temporada comprova que o consumidor amadure-
ceu em suas escolhas, estando atento ao que virá a longo prazo e dando prioridade, sempre, ao bem-estar. Há uma espécie de releitura para o que chamamos de luxo, pedindo que agora ele seja lowtech, clean, nobre e refinado. A arte é bastante valorizada nesse momento, juntamente com o design, mas com um olhar norm core tecnológico. Isso é, a tecnologia está aí, é importante e indispensável, mas surge como elemento integrado do processo de criação, e não como algo que rouba a cena. O consumidor sabe que as inovações estão a seu serviço, como um facilitador da vida
moderna, num “pós fascínio tecnológico”. O dress code é simples e impecável, com produtos elaborados, melhores acabamentos e refinamento do denim contemporâneo. Sabemos que é preciso estar de olho nas chamadas gerações Z e Milenium, que vêm para quebrar barreiras e paradigmas. São anticonformistas e antitendências. Nessa proposta, vale tudo: retrô, especialmente dos anos 80; cultura das celebridades e subversão. Exibicionistas e extravagantes, sempre postam selfies de alta visibilidade nas redes sociais. São espi-
rituosos e ativos políticamente, mas não são porta-vozes coletivos. Propõem subversão com humor, usam símbolos e slogans com potência. Individualizam e personalizam tudo. São artistas de suas próprias vidas! Atravessamos um tempo de transformações: o mundo fica mais interligado e as fronteiras se diluem. Buscamos maior leveza e menor rigidez: idades, etnias, gêneros e estilos. O jeans permanece um elemento legítimo e perene, por proporcionar um suporte para as muitas diferenças. O jeans unifica, consagra e individualiza todos os estilos.
Sueli Pereira - Especialista em denim. Colaboradora world fashion desde as primeiras edições. Formada em jornalismo, pós graduada em historia da moda e indumentária, MBA em gestão empresarial GV.
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Marca R13
NAS PASSARELAS DE NOVA YORK Nova York é e continuará sendo a grande metrópole e influente referência por muitos motivos, entre os quais, pela inquestionável “vibe fashion”. É para lá que todos os olhares se voltam a cada temporada de lançamentos, na busca dos novos códigos da moda – inclusive para o jeanswear. Nesse sentido, duas marcas merecem destaque: a 69 e a R 13. A primeira tem sua base em Los Angeles, na Califórnia, e a provocação à base do bom-humor está no seu DNA. As formas são pra lá de “extra large” e o styling da passarela faz questão de fugir do convencional. Na recente apresentação de outono, cabeças e rostos dos modelos estiveram totalmente cobertos por franjas feitas de denim. A justificativa do designer da marca era: 1º Fazer com que as roupas (XL) vestissem todos os manequins; 2º “Ocultar” os rostos, para que as atenções fossem totalmente para as peças. Detalhe: o criadora da 69 não revela a própria identidade, preferindo permanecer anônimo... A marca R13 tem raízes bem fincadas no território em que dominam o punk londrino e o grunge de Seattle, tudo bem orquestrado pela fashion designer Chris Leba. Ela, que tem na bagagem 20 anos de experiência adquirida na grife Ralph Lauren, assumiu a direção criativa da R13 em 2009. Apesar de afirmar que adora os clássicos norte-americanos – muito bem representados por Ralph Lauren –, suas atuais referências trazem para a cena os jeans lavados e desgastados, rasgados e com silhuetas que vão do amplo ao skinny, sempre associados com as malhas de cashmere e mohair, destruídas e displicentemente combinadas. (E. K.)
Marca 69
GLOBAL ARCHIVIST Pessoas seguras sobre suas escolhas e estilos de vida de baixo impacto, unem visão global e respeito às culturas locais. Valorizam a origem do produto, o artesanal, a versatilidade e a longevidade, sem perder o conforto e a fluidez.
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Fotos: Fernanda Calfat
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O jeans no inverno de
NYC O cenário invernal da Big Apple não é impedimento para que o jeans circule livremente pela paisagem urbana da metrópole mais influente do planeta Textos e fotos por Andrea D'Andrea
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Jeans superlavado permite combinações high-lo
Efeitos de superfície continuam em alta
A camisa em denim leve aceita o mix com saia de tule
M
A J. Crew aposta num novo básico, tanto no feminino quanto no masculino
Na Armani Exchange, a listra fina aparece como diferencial da estação
Vestido com desbote localizado é diferencial da Anthropologie
J.Crew propõe a variação em torno do mariner, valendo-se da combinação entre branco, preto e cáqui
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esmo com as baixíssimas temperaturas que assolam NYC, as ruas seguem coloridas do azul das calças jeans, que mostram não temer neve nem vento gelado. Algumas marcas se adaptam ao frio e usam flanela e fleece no lado de dentro das calças, para aquecer o consumidor que não abre mão do jeans nem nessa época do ano. Nas badaladas Madison Avenue e Fifth Avenue, as calcas skinny e slim dão as caras para satisfazer quem se arrisca a sair de casa mesmo com termômetros abaixo de zero, bem como dão as caras nas vitrines, que já mostram a coleção primavera/verão, confirmando que, independentemente da estação, o jeans impera e reina sem se abalar com calor ou frio. O que se vê por aqui são calcas justas, que terminam na altura do tornozelo, nem que para
Vem do Oriente a referência para este look da Anthropologie
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Anthropologie apresenta vestido com mix match feito em denim com diferentes acabamentos
isso seja preciso dobrar a barra. Parece coisa do passado, mas voltou com tudo: nada de fazer a bainha com costura. A moda é virar para cima o que esta sobrando e deixar a calça cobrir somente até o final da perna, sem descer ate os pés. A consultora de imagem e estilo Marcia Crivorot, que mora e trabalha em NY, afirma: “Apesar de encontrarmos todos os estilos aqui, o jeans do momento é cropped (mostrando o tornozelo)”. A vantagem desse modelo, segundo ela, é poder usá-lo com salto alto, sapatilhas, slippers ou tênis. “É a peça prática para se usar no dia-a-dia e também para levar em viagens”, assegura. O jeans branco e o azul mais claro aparecem com força total nas araras das lojas, dando o tom das calças, das camisas e dos vestidos. Tudo isso pra confirmar a força que o jeans tem no mercado da moda americana.
Pink ou blue, o jeans pode associar-se tanto à jaqueta básica quanto com o bleizer Chanel
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+dossiê
A lavanderia hoje Sustentabilidade, tecnologia, conhecimento e qualidade norteiam o segmento que se tornou um dos responsáveis pela renovação do jeanswear
Fotos: Divulgação
Por Henriete Mirrione
Paulo Rabelo da Benatêxtil de Fortaleza/CE
A
palavra inovação se tornou rotineira para as lavanderias, especialmente àquelas que buscam dar ao denim “a cara do jeans contemporâneo”. Nos últimos anos, essas anseiam ser mais sustentáveis, informadas e eficientes. Novos maquinários permitem utilizar menos insumos, aumentando a qualidade e a produtividade. No entanto, essas empresas estão buscando estar por dentro do que acontece no mundo, e não é só no da moda, para se adequarem às novas necessidades dos clientes. “Cada empresa procura se diferenciar da outra, fazendo isso por meio de pesquisas de campo, por viagens ao exterior, pela troca de informações, objetivando ter inovações internas tanto em processos manuais, químicos, quanto com a fabricação de um maquinário, por exemplo, no desejo de encontrar um diferencial competitivo”, comenta o diretor da Benatêxtil, de Fortaleza, Ceará, Paulo Rabelo.
diversos acabamentos da GB Lavanderia de Colatina/ES
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+dossiê RECICLAGEM E QUALIDADE Para a lavanderia Comask, de Sorocaba, interior paulista, por exemplo, que realiza pesquisas semestrais em feiras internacionais e visitas a fornecedores de equipamentos com a finalidade de se manter sempre atualizada, a sustentabilidade é uma grande preocupação. “Trabalhamos com ozônio há muitos anos. Hoje já existem outros equipamentos que se somam a ele:
máquinas de tingir que utilizam um terço de água do que as anteriores, por exemplo. O jato de gelo substitui o jato de areia, e, mais recentemente, tecidos inteligentes que, na lavanderia, apenas com o uso da máquina laser, possibilitam reproduzir os efeitos de desgaste bem brancos, o que antes só possível com a aplicação de permanganato de potássio”, explica o diretor comercial da Comask, Fábio Américo Leme dos Santos.
lavanderia Clarear, de Londrina
Quanto ao custo de uma peça denim, vai depender de vários fatores: localização, produtos utilizados, complexidade das lavagens e até se todos os funcionários são devidamente registrados, etc. O preço de uma lavagem pode representar de 10% a 50% do custo total do produto final. Dentro das empresas, o rendimento do produto ainda é realizado por lotes (calculado por quilo) ou individualmente. “A produtividade precisa ser alta para otimizar custos. Numa lavanderia especializada em lavagens diferenciadas, por exemplo, uma técnico chega a produzir mil peças ao mês. Os pedidos dos clientes vêm por lotes, porém, em lavagens muito artesanais, as peças precisam ser tratadas individualmente, tendo cada item pequenas variações que fazem com que cada peça seja única”, explica o diretor comercial da Comask.
Já para a Pluma Lavanderia Industrial, empresa de Cianorte, no Paraná, “qualidade” é a palavra de ordem no momento. “Entendemos que nosso mercado vem sofrendo com a atual realidade financeira. Assim, além do foco constante em inovação e na customização do denim, acreditamos que o cliente final não se encanta apenas com o visual, mas também com a qualidade do tecido, da costura e, principalmente, com o conforto”, conta o gerente comercial e de desenvolvimento da lavanderia, Alisson Goes. E o que é necessário para manter uma lavanderia moderna hoje? “Uma lavanderia eficiente necessita de equipamentos de ponta adequados à sua produção e, principalmente, de uma equipe de técnicos com experiência no ramo, bem como de mão-de-obra qualificada e comprometida com o trabalho, que exige muita atenção e dedicação”, diz o diretor comercial da lavanderia Clarear, de Londrina, Laércio João Rockenbach.
VIRADA SUSTENTÁVEL “Acredito que o Brasil está entre os dez melhores do mundo em customização. Há uma diferença grande entre lavanderias e empresas de customização. As lavanderias sofrem com a crise, enquanto as indústrias de customização inovam e mantêm seus números”, afirma Vinicius Azevedo, designer de atendimento do Grupo GB, empresa capixaba com escritório central localizado no Brás, em São Paulo, que, assim como outras do mercado, trabalha com maquinários como laser, ozônio e linha de zero água.
TOP Atualmente as lavanderias brasileiras também se destacam pela qualidade e pelo conhecimento técnico, niveladas às melhores do mundo. “O Brasil evoluiu muito nesse segmento, permanentemente buscamos informações e equipamentos em outros países, principalmente na Europa. Com o tempo, vimos que já não há muitas novidades que não dominamos”, atenta Rockenbach, da Clarear.
desenho a laser da GB Lavanderia de Colatina/ES
Pluma Lavanderia Industrial de Cianorte/PR
Vale salientar que as lavanderias brasileiras não têm trabalhado com capacidade máxima e encaram de frente a crise atual. “As lavanderias brasileiras trabalham com 70% da capacidade, dada a retração do mercado em 2016”, salienta o diretor da Comask, Fábio Américo Leme dos Santos. “Algumas empresas estão se unindo, como é o meu caso, com o melhor
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de cada uma, para atravessarmos este momento com o menor impacto possível!”, avalia Maria Teresa Oliveira Mendes Monteiro, diretora da paulista Lavanderia Atlas. “O empresário brasileiro é empreendedor e criativo, acostumado a lidar com ‘altos e baixos’. Temos jogo de cintura para seguir em frente”, finaliza a empresária.
peça acabada da GB Lavanderia de Colatina/ES
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Apostas da temporada Tecelagens de grande porte mostram-se cada vez mais antenadas com as passarelas, apostando num mercado muito preocupado com o impacto sobre o meio ambiente e o custo de produção Por Eleni Kronka ELASTICIDADE E CONFORTO
A Vicunha aposta na linha Stay Black, que acompanha a tendência do uso da cor preta em looks contemporâneos e cheios de estilo. Os artigos são produzidos por meio de uma seleção especial de corantes, com excelente penetração na estrutura das fibras e acabamento exclusivo, garantindo a solidez da cor. Integram a família quatro artigos de brins com construção e pesos variados: Color Jeans Stretch Plus (9,5oz), Comaneci (8oz), Beatrice Power (8oz) e Ska Plus II (9,2oz), resistentes a diversos tipos de lavagens sem perder a tonalidade original. Com alta elasticidade, são perfeitos para shapes modernos e urbanos e podem ser usados em diversos segmentos, além de se diferenciar pelo toque e conforto. Os artigos foram apresentados no início de fevereiro pela Vicunha na Munich Fabric Start, na Alemanha, ao lado de outros lançamentos, tais como: o Bi-Stretch Denim Fitness (stretch multidirecional), a linha Shirting Collection (em composições de Tencel®), o denim Stanley (5,8oz) e o brim Melissa (5,9oz). A participação da Vicunha Têxtil na feira alemã tem como objetivo reforçar a presença da empresa no mercado internacional. O evento reúne expositores de todo o mundo para apresentar as novidades mais quentes em lançamentos, lavagens e tecnologias no universo do denim.
A elasticidade e conforto do Hiperflex, os denins leves para alfaiataria, a construção sustentável da linha Hi-Comfort e a performance Duo Core estão entre as apostas da Canatiba para o verão 2017. Para a temporada, a empresa traz mais de 150 lançamentos. Com 98% de algodão e 2% de elastano, o Hiperflex é o denim ideal para um verão urbano e funcional. O tecido se destaca pela sua elasticidade, muito indicado para a confecção de shorts e bermudas, com total liberdade para lavagens detonadas e efeitos puídos em lavanderias. Os tecidos de menor gramatura são
DENIM COUTURE COM MÁXIMA FLUIDEZ
Caimento perfeito, fluidez, performance e toque macio, tudo associado à tecnologia e alto poder de strech marcam lançamentos Santista
VERÃO VERSÁTIL E FLUIDO
Novidades da Vicunha para o verão 2017 tiveram lançamento simultâneo no Brasil e em feiras internacionais
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indicados para os cortes de alfaiataria como camisas, coletes e jaquetas. Além das construções em 100% algodão e misturas com fibras de Tencel® e Modal®, o Hi Comfort também está entre os destaques do verão 2017, aliando resistência com maciez e extrema suavidade. Seguindo o seu compromisso de disseminar a cultura denim, a Canatiba disponibiliza aos clientes, a cada 1,3 m de denim Duo Core, uma tag que informa o consumidor sobre as características do tecido com fios Lycra® e Lasting Fit T400®, recobertos com algodão que conferem o alto controle da elasticidade sem deformação das peças.
A Capricórnio Têxtil lança a coleção Verão 16/17 com artigos leves, tingimentos inovadores e larguras maiores. São quatro artigos leves: três com peso para camisaria e outro com 7 onças, em duas cores que permitem ampla gama de lavagens, desde os amaciados com o clima 70´s até o delavê. Na linha, destaque para os artigos Nut (tela) e Thot (sarja), com 5,5 onças, em 100% algodão, na cor Deep Blue. Os tecidos Elba (sarja 6,5 onças) e Gavi (7 onças), em algodão, poliéster e elastano, surgem na cor Sky Blue (azul elétrico e brilhante). O Vulcano (sarja de 9,5 onças, 100% algodão) tem visual vintage. O efeito cross dá continuidade à cor Fountain Blue. O tom de-
Summer Blue, com artigos que trazem os tons azuis médios e claros, é a linha mestra do Verão 2017 da Santista S. A. Destaque para os artigos Tri-blend® Willow e para o Fly Denim, inspirados na naturalidade e suavidade dos movimentos. Na busca do conforto, surgem os artigos Flight, Skitter e Wing. O Fly Denim é caracterizado por caimento e fluidez inigualáveis, além da cartela composta por tons médios, indicados principalmente para o público feminino. Nesta família, o artigo de maior destaque é o Flight. Já os artigos da família Free são
senvolvido em puro índigo, através de um processo de tingimento, permite lavagens com altos contrastes em costuras e proporciona maior facilidade nos processos de lavanderia, com economia de água, tempo, energia e mão de obra nas lavagens. O resultado é uma marcação de costura mais rápida em todos os processos, trazendo benefícios ambientais e redução da ordem de 30% em lavanderia. Outros lançamentos da temporada com larguras superiores a 1,65m são: o Cannes (8,5 onças, em algodão, poliéster e elastano), o Chamonix (9 onças, em algodão e elastano) e o Lyon (sarja 3x1, com 10oz). O Soho (8,5 onças) vem na linha Intense Black, com largura de 1,45 metro.
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Conforto do Hiperflex, construções sustentáveis do Hi-Comfort e performance do Duo Core são atributos dos denims da Canatiba
marcados pela alta performance, pelo toque macio e pela recuperação, com destaque para o tecido Tri-blend® Extreme, que apresenta power de 60%. Para segmento masculino, Hype é produto maior densidade e peso, e alto poder de stretch, mas o mercado feminino, segundo a gerente de marketing Sueli Pereira, tembém tem absorvido bem este produto. O Verão 2017 da Santista vem com grande variedade de produtos para atender a clientes da América do Sul, com uma gama que traz desde os autênticos denims, passando pelos tecnológicos, aos mais sofisticados produtos da série Denim Couture® by Santista.
Fotos: Divulgação
AÇÃO INTERNACIONAL
A diversificada linha da Capricórnio confirma a aposta nos tecidos leves para o verão 2017
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Quando o assunto é moda, a solução tem que ser
sob medida.
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indústria edição 152
varejo
franquia
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+acontece mundo
O jeans dá as cartas no varejo europeu DENIM VAREJO: Revival 70/80 + Fast-Deluxe + Híbrido. Texto e fotos por Daniela Burity Macacão Cigarrete cropped + Camisa estampa a laser camuflado
A
s marcas ligadas ao fast fashion estão trabalhando com diretrizes bem determinadas para o Verão do Hemisfério Norte, nesse momento. São elas: anos 70/80, numa perspectiva back from the past (que propõe o resgate do passado por meio das formas), a personal-customização e o vestuário híbrido. A indústria da moda regressa aos anos 70/80 resgatando silhuetas agigantadas e formas desproporcionais que envolvem e protegem. O neo conforto vem em construção equilibrada, que evoca tanto o passado como o techno-fast da contemporaneidade. Novas formas são reavaliadas e adaptadas para uma nova era, a do bem-estar e do estar bem. É o que propõe a tendência mainstream das marcas de luxo. A inglesa Topshop inova e encanta consumidores criando um senso estético de identidade, do sentir-se único e especial. Aposta na personalização, num serviço pop-up para que o jeans seja customizado. A flagship da marca, na Oxford Street, em
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Londres, disponibilizou um serviço de bordadeiras no período de 28 de janeiro até 28 de fevereiro.
NOVO DIRECIONAMENTO O híbrido marca nova direção criativa ao mercado varejista. A estrutura inovadora é formada pela mistura de matérias-primas ou tendências presentes em apenas uma peça de vestuário. Isso amplia as possibilidades no desenvolvimento das coleções. Essa deliciosa brincadeira modifica a anatomia do vestuário e transforma a monotonia em infinita inspiração. Pesquisar o denim é constatar a nobreza de uma matéria-prima que contém alma, que se aperfeiçoa e se transforma ao longo de quase 150 anos, contando história e renascendo a cada estação. Eclético, reflete o comportamento e o estilo de vida das gerações. Para ele, não há faixa etária, gender ou classe social.
JEANSWEAR PREVIEW SUMMER17: TENDÊNCIAS DE VAREJO Confira as informações para o Verão 2017, segundo as
propostas do varejo europeu nesse momento. Tendência: Anos 70/80; Neo Conforto; Híbrido; Alfaiataria Inteligente; Utilitário/Militar Moderno; Sportswear. Silhueta: em Chambray (blusa gola padre, bata, bustiê, camisaria, blusa cropped, blusa cut-out, camisa sem manga, top, frente única, tomara-que-caia, camisetão malha jeans, parka, blazer, trench-coat, colete-jaqueta, jaqueta cut-out, jaqueta bomber, microssaia, saia lápis, midi-saia, micro-vestido, short com cintura alta, short com cintura alta e barra dobrada do avesso e costurada, short clochard, vestido avental, vestido jardineira, bermudão clochard pantalona, bermudão-pantalona, macaquinho, macacão cigarrete. Calça: pantalona cropped, pantalona, skinny, cropped, boca-de-sino, flaire, high waist, semi-bag, maxi-bag, cintura alta ou na cintura, strinny (skinny + cropped), slim fit. Matéria-Prima: malha stone washed, chambray anarruga, denim orgânico, denim selvedge, denim raw azul,
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denim com maior porcentagem de elastano, gramatura de 7 a 10 onças. Híbrido: tricoline+chambray, malha jeans+chambray, jaqueta utilitária+sportswear, jaqueta sportswear+alfaiataria. Estampa a laser: Auto-relevo 3D, Listras verticais/ horizontais, risca de giz, geométrico, floral, cashmere, camuflado, pintura manual, de pingos escorregando, manchados, gráficos, desenhos e ilustrações. Aviamentos: cadarço cru, elástico aparente, botão pressão metálico, botão metálico, botão forrado de chambray, zíper de metal, colchete de metal, ilhós, meia-argola, argola, fivela de metal, pingente de franja, guipure de algodão e viscose, franjinhas, bicos e entremeios, passamaria, sianinha, ponto palito, gorgurão, vivo e cordão de algodão. Detalhes: bolsos chapados, bolso debruado, laise/cassa bordada, patch/colagem (emblemas militar/utilitário, pop art e emojis), patchwork, bordados (miçangas, vidri-
lhos e paetês), bordado à máquina, dragona, martingale, babado, franzido, transpassado, sobreposição, comprimentos diferentes, assimetria, mangas (4/8 e 5/8), manga raglan, pregas, prega-macho. Acabamento: corte a laser, desfiados, barra sem costura, barras dobradas; pespontos com fios grossos e cores contrastantes; construção de avesso e direito; recortes pespontados, recorte. Lavagem: degradê, aplicação metalizada – efeito de luz e encerada –, efeito de couro, destruídos, puídos e rasgados; retrô 80 acid-wash (mancha-pintura), oxidado, queimado, mofado, enferrujado, marmorizado, matizado, descoloramento: off-indigo (apenas as costuras ficam azuis, o restante da peça é branco), manchado branco com índigo e bicolor ou tie-dye, em preto ou outras cores também; avesso com cor contrastante. Cor: azul dark, cru, ocres, azul bic, azul claro, black, rosáceos, marrons e cáquis, verde-militar
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Híbrido de matériasprimas: Tricoline + Chambray
Selfridges: Denim Studio, Londres
Sobreposições de peças de vestuário em três tipo de Denim
Patch/Colagem em paetês + Pop patch/Colagem
Estampa a laser: Risca de giz e Jaqueta Revival 80
Jeans destruídos, super trend + Calça Encerada – Aspecto de Couro
Revival 80: Bermudão Pantalona + Azul Bic
Estampa Listras a laser + Pop patch colagem
Microvestido com bolso chapado + Calça Pantalona + Parka Fast-Deluxe: Personalização
Daniela Burity é trend tracker residente em Londres. Proprietária do TrendZ Bureau, especializado no varejo. www.trendzbureau.com Pesquisa de Jeanswear realizada pelo TrendZ Bureau em Londres nas principais lojas de varejo. Os dados foram cuidadosamente mapeados e obtidos nas coleções da high street do mercado europeu.
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+acontece brasil
Walter Rodrigues explica a Pirâmide de Desenvolvimento de Produto: Experimentação/ Busca pelo novo (10%), Aposta/Processo (30%) e Massificação do produto (60%)
Ideias que geram vendas Criado há cerca de seis anos, o Inspiramais tem feito com que a informação integre a linha de produção para se transformar rapidamente em negócios
Artisans Brasil apresentou calçados produzidos com tecidos de tear com fios de seda.
Forum do Inspiramais
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A
13ª edição do Inspiramais, dedicada ao Verão 2017 e o Inverno 2017, mostrou mais uma vez a maturidade do evento enquanto plataforma de lançamentos e de geração de negócios. “Vivemos um momento de mudanças e os empresários devem fazer um movimento contrário à inércia e ao pessimismo econômico: é preciso florescer, produzir, consumir, e fazer com que todo o movimento de produção novamente aconteça”, afirma o coordenador do Núcleo de Design da Assintecal, Walter Rodrigues. Realizado desde a sua criação, há seis anos, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo, e tendo recebido cerca de 65 mil visitantes, o Inspiramais, único Salão de Design e Inovação de Materiais da América Latina, muda de endereço já na próxima edição, marcada para os dias 27 e 28 de junho. O encontro se realizará no espaço Pro
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+acontece brasil Magno, à Rua Samaritá, 230, na Casa Verde. Com uma área coberta de 36 mil m², o Pro Magno é um edifício sustentável, que segue padrões internacionais de construção. Além disso, oferece bom acesso aos aeroportos de Guarulhos e Congonhas.
Bota de couro inteiramente trabalhada com detalhes de couro vazado
AÇÕES O 13º Inspiramais, realizado em fevereiro último, teve como destaques o artesanato brasileiro e projetos de sustentabilidade social e ambiental integrados à indústria da moda. Ao todo, 15 projetos destacaram a pesquisa Verão 2017/ Inverno 2017 de inspirações para os caminhos de criações para roupas, calçados, acessórios, joias e indústria de objetos de decoração. Entre os estilistas brasileiros envolvidos com o Inspiramais estão Walter Rodrigues, Isabela Capeto e Jefferson de Assis. “Buscamos no reaproveitamentos de materiais, na cultura popular brasileira e nos elementos naturais existentes na natureza soluções para o desenvolvimento de uma moda atual e com valor agregado”, explica Walter Rodrigues. Isabela Capeto, por sua vez, está à frente do projeto Ecodesign, que pensa design e sustentabilidade na moda. Nesse sentido, o Inspiramais apresentou, por exemplo, matérias- primas desenvolvidas com taninos vegetais, solventes à base d’água e produtos livres de cromo, desenvolvidos indústrias de calçados e acessórios. O projeto Saberes Manuais, por exemplo, segue trilhando o caminho para o novo luxo, que sugere um sistema sustentável para as pessoas e para o planeta, desenvolvendo com pequenas comunidades de artesãos do sul do Brasil matérias-primas com alto valor agregado. A consultora do Núcleo de Design da Assintecal, Flávia Vanelli, ligada ao estúdio RatoRói, lembra que para o Verão 2017 o foco são as soluções que possam ser rapidamente incorporadas pelas pequenas e médias indústrias. “Trabalhamos com fibra de banana, fio de algodão natural, sobra da indústria coureiro-calçadista, resíduos plásticos de indústria em geral, látex vegetal, aparas têxteis, solado de borracha reciclada, fio de seda provindo de casulos impróprios para a indústria, além do couro curtido com tanino vegetal”. A consultora coordena essa iniciativa, que articula artesãos em redes colaborativas, fomenta o cooperativismo, o comércio justo e o consumo consciente.
Isabela Capeto está à frente do projeto Ecodesign, que tem como foco design e sustentabilidade na moda
O design pode ser perfeitamente desenvolvido a partir de elementos naturais e seguindo diretrizes da moda contemporânea
MISCIGENAÇÃO A pesquisa coordenada pelo estilista Jefferson de Assis, para os projetos Mix By Brasil e Referências Brasileiras, buscou na miscigenação genética e cultural do País os elementos titulados “cor”, “improviso” e “coletivo”, para conduzir a temporada. O Mix By Brasil propôs a utilização do artesanato para a criação de produtos de moda, desenvolvidos com comunidades de Nova Esperança (PR), de Canoas (RS) e da Paraíba, das regiões de Ribeira de Cabaceiras e São João do Cariri – que trouxeram as criações dos mestres Zé e Manoel Carlos. Ambos utilizam técnicas de curtimento vegetal original do tanino.(E.K.)
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Fotos: Arquivo pessoal, Divulgação
por Edson D'Aguano
Diretor presidente da Consultive Holding.
www.consultive.com.br
Uma dúzia de bons motivos para você acreditar no além do horizonte... Uma dúzia de bons motivos para você acreditar no além do horizonte... 1.
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Você é capaz de acreditar, de verdade, numa virada de jogo e pensar, além do equilíbrio obrigatório do PCC (Produto, Comercialização e Comunicação); como raciocinar em termos de novos conceitos de negócios na sua empresa com insights de inovações capazes de atender com quali e quanti de serviços as necessidades e desejos dos seus clientes de maneira não-convencional? Você acredita nisso? Você é capaz de acreditar, mesmo, em formas de mudanças não ortodoxas e tampouco não sonhadoras, porém otimizantes, de revolucionar ou pelo menos revigorar, contra tudo e contra todos, o modus-operandi, já ultrapassado e encravado, do pensar e agir que domina a cabeça da sua equipe; mudanças estas que devem ser realizadas de imediato, ainda que não sendo pelo amor, que seja pela dor? Você acredita nisso? Você é capaz de acreditar, pra caramba, na sua mudança de ser não-linear e se tornar um mutante anti-mesmice, de ideias audaciosas e inovadoras, pró-otimização do maior desafio da sua empresa nos dias de hoje, que é a crença e a busca da resultância, faça chuva ou faça sol? Você acredita nisso? Você é capaz de acreditar, sem medo de errar, que o mundo mudou, o cliente mudou, a vida mudou, o comportamento de consumo mudou, há horas, e que por conta disso tudo o caminho das pedras é uma gestão
de nova geração via Planejamento Estratégico (com foco na Execução) com pés, bumbum e joelhos no chão, sendo a única chance pró-competência de caixa, pró-rentabilidade de valor e melhoria contínua na sua empresa? Você acredita nisso? 5.
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Você é capaz de acreditar, na boa, que a sua marca (marca?), mesmo num mercado recessivo, possui ainda alguma chance de brilhar, um dia desses quem sabe, by image (Visibilidade) e by marketing share (Volumetria), em nível nacional, no ranking das vedetes do top branding do seu mercado alvo nos dias turbulentos e tempestivos de hoje? Você acredita nisso? Você é capaz de acreditar, sem erro, ao “cair as fichas”, que a era das vacas gordas acabou de fato ao final dos anos 00 encerrando assim um ciclo de demanda com sintomas de remotas chances de retorno e, se assim o for, apenas nos anos 20, e olhe lá , atestando, portanto, que a era do progresso já era e cedendo a vez para a era da revolução apesar das vacas magras? Você acredita nisso? Você e capaz de acreditar, cá entre nós, que até as marcas “lixentas” nascidas nos anos 70 (lembra?) que chegaram a exuberante adolescência durante os anos 80 (que saudade), e que alcançaram a maturidade brilhante nos anos 90 (quem diria) marcas estas que estão morrendo, hoje em dia, agonizando na alvorada “C.A.C.O.enta” dos anos 00 (meu
Deus) já ardendo, sem perdão, no fogo do mármore do inferno? Você acredita nisso? 8.
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Você é capaz de acreditar, de cabo a rabo, que durante muitas décadas, no nosso mundinho fashion, não havia mudanças, apenas ciclos de obviedades até o talo. Acreditar que as estações se sucediam; as gerações chegavam e partiam e mesmo assim rolava uma demanda incrível de consumo que neutralizava, por inteiro, a teimosia burra e míope anti-progresso das empresas e que, em sendo assim, a fila andava na boa? Você acredita nisso? Em tempo... Como já dizia Casemiro de Abreu: “Ah, que saudade que eu tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais...”
10. Você é capaz de acreditar, pelo sim pelo não, que os empresários tidos e havidos como os deuses da galáxia dos anos dourados, de outrem, rotulados que eram de experts fora-dacasinha só se deram bem na época porque o mercado estava na vibe da compra-que vem e não havia, portanto, necessidade alguma da venda-que vai como, aliás, tem que só ser assim nos tempos de agora? Você acredita nisso?
mórbido que pilota o mercado C.A.C.O. (4 I´s do Apocalypse Now), ou seja; A Intransigência, a Ignorância, a Impotência e a Incompetência e, mais ainda, por não conseguirem conviver, gerar e gerir num cenário reconfigurado pró-faxina total? Você acredita nisso? 12. Você é capaz de acreditar, pacas, que na sua gestão revolucionaria você é possuidor da voz da oportunidade, o campeão do não convencional, merecedor de uma visão penetrante e desobstruída típica dos revolucionários que anteveem e se preparam in totum para o que virá a seguir, seja o que for, quando for, quanto for, onde for, com quem for e especialmente como for? Você acredita nisso? 13. Você é capaz de acreditar, enfim, na mudança imperativa, obrigatória, inovadora, disruptiva, audaciosa e revolucionaria (já não era sem tempo) e mais que necessária a ser realizada no “jardim da alma” da sua empresa (mude o canteiro; as raízes jamais) de ontem para hoje, antes que seja tarde demais, com tempo hábil para uma recuperação mercadológica e jamais judicial? Você acredita nisso? Acredita mesmo? Tem certeza disso? Então beleza... Vamo que vamo...
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Você é capaz de acreditar, e que ninguém nos ouça, que estes sabichões, double nose da soberba, não estão saindo de cena, por espontânea vontade, e sim por conta exclusiva de não saberem lidar com o quarteto
Em tempo: Não abuse da sorte... Sorte é irmã gêmea da competência e filha legitima da humildade!!! A mudança não é invisível aos olhos... Quem viver verá!!!
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Mudanças do Mercado
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Desafios do Crescimento Sustentável
INSCRIÇÕES PELO SITE:
www.denimmeeting.com.br OU EMAIL:.
denimmeeting@guiajeanswear.com.br
Realização:
by:
Fotos: Arquivo pessoal, divulgação
por Marcelo V. Prado
Marcelo V. Prado é sócio-diretor do IEMI – Instituto de Estudos e Marketing Industrial
faleconosco@iemi.com.br
Vitrina ASICS da Oscar Freire/SP
A crise como fator de mudança no varejo de moda O panorama atual deve motivar empresários a refletir sobre novas estratégias de distribuição multicanal
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á muito tenho mencionado nesta coluna sobre o processo de transformação que vem se processando no varejo brasileiro de moda e que começa a dar mostras de aceleração, em meio ao atual momento do mercado. O estrangulamento do consumo, por conta da crise econômica, já não oferece mais o mesmo espaço para todas as bandeiras e formatos de varejo. Esse processo, já perceptível nas estatísticas apresentadas pelos estudos de mercado do IEMI, desde meados da década passada (2005 – 2006), se caracteriza, principalmente, pelo aumento da concentração das vendas de vestuário em lojas de departamento e redes especializadas em moda. Essas últimas, em muitos casos, operadas por grandes fabricantes do segmento, sempre em detrimento da participação das tradicionais lojas multimarcas. Esse processo não é um privilégio do varejo de moda do Brasil, uma vez que já ocorreu, ou vem ocorrendo há tempos, nos Estados Unidos e em países de maior poder de compra na
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Europa. Embora em cada um destes mercados possam ser observadas diferenças de intensidade e de formatos, grosso modo, o principal resultado desta transformação vem sendo a consolidação de grandes redes de varejo, através de fusões e aquisições, a sua expansão regional e um significativo ganho de participação relativa na comercialização dos produtos de moda, diante das pequenas lojas multimarcas (não organizadas em rede). É bom que se diga que este movimento não significa, entretanto, em nenhum destes países, o desaparecimento das pequenas lojas de rou-
pas, tão tradicionais no segmento e que exercem um papel importante na capilzarização da distribuição. Porém, além de reduzir a importância relativa deste canal, sobre o montante comercializado pelo varejo de moda nestes países, cada vez mais este tipo de varejo tende a ficar restrito a lojas de bairro ou periféricas, em geral com operação em ruas, ou galerias, mas sem condições de se sustentarem em Shoppings Centers, onde os custos operacionais são bem mais elevados. No Brasil, temos observado um processo bastante semelhante, em que as lojas independentes (multimarcas) – embora preservem até aqui a condição de principal canal de venda do varejo de vestuário, em volumes de peças, com 37% do total comercializado – já não são mais as que geram a maior fatia das receitas. Nos últimos dois anos, este canal foi superado pelas lojas de departamento de moda (ao qual se inserem C&A, Renner, Marisa, Riachuelo, etc.), que movimentaram, somente em 2015, uma quantia superior a R$ 55 bilhões. Outro efeito observado nesta transformação refere-se ao fato de que o pequeno varejo de vestuário opera hoje com menor giro nos produtos e
com preços médios de venda inferiores aos alcançados pelas lojas de departamento de moda, o que os impede, inclusive, de serem rentáveis nos principais Shoppings Centers do País. Se a sua marca tem distribuição focada estritamente no pequeno varejo multimarca, saiba que ela está posicionada em um canal que tende crescer sempre menos que o mercado, que pratica hoje preços inferiores aos de outros canais especializados e que oferece cada vez menos a oportunidade de expor a sua etiqueta em shoppings, que contam hoje com a preferência de mais da metade dos consumidores de moda, em especial os de maior poder de compra. Sem dúvida, a crise atual irá acelerar este processo de transformação e, mais do que nunca, é hora de pensar em uma estratégia de distribuição “multicanal”. Pense nisso e boa sorte!!!
INDICADORES ECONÔMICOS Voltando ao vestuário, a venda do comércio varejista teve aumento no mês de novembro. Em volumes físicos a alta foi de 6,4% e, em valores de venda, de 7,3%. No acumulado do ano, de janeiro a novembro de 2015, houve queda de (-)5,1% nas receitas e de (-)8,4% nos volumes. A produção nacional destes artigos, em número de peças confeccionadas, teve recuo de 7,7% em novembro comparado ao mês de outubro de 2015, acumulando no ano (Jan/Nov) queda de dois dígitos, chegando a (-)10,1% em 2015, sobre o montante produzido em 2014. As importações brasileiras de roupas, por sua vez, recuaram em 23,4% no mês de novembro, no ano, acumula queda de 5,2%. Já as exportações obtiveram alta de 6,7% no mês, porém, recuo de 11,6% no ano.
DESEMPENHO VESTUÁRIO
VARIAÇÃO NO MÊS 1
VARIAÇÃO ANUALIZADA 2
VENDAS NO VAREJO (R$)
7,3%
-5,1%
VENDAS NO VAREJO (PEÇAS)
6,4%
-8,4%
PRODUÇÃO INDUSTRIAL (PEÇAS)
-7,7%
-10,1%
IMPORTAÇÕES (US$)
-23,4%
-5,2%
EXPORTAÇÕES (US$)
6,7%
-11,6%
Fontes: IEMI / IBGE / SECEX
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(1) Agosto 2015 / Outubro 2015 (2) Janeiro-Novembro 2015 / Janeiro-Novembro 2014
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por Paulo Delegá
Paulo Delegá é diretor da Foto: Arquivo pessoal
Vendere, agência digital de criação para sites, redes sociais e marketing de conteúdo.
www.vendere.com.br
O Funil de Vendas Desenhar uma sequência de etapas, seja para a empresa seja produtos, contribui para criar um arcabouço lógico, sistematizando ações e otimizando recursos
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unil de Vendas é o nome de um modelo e um conjunto de técnicas de marketing e vendas que consistem em dividir logicamente o processo da venda em etapas ou fases numa sequência lógica. Dentro dessa lógica, vender consiste em conduzir o possível cliente por diversas fases. São elas: Descoberta (na qual o possível cliente descobre que o produto existe); Interesse (o cliente acha que o produto pode ser adequado às suas necessidades); Intenção (quando ele manifesta que pode comprar); Avaliação (ele testa o produto ou, pelo menos, verifica de perto detalhes técnico-comerciais), até chegar à Compra (quando negocia e fecha a compra). A metáfora do funil, cuja saída é menor do que a entrada, aplica-se porque a cada etapa vai diminuindo o número de pessoas que chegam mais perto de fechar o negócio. Suponhamos que o Brasil tenha 30 milhões de compradores de carros. Desses, só 3 milhões vejam os anúncios de um novo modelo, e destes, digamos que 300 mil achem o carro interessante. Dentre eles, consideremos que 30 mil vão a uma concessionária fazer um test drive, dos quais 3 mil acabem comprando o carro de fato. Uma sequência similar à do exemplo, de etapas determinadas de proximidade crescente por um número cada vez menor de pessoas por etapa – o Funil – pode ser encontrada para muitos outros produtos que não sejam de compra de impulso ou de valor muito baixo.
PROCESSO LÓGICO Desenhar essa sequência para sua empresa e produtos tem a vantagem de criar um arcabouço lógico para tentar transformar o processo de vendas de artesanato em engenharia, sistematizando e padronizando ações e materiais e estabelecendo quais são necessários ou supérfluos a cada etapa, para otimizar recursos. Um cliente na fase de Descoberta quer saber características gerais do
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produto, mas normalmente não precisa ainda saber em quantas parcelas pode pagar, enquanto um cliente em fase de Compra quer detalhes de pagamento, mas não precisa mais de referências e casos de sucesso, ele já viu isso numa etapa anterior. Ao sistematizar o processo de vendas pode-se incluir duas etapas pósvenda: Fidelização e Advocacia. Fidelização é o processo de tentar garantir que as próximas compras daquele cliente continuem com sua empresa. Advocacia é trabalhar para o cliente falar bem de seu produto e de sua empresa, indicando-a a amigos e contatos profissionais.
DO VIRTUAL AO PESSOAL Outra vantagem do modelo do Funil é permitir sua automatização: a captação de clientes pode ser feita por meio de anúncios em portais e redes sociais (Descoberta). Para quem clicar no anúncio e for ao site da empresa (Interesse), a interação com menus e páginas pode determinar se é caso de se pedir o e-mail (Intenção) para, passado um determinado tempo, o próprio site automaticamente mandar um e-mail oferecendo um teste gratuito ou demonstração do produto, para conduzir à Avaliação. Lembramos que essas fases podem acontecer na mesma hora, ou em dias e visitas diferentes ao site, porque o sistema nunca se esquece, podendo retomar a conversa na etapa onde parou na última visita. Some-se a tudo isso que a automação permite relatórios gerenciais instantâneos e precisos. Cabe ressaltar aqui que muitos processos de venda não prescindem da figura do vendedor, do contato pessoal. Em muitas ocasiões as pessoas se sentem melhor ou mais seguras para fechar um negócio quando falam com outro ser humano, mas nesses casos o Funil de Vendas automatizado por um bom site e outras ferramentas de software, pode levar mais oportunidades até o vendedor e ajudá-lo na condução do processo da venda e atendimento ao cliente.
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Inspirações Geladas
O frio não é somente o clima da estação para as novas coleções de inverno no mundo da moda. As baixíssimas temperaturas que transformam o estado da água em elementos sólidos, com suas características mais instigantes, inspiram ambientes de lojas e displays
Fotos: Divulgação
BLOCO DE GELO A renovada loja de Kenzo em Milão, irradia luz entre piso e paredes brancas reforçadas pelo grid de tubos fluorescentes no teto. Com esta luz, os displays feitos de alumínio anodizado fazem as roupas neles expostas parecer que foram congeladas num grande bloco de gelo.
ERA GLACIAL A flagshig store da Shoebaloo em Amsterdã, na Holanda, expõe seus calçados e acessórios num interior de loja que oferece uma experiência espacial radiante de uma paisagem glacial. A geleira é formada por paredes sinuosas revestidas com camadas do puro branco do Hi-Macs, um material de superfície sólida. Os displays que expõem os produtos são feitos de camadas translúcidas do mesmo material e iluminados com LEDs, o que faz parecer que foram esculpidos nas paredes. O piso é composto por placas de mármore branco e, neste ambiente total branco, somente o teto de forma elíptica é escuro com um padrão formado por linhas fluidas e brilhantes que torcem através de um céu estrelado.
ICEBERG Como um iceberg, o grande display produzido a partir de impressão 3D é a peça central que expõe bolsas e acessórios em couro na primeira flagship de Rick Owens em Milão. Paredes brancas, colunas em concreto aparente e espelhos de piso-teto criam um visual rústico. Como em suas coleções de roupas, técnicas de fabricação avançadas foram utilizadas para criar este display num ambiente ao mesmo tempo natural e tátil que são sua marca registrada.
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Iceberg, geleiras, blocos de gelo... Assim como na moda, o gelo traz simbologias de efemeridade e transformação e quando inspira o store design surpreende pela sensação de renovação e vitalidade.
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“Inovação = novo + ação”
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Conheça o seu mercado, entenda o seu consumidor e encontre as respostas para inovar e ĂƟŶŐŝƌ ƐĞƵƐ ŽďũĞƟǀŽƐ͘
ŽŵƉŽƌƚĂŵĞŶƚŽ ĚĂ ŽŶƐƵŵŝĚŽƌĂ ĚĞ DŽĚĂ 1ŶƟŵĂ WĞƐƋƵŝƐĂ ĨŽĐĂĚĂ ŶĂ ƷůƟŵĂ ĐŽŵƉƌĂ ĚĞ ŵŽĚĂ şŶƟŵĂ͕ ĂďŽƌĚĂŶĚŽ ĚŝĨĞƌĞŶƚĞƐ ǀĂƌŝĄǀĞŝƐ ĚŽ ĐŽŶƐƵŵŽ͕ ŚĄďŝƚŽƐ͕ ŝŶŇƵġŶĐŝĂƐ ŶĂ ŚŽƌĂ ĚĂ ĐŽŵƉƌĂ Ğ ŵĂŝƐ͘
Canais do Varejo de Vestuário ŝŵĞŶƐŝŽŶĂŵĞŶƚŽ ĚŽ ǀĂƌĞũŽ ĚĞ ǀĞƐƚƵĄƌŝŽ ŶŽ ƌĂƐŝů͕ ĂŶĄůŝƐĞ ĐŽŵƉĂƌĂƟǀĂ Ğ Ž ĚĞƐĞŵƉĞŶŚŽ ĚŽƐ ƐĞƵƐ ƉƌŝŶĐŝƉĂŝƐ ĐĂŶĂŝƐ ĚĞ ǀĞŶĚĂ Ğ ŵĂŝƐ͘
Mercado Potencial de Moda Feminina KĨĞƌƚĂ Ğ ĚĞŵĂŶĚĂ ĚĞ ŵŽĚĂ ĨĞŵŝŶŝŶĂ ŶŽ ƌĂƐŝů Ğ ŶŽ ŵƵŶĚŽ͕ ůĞǀĂŶƚĂŶĚŽ ŝŵƉŽƌƚĂŶƚĞƐ ŝŶĚŝĐĂĚŽƌĞƐ͕ ƉƌŽũĞĕƁĞƐ Ğ ŵĂŝƐ͘ Os estudos prontos do IEMI podem ser customizados para assim melhor atender as suas necessidades. Fale com um consultor.
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Fotos: William Palmer/Divulgação
+bazar
Junya Watanabe, Primavera 2002, Japão
Conjunto feminino em seda, com aspecto denim, de Gianfranco Ferré, para a Primavera 1999
Costume masculino em denim, circa 1973, Itália
Macacão em denim, do período 194245, Estados Unidos
O jeans, você e a história
Poucas peças do guarda-roupa tornaram-se tão democráticas, contestadoras, libertárias e upto-date quanto o jeans, cuja história é merecidamente contada em exposição nova-iorquina Por Eleni Kronka
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ai até o dia 7 de maio a exposição Denin: Fashion´s Frontier, com curadoria de Emma McClendon, realizada pelo Museu do FIT, em Nova York. A mostra explora a história multifacetada do denim e sua relação com alta moda do século 19 até o presente. Estão expostos mais de 70 objetos da coleção permanente do museu, muitos dos quais nunca foram exibidos. Além da história do jeans, Denin: Fashion´s Frontier traz uma variedade de peças – desde roupas de trabalho (workwear) até a alta costura – a fim de lançar novas luzes sobre como um tipo tão par-
ticular de tecido de algodão passou a dominar a indústria do vestuário e até mesmo o modo de vestir em todo o mundo. Resistente e durável, o denim entrou em cena como tecido ideal para o trabalho, fazendo parte da saga dos “caçadores de fortuna” na corrida do ouro, durante o século 19, no Oeste norte-americano. Não há dúvida de que o denim tornou-se – por esse e muitíssimos outros atributos – o tecido mais conhecido e usado em todo o mundo. A ponto de não ser exagero dizer que a qualquer momento poderá se afirmar que metade da população mundial recorrerá a ele para co-
brir-se, fazer moda e utilizá-lo como plataforma de opiniões e protestos.
ÍCONES E se há um ícone em toda essa trajetória, este não poderia faltar na megaexposição do FIT. Em local de destaque e como ponto de partida para entender toda a lógica da mostra, está o modelo 501®, da Levi´s. O tradicional five pockets com rebites é best seller e referência ainda hoje. Roupas usadas por mineradores em pleno século 19, entre as décadas de 1830 e 1840, também estão lá, provando que o denim vestia os bravos
trabalhadores, mas também as mulheres – dada a presença de um modelo de jaqueta feminina. O jeans vestiu os mineradores, marinheiros e prisioneiros. Durante os anos entre guerras, ganhou conotação cultural, associado ao modo de vestir – e de viver – dos californianos, ou ainda era identificado como roupa de férias e lazer. O exemplar da época associado à alta-costura não poderia ter outra assinatura que não a de Elsa Schiaparelli. A blusa segue a proposta das camisas de rodeio, mas em vez de abotoamento convencional, apresenta pérolas em forma de botões.
Look feminino bordado, de Roberto Cavalli, para a Primavera 2003.
Conjunto feminino em denim listrado, circa 1915, Estados Unidos
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Os anos 2000 abrem amplo panorama para a criação no território jeanswear
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+bazar O JEANS NO FRONT Com o início da II Guerra Mundial, o panorama sócio-econômico muda drasticamente e as mulheres ingressam no mercado de trabalho, enquanto os homens partem para o front. A vestimenta também muda. A mulher passa a usar uma espécie de macacão no ambiente de trabalho na fábrica, e é praticamente assim que ela é vista todos os dias, o dia inteiro. O traje de trabalho torna-se um fator que praticamente personifica a mulher nesse período. Era o momento ideal para a criação de uma moda prática, capaz de vestir a mulher com uma elegância natural, que deixasse de lado os trajes complexos do ontem, para que a mulher pudesse acompanhar, também no modo de vestir, a dinâmica que se processava na sociedade. Um dos principais nomes desse momento é Claire McCardell, que lança as bases do genuíno ready-to-wear norte-americano. Estilista nata, McCardell frequentou, nos primórdios dos anos 1920, a Parsons School, que na época era conhecida como New York School of Fine and Applied Art (Escola de Belas Artes e Artes Aplicadas de Nova York). A grande mola propulsora da carreira da estilista norte-americana deu-se na fase em que ela rumou para Paris, onde frequentou cursos e, principalmente, teve contato com criadores, entre os quais Madeleine Vionnet. Foi com esse gênio da criação de moda que McCardell aprendeu, por exemplo, o corte do tecido feito em viés, para um novo caimento da roupa. A partir de então, a jovem norte-americana foi empregando todo o seu talento nas criações, até propor, em 1942, o vestido em denim chamado “Pop Over”, do tipo “utilitário”, produzido “aos milhares” pelo fato de ser confeccionado a partir de moldes que ela mesma elaborava.
ELEMENTO CULTURAL Com o fim da Segunda Guerra Mundial, uma nova onda redirecionou a visão cultural em relação ao denim na América dos anos 1950: as gangues de motoqueiros. O Jeans tornou-se o centro da controvérsia, não sem uma manifestação popular de contestação ao jeans, apresentado como símbolo (e até mesmo a causa) de agitação entre os jovens. Exemplo simbólico do período é a jaqueta 507 da Levi Strauss & Co. Para afastar qualquer risco de delinquência juvenil por meio dessa peça do vestuário, um grupo de fábricas de denim e fabricantes uniram-se para fundar o Denim Council (Conselho do Denim), em 1955. Nesse sentido, a Biblioteca Gladys Marcus do FIT mantém em seu acervo documentos do Conselho do Denim, entre os quais estão recortes de jornais e revistas, relatórios e quadrinhos. Todos registrando o rápido crescimento da popularidade do jeans.
CONTRACULTURA Na década de 1960, o movimento hippie e a contracultura deram novo direcionamento à trajetória do jeans. Dentro do movimento, o denim foi importante pelo fato de sua imagem estar associada à classe trabalhadora, surgindo como contraponto ao materialismo crescente na sociedade norte -americana do pós-guerra. É desse período o jeans bordado e remendado. E no início dos anos 1970, o movimento de contracultura cruza as fronteiras da ideologia e ingressa no mainstream, levando consigo o denim. Essa transição fica de certa forma retratada na estampa feita para um shorts em denim, que tem como detalhe impresso na sua superfície a fotografia da multidão que tomou conta do memorável Festival de Woodstock, em 1969. O evento que contestava o mainstream foi absorvido justamente por ele.
Ao mesmo tempo, denim começou a marcar presença na obra de grandes costureiros, como Yves Saint Laurent, que lança a jaqueta safári. Também na Europa, empresas como a Fiorucci transformam o jeans numa verdadeira mania que passa a fazer parte da vida dos italianos e franceses no final de 1970. Os jeans tinham que ser tão justos que exigiam do usuário ter que deixar-se para fechar o zíper. Em solo americano, a “voz” no terreno do jeans é Calvin Klein, por muitos considerados o “primeiro designer do jeans”. As campanhas da marca foram estreladas pela bela Brooke Shields nos anos 1980.
como peças de moda masculina de Ralph Lauren e Rag & Bone. A partir daí, a exposição percorre o universo das marcas: Levi´s, Lee Riders, Fiorucci, Marithé & Françoise Girbaud, Yves Saint-Laurent, Calvin Klein, Guess, Tommy Hilfiger, Ford for Gucci, Roberto Cavalli, Jean Paul Gaultier, Gianfranco Ferré, entre muitas outras que compõem essa história em permanente evolução.
STONE WASHED As pedras rolaram na década de 80 e mudaram a cara do jeans. À dupla francesa Marithé & François Girbaud atribuise muito dessa mudança, produzida em grande parte na etapa da lavanderia. Outra marca importante desse momento é a americana Guess. A exposição Denin: Fashion´s Frontier também remete à coleção Prairie, idealizada por Ralph Lauren, em 1981. Denin: Fashion's Frontier faz referência às guerras mundiais, aos conflitos, aos movimentos sócio-culturais – hippie, rock e outros também associados aos gêneros musicais. Faz também referência à etapa contemporânea da moda, como o período de 2004/05, em que se viu um grande boon do denim nas passarelas. Nesse momento, ênfase para a atuação no segmento feminino de Dries Van Noten, Chloë e Sacaï, bem
Em nenhum momento o jeans perde as origens de peça ligada à roupa do trabalhador, podendo ou não ganhar ares contestadores
Edun, a marca criada por Bono Vox e Ali Hewson, apresenta o vestido branco e preto em denim, em 2007
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