Família Valentin – Livro cinco Mari Sales 1ª. Edição
Copyright © Mari Sales Edição Digital: Criativa TI _____________________________________________ Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência. _____________________________________________ Todos os direitos reservados. São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios – tangível ou intangível – sem o consentimento escrito da autora. Criado no Brasil. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei n°. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Sinopse A fisioterapeuta Alcilene buscava fazer a diferença na vida das pessoas que tratava. Especialista em Microfisioterapia, ela não imaginava que o destino colocaria na sua rotina de trabalho um homem charmoso, divertido e que escondia mistérios tão similares aos dos Valentini. O universo das amigas literárias mudou de cenário. Além de livros, elas falavam de família, amores e da busca pela mãe Vivian Valentini, o que deixava Alci completamente deslocada. Ela não se encaixava nesse novo universo, mas Vinicius veio como paciente e era alguém relacionado a essa família, que merecia desvendar os mistérios que a envolvia. Irmão perdido? Parente distante? Com a revelação de alguns segredos e a descoberta de outros, a família Valentini conseguiu mais aliados para o grande desfecho. Vinicius e Alci pretendiam se ajudar, mas, também, buscavam trilhar suas próprias histórias.
Dedicatória Para a mulher que inspira sem saber, que faz sorrir a alma e é amiga nos momentos que valem a pena. Alci, minha Alci e de dois presentes lindos de Deus, você pode tudo. Sua colaboração nessa história foi além das mensagens de incentivo.
Nota da Autora Nessa obra cito dois tratamentos terapêuticos reais. A Microfisioterapia e Constelação Familiar são tratamentos que tive a honra de me submeter e com eles, me trouxe esclarecimentos e abriu portas. Qualquer tipo de enfermidade, biológica ou psíquica, essas terapias podem ajudar o paciente em sua cura. Saiba mais: Microfisioterapia: http://institutosalgado.com.br/ Constelação Familiar: https://www.hellinger.com/pt/pagina/constelacaofamiliar/constelacao-familiar-de-acordo-com-hellingerr/
Prólogo Vinicius Antes do casamento do Ben e da Ray... — Mãe, a senhora precisa encontrar outro médico. Essas dores não são normais. — Pare de se preocupar comigo e cuide de você. Vai ficar com essa rinite atacada até quando? — rebateu e virou as costas para mim. Preparando ovos mexidos para o café da manhã, tentei não me incomodar com as caretas de dor que ela fazia enquanto mexia a espátula, mas era impossível. — Bom dia mãe — Rodrigo entrou na cozinha, beijou sua testa e se serviu de café. Como sempre, ele não nos acompanha para comer, muito menos insiste para que dona Violeta procure outro médico. — Não vai comer, querido? — perguntou preocupada. — Hoje tenho muita coisa para fazer na empresa. Até de noite — respondeu com pressa, tomou todo o líquido preto de sua xícara e saiu. Trabalhávamos no mesmo lugar e por incrível que parecesse, enquanto ficava enfurnado em uma sala, era a pessoa mais sociável do mundo. Já Rodrigo, que cuidava das relações públicas, era a pessoa mais fechada e antissocial que conhecia. Quando envolvia a empresa, ele se transformava, mas para assuntos pessoais, era melhor nem tentar um diálogo normal. — Estou sentindo seu irmão muito distante.
Peguei o prato com os ovos mexidos, minha mãe se sentou à mesa e começamos o nosso dia como uma família. Desde sempre fomos desajustados, nunca seguimos o padrão, todavia, me sento bem ao fazer parte. — Ele está tenso porque está negociando uma compra de uma empresa quase falida. Não entendo o motivo para tanto alarde, inclusive já tenho até a papelada pronta para nós assinarmos e encaminharmos para o setor administrativo dar prosseguimento. Tomei meu café e observei, como muitas vezes acontecia, minha mãe se perder em pensamento quando falava algum assunto mais detalhado do meu trabalho. RV
Assessoria,
minha
empresa
e
de
Rodrigo,
atuava
com
assessoramento jurídico na parte administrativa e contábil, como abertura de empresa, fusão, falência, e tantos outros seguimentos da área. Nossa carteira de clientes cresceu exponencialmente quando iniciamos na época de faculdade e hoje, podemos dizer que chegamos ao porte de médio à grande. GPlus Tecnologia era especializada em desenvolvimento de software customizado para micro e pequenas empresas e estava conosco desde a nossa saída da incubadora da universidade. De uns tempos para cá, ela não andava muito bem e corria o risco de falir se não tivesse um investidor, situação que Rodrigo viu como oportunidade, uma vez que o software de CRM oferecido por eles era muito bom. Rodrigo propôs para William que vendesse a empresa para RV Assessoria. Ontem havia analisado todo o plano de negócio para a reestruturação do local e das políticas de trabalho. GPlus tinha tudo para se transformar em um Google regional, mas por algum motivo, Rodrigo não estava conseguindo concluir a negociação e não se abria comigo, para ajudar com a situação, no entanto, havia muitos outros clientes para cuidar e minha mãe para me preocupar, do que ficar em cima do trabalho dele. Estávamos financeiramente confortáveis, porém, sempre prezamos pela simplicidade e estarmos juntos, um dos motivos de ainda ficarmos debaixo do mesmo teto.
Observei novamente dona Violeta fazer uma careta e suspirei resignado. Não ia adiantar insistir, teimosa como era, continuaria se entupindo de remédios ao invés de tratar sua Fibromialgia. — Por que não faz uma fisioterapia? Homeopatia? — Minha doença não tem cura, meu filho — respondeu com um sorriso triste. — Deixe essa velha com seus problemas e me dê um neto antes que eu parta dessa vida. Meu sangue ferveu como toda vez que ela falava dessa forma. — Já perdi uma mãe, não tenho intenção de perder outra tão cedo — falei chateado, senti minha rinite atacar e levantei da cadeira para ir ao banheiro. Caralho, era só falar de morte que meu nariz parecia que criava vida. Aproveitei e escovei os dentes, terminei de me arrumar e segui para a porta de saída do nosso apartamento. — Bom trabalho, meu filho — ela gritou da cozinha. — Não se esforce tanto com a limpeza do apartamento. Temos Camila para isso — falei alto, saí e desci de elevador com minha mente trabalhando em achar alguma coisa que dona Violeta ainda não tinha tentado para resolver seu problema de saúde. Ela não reclamava, mas os gemidos contidos, caretas e descansos forçados indicavam que seu corpo estava cobrando pelos exageros. Dona Violeta não parava quieta, sempre fazendo um doce diferente, uma torta ou um bolo, os proferidos de Rodrigo. Evitava pedir, mas meu irmão parecia sempre carente e não via o que realmente estava acontecendo com a saúde da nossa mãe. Apesar de tudo, nós não discutíamos esse assunto. Para ele, dona Violeta era intocada, a rainha da nossa vida, ou seja, o que ela falava era lei. Se disse que não ia procurar uma solução para seu problema de saúde, então faria sua vontade.
Dirigi com o pensamento nela, estacionei o carro na garagem subterrânea do nosso prédio comercial e entrei na minha sala sem focar no que precisava fazer para o dia. — Doutor Vinicius, está tudo bem? Sentado à minha mesa, olhando para o monitor sem realmente enxergá-lo, pisquei várias vezes e olhei para minha porta, onde minha funcionária me encarava com preocupação. Marta era minha secretária há mais de um ano. Prestativa, competente e com uma aparência invejada, cogitei por muitas vezes misturar o trabalho com o prazer, mas estava focado demais nos meus problemas de família e no quanto me sentia impotente por não a forçar se tratar. — Você disse alguma coisa? — Perguntei se o senhor queria café. — Sorriu e seus olhos brilharam. Era claro seu interesse por mim, além dela sempre fazer muito mais do que seu cargo exigia. Mas... não dava, eu parecia que estava fechado. Lembrei da minha mãe pedindo netos antes dela partir dessa vida e meu humor azedou. Porra, não iria engravidar ninguém apenas para fazer minha mãe feliz, mas cogitei... porra, como cogitei essa possibilidade. — Estou bem, Marta. É só isso? — Voltei a olhar o monitor enquanto minha secretária entrou na sala e sentou na cadeira à minha frente. — Está preocupado com sua mãe ainda? Desarmado, suspirei, passei as mãos no cabelo e encarei o teto. Marta, por muitas vezes, me escutou desabafar sobre o quanto me preocupava com a saúde de dona Violeta. Só de pensar meu nariz me incomodou e abri a gaveta em busca de um lenço de papel. — Ela parece estar desistindo de se tratar. Sei que é uma doença que não tem cura, mas há tratamento, há... — Já ouviu falar sobre a Microfisioterapia? Joguei o lenço no lixo ao meu lado e a encarei com o cenho franzido.
— Micro o quê? — Pesquise aí, Micro-fisio-terapia — falou pausadamente e consegui digitar no site de pesquisa. O primeiro que apareceu era sobre o Instituto Salgado1. — O que é isso? — Uma amiga me indicou uma fisioterapeuta que trata dores com essa técnica. Fiz semana passada e vou te falar... minhas dores nas costas melhoraram de forma considerável. Olhei para Marta, que sempre me escutou e percebi que nunca fiz o mesmo com ela. Caramba, considerava nossa relação de trabalho e também de amizade, o que mostrou mais uma vez que estava com a cabeça enterrada em algum buraco e não conseguia enxergar essa mulher como alguém que poderia me relacionar. — Você tinha problemas nas costas? — Tenho, mas foi fácil identificar as causas, ainda mais quando meus pais e irmãos estão sob minha responsabilidade. — Fez uma careta e lembrei sobre essa particularidade em sua vida. — Se fosse para dizer que suas dores nas costas são por conta do peso que carrega, eu mesmo falaria para você — brinquei e ela deu de ombros. — Enfim, às vezes precisamos que um estranho diga o óbvio e não alguém próximo. — Ela levantou da cadeira e seguiu para a porta. — Vou pegar o cartão da Fisio. Marque uma consulta para sua mãe, te garanto que fará toda a diferença. Enquanto ela trazia o cartão da profissional para mim, li e vi vídeos sobre o assunto. Uau, existia matérias sobre o assunto, relatos sobre pacientes e a história sobre como surgiu essa técnica. Não havia agulhas ou massagem, era apenas pelo toque das mãos que o Fisioterapeuta conseguiria identificar
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http://institutosalgado.com.br/
pontos em nosso corpo que seriam desbloqueados para o bom funcionamento do nosso organismo. — Será que ele cura minha rinite também? — perguntei para Marta assim que ela deixou o cartão em cima da minha mesa. — Alcilene Rodrigues, é homem? — É uma mulher e não, ela não cura nada, quem faz isso é você mesmo. — Então não funciona... — Coloquei o cartão de volta na mesa e me senti voltar a estaca zero da busca de um tratamento para minha mãe. — Claro que funciona! A questão é, você quer ser curado? Esse é o tipo de terapia que só funciona se o paciente querer. Está preparado para encarar o que realmente te aflige, acolher os sintomas e seguir em frente?
Capítulo 1 Alci Antes do casamento do Ben e da Ray... — Olá, dona Violeta. Tudo bem? — Apareci na recepção da clínica e encontrei uma senhora com muitos cabelos brancos, quadris largos e uma postura muito fechada. Tentei sorrir ainda mais, com a intenção de quebrar essa armadura que vestiu. — Estarei te esperando aqui — um homem falou e finalmente o encarei. Alto, cabelo curto bem alinhados e barba rala, ele parecia muito mais receptivo que minha paciente. — Você precisa trabalhar. Deixe que eu volte de táxi ou... — Estarei aqui mãe! Ele levantou, ajudou a mulher a se levantar e me encarou. O homem era charmoso demais para não corar, por isso desviei meu olhar para quem realmente precisava da minha atenção. — Vamos lá? — Estendi minha mão indicando um corredor e a vi caminhar lentamente até a minha sala. Uma música suave tocava ao fundo e um aromatizador de ambiente de erva doce completava o clima de relaxamento. — Vamos conversar um pouco antes? — perguntei suave e sentei em uma cadeira, ela fez o mesmo. — Aceita uma água?
— Olha, moça, o que tenho não há cura. Estou aqui pelo meu filho — ela falou amargurada e tentei não fazer uma careta ao perceber que havia uma resistência. Tentei não me auto programar, nem pensar que essa sessão poderia ser um fracasso, mas estava sendo impossível. — O que a senhora tem? — Peguei meu celular, busquei a ficha de paciente da dona Violeta e comecei a digitar. —
Fibromialgia.
Tomo
remédio
controlado,
já
fiz
fisioterapia,
homeopatia, cura espiritual... já fiz de tudo o que Vinicius pediu, ele só não entende que esse é meu fim, não tem como mudar. Anotei tudo o que ela falou e engoli em seco. O amargor das palavras e o sentimento de impotência estavam flutuando no ar. Seria um desafio fazer com que ela se abrisse, mas nunca desisti tão fácil. Entendia que não adiantava forçar um tratamento em uma pessoa que não queria se curar, mas talvez, quem sabe, depois do que descobrirmos aqui, ela enxergue de outra maneira? — E a senhora? Já procurou um tratamento por si só? Quis melhorar suas dores? Ela franziu a testa e me analisou antes de responder: — Também já fui em psicólogos e psiquiatras. Isso me parece muito com eles e não, não funcionou. — Se não for muito invasivo da minha parte, poderia me dizer o motivo de você querer continuar a sentir dor ao invés de buscar um tratamento em que você se sinta bem? Parecia que acertei na veia, porque a vi engolir em seco, se remexer na cadeira e por fim, bufar. — Meu filho disse que esse tratamento não envolvia conversa. Preferia começar de uma vez para poder voltar para minha casa e fazer o bolo de cenoura que Rodrigo tanto gosta. Fiz uma última anotação em sua ficha pelo meu celular, levantei da cadeira sorrindo, mesmo que quisesse revirar os olhos e indiquei a maca. Seria
interessante abrir o jogo com ela, dizer que perderia nosso tempo fazendo algo que não estava aberta a receber, mas segui minha intuição e deixei esse discurso para o final. — Conversar faz parte do tratamento, mas vamos lá, deite na maca e enquanto isso, explicarei um pouco sobre o que é a Microfisioterapia. Ajudei a senhora a subir na maca, ela estava tensa, provavelmente sentia dor, mas não disse mais nada. Enquanto tentava desviar seus pensamentos dessa porta fechada que ela insistia em criar contando um pouco sobre como conheci a técnica, como ela funcionava, abri minha apostila na mesa ao lado da maca e com minhas mãos, toquei seu rosto e partes do seu corpo. Pontos bloqueados? Eram muitos. Diziam sobre situações indigestas, dificuldades em se expressar, ter que suportar... Quando falei sobre isso, ela rebatia que tirando as dores, que ela já tinha aceitado sentir – da boca para fora –, nada do que falei tinha a ver com ela. Tirando a fibromialgia, ela não tinha nada. Precisei brigar comigo mesma para não julgar essa mulher que sofria muito e que por sinal, queria. Na hora veio à minha cabeça sobre segredos e a existência de um excluído na família, olhei para onde minha mão estava e percebi que existia um conteúdo que ela não queria falar e deveria respeitar. Acima de tudo, não julgar. Não tomei muito o nosso tempo. A sessão não iria fluir, então, encerrei tão frustrada quanto ela. Sabia que não poderia levar para o lado pessoal, que o respeito tinha que ser soberano aqui, mas por um instante, me permiti sentir, apenas para acolher a situação como sendo a melhor no momento e seguir em frente. — Eu continuo sentido minhas dores, moça — ela falou assim que se sentou na maca. Peguei suas mãos e a ajudei a descer. — Elas só vão embora no momento que a senhora aceitar que não tem culpa.
A mulher quase caiu no chão e assustada, deu um grito fazendo com que a porta se abrisse com brusquidão e o homem que a acompanhava entrasse com desespero. — Mãe! Mãe, o que foi? — Ele me ajudou a colocá-la sentada na cadeira. Seus olhos para mim eram de pavor e medo. Tentei ao máximo não me espantar com ela, até porque, falei o que senti e não foi premeditado. Não era uma avaliação, havia falado com o coração. — O que aconteceu? — O homem olhou para mim preocupado. — Foi apenas um mal jeito na hora de descer. Peço desculpas por não ter te segurado com mais força — falei contida. — Está tudo bem, menina, eu que pisei de mal jeito — a senhora rebateu suspirando. — Vamos embora, filho? — E aí, conseguiu algo? — O homem fungou e estendi um lenço de papel em sua direção. — Rinite? — perguntei e levantei uma sobrancelha. Ele parecia admirado, mas rapidamente recobrou sua postura de protetor, assoou o nariz e olhou para a mãe. — O tratamento com microfisioterapia só funciona se o paciente estiver aberto para isso. — O que quer dizer? — Vamos, Vinicius, eu quero ir para a casa — dona Violeta falou chateada e se levantou. — A clínica e meu consultório estarão de portas abertas no momento que a senhora achar que deve. — Ela desviou o olhar do meu, olhei para seu filho e tentei não me desconcentrar. Não era o primeiro paciente bonito que atendia, mas era o primeiro que me olhava tão... diferente. — É nobre de sua parte cuidar da sua mãe. — Tente não a forçar, completei na minha mente. Caramba, tinha horas que parecia impossível não julgar. — Ele precisa cuidar da própria vida, arranjar uma esposa e me dar um neto antes que eu morra.
Estendi outro lenço de papel para Vinícius quando eles começaram a sair da minha sala. Era visível que toda a sua preocupação com a mãe estava sendo somatizado no seu sistema respiratório. — Você também trata a rinite? — ele perguntou por cima do ombro e os acompanhei até a recepção. — Como disse, é preciso primeiro o paciente estar aberto para querer a cura. — A senhora começou a resmungar e me adiantei a completar: — E não há mal em não querer ajuda. Cada um tem seu tempo e ele vem na hora que tem que ser. Avisei a recepcionista sobre o valor da minha sessão, me despedi deles e a senhora, dessa vez, me olhava de forma menos rabugenta. Isso aqueceu um pouco meu coração, talvez tenha dado uma boa impressão no final. Não adiantava forçar, muito menos tentar agradar alguém, como essa mãe fazia para os filhos. No momento que ela querer estar bem, todos os remédios, fisioterapias e homeopatias começarão a fazer o real efeito. Voltei para minha sala, preparei tudo para o próximo paciente e sentei na minha cadeira com o celular na mão. Não era fácil tratar alguém fechado, mas servia para mim como um grande aprendizado. Abri o aplicativo de mensagens e conferi como estavam minhas amigas do Joaninhas Literárias. Faltava pouco para o casamento da Ray, minha agenda já estava ajustada para o evento e meu coração acelerava só de pensar em nos reunir mais uma vez. Engraçado como a nossa ligação era tão forte, tão diferentes como éramos uma das outas. Paula parecia na fossa por causa de Arthur e eu, como sempre, chegava atrasada nas conversas e pensava no momento que um dia conseguiria ser protagonista da minha própria vida.