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Direitos autorais, venda e distribuição cedidos pelo autor à Planeta Azul Editora www.planetazuleditora.com.br | e-mail: planetazul2014@yahoo.com.br Copyright © 2013 by Luan Salguero Todos os direitos desta edição reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida por qualquer processo eletrônico ou mecânico, fotocopiada ou gravada sem autorização expressa do autor. ISBN: 978-85-8255-083-0
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Dedico este livro aos meus momentos de imaginação e, principalmente, aos longos dias ao lado de meus grandes amigos e familiares. Digo que este livro contém das mais puras até as mais bizarras imagens ditas por minha imaginação e que podem ir contra a ética e a religião, mas presentes aqui, da maneira mais crítica e resolutiva que pude criar. Ressalto que ler este livro pode mudar sua maneira de interpretar a vida, de observar detalhes ou até mudar sua opinião; mas acredite, considerando a mente uma criadora de fatos, este livro é um diário fictício de casos reais. Obrigado pelo apoio de todos e... Boa viagem! .:Luan Salguero:.
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Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida. Aos meus pais e familiares pelo incentivo. Aos amigos, pelo apoio. À professora Regiane Aparecida Potenza, pela ajuda nas revisões e por todas as orientações. A Gabriel Honorato dos Santos, pelas ideias para a capa. A Isis Angélica Segura, pelas críticas construtivas. A Ruhana Karine, minha primeira leitora. E a todos que lerem.
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Sumário
Agradecimentos • 7 Capítulo 1 – A Ida a Lugar Qualquer... • 11 Capítulo 2 – Vivendo Entre Asas • 19 Capítulo 3 – Um Passeio em Las Vegas • 27 Capítulo 4 – Um Jogo de Pôquer • 35 Capítulo 5 – O Poder das Cartas • 43 Capítulo 6 – De Volta para Síntex • 55 Capítulo 7 – A Guerra dos Reinos • 63 Capítulo 8 – Vida de Condenado • 71 Capítulo 9 – A Ida a Lugar Qualquer... – 2ª Versão • 83 Capítulo 10 – Eis que Surgem os Poderes • 95 Capítulo 11 – A Fuga • 105 Capítulo 12 – Após Desunido • 117 Capítulo 13 – Os Males de Magna • 125 Capítulo 14 – Após Desunidos... – 2ª Versão • 133 Capítulo 15 – Lembranças, Dúvidas • 141 9
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Capítulo 16 – Descobertas • 147 Capítulo 17 – Prazer, Selmo • 159 Capítulo 18 – As 51 Cartas • 169 Capítulo 19 – Encontro com a Morte • 173 Capítulo 20 – O Fim da Batalha • 183 Capítulo 21 – A Despedida • 191 Capítulo 22 – O Início do Próximo Conto • 199
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Capítulo 1 A Ida a Lugar Qualquer...
...A
porta se abriu... Uma claridade me ofuscava a visão e me impedia de ver direito. Sala de paredes brancas, que pareciam não ter profundidade, com várias fotos e desenhos do meu perfil e de alguns de meus feitos, em volta a um espelho de decoradas bordas de madeira. Aproximei-me espantado, parecia já ter visto este lugar... Observei, então, uma estranha figura encapuzada e magra ao espelho, sentada sobre uma cadeira de madeira. Virei-me para fitá-la e pude ver somente seus olhos, vermelhos e brilhantes, em meio ao tecido escuro e estilhaçado. A criatura pôs-se a levantar, quando um grito me soou aos ouvidos... ...Um som perturbador me fez acordar. “Este despertador que me controla!” Mais um dia estava começando, mesma rotina, mesma escola, ou o que eu pensava ser. Tudo começou nesse dia, nessa hora, depois deste estranho sonho, indo à escola Antônio de Queiroz. Escola simples, cercada 11
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de muros de arame liso com pontas de arame farpado, paredes aconchegantes dividindo a pintura branca e salmão, chão cimentado, e banheiros e bebedouros em concerto. Há dias, em horário oposto ao das aulas, vinha gastando meu tempo em ensaios feitos pela minha professora de inglês, não muito importante ser dita em detalhes, mas que nos exigia o máximo, visando à nossa vitória em um concurso de poesia realizado em minha cidade, Verso e Voz, algo que me deixava extremamente cansado e estressado, às vezes... Após longas horas de ensaio, ultrapassando até mesmo o horário dos outros alunos, me pus a seguir meu caminho, meio desanimado, isso porque Afonso, que tanto me entusiasmava, não estava presente. Afonso era e, espero eu, continuará sendo meu grande amigo. Um menino negro e pirado que me alegrava com suas loucas palavras, que de nada faziam sentido. Chegando ao portão de saída, lembrei-me que deixei de pegar meu estojo, de não muito valor, mas também não de graça. Então voltei para buscá-lo e, por sorte, o encontrei, são e salvo de dedos furtivos. Disse muitas vezes e repito que, em um ciclo de carmas, toda sorte vem seguida de azar e vice-versa, até que algo se torne benéfico e maléfico ao mesmo tempo; e, considerando o meu ocorrido como uma sorte, eu esperava algo de ruim para mim. Após colocar o estojo na bolsa, presa às costas, e sair da sala, olhei-me no espelho perfeitamente posicionado ao longo do corredor. Pude notar meus finos e lisos cabelos negros sobre minha face clara, meu uniforme branco de bordas azuladas, encoberto por um agasalho xadrez com touca e com as mangas puxadas ao cotovelo, minha calça jeans, nada diferente de outra qualquer, e meus tênis brancos com contornos marrons. Pouco me distraí com aquele vago reflexo de minha personalidade, isso porque pude notar também um relógio preso à parede oposta que me fez correr em disparada à saída. 12
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Explico. Corri, porque, em poucos segundos, o sinal tocaria e as crianças de 1ª a 5ª série sairiam em disparada rumo à escada, a qual eu descia, porém... Não havia mais tempo. Ouvi o som de panelas e correntes de metal salpicando contra o chão de pedregulhos. O sinal! O sinal liberou um verdadeiro estouro de boiada, de crianças famintas pelo saber ou pela diversão que a escola tem a oferecer. Saí de lá me esgueirando contra as paredes e tentando evitar pisadas e trombadas. Considerando o fato um azar, fiquei feliz em saber que meu carma se deliciava com a espera de uma sorte que estava por vir, e assim seguiu. Saindo de lá, coloquei meus simples pés nos novos patins da “Jota-Jota”, de metal laminado nas rodas, pintura branca como leite fresco do café da manhã, com alguns contornos vermelhos tão fortes que pareciam ser sangue humano. Como admirava aquele doce e simples meio de transporte! Coloquei-os e comecei a patinar sobre o asfalto da praça em frente à minha escola, quando, ao longo das rasteiras e floridas árvores, avistei meu amigo Afonso. Tinha olhar cansado e sua pele suada como se tivesse corrido durante horas, desesperado! Trajava-se como alguém que teve muita pressa ao sair, sem se preocupar em encaixar a roupa com precisão, simplesmente se lançara ao meio de uma camisa verde-grama e um jeans escuro e sem nenhum cuidado, exceto, é claro, pelos belíssimos patins Jota-Jota em tom de sangue que calçava. Não que estivesse trajando roupas velhas e feias, pelo contrário, eram elegantes e até apropriadas para eventos especiais, mas, com o suor e a correria, perdiam o charme que realmente guardavam em si. Pouco antes de se aproximar de mim gritei: — Ei, Afonso! Beleza? — Nada bem! — Disse ele, freando em minha frente. — Uns caras loucos estão atrás de mim e... — Menino! — Gritou um rapaz baixo, careca, de cinza, com um revólver na mão e skate nos pés, seguido por outros dois 13
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rapazes claros e “molambentos” — Volte aqui, se não quiser morrer, ordinário! Então, olhei para Afonso, que já disparava, patinando sobre o asfalto e gritando: “Corre, vamos!” Comecei a segui-lo, por ruas estreitas e desertas, já imaginando o rumo, os prédios da SR. SR era a abreviação de Sistema de Rádio, prédios que eram um projeto para uma rádio limeirense, mas que foi abandonado por falta de apoio financeiro. Estes edifícios eram a inspiração para os nossos desenhos de casas mal assombradas, pois tinham os vidros quebrados, estrutura trincada e uma ponte no terraço que ligava os dois prédios. Enfim, eram prédios depredados pela população e por efeitos naturais. Chegamos à SR, onde Afonso tirou os patins, colocou-os na minha bolsa e me indicou a entrar no prédio da esquerda, enquanto ele subiria pelo da direita. Mais uma vez, obedeci e subi. Vamos retomar os fatos, então... Perdi meu estojo, sorte, fui esmagado por uma multidão de alunos, azar, encontrei meu amigo Afonso, sorte, comecei a ser perseguido por ladrões, azar... Acho que posso esperar pela sorte, certo? Bom, continuando... Enquanto subia, observava pelas janelas que dois dos ladrões corriam nas escadarias do prédio ao lado, o que, consequentemente, me fez concluir que somente um corria atrás de mim, porém, justo o líder. Bom, posso considerar sorte, isso porque este que estava armado era o mais gordinho e evidentemente não era o mais rápido, contudo, não vou me precipitar, afinal isto poderia não ser sorte. Os degraus pareciam se multiplicar, não dando fim ao seu curso, até que uma placa abriu um sorriso em meu rosto, com o dizer: “Terraço”. Puxei as escadas presas no teto e subi, dando de encontro com uma pequena sala vazia e uma porta de metal. Abri a porta com um empurrão e saí. Voltei, fechei a porta e virei, e lá estava, no terraço, uma vista esplêndida, ao ar livre, sem proteção ou segurança, a não ser por um pequeno muro que cercava as voltas dos terraços unidos pela ponte de madeira. 14
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Olhei em volta, atento aos detalhes, mas pouco observei. Vi um cabo de vassoura e dois bastões trabalhados, sendo um branco com pontas vermelhas e um preto com pontas brancas, perfeitamente posicionados para ser vistos somente por quem estivesse do lado em que eu estava, e nada mais, além de pequenas fendas e buracos no chão. Agarrei o bastão de pontas vermelhas, segurando-o com uma força implacável, tentando me manter seguro, ou pelo menos parecer seguro. — Luan! — Ouvi a voz de Afonso, que saíra da porta de ferro do outro prédio. — Rápido! Mande-me este cabo de vassoura e este bastão no chão, e faça o que eu fizer! Obedeci, alegre de saber que ele tinha um plano, mas intrigado por ele saber dos bastões e do cabo de vassoura, sendo que, como disse, estavam perfeitamente posicionados para ser invisíveis a quem estivesse do lado em que ele estava, porém, não questionei. Fechou a porta pela qual saiu, recebeu o bastão e a vassoura que eu mesmo lancei, usando esta para trancar a porta e aquele para também fingir estar seguro. Pus-me a fazer o mesmo que fez com a vassoura, porém, minha porta não tinha as alças para encaixar o bastão como ele havia feito. Meu sorriso logo desapareceu enquanto conversávamos: — Se este era seu plano, então estamos encurralados, por que não tem como travar esta porta! — me aproximei dele. Ambos ficamos parados, ele na ponte e eu próximo a ele, pensando o porquê de estar ali, naquela hora, o porquê de ter seguido o garoto e qualquer razão que me explicasse esta sequência de fatos que parecia não encaixar na realidade. Mas seja por puro destino ou por escolha de alguém, ali estava eu. Notei um curativo no braço esquerdo de Afonso, mas não o questionei, talvez nem me importasse mais com nada. Passado uma eternidade de uns trinta ou quarenta segundos, ouvimos, na porta presa pela madeira, o virar da maçaneta e a tentativa de abrir, seguida após de passos rápidos, que pareciam voltar e descer as escadas. O silêncio tornou a prevalecer, breve, 15
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quando finalmente a porta da qual saí se abriu, revelando o “sem cabelo” e armado rapaz, babando de cansaço: — Chega, cansei! O que estes Reis de Cópias não me fazem passar. — Disse, em perfil calmo, diferente do qual havia nos conhecido, quando voltou a ser rude e mal educado. — Seus babacas, querem morrer? Se não, me deem o amuleto e caiam fora! — Apontou-nos a arma. — Está bem, está bem! — Concordou Afonso, de rosto amedrontado, remexendo os bolsos. Neste instante, chegaram os outros dois, que, ao baterem a porta, assustaram a pequena criança armada, que deu um gritinho agudo. O careca pôs-se às broncas com os outros por tê-lo assustado, e Afonso retirou o colar com uma grandiosa pedra azulada ao meio e o pendurou em seu pescoço. Os dizeres eram esquisitos e infantis, sem sentido e sem muito tom de respeito entre ambos os ladrões que participavam da conversa. Foi neste “bate-papo” que pude observar a presença de uma única arma, que continuava apontada de rasteiro para Afonso e eu, e que nada mais poderia lhes servir de objeto em briga. Concluída a ideia em minha mente, olhei para meu colega e disse: — Bom, vejamos então o que sabem fazer sem o objeto em mãos! E, como de relance, dei alguns dois ou três passos, apoiei o bastão que segurava em um leve buraco no chão, impulsionei e chutei o revólver, fazendo-o sair das mãos do careca e cair do prédio, quase que se encostando ao muro à nossa volta. O rapaz corou de raiva e gritou, vindo ao meu encontro. Os outros dois o imitaram, indo em direção a Afonso. Iniciou-se uma briga. Eles nos atacavam com golpes desleixados, como de uma criança que nunca havia lutado, enquanto meu amigo e eu usávamos os bastões para realizar golpes de ninja como aqueles que vemos na televisão e não conseguimos imitar. 16
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Passado alguns socos e pontapés, me lancei contra o líder, dando-lhe um chute em meio à face, que o fez cair com o tronco sobre o pequeno muro que nos cercava. Logo após, me virei para ajudar Afonso, mas a fala do rapaz me fez parar, assustado: — Ah! Agora sim, garoto, veja o que achei. — Ele se levantou, meio tonto, com algo espantoso na mão. — Bom, creio que este é o seu fim. Ele me apontou o revólver e dançou com este no ar. Dei alguns ligeiros passos para trás, parando até o limite do meu caminho. Ele atirou! Antes que a bala pudesse me atingir, como um ato de heroísmo, Afonso pulou em minha frente e foi arremessado para fora do prédio com o impulso da bala. Escorreram-me lágrimas dos olhos quando me pus de joelhos, ao vê-lo cair, e seguido pelo som de um segundo disparo, fui empurrado do prédio, junto ao meu amigo. Tudo parecia passar em câmera lenta... Via meu colega se aproximar do chão, meu sangue vazando pelo buraco feito em meu peito, e o vento bater em meu cabelo, violento, mas sensível, se rompendo sobre minha face. Tudo parecia o fim, mas uma luz branca envolveu Afonso e o fez sumir, pouco antes de bater no chão. Em mesmo instante, um brilho azulado brilhou no alto do prédio. Meus olhos arregalaram e em seguida fecharam, pouco antes do impacto e...
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