Polas xeografías poéticas da morte

Page 1


Novembro 2020

Polas xeografías poéticas da morte

Sumario Celso Álvarez Cáccamo.......................................................................................................................3 Charles Baudelaire................................................................................................................................4 As dúas boas irmás..........................................................................................................................4 Marica Campo......................................................................................................................................4 (A da morte).....................................................................................................................................4 Derradeira vontade...........................................................................................................................5 Constantino Cavafis..............................................................................................................................5 Cirios................................................................................................................................................5 Gabriel Celaya......................................................................................................................................6 Consejo mortal.................................................................................................................................6 Nikos Dimu..........................................................................................................................................6 Necrópole protoheládica 2000 a. C..................................................................................................6 John Donne...........................................................................................................................................7 O testamento....................................................................................................................................7 Juan Gelman.........................................................................................................................................8 Epitafio.............................................................................................................................................8 Hermann Hesse.....................................................................................................................................9 Noite do temperán estío...................................................................................................................9 Víctor Hugo..........................................................................................................................................9 A beleza e a morte............................................................................................................................9 Kostas Karyotakis...............................................................................................................................10 Posteridade.....................................................................................................................................10 Eusebio Lorenzo Baleirón..................................................................................................................10 Mario Meléndez..................................................................................................................................11 Como último deseo........................................................................................................................11 José Emilio Pacheco...........................................................................................................................11 Caverna..........................................................................................................................................11 Kostís Palamás....................................................................................................................................12 A morte dos antigos.......................................................................................................................12 Sylvia Plath.........................................................................................................................................13 Derradeiras palabras......................................................................................................................13 Antón Tovar........................................................................................................................................14 Cadáver adiado..............................................................................................................................14 Nada...............................................................................................................................................14 Nasos Vagenás....................................................................................................................................15 Meditación sobre a morte..............................................................................................................15 Meditación sobre a morte, II..........................................................................................................15 Yanis Varberis.....................................................................................................................................15 A vida.............................................................................................................................................15 As gravatas dos mortos..................................................................................................................16 Xavier Villaurrutia..............................................................................................................................16 Nocturno en que habla la muerte...................................................................................................16 Nocturno muerto............................................................................................................................17 Epílogo (de Dylan Thomas)...............................................................................................................18 E a morte non vencerá...................................................................................................................18 Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

2

IES “San Paio”


Novembro 2020

Polas xeografías poéticas da morte

Celso Álvarez Cáccamo Naquela manhã de Março mamã quis conjurar a morte com frascos de perfume que revoavam no dormitório em agónica penumbra quando se nega o dia a escalar o corpo dos altos edifícios e fracassa o amor em impedir a vinda dos cruéis anjos negros. Lembro-o assim porque eu era apenas um meninho com sono que levava uma visão das ilhas de Stevenson nas pálpebras sombrias e pervagava como animal cego polas florestas da memória e perdia-me num mar de grandes familiares, de pranto e fumo espesso. Não compreendia tudo, mas a turva disposição das horas, a distinta maneira de mamã apressando-se a refazer os leitos e arrumar os objectos piedosos fez-me entender que às vezes o mundo inteiro dessangra o rio da inocência e papá também chorava ainda que já era velho e mussitava algo com cuidadosas palavras de vencido. Esqueci a escura lição de geografia, as minhas prendas agres preparadas, o ritual da manhã que refusava aquecer os corredores interiores em altas línguas de luz adestradas para um cínico sequestro, esqueci o meu relógio de escola sem mesura nas despensas ou na inútil assembleia de frascos milagrosos no quarto onde gemiam os cadáveres. Que de orações fingidas podem sair da boca dum meninho que contempla o degredo da vida para um lugar de sombras! Todo o dia foi longo, muito longo, como uma sucessão de estampas transparentes ou uma demorada juntança familiar enquanto se consome o vinho e a madeira. O dia, o angusto itinerário que ficou entre os móveis, jantares silenciosos e tortuosas ausências merece ser contado para apagar o signo que ainda agora perdidas já a mágoa e a pureza me vincula. in Os passos da procura (inédito)

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

3

IES “San Paio”


Charles Baudelaire As dúas boas irmás Libertinaxe e Morte, son dúas boas raparigas, pródigas dos seus bicos e ricas en saúde cuxo virxinal flanco, que os farrapos cobren, baixo a eterna sementeira xamais frutificou. Ao poeta sinistro, tara das familias, valido do inferno, cortesán sen paga, entre os seus recunchos, mostran tumba e bordel, un leito que xamais a inquietude frecuentou E a caixa e a alcoba, en fecundas blasfemias, por quenda ofrécennos, como boas irmás, praceres espantosos e dozuras horrendas. Licenza inmunda, cando por fin me enterrarás? Cando chegarás, Morte, a súa émula fascinante, a enxertar os teus alcipreses nos seus mirtos infectos? https://ciudadseva.com/texto/las-dos-buenas-hermanas/ Marica Campo (A da morte) Sexa de sangue, vermella e con lume, fure aquel foxo en que todo apodrece, traia semente que non madurece, négueme o froito da vida e costume. Sexa coitelo do máis firme gume, man que non treme e non compadece, vólvame á cinsa que xa non decrece, herdo das brasas, por fin, e sen fume. Vaia eu con ela ben cega e escura, vaia eu con ela que non mente un Norte, vaia eu con ela porque é a que máis dura. Veña buscarme fatal como a sorte, cóllame a man cunha man ben segura, non me devale a lúa da morte.


Novembro 2020

Polas xeografías poéticas da morte

Derradeira vontade Cando digan que fun e non estea, cando a terra por min o ventre abra, quen quixer pregar alce a palabra que tiven eu na boca, e non a allea. Non me deixen vagar nesa estadea que co medo e a noite a mente labra, non me neguen, por Deus, o abracadabra para saír da cova a onde clarea. Déixoo dito aquí coa sinatura, humildemente o digo, mais reclamo que non me cuspan sobre a sepultura: Prefiro do silencio o simple ramo sobre a pedra calada, fría e dura se non rezan por min na lingua que amo. (in Catro lúas e a da morte) Constantino Cavafis Cirios Os días futuros levántanse ante nós como unha fila de pequenos cirios acesos, pequenos cirios dourados, cálidos e vivos. Os días pasados permanecen entre nós, triste fileira de cirios apagados. Os máis recentes fumegan aínda, cirios fríos, fundidos e inclinados. Non quero velos; o seu aspecto aflíxeme. O recordo da súa antiga luz dáname. E contemplo cara adiante os meus cirios acesos. Non quero nin volver a cabeza nin constatar, tremendo, que pronto a sombría fileira se alonga, que pronto os cirios apagados se multiplican. http://www.dim.uchile.cl/~anmoreir/escritos/cavafis.html#candles

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

5

IES “San Paio”


Novembro 2020

Polas xeografías poéticas da morte

Gabriel Celaya Consejo mortal Levanta tu edificio. Planta un árbol. Combate si eres joven. Y haz el amor, ¡ah, siempre! Mas no olvides al fin construir con tus triunfos lo que más necesitas: Una tumba, un refugio. https://www.poeticous.com/gabriel-celaya/consejo-mortal?locale=es

Nikos Dimu Necrópole protoheládica 2000 a. C. Ao entrar, os paxaros. Enxordecedores baixo o alpendre de zinc. Xorden pétreos cadrados de silencio. Dentro mortos espidos, indefensos ante o grallar dos paxaros. Ósos antigos, coma se crecesen da terra. Que senten frío no seu estado de embrión. Terrible condutibilidade do baleiro. Todo resoa no cranio oco. Fai catro mil anos que están mortos e seguen mortos. Totalmente sós, espidos, seguen —metade terra metade paxaros— no tempo. https://poetassigloveintiuno.blogspot.com/2012/11/nikos-dimou-8350.html

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

6

IES “San Paio”


Novembro 2020

Polas xeografías poéticas da morte

John Donne O testamento Antes que exhale o meu último suspiro, deixa, Amor, que revele o meu legado. É a miña vontade legar a Argos os meus ollos, se os meus ollos poden ver. Se están cegos, Amor, a ti entrégochos; Á Fama dou a miña lingua; a embaixadores, os meus oídos; ás mulleres, ou ao mar, as miñas bágoas. Ti, Amor, ensináchesme ao facerme amar a aquela que a vinte máis tiña, que a ninguén debía dar, senón a quen tiña demasiado. A miña constancia entrego aos planetas; a miña verdade, a quen vive na Corte; a miña inxenuidade e franqueza aos xesuítas; aos bufóns, a miña melancolía; o meu silencio, a quen estivera fóra; o meu diñeiro, a un capuchino. Ti, Amor, ensináchesme, ao instarme a amar alí onde amor non é recibido, a dar só a quen ten incapacidade probada. A miña fe entrego aos católicos; as miñas boas obras, todas, aos cismáticos de Amsterdam; os meus mellores modais, a miña cortesía, á universidade; a miña modestia dou ao soldado raso. Compartan os xogadores a miña paciencia. Ti, Amor, ensináchesme, ao facerme amar a aquela que tivo en pouco o meu amor, a dar só a quen ten por indignos os meus agasallos. Sexa a miña reputación para aqueles que foron os meus amigos; a miña habilidade, para os meus inimigos. Aos escolásticos fago entrega das miñas dúbidas; da miña enfermidade, aos médicos, ou ao exceso; á natureza de todo o que en verso teño escrito, e para os meus compañeiros sexa o meu enxeño. Ti, Amor, cando me fixeches adorar a aquela que antes este amor en min xerara, ensináchesme a dar coma se dese, cando só restitúo.

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

7

IES “San Paio”


Novembro 2020

Polas xeografías poéticas da morte

A aquel por quen tocan os sinos, o meu libro dou de medicina; os meus pergamiños de consellos morais sexan para o manicomio; as miñas medallas de bronce, para quen ten escaseza de pan; a quen viaxa por terras estranxeiras dou a miña lingua inglesa. Ti, Amor, ao facer que amase a quen considera o seu amor suficiente alimento para mozos amantes, da tamén aos meus dons igual desproporción. Así, pois, non darei máis, senón que o mundo destruirei ao morrer, pois coa morte morre o amor. A túa fermosura, toda, menos entón valerá do que o ouro na mina, cando ninguén o extrae e menos os teus encantos, todos, che servirán, do que pode un reloxo de sol dentro dunha tumba. Ti, Amor, ensináchesme, ao facerme amar a aquela que a ti e a min desdeña, a amañar esta maneira de aniquilar aos tres. https://www.letraslibres.com/mexico/el-testamento

Juan Gelman Epitafio Un pájaro vivía en mí. Una flor viajaba en mi sangre. Mi corazón era un violín. Quise o no quise. Pero a veces me quisieron. También a mí me alegraban: la primavera, las manos juntas, lo feliz. ¡Digo que el hombre debe serlo! (Aquí yace un pájaro. Una flor. Un violín). https://www.poeticous.com/juan-gelman/epitafio

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

8

IES “San Paio”


Novembro 2020

Polas xeografías poéticas da morte

Hermann Hesse Noite do temperán estío O ceo tormentoso, e un tileiro no xardín, en pé, treme. É tarde xa. Un pálido lóstrego vemos no estanque permanecer, con ollos grandes, humedecidos. As flores mantéñense en talo flutuante e afiadas gadañas achéganse máis e máis. O ceo tormentoso trae un aire pesado. A miña moza estremécese: «Séntelo ti tamén?» http://amediavoz.com/hesse.htm#NOCHE%20DEL%20TEMPRANO%20EST%C3%8DO Víctor Hugo A beleza e a morte A beleza e a morte son dúas realidades profundas, con tal parte de sombra e de azul que se dirían dúas irmás terribles á vez que fecundas, co mesmo secreto, con idéntico enigma. Oh, mulleres, oh voces, oh miradas, cabelos, trenzas louras, brillade, eu morro, tede luz, amor, sede as perlas que o mar mestura ás súas augas, aves feitas de luz nos bosques sombríos. Máis próximos, Judith, están os nosos destinos do que se supón ao ver os nosos dous rostros; o abismo divino aparece nos teus ollos, e eu sinto a sima estrelada na alma; mais do ceo os dous sei que estamos moi preto, ti porque es fermosa, eu porque son moi vello. https://victorhugodanslesjeunes.wordpress.com/2017/03/24/la-belleza/

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

9

IES “San Paio”


Novembro 2020

Polas xeografías poéticas da morte

Kostas Karyotakis Posteridade A natureza infinita necesita a nosa morte e pídena as bocas purpúreas das flores. Se volve a primavera, outra vez deixaranos, e despois xa non seremos nin sombras das sombras. A brillante luz do sol espera a nosa morte. Aínda veremos un crepúsculo triunfal e despois abandonaremos as noites de abril para marcharnos aos reinos escuros do máis aló. Talvez queden detrás noso os versos, dez versos soamente seica queden, como as pombas que soltan os náufragos por casualidade e deixan a súa mensaxe cando xa é tarde. https://asgoped.files.wordpress.com/2012/09/poesia-griega_pdf.pdf Eusebio Lorenzo Baleirón Escolma: "De como ao poeta A. Cunqueiro lle saíron flores por versos no poema" A luz dos barcos chega sempre detrás dos primeiros vapores da ría a despertar as pombas polas prazas e as aves que amañecen a beber nos caneiros. O poeta soñaba un horizonte de augas mansas e princesas e illas en claras primaveras. «Esa luz ben pode ser o canto da pardela miña amiga, un corazón de follas entre as chuvias que precisa das hedras e da araxe e das rosas de abril.» Como se todo resucitase nesa flor que nos medra nas mans igual que o verso, a sombra de outro tempo poderosa e os sabores azuis do mar salgado. (in A morte presentida)

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

10

IES “San Paio”


Novembro 2020

Polas xeografías poéticas da morte

Mario Meléndez Como último deseo La muerte pidió que la cremaran y esparcieran sus cenizas sobre todos los vivos https://circulodepoesia.com/2009/11/cinco-poemas-sobre-la-muerte-por-mario-melendez/

José Emilio Pacheco Caverna Es verdad que los muertos tampoco duran Ni siquiera la muerte permanece Todo vuelve a ser polvo Pero la cueva preservó su entierro Aquí están alineados cada uno con su ofrenda los huesos dueños de una historia secreta Aquí sabemos a qué sabe la muerte Aquí sabemos lo que sabe la muerte La piedra le dio vida a esta muerte La piedra se hizo lava de muerte Todo está muerto En esta cueva ni siquiera vive la muerte. (in Islas a la deriva, 1973-1975) https://trianarts.com/jose-emilio-pacheco-caverna/#sthash.qNdjtECh.dpbs

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

11

IES “San Paio”


Novembro 2020

Polas xeografías poéticas da morte

Kostís Palamás A morte dos antigos Están encerrados aquí, entre as tumbas. Están ocultos entre os manuscritos. -Que a creación non chore por eles coma se morresen!Oh fontes diáfanas do Pensamento, ceos preclaros da arte, Os Inmortais e os Fermosos! Son os mestres da Verdade, os seguidores da intacta Beleza, anciáns, ilesos, completamente novos e soles que se che entregan para que goces sempre deles na frescura dun abril. Os Inmortais e os Fermosos. Desde as praias de Jonia e desde o ceo de Atenas que todo o converte en espírito cando respira, e desde a terra inmaculada de Grecia, a Sabedoría, a Palabra, o Ritmo. Os Inmortais e os Fermosos. Son os Platón e, tras eles, os filósofos, heroes da Idea, e a Virtude con eles vai dicindo: "Son a valentía". Son os Homeros e, tras eles, todos os cantores e os creadores dos Olimpos. Os Inmortais e os Fermosos. Abandonan a súa última patria impulsados por un sopro en verdade impetuoso. Convértense en xitanos e hebreos, pero sempre son vencedores, aínda que sen casas. E convértense en cidadáns do mundo, Os Inmortais e os Fermosos. https://trianarts.com/kostis-palamas-la-muerte-de-los-antiguos/#sthash.uWeDksv1.dpbs

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

12

IES “San Paio”


Novembro 2020

Polas xeografías poéticas da morte

Sylvia Plath Derradeiras palabras Non quero un cadaleito sinxelo, quero un sartego con raias de tigre e un rostro pintado, redondo como a lúa para poder contemplar. Quero estar a miralos cando cheguen, escollendo os minerais mudos, as raíces. Véxoos xa: con pálidos rostros, distantes cal estrelas. Agora non son nada, non son sequera bebés. Imaxínoos orfos, como os primeiros deuses, preguntaranse se fun importante. Debín preservar os meus días, como froitos, en azucre! O meu espello embázase: uns poucos bafos, e non reflectirá xa nada. As flores e os rostros branquean cal sabas. Non confío no espírito. Foxe nos meus soños, como vapor pola boca ou os ollos. Non podo impedirllo. Un día irase para non volver. Así non son as cousas. Permanecen, as súas luces especiais quéntanse polo uso frecuente. Rosman case. Cando se arrefrían as plantas dos meus pés, os ollos azuis da miña turquesa consolarame. Déixame levar os meus cacharros de cobre, deixa que os cacharros de afeites, florezan sobre min como flores nocturnas, aromáticas. Envolveranme con vendas, gardarán o meu corazón baixo os meus pés, ben envolto. Recoñecereime malamente. Será noite e o brillo destas pequenas cousas será máis doce que o rostro de Ishtar. https://ciudadseva.com/texto/ultimas-palabras/

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

13

IES “San Paio”


Novembro 2020

Polas xeografías poéticas da morte

Antón Tovar Cadáver adiado Cadáver adiado que procrías e nada entendes dos teus fillos ledos e crees que os teus fillos son brinquedos dos que eres propietario que ti fías. Un deus semellas, fas o que non sabes, atópaste cun neno sobre o colo e o neno está sen pai e tu estás solo, habitante da Nada cando acabes. Elí non hai meniños non hai sexo. Eu son pai de ningures mais escribo libros cara a ninguén, tristeiro peso. Venme ganas de rir por ise azoite con que procrío a tinta, sensitivo, cadáver adiado noite a noite. Nada Eu non son eu, non son, nunca fun nada e ti tampouco eres, nada vales, ninguén de nós, sen nós, somos reales, pucharcas de altas nubes, mala fada. Non quero trabucarme no espellismo de andar collendo auga no regato que corre corga abaixo como un fato de ilusos pensamentos dun min mismo. Estase ben esí desposeído. Eu fun un feto parvo, esquecidizo, hoxe outro vello feto son cumprido. Tangue no meu cerebro a badalada na que agatuña e morre o mal feitizo, penedo son sen eu, sen Deus, sen Nada. (in Cadáver adiado)

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

14

IES “San Paio”


Novembro 2020

Polas xeografías poéticas da morte

Nasos Vagenás Meditación sobre a morte Só existe unha morte. Esa que anda con sandalias de caucho dentro do peito. Cunha gran esponxa. Recolle os residuos. Pon orde nos sentimentos. Varre todos os recunchos poeirentos. Como unha muller que limpa durante anos as mesmas oficinas. Meditación sobre a morte, II A morte cada tanto di: ata aquí imos ben. E sacando un pano do peto enxúgase a suor. Do seu peto cae un billete de banco. Atópao un neno e compra caramelos. Atópao unha rapariga e compra un vestido. Atópao un tolo e compra o ceo. Atópao un sabio e devólveo á morte. https://poetassigloveintiuno.blogspot.com/2012/11/nasos-vagenas-8352.html

Yanis Varberis A vida Aquí debaixo da terra a vida alóngase e continuamente peiteamos os cabelos do noso veciño e un ao outro cortámonos as unllas. E cada noite os más antigos senten que se levantan pesadamente os dedos do veciño recente para tentear cun tenro aloumiño a carne que queda.

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

15

IES “San Paio”


Novembro 2020

Polas xeografías poéticas da morte

As gravatas dos mortos Felices as mulleres: fan fillos. Vostedes, os homes, deben poñerse as gravatas dos mortos. O avó o pai o tío vivirían tamén eles múltiples modas: gravatas anchas angostas de seda cando a dor se calma non atoparían algunha para poñerse? Porque para un amor vivimos nesta vida esperámolo durante anos pero só os que morreron amáronnos e ai! se non temos estreito contacto con eles se algunha vez cando senten moito que lles faltamos non poden anoar as súas gravatas no noso pescozo. https://poetassigloveintiuno.blogspot.com/2013/08/yanis-varberis-10423.html

Xavier Villaurrutia Nocturno en que habla la muerte Si la muerte hubiera venido aquí, a New Haven, escondida en un hueco de mi ropa en la maleta, en el bolsillo de uno de mis trajes, entre las páginas de un libro como la señal que ya no me recuerda nada; si mi muerte particular estuviera esperando una fecha, un instante que sólo ella conoce para decirme: “Aquí estoy. Te he seguido como la sombra que no es posible dejar así nomás en casa; como un poco de aire cálido e invisible mezclado al aire duro y frío que respiras; como el recuerdo de lo que más quieres; como el olvido, sí, como el olvido que has dejado caer sobre las cosas que no quisieras recordar ahora. Y es inútil que vuelvas la cabeza en mi busca: estoy tan cerca que no puedes verme, estoy fuera de ti y a un tiempo dentro.

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

16

IES “San Paio”


Novembro 2020

Polas xeografías poéticas da morte

Nada es el mar que como un dios quisiste poner entre los dos; nada es la tierra que los hombre miden y por la que matan y mueren; ni el sueño en que quisieras creer que vives sin mí, cuando yo misma lo dibujo y lo borro; ni los días que cuentas una vez y otra vez a todas horas, ni las horas que matas con orgullo sin pensar que renacen fuera de ti. Nada son estas cosas ni los innumerables lazos que me tendiste, ni las infantiles argucias con que has querido dejarme engañada, olvidada. Aquí estoy, ¿no me sientes? Abre los ojos; ciérralos, si quieres.” Y me pregunto ahora, si nadie entró en la pieza contigua, ¿quién cerró cautelosamente la puerta? ¡Qué misteriosa fuerza de gravedad hizo caer la hoja de papel que estaba en la mesa? ¿Por qué se instala aquí, de pronto, y sin que yo la invite, la voz de una mujer que habla en la calle? Y al oprimir la pluma, algo como la sangre late y circula en ella, y siento que las letras desiguales que escribo ahora, más pequeñas, más trémulas, más débiles, ya no son de mi mano solamente.

Nocturno muerto Primero un aire tibio y lento que me ciña como la venda al brazo enfermo de un enfermo y que me invada luego como el silencio frío al cuerpo desvalido y muerto de algún muerto. Después un ruido sordo, azul y numeroso, preso en el caracol de mi oreja dormida y mi voz que se ahogue en ese mar de miedo cada vez más delgada y más enardecida.

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

17

IES “San Paio”


Novembro 2020

Polas xeografías poéticas da morte

¿Quién medirá el espacio, quién me dirá el momento en que se funda el hielo de mi cuerpo y consuma el corazón inmóvil como la llama fría? La tierra hecha impalpable silencioso silencio, la soledad opaca y la sombra ceniza caerán sobre mis ojos y afrentarán mi frente. https://circulodepoesia.com/2012/12/nocturnos-de-xavier-villaurrutia/ Epílogo (de Dylan Thomas) E a morte non vencerá E a morte non vencerá cando todos os homes teñan morto e todos sexan xa un só home, que habitará no vento e na luz da lúa; cando os seus ósos se descarnen e, limpos, desaparezan, como po de estrelas; cando as tebras, dende o fondo do mar xurdan cara á luz; cando aínda que se perdan os amantes, non se perderá o amor; e a morte non vencerá. E a morte non vencerá. Os que hai tempo xacen baixo os remuíños do mar non han de morrer como os ventos, agoniados, exánimes atados a unha roda non serán esnaquizados; e se tiveron fe e tamén dúbidas, e a súa pureza foi maculada polo mal; rotos todos os cabos, eles non afundirán. E a morte non vencerá. E a morte non vencerá. E as gaivotas non gritarán máis nos seus oídos nin romperán as ondas sonoras nas praias; onde alentou unha flor, outra flor talvez nunca levante a súa cabeza aos embates da choiva; e na terra aínda fecunda dos mortos alentarán pequenas margaridas; irromperán ao sol ata que o sol sucumba, e a morte non vencerá. https://trianarts.com/dylan-thomas-y-la-muerte-no-tendra-dominio/#sthash.lSHKWls7.dpbs

Biblioteca e Club de Lectura “Pedra do Acordo”

18

IES “San Paio”


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.