TFG FAU UNB - MAIS VIVER: O LAR PARA AS NOVAS GERAÇÕES NA TERCEIRA IDADE

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fatores humanos como a idade, sexo, tipo de vestimenta, grau de aclimatação e tipo de atividade exercida. De modo geral, os idosos percebem o conforto térmico de forma diferente. Geralmente, possuem menor taxa metabólica, assim necessitando de ambientes com temperaturas mais elevadas. Além disso, em média, eles têm uma capacidade de regular a temperatura corporal também reduzida. Por esses motivos, os idosos tem maior dificuldade de se adaptar e perceber as variações térmicas. Desta forma, vemos que esse fator pode ter um impacto significativo no bem-estar e no conforto diário dos residentes. Dentre as recomendações para minimizar o estresse térmico, aconselha-se estratégias como ventilação cruzada permanente, isolamento térmico e sombreamento. Por fim, parte-se para o conforto acústico. Ele está relacionado ao bem estar em relação ao som no ambiente. Por ser uma variável que é influenciada por diversos fatores, externos e internos, nem sempre pode ser totalmente controlado. Além disso, algumas de suas estratégias podem afetar outros confortos como térmico e luminoso. Com o processo de envelhecimento, a audição vai se perdendo gradualmente, sobretudo nas frequências altas (sons agudos). Além disso, a perda de audição também se reflete na inteligibilidade da fala (BARBOSA, 2002 apud HAYASHI; BORGES, 2017). Os idosos são mais frágeis e vulneráveis aos efeitos dos ruídos. Assim, para se alcançar um conforto acústico, deve-se eliminar os ruídos indesejáveis e estabelecer um equilíbrio de sons no ambiente, colaborando com o bem estar e saúde auditiva dos residentes. Dentre as estratégias construtivas

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para redução de ruídos, principalmente externos ao recinto, aconselha-se a aplicação de portas e janelas acústicas, além da colocação de lã de rocha nas paredes e o uso de cortinas. Para ruído interno, o uso de materiais e revestimentos que absorvam o som, diminuindo a reverberação. Projetar um lar para idosos em condições satisfatórias de conforto ambiental, se atentando as condições físicas e projetuais adequadas as suas condições a fim de evitar prejuízos na sua visão, audição entre outros é um desafio. Deste modo, vimos como os aspectos ambientais como iluminação, temperatura e sons influem de forma direta no bem estar dos idosos.

CONDICIONANTES E DIRETRIZES SOCIOCULTURAIS Para um ambiente social que estimule segurança, saúde e participação do idoso, são essenciais fatores como apoio social, oportunidades de educação e aprendizagem permanente, bem-estar e proteção contra a violência e maus-tratos. À medida que a pessoa envelhece, riscos como a solidão, o isolamento social, o analfabetismo e a falta de educação, maus tratos e exposição a situações de conflito aumentam a probabilidade de algum tipo de deficiência e até a morte precoce (OMS, 2005). Desta forma, as instituições para idosos tem a responsabilidade de garantir um ambiente de apoio, acolhimento e segurança aos seus residentes. Diante disso, a arquitetura pode proporcionar ambientes que permitam atividades que ajudem o idoso a chegar um equilíbrio em seu bem estar social. Adianta-se que a realização de interações com outras gerações e a comunidade local, visitas, passeios e eventos diversos, apoio psicológicos e entre outros são meios para que os

idosos se encontrem em um ambiente de estar social. Um dos fatores mais importantes é o apoio social. Sua falta ou ação inadequada se associa comumente a um aumento na mortalidade e em problemas psicológicos, além de um prejuízo na saúde. Fatores de estresse como rompimentos de laços pessoais, conflitos e solidão, enquanto relações sociais, enfraquecem a condição emocional do idoso. Além disso, com o envelhecimento, a probabilidade de perder amigos e parente, ter vulnerabilidade a solidão e ao isolamento social é maior. Estes últimos estão muito ligados a um declínio tanto da saúde física como mental. Culturalmente, em muitas sociedades, os homens tendem a ter uma rede de apoio menor que as mulheres. No entanto, as mulheres são as maiores vítimas da viúves, sendo muitas vezes excluídas ou até rejeitadas por sua comunidade (OMS, 2005). Organizações como o lar para idosos, assistido por profissionais de serviço social e saúde, assim como o governo e a sociedade podem ajudar na promoção de redes de contatos para as pessoas idosas por meio de grupos de serviços comunitários, trabalho voluntário, ajuda da vizinhança, visitas em parceria com a instituição, cuidados feitos por familiares, programas de interação entre gerações e entre outros (OMS, 2005). Violência e maus trados, como elencado anteriormente, são um dos fatores de enfraquecimento da pessoa idosa. Infelizmente, é comum a violência contra o idoso, principalmente, mulheres. O abuso é cometido geralmente por membros por familiares ou acompanhantes, independentemente do nível econômico. Os maus tratos podem englobar abusos físicos, sexuais, psicológicos, financeiros e/ou por negligências. O combate contra os maus tratos aos idosos é um trabalho

multisetorial que envolvem o poder executivo e judiciário, além de trabalhadores do serviço social e da saúde e a comunidade que o cerca. As instituições para idosos tem o trabalho de estarem atentas as ocorrências e acionarem organismos de defesa. O envelhecimento também traz consigo visões estereotipadas e distorcidas embasadas em generalizações da população idosa. Diante disso, vemos importância do surgimento de um novo conceito, revisão dos estereótipos sobre o envelhecimento e quebra dos preconceitos e paradigmas. O envelhecimento ativo surge como alternativa envolta pela garantia de uma vida longa, com saúde e segurança. Esta ideia visa aumentar a expectativa de vida da pessoa idosa, inclusive as que requerem mais cuidados. A instituição para idoso tem o papel contribuir para a emancipação do idoso para que ele participe continuamente nas questões sociais, econômicas, culturais e civis. Com isso, a instituição deve promover uma ambiência acolhedora, de convivência mista entre dependentes de diversos graus de dependência e integração dos idosos nas atividades desenvolvidas. Somado a isto, é papel da instituição oferecer espaços que incentivem e promovam a participação da família e comunidade na atenção ao idoso residente, desenvolver atividades que estimulem sua autonomia, e que promovam o lazer (atividades físicas, recreativas e culturais). Como se prevê uma ambientação para as gerações futuras de idosos, os espaços dentro desse espectro funcional sofrerão algumas modificações durantes o decorrer das décadas. As formas de se entreter, se comunicar e socializar se transformarão. Um espaço social, de cultura e lazer deve servir como ponto de integração e interação dos idosos e servir como meio de vínculo psicossocial entre eles, a comunidade local e outras


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