A Atuação das Trevas

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Copyright © 2016 by Floriano Alves Borba Todos os direitos desta edição reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida por qualquer processo eletrônico ou mecânico, fotocopiada ou gravada sem autorização expressa do autor.

Planeta Azul Editora.

www.planetazuleditora.com.br e-mail: planetazul2014@yahoo.com.br Rua Dr. Olinto de Magalhães, 152 F. Vidigal – Rio de Janeiro – RJ – 22.450-250 Tels.: (21) 2239-1179/ 99613-9632

Editoração eletrônica e Revisão: Planeta Azul Editora. Capa: Zélia de Oliveira Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Bibliotecária Juliana Farias Motta CRB7/5880

B726a Borba, Floriano Alves A atuação das trevas / Floriano Alves Borba. -- Rio de Janeiro : Planeta Azul Editora, 2016. 246 p. : ??. ; 14x21 cm . ISBN: 978-85-69870-50-0 1.Romance espírita.2. Ficção brasileira.I. Título. CDD B869.3 Índice para catálogo sistemático: 1. Romance espírita 2. Ficção brasileira

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Dedicatรณria Aos que se esforรงam para nos colocar no caminho da luz.

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Introdução Este é mais um livro que expressa opiniões particulares do autor. Leiam-no como uma história de aventura, como um romance. Possui ideias e conclusões do autor. Algumas, você concordará; de outras, discordará. Não importa. O objetivo do livro é despertar a atenção para assuntos que devemos nos preocupar. Retire do livro o que lhe convier, mas não deixe de meditar sobre essas questões. O livro está dividido em duas partes. A primeira parte é A Rede, que trata da cadeia de hierarquia dos refratários ao bem; a segunda parte é A Guerra Silenciosa, que versa sobre a atuação propriamente dita destas forças. O estilo romanceado de apresentar as ideias visa suavizar o relato de assuntos extremamente graves que nos afetam o cotidiano sem que, muitas vezes, percebamos. Boa leitura.

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A REDE

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Apresentação Este é mais um livro que traz opiniões minhas acerca de assuntos diversos. Não tome os fatos narrados como verdade, estes fatos são as minhas verdades, as minhas suposições. Pode ser que não seja como eu imagino. Leia o livro buscando a sua verdade e aprecie o livro como uma novela repleta, aí sim, de sentimentos do autor em relação aos dramas da vida possíveis de acontecer a qualquer um.

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Sumário Capítulo 1: Não sei.........................................................................................15 Capítulo 2: Tatá...............................................................................................19 Capítulo 3: Dulce ...........................................................................................22 Capítulo 4: A rede..........................................................................................25 Capítulo 5: Maísa ...........................................................................................28 Capítulo 6: Golias ..........................................................................................32 Capítulo 7: Magia ..........................................................................................36 Capítulo 8: Aniversário................................................................................39 Capítulo 9: A consulta..................................................................................41 Capítulo 10: Espiritismo e Catolicismo................................................44 Capítulo 11: Medo..........................................................................................46 Capítulo 12: Sob o luar................................................................................49 Capítulo 13: A Rota da Seda......................................................................51 Capítulo 14: China, 410 d.C........................................................................54 Capítulo 15: A festa.......................................................................................57 Capítulo 16: Os jovens.................................................................................59 Capítulo 17: O não ........................................................................................61 Capítulo 18: A guerra...................................................................................63 Capítulo 19: Estratagemas ........................................................................65 Capítulo 20: Desencarne.............................................................................67 Capítulo 21: Douglas ...................................................................................70 Capítulo 22: Desânimo/Depressão........................................................72 Capítulo 23: Contrato ..................................................................................75 Capítulo 24: Cizânia .....................................................................................77 Capítulo 25: A Sombra.................................................................................79 Capítulo 26: Elogios .....................................................................................81 Capítulo 27: Severus ....................................................................................84 Capítulo 28: O sumiço de Severus..........................................................87 Capítulo 29: Felicidade e alegria.............................................................89 Capítulo 30: Assédio ....................................................................................91 Capítulo 31: Discussão ...............................................................................93 Capítulo 32: O ataque...................................................................................95 Capítulo 33: A ira de Kratus......................................................................98 Capítulo 34: A vingança............................................................................101 A Atuação das Trevas • 13

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Capítulo 35: Perdão ..................................................................................104 Capítulo 36: No hospital..........................................................................106 Capítulo 37: O embaixador.....................................................................108 Capítulo 38: A visita...................................................................................110 Capítulo 39: Sucesso .................................................................................113 Capítulo 40: Gravidez ...............................................................................116 Capítulo 41: Máximus ..............................................................................118 Capítulo 42: A atuação de Máximus ...................................................121 Capítulo 43: O relatório............................................................................124 Capítulo 44: A decisão..............................................................................127 Capítulo 45: O milagre..............................................................................129 Capítulo 46: A prisão de Kratus............................................................134 Capítulo 47: A fuga.....................................................................................136 Capítulo 48: No lodo..................................................................................138 Capítulo 49: Na porta................................................................................140 Capítulo 50: Na cela...................................................................................143 Capítulo 51: A negociação.......................................................................145 Capítulo 52: Liberdade ............................................................................147 Capítulo 53: Território .............................................................................149 Capítulo 54: A batalha...............................................................................152 Capítulo 55: O resgate...............................................................................155 Capítulo 56: Bonança ...............................................................................157 Capítulo 57: O Amor nunca falha.........................................................159

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Capítulo 1: Não sei – Não sei. Sinto uma presença que me arrasta para a bebida, não consigo resistir. – Mas você é um atleta. Tem que parar com isso. – Eu sei. – Vamos ao centro espírita pedir uma desobsessão, um esclarecimento, sei lá. – Lá vem você com essas besteiras, Tatá. – Ué! O que o seu pai falava da comida, quando você não gostava? – Come porque o que não mata engorda. Eu sei, eu sei. Está bem. Mas eu só vou por sua causa, pra você ver que isso tudo é uma besteira. – Diga-me uma coisa. Essa presença é ruim? Incomoda a você? – Não. É até prazerosa. – Você diz que não acredita nestas coisas, mas diz que sente uma presença? – Esquisito, não é? Acho que é imaginação minha. E vai cada um para seus afazeres. Douglas vai para o clube de futebol onde fazia parte do time sub 20, iria completar vinte anos dali a um mês. Faz um calor de trinta e oito graus. Ele até que se dedicava aos treinamentos, mas ficava o tempo todo pensando na cerveja que tomaria depois para, como dizia ele, reidratar-se. O problema é que não era a cerveja, mas as cervejas. Ele não se reidratava, ele se inundava. O desempenho atlético não tinha ainda sido afetado, mas se continuasse por esse caminho não tardaria a se prejudicar. No dia e hora marcados se encontram. Tatá, que combinara tudo, começa. – Douglas. Fui o olheiro que te descobriu no futebol, na várzea. Você tem talento, tem futuro, não é como os outros, medianos. Não estou querendo me aproveitar de você, já fiz o meu serviço, já ganhei pelo que fiz para o clube que me contratou, não terei mais nenhum lucro com você, não deveria estar perdendo tempo, mas, droga, não sei por que, me importo com o seu futuro. Você tem que tomar jeito. A Atuação das Trevas • 15

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Douglas, cabisbaixo, não responde. Chegam ao centro espírita no dia de atendimento fraterno. Uma senhora os recebe e encaminha para o setor de atendimento. Em um canto do pequeno salão, está Maísa esperando também para pedir orientação, vez por outra enxugando uma lágrima que lhe escorre dos olhos. Douglas, ao vê-la, toma um choque. Tatá pergunta o que foi e ele responde: – Nada, nada. A moça é chamada, primeiro. É atendida e se retira com o rosto menos pesado. O rapaz tem vontade de ir atrás dela, mas é sua vez de ser atendido. Adentra ao pequeno gabinete junto com Tatá. Um senhor de meia-idade os cumprimenta e começa. – Tatá, você de novo? – Sabe como é, mestre Norberto. – Tenho certeza de que não sou mestre, como tenho certeza de que você já sabe o que está acontecendo; neste caso, pelo número de vezes que você já veio aqui. – Bem, realmente até que eu desconfio, mas vosso discurso é sempre mais abalizado. – Quando é que você vai fazer o curso de médiuns? – Mas eu já sou médium. – É? – Médium de transporte e médium de indicação. – Sei. Médium de indicação para os outros, né? – Há de convir, mestre, que há poucos na minha especialidade que indicam o centro e ainda botam a pessoa no carro e a trazem até aqui. E lembre-se do que o Mestre disse: Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. – Como assim? – Ora, se lá fora sou indicador de garotos para os clubes, aqui sou médium indicador de pessoas para socorro espiritual. – Kardek deve estar surpreso com esse tipo de médium que não havia no tempo dele. – Diz Norberto, gargalhando, acompanhado por um sorriso de Douglas. – Claro, mestre. No tempo dele não havia carro. Charretes eram caras. – Tá bom, tá bom. Vamos ao que interessa. O que houve rapaz? Floriano Alves Borba • 16

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– Senhor, estou bebendo demais e não consigo diminuir. Reluto em ir ao bar ou botequim, mas não consigo. É um impulso irresistível. – Nenhum impulso é irresistível, nós é que ainda não temos força de vontade suficiente para resistir ao desejo. – Mas é uma loucura. Não consigo resistir. – Você rouba? – Ah! Isso não – intervém Tatá. – Posso garantir. Conheço ele e a família há muito tempo. Um dia desses, no clube, um empresário deixou uma maleta com cinquenta mil reais no estacionamento do clube, e Douglas devolveu. Era noite e ninguém o viu achar a mala. – Como você resistiu em não ficar com o dinheiro? – Foi automático. Eu nunca faria isso. – Eis sua resposta. – Como assim? – A bebida ainda é para você e seus obsessores algo apetecedor. Ainda há o desejo de tomá-la. – Meus obsessores? – Os espíritos que bebem junto com você! – Cruz credo. – Meu amigo, espíritos tabagistas andam com quem fuma, beberrões com quem bebe, drogados com os que se afinam com drogas, violentos com seus pares. – Então é por isso que eu sinto não estar só, quando bebo sozinho? Sinto até que está alguém bebendo comigo? – Bebendo através de você. – Como assim? – Bebendo através de você – repete Norberto. – Como? Como isso pode ocorrer? – Sucção. – Sucção? – Sim. Você nunca ouviu falar na lenda dos vampiros? Ela é real, mas com espíritos menos adiantados, ainda presos a seus vícios terrenos que não querem abandonar e parasitam as pessoas para obterem o que querem. – Ainda não consegui entender. Sugar como? – Douglas. O que você sentiu quando a menina que eu atendi saiu? A Atuação das Trevas • 17

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galha.

Pego de surpresa, o rapaz engasga e não responde. – Tatá gar-

– Eu vi pela porta aberta como você ficou parado, olhando para ela, extasiado e penalizado. O que você pensou e mandou de energia para ela? Sentiu sair algo de você? O rapaz admite, envergonhado, enquanto os outros dois sorriem. – Somos usinas de energia a reagir com outras energias encarnadas, desencarnadas ou da natureza. O vampirismo é isso: transferência de energia de um para outro por sucção da energia do álcool, por exemplo, somada com a do hospedeiro para o receptor desencarnado que pode ser um ou mais. No seu caso, com a menina, foi uma transferência por doação espontânea boa, não ruim. Doadora, não vampirizadora. A explicação não poderia ser mais clara. Mas o rapaz pergunta: – Mas por que eu sinto prazer com essa presença desse, sei lá, vampiro?

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Capítulo 2: Tatá Norberto ajeita-se na cadeira e continua. – Aqui é um espaço para se receber as pessoas, tomar contato com o problema e dar uma orientação. Não é local para consulta psicológica ou doutrinária de cinquenta minutos. Para ter respostas mais precisas, você tem que estudar a doutrina. Mas uma suposição seria que ele possa ser um grande amigo seu beberrão, de outra encarnação. Mas é só uma suposição. – E a garota? O que houve? – Pergunta o jovem, preocupado. – Meu menino, cada um tem seus dramas. Venha às palestras do centro. Além de aprender sobre teu caso, quem sabe você poderá reencontrá-la e perguntar a ela? Eu, na minha posição, não posso revelar nada – completa o paciente senhor, sorridente. Douglas agradece e sai silencioso. Tatá nada fala, esperando o rapaz se pronunciar. Pensativo, o jovem conjetura, conjetura e, por fim, diz: – Obrigado, Tatá. – Por quê? – Pelo simples fato de cuidar de mim, de se importar comigo e por me trazer aqui. – É por puro interesse – volta Tatá com seu jeito brincalhão. – Como assim?! – Ora, sei do teu potencial. Se você ficar famoso, eu fico famoso como olheiro e ganho mais grana. He! He! He! – Vamos jantar lá em casa? Faz um tempão que você não vai lá. – Oba. Olha aí. Já está aumentando os lucros. E riem os dois. Esse era Tatá, sempre jocoso, brincalhão, mas profundamente honesto e responsável. Passara dos quarenta e dois anos recentemente, cabelo grisalhando, estava sempre de bom humor. Apesar dessa euforia em que vivia, por característica de seu espírito, já havia sofrido muito. Perdera o pai para o alcoolismo e dois irmãos para a droga. Havia estudado e se formado em Educação Física. Vendo a juventude se degenerar, jovens promissores saírem da rota do sucesso e bem-estar que podiam conquistar a médio ou longo prazo com um pouco de paciência e esforço, começou A Atuação das Trevas • 19

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então a se interessar por serviços comunitários e, de experiência em experiência, tornou-se olheiro descobridor de talentos para o futebol e vôlei, principalmente. O que lhe dava acesso às comunidades com certa liberdade. E assim tocava a vida morando só, pois não havia encontrado alguém que compreendesse sua cabeça, mais preocupada com os outros que consigo próprio. Era um religioso praticante, sem ser adepto de nenhum credo específico. Não tinha tempo para isso, suas atividades comunitárias tomavam-lhe quase todo tempo. Tatá continua: – E o jantar hoje, o que é? Já não vou à tua casa há um ano e pouco. Posso repetir o prato? – Pergunta folgazão. – Hoje é especial. – Especial? – Sim. Minha tia Dulce está nos visitando. Ela é especialista em cozinhar peixes. – Solteira? Solteira? – Volta Tatá, brincando. – Solteiríssima, honesta, trabalhadora e acho que virgem. – Nossa mãe! Isso é possível? Quantos anos? – Trinta e quatro. Chegam à casa e Tatá pensando, formando uma imagem em sua cabeça: Deve ser uma daquelas mulheres descuidadas de si próprias, adoradas pela família por serem prestativas, boas cozinheiras ou costureiras, mas um bagulho, com baixa auto-estima, desesperançadas de conseguir alguém para compartilhar a vida; coitada. Imaginava ele sinceramente preocupado. Isso era uma característica de Tatá, por baixo daquela casca de hilaridade habitava um coração profundamente compassivo. Douglas abre a porta e adentram. A mesa já está arrumada com os talheres, pratos e copos. A mãe o saúda com um beijo, e sorri alegre para Tatá. – Senhor Tatá, que alegria. Muito obrigada por tudo que o senhor tem feito por nós. – O quê, dona Maura? – Diz sem entender. – O senhor ter conseguido essa colocação para o Douglas. – Mas dona Maura, eu não fiz nada demais. É minha profissão, ganho com isso. – Não. O senhor retirou o meu filho da rua, fez ele não beber Floriano Alves Borba • 20

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tanto quanto bebia e ganhar agora um dinheirinho que não está nos deixando na miséria. – Miséria?! – É. Meu marido Nestor está paraplégico, após um acidente na oficina, há oito meses. A aposentadoria é baixa, pois ele pagava uma previdência baixa. Todo o dinheiro era consumido nas necessidades da casa. Os três mil mensais do Douglas é que nos tem salvado. – Mas onde ele está? – Pergunta Tatá ainda assustado. – No quarto com a irmã, que já preparou o peixe e foi ficar um pouquinho com ele. Vamos vê-lo. Adentram ao quarto e Tatá se impacta ao ver o amigo estirado na cama. Com todo seu jeito folgazão, não suporta e chora. – Desculpe-me, Nestor – fala com o rosto molhado e voz embargada. – Suas lágrimas para mim são um elogio, meu amigo. – Senhor. Ouve Tatá uma voz doce e se vira. Uma mão estendida lhe oferece um guardanapo de papel, acompanhado por um sorriso de simpatia e por olhos tranquilos e amorosos, que também pareciam sorrir, emoldurados por um rosto suave e cabelos escuros. Gaguejando, ele pergunta. – Que-quem é você?! – Dulce. Irmã mais nova dele.

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