Antonio (Família Valentini - Livro 4) - Degustação

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Família Valentini – Livro 4 Mari Sales 1ª. Edição


Copyright © Mari Sales Edição Digital: Criativa TI _____________________________________________ Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência. _____________________________________________ Todos os direitos reservados. São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios – tangível ou intangível – sem o consentimento escrito da autora. Criado no Brasil. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei n°. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.


Dedicatória Àquela que sempre está a postos para comentar, cutucar e amar, minha especial Josi, obrigada por ser essa guerreira da vida real e me inspirar para uma história mais intensa do que imaginei! Eu vejo sua luta e sei que você dá conta!


Sinopse Criado apenas para ser objeto de vingança contra um amor não correspondido, Antonio seguia sua vida entorpecido pelos prazeres mundanos e os estudos. Mal sabia ele que tudo isso fazia parte de um plano cruel e perigoso. Josi seguiu seus instintos e tirou Antonio do fogo cruzado mesmo estando confusa quanto à atração que sente por um homem com a mesma aparência do namorado de Paula. Ela não era impulsiva quando se tratava de assuntos íntimos, mas, da mesma forma que ela mexeu com o mundo de Tony, este abalou seus conceitos e ideologias. Uma festa, confusão e um rapto nem um pouco premeditado dão início à solução dos mistérios que envolvem o sumiço do irmão Valentini bem como uma nova saga em busca da mãe, a única que poderá finalmente esclarecer e dar um ponto final as dúvidas.


Prólogo Antonio Meu olhar se perdeu em meio a tantos corpos e sexualidade. Nascido e criado dentro de um Clube de suingue, me sentia mais em casa nu envolvido com tantas pessoas do que na minha própria casa. Sorrio com ironia... que casa? Qual lugar poderia chamar de lar? Meu apartamento no exterior? Um quarto no clube? Meu carro ou mesmo o jatinho particular do meu pai? Apesar de amar imensamente Alberto, o ressentimento estava corroendo minhas veias. Pela segunda vez tentei visitar minha cidade natal e pela enésima vez meu pai se impôs contra minha ida até lá, porque ele mesmo não poderia me acompanhar. Quantos anos ele achava que eu tinha? Tão acostumado a me ver obedecer, nossas últimas conversas por telefone foram apenas discussões e mais discussões. Além de gerenciar seus negócios idôneos, também tomava conta dos vários clubes espalhados pelo país. Já estive em todos, usei e abusei do meu corpo e dos outros em todos eles, menos um, menos o da minha cidade natal. Pensando na minha infância e adolescência, percebi que meu pai conseguiu desconversar sobre o assunto e me fazer esquecer onde nasci de forma discreta. Enquanto eu ficava curioso sobre minhas origens, ele mudava de assunto e me entretinha com estudos e sexo.


A arte da sedução e interpretação da linguagem corporal me foi apresentado muito antes de entrar na puberdade. O que, para mulheres, isso poderia ser um ato de abuso, para mim foi apenas a introdução no mundo da luxúria. Não me ressentia do passado, mas com certeza prolongaria minha infância se me fosse permitido mudar o que já foi. Dentro e fora do ambiente do clube, fazia mulheres se apaixonarem em poucos minutos. Muitas delas se rendiam e caiam na minha cama, o tempo de conquista era quase um desafio pessoal para mim, quanto antes, mais poderoso me sentia. Levava essa necessidade imediatista para o campo dos negócios. Muitos diziam que lia mentes, fechava ótimos preços com fornecedores além de sociedades apenas fazendo leitura corporal. Sentia-me como rei em um mundo onde não existia reino. Apesar dessa busca de querer mais e mais rápido, não saber quem era minha mãe e sentir, dentro de mim, que não tinha um vínculo sanguíneo com meu pai, era esmagador. Ansiava por respostas e tinha certeza que encontraria nessa família: Valentini. Estava com meu pai, em um dos clubes, assistindo uma apresentação de BDSM, que não me agradava tanto, mas a meu pai sim, quando a notícia sobre o casamento de Benjamin Valentini o pegou de surpresa. Intercalando entre assistir a cena a sua frente e olhar o celular, vi Alberto congelar e emanar raiva ao ler essa matéria. Então, esse sobrenome puxou na minha memória as várias vezes em que vi meu pai lutando contra essa família, sempre gastando energia para se vingar de alguém que o fez muito mal. Tão focado em estudar e alimentar meu ego, não percebi que as perguntas estavam na minha cara e nunca me permiti olhar mais a fundo. Ou, talvez, só não estivesse preparado para as respostas que viriam com os questionamentos.


Como sempre, não consegui descobrir o motivo de tanta raiva de Alberto e viajei para longe dele em busca de acalmar minha mente além de pensar no que fazer. Era momento de tirar essa história a limpo, estava cansado de fugir e me esconder entre a putaria. Iria completar trinta anos, tinha muitos bens e posses junto com meu pai, porém, o que era meu de verdade? Quais dessas coisas era combustível para me manter são? Foi então que uma ligação decidiu o rumo da minha vida e agarrei com unhas e dentes a oportunidade de saber mais sobre o que sempre se mantinha às escuras. Sentado em uma poltrona, assistindo pela parede espelhada a mulher ser devorada por cinco homens, meu pau ganha vida com dificuldade, já que estava tão acostumado com essas cenas. Quando me estimulei com a mão, meu celular vibrou no meu bolso e tudo o que tinha conquistado de uma ereção foi embora. Coloco o aparelho no ouvido, sem olhar quem me ligava, um tanto chateado. — Antonio, preciso de você em casa — Alberto parecia bêbado quando me cumprimentou pelo celular. — Pai, você está bem? Sua risada alta e um pouco histérica me fez respirar fundo com preocupação. — Estou ótimo, maravilhosamente bem. É momento de fechar um ciclo, ter de volta o que sempre foi meu e você fará parte disso. — Você não está falando nada com nada, pai. Farei parte do quê? — Levantei da cadeira e fiquei de costas para o sexo grupal que acontecia. Esse era o escritório principal do clube de suingue que mais frequentava. — Estou na sua terra natal, garoto. — Franzi o cenho irritado por ser chamado assim. Havia deixado de ser um garoto há muito tempo. — Meu


jatinho está te esperando no aeroporto. Venha direto para o clube, sem desvios. — Por que agora? — Por que não? Ajude seu velho a ter paz e finalmente ter a vingança que merece. Eles também foderam com sua vida, vai me ajudar a fazê-los pagar! Ele encerrou a ligação sem me permitir questionar o quê, como ou quando. Todavia, respirei fundo e acenei em concordância, se precisava fazer parte da loucura do meu pai por um momento, para saber o que realmente se passava com ele e comigo, então, seria seu instrumento.


Capítulo 1 Josi Não conseguia me controlar e essa brincadeira já tinha ido longe demais. Levantei da minha cadeira depois de quase incentivar Arthur a se afastar da minha amiga e segui para mais ao fundo do jardim, tentar refletir e me centrar. Como toda brincadeira tinha um fundo de verdade, achava o namorado da Paula bonito, sentia uma conexão estranha com ele, mas nunca, em hipótese alguma, faria algo a favor disso. Olhei para o céu e tentei identificar algum sinal do cosmos para que entendesse meu destino. Apesar de descontraída e brincalhona, dentro de mim vivia uma dramática que nunca teve a oportunidade de sair para se manifestar. Não demorou muito para que escutasse passos na grama. Segui de volta para a tenda da festa do casamento e percebi pessoas vestidas de preto tentando se camuflar se movimentando de forma pausada. O que seria isso? — Rapaz, a festa acabou! — uma voz rouca e firme falou pouco acima do som, logo em seguida escutei um alvoroço. Corri para a pista de dança a tempo de ver três pessoas de preto abaterem três homens de terno com apenas um tiro em cada. Não pensei no perigo que essas pessoas armadas ofereciam ou se eles eram amigos ou inimigos. Agi no calor da emoção quando peguei no braço de um com a intenção de tirar satisfação.


— O que você pensa que está fazendo? Não me pergunte como, mas quando a pessoa virou o rosto para mim e olhei em seus olhos, sabia que era uma mulher. Fiquei chocada, soltei seu braço, mas ela segurou o meu e me assustou. — Me solta! — resmunguei e ela colocou o dedo na frente do rosto em sinal de silêncio. Na pista de dança estava Cadu protegendo Letícia com seu corpo. Um homem mais velho tinha uma arma em mãos, apontada para baixo e o do seu lado tinha um homem, também de terno e... sua fisionomia era conhecida. De onde conhecia esse estranho? — Eu deveria ter acabado com vocês, pestinhas, quando tive a oportunidade! — o homem mais velho esbravejou. — Você está doente, velho! Manteve nosso irmão longe por um capricho? O que meus pais fizeram a você para chegar a esse ponto? — Sua mãe é uma vadia que nunca assumiu o nosso relacionamento. Ela me queria! — gritou a última frase e entregou a arma para o homem ao seu lado. — Faça você mesmo, Antonio. Será prazeroso presenciar o fim dos Valentini por suas mãos. Eles te abandonaram, fui o único a cuidar de você! Agora entendia o motivo de conhecer esse homem, era o irmão gêmeo de Arthur, Antonio. O gêmeo perdido estava estagnado no lugar olhando para o outro lado da tenda e sem dar bola para o velho ao seu lado ou o que dizia. Mas quando a arma foi posta em sua mão, eu só podia tentar impedir uma catástrofe. — Não! — gritei, eles olharam para trás e me chocou a semelhança do homem ao lado de Alberto. Céus, Antonio era gêmeo idêntico de Arthur. O que esse louco queria fazendo com que irmãos se matassem? Um tiro soou, uma gritaria se instaurou e as pessoas de preto, junto com a mulher que havia me segurado tentaram combater os dois, se movimentaram enquanto os seguranças se mantiveram abatidos e deitados no chão.


— Um de vocês irá para o inferno hoje! — Alberto falou tomando a arma do gêmeo perdido e mirando para Cadu, mas teve seu corpo derrubado por um tiro. Na queda, a arma apontou para Antonio e foi nele que o tiro acertou. — Não! — Cadu gritou. — Meu Deus, não! — gritei indo em direção a ele, que havia ajoelhado no chão. — Saia de cima de mim! Vocês irão morrer! — Alberto esperneou. — Pai! — Antonio falou e tentou desviar de mim, mas foi acertado por algo em seu ombro que o fez quase cair de costas no chão. Olhei chocada para a origem do tiro, era a mulher de preto que suspeitava estar do nosso lado, mas depois desse acerto em Antonio, desconfiava ser o contrário. Não sabia se acudia ele ou tirava satisfação com ela. Fui conferir o ferimento e percebi que não era uma bala de verdade, mas um dardo. Removi o que parecia ser uma agulha e fiquei preocupada que Antonio havia fechado os olhos e parecia respirar com dificuldade. — É o seguinte, nosso recurso está precário hoje, precisamos lidar com Alberto e Antonio. O problema é que temos que escolher um. — Quem é você? — Olhando para ela, procurei a mão dele e apertei. — Pensei que iria ajudar os Valentini e não prejudicar um deles. — Sou Rigel e estamos sim para ajudar os Valentini. Foi apenas um calmante, porque precisamos deles vivos para interrogatório. A morte de Franklin e Miguel precisam ser esclarecidas, porque há muito mais envolvido do que um mistério de família. O que fariam com Antonio para conseguir essa verdade? Quando tudo aconteceu ele era apenas um bebê e como chamou aquele homem de pai, provavelmente nem sabia que existia toda uma outra família à sua espera.


Senti um aperto na minha mão, olhei para baixo e pela minha visão periférica vi a tal Rigel se levantar e se afastar. Precisava pensar rápido, não poderia tratá-lo como suspeito quando ele era vítima. As cartas foram colocadas na mesa na despedida de solteiro de Ray, um grande engano ou uma grande mentira servia de sustentação para desunir a família e era a minha vez de contribuir para que esse pilar podre fosse destruído, mas da forma que eu achava correta. — Vamos fugir! — falei para Antonio olhando em seus olhos desconfiados e desfocados. — Ninguém vai te levar contra sua vontade. Levante e corra quando eu falar três. As chances de ser trolada era grande, de fazer a contagem e correr sozinha, sem ninguém no em encalço era mais provável que o contrário, mas não foi isso que aconteceu. — Um, dois, três! Mesmo com muita dificuldade e parecendo bêbado, ajudei-o a se levantar e correr enquanto gritos de protesto seguiam atrás de nós. Com um braço envolta de sua cintura e o braço dele envolto do meu pescoço, formamos uma dupla bem desengonçada. Circulei a tenda e mudei o rumo do fundo do jardim para a frente da casa, onde havia pessoas saindo e alvoroçadas. Misturamo-nos no meio delas até chegar na sala, onde o puxei até o escritório, peguei a primeira chave de carro visível em cima da mesa e voltei para o fluxo de pessoas. — Quem é você? — ele perguntou baixo e apenas sua voz fez meu corpo inteiro se arrepiar. — Alguém que parecia estar esperando esse momento para agir — respondi misteriosa, mas para mim estava claro. O universo brincou comigo, me fez sentir conectada por uma aparência masculina que nunca poderia tocar e agora, com uma réplica, tinha a oportunidade de fazer diferente... ou finalmente me decepcionar por completo.


Capítulo 2 Josi Achar o carro foi fácil, acionei o alarme e o primeiro que piscou as lanternas foi para onde segui. Antonio parecia cada vez mais fraco e seu peso sobre meu corpo parecia aumentar a cada instante. Coloquei-o no banco do passageiro, dei a volta no carro para sentar no banco do motorista e suspirei ao constatar que esse era um carro importado, esportivo e muito caro. — Ben ou Cadu, me desculpem se fizer alguma barbeiragem — falei comigo mesma quando coloquei o câmbio para a ré, arrumei o carro para sair de frente, esperei algumas pessoas liberarem o caminho e segui para as ruas. Olhei para o lado rapidamente apenas para perceber que esqueci de por o cinto no homem. Parei em um sinal vermelho, inclinei meu corpo sobre o dele e tentei controlar meu corpo de reagir ao seu cheiro afrodisíaco. O perfume era uma mistura doce e amadeirado, parecia feito para o pecado. Terminei de afivelar o cinto quando o carro atrás de mim começou a buzinar porque o sinal havia ficado verde, coloquei meu próprio cinto e comecei a pensar sobre o rumo que seguiria. Peguei as avenidas, segui reto por muito tempo até encontrar a estrada. Olhei para o lado e constatei que Antonio dormia com a cabeça apoiada na janela, então, para me distrair, apertei um monte de botão no volante até que o som fosse ligado.


30 Seconds To Mars soou nos alto-falantes e sorri admirada que um dos Valentini tinha bom gosto. Tirei o celular do bolso estratégico do meu vestido e suspirei aliviada por ter colocado meu cartão de crédito entre a capinha e o aparelho. — Bem, nem ficaremos sem combustível nem passaremos fome, Tony! — falei para o dorminhoco ao meu lado e tentei identificar algum lugar conhecido pelas placas na estrada. — Que maravilha, esqueci que não estou na minha cidade. Não tinha costume de falar sozinha, mas a situação estava tão louca que novos hábitos começaram a surgir. Os apelidos já eram uma característica minha, então, não estranhei tanto assim. Ben, Cadu, Ray lançou o Tutu e eu o Tony... ou para combinar com o irmão gêmeo, Totô. Céus, que apelido broxante, mas com certeza usaria para irritar ou zoar, ou seja, estava tudo na mais perfeita normalidade. Olhei para o painel no carro e sem desviar por muito tempo a atenção da estrada, conferi o menu e achei um GPS. — Quando crescer quero um carro desses para mim. Dei dois tapinhas em cima do painel e fui procurar endereços armazenados ou últimos locais. Fazenda Santa Rita era a última localização e seguindo minha intuição, apertei o botão para traçar rota e fiz um cálculo mental da quantidade de combustível com a ida e volta nesse lugar. O carro era tão automatizado que o computador de bordo ajudou com as estatísticas que precisava. — Vamos precisar abastecer o possante. Por um momento pensei em recuar, tentar um hotel ou até mesmo um motel para nos esconder pela noite e resolver o que fazer durante o dia. Quem me garantia que essa tal Fazenda Santa Rita era um local seguro para estar?


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