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Gomes Santos
revisitada
verso e prosa
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Copyright © 2018 by Gomes Santos Todos os direitos desta edição reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida por qualquer processo eletrônico ou mecânico, fotocopiada ou gravada sem autorização expressa do autor.
Planeta Azul Editora.
www.planetazuleditora.com.br e-mail: planetazul2014@yahoo.com.br Rua Dr. Olinto de Magalhães, 152 F. Vidigal – Rio de Janeiro – RJ – 22.450-250 Tels.: (21) 2239-1179/ 99996-9067 / 99613-9632 Editoração eletrônica e Revisão: Planeta Azul Editora Capa: Zélia Guerra
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Bibliotecária Juliana Farias Motta CRB7/5880 S237m Santos, Gomes Memória Revisitada: verso e prosa / Gomes Santos. -- Rio de Janeiro : Planeta azul editora, 2018. 172 p. ; 14 x 21cm .
ISBN: 978-85-69870-89-0 1. Poesia brasileira.2. Prosa brasileira.I. Título: verso e prosa.
CDD B869.8 Índice para catálogo sistemático: 1. Poesia brasileira 2. Prosa brasileira
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Ao MaurĂcio, filho.
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Agradecimento Ă Virginia, revisĂŁo e sugestĂľes.
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Sumário
Introdução...................................................... 11 1. Memória em verso.......................................15
Delas........................................................................19 À procura, ainda....................................................................23 Re Visões................................................................................ 24 Oferta.....................................................................................25 D`après une photo antique....................................................26 Intervalo de diário..................................................................29
De Mim.................................................................. 39 Esboço de perfil .....................................................................43 Desgarrado.............................................................................49 Opção prudente...................................................................... 51 Re epitáfio...................................................................................... 56 Se, se, se... .............................................................................. 57 Cogito II.................................................................................58
Da Crítica................................................................61 História sem fim.....................................................................65 Ainda atual............................................................................69 Das ofertas ocultas................................................................. 71 |9|
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Do Testemunho...................................................... 73 De lugares, não esquecidos...................................................... 77 Cabo da Roca, revisitado........................................................79 Na Pont Neuf......................................................................... 81 Endereço.................................................................................83 Casa revisitada.......................................................................85 Rua Progresso.........................................................................88 Objetos de estimação..............................................................92 Marolas e vagas .....................................................................95
De Eros................................................................... 99 Leituras de Eros....................................................................103
2. Memória em prosa..................................... 115
Perfis..................................................................... 117 Um tal de Laurentino.......................................................... 119 Mais um aposentado............................................................ 124 Exilado na cidade.................................................................128
Certa vez, contaram................................................137 Sanguessugas .......................................................................139 Táxis ................................................................................... 146 Loterias e números................................................................152 Hobby................................................................................... 170 Empatia............................................................................... 178 Tentativa..............................................................................186
Ao final..................................................................191 Em falta...............................................................................193 Última despedida................................................................. 194
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Introdução
Ao pintor, é facultado repetir tema, reinterpretá-lo em nova visão, quantas vezes assim o desejar, imaginação e cores à disposição. Ao músico também, a frase musical em infinitas variações. Ao escultor, ao pregador no púlpito e tantos mais essa faculdade, é só optar. Quanto à poesia, muitas dúvidas essa liberdade, risco ser visto como plagiador da própria obra. Por quê? Impressão pessoal, depois de testemunhar declaração de poeta. Dizia ele que, uma vez nascido o verso não mais pensava nele, aceitava-o independente pelo mundo. Impactou-me tal afirmação, geração perfeita, tipo apolíneo de verso equilibrado nas partes e proporções. Por que não possível? Outros tantos, não bafejados por cromossomos tão resistentes, ambiente hostil, vagam inseguros, sem tutela. Desprezados pelo criador, desamparo na vastidão das terras, para o que der e vier? Seria fruto da falta de sensibilidade, progenitor desatento a defeito congênito, acidente, pé quebrado? Apátrida de estilos, tento apenas materializar o que me sensibiliza, altere o estado de espírito, perplexidade condizente com o momento. Enfim, nunca admito criações como terminadas, trabalho concluso. Perspectiva é vislumbrada ao focalizá-lo, natural estado mutante a cada circunstância da vida. Possível esboço, croqui que um dia pode transformar-se em quadro. No ofício das letras tardiamente, ao longo da vida profissional impregnado da mutante tecnologia, talvez pelo insuficiente traquejo no manuseio, claudicante em língua tão rica, co| 11 |
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migo aconteça o contrário, nunca definitivamente convencido com a produção, mesmo quando versos já publicados. Não são todos, é verdade, todavia alguns chegam a incomodar-me, sinto a necessidade de suprimir excessos, valorizar trecho em benefício da intenção ao dizer, em suma, estado permanente de insatisfação. Aqui exemplo, resgatados alguns poemas já publicados nos livros Visões e Dizeres do Entorno, acrescentadas digitais mais nítidas, contornos modificados, não totalmente, apenas chegar mais próximo da minha identidade e do que sinto. Justificativa parcialmente verdadeira, nem sempre assim tão límpida a ação ao transformar, às vezes inesperada descoberta, algo sem nexo. Como? Nem sei responder, brotam, vejo-os como suores, esforço demasiado, aquém-capacidade intelectual, estado febril, inconsciente. Ali, no texto, dissimulado, sobrevive quase invisível despojado de atrativos, autor desatento por muito tempo, dá voltas em torno obstáculo, até que, a preguiça espanada, remova-o, sem sofrimento, confinado às masmorras de terra incógnita. Quem sabe, alguma época no futuro a indulgência do perdão, retorno do exílio, mais ameno na aparência e significado coerente ao balbuciar intenções. Perdoem-me se cometi sacrilégio em campo-santo, tentar entrar em agremiação com fantasia dissimulada, oferecido gato por lebre. Meliante, enganando corações abertos à poesia? Apenas sem forças na ocasião mudar, assumido pecador por precipitação, negligência ou fatalidade. Quem sabe, no futuro, estes e outros versos na mesa cirúrgica, feições mais equilibradas, alterações na cor, linguagem mais sonora, em beneficio próprio e do leitor. Prevalece intenção, premissas implícitas ao tentar:
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Ofício da poesia é despertar, invocar, provocar sentimentos, alvoroço, significados ampliados, um indagar as convicções, onde chegar. Empurrar primeiro passo, longo caminho a percorrer, nunca na mesma posição permanecer. Em direção ao pódio, à cada tentativa conquista nova marca, o dizer mais próximo do sentir ou do negar. Algum fim é desacreditar o perpétuo móbile, neste tipo de arte acolhida por convicção, pressentindo, coisas que trafeguem sentimentos o infinito, única senda a percorrer. Então, quando julgava definitivo, surpresa! Anotação descoberta à margem.
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Doce ilusão solitários, poema introcável por galeto desossado e salada de agrião, clamam sentidos qualquer coração por priorizar vida atende, seguir batendo. Alguma crítica, significado da inclusão? Não sei. Qual dos três, incluídos nos perfis lança o desafio? Atribuir autoria aos diversos escritos, folhas sobre a mesa agrupadas por reles grampo de papel, sem assinatura, é difícil. Para compensar, é traçado perfil de três prováveis autores a guisa de ajuda. Quem sabe, o leitor consiga fazê-lo. Lavo minhas mãos, sem favorecimento. Como sempre, é impossível ficar imune às ocorrências nas ruas. Curiosidade instiga saber mais, tantas fontes. Palavra de desconhecido ao lado, balcão de bar enquanto a caneca de chope suada é trocada, comentário gratuito, ombro a ombro embaixo de marquise estreita, chuva fustigando calçadas e até em solitário, mesa de canto, absorto em desfiar o presunto escuro sobre pedaços de pão saloio, atento às lágrimas na taça, voz inoportuna, mesa próxima, acima do diapasão, divagando sobre generalidades, apenas som, até que comentário insólito atiça prestar atenção. Todos esses detalhes, capturados, acabam transcritos pelo trio, cada qual acrescentando gordurinha magra, buquê de tempero, sabor complementar, mão de chefe, sem risco, textura original desaparecer, tornar-se outra coisa. Continuam sendo o que uma vez contaram. É só!
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1. Memรณria em verso
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“indolente, tangia lembranças quando a corda, sem perceber, estala, volta atrás, ausculta memória na esperança repetir, mas, outra melodia renasce. Mesmo instrumento, papel e lápis, afago, novo aroma rescende em notas, inda que impalpável a harmonia, canção que foi, é ou será.”
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Delas
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“peça de pano abandonada, revista com letra dela página cinco, aroma remanescente, frasco que não foi, fragmentos tropeçados em soluços, embora o único verdadeiro sem recorrer à rima – aquele pé de sandália, fiel, cheiro de humano é fantasma, me assombra, surdo a outros sussurros desumanos, desencadeadas lembranças incompletas, evaporadas na vastidão do cotidiano.”
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