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Direitos autorais, venda e distribuição cedidos pelo autor à Planeta Azul Editora www.planetazuleditora.com.br | e-mail: planetazul2014@yahoo.com.br Copyright © 2012 by Rosemari F. Cofroski Todos os direitos desta edição reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida por qualquer processo eletrônico ou mecânico, fotocopiada ou gravada sem autorização expressa do autor. ISBN: 978-85-98792-75-0
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Dedico esta obra a minha avó Silvanira Rodrigues da Rocha, falecida em 2008. Obrigada avó, pelo cuidado e dedicação a mim e aos meus três irmãos.
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Ă€s minhas filhas, minhas primeiras e sinceras leitoras, vĂŁo os meus mais profundos agradecimentos.
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Sumário
t Prólogo • 11 Capítulo 1 — A Festa • 15 Capítulo 2 — A Grande Preparação • 21 Capítulo 3 — A Viagem • 25 Capítulo 4 — Primeira Visão • 33 Capítulo 5 — Uma Amizade • 49 Capítulo 6 — Primeiro Contato • 55 Capítulo 7 — Primeira Iinvestida • 57 Capítulo 8 — Dúvida Cruel • 61 Capítulo 9 — Mais Dúvidas! • 67 Capítulo 10 — Dúvida Oculta • 81 Capítulo 11 — O Bolo • 85 Capítulo 12 — Outra Dúvida • 91 Capítulo 13— O Consolo • 97 Capítulo 14 — Doces Palavras • 103 Capítulo 15 — O Afastamento • 111 Capítulo 16 — O Convite • 115 Capítulo 17 — O Calvário • 121 Capítulo 18 — Descontração • 129 Capítulo 19 — Tempestades de Enganos • 131 Capítulo 20 — O Esclarecimento • 153 Capítulo 21 — O Alívio • 161 Capítulo 22 — O Casamento • 163 9
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Prólogo
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nquanto Cristiano falava, Gustavo abre o envelope e lê o convite, de repente fica pálido e atordoado, se afasta um pouco e fica em silêncio observando o convite. Edu percebe a mudança de expressão do amigo e lhe pergunta: — Gustavo, você está bem? Gustavo nada responde, deixando Edu ainda mais preocupado: — Cara! O que foi? Gustavo o olha triste e depois se dirige para Cristiano perguntando: — Quem mesmo está fazendo aniversário? Intrigado Cristiano responde: — O nome dela está aí, é Aline. Com voz tremula, Gustavo continua a interrogá-lo. — Aline! É da sua sala? — Sim. Estuda comigo no sexto ano. — E... Ela está completando treze anos? — Sim. — Quantas salas de sexto ano têm na sua escola? — Só uma. Mas porque quer saber? Algum problema? 11
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Gustavo está angustiado demais, segura o garoto pelos ombros e fala rapidamente: — Olha, só me responda mais uma coisa, por favor? — Tá legal. — Quantas Aline têm na sua sala? Parecendo meio assustado com o interrogatório, Cristiano responde rápido. — Só ela. Ouvindo essa resposta, desconfiado, Edu toma o convite das mãos de Gustavo e o lê. Paralisado, Gustavo solta o garoto e sai de perto deles numa corrida. Preocupado, o menino pergunta a Edu? — O que foi que eu fiz? Nervoso, Edu tenta remediar a situação, inventando uma história. — Você não fez nada, é que ele está com saudade de casa, e esse mês também é aniversário da irmã dele, ele só está nervoso. É melhor você ir para casa, ele te dará a resposta depois. — Tá. Dizendo isso, Edu corre atrás do amigo que estava desesperado, andando em círculos, chutando o que via pela frente, mordia os dentes e esfregava com força as mãos. Edu se aproxima tentando acalmá-lo. — Cara, é melhor você se acalmar, se não vai acabar pirando. Com os olhos lacrimejando e enraivecido, fala: — Me acalmar! Como pode querer que eu me acalme? Não é você que está apaixonado por uma criança. Não é você quem beijou uma criança. Entendeu! Eu sou um monstro! De repente ele se volta para o amigo segurando-o pelo braço lhe perguntando com horrores no olhar. — Edu. Olha pra mim. Diga-me. O que vai ser de mim de agora em diante. Diga-me o que fazer? Droga! Ela só tem treze anos! Treze anos, você está me ouvindo? Gustavo soluçava e trêmulo puxava-o pelo colarinho, assustado. Edu nada diz e só o encara com os olhos arregalados. 12
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Por uns segundos, Gustavo permanece frente a frente olhando firme nos olhos do amigo, depois o solta devagar, choroso como uma criança. — Você esteve certo o tempo todo. Eu que não quis perceber e me deixei envolver.
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Capítulo 1 — A Festa
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ão se podia imaginar o porquê daquela tristeza refletida por aqueles belos olhos verdes, que se escondiam por de trás da franja castanha, que insistia em ficar caída sobre a testa, sombreando a densa barba escura e mal feita de seu pálido rosto. Talvez ela o ajudasse a disfarçar a angústia e o desânimo que pusera seu espírito contrariado pela família, sentia-se a todo instante diminuído em seu um metro e setenta de altura; vazio, mesmo estando com o corpo cheio de oitenta quilos de órgãos saudáveis e músculos muito bem distribuídos sobre a perfeita estrutura óssea, a mente sempre farta de ideias e inovações, porém mesmo quando estava sendo disputado por uma grande parte das colegas da faculdade, conseguia se distrair. Sempre encolhido pelos cantos, falava apenas o necessário. Os sorrisos estavam escassos, estando com os amigos no clube, jogando basquete, correndo ou bebendo uns drinks no bar, difícil era encontrá-lo com ânimo. Filho único de um casal de respeitáveis cirurgiões clínicos de uma das maiores capitais do país, havia sido criado e educado para ocupar a diretoria da famosa clínica hospitalar das poderosas famílias Tenner e Kyller. Ao se ver no quinto período de medicina, se apavorara. A falta de entusiasmo, medo ao se imaginar ser responsável pela vida ou pela morte de um ser humano, ou de 15
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talvez não poder andar lado a lado com seus pais, ou talvez por não ter a ideia de como seguir os passos dos pais sem decepcioná-los, estava lhe tirando o sono e a paz. Para a família, suas vontades não eram importantes. Seguir com as tradições profissionais valia mais. Sua alma estava inquieta, sua mente e coração buscavam por um pouco de prazer espiritual e a profissão que estava prestes a conquistar jamais lhe ofereceria tais emoções, pois queria conhecer lugares e pessoas diferentes, e tal carreira o seguraria no mesmo lugar por longo período do ano. Só se sentia bem quando estava na solidão do seu quarto, ou rodando de carro, sem rumo, pelos bairros em construção. Começou a perceber que seus olhos nunca deixavam de observar a maquete de palito de picolé da clínica dos pais que fizera a pedido da professora de arte do ensino médio. Não entendia o porquê, mas sempre que podia, desmontava e montava tudo de novo. Então, um dia, analisando a maquete, pegara o carro e saíra se perguntando: Por que me sinto tão bem com isto? De repente, parou em frente a uma construção magnífica de um luxuoso condomínio. Sem perceber, desceu devagar e com a respiração presa no peito, caminhando lentamente como se estivesse flutuando no ar carregado pela emoção de estar tão perto, vendo e sentindo o trabalho de campo dos pedreiros, se viu de repente, em meio aos operários que trabalhavam sem parar. Sentiu-se iluminar, seu sangue voltou a circular forte nas veias e os sorrisos teimavam em aflorar instantaneamente, até que se explodem nos lábios. Afastou-se da movimentação dos operários pegando o celular, e se apoiou no carro para ligar para seu melhor amigo. — Oi Edu, preciso falar com você ainda hoje, ou melhor, agora. Onde você está? Intrigado o amigo responde: — No campus né, Gustavo. — Por quê? — Que horas você sai? — Sair?! Agora só para almoçar. Mas, parece estar ansioso, o que foi? Aconteceu alguma coisa com você ou com meus pais? — Não! Por que tantas perguntas? 16
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— Então foi um acidente? Gustavo se irritou e gritou com o amigo pelo telefone: — Cala a boca Eduardo. Não é notícia ruim, nem é sobre sua família, é sobre mim... Tomei uma decisão e queria sua opinião. Tranquilizado, Eduardo se senta respirando fundo, perguntando com tom debochado ao amigo: — Gustavo Tenner Kyller, não me diga que resolveu se casar? Gustavo balançou a cabeça abismado com a insinuação do amigo e o responde numa simples resposta: — Não. Resolvi abandonar a medicina e fazer engenharia. Edu ficou pasmo, nada respondeu impedido pelo queixo escancarado, enquanto Gustavo aguardava um sinal do amigo. Já dentro do carro, insistiu: — Edu, você ainda está aí? — É, sim, ainda estou aqui. — Então não vai dizer nada? Eduardo ainda continuou calado por mais alguns segundo, depois encorajavelmente falou: — Cara, seus pais vão te matar. Pensativo Gustavo disse: — É... Eu sei. Mas não vou desistir, vou pagar pra ver. Sei que terei de começar tudo de novo e não imagino como, mas... quem sabe se daqui alguns anos não estaremos trabalhando juntos, talvez, montar uma empresa. Não vai ser legal? O silêncio pairou no ar... Eduardo ergueu os olhos preocupados, mas, feliz pela coragem e felicidade do seu fiel amigo. *** Uma agitação sadia e alegre se ouvia de longe vindo do clube de esporte da região sudeste da cidade. O relógio marcava meio dia. Próximo ao clube num apartamento do terceiro andar de um prédio de classe baixa, Gustavo dormia pesadamente com terno gravata e tudo, quando o telefone insistentemente tocou o acordando. Com muito esforço, esticou o braço lentamente por 17
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cima de um velho relógio de campainha, derrubando-o no chão e fazendo com que o mesmo quase se desmontasse, fez cara de reprovação e pegou o telefone. Resmungando, ainda com os olhos fechados, atendeu: — Alô. Por causa do barulho Edu grita ao telefone: — Ei cara, ainda está dormindo? A cervejada já está rolando. Cadê você? — Agora não está muito cedo. Mas Edu insiste: — Cedo! Não acredito que a festa de formatura tenha lhe tirado todas as energias. Cara é seu aniversário! E não é sempre que se forma na faculdade num dia e faz aniversário no outro. Já está todo mundo aqui, só falta você. Sentado na cama cheia de roupas espalhadas e reviradas, Gustavo pergunta: — Tem certeza de que está todo mundo aí? O sorriso radiante de Edu se desfez e, depois de alguns segundos, tenta explicar: — Bem, nem todos. Seus pais não apareceram mesmo... E antes que Edu continuasse, Gustavo desligou o telefone. O quarto de Gustavo é invadido pela tristeza. Angustiado, encarou a janela e seus pensamentos voavam para um lugar distante que tanto queria estar. Por segundos, o seu eu vagueou e, compreendendo a impossibilidade de tal desejo, se levantou e foi para o chuveiro de seu apertado banheiro aos soluços, deixando que as gotas de água que saiam espalhadas do chuveiro misturassem as lágrimas que banhavam seu rosto entristecido, levando pra bem longe as invisíveis provas daquela imensa amargura. Encostou-se na parede encardida do banheiro se perguntando: Foi tão errada assim minha decisão? Devia eu ter obedecido à vontade de meu pai? Mas quem seria feliz? Ele ou eu? De quem seria a vida vivida? Foi minha decisão, vou ter de seguir mesmo tendo que carregar um coração com um espaço vazio, e espero que o tempo o preencha. 18
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Horas mais tarde, é recebido com parabéns e muitos abraços de todos os amigos. De repente Edu pede a atenção de todos: — Gente, tenho um brinde a fazer. Brindo aos 25 anos do nosso amigo recém-formado em engenharia civil, e um brinde também especial, ao mais novo sócio que, corrigindo... Sócio majoritário da minha humilde e pequena empresa de construção civil e que, por sinal, está indo de vento em popa... Meio tímido Gustavo, relembra: — Não está se esquecendo de nada? — Há! Como pude esquecer. Brindo também a um projeto estrondoso que acabamos de assinar, um trabalho que vai mudar nossas vidas principalmente nosso bolso. O problema é que vai nos manter “muiiito” ocupados, e por um “looongo” tempo. Eduardo é interrompido por uma saúva de palmas, assovios e parabéns. Logo em seguida só se ouvia o tim-tim das taças e muitas conversas. Sem ser percebido, Gustavo se afasta da movimentação dos amigos. Lá fora, se senta num pequeno banquinho perto de uma janela grande enfrente de uma bela piscina azul cercada por grandes guarda-sóis coloridos e cadeiras brancas. A bela paisagem e o verde da grama deixavam ainda mais tranquilo e sossegado o lugar. Mas nem isso o animava, e nem percebeu quando Eduardo se aproximou com um prato de petisco e mais bebida: — Nossa! Que entusiasmo cara!— Gustavo se assusta e o amigo continua: — Levante esse astral! Venha se divertir, é sua festa! Seus amigos! Esqueça seus pais, ou... É melhor dar um tempo a eles. Imagine só, se foi difícil para você trocar a medicina pela engenharia, como pode ter sido difícil para eles aceitar essa mudança. Desde pequeno foi preparado para tal e, de repente... Seus pais vão acabar aceitando, você vai ver. Gustavo prendeu a respiração, mas, de repente soltou um desabafo: — Já se passaram quatro anos cara, eles... Eles... Aceitando, diz você! Eles me deserdaram! Me deserdaram, sacou! Eduardo tentou ajeitar a situação relembrando: 19
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— É, mas, sua mãe não te abandonou completamente. E aquele monte de jóias que ela te deu? Deu para você se sustentar, pagar a faculdade... Comprou até mais da metade do meu escritório! Ela não marcou presença, mas, de certa forma, ela esteve aqui, te ajudou. Gustavo se levantou e saiu vagarosamente cabisbaixo quando, o celular tocou. Rapidamente atendeu, mas era só mais um amigo lhe parabenizando.
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