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Jefferson Leister

O Tarô dos 72 Nomes Sagrados da Cabala Um método divinatório simplificado baseado na Tradição Cabalística

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Direitos autorais, venda e distribuição cedidos pelo autor à Planeta Azul Editora www.planetazuleditora.com.br | e-mail: planetazul2014@yahoo.com.br Copyright © 2014 by Jefferson Leister Todos os direitos desta edição reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida por qualquer processo eletrônico ou mecânico, fotocopiada ou gravada sem autorização expressa do autor. ISBN: 978-85-8255-113-4

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Sumário

Grafia e Pronúncia • 11 O Que é o Tarô? • 15 Os 72 Nomes Sagrados da Cabala • 19 Por que Consultar este Tarô • 21 Os Anjos • 23 Os Regentes dos Dias da Semana • 27 Os Regentes e os Nomes Sagrados nas Sefiras • 31 Os Coros Angélicos • 39 Como Chegar aos 72 Nomes Sagrados • 43 Os 72 Nomes Sagrados e os 72 Anjos da Cabala • 51 Os Regentes Diários • 55 Os Regentes das Horas do Dia • 59 Como Consultar o Tarô dos 72 Nomes Sagrados • 61 Interpretação das Tiradas • 67 Notas • 139

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Introdução

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os últimos anos, ouvimos falar frequentemente sobre a Cabala e sobre a tradição Judaica, nos meios esotéricos em geral e nos numerosos meios midiáticos do mundo moderno. Isso se deve, certamente, à grande quantidade de pessoas famosas e notáveis da sociedade que aderiram a tal tradição, declarando-se praticantes, ou ao menos, simpatizantes, criando assim um modismo em nível mundial. Muitos autores, de todas as partes, passaram a escrever sobre o tema, alguns judeus por religião e/ou berço, outros estudiosos e simpatizantes do tema, mas de formação cristã. Mas, o que Cabala quer dizer? Qual sua origem? É o que vamos expor neste preâmbulo, de forma resumida, porém, uma vez que o tema é por demais vasto, e analisar detalhadamente a tradição e a simbologia cabalística não é o objetivo deste opúsculo, pois seria certamente objeto de confecção de um ou vários compêndios, por se tratar de conhecimento acumulado durante milênios. Cabala, que se pronuncia Cabalá, dlaw (QBLH) significa recepção, receber, e diz respeito ao conhecimento que foi recebido pelos mestres e profetas do passado, por iluminação, epifania ou inspiração divina. A Cabala é o conhecimento 7

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oculto sobre o Universo material e imaterial, sobre o Homem e seus vários corpos, sobre os diferentes níveis e hierarquias da criação, segundo o ponto de vista da tradição ocidental, isto é, do Oriente Médio para o oeste. Certo autor nos diz que mesmo a tradição oriental teria sido influenciada pelo conhecimento oculto guardado pelo povo hebreu, que teria alcançado o Himalaia (e até as Américas!), quando do episódio do Êxodo. Segundo ele, tal conhecimento teria sido herdado dos egípcios, que o teriam cultivado desde as primeiras dinastias na região de Heliópolis, a nordeste do Cairo, cujo nome era originalmente Iunu — que significa Pilar. Os próprios egípcios, por sua vez, teriam recebido o conhecimento original diretamente dos Árias ou Atlantes, muitos milênios antes. Pode-se dizer que a Cabala chegou nos nossos tempos em duas fortes correntes: uma original, oriunda do povo hebreu, de tempos antigos e medievais, e outra que se desenvolveu na Europa medieval e renascentista, estudada predominantemente por cristãos (entre os quais até sacerdotes, como Eliphas Levi e Padre Atanásios Kircher). A primeira traz um conhecimento tradicional, de cunho mais religioso, dogmático, filosófico e legislativo, compilado em obras como a Mishná, o Talmude e o Zohar1 — as duas primeiras, obras sobre discussões rabínicas alheias, à primeira vista, à Cabala. Já a segunda corrente, associada a Magia, a Alquimia, a Numerologia e a Astrologia, principais ciências ocultas, tem um lado mais místico e metafísico — embora o livro base da Metafísica Cabalística, o Sepher Yetzirá2, seja atribuído a um judeu, Ravi Akiva, do século I d.C. Não obstante, mestres cabalistas judeus, como Isaac Luria, o Ari de Safed3, e Moshe Luzzato exploraram bem o lado místico da tradição. Não há como separar a Filosofia Oculta da Cabala, uma vez que a primeira é diretamente derivada da outra, e ambas, como uma só, foram muito desenvolvidas na Europa medieval, pré-moderna e moderna. Numerosos são os autores e estudiosos do tema, como por exemplo: Picco della Mirandola (grande gênio filosófico e ocultista da Renascença), Cornélius Agrippa (autor de clássicos da Filosofia Oculta), Nicolas Flamel (conhecido Alqui8

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mista, mas cuja fama só surgiu 200 anos após sua morte), Abraão o Judeu (a quem é atribuído o Aesch Metzareph4 e a transcrição de Abramelin), Paracelso (grande alquimista e astrólogo), Padre Atanásios Kircher (autor da célebre obra Oedipus Aegyptiacus), Eliphas Levi (o último dos grandes magos, autor de Dogma e Ritual da Alta Magia), Michael Maier (Alquimista), Papus (autor de A Cabala), Lenain (autor de A Ciência Cabalística), Joséphin Péladan, Knor Von Rosenroth (autor da série Kabbalah Denudata), Stanislas de Guaita, Aleister Crowley (autor de Líber 777), Mac Gregor Matthers (co-fundador da Aurora Dourada, que traduziu a Kabbalah Denudata para o inglês), Zev Ben Shimon Halevi e Dion Fortune (Violet Firth). Estes e outros autores e estudiosos levaram o conhecimento cabalístico e ocultista ao assombroso patamar atual, deixando um legado de inestimável valor à Humanidade. A Medicina, a Química, a Física e a Astronomia são frutos diretos da Ciência Oculta medieval e renascentista, e nomes como Michael Maier, Roger Bacon, John Dalton e Isaac Newton, célebres rosacruzes, e estudantes da Tradição oculta e alquímica, chegaram até nós pelas grandes realizações que alcançaram no campo da Ciência oficial, graças, é claro, ao estudo do Ocultismo. O estimado leitor pode se aprofundar nesses temas, se lhe aprouver, pela leitura das inúmeras obras deixadas pelos notáveis autores acima mencionados ao longo dos séculos. Este opúsculo, no entanto, mais do que uma longa exegese sobre a Filosofia e a Semiologia/Simbologia cabalísticas, pretende ser um livreto prático e objetivo, isento de floreios ou prolixidade. Seu objetivo é familiarizar o leitor com os nomes sagrados do criador, segundo a tradição cabalística, de forma simples e resumida, e transmitir a técnica meditativa básica sobre esses nomes. Isso além de, é claro, servir de método divinatório simplificado para o consulente, a partir da interpretação da lâmina escolhida “aleatoriamente” do baralho de consulta. Lembremos que o acaso não existe. O que chamamos de acaso, ou casualidade, não passa de Sincronicidade5; afinal, em última análise, numa breve citação do pensamento filosófico de Einsten: “Deus não joga dados”... 9

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Grafia e Pronúncia

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idioma hebraico antigo, do qual se originaram todos os nomes divinos e classificações cosmológicas mencionadas neste livro, é muito diferente do nosso idioma, a começar pelo fato de ser escrito da direita para a esquerda e de não usar vogais (os chamados pontos massoréticos fazem essa função). Por esse motivo, os nomes usados neste livro serão aportuguesados da melhor maneira possível, para facilitar o entendimento de quem não conhece o básico do idioma hebraico. Na verdade, não é necessário que o leitor conheça esse vernáculo para poder desfrutar por completo deste livro, uma vez que as letras sagradas do alfabeto hebraico têm em si uma essência cósmica arquetípica, não originária da mente humana, mas recebida, em certo momento, por inspiração divina. Elas vão proporcionar o mesmo efeito meditativo para qualquer pessoa, de qualquer país e religião. Cada uma dessas letras representa um princípio filosófico e tem forma condizente com a ideia que deve transmitir, como que “projetada” por uma inteligência superior. Assim, por exemplo, o Alef (`), primeira letra daquele alfabeto, lembra uma barra em que há duas chamas opostas, uma de cada lado. Simboliza, então, a passagem de um plano para outro, um renascimento, um novo início, e está diretamente vinculada à carta do Mago do Tarô de Marselha. O Záin 11

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(f), outro exemplo, tem a forma de uma espada ou gládio, mas não em riste, simbolizando que a batalha que estava sendo travada foi vencida. Tem relação com a carta o Carro da Vitória, do mesmo Tarô. Já o Iód (i) tem uma forma que remete a uma labareda — é a única letra que não toca o “chão” — e tem relação mórfica e simbólica com o espermatozoide, por representar o princípio masculino. Certas palavras fundamentais para o estudo que vamos fazer foram representadas, em várias obras e através dos tempos, com formas gráficas bem diferentes umas das outras, em decorrência das muitas traduções efetuadas dos originais para vários idiomas no passado. Assim, como já foi dito, procuraremos usar a forma mais facilmente legível para o leitor brasileiro. Por exemplo: a palavra Hhokmáh (dnkg) , nome da segunda Sefira, é formada pelas letras g (Hét), que tem som de H fortemente aspirado, k(Cáf), que tem som de K ou C, n (Mem), que tem som de M e d (Hê), que equivale a um H levemente aspirado. Em português: HKMH (lembre-se de que o hebraico não tem vogais). Com a adição das vogais, então, HoKMaH. Para indicar se a palavra é oxítona ou paroxítona, vamos usar um acento correspondente na sílaba tônica, ainda que em oposição ás regras de nosso idioma. Em nosso exemplo, então, Hokmáh. H, em nosso estudo, deverá ser SEMPRE pronunciado como em Hot Dog, e não como letra muda, e o H no final das palavras deve ser pronunciado levemente aspirado, coisa que inexiste em português. A letra g (Hét) será representada, neste livro, por duas letras H seguidas, indicando, como já dito, um H de aspiração forte — em nosso exemplo Hhokmáh. A letra L, no final das palavras, deve ser lida SEMPRE como fazem os sulistas no Brasil, e não como uma letra U. Exemplo: a palavra barril deve ser lida barrill, e não barríu. Por esse motivo, a pronúncia indicada terá duas letras L no final da palavra. A letra R também é complicada: deve ser lida SEMPRE como se estivesse no meio da palavra, ainda que seja a primeira letra. Em português, o R que inicia uma palavra é lido como um H aspirado, como em “rato”. Na pronúncia dos nomes sagrados e 12

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nas palavras hebraicas no geral, o R inicial, seguido da vogal A, deve ser lido como em “cara”. Seguido da vogal I, como em “marido”, e assim para todas as vogais. Por exemplo, o nome da letra hebraica x (Resh), que equivale, em nosso idioma, ao R, deve ser lido como em “Orestes”. Já o M no final da palavra não dever ser pronunciado como N, como costumamos fazer em nosso idioma. É normal que pronunciemos a palavra homem como homen, garagem como garagen, aipim como aipin, mas isso não deve ser feito quando da pronúncia dos nomes sagrados, sendo o correto o uso de um M bem anasalado. Procure pronunciar o M final das palavras como no célebre mantra OM. O SH deve ser lido como CH em China, chão, cheia, por exemplo. Em cada uma das cartas que acompanham este livro, está indicada a pronúncia mais adequada possível ao leitor lusófono. E esta pronúncia é muito importante, pois é parte integrante do método de meditação que será ensinado mais à frente.

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O Que é o Tarô?

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Tarô, também chamado de Livro de Toth ou Livro de Hermes, é um baralho composto por setenta e oito cartas, nas quais estão descritos os capítulos, ou atos, da grande peça teatral que é a existência humana. Não vamos aqui entrar na discussão sobre as origens do Tarô, mas é importante que o leitor saiba que suas lâminas não são, de forma alguma, compostas figuras arbitrárias e símbolos vãos ou aleatórios, mas, ao contrário, são arcanos que descrevem princípios importantíssimos e situações comuns da experiência humana. As primeiras 22 cartas são chamadas de arcanos Maiores e cada uma delas tem relação direta com cada uma das letras do Alfabeto Hebraico. As primeiras doze cartas descrevem os passos da Grande Obra Alquímica, sendo a décima segunda, o Enforcado, o final da Obra, cujo símbolo é o Enxofre Filosófico — as mãos atadas do dependurado formam um triângulo invertido, e suas pernas, uma Cruz. Só sobre este tema, já seria possível escrever um grande volume, mas esse não é nosso objetivo. Já os arcanos menores têm as figuras que representam os variados tipos humanos e cartas que representam o desenrolar da vida desses personagens. Os quatro naipes simbolizam os quatro instrumentos que 15

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estão à disposição do Mago, em sua mesa, na primeira lâmina do Tarô de Marselha e também os quatro elementos. Copas: as taças; Paus: os bastões; Ouros: as moedas (ou pentáculos) e Espadas: as espadas. Cada naipe também é correlato a um elemento, cujo significado simbólico é: Copas: água (a fluidez, os sentimentos, a mutabilidade); Paus: fogo (a transformação, a criação e a concretização); Ouros: terra (a moeda, os negócios, o dinheiro) e Espadas: ar (a mente, o pensamento, a racionalidade). Palavra Tarô vêm do monograma do Lábaro de Constantino6, cujas letras gregas foram assim arranjadas:

Tau (T) — em português: T; Alfa (Α) — em português: A; Rô (P) — em português: R; Ômega (Ω) — em português: O; 16

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Cada uma das letras também se relaciona com um naipe e um elemento. Assim: T: Paus e fogo Α: Copas e água (o Alfa maiúsculo tem a forma de uma taça invertida); P: Espadas e ar (o RÔ, que parece um P, em português, é como que uma espada virada para baixo, sendo o bojo da letra a proteção do cabo do gládio; Ω : Ouros e terra. Alguns autores escrevem a palavra Tarô como Tarot, para indicar um novo ciclo que se inicia a cada letra T, indefinidamente. Curiosamente, em latim, ROTA, Tarô ao contrário, significa roda, ou ciclo. As mesmas letras ainda formam a palavra TORÁ. O verdadeiro simbolismo arcano do Tarô pode ser encontrado principalmente do Tarô Egípcio e no Tarô de Marselha. Muitos autores, com o passar dos séculos, na busca de criarem tarôs pessoais, desvirtuaram completamente o simbolismo desses arcanos, simplesmente com o objetivo de ilustrá-los com imagens pictográficas que lhes aprouvessem, prejudicando, assim, o verdadeiro significado das lâminas originais. Nosso Tarô, porém, é composto por setenta e duas lâminas, referentes aos Setenta e Dois Nomes Sagrados da Cabala e aos Setenta e Dois Anjos Cabalísticos. Não é dividido em Arcanos Maiores ou Menores, como os anteriores, mas em Coros Angélicos. Ainda assim, guarda intimidade com o Tarô de Marselha, por descrever as vias de desenvolvimento e da experimentação humana.

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Os 72 Nomes Sagrados da Cabala

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s 72 Nomes Sagrados da Cabala, aos quais se refere este livro, são as 72 sequências de três letras, em hebraico, que deram origem ao nome de cada um dos 72 Anjos Cabalísticos, segundo um método chamado Notarikon, que será explicado mais à frente. Esses 72 Nomes Sagrados são considerados também os 72 Nomes de Deus, ou 72 vias de consecução da Vontade Divina em todo o Universo. Eliphas Levi diz que os 72 nomes de Deus são, na verdade, a soma entre os 22 caminhos da Cabala e as 50 portas da Ciência Oculta. De qualquer maneira, basta que o leitor entenda que são os 72 caminhos pelos quais a vontade de Deus se torna manifesta em todos os níveis da Criação. Outros nomes pelos quais o Criador também é conhecido, de acordo com o nível da criação analisado, também serão explicados oportunamente, mais à frente. Cada um desses nomes nos foi dado de presente por Deus, a fim de que possamos invocar a força mais apropriada para alcançar determinados benefícios que perseguimos, em determinadas circunstâncias, desde que o façamos com necessária fé e devoção.

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