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Direitos autorais, venda e distribuição cedidos pelo autor à Planeta Azul Editora www.planetazuleditora.com.br | e-mail: planetazul2014@yahoo.com.br Copyright © 2012 by Renata Fricks Todos os direitos desta edição reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida por qualquer processo eletrônico ou mecânico, fotocopiada ou gravada sem autorização expressa do autor. ISBN: 978-85-98792-95-8
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“Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.â€? (1 CorĂntios, 13)
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Agradeço, primeiramente, a Deus por me dar a possibilidade de escrever; além de minha família e amigos. Entre eles, a Priscila, que me mostrou que todos podem escrever uma história se tiver dedicação e força de vontade. Escrevi este livro após um sonho, no qual continuei a pensar a caminho da autoescola, e meu irmão, Renan, estava junto e disse-me para escrevê-lo.
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Sumário
Capítulo I — A Chegada • 11 Capítulo Dois — O Amor de Carlos • 21 Capítulo Três — A Festa no Palácio • 35 Capítulo Quatro — A Partida para a Guerra • 49 Capítulo Cinco — O Casamento • 63 Capítulo Seis — Vida de Casados • 75 Capítulo Sete — A Febre • 81 Capítulo Oito — Segredos Desvendados • 87 Capítulo Nove — Recomeço • 93
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Capítulo I — A Chegada
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elena acordou assustada por uma das recordações de sua infância. Seu pai, bêbado, havia dado um tapa no rosto de sua mãe após uma das cotidianas discussões de ambos. Acordou suada. Sua criada, que estava arrumando seu quarto, perguntou: — Que foi Srta. Helena? — Foi somente um pesadelo, não se preocupe. Helena levantou, banhou-se, vestiu-se e penteou seus longos cabelos loiros. Saiu apressadamente nas dependências do enorme castelo. Na cozinha encontrou sua mãe e perguntou: — Nossa criada Joana disse que você estava gritando. O que houve? — Foi apenas um pesadelo mãe. — Olhe para você, está horrível com estas enormes olheiras. — Observou. — Você tem de se cuidar, Helena. Não queremos deixar seu noivo decepcionado, não é? — Noivo, mamãe? — Alterou o volume da voz, visivelmente insatisfeita. — Eu o vi apenas uma vez e meio segundo depois estava noiva! 11
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— Helena, já conversamos sobre isso. É muito mais que um casamento, é a união de duas províncias. E seu noivo é um rapaz muito querido pelo seu povo. — E o que me importa isso, mamãe? Casar-me com alguém que mal conheço... — Cruzou os braços, infeliz. — Você foi prometida a ele desde meu ventre, e tenho certeza de que será muito feliz. — Não consigo acreditar nisso. — Eu sim. — Sua mãe replicou. — Vou à feira comprar qualquer coisa. — Helena comentou e foi se retirando. — Vá, mas peça que um de nossos criados a acompanhe. — Vou chamar Carlos. — Avisou. — Novamente este criado! — Sua mãe reclamou. — Daqui a pouco irão falar que você está enamorada deste rapaz! — Mãe, ele apenas irá me acompanhar. Além do que, ele nasceu nesta casa. — Parou na porta da cozinha. — O que teria demais nisso? — Então vá, mas não demore. — Sim mamãe. Não vou demorar. Helena dirigiu-se aos arredores do castelo e encontrou Carlos ajudando a cortar alguns galhos de árvores do enorme arbusto verde que se estendia a metros de distância. — Poderia me levar à cidade? — Pediu a Carlos. — Claro, mas o que irá fazer lá? — Irei encontrar Luiza. — Sua mãe já lhe avisou que não é para andar com esta moça. — Disse, apontando o dedo indicador. — Sim, Carlos. Todavia, tenho de vê-la. — Disse, revirando os olhos. — Helena, sou criado de sua mãe, e ela disse que qualquer um que permita sua aproximação desta moça será expulso daqui. — Vai me impedir? — Cruzou os braços. — Infelizmente... Não posso negar-lhe coisa alguma. — Então vamos? — Riu de forma infantil. — Sim. Vamos. 12
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Ambos se dirigiram ao centro da cidadela, ao encontro de Luiza. Helena, entretanto, foi para o campo, um pouco além dos muros, onde esperaria por Luiza. Luiza era filha de uma costureira que fora abandonada pelo marido. Por isso, toda a sociedade a discriminava. Carlos chegou à casa de costura e perguntou à mãe de Luiza: — Luiza está? — Está me ajudando a costurar e não tem tempo para conversas. — A mãe da garota falou com severidade. — Mas preciso falar com ela. — Insistiu. — O que tem para falar com minha filha? Neste momento, Luiza apareceu: — Deixe mamãe! — Disse. — Vou falar com ele. — Luiza, temos muitas costuras para entregar! — A mulher avisou. — Eu sei, mamãe, mas também tenho de conversar com meus amigos. — Amigos? Que amigos? — A velha senhora perguntou com arrogância. — Vejo apenas um servo do rei. — Mamãe, não fale assim com ele! — Venha, Carlos, vamos conversar lá fora. — Disse, puxando-o para fora e interpelando-o em seguida: — E então? O que tens a dizer? — Helena está a sua espera nos campos. Quer te ver. — Então vamos! Luiza e Carlos foram ao encontro de Helena. Ela estava um pouco triste, recostada em uma castanheira, sob a qual se encontrava um chão cobertos de folhas secas, frutos do outono. As folhas giravam em volta dela e caíam, pouco a pouco, sobre o gramado verde próximo ao lago. Ambos se aproximaram de Helena, mas foi Luiza quem perguntou: — O que foi amiga? Lágrimas correram pelo rosto de Helena, inúmeras delas, e sem nenhum empecilho, pingaram sobre a barra de sua saia, criando desenhos incompreensíveis no tecido. Por fim, respondeu: 13
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— Luiza, não suporto mais tudo isso! Carlos a interrompeu: — Vou deixar vocês a sós. — E depois acrescentou: — Helena, não se esqueça de que temos de ser rápidos. Carlos saiu na direção dos muros, deixando-as a sós. Luiza sentou-se ao lado de Helena e perguntou: — O casamento novamente? — Sim. Como me casar com alguém que mal conheço? — Helena, em breve você será rainha, e não deseja cuidar de seu povo e criar uma sociedade mais justa? — Sim, mas por que o casamento? Por que ter de viver com um homem que nem sequer amo? — Infelizmente já está decidido. Não teria como mudar isso. — Mas não fui eu quem prometeu tal coisa! — Mas os reis fizeram um acordo para unir as duas províncias. Você sabe que é a única maneira de acabar com a guerra que já matou milhares de nossos irmãos. — Eu não quero abandonar meu reino, Luiza. — Lamentou. — Então, conforme-se, Helena. Terá de se casar por amor a sua pátria. — Abraçou-a tristemente. Helena enxugou as lágrimas e ficou com o olhar vagando a sua volta. Foi quando viu Carlos atirando pedrinhas contra o lago, que ricocheteavam sobre o espelho d’água. Ela o observou por segundos e desviou sua atenção quando Luiza retrucou: — Está apaixonada por ele, não é? Por isso teme o casamento. — Não, ele é um criado, crescemos juntos. Não teria qualquer chance de ele e eu… — E se tivesse?— Disse, interrompendo-a. — Não. Eu jamais teria qualquer pretensão... — Ouça. Conheço-te há muito tempo e sei quando mente para mim. Crescemos juntas também, lembra-se? Carlos tem afeição por você desde criança, não é preciso muito para perceber o quanto os olhos dele brilham ao te ver. — Carlos jamais demonstrou qualquer sentimento além de um afeto fraternal por mim. Sempre se importou comigo, mas 14
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apenas isso. Ele é filho de nossa criada mais antiga e por isso sempre foi tratado melhor do que qualquer outro. Além de não ser ignorante como o restante da criadagem, que, infelizmente, não teve acesso aos estudos. Sabe ler e escrever, e por isso, diversas vezes, emprestei-lhe meus livros. Sempre foi leal comigo, mas… Apenas isto, é um amigo da família. — Concluiu. — Diz por dizer. Dá para perceber como olha para ele, de forma profunda e acolhedora. Não tenha medo disso... Do que sente, este sentimento se chama amor. Helena respondeu, levantando-se: — Falas asneiras, Luiza. Vamos embora, não posso demorar porque mamãe está sempre atrás de mim. — Vamos, então. Helena gritou, acenando com a mão: — Carlos, vamos. — Sim, Srta. Helena. Luiza foi levada por Carlos à sua casa. E, depois, ele retornou para buscar Helena e levou-a de volta ao castelo. No caminho, entretanto, ele perguntou: — Está tudo bem, Srta. Helena? — Pergunto porque a vi chorar. — Sim, Carlos. Foi só um mal-estar. — Quer me dizer algo? — Por quê? Pareço que quero? — Calma, não queria ofender. — Não se preocupe, estou só um pouco cansada da caminhada. — Quer que alugue uma carruagem para levá-la até o castelo? — Não, vamos a pé mesmo. Não é tão longe assim. Carlos sorriu e, em seguida, não perguntou mais nada. Andaram meia hora a pé. Quando chegaram em casa, a mãe de Helena, que continuava na cozinha, olhou para ela um tanto desconfiada e perguntou: — Por que demorou? — Fomos a pé. — Por quê? 15
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— Não havia necessidade de ir de carruagem! — Disse irritada. — Não quero que ande como qualquer uma. Você é uma princesa e em breve será uma rainha. — Está bem mãe, da próxima vez vou de carruagem. — Deu-se por vencida. E, quando pensou que as sessões de perguntas tivessem acabado, eis que surgiram mais: — E onde você esteve? — Fui à feira. — E o que comprou? — Bem, deixei lá fora. — Hesitou. — Posso ver? — Pode. — Gaguejou. — Então vamos lá. Helena e sua mãe foram lá fora e não havia nada. A garota ficou a procurar algo para dizer, e quando sua mãe ia falar alguma coisa, Carlos chegou com uma sacola de laranjas, chupando uma disse: — Procuravam as laranjas? Helena quase caiu para trás, e pensou: — Como ele conseguiu? Foi quando sua mãe, um pouco sem graça, disse: — Bem, já que trouxe as laranjas, chupe-as. Vou entrar. Carlos, quero que depois venha ao meu encontro, preciso falar com você. — Tudo bem. — Respondeu. Sua mãe se virou e entrou no castelo. Helena sentiu um calafrio quando a olhou de forma acusadora, mas desviou a atenção quando Carlos chamou: — O que será que sua mãe quer falar comigo? — Não sei, mas posso supor que seja o fato do passeio na feira. — Também penso que seja. — Como conseguiu as laranjas? — Quis saber. — Imaginei que sua mãe pudesse perguntar pela feira. Então fui ao pomar e colhi algumas. Ela pensou um pouco e falou com jeitinho: 16
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— Quero lhe pedir desculpas, Carlos. — Pelo que? — Eu te deixei em uma má situação, se soubesse que causaria tudo isso não teria lhe pedido… Helena abaixou a cabeça e franziu as sobrancelhas de forma tristonha. Seus cabelos loiros sacudiram e pousaram sobre sua face, escorregando para frente. Carlos fitou-a e parou um diante dela. O pôr-do-sol incidia sobre os dois e dourava a pele da garota; ele nunca a havia visto tão linda. Hesitou, pensando um pouco, e ergueu uma das mãos, chegando até o rosto de Helena e segurando seus cabelos. Colocou uma das mechas, que caia sobre sua pele atrás de uma das suas orelhas, e olhou no fundo de seus olhos verdes, dizendo de forma gentil: — Não fique assim. Sempre estarei ao seu lado no que precisar. Ela corou e em seguida abaixou os olhos. Segurou a mão de Carlos, que roçava seu rosto, e retirou-a aos poucos dali. Ele abaixou o rosto também e murmurou baixinho: — Desculpe-me… — E quando iria dizer mais alguma coisa, Helena o interrompeu: — Acho melhor você ouvir o que mamãe deseja lhe falar. Carlos, sem graça, disse: — Sim. Irei. Enquanto Carlos saía, ela o observava, e seu coração se preenchia com um calor desconhecido. Um desejo enorme de ir ao seu encontro. Então, por um instante, colocou a mão contra o peito e sentiu as doces notas aceleradas de seu coração. De imediato, pensou: O que está acontecendo comigo? Eu estou ficando louca! Eu não posso… Estou noiva! Sacudiu a cabeça e concluiu para si mesma: não, é apenas um amor de irmão... *** 17
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