BALCÃO
Um fenômeno chamado Forever 21
acontece brasil
Agreste de Pernambuco reúne indústria e ideias
Ano XVIII | R$30,00 Edição 145 - fev/mar/abr 14
VITRINE: O conceito sustentável da marca
O Emana cruza fronteiras
Coolhunting: A novidade mora ao lado
Ninguém vai mais querer usar outra peça de roupa Chegou Emana® Denim, a mais nova descoberta da Rhodia que une a tecnologia inovadora do Emana®, com o tradicional e versátil Denim. O resultado é um jeans inteligente, altamente funcional, que combina moda, conforto e praticidade ao dia-a-dia da mulher moderna.
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Em ritmo de competição
fev/mar/abr 14
Por Eleni Kronka
N
ão é só dentro das quatro linhas do gramado que surgem discussões acaloradas e atitudes rápidas e certeiras tendo em vista o gol da vitória. No campo da moda, o time de profissionais jogam intensamente, do primeiro ao último minuto: da preparação ao lançamento das coleções no varejo, para a conquista dos melhores resultados. Experientes, os confeccionistas brasileiros já passaram por todas as provas e estão mais do que treinados e escolados para os desafios da temporada seguinte. Basta conferir, nos depoimentos que elencamos nessa edição especial do Dossiê sobre o Mercado de Moda, a agilidade de quem entra em campo para ganhar. Sempre ligados nas propostas que surgem nos pólos internacionais, os confeccionistas, bem como as tecelagens e malharias, lançam mão de todos os recursos – da produção local à importação de alguns insumos – para que suas coleções estejam afinadas com a toada global. Fios, tecidos, formas, cores e estampas, aqui, não deixam a desejar ao prêt-à-porter e ao fast fashion internacional, pois o fabricante sabe como adaptar as informações para o mercado local. E ainda supera desafios conjunturais de impostos e tarifas os quais não se pode driblar. Da mesma forma, nossos colunistas trazem em seus artigos ideias essenciais que podem esclarecer muitas questões do dia-a-dia, seja para os que querem trabalhar melhor a comunicação online de suas empresas; para os que estão reformulando suas vitrines e layouts; seja para os que fazem uma (importante!) reflexão sobre processos de gestão e de apresentação da marca. E já que falamos sobre nossos colunistas, um importante e experiente nome acaba de se integrar ao Dream Team: é André do Val, publicitário, especialista e palestrante do segmento de moda masculina, que a cada edição trará seu olhar seletivo como contribuição aos leitores. Com o World Fashion + Varejo é assim, a bola rola no campo da moda e dos negócios com agilidade o tempo todo, porque interagir com o mercado e os leitores é a nossa vitória! Boa leitura!
06 + MOVIMENTO
Humanização!
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O termo do momento
expectativa
A sustentabilidade está no conceito da marca
ao lado
+BALCÃO Um fenômeno
A novidade mora
40 +COMPORTAMENTO A sua marca
chamado Forever 21
12 14
2014, ano de
38 +POR DENTRO
08 + VITRINE 10
+POR DENTRO
+FOCO World Fashion 18 anos
dá um show?
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+GESTÃO Foco No ou Foco Do... Qual
+DOSSIE MODA Quem faz a moda que circula nesse continente chamado Brasil
30 +ACONTECE MUNDO 31 +ACONTECE MUNDO
O Emana cruza fronteiras
NY, a nova passarela de Ivan Aguilar
32 +ACONTECE BRASIL
é a sua teoria???
42 +ONLINE
Três aspectos para valorizar o site de moda
43 +MERCADO
O varejo de Moda em transformação
44 +SEU NEGÓCIO Fomalizar
Agreste de Pernambuco
prestadores
reúne indústria e ideias
de serviço pode
35 +ACONTECE BRASIL
Moda, informação e transformação em debate
ser bom negócio
46 +SUA LOJA
Necessária renovação
www.worldfashion.com.br
Diretor: Luiz Cezar Pimentel | Publisher: Yuko Suzuki yuko@worldfashion.com.br Editora: Eleni Kronka eleni@worldfashion.com.br | Colunistas: Antonio Gondim, Arnaldo Rabelo, Carlos Ferreirinha, Edson D’Aguano, Marcelo Prado, Noemi Saga e Paulo Delegá | Colaboraram nesta edição: André do Val, Camila Xavier, Fernanda Calfat, Henriete Mirrione, Marcela Leone, Marina Sprogis, Marta De Divitiis, Otávio Pereira Lima, Titita Motta e Grá�ica Midiograf. Gestão da marca: Céu Branding | Projeto Gráfico e Design: Guilherme Watanabe Jornalista Responsável Eleni Kronka – MTB 12.882 Publicidade Vera Lopes vera@worldfashion.com.br | Luiz Eduardo Pimentel eduardo@worldfashion.com.br Ligia Ferrari ligia@worldfashion.com.br | Rafaela Nobre rafaela@worldfashion.com.br
Crédito da foto capa: FH por Fause Haten Foto por Fernanda Calfat
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World Fashion + Varejo WORLD FASHION + VAREJO é uma publicação da World Fashion Editora e Eventos Ltda. Fone: (11) 5535-7709 e (43) 3343-1925. A World Fashion Editora e Eventos Ltda, não se responsabiliza pelas opiniões emitidas nos artigos de seus colunistas. É terminantemente proibida qualquer forma de reprodução do conteúdo – textos, fotos, ilustrações – desta publicação sem a prévia e devida autorização dos editores. Nenhuma pessoa está autorizada a retirar qualquer tipo de material em nome do WORLD FASHION+ VAREJO. Em caso de necessidade, o portador deverá ter em mãos carta assinada pelo editor.
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© INVISTA 2014. Todos os direitos reservados. LYCRA® é marca registrada da INVISTA.
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Fundador presidente da MCF Consultoria & Conhecimento, especializada nas ferramentas de gestão e inovação do negócio do luxo Foto: Divulgação
e premium, com atuação no Brasil, na América Latina, em Angola e Portugal.
www.mcfconsultoria.com.br
Foto: Shutterstock
HumAniZAÇão! o termo do momento Temos que ser contadores de histórias, criando as devidas conexões que emocionem o cliente e os relacionamentos precisam ser verdadeiramente relevantes na contemporaneidade
É
simplesmente fascinante perceber que o maior evento de varejo do mundo teve em quase todas as palestras proferidas, com um foco quase dominante na “humanização”. Foram diversos os palestrantes que repetiram continuamente a necessidade de valorizar o indivíduo, de empoderar o staff para servir o cliente de forma genuinamente diferenciada. Com os hábitos de consumo fortemente alterados e com isso, elevando as expectativas a um patamar jamais esperado, as empresas precisam ir muito além da relação produtos e serviços. Personalização, customização e entenda de uma vez por todas quem realmente é o seu cliente, foram expressões frequentes nos debates e palestras da National Retail Federation (NRF) de 2014, realizado em janeiro último, em Nova York. O mundo começa a perceber que o nível extraordinário da qualidade dos serviços e produtos foi alcançado por muitos e aquela que foi a busca constante nestas últimas décadas pode ser apenas, atualmente, uma commoditie. São muitas as empresas que através de seus produtos e serviços conseguiram encantar, fascinar e surpreender nestes últimos tempos. É chegada a hora de ir muito mais além.
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AÇÃo E rEAÇÃo
A solidão que muito se falou nos dias de evento tem gerado a necessidade de socialização. Os estudos apontam dados alarmantes não somente nos EUA, mas no mundo como um todo. As pessoas estão cada vez mais sozinhas e esta também é uma razão que explica o agressivo crescimento da importância e relevância das redes sociais e do comércio eletrônico. Mas já se dizia que “a toda ação equivale uma reação na mesma proporção”. Vale aqui destacar o brilhante filme que concorreu ao Oscar deste ano, Her, do cineasta Spike Jonze. Trata-se de uma brutal análise e retratação dos temos cibernéticos a qual vivemos. Essa suposta “solidão” gera a vontade e muitas vezes a necessidade de as pessoas serem “tocadas por pessoas”. A socialização demanda um contato mais humanizado nas relações, o que leva à padrões de shoppings como o The Grove, de Los Angeles. A proposta é obter resultados acima da média enquanto varejo tradicional e a de levar o conceito de hospitalidade como possível diferenciação estratégica no varejo. Sim, hospitalidade! O termo oriundo da hotelaria e muitas vezes dos centros hospitalares, levado ao varejo. O desafio de fazer com que o cliente
sinta-se bem vindo por completo, sinta-se bem e sinta-se seguro. Temos que ser contadores de histórias criando as devidas conexões que emocionem o cliente. Os relacionamentos precisam ser verdadeiramente relevantes. Conhecer o cliente e o detalhamento do seu perfil passa a ser vital. Precisamos mais do que nunca irradiar alegria, confiança e otimismo. O brilhante Rick Caruso disse algo revelador: “O futuro será baseado em alguma coisa muito antiga”. Temos que nos relacionar por completo com as pessoas. Temos que emocionar os clientes. O varejo precisa ir além da tecnologia, dos processos, dos produ-
tos extraordinários e conceitos arquitetônicos arrebatadores. Precisa dialogar emocionalmente com os clientes. Humanização! E não seria este um dos nossos principais e mais relevantes diferenciais no Brasil? É sabido e assumido que o brasileiro gosta de gente. Que o brasileiro gosta de sorrir. Que sorrimos com a alma! Se temos, então, em abundância esta “humanização” tanto falada no encontro da NRF, nos falta, a meu ver, o foco nos processos. Quem sabe um dia não seremos nós a estarmos ensinando ao mundo o que é “HUMANIZAR” os relacionamentos, o atendimento e a interação com as pessoas no varejo!
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A sustentabilidade está no conceito da marca
Foto: Shutterstock
A moda pode e deve ser criativa, e hoje, mais do que nunca, sustentável, elemento valioso que passa a estar associado ao conceito da marca e da criação
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Fotos: Divulgação
ara que uma empresa de Moda possa alcançar sucesso no mercado varejista, há a necessidade de se observar alguns aspectos comportamentais e de sua própria identidade, pois assim poderá gerar encantamento junto ao consumidor final. Vale ressaltar um aspecto essencial: quem é este consumidor? O que ele espera? Como ele percebe um espaço de vendas? Finalmente, como ele entende uma vitrine? A importância de uma vitrine bem construída prevalece quando se entende que é o principal canal de comunicação junto ao cliente almejado. O investimento no desenvolvimento da vitrine, muitas vezes, é tratado por empresas de moda como algo terciário, ou seja, a verba a ser investida é mínima e cabe ao vitrinista a arte de ser criativo e traduzir o conceito de uma coleção por meio de estudo de materiais e revestimentos que ofereçam ao consumidor final uma experiência que envolva os sentimentos, seja de estranhamento, de encantamento ou de sedução.
Cabe ao profissional de visual merchandising entender cada peça e justificar seus detalhes.
Tal sedução, objetivo final de um espaço comercial-vitrine, será responsável por até 35% das decisões de compras no interior do ponto de venda (PDV), quando bem construído, lembrando que pesquisas apontam que 85% das compras realizadas não são planejadas. Ou seja, o visitante transita pelos espaços comerciais, é atraído por elementos visuais e decide a compra no ato.
As rodas das carroças antigas permitem ao observador perceber o conceito imagético total da loja, por meio de construção de vitrine semiaberta.
Nessa imagem, há três “níveis” a serem observados: passado (quadros antigos), presente (manequim e produto) e futuro (borboletas que traduzem o sonho e a alegria)
Tais elementos tendem a assumir aspectos de tradição e ímpetos nostálgicos, como os presentes na vitrine apresentada acima, que vislumbra o trabalho manual presente nas rodas de carroças, destacando o interior do espaço comercial e apresentando formas de harmonização entre diferentes culturas e épocas. Seguindo o conceito de sustentabilidade ambiental, surge a proposta de valorização do artesanato, destacando os processos que ganham forma a partir de materiais utilizados em peças de roupas e em suas dobraduras, que destacam aspectos físicos dos produtos. Eis aspectos muito importantes na apresentação dos itens de uma coleção: o manuseio e a valorização de detalhes, que muitas vezes são menosprezados pela equipe de vendas e não destacados aos olhos dos clientes. Uma boa dobradura de roupa, portanto, contribui para valorizar o raciocínio do designer e ratificar no consumidor final a certeza de que tais detalhes são muito importantes e justificam a relação de custo benefício da peça.
sEJA, dE FATo, susTEnTÁvEL
Um dos temas que emergem na sociedade contemporânea é o da sustentabilidade, associada ao eixo ambiental, que forma o tripé juntamente com os eixos social e econômico. Portanto, o apelo visual desenvolvido em vitrines comerciais inclui a reutilização de materiais e a conexão entre elementos naturais e artificiais.
dETALHEs
A utilização de materiais sintéticos para a definição de natureza, destacam os valores da empresa e sua relação com o meio ambiente.
Portanto, há um aspecto que todas as empresas de moda devem ater suas atenções quando se trata de hábitos de consumo: a manutenção do meio ambiente e a sustentabilidade consequente para assim manterem sua competitividade. Logo, uma pesquisa apurada sobre o reuso e aproveitamento de materiais, com destaque para o choque
Quando tratamos da junção de elementos naturais e artificiais em uma vitrine, o cuidado com o acabamento dos materiais presentes e a harmonia de cores justifica a seleção que compõe a cena. Ajuda também na percepção de marca existente no mercado almejado, assim como melhora a compreensão do público-alvo expandido, ou seja, aquelas pessoas que não compram determinada marca, mas ajudam na proliferação dos valores da empresa junto à sociedade.
entre o novo e o antigo, sempre com requinte, valerá como estratégia de comunicação e de valorização de marcas. Temos que nos lembrar de que o mercado valoriza a inovação constante por meio da criatividade. Criatividade que emerge em épocas de crise econômica e ambiental, e assim gera a própria sobrevivência comercial.
Otávio Pereira Lima é pesquisador, consultor da área de Visual Merchandising e docente da Universidade Anhembi Morumbi.
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um fenÔmeno cHAmAdo forever 21 O mês de março foi sacudido pela chegada da rede, que abriu lojas em São Paulo e no Rio, trazendo o mais genuíno fast fashion a preços prá lá de convidativos O denim ocupa lugar destacado no mix da Forever 21
A linha de peças básicas tem espaço garantido nas vendas
Modelos de meia estação aportaram nas lojas brasileiras da rede
Por Eleni Kronka
O
dia 15 de março, conhecido como Dia do Consumidor, raiou como uma verdadeira festa para o homenageado da vez, que não poupou esforços, nem tempo e nem dinheiro para enfrentar filas e mais filas e ingressar nos domínios da primeira Forever 21 inaugurada em solo brasileiro. A primeira loja da rede, aberta no Morumbi Shopping, em São Paulo, tornouse um marco e um case para a própria marca e para quem é do varejo. Com preços que vão até R$ 150,00, partindo dos R$ 5,00 de algumas bijuterias e acessórios, ou ficando na média de R$ 30,00 para a maioria das peças de vestuário do dia-a-dia, a Forever 21 causa frisson na clientela e arrepios de aflição até para os mais experientes concorrentes. Com 3.650 metros quadrados de moda a preços muito baixos, distribuída em dois andares, a loja paulistana oferece moda cotidiana, lingerie e acessórios. Tudo está ao alcance de todos – seja pela oferta da mais recente novidade do fast fashion global, seja pelo próprio valor da peça, que intriga a muitos e desperta comentários e críticas dos que apostam que por trás de planilhas de custos há muita mão-de-obra mal re-
munerada nas antípodas do mundo… O fato é que a Forever 21 do Morumbi Shopping teve altíssima vazão de seus estoques logo na abertura. O mesmo aconteceu uma semana depois com a inauguração da loja carioca, no Village Mall, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Os cariocas viveram o mesmo tumulto e longas esperas para consumir o que há de mais barato em matéria de fast fashion. Com 4 mil metros quadrados, a Forever 21 do Rio tem as mesmas linhas disponíveis em São Paulo, além das séries F21 Contemporary, Forever 21 Active e 21 Men, para homens de diferentes idades. Segundo anunciado pelo site The Business of Fashion (BOF), a rede norte-americana tem planos para abrir um total de seis lojas no Brasil só em 2014. A grande questão colocada por concorrentes e analistas é se a rede conseguirá manter seus preços em patamares tão baixos, levando em conta toda carga tributária a que estão sujeitos os importados no Brasil. Enquanto isso, o maior de todos os especialistas – o próprio consumidor – desfruta da novidade, esperando que o exemplo possa ser seguido por marcas estabelecidas ou pelas que estão por vir.
Fachada da loja Forever 21 no Morumbi Shopping,
Fotos: Acervo WF
Foto: lu Prezia Sal
em São Paulo
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+foco “Parabéns, World Fashion! Te conheço desde que você era só uma ideia da minha fantástica amiga Maria Helena Castilho. Você sempre publicou minhas fotos desde o primeiro número. Um orgulho! Muitas reuniões de pauta foram na minha casa em Paris ou na charmosa casinha da rua Normandia. Você foi sempre o nosso foco de moda! Muitas lembranças lindas, mas uma história incrível: sou apaixonada pelo estilista belga Dries van Noten e sempre fotografei todos os desfiles dele. Um dia, sei lá o porquê, não fui convidada. Fiquei na porta implorando, quase de joelhos para poder entrar. Daí, dei uma de maluca e disse que tinha de fotografar o desfile de qualquer maneira, pois tinha uma encomenda de capa do World Fashion. Mentira, mas entrei!!!!! Mas nesse mesmo dia, de noite, a Yuko me ligou para saber se tinha uma superfoto de estampa para a capa. Essa minha foto de capa foi a mais linda da minha carreira.” marina sprogis, fotógrafa
Funcionando como um radar que nunca desliga, a revista consolidou-se ao longo dos anos como publicação que leva informação atualizada e completa aos que atuam no competitivo mercado de moda Por Henriete Mirrione
“Tenho 35 anos como jornalista de moda, atuei em várias revistas e jornais e tenho muito orgulho de fazer parte da lista de colaboradores do World Fashion desde seu início. São 18 anos de admiração por essa revista que me abriu a oportunidade de escrever para um mercado dirigido. Conheci Maria Helena Castilho – a melhor jornalista de moda que conheci – no Noticiário da Moda (Editora Abril), no final dos anos 1970. Mesmo eu morando no Rio e ela em São Paulo, fui acompanhando e ganhando com o seu profissionalismo. Passei pela coluna de moda no DCI que ela editava e fui convidada para a nova revista – o projeto do World Fashion. Também acompanhei Yuko Suzuki e suas feiras de tecidos que reuniam as mais importantes empresas têxteis do Brasil. A competência de Maria Helena e Yuko foi um sucesso e o resultado está aí. Feliz aniversário para a revista que é, sem dúvida, um diferencial de informação de moda.” Lu catoira, jornalista
e coordenadora do Pós in Line em design de moda do senai cetiqt “Nós, da Vicunha, parabenizamos a revista World Fashion por seus 18 anos de colaboração com o mercado de moda brasileiro. Veículo de extrema relevância para o setor, a publicação é uma ampla fonte do segmento que, de maneira única e sempre atualizada, traz informações imprescindíveis sobre o universo fashion e a indústria têxtil. Desejamos muito sucesso e que a revista continue sendo referência para o mundo da moda!”
“Durante toda a minha trajetória profissional, foi sempre muito importante ter o World Fashion como um dos principais veículos de divulgação da moda brasileira. Parabéns a toda equipe pelos 18 anos de trabalho impecável, pelas lindas e aguardadas capas e conteúdo das matérias.”marcia
Fonseca, assessora de imprensa e sócio-diretora da namidia Assessoria de imprensa
renata Guarniero, gerente de marketing da vicunha
scalon, diretor de marketing da scalon
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“O World Fashion é uma revista com credibilidade, que sempre soube exaltar o que foi feito de melhor dentro do mundo da moda. Seu trabalho, feito com competência e seriedade, é referência nesse segmento. Temos muito a agradecer, pois crescemos e alcançamos o sucesso juntos. Parabéns. Desejamos que tenham ainda muitos anos de importantes realizações.”
Fotos: Divulgação/Arquivo pessoal
“É com imensurável satisfação que a cada edição a Scalon fortalece sua parceira com a Revista World Fashion. Uma publicação respeitada pelos formadores de opinião de toda a cadeia de moda, das principais universidades aos mais renomados estilistas do Brasil. O 18º aniversário é um marco para a publicação, mas quem ganha o presente é a indústria e o varejo, presente este em forma de ferramenta estratégica para nossos negócios.” valdir
claudio Goerl, diretor da cia. das Feiras, organizadora das feiras de moda café no Bule fev/mar/abr 14
+foco “Com o World Fashion, aprendi a importância de um veículo trade de qualidade. Ele consegue dialogar com todos os players do mercado, com informação relevante para toda a cadeia. E não dá para falar do WF sem mencionar nossa querida e saudosa Maria Helena, com quem tive o privilégio de conviver, aprender e me divertir muito nas nossas inesquecíveis viagens a Paris, com a querida turma da Rhodia. Tempo muito bom! Parabéns pelo legado!” christine caterina, diretora da Press Pass
diretora da Persona consultoria de comunicação “World Fashion é sempre uma ótima fonte de informação. Consegue compilar de maneira inteligente as imagens das temporadas de moda.”
“De repente… minha foto foi parar nas mãos do World Fashion… e desde então foi amor à primeira vista. Nunca me esqueci do meu primeiro jantar pós semana de desfiles da SPFW, em que a sempre viva entre nós Maria Helena Castilho e a querida Yuko Suzuki chegaram para meu marido e disseram: ‘Agora você não vai ter mais uma esposa, vamos raptá-la’. A World Fashion é a pioneira na cobertura das passarelas Phytoervas Fashion e SPFW, tornando-se referência nas faculdades de moda, com seu conteúdo rico em imagens e textos. Tenho muito orgulho de estar sempre presente nas edições e compartilhar deste sucesso há 14 anos. Parabéns, AMO vocês!” Fernanda calfat, fotógrafa
“Nós da Savyon nos sentimos privilegiados em poder contar com este grande meio de comunicação de moda que é o World Fashion, que nos ajuda em nossa incessante busca em permanecer atualizados com as tendências da moda, além do apoio que nós é oferecido para que nossos produtos sejam amplamente divulgados. Esperamos poder contar sempre, por muitos e muitos anos, com a publicação. Parabéns!!!”
renato Bitter, diretor da savyon fev/mar/abr 14
Fernanda Yamamoto, estilista
Foto: Agência Fotosite
“No ano em que o World Fashion chega à maioridade, comemora-se uma década da realização do desfile de papel, A Costura do Invisível, eleito desfile da década do SPFW e um dos maiores desfiles do século pelo Museu de Moda de Paris. Nosso primeiro e maior troféu no dia seguinte da realização deste memorável desfile foi ser a capa do World Fashion! Obrigado por este aval e por antever o nosso destino. PARABÉNS pelos 18 anos de dignidade e trabalho sério, que o bem semeado, mesmo em solo ingrato, floresça nos caminhos de suas vidas. Com carinho.” Jum nakao, designer
“Nunca vou esquecer o dia em que a saudosa, querida e brilhante Maria Helena Castilho – mentora e musa de toda uma geração de excelentes jornalistas de moda – me contou a novidade sobre a publicação, já em companhia da Yuko, uma das fundadoras do World Fashion e hoje sua dinâmica e competente publisher. Fiquei feliz, pois tinha certeza de que seria um veículo com qualidade jornalística diferenciada, no conteúdo e no design gráfico, que iria contribuir para a valorização do setor têxtil e um novo espaço editorial bacana para divulgarmos nossos clientes. E o World Fashion é tudo isso e muito mais; está desde a primeira edição e ao longo de seus 18 anos inovando e acompanhando as mudanças, cada vez mais rápidas, da imprensa especializada e da comunicação em geral. Parabéns a Yuko e a toda a sua equipe pela maioridade da publicação e que ela nos brinde com muitos anos de bom jornalismo!” Ana cristina de souza,
“World Fashion é mais do que um Jornal de Moda. Está sempre à frente dos últimos acontecimentos, dentro e fora do Brasil. Parabéns e obrigada por existir!!!”.Helena schargel,
gerente de desenvolvimento do setor de lingerie da Berlan
“Para falar dos 18 anos de vida do World Fashion seria, no mínimo, necessário traçar uma linha do tempo sobre a cadeia produtiva têxtil, sobre o mundo da moda e do varejo brasileiro e internacional. Afinal, tantos acontecimentos desfilaram nesta longa passarela, que agora completa a sua maioridade. Mas, num breve resumo, podemos lembrar que a revista esteve presente com grande interesse e muito estilo para abordar tudo e todos que habitam estes mundos tão específicos e, ao mesmo tempo, tão convergentes, levando informação para todos. E ainda colaborou e provocou cada um dos setores em relação à tão necessária integração da cadeia, para que cada um possa entregar ao outro o seu melhor, com o objetivo de satisfazer o consumidor final, o único que tem o poder da escolha e realiza a compra, gerando os tão esperados resultados. Parabéns a toda Equipe World Fashion de todos os tempos e uma lembrança especial à querida e saudosa Maria Helena Castilho.” Geni rodio ribeiro,
consultora de meta e mercado “Lembro-me com saudade da ansiedade em ver o jornal diário da World Fashion, que cobria os desfiles da SPFW, numa época em que eu assistia a todos. A cobertura sempre foi linda, os jornalistas ótimos e a edição sempre tinha um bom gosto em sintonia com a estética da época. Lembro da amiga e grande editora Maria Helena, por quem eu sentia uma certa admiração por esse trabalho jornalístico, que não deixa de ser o de uma formiguinha incansável. Hoje, vejo que o veículo continuou tendo sua importância no meio têxtil e de confecção, por ter mantido essa imagem de qualidade e se adaptado à nova realidade com a crescente importância das redes sociais por meio de uma nova linguagem. Parabéns a essa equipe que tanto admiro. Que continue sendo essa referência no nosso ramo.”Giselle Araujo, consultora de
marketing – América do sul
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Foto: Fernanda Calfat
A novidade das passarelas internacionais e das vitrines do fast fashion global são realidade também aqui nos trópicos. A moda que se verifica em todos os mercados chega aqui com sotaque muito local, com tecidos, cores, texturas e shapes próprios, sob a influência da oferta de insumos, mas principalmente sob o comando do consumidor, plugado em todos os canais de informação.
FH por Fause Haten na performace da coleção no SPFW março 2014. Foto por Fernanda Calfat
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Dossiê moda Imagens da pesquisa da RVB Malhas: inspirações de Amsterdã (à esquerda), Berlim (abaixo), Candem
Fotos: Divulgação
Town e Londres, na Inglaterra
Tendências de moda: da pesquisa à produção O trabalho com moda, no Brasil, sobretudo para os fabricantes de insumo, vai muito além do glamour. O dia-a-dia pede agilidade e determinação para se contornar costumeiros entraves Por Marcela Leone
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ara as tecelagens e malharias, não é tarefa assim tão fácil hoje adequar-se a um mundo globalizado pela web, em que os consumidores sabem muito antes o que é tendência lá fora. Diferenças climáticas, de estação e de matéria-prima são alguns dos desafios a serem enfrentados – e algumas empresas podem até se perder nessa primeira etapa de seleção das apostas de moda e a adaptação das propostas ao mercado nacional. Com a quantidade de informação disponível, a pesquisa de moda ficou muito mais amplificada, com di-
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ferentes ferramentas estratégicas que vão além da tradicional viagem: revistas, blogs e bureaux online com olhares apurados e lentes espalhadas pelo mundo servem de referência no desenvolvimento dos produtos. “É muito importante entender o comportamento do brasileiro, afinal moramos em um país tropical, onde o colorido sempre está em alta, com regiões onde faz verão o ano inteiro, e a sensualidade sempre vai imperar. Então é preciso muito cuidado no momento de olhar as tendências internacionais e fazer com que elas funcionem aqui”,
explica a coordenadora de marketing da RVB Malhas, Paola Kenschikowski. O timing também influi. Às vezes, algo que explode lá fora, aqui demora para virar desejo. Já aconteceu, por exemplo, com a calça saruel, o peplum e, mais recentemente, com o cropped. “Algumas tendências, quando surgem, podem demorar um pouco pra cair no gosto popular”, ressalta Paola. O mesmo acontece com a divergência entre as estações. A gerente de marketing da Marles, Carolina Rehem, lembra que na pesquisa de Verão 2015 internacional, foram vistos apenas arti-
gos muito pesados, que precisaram ser adaptados. “Mas sempre dá para fazer essa tradução. Ao desenvolver uma coleção, levamos em consideração nosso histórico comercial, unindo-os às tendências”, comenta.
A voz do consumidor
A diretora da Savyon, Rosina Bitter, exalta o papel do consumidor no processo de escolha e interpretação das apostas internacionais: “Nossa equipe de desenvolvimento de produto leva em consideração todas as tendências mundiais. Mas, acima de tudo, levamos
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shop online at www.ellus.com
dossiê modA
FALTA EsTruTurA no BrAsiL
Mas não é só de pesquisa que se faz moda. O fabricante também deve dispor de maquinário, tecnologia e matéria-prima atualizados para oferecer os produtos que o mercado espera. Rosina Bitter afirma que dá para fabricar no país: “Encontramos no Brasil a matéria-prima de que precisamos para atender a todos os mercados nos
Imagens que compôem o mood board de pesquisa da Dalutex
quais atuamos. Com exceção do maquinário, que é inexistente”. Já a coordenadora de marketing da RVB Malhas, Paola Kenschikowski, faz restrições. “Quem quer fios diferenciados acaba dependendo de alguns poucos fornecedores que ainda têm limitações de produção, sem contar que nem sempre a matéria-prima é a melhor, apesar do custo alto”. A empresária destaca que os últimos lançamentos do mercado mundial “demoram até estarem disponíveis aqui". "Se optarmos por trabalhar com fios importados, há o problema da logística, a demora da liberação no porto”, assinala. Ela acrescenta que quando se trata de produtos diferenciados, “mesmo os pedidos mínimos de compra costumam ser elevados para uma primeira aposta”. Ana Luiza Domicent, estilista da Dalutex, por sua vez, revela que a indústria costuma unir fios nacionais aos que vêm de fora. “O mercado brasileiro de fios é restrito. Para as novas tendências, acabamos misturando os nacionais com importados e usando a criatividade para obter um bom resultado final”. O grande problema da importação dos fios, além de toda a logística, é a descontinuação. E, segundo Priscila Carneiro, coordenadora de marketing da Berlan, isso é bem comum: “Há pouca produção de fios e matéria-prima diferenciada no Brasil. Optamos pela importação, o que é ruim e arriscado, porque nunca sabemos se essa matéria-prima continuará em linha ou se cortarão a produção do dia para a noite, e isso acontece com frequência”, conclui.
Da Audaces a plataforma de corte NEOCUTA A20 e abaixo o sistema de digitalização DIGIFLASH XT
Fotos: Divulgação
em conta o que nosso cliente quer. Pois ele é quem dita a moda real”. O mesmo acontece com a Doptex, que revela que a principal diretriz é o público: “O Brasil tem algumas características, como a preferência por elastano e por cores”, contou a estilista Angélica Marangoni. Bureaux virtuais, como Stylesight e WGSN, e viagens de pesquisa não ficam de fora. O eixo Nova York–Londres–Paris é obrigatório, mas as empresas avançam para outros mercados, de acordo com suas preferências, estilos e público-alvo. Para isso, visitam destinos com culturas menos exploradas. A Kalimo, por exemplo, faz viagens anuais à Shangai, enquanto a RVB faz questão de sempre incluir em seu roteiro novas cidades: “A próxima viagem será ao México. Entre os destinos inspiracionais que já visitamos, podemos citar Bruxelas e Bruges, Marrakech, o interior da Holanda, Barcelona, Shanghai, entre outros”, contou Paola. As feiras também são importantes referências de moda — a Doptex vai duas vezes ao ano à Première Vision, em Paris, e à Milano Unica.
softWAres oferecem soluçÕes pArA confecção
Do design à sala de corte e gestão programas permitem otimização de tempo, qualidade de produção e prevenção de perdas Por Marta De Divitiis
A
competitividade do setor têxtil passa necessariamente pelo investimento em tecnologia de ponta sendo que os softwares ou programas de computação são fundamentais nesse quesito. Hoje há programas que abrangem desde o design – de moda, de estamparia – modelagem, corte, prototipagem (inclusive em 3D), encaixe automático de peças para corte até mesmo programas de gestão que monitoram do orçamento à venda do produto. Graças a essas tecnologias, o tempo gasto na produção de uma
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simples peça diminuiu consideravelmente. Melhor, ainda na prancheta, digo na tela do computador, já se tem a previsão de custo dela e se será viável ou não sua comercialização. Entre os destaques está o Lectra Systems o Modaris II, de prototipagem digital 3D, que se comunica diretamente com a modelagem em 2D (os ajustes feitos em 3D já são mostrados e passam para o 2D automaticamente). Além dele, da mesma empresa há sistemas CAD para design, criação de coleção e de tecidos de malhas entre outros. Outro software que merece menção
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cocacolajeans.com.br
Fotos: Divulgação
é o Audaces Digiflash, da Audaces, um sistema inteligente de digitalização de moldes com câmera fotográfica de alta definição e precisão milimétrica. Ideal para digitalizar conjunto de moldes numa única foto evidenciando pontos de controle. Outro deles, o Audaces Idea é um processo que integra todas as etapas da criação, detalha a engenharia do produto permitindo durante a criação saber o custo final da peça. “Todas nossas soluções são pensadas e desenvolvidas tendo por mote o lean manufacture (manufatura enxuta, filosofia de gestão originada na indústria automotiva focada na redução de desperdícios que uma vez eliminados melhoram o tempo e diminuem os custos de produção) e descartadas as etapas que não agregam valor”, diz Daniela Ambrogi, responsável pelo Marketing da Lectra Systems. De acordo com a executiva o foco é aperfeiçoar os processos, controles de custos, conectividade entre as equipes e dando controle aos gestores para que tenham visibilidade de todo o processo. “Quanto maior a automação nos processos, maior será o benefício da empresa”, fala Daiana Meller do Marketing da Audaces. Os investimentos variam bastante, de acordo com a necessidade de cada empresa, uma vez que, pode-se dizer que as soluções são customizadas. Há desde as compras diretas ou ainda pe-
los programas existentes de financiamentos (Cartão BNDS, por exemplo) e outras facilidades existentes no mercado. No entanto podemos dizer que a maior parte das empresas que têm adquirido esse tipo de equipamento são as de porte médio e aquelas maiores. Entre as empresas que adotaram esses softwares estão a Dudalina, Hering, Marisol e Malwee, que têm produtos da Lectra e a Água de Coco e o Grupo Morena Rosa composto por Maria Valentina, Zinco e a Joy que adotaram os sistemas da Audaces. Produtividade maior, rapidez de decisões e valores de custos antecipados estão entre as vantagens mencionadas por todas essas. Apesar do quadro brasileiro da indústria têxtil ter se revestido de cores mais sóbrias, com queixas a respeito da falta de competitividade devido ao custo Brasil, tanto a Lectra, fundada em 1973 e com sede na França, como a brasileira Audaces, fundada em 1992 em Santa Catarina vêm o Brasil como um mercado bastante promissor. “A Lectra está num momento de investir no mercado brasileiro que está bastante maduro para aceitar nossas soluções”, explica Daniela Ambrogi. Para Daiana Meller, da Audaces, o investimento em tecnologia é o grande diferencial que permite a concorrência com o mercado externo, uma vez que reduz custos de produção e aumenta a produtividade.
Gloria Coelho: “A modelagem tem como base a matemática, com elementos estéticos adicionados a cada temporada”.
modA femininA: criAtivA, mAs tAmbém comerciAl Viagens e pesquisas internacionais são grandes fontes de inspiração para confecções femininas, somadas a um grande feeling em relação à voz do consumidor, para que as coleções sejam realmente comerciais Por Eleni Kronka
para soluções contra desperdícios a LECTRA tem programas como MODARIS 3D e MD 3D DRESS WHITH MOTIVES
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Brasil, 5º produtor mundial no cenário têxtil, é um dos mercados onde a indústria têxtil e de confecção – guardadas as proporções em relação aos maiores concorrentes e levando-se em conta problemas estruturais, que vão desde a logística de distribuição aos entraves burocráticos e tributários – apresentase estruturada, com todas as etapas de produção. Há produção de fibras naturais, sintéticas e artificiais. O segmento
da fiação enfrenta limitações, mas na etapa seguinte, da tecelagem e malharia, as empresas lutam criativa e bravamente para manterem a estabilidade; embora o Custo Brasil não contribua para nenhum segmento produtivo. A confecção, etapa mais pulverizada de toda essa grande indústria chamada moda, obviamente encontra muitas dificuldades no dia-a-dia, mas tem como vantagem a chance de estar mais próxima e poder ouvir
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dossiê modA Lilla Ka: “A consumidora quer da marca algo supere barreiras de tempo e espaço”.
de mercado. “Ela quer tecidos nobres e conforto”, acrescenta, frisando que a informação de moda que nasce nas passarelas internacionais deve estar presente. “O desejo de moda surge aí, mas a consumidora quer da marca algo supere barreiras de tempo e espaço”. Ao lidar com essa alquimia, a marca Lilla Ka adiciona à informação de moda aquelas que são características próprias da brasileira: “Pele bronzeada no verão, ar saudável, bom humor, alegria e desejo de cores”, revela Diana Sternfeld. “Esse verão na Europa, por exemplo, é feito de preto, branco e cinza, com algum pequeno detalhe de cor… Isso não funciona no Brasil!”, observa. “Há forte crise na Europa e as marcas trabalham essa fórmula para evitar sobras”. No caso da pesquisa inspiracional, a executiva conta que a fonte principal da Lilla Ka é o próprio Brasil. “A regata de seda preta, por exemplo, pega bem em São Paulo, mas não no Nordeste. Temos que trabalhar uma boa base de cores, que “conversem’ com toda a coleção”, conta, lembrando que o verão é a mais brasileira das estações. Com participações no Minas Trend Preview (MTP, em MG) e no Casa Moda (SP), a Lilla Ka compra matérias-primas (algodão, lino, seda) no Brasil e no exterior (lãs e cashemires do Perú). “A coleção da Casa Moda é diferente da apresentada no MTP, pois os compradores podem coincidir”, observa, destacando que já está com a coleção de inverno 2015 pronta também. “Temos que nos adiantar para poder dialogar com os compradores”, finaliza.
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AGiLidAdE
– por meio de canal de varejo próprio ou não – a consumidora final, que é quem realmente reina no mercado. A criadora e empresária Gloria Coelho, do alto de seus 40 anos de atuação na moda, fala de cátedra: “Todos os dias são um grande exercício de trabalho e de conhecimento dessa cliente”, avi-
NEM: “Com acesso à informação, a cliente passa a exigir mais da marca à qual é fiel”.
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sa. Com uma proposta autoral de criação, Gloria Coelho afirma ter acabado de introduzir uma nova abordagem ao trabalho. “A partir do SPFW Verão 2015, passei a pedir opinião a cada modelo sobre o look que vestiria na passarela. A satisfação de cada uma contribuía para a interação com a proposta de moda”, comenta. Essa dinâmica nada mais é do que o próprio desejo de interação da criadora com a consumidora. “A modelagem tem como base a matemática. A cada temporada, vamos trabalhando com essas bases, adicionando novos elementos”, explica, revelando que há uma calça, lançada em 2001, que nunca mais saiu de linha. “O tecido é tecnológico, que permite o ajuste perfeito da peça ao corpo. E a cliente da marca não abre mão desse conforto e privilégio”, diz Gloria Coelho, que utiliza principalmente matéria-prima nacional da Vicunha e Rosset, e outros tecidos da Picasso. A estamparia vem com motivos relativos à arquitetura, paisagem, à luz ou mesmo figuras de unicórnio, todos idealizados pela própria estilista. “Costumo usar os desenhos que recebem mais ‘curtidas’ no meu Instagram”, confessa.
muLHEr conTEmPorÂnEA
A marca Lilla Ka, com 14 anos de existência, conta com a longa experiência de mercado da “marca mãe”, a Nutrisport. A diretora da marca, Diana Sternfeld, lembra que a mulher madura, a partir dos 30 anos, quer roupa descontraída, sintonizada com tendências
Outra marca que conhece bem os caminhos do mercado de moda no Brasil é a NEM, que está completando 30 anos. “Dos lançamentos mais informais até a estruturação do showroom, em Pinheiros (SP), foi um salto da marca para atender ao mercado”, comenta a sócia-proprietária e responsável pelo estilo, Eloísa Pera. A empresária destaca que o acesso fácil e rápido à informação influenciou muito o comportamento da consumidora. “Com acesso à informação, ela passa a exigir mais da marca à qual é fiel”, comenta, afirmando que "as grifes estrangeiras tornaram-se referência para a cliente, ao mesmo tempo que também contribuem para as vendas”. À hora de criar e desenvolver a coleção, Eloísa Pera também fala em adaptação de informações internacionais. “Começo a pesquisa conferindo os desfiles internacionais. Em seguida, verifico os lançamentos de tecidos, nos showrooms e no Salão Première Brasil”, comenta, completando que a pesquisa tem continuidade com duas viagens ao ano, incluindo escalas em Londres, Paris e Nova York. “Busco aí referências para shapes, acabamentos, seja nas redes de fast fashion, seja nas marcas mais conceituadas”. A partir daí, vem a adaptação ao gosto e necessidades da cliente brasileira. “Ela é jovem, mas precisa de certos itens adequados a seu corpo e modo de vida”. Para isso, segundo Eloísa Pera, há uma forte ligação entre as áreas de estilo e comercial. “As reuniões são frequentes para que a informação chegue a tempo de se fazer as adequações pedidas pelo mercado”.
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K
Dossiê moda
O plus size decola
Aline Zattar
Xica Vaidosa
Zank
Marden
Bastou uma iniciativa de levar a passarela as marcas fabricantes de tamanhos grandes para o segmento decolar e ganhar cada vez mais espaço no mercado
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nvestir no mercado de artigos de vestuário para pessoas acima do peso tornou-se muito lucrativo. E segundo dados da Associação Brasileira de Vestuário (Abravest), o segmento não para de crescer. A cada ano, esse mercado movimenta aproximadamente R$ 4,5 bilhões, o que corresponde a quase 5% do faturamento total em vestuário como um todo, que ultrapassa a marca dos R$ 90 bilhões. Em 2010, quando esses números ainda não existiam e poucas marcas davam destaque às linhas de tamanhos grandes, a jornalista e empresária Renata Poskus Vaz lançou o primeiro Fashion Weekend Plus Size, em versão bem reduzida, em São Paulo. De lá pra cá, o evento cresceu e muitas marcas passaram a produzir grades com tamanhos maiores. Algumas até deixaram outros tamanhos para ficar somente com o GG. Até mesmo Renata Poskus investiu em linha própria, lançando neste mês de maio uma etiqueta própria, a Marri Gattô, produzida pela Tivah. A Marri Gattô by Renata Poskuz é composta por 14 peças, e tem a viscose como carro-chefe, “por ser confortável e oferecer bom caimento, acompanhada por malhas do tipo tricô e veludo de malha”. Já a marca Keams, com 12 anos de mercado, atua no segmento de bottoms, oferecendo ampla linha de calças e bermudas, em tecidos planos (denim e sarja, entre outros) e malhas. A proprietária, Terezinha Kayo, lembra que a grade vai do 38 ao 54. “A divulgação em torno do plus size contribuiu para aumentar a venda do GG da marca”, conta, acrescentando que as vendas se dão por meio da pronta entrega no Brás. “Oferecemos peças com detalhes de moda, como bordados e estampas sobre o jeans”, afirma, explicando que o lojista do plus size vem em busca desses diferenciais. “Aumentamos a variedade e reduzimos a tiragem por modelo, para sempre oferecer novidades”, assinala.
Pesquisa
Para a estilista da Xica Vaidosa, Raquel
Quinderé, “a principal fonte de inspiração está nas ruas”. A marca, surgida em 2011, realiza pesquisas através de portais, revistas, palestras, sites e blogs nacionais e internacionais. “O acesso fácil à internet causou impacto no mercado e produziu a abertura para novos processos de informação e produção, mostrando que é preciso capacitar-se para tornar-se um competidor na moda”. A coleção Xica Vaidosa segue propostas da temporada, adaptada ao público. Assim, a linha é composta por vestidos, conjuntos, saias, blusas, com detalhes de estampas e tranparências. “Encontramos todos os tecidos aqui, porém o artigo nacional é bem mais caro, devido aos impostos”, salienta Raquel Quinderé. A empresária Aline Zattar lançou a etiqueta homônima em 2012 e também se serve de todos os canais de comunicação para abastecer-se de informações sobre moda e comportamento. “O próximo passo serão as viagens internacionais de pesquisa”, afirma Aline, que não dispensa uma boa conversa com as clientes e amigas para prospectar novas tendências. “Sou criadora e ao mesmo tempo consumidora do ‘mundo plus’. Além disso, estou cercada de amigas clientes da marca, que me ajudam a direcionar as criações”. E tem mais: “Pela fanpage da marca, conseguimos medir a receptividade das clientes no lançamento de uma coleção”, diz.
Fotos: Divulgação
Por Eleni Kronka
Clientela
Outra marca que segue o grau de satisfação da clientela por meio das mídias sociais é a Marden. A gerente da área de produto, Andressa Nunes, afirma que a fanpage ajuda a mostrar a receptividade da consumidora e do revendedor da marca. A marca tem o jeans como carrochefe e trabalha com alfaiataria. Trabalhando exclusivamente com artigos nacionais, Andressa Nunes afirma que é possível encontar aqui o que for preciso para coleções que encantem o público da marca. Já a diretora e estilista da marca
Zank, Simone Azank, afirma que a marca se vê obrigada a importar tecidos. “Essa prática garante maior diversificação, qualidade e conforto, considerando que a maior parte dos arti-
gos usados nesse segmento devem conter strech”, destaca. Simone lembra que a adaptação de tendências em vigor na moda ao plus size supõe a escolha cuidadosa de fios e tecidos.
ta própria, sendo Marguerite uma marca exclusiva para o público feminino Plus Size e a Quintess Plus Size, sendo uma extensão da marca Quintess, segundo o coordenador de e-commerce, Tiago Fernando de Zutter. O executivo revela que o crescimento de vendas de modelos GG em 2013 foi
80% superior em relação a 2012. “O objetivo é continuar ampliando a linha Plus Size trazendo novas marcas”, conta. A coordenadora de desenvolvimento de produto da Quintes e Marguerite, Dayse Cristina Rux, por sua vez, comenta que as pesquisas de moda são feitas periodicamente. “Acompanha-
mos os desfiles de Paris, Milão e Nova York, além dos blogs de moda e palestras de tendências a cada estação”. A executiva afirma que para os lançamentos, além das tendências, há um grande cuidado com a modelagem. “Hoje é um dos nossos diferenciais: atendemos até o tam 60!”, finaliza.
Plus size on line O Posthaus.com, como shopping de moda online, oferece linhas de confecção e também o plus size. Entre as marcas comercializadas estão: Lunender Mais Mulher, Malwee Grandes Abraços, Marguerite e Quintess Plus Size. As duas últimas são marcas próprias Posthaus e que possuem etique-
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keams.com.br
R. Miller, 475, Brรกs Sรฃo Paulo, SP Tel.: 11 2694.0837
Há muito a moda masculina não
Hermès
era tão pródiga em novidades.
Hermès
O verão do Hemisfério Norte dá novas interpretações ao esportivo, à alfaiataria, bem como aos florais e até ao color-blocking à hora de vestir o novo homem
Jamie Dornan por Ermenegildo Zegna
A nova e descomplicada moda masculina O segmento de moda masculina é um dos que mais passou por alterações nas últimas três décadas, em função das novas marcas e do desejo de moda por parte do consumidor
Gucci
Por André do Val
N Ermenegildo Zegna
Ermenegildo Zegna
o incansável sistema de auto-renovação da moda, o segmento masculino sempre andou em um ritmo mais lento que o feminino. Porém, dada atual velocidade em que o mercado lança novidades às consumidoras mulheres, são os homens quem vão ensiná-las agora como fazer uma boa compra, sem a urgência de trocar de roupa a cada visita ao shopping center. Pois é acertando a proporção entre qualidade e informação de moda que eles tranformarão o que sempre pareceu uma desvantagem de estilo em um novo padrão de comportamento de consumo. Veja por exemplo os temas mais relevantes do verão 2014 do hemisfério Norte. Esporte é um deles. Não interessa muito qual modalidade vai ser praticada, sejam os atletas do futuro da Calvin Klein, os tribais da Givenchy, ou ainda os esportes náuticos de Salvatore Ferragamo. Interessa saber que é um tema de fácil
assimilação pelo consumidor brasileiro e que o atrai por inserir novas funcionalidades e novos elementos no modo de vestir das grandes cidades, como neoprene ou tecidos de performance que ajudam o corpo a respirar melhor. Outro tema em alta foi o look resort, principalmente pelos novos florais em fundos escuros mostrados por Prada e Gucci, em Milão, ou por Dries Van Noten, em Paris. Suas camisas de lapela bem aberta e usadas de modo casual funcionam como pequenas inserções de informação de moda e dão mais um passo em direção a um guarda-roupa tropical chic. Não seria demais se as roupas Made in Brazil não demandassem ar-condicionado? Ainda temos uma forte corrente rumo a uma alfaiataria descomplicada, que começou (como de costume) por meio de um movimento jovem, ao resgatar a vontade de se vestir novamente com terno e gravata – menos por obrigação, mais por prazer. As coleções da maior par-
te das grandes marcas de moda masculina mantém este foco hoje. Tome como exemplo as peças descombinadas e os tecidos com efeito amassado de Hermès, as formas mais amplas e soltas propostas por Ermenegildo Zegna e um sutil color-blocking construído com recortes de tecido por Valentino. São muitas as maneiras de vestir o homem brasileiro de modo elegante, ainda que de espírito livre. Por isso, seja menos refém da lista de tendências criadas a partir dos desfiles internacionais. O paletó tipo jaquetão continua sendo um elemento pouco amigável às proporções menos alongadas do homem brasileiro, shorts muito curtos ainda os assustam e não adianta tentar convencê-los de que a camurça é fininha o suficiente para compor um look de verão. Neste ponto, homens são bem mais rigorosos do que as mulheres: eles até aceitam algum palpite, mas sabem muito bem o que querem e o que não querem vestir.
André do Val é especialista e palestrante em moda masculina.
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Fotos: Divulgação
Dossiê moda
Darling coleção 2014 com Giovanna Ewbank
no seletivo mercAdo dA lingerie
No competitivo segmento de underwear, as marcas diferenciam-se pela informação de moda das coleções, mas, sobretudo, pela tecnologia que dá às peças toque e modelagem de indiscutível qualidade Por Eleni Kronka
A
daptação é um dos termos que melhor se adequa ao trabalho desenvolvido no segmento da lingerie, já que a peça deve adaptar-se perfeitamente ao corpo feminino (aliás, para isso é que ela existe), deve adequarse ao gosto exigente da consumidora e estar em perfeita sintonia com o mercado. “O produto precisa, enfim, estar muito focado no perfil da marca e da consumidora”, assinala a gerente de produto da Del Rio, Ana Cláudia Teixeira. Esse é o motivo pelo qual as pesquisas sobre comportamento e mercado são tão requisitadas hoje. “Pergunta-se o que se quer em relação ao produto, unindo-se a esses dados o que é proposta de moda para a temporada”, frisa.
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A executiva da Del Rio ressalta que a lingerie tornou-se um dos produtos mais tecnológicos da moda. “Apresentar a lingerie sem costura, com tecidos leve e ultramacios é hoje coisa tão importante quanto ter na coleção os florais graúdos que se tornaram hit de moda”, observa. De fato, as flores grandes, que antes só tinham espaço na moda praia, chegaram à lingerie, alternando com tecidos lisos e estampados num mesmo conjunto. No quesito tecnologia para underwear, a China incrivelmente tornou-se líder mundial, com seu maquinário de ponta. “Até mesmo a França ficou atrás da China quando o tema é tecnologia. Mas a França ainda detém o estilo”, comenta, completando que a lingerie brasileira não dei-
xa nada a desejar para a francesa. “É um produto que tem estilo e tecnologia com reconhecimento internacional”. No caso da Del Rio, Ana Cláudia Teixeira afirma que a fábrica foi totalmente renovada nos últimos cinco anos. “Para ter ajuste perfeito, cada modelo tem um modelo de prova”, revela, demonstrando o toque quase “artesanal” da produção. O quesito modelagem perfeita vale até mesmo para a novíssima Miss Del Rio, lançada para a pequena consumidora. “Todas querem se sentir confortáveis”, assinala.
inFormAÇÃo
Para a Darling, existente desde 1949, informações que vêm do próprio contato com a cliente, bem como as que circulam pelas redes so-
ciais são importante subsídio para o desenvolvimento do trabalho em underwear. “Dados sobre tendências de moda e comportamento são essenciais, vindos de sites especializados, como WGSN e Stylesight, bem como as revistas internacionais e outras fontes na web. Viagens internacionais, por sua vez, ampliam horizontes sobre produtos e até sobre a exposição deles no ponto de venda”, observa a diretora de criação da marca, Margaret Lewinsk. A executiva da Darling chama a atenção para a forma de adaptação dessa informação para a consumidora local. “A mulher brasileira conhece muito bem o seu corpo. Sabe o que quer mostrar ou esconder. Tem uma cultura própria. Por isso as informações inter-
nacionais enriquecem mais o campo da inovação têxtil e tecnológica do que propriamente o design. As formas e a modelagem são resultado de nosso trabalho criativo, que muitas vezes se destaca diante do design internacional”. Através das mídias sociais e do canal SAC, a marca obtém informações valiosas sobre desejos e necessidades da consumidora, segundo Margaret Lewinsk. “Muitas seguem formadores de opinião, facilitando o acesso à informação internacional. Mas notamos que na hora da escolha da lingerie, prevalece o gosto pessoal”.
sHAPE com conForTo
A Plié é a marca que especializou-se no segmento de lingerie modeladora com qualidade, tecnologia e al-
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Dossiê moda Linha jovem da DelRio
gum approach com a moda. A gerente de marketing e produto, Elemar de Souza Cruz, lembra que a marca está há 10 anos no mercado e vem fazendo, anualmente, por meio de distribuidor, o Salão da Lingerie de Paris, além de atuar também nos Estados Unidos. “Várias marcas de lingerie têm peças modeladoras, mas ninguém bate a Plié nesse quesito, em que se especializou e tornou-se referência”, des-
taca, acrescentando que a empresa investe fortemente em tecnologia. “As peças têm que modelar, mas com conforto absoluto, sem apertar”. A executiva da Plié lembra que o boom do segmento de lingerie modeladora de fato aconteceu há cinco anos. “Lá fora isso é recorrente há muito mais tempo e abarca muitas outras áreas. Basta ver magazines estrangeiros que colocam a lingerie modela-
NS002314A_1AF_AN_WORLDFASHION_NS_28x20_300DPIS_LENE.pdf
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11:05 AM
dora na área destinada à moda noiva”, por exemplo. Com volume mensal de produção em 200 mil peças, Elemar estima um crescimento de 17% nas vendas nos últimos tempos. “Antes, a lingerie modeladora ficava escondida na loja. Hoje está na vitrine, pois a consumidora pede e as peças, com toda a tecnologia de produção e informação de moda, atendem às estimativas de mercado”, conclui.
Plié: Lançamentos no competitivo segmento de lingerie modeladora
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Winter 2015 World Fashion + Varejo traz uma mostra do Inverno 2015 apresentado nas passarelas internacionais para que os profissionais e observadores da área de moda observem as evoluções da temporada. A escolha de materiais – cada vez mais tecnológicos e confortáveis – se dá em função das formas e dos melhores caimentos de cada peça. A modelagem que define a peça é também o elemento que dirá se a temporada seguirá por caminhos de minimalismo ou de elaborada silhueta. O resultado, aqui, mostra que criadores e marcas apostam em coleções em que é possível encontrar o equilíbrio entre o minimal e o over
Dolce Gabbana
Dior
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Fotos: Marina Sprogis Celine
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dossiĂŞ modA
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Diane Von Furstenberg
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Haider Ackermann
Mary Katrantzou
Yves St. Laurent
Burberry
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+acontece mundo
o emAnA cruZA fronteirAs Parceria com empresas internacionais permite a fabricação do Emana no exterior, com distribuição estratégica para diferentes mercados Por Eleni Kronka
Fotos: Divulgação
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esde o lançamento e registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2010, seguidos pela apresentação mundial, ocorrida em setembro de 2011, na edição da feira ITMA, em Barcelona, o fio têxtil inteligente Emana, da Rhodia, empresa do grupo belga Solvay, deu passos muito importantes no mercado. Naquele momento, a participação da companhia na principal feira internacional de tecnologia têxtil dava a conhecer ao mundo um novo e revolucionário conceito de fios têxteis totalmente desenvolvido no Brasil. Logo em seguida, para agilizar a produção e distribuição do produto em di-
ferentes mercados, a Rhodia firmou três parcerias com indústrias internacionais, conforme revela o diretor global de fios têxteis da empresa, Renato Boaventura. Na Itália, a parceria foi firmada em 2012 com a Fulgar, líder de produção e comercialização de poliamida na Europa. Em 2013, foi firmado acordo com a frabricante coreana DTI, que distribui o produto na Coreia e Japão. “A novidade agora é a parceria com a Premiere Fibers, dos Estados Unidos, recentemente firmada e que resulta na produção e comercialização do Emana nos mercados norte-americano e canadense”, comemora Boaventura. O executivo comenta que a Rhodia avalia a
melhor forma de atuar na China. “No momento, há clientes que compram o Emana da Fulgar e da DTI. Mas, certamente, temos a China no nosso ‘radar’, pois dali saem pelo menos 70% dos têxteis distribuídos no mundo”, revela. Segundo o executivo, a operação de produção do fio emana no exterior supõe o envio do polímero do Brasil aos pólos de produção na Itália, Coreia e, agora, Estados Unidos. Assim, na atual fase, a Rhodia depara-se com a expansão do Emana no que diz respeito à produção – no Brasil e no exterior – e à presença do fio nos tecidos e produtos das marcas. “Aqui, iniciamos com os segmentos de lingerie e underwear, com o esportivo e, em 2013, com o jeanswear, por meio de lançamento com a Canatiba e Herchcovitch; Alexandre no Fashion Rio”. Renata Boaventura anuncia que há outras áreas sendo prospectadas pela Rhodia para a introdução de Emana em novos segmentos.
Amni
Outra novidade da Rhodia é o anúncio da “repaginada” da marca Amni de microfibra de náilon, também para têxteis, no momento em que a marca comemora 15 anos de mercado. “Estamos trabalhando nesse projeto, pois a moda pede inovação também no âmbito das matérias-primas”, comenta, acrescentando que, na nova fase, Amni virá “com o charme da moda e o approach com a sustentabilidade”.
nov efev/mar/abr dez 13/jan 14
Fotos: Fernanda Calfat
+acontece mundo
nY, A novA pAssArelA de ivAn AguilAr 2014 é o ano de Ivan Aguilar, que lança a coleção feminina de sua grife homônima, com desfile em Nova York e início das vendas no mercado norte-americano Por Eleni Kronka | Fotos: Fernanda Calfat
O
dia 8 de fevereiro foi mais um marco na carreira do designer capixaba Ivan Aguilar. Na noite daquele sábado, as portas do Lincoln Center, de Nova York, abriram-se para o desfile de lançamento de sua coleção feminina. Seu nome, que já é bastante associado à renovada e contemporânea alfaiataria masculina, ganha destaque agora também no que se refere às criações femininas. Ivan Aguilar participou do line up do Fashion
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Rio para lançamento de coleções do verão e inverno 2008 e de inverno 2009. Depois disso, ficou fora dos holofotes das passarelas, dando toda a atenção que seu trabalho no ateliê, em Vitória, merecia. Com o aprimorado trabalho de alfaiataria, Aguilar conquistou a atenção de dois presidentes, Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva. Mas o desejo de criar também para mulheres adeptas da elegância clássica renovada sempre
existiu. Até que chegou o momento de lançar e mostrar na passarela essa nova proposta, tendo como palco a Semana de Moda de Nova York. Ivan Aguilar traz para o feminino a expertise do trabalho com a alfaiataria. As roupas são estruturadas e perfeitas no corte e acabamento. Nos looks, ele alterna a arquitetura com a fluidez, com detalhes muito discretos de transparência. A coleção mostrada em fevereiro, em Nova York, tem como inspiração a
arquitetura urbana de Barcelona, na arte barroca e nas pedras preciosas brasileiras. Nessa linha, Ivan Aguilar justapõe tons discretos de dourado e prata ao eleger tecidos valorizados pelo brilho como efeito de superfície. Entre os materiais estão a pura lã, o linho, o algodão, a seda e o rayon. O toque artesanal está na composição com peças feitas em crochê, seguindo a cartela de cores da coleção, baseada em tons de cobre, chumbo, ouro, prata, azul-petróleo, carbono e lápis lazuli.
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Industriais e pesquisadores marcaram presença em evento pernambucano que promoveu negócios e troca de ideias sobre moda e mercado Por Yuko Suzuki
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s visitantes da Agreste Tex – Feira de Máquinas, Serviços e Tecnologia para a Indústria Têxtil conferiram lançamentos e tecnologias de 250 dos principais fabricantes de máquinas de corte a laser, softwares, enfestadeiras, máquinas de costura, equipamentos para lavande-
rias, tintas e tecidos/acessórios disponíveis no mercado. A feira, realizada de 18 a 21 de março, no Polo de Caruaru, em Pernambuco, contou com a parceria da Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (ACIC) e apoio de entidades como: Abimaq, Abramaco, ABTT, Sindicatos da Região entre outras.
cicLo dE dEBATEs
Debates, conferências e exposições marcaram a realização do 2° Ciclo Pernambucano de Moda, Arte e Sustentabilidade, realizado no Espaço Multicultural Arte Plena, paralelamente à Agreste Tex. A iniciativa tem por objetivo aproximar empresários, estilistas, artistas
Helvio Roberto Pompeo Madeira Junior
Foto: Breno Augusto
Agreste de pernAmbuco reúne indústriA e ideiAs
Para Fabiana Chaves Lopes da Silva, coordenadora de produto e marketing da Canatiba Denim Industry, que participou pela primeira vez da mostra, o evento foi um sucesso: “O showroom montado no Canatiba Fashion Truck – caminhão itinerante com produtos da empresa – provocou grande interesse do público. Recebemos visitantes de todas as cidades do polo e atingimos o objetivo de divulgar a marca Canatiba e suas linhas na região”. O gestor comercial da região Nordeste da RenauxView, Cristiano Witkowsky, declara: “Participamos pela primeira vez para divulgar a marca RenauxView na região pois estamos abrindo uma loja, em abril, em Caruaru. Ficamos surpresos com a feira e realizamos vendas. Plantamos a semente e já começamos a colher os frutos”. Já Hélvio Roberto Pompeo Madeira Junior, diretor de marketing e comunicação da FCEM Feiras e Congressos, empresa 100% brasileira, que está no mercado há mais de 20 anos e é especializada na organização de feiras e eventos, destacou que o evento superou as expectativas e já tem agendada sua próxima edição: de 8 a 11 de março de 2016, novamente no Polo Caruaru.
plásticos, designers, produtores, gestores culturais, governamentais, educadores, estudantes e o público em geral para discussão dos novos modelos de desenvolvimento, novas tecnologias e práticas mais conscientes no meio criativo e industrial, tendo como principal cenário o polo de moda do Agreste Pernambucano. O ciclo contou com as seguintes palestras: “Sustentabilidade”, por Yuko Suzuki, fundadora e publisher da Revista World Fashion; “A Cultura Brasileira como Elo de Criação e Impressão de Identidade ao Produto de Moda Brasileiro”, com o criador Ronaldo Fraga; “Bread & Butter e as Novidades Jeanswear”, por Iolanda Wultz, do Guia Jeanswear; “Tendências de Jeanswear Inverno 2015 e Preview
Verão 15/16”, por Patrícia Souza, do UseFashion; “Tendencias e essências mágicas do verão 15 e novos mecanismos da estamparia digital”, por Norberto Arena, do Arena Bureaux de Estilo; “Moda que veste jovens de todas as idades e anima ambientes”, por João Barcellos, do jornal Impressão & Cores; “Projeto Art+K – Soluções Inteligentes para o Fast Fashion”, por Renato Kherlakian; “Arte, Meio Ambiente e Sustentabilidade”, com os pesquisadores Maria do Carmo Da Silveira Xavier e Eldemar de Albuquerque Menor, ambos da Universidade Federal de Pernambuco; Novo Mercado: “Integração das cadeias de valor da moda”, por Maria José de Carvalho, das revistas ITT Press e Textília.
Maria do Carmo da Silveira Xavier Canativa Fashion Truck
e Leopoldo Nobrega -
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fundadores M
do Ciclo Pernambucano,
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com Ronaldo
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Fraga e Yuko
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Suzuki
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CMY
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Palestra de
Fotos: Acervo WF
Fotos: Breno Augusto
Ronaldo Fraga
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Moda,consumo e sustentabilidade
Fotos: Breno Augusto
Por Yuko Suzuki
AF02_ANWFVarejo_Curvas_Nomina061Page 1 21/6/2013 21:55:52
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Movimento que chegou forte no século 21, formando a consciência coletiva pela preservação do planeta e da própria vida. Isso apesar da interpretação dada, por exemplo, pelo físico David Deutsch, que questiona as grandes ações e corridas geradas pelo movimento. Deutsch acredita que os seres humanos se adaptarão e conseguirão escapar às mudanças climáticas e mais o que vier. Independentemente das crenças, o movimento atinge vários setores e se depara com a demanda de um conjunto de ações: ambiental, social e a econômica. São processos maiores do que simplesmente atitudes superficiais, que visem apenas mudar a imagem da empresa, aproveitando a chamada “onda ambiental”. A cadeia produtiva têxtil e de moda é considerada um
das três maiores e importantes segmentos da economia global, interligando diferentes setores como agricultura, pecuária, indústria e comércio. E tem como principal fonte de lucros a produção de roupas, mas poucos consumidores conhecem o complexo sistema de produção pela qual passam as peças que consomem. As matérias-primas empregadas têm diversas origens e procedências: vegetais, animais e artificiais. Existem vários processos e inovações tecnológicas para a industrialização das matérias-primas, porém nem todas são renováveis e nem sempre sustentáveis. Um segmento que trabalhe intensamente em função da troca e descarte constante de produtos – tal como fazemos com nossas roupas e
acessórios a cada mudança de temporada – poderia ser caracterizado ecológico? Um dos atributos da moda é a renovação permanente ou a substituição do que foi criado com data/estação ou época por algo que despontará na próxima estação. E assim outros segmentos também geram a renovação e consumo, tais como carros, celulares, tablets. E assim, fica uma reflexão: O modismo seria compatível com sustentabilidade? Então todos os ciclos de vida de produtos e serviços precisam planejar, visando as melhorias ambientais com eco eficiência de processos em toda a cadeia produtiva. Somente depois de uma profunda reflexão e estudos das diversas engrenagens para a ecoprodução, podemos considerar a ecologia na moda.
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De 14 a 16 de Junho de 2014, das 10 às 20h no Expo Center Norte - São Paulo/SP
moda em todos os sentidos oportunidades • negócios • tendências O mais importante evento de negócios de confecção do país. A Fenin traz oportunidades únicas para realizar grandes negócios, ótimos contatos e descobrir as novas tendências. São cerca de 1.000 marcas, 10.000 lojistas, diversas atrações, desles, além da presença de celebridades e artistas que fazem da Fenin um evento completo.
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Realização:
do mundo da moda e busque o que está no seu exterior”. [2] Criações de Louise Goldin, que já trabalhou para a mineira Patachou, além das internacionais Versace , Kanye West e Ballantines. [3] Louise Goldin, ao lado de Paula Mageste: “Nova York é o lugar onde se é reconhecido”, diz a estilista britânica. [4] Dean Quinn: irlandês brilhou em Semana de Moda de Nova York. [1]
[2]
[4]
Fotos: Divulgação
[3]
modA, informAÇão e trAnsformAÇão em debAte Pesquisadores e profissionais bem articulados nos bastidores da moda reuniram-se em Belo Horizonte para a troca de uma valiosa “moeda” corrente na atualidade: a informação Por Titita Motta
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Workshop MIT, em sua quinta edição, foi realizado em Belo Horizonte, no auditório da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, no dia 18 de março de 2014, reunindo empresariado de moda e profissionais do mercado na plateia lotada por 250 pessoas. Com uma agenda de sete palestras e uma mesa de debates sobre temas diversos em torno dos desafios para o Brasil na área da criatividade e da inovação o evento reuniu especialistas em estilo, desenvolvimento de produto, comunicação, marketing e tecnologia. Trata-se de uma iniciativa do Sindivest MG, com a organização a cargo do TS Studio da designer e consultora Tereza Santos e da Salamandra Comunicação da jornalista Heloísa Aline.
ProJEÇÃo inTErnAcionAL
A estilista Virgínia Neves expôs sua trajetória profissional, que começou com a graduação em moda na Fumec em Belo Horizonte. No exterior ela passou pela Isabel Marant, Ungaro e Vionnet e hoje se encontra no
atelier de alta costura em Beirute de Elie Saab, grife de destaque nos red carpets com criações que são verdadeiras obras de arte. Virgínia chamou atenção para as exigências competitivas do mercado internacional, sua organização de produção hierarquizada e a necessidade de muita qualificação para integrar uma equipe de criação de marca de prestígio. “Tudo o que importa realmente na vida traz risco. Se você quer algo que nunca teve, você precisa fazer algo que nunca fez”, aconselha ela, completando que “a criatividade pede que se saia um pouco do mundo da moda e busque o que está no seu exterior”. Dean Quinn, jovem estilista irlandês sediado em Nova York, acaba de ingressar na Michael Kors e é um case de carreira rápida bem sucedida. Estudou na Saint Martins em Londres, trabalhou com Zandra Rhodes e já integrou a equipe de Donatela Versace em Milão. Com sua marca própria fez sucesso com seu primeiro desfile na Semana de Moda de Nova York e vestiu celebridades como Rihanna e Lady Gaga.
Alessandra Morrison, diretora de Gestão de Pessoas e Organização da Hering, destacou o pioneirismo e o case de sucesso da empresa fundada pelos irmãos Hering, em Blumenau que, em 1935, já mantinha uma fundação cultural e em 1940, uma cooperativa de crédito para seus funcionários. Hoje, a gigante do setor tem 17 mil pontos de venda multimarcas, 760 lojas próprias ou franqueadas e não para de crescer com as marcas Hering, Dzarm, Hering Kids, PUC e agora com a Hering for you em lançamento. A empresa adotou um sistema de produção própria e terceirizada com foco na gestão de marcas. “Um programa em parceria com o Sebrae está capacitando 800 confeccionistas que já fazem parte da organização”, diz ela. Paula Mageste, diretora de redação da revista Claudia, por sua vez, apresentou os resultados de interessante pesquisa realizada em 2012 sobre o presente e o futuro das mulheres brasileiras. O contingente feminino já chefia 38,7% dos lares, alcança 51,1% dos profissionais com doutorado no país e, no entanto, quando estudam de oito a 12 anos recebem 61% do salário dos homens. “O país está mais rico, mais feminino, mais urbano e mais velho”, anuncia. Em 2028 as mulheres estarão ocupando 30% dos cargos executivos nas empresas e, por consequência, com a responsabilidade crescente de manter famílias. A estilista britânica Louise Goldin,
diretora de criação da sua marca homônima especializada em tricô, foi consultora da Patachou, quando a marca era comandada por Tereza Santos, e colaborou com a Versace , Kanye West e Ballantines. Ela falou sobre a sua experiência e as condições de produção e distribuição que vigoram no mercado internacional. “Londres é minha cidade favorita no mundo, mas Nova York é o lugar onde se é reconhecido”, adverte, e acrescenta que ama sua experiência de colaboração no Brasil.
imPorTAnTE comunicAr
Tereza Cristina Horn, diretora da 221 Consultoria e Projetos e especialista em marketing e gestão dos negócios da moda, discorreu sobre ostentação versus contestação e propôs uma análise do consumo no Brasil, relacionando as questões sociais e o cenário do luxo. Fábio Garcia, gerente de Novos Negócios para o Mercado de Varejo da Google ministrou a palestra “O Varejo e o Consumidor Multiplataforma: como impactar nosso consumidor em toda a sua jornada do conhecimento à compra”. Ele refletiu sobre o impacto da tecnologia sobre os novos comportamentos e o uso da mesma para gerar negócios e divulgar produtos de moda. Citou Kate Spade, Diane Von Furstenburg e Fendi, que usam o You Tube para estes fins. Os desfiles são difundidos simultaneamente pela web atingindo consumidores globais.“As marcas já despertaram para o poder do vídeo online”, concluiu.
FEIRA TÊXTEIS INTERNACIONAL DE PRODUTOS
E O MUNDO TÊXTIL AO SEU ALCANC
TECIDOS • AVIAMENTO • FIOS CAMA, MESA E BANHO • VESTUÁRIO
27 a 29 OUT 2014 LOCAL: PAVILHÃO AMARELO - SÃO PAULO - SP
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www.gotexshow.com.br
COMITÊ ORGANIZADOR:
prodv
ForÇA dE mErcAdo
[1] Virgínia Neves: “A criatividade pede que se saia um pouco
2014, Ano de expectAtivA
Foto: Divulgação
+por dentro
O quadro político-econômico brasileiro contribui para o desempenho da indústria têxtil e de vestuário em 2014, ano “curto”, em função das eleições e Copa do Mundo Por Eleni Kronka
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ano da posse do novo presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Rafael Cervone, é marcado por dois eventos que, isoladamente, já seriam suficientemente importantes para influir no movimento dos negócios no País. São eles a Copa do Mundo e as eleições. Mesmo assim, o novo executivo da Abit visualiza perspectivas positivas. “O ano de 2014 começou melhor do que prevíamos no final de 2013”, comenta. No entanto, Cervone assinala que tornou-se necessária “uma mudança de rumo, pois o modelo econômico do País esgotou-se”. Para ele, chegou a hora de resolver entraves que brecam as empresas nos campos burocrático e tributário. A sugestão do novo presidente da Abit é a criação de mecanismos que simplifiquem a vida das empresas.
BALAnÇA comErciAL
Rafael Cervone lembra da necessidade de promover o equilíbrio na balança comercial do setor, e encerrou 2013 em déficit, já que o País exportou US$ 1,26 milhão (cifra à qual não se inclui o algodão), contra US$ 6,756 milhões em importações. Desse total, segundo a Abit, US$ 2,37 milhões correspondem a artigos acabados, sendo que 62% desse montante refere-se aos produtos vindos da China. A desvalorização do real, porém, abre perspectivas para o aumento das exportações brasileiras. “Os investimentos por parte da indústria em equipamentos, entretanto, não devem ultrapassar a marca de US$ 2 bilhões nesse ano, justamente devido à valorização do dólar”. Na visão do presidente da Abit, a indústria têxtil e do vestuário terá um crescimento suave, atrelado ao desempenho do Produto Interno Bruto (PIB). “Caso haja crescimento na casa de 2% a 2,5%, a indústria do setor pode crescer de 2,5% a 3%”, calcula. Rafael Cervone assinala que, ao lado da necessidade de aumento de produtitvidade, novos nichos de mercado devem ser explorados pelas empresas brasileiras, o que já vem acontecendo de certa forma no segmento dos tecidos tecnológicos. O empresário vê aí novas perspectivas de crescimento, acrescentando que parcerias fazem parte da pauta de novas ações da Abit (veja matéria a seguir).
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FirmAdA PArcEriA EnTrE BrAsiL E PorTuGAL
O I Fórum Internacional de Inovação Têxtil - Presente e Futuro, realizado nos dias 8 e 9 de abril, no SenaiCetiqt, no Rio de Janeiro, foi a primeira da série de ações que surgem a partir da parceria entre Brasil e Portugal no campo da tecnologia têxtil. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), através do Texbrasil, Programa de Internacionalização da Indústria da Moda Brasileira, desenvolvido pela entidade em parceria com a Apex-Brasil; a Associação Brasileira de Produtores de Fibras Artificiais e Sintéticas (Abrafas); o Senai-Cetiqt e o Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e de Vestuário de Portugal (Citeve), juntamente com a Associação Selectiva Moda (ASM) e a Associação Têxtil de Portugal (ATP), assinaram importante acordo para transferência de tecnologia têxtil de Portugal para o Brasil, com várias ações previstas ao longo dos próximos anos.
BeneFÍCiOs
“O setor têxtil e de confecção do Brasil não se limita à moda. Há várias empresas que produzem esses têxteis tecnológicos, com aplicação na área médica, na construção civil, no setor de transportes, agrobusiness e também no vestuário. Contamos também com centros de pesquisas em pleno desenvolvimento de novos têxteis. Tenho certeza que a parceria com o Citeve, um dos maiores polos de tecnologia têxtel da Europa, mudará o patamar do Brasil nessa área em alguns anos”, salienta o presidente da Abit, Rafael Cervone. Já o diretor geral do Citeve, de Portual, Antonio Braz Costa, assinala que o segmento de tecidos tecnológicos “conseguiu restaurar o setor em Portugal e hoje já representa 25% do têxtil do nosso país. Por que não teria sucesso no Brasil?”, completando que o convênio fortalecerá um relacionamento de anos com a Abit. Do evento, do qual tomaram parte pesquisadores europeus, norte-americanos e também brasileiros, participaram representantes do segmento, tais como: o Exército do Brasil, atletas olímpicos, Malwee, Nike, Citroen, e empresas produtoras como Rhodia, Dupont, Dini Têxtil, Grandene, Cedro, Invista, Golden Química, estarão debatendo cada painel do evento. (E.K.)
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+por dentro
A novidAde morA Ao lAdo Nos bastidores da Moda, por trás de uma grande tendência, há sempre um grande coolhunter Por Camila Xavier
World Fashion + Varejo – O que a atraiu para a área de coolhunter? Lígia Krás – Iniciei minha carreira já a partir do vestibular para Ciências Sociais, em 1998. Sempre gostei de pesquisar, analisar e investigar questões sociais, culturais,
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movimentos e comportamento. Achei que esse era o melhor caminho, embora a grande maioria das pessoas seguissem para as áreas de moda, publicidade, etc. Tenho certeza de que fiz a escolha certa. Brinco dizendo que ‘nasci coolhunter’, ou pelo menos ‘hunter’. Sempre fui atrás da origem das coisas, nunca fiquei na superficialidade, sempre li muito mesmo. WF+V – Quais são as áreas de atuação e os perfis profissionais do coolhunter? L.K. – Ao contrário do que acontece lá fora, no Brasil, a área ainda está muito restrita ao mercado de moda e de publicidade. Há, de fato, perfis de coolhunter. Alguns são chamados por marcas para buscar e aplicar tendências que já estão acontecendo. Outros são realmente destacados para captar essas tendências, movimentos, comportamentos em mutação. Vejo com muito mais interesse o segundo perfil. Ainda falta entender que o coolhunter não é um profissional de escritório. Não é um profissional que, sentado numa cadeira das 9h às 19h, vai desvendar o que acontece no mundo. Sempre deixei isso muito claro nos lugares que trabalhei. E se você quer me aproveitar bem, deixe-me livre: virei quando for necessário e irei para as ruas quando for necessário ir. É impossível elaborar um report recheado de insights, com análise de discursos, comportamentos etc, em uma sala com rotina normal de trabalho. Não consigo! Quando estou em fase de análise e elaboração de report, preciso da paz da minha casa para fazer isso. Por sorte, a maioria das agências e empresas entende que essa é uma necessidade real des-
Foto: Divulgação
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ista por muitos como tema superficial, a moda mostra, tanto pelo trabalho realizado em seus bastidores como na linha de frente, que há muita mobilização e investimento em capital humano para que toda uma indústria funcione a contento. O que muitos não sabem ou se esquecem é que antes de uma tendência vir à tona muitos estudos são feitos para se observar comportamentos e estilos de vida dos consumidores, visando melhor atender às suas necessidades. É o que faz o Coolhunter, profissional que fica de olho em tudo o que está acontecendo no mundo; por isso é também chamado de “caçador de tendências”. Para acompanhar de perto o que pensa e faz os profissionais da área, ouvimos a coolhunter Lígia Krás. Antropóloga por formação e planejadora e consumer thinker na agência Tônica Mix, em São Paulo, Lígia já trabalhou para Box 1824, WGSN e outras empresas de porte no disputado segmento de moda. Seus temas de maior interesse são comportamento de consumo, moda, memória, cultura norueguesa e estilos de vida. “Meu conhecimento vem das ruas, das pessoas que cruzam comigo, dos posts que leio no Facebook diariamente, que me ajudam a entender muito mais do que muitos cursos me ajudariam”, assegura.
se perfil de profissional e que só visa melhorar o resultado. WF+V – Em qual área você prefere atuar? L.K. – Sou socióloga e antropóloga de formação. A antropologia é minha vida, amo meu ofício. Sou pesquisadora de campo, analista, consumer thinker, planejadora, detetive, “netnógrafa”, tudo misturado. Atuo na área que estiver em evidência naquele momento. Pode ser moda, mobilidade urbana e, daqui a um mês, novas formas de consumo. Estou sempre desenvolvendo estudos paralelos de observação, análise e busca de insights em várias áreas. WF+V – As metodologias de pesquisa são as mesmas, ou variam de lugar para lugar? L.K. – Mais do que as metodologias, o que varia são os nomes que as empresas dão à métodos muito semelhantes. Como etnografia, originária da Antropologia, que, para ser legitimada, deve durar um ano. Mas isso é completamente irreal no mercado. Há muito
WF+V – Quais são as características essenciais para se trabalhar como coolhunting? L.K. – Curiosidade pode ser o início… Sabe aquela curiosidade que faz você ler até almanaque de farmácia? Então você resgata referências desse almanaque, que puxa para outra coisa… O mesmo acontece quando se começa a pesquisar no Google, mas é preciso manter o foco. Quem não se dispersa consegue ir muito além da informação inicial que tinha.
alemão Wim Wenders. Então descobri o guitarrista Lou Reed no filme Tão Longe, tão Perto, e através de Lou Reed me apaixonei pela banda The Velvet Underground e, consequentemente, por todo mundo do estúdio Factory, em Nova York dos anos 60, principalmente pela atriz Edie Sedgwick, isso em 1997. O que tudo isso tem a ver com coolhunting? Antes do boom das atuais ‘It girls’, como Alexa Chung, Olivia Palermo e outras, eu já havia estudado toda a vida da Edie, que foi com certeza uma pioneira nesse universo, e infelizmente, muitas das coolhunters caçadoras de it girls mundo a fora nunca sequer buscaram referência para saber o que de fato significava esse termo e a história dele.
WF+V – Cite algo concreto que tenha ocorrido nessas pesquisas aparentemente aleatórias… L.K. – Aos nove anos, era fã de um músico que citou o filme Paris, Texas como seu favorito. Fui atrás do filme e me apaixonei pelo diretor
WF+V – É preciso, então, ir muito além… L.K. – Para ser coolhunter, você tem que ser sempre mais hunter do que cool, a inversão desses valores só prejudica a categoria. Não adianta muito ser cool ao ex-
tempo observo metodologias espontâneas que me ajudam, como o couchsurfing. Aprendi muito mais nas minhas viagens em que me hospedei na casa de pessoas nativas, pois a troca cultural é riquíssima e verdadeira.
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+por dentro Não adianta muito ser cool ao extremo, ir a todos os grandes festivais de música, posar com bicicletas “modernérrimas”, óculos geek e carão de moderna se não se tem conteúdo… tremo, ir a todos os grandes festivais de música, posar com bicicletas “modernérrimas”, óculos geek e carão de moderna se não se tem conteúdo… WF+V – Como está o mercado brasileiro nesta área? L.K. – Está em evolução. As empresas ainda desconfiam um pouco dessa ‘função’, mas acredito que, a longo prazo, se os próprios coolhunters se mostrarem mais sérios e conseguirem expor o quanto a atuação numa empresa pode ajudar, da criação ao planejamento, do atendimento e novos negócios aos núcleos de inovação
e pesquisa, creio que teremos mais vagas e credibilidade na área. WF+V – Você vê a necessidade de um curso de especialização nesta área aqui? L.K. – Não sei... Gosto muito, muito de estudar. Mas logo que terminei minha segunda graduação, comecei a viajar muito a trabalho, pois pesquisava em vários lugares. Isso me impediu de cursar um mestrado. No começo sofri um pouco. Depois não mais. Temos cursos livres excelentes. Orgulho-me de ter conseguido me formar em Antropologia numa instituição que admiro – a UFRGS
–, mas não sinto necessidade de diplomas para legitimar meu conhecimento. Por exemplo, sempre faço essa provocação: em que outro lugar do mundo você leria a seguinte frase ‘orkutizaram o facebook’. Isso me traz muito mais conhecimento cultural sobre meu país do que um curso de especialização traria. Tenho muita vontade de fazer uma pós sim, mas ainda não achei uma que me fisgasse de imediato, que fizesse meu olho brilhar. WF+V – Além da antropologia, há outros cursos ou profissões que podem ser facilmente “linkadas” com a
pesquisa de tendências? L.K. – Economia, design, arquitetura, moda, medicina, física, filosofia, história, nutrição, psicologia, comunicação, biblioteconomia, engenharia de petróleo, relações internacionais, etc. Qualquer curso pode dar insumos para muita coisa. É preciso mergulhar no dia-a-dia, no cruzamento da história com os fatos atuais, das culturas com os acontecimentos. WF+V – Qual o conselho para quem está iniciando a carreira? L.K. – Tenha cara de pau, não deixe para ler depois o que pode ser lido agora, abra o seu olhar, estimule os seus sentidos, finja-se de surdo
por um dia, finja-se de cego por um dia, finja-se de ‘ET’ por um dia. Viva cada dia como se tudo fosse inédito, sem referências, e nos surpreederemos! Não existe ineditismo, existem mudanças, movimentos que acontecem com o tempo. Quem busca ‘tendências e inovação’ inéditas o tempo todo tem um caminho de frustração à frente. As vezes inovação e vanguarda estão nas coisas mais simples, e acredite, as verdadeiras tendências estão sendo manifestadas o tempo todos pelas pessoas comuns à nossa volta. Não é preciso ir muito longe para captar o que está ali ao seu lado.
CONHEÇA O ESTUDO DO COMPORTAMENTO DE COMPRA DA CONSUMIDORA DE MODA ÍNTIMA FEMININA Um estudo exclusivo que descreve o perfil, hábitos e motivações das consumidoras de moda íntima feminina no momento da compra
Perfil de Consumidor
Descrição dos Perfis Identificados
Poder de Compra
Diferentes Grupos da População
Diferenças de Comportamento
Marcas mais lembradas
saiba mais em:
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/iemi.inteligencia
@iemipesquisas
www.iemi.com.br
Foto: Gui Benites
por Arnaldo Rabelo
Diretor de estratégia na Céu Branding.
www.ceubranding.com.br
A suA mArcA dá um sHoW? Mais do que clientes, as marcas precisam ter fãs
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Foto: Shutterstock
disputa das empresas pelo mercado é muito mais do que apenas uma briga de produtos, é uma briga de percepções. Elas são criadas por tudo o que a empresa faz – nos produtos, canais de venda e comunicação – e são representadas pela marca. Temos visto grandes grupos investidores adquirirem participação em empresas brasileiras de moda ou mesmo empresas estrangeiros do setor virem
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ao País. Eles não estão adquirindo o direito de usar os modelos de produtos desenvolvidos, nem estão comprando as instalações das fábricas. O interesse é pelas marcas. Muitas vezes elas valem mais do que os ativos físicos. O que gera esse valor para a marca é o desejo e a lealdade dos consumidores, o crescimento de vendas gerado e o retorno mais rápido dos investimentos. Portanto, a construção de marca pode ser a atividade mais
lucrativa da empresa. Mas a marca é muito mais que um nome e um logotipo. E o caminho para construí-la não é investir milhões em publicidade. Devemos entender o relacionamento dos consumidores com as marcas como o relacionamento entre as pessoas. Todos nós temos muitas coisas em comum, como a constituição geral do corpo, mas a nossa personalidade nos torna únicos. Assim são as marcas fortes: são únicas de alguma forma. Além disso, as pessoas motivadas têm um senso de propósito, uma vontade de realizar algo grandioso, como uma missão na vida. As marcas vitoriosas também têm isso. É o que chamamos de posicionamento da marca. Sem um posicionamento claro, diferenciado e que inclua um propósito, as marcas não se tornam relevantes para seu público. Muitas empresas tentam construir marcas projetando um logotipo bonito, associando a marca com status e um estilo específico, além de investir muito em publicidade. A atenção dada ao atendimento aos consumidores costuma ser insuficiente. Tudo o que conseguem são marcas vazias e que perdem importância com o tempo. Assim como nos relacionamentos pessoais, há uma escala de relacionamento com as marcas na qual devemos evoluir. O primeiro passo é passar a ser conhecida. É o primeiro contato com a marca. Se nos identificamos, o início do relacionamento é com uma compra casual, o equivalente a um encontro. Se gostamos, queremos dar continuidade. É a preferência pela marca. Se existir encantamento contínuo, nos tornamos leais. É um casamento. A última escala é quando nos tornamos fãs e contamos a todos sobre como o relacionamento é bom.
Bruce Dickinson, vocalista da banda heavy metal Iron Maiden, hoje diretor de marketing de uma companhia aérea, diz que as marcas não precisam de clientes, mas precisam de fãs. Não basta entregar o que se espera, temos que encantar. Não devemos pensar em posicionamentos vazios e investir só em publicidade, mas temos que defender causas verdadeiras, construir conteúdos legítimos para a marca e contar histórias envolventes. E, como dizem os americanos, “walk the talk”, isto é, faça o que você prega. Posicionamentos não são construídos sobre palavras vazias, mas sobre ações consistentes. A Walt Disney é considerada uma das melhores prestadoras de serviços do mundo e uma das marcas mais valiosas. Eles dão uma fantástica atenção a todos os detalhes e às pessoas. Os funcionários são contratados para fazer parte de um elenco. Com isso, devem desempenhar um papel. Os clientes são chamados de convidados. Eles devem sempre ser encantados, recebendo muito mais do que esperam. O pipoqueiro surpreende cantando. O lixeiro interrompe seu trabalho e dá um show de batucada com latas. As filas são divertidas, pois têm entretenimento. Cada contato com o cliente deve ser mágico. Todos têm que dar o seu show. Um ótimo exemplo a se seguir. Marcas são o maior patrimônio de uma empresa, seja ela uma desenvolvedora de produtos ou um varejista. Muito se fala sobre construção de marca, mas vemos poucas empresas que trilham um caminho seguro e acertado. Da mesma forma que em um relacionamento pessoal, os dois lados devem cultivar a relação continuamente. Toda marca deve dar o seu show. Como é o show da sua marca?
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Foto: Arquivo pessoal
por Edson D'Aguano
Diretor presidente da Consultive Holding.
www.consultive.com.br
foco no ou foco do.. QuAl é A suA teoriA??? O day-after sob o comando da Change-pró. Que bicho é esse???
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eza a lenda que para melhor compreender o futuro do varejo no Brasil e quiçá no mundo, é fundamental reconhecer que, para todos os efeitos práticos, a principal diferença entre o mercado de consumo (moda, inclusive) de hoje e o de ontem é o fato inconteste do consumidor final estar, agora, com maior poder de escolhas na decisão da sua compra e uso, exatamente por conta da adoção do quanti e do quali da Informação, do Conhecimento e da Sabedoria (Inconsab). Vem daí a consequente mudança (Change-pró) comportamental do life style das pessoas em todo o mundo. Será por quê?!?! É simples... porque, hoje em dia, o foco do cliente é a pró-mudança total na sua maneira de pensar e agir. Estamos preparados para mudar junto com Ele no foco Dele? Sei não!!! O traço distintivo e marcante da mudança no mercado de consumo nos dias de agora, principalmente quando o assunto é estética, a qual insere moda como estilo de vida, é que os consumidores de hoje estão na linha de frente dos negócios e não mais nos bastidores como coadjuvantes que eram. O cenário mundial do consumo pró-culto à estética do corpo e nem tanto à estética da alma. Pelo sim pelo não Ele é o “cara”. O consumidor final, como personagem principal era o que a teoria do fashion business sempre proclamou e pregou, mas que nunca empregou e muito menos ensaiou colocar em prática por motivos óbvios que o egocentrismo do designer de moda explica. Acontece que, de algum tempo para cá (eureka!), o consumidor criou coragem e assumiu o comando. Espelho, espelho meu... lembra? Mudança absoluta de paradigmas. Change-pró to-
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tal, diria eu... Ontem, Ele corria atrás da loja, da marca e do produto. Hoje, é a loja, a marca e o produto que correm atrás do consumidor final e fim de papo. Você quer “falar” com Ele na esperança Dele te atender? Use a “sacada” do foco Do e não mais a do foco No. Ei,ei,ei,ei,ei o consumidor é o nosso rei.
É crEscEr ou dEsAPArEcEr... Eis A QuEsTÃo!!!
Mais, como assim? Por que esta inversão de valores? Cá entre nós, nenhum país, nenhuma empresa, nenhum segmento, nenhum nicho de mercado, tampouco nenhuma pessoa viva neste mundo, bem como nenhuma atitude comportamental escapou do extraordinário, estupendo e incrível impacto da TI (Tecnologia da Informação) na vida de nós mortais, a qual, de braços dados como dois namorados com a VG (Velocidade da Globalização), revolucionaram a maneira de pensar e agir das pessoas como um todo. Estou me referindo, claro, à milagrosa Change-pró no day-after (pós-crise internacional) do mundo fashion via TI+VG, dupla esta que provocou um strike na mudança do life style de todos nós em todo o planeta terra. Ainda que a palavra, (há décadas decantada em prosa e verso) Globalização tenha se tornado um, convenhamos, clichê... Ainda que esta dita globalização hoje (atuando como combustível da mudança) seja responsável pela assimilação, em tempo real, das tendências comportamentais de uso, costumes e, especialmente, do segmento moda concomitante à evolução do mundo... Ainda que a tal globalização possa parecer, à primeira vista, um paradoxo referencial do fashion world, significando tratar-se de forma ampla de uma sinalização pró-mudança com-
portamental ou, mesmo ainda, que a globalização tenha sido responsável pelas mudanças econômicas, sociais e políticas de diversas nacionalidades e culturas; certo é que a velocidade da tecnologia, especificamente a eletrônica criou, através da informação computadorizada, uma espécie de “sensação térmica” de inconsistência lógica com ar, muitas vezes, de dissonância cognitiva, especialmente para a geração dos analógicos como eu que, sob a ótica digital, mais me parece algo atrelado ao apocalipse dos “sinais dos tempos”. Tempos estes que enfatizam: “É mudar ou morrer, eis a questão... É crescer ou desaparecer, eis o refrão...” ulala!!!
cHAnGE-PrÓ ATÉ o TALo, PodE crEr!!!
Mais do que certo ainda é poder afirmar, quase meio século depois, que os avanços tecnológicos verificados nas telecomunicações (criando uma conscientização global, repito, graças ao acesso virtual da informação) salvaram o mundo da mesmice secular. Os avanços revolucionários na eficiência e na velocidade da melhoria contínua e na busca de resultados otimizantes (na vida pessoal e profissional) fizeram surgir uma nova era na qual, virtualmente, todas as pessoas já têm e, com certeza, terão mais ainda, em tempo real, acesso aos mesmos produtos e serviços de alto valor agregado (custo |benefício) e valor percebido(beneficio| emoção) o que justifica, tendencialmente, uma propensão latente para um mix de preços mais competitivos desde que com designers mais atrativos. Entra em campo, portanto, o duelo mortal da emoção versus a razão, rivais que são quando da tomada de de-
cisão na compra de serviços e bens de consumo. É certo concluir também, confortável ou inconfortavelmente, que estamos caminhando, a “cliques” largos, para uma “commoditização” global (o fashion world que se cuide). E daí? Que mal tem? Pouco importa, ué! O saldo positivo é que, com o advento da tal TI+VG, as “coisas” mudaram de sabor para mais e de valor para menos. O fato é que o mundo virou de cabeça para baixo. A pirâmide de Maslow¹ (com certeza, se retorcendo no túmulo) ficou invertida; a base passou para cima e o contrário passou a ser verdadeiro. Change-pró sim, sem volta. O mantra é “foco Do total”. Tudo “rola” com relação ao o Que fazer para mudar; em especial ao Porquê fazer para mudar; algumas vezes ao Onde fazer para mudar; outras vezes ao Quando e com Quem fazer para mudar; e muitas vezes ao Quanto e fazer para mudar e, incrivelmente, ao Como fazer para, na velocidade do pensamento, na frequência espaçada, de sentido lúdico e até de semântica onírica. Fico cá pensando e orando com os meus botões. Meu Deus, o que faço eu???
rEsumo dA oPErA...
Para alcançar o RV (resultado de valor) na sua empresa a sua gestão terá que atuar, pelo amor ou pela dor, atrelada ao Dever|Saber, para daí Saber|Fazer, para só daí Fazer|Fazer na esperança de Fazer|Ganhar via Ele, consumidor final. E ainda assim, pasme, se tudo, ou quase tudo na sua empresa possuir um nível de Competência na busca da Excelência... A Change-pró via “Foco Do” não é invisível aos olhos. O foco No já era. Quem sobre-viver, verá!
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por Paulo Delegá
Paulo Delegá é diretor Foto: Arquivo pessoal
da Vendere, agência digital de criação e desenvolvimento de sites e marketing na Internet.
www.vendere.com.br
trÊs Aspectos pArA vAloriZAr o site de modA A cadeia produtiva da moda é uma indústria muito especial. Veja porque seus sites na Internet também deveriam ser
N
a criação da presença de uma empresa na Internet há boas práticas que se aplicam a qualquer indústria, mas há pelo menos 3 preocupações específicas para o site da cadeia produtiva da moda:
modA TrABALHA com EsTÉTicA E EsTiLo
Um site de uma empresa fabricante
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de rolamentos ou computadores pode se dar ao luxo ser apenas correto esteticamente. Já na cadeia produtiva da moda é preciso muito mais que isso. O comprador da empresa de moda que vem a seu site olhar seu insumo de moda e daí decidir se vai comprar, é uma pessoa que trabalha com estética e estilo no dia a dia, ela vive disso. Se o design do seu site for medíocre, ou tiver “cara” de site pré-fabri-
cado ou ainda com design requentado, sua empresa vai perder o negócio na primeira olhada do visitante.
modA vivE dE novidAdE
A moda vive de renovação constante, atualização, acompanhamento e previsão de tendências. E o ciclo de mudança vem ficando mais curto a cada dia que passa, não acontece mais só a grande renovação das estações do ano. Então para a empresa da cadeia produtiva da moda não basta fazer um site legal e deixar lá, como se fosse um folheto ou catálogo. Se o site não recebe novidades com frequência e regularidade parece que a empresa não é antenada, não acompanha o que rola nas passarelas, nas ruas e no mercado. E quem quer comprar moda, ou insumos de moda, de uma empresa fora de moda?
modA É um mErcAdo mAduro E conGEsTionAdo
A competição no mercado da moda é feroz – é um mercado maduro e congestionado. Então, embora a maioria das empresas goste de se sentir espe-
cial e única, “exatamente igual ao nosso produto ninguém faz ...” não é para se iludir, na cadeia produtiva da moda sempre há uma outra empresa que também resolveria o problema do seu cliente. Se sua empresa fechasse hoje (toc, toc, toc, três batidas na madeira) o mundo da moda continuaria girando e bem. Não basta ter um bom produto, você vai ter que brigar. Seu site não tem que ser só mais bonito, ele precisa prestar um serviço melhor que os concorrentes. A prestação de serviços via site, junto com um produto e um preço competitivos podem pender a balança para o seu lado.
A rEGrAs do mErcAdo dA modA
Sucesso na cadeia produtiva da moda exige a criação e incansável renovação de itens que, com design, estilo e função atendam demandas reais e imaginárias. E marcação cerrada nos itens da competição que buscam atender as mesmas demandas ... A presença na Internet de uma empresa da cadeia produtiva da moda, para ter sucesso, também precisa seguir exatamente as mesmas regras.
fev/mar/abr 14
por Marcelo V. Prado
Foto: Arquivo pessoal
Marcelo V. Prado é sócio-diretor do IEMI – Instituto de Estudos e Marketing Industrial
www.iemi.com.br
o vAreJo de modA em trAnsformAÇão O crescimento do consumo é potencializado pela forte expansão das redes de maior porte de varejo nos últimos cinco anos
Para agravar a já forte concorrência das lojas multimarcas, com redes de varejo, é notável o fato de que as lojas de departamento de moda vêm adotando soluções competitivas importantes, agregando cada vez mais valor aos produtos e à experiência de compra de seus consumidores, permitindo-se trabalhar com produtos cada vez mais inovadores (fast fashion), diferenciados (assinados e licenciados) e desejados. Afinal, todos sabem muito bem que qualquer consumidor, independentemente do poder de compra, quer comprar o melhor que o seu dinheiro pode pagar e que, no caso brasileiro, a nova classe média pode mais e quer mais, criando uma imensa oportunidade para o crescimento das marcas de moda. As redes de varejo especializadas em vestuário têm feito muito bem esta leitura e têm tudo para continuar a crescer bem acima do crescimento médio do mercado.
Foto: Shutterstock
indicAdorEs EconÔmicos
C
om o consumo de roupas crescendo a um ritmo de 3,9% ao ano (em volumes de peças), estamos assistindo no Brasil a uma forte expansão das redes de varejo de moda, aí incluídas as redes especializadas, como Ellus, Le Lis Blanc, Zara, Hering e outras, e lojas de departamento como C&A, Renner, Riachuelo e Marisa. Além delas, têm apresentado um ótimo desempenho na categoria vestuário, os canais Hipermercados e Lojas de Departamento não especializadas, mas que também vendem roupas, como por exemplo, Lojas Americanas, Magazine Luiza e Pernambucanas. De fato, os estudos do IEMI Inteligência de Mercado, sobre os canais de varejo de moda no Brasil, estão mostrando que o crescimento do consumo, turbinado pela melhor distribuição da renda, elevados níveis de emprego e maior facilidade de acesso ao crédito, tem sido capitalizado principalmente pelas redes de maior porte, que vêm apresentando uma forte expansão no mercado brasileiro, nos últimos cinco anos. As pequenas lojas independentes, por sua vez, também conhecidas como pequeno varejo multimarca, compostas por mais de 118 mil pontos de
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venda espalhados por praticamente todos os municípios e que historicamente sempre se posicionou como o principal canal de venda de roupas no país, não têm se beneficiado da atual expansão da demanda interna pelo produto. Com um crescimento de apenas 5% em volumes de peças nos últimos cinco anos (2008 a 2012), este canal viu sua participação no mercado se reduzir de 44% para 37% do volume total comercializado. Embora ainda preserve a sua posição como principal canal de vendas para esta categoria de produto no Brasil, já não parece que esta posição poderá ser mantida nos próximos anos. Ainda de acordo com os estudos do IEMI, este reduzido crescimento do varejo multimarca se deve muito à rápida
dEsEmPEnHo vEsTuÁrio
expansão das lojas de redes, tanto as especializadas, quanto às de departamento, que se tornam cada vez mais onipresentes em grandes centros e, mais recentemente, em cidades de menor porte, ajudadas pela multiplicação dos Shoppings Centers em todo o país. Cabe lembrar que quase 60% das lojas de shoppings comercializam roupas e que neles se encontram hoje, nada menos que um terço de todos os pontos de venda de vestuário no país. Porém, o elevado custo operacional de um shopping center tem inviabilizado a sobrevivência da maioria das lojas multimarcas, que se vêm obrigadas a abrir mão do grande fluxo de consumidores gerados por estes centros de compra, e restringir suas operações no comércio de rua.
vAriAÇÃo no mÊs 1
Com relação ao desempenho do mercado de vestuário, observamos que a venda do comércio varejista, como já era esperado, avançou de forma significativa no mês de dezembro. Em volumes físicos o avanço foi de 83,3% sobre o mês anterior e, em valores de venda, de 85,0%. No acumulado do ano, de janeiro a dezembro de 2013, houve alta de 8,8% nas receitas e de 3,5% nos volumes em peças comercializadas. Por sua vez, a produção nacional destes artigos, em número de peças confeccionadas, apresentou um recuo de 37% em dezembro, quando comparado ao mês de novembro de 2013, o que é normal nesta época, pois marca o período de lançamento de coleções e férias coletivas no setor. No acumulado do ano, porém, o resultado voltou a ser negativo, com queda de (-) 2,9% em 2013, sobre o montante produzido em 2012. As importações brasileiras de roupas, por sua vez, apresentaram crescimento de 5,3% em dezembro, acumulando alta de 9,1% no ano, em seus valores em dólares. As exportações também obtiveram alta de 7,9% no mês de dezembro, em relação ao mês anterior, embora no acumulado do ano tenham registrado nova queda, desta vez de (-) 2,7% (em dolares).
vAriAÇÃo AnuALizAdA 2
vEndAs no vArEJo (r$)
85,0%
8,8%
vEndAs no vArEJo (PEÇAs)
83,3%
3,5%
ProduÇÃo indusTriAL (PEÇAs)
-37,0%
-2,9%
Fontes: IEMI / IBGE / SECEX
imPorTAÇÕEs (us$)
+5,3%
+9,1%
novembro 2014
EXPorTAÇÕEs (us$)
7,9%
-2,7%
(1) dezembro 2014 / (2) janeiro-dezembro 2013 / janeiro-dezembro 2012
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por Antônio Gondim
Foto: Arquivo pessoal
Antônio Gondim é sócio da Êxito Consultores, consultores tributários da industria da moda.
www.exitoonline.com.br
são pedro, os Artigos de luxo e As trApAlHAdAs do governo O crescimento do consumo é potencializado pela forte expansão das redes de maior porte de varejo nos últimos cinco anos
E
m várias oportunidades, tenho me manifestado contra o tratamento tributário preconceituoso que alguns artigos de moda, perfumes, maquiagem, bebidas, etc. sofrem dos fiscos em geral. No caso do ICMS, essas mercadorias são taxadas como “supérfluas”, termo que traz embutida uma conotação depreciativa, quase desrespeitosa: fútil, desimportante. A miopia dos fiscos não vê que a indústria desses bens gera tecnologia,
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empregos e renda num patamar muito superior ao dos bens de consumo básico, agregando maior valor à economia. Esses mesmos governos têm dificuldades em muitas outras áreas como a da infra-estrutura energética. Demoram décadas para emitir licença ambiental de construção de uma hidrelétrica, mas reduzem a tarifa da energia para aumentar o consumo. Resultado: vão ter que contratar energia de termoelétricas que são mais caras e poluentes, mas assim mesmo
conseguem licenças ambientais. Depois de toda essa trapalhada, põem culpa em São Pedro: “O nível dos reservatórios nunca esteve tão baixo...”. Ocorre que o santo é pobre. Ele pode até levar a culpa, mas não tem como pagar a conta de R$ 4 bi resultante do embróglio. É aí que os produtos importados, de maquiagem e bebidas entram: o governo já está finalizando os estudos para aumentar os impostos incidentes sobre esses produtos, penalizando ainda mais o setor e tornando o
Brasil cada vez menos competitivo. Aliás, por falar em perda de competitividade, está surgindo um novo e improvável player no jogo da Guerra Fiscal: O Paraguai! Isso mesmo! Diversas indústrias estão se instalando ou estudando para se instalar nesse país para se beneficiar da mão-de-obra barata, ambiente regulatório menos restrito e redução de impostos, inclusive na importação de produtos para o Brasil em razão do Mercosul. Mas esse é um assunto para uma outra conversa...
fev/mar/abr 14
triton.com.br
cocacolajeans.com.br
Diretora de Criação da Nomina Design, Foto: Arquivo pessoal
escritório especializado em projetos completos de loja e identidade de marca no varejo.
www.nominadesign.com.br
necessáriA renovAÇão Ao unirem-se à arte, grandes marcas globais da moda inovam e valorizam seus pontos de venda e o próprio discurso de comunicação
N
o mercado da moda, a tradicional cadeia formada entre os produtores de matéria-prima, indústria têxtil, fábricas confeccionistas, criadores de moda, ponto de venda e consumidor final já não é mais a mesma. Podemos dizer que a constante busca por renovação, característica básica da moda, traz sempre muitas novidades como em novas tecnologias de matéria-prima, métodos ou máquinas inovadoras na produção, novas estratégias de renovação da marca, além de tendências que precisam ser comunicadas ao público final.
rEALTY LAB
Fotos: Divulgação
Reality Lab Project Team é o nome da equipe de pesquisa e criação de produtos da marca Issey Miyake e liderada pelo estilista homônimo. No projeto da loja Reality Lab Issey Miyake, em Tóquio, o arquiteto e
Comunicar tantas informações técnicas de maneira criativa e surpreendente para chamar a atenção e despertar o desejo não é nada fácil. E não são mais as mesmas as maneiras de transmitir tantas novidades. Hoje, o que percebemos, mais do que nunca, unidos a esta cadeia, existe sempre a figura dos super-geniaistalentosos-criadores. Já vimos as parcerias de sucesso entre a Louis Vuitton com os artistas plásticos japoneses Takashi Murakami e Yayoi Kusama, aumentando a popularidade e rejuvenescendo da marca.
designer japonês Tokujin Yoshioka brincou com a ideia de laboratório: transmitindo na experiência de compra uma viagem aos conceitos da marca e assim torna os produtos em si, mais do que especiais!
nikE
Para divulgar a coleção Tech Pack, vestuários de alta performance com proteção térmica, a Nike contratou o estúdio WeShouldDoItAll para criar instalações com tema: “Warmth Without Weight”, algo como calor sem peso. Foram criadas instalações expostas em duas lojas de NYC. Uma na loja de 582m2, na estação Moynihan, e outra na flagship da Nike de 74 m2. As duas instalações são displays baseados em noções de leveza, camadas e calor. O conjunto consiste de um cubo de acrílico vermelho (=calor) transparente extrudado (=leveza), fatiado, e as fatias
distanciadas umas das outras para formar uma série de vitrines de dupla face com 3,6 de altura cada uma. O interior das vitrines que foram iluminadas por lâmpadas recobertas com gel na cor vermelha combinado ao restante do ambiente monocromático em preto com piso brilhante e cortinas escuras, davam a sensação que as jaquetas, penduradas por fios transparentes, flutuavam. A instalação produzia o efeito de que um grande bloco teria sido rompido em várias fatias, revelando produtos impecáveis, que resistiram intactos a ação do mais quente dos testes!
designers, ArtistAs plásticos, ArQuitetos e estúdios criAm incrÍveis Ambientes de loJAs, como As flAgsHips, cenários pArA desfiles e vitrines. Ambientes Que comunicAm!
dirETorEs dE criAÇÃo, EsTiLisTAs E FoTÓGrAFos JunTos nA ProduÇÃo dE cAmPAnHAs. QuEm É mArio TEsTino?
Foto: Mario testino
Nos anos de 1970, essa indagação foi feita pelo então editor da revista francesa Marie Claire. Na época, Mario Testino estava no início de sua carreira... Mas hoje, a resposta é fácil! No mês março, o museu Malba, em Buenos Aires, inaugurou a exposição do peruano Mario Testino, um dos fotógrafos mais influentes no mundo da moda internacional. Em agosto, será a vez de São Paulo receber suas inconfundíveis imagens. Fotos que fizeram parte de campanhas publicitárias de marcas de moda que estampam fachadas, interiores de lojas, outdoors e revistas, entre elas Vogue e Vanity Fair, agora serão expostas em museus. Isso prova que a moda, quando se liga à arte, encontra o mais alto nível de comunicação.
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