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EDIÇÃO 101 Janeiro - Fevereiro de 2017 EDITORA
A REVISTA QUE MUDA COM O REPARADOR MODERNO
2017 O QUE ESPERAR DE Conversamos com profissionais de todo o país em busca das melhores soluções para as oficinas evoluírem durante o ano
ATUALIZE SUA GESTÃO Anos difíceis são ótimos para repensar a empresa a fundo
UMA NOVA MOBILIDADE HONRANDO A TRADIÇÃO MUITO MAIS CONTEÚDO Feira mostra tecnologias que podem transformar o mundo
Há três gerações, a mecânica une uma família pernambucana
Novas seções técnicas focam todos os sistemas automotivos
E MUITO MAIS: LANÇAMENTOS - TENDÊNCIAS - NEGÓCIOS - DICAS - HISTÓRIAS - INOVAÇÕES
SUMÁRIO
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EDIÇÃO 101 | JANEIRO - FEVEREIRO 2017
28
04 ENTREVISTA
Os desafios da reparação
06 NOVIDADES
As últimas notícias do setor
08 INDICADORES
Parecido com o ano passado
10 GESTÃO
Olhando da porta para fora
12 HISTÓRIA
Do tubo quente aos 48 volts
14 FUTURO
A feira onde tudo é possível
16 PERSPECTIVAS
Os reparadores avaliam 2017
22 MOTOR
As correias e seus segredos
12
14
24
24 TRANSMISSÃO
Problema grave e prematuro
26 SUSPENSÃO
O fim da barra estabilizadora
28 FREIOS
O eterno chiado das pastilhas
30 IGNIÇÃO
Muitos defeitos combinados
32 MESTRES
Vitórias na vida e na profissão
Diretores Carlos Alberto de Oliveira carlos@znews.com.br Flávio Guerra guerra@znews.com.br REDAÇÃO Coordenador Editorial Douglas Cavallari (MTB 28.890) Redator-Chefe Alexandre Akashi (MTB 30.349) Revisor Geuid Dib Jardim ARTE Designers Ezequiel Leão Jheimisson Sampaio Marcos Bravo COMERCIAL Consultores de Vendas Helena de Castro helena@znews.com.br Richard Faria richard@znews.com.br Nilson nilson@znews.com.br MARKETING E CIRCULAÇÃO Coordenadora Tatiane Sara Lopez tatiane@znews.com.br Consultor de Negócios Jeison Lima jeison@znews.com.br ADMINISTRATIVO Coordenadora Financeira Luciene Alves administrativo@znews.com.br
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A revista Reparação Automotiva é uma publicação da ZNews Editora e Marketing, de circulação dirigida aos profissionais do segmento automotivo para contribuir com o desenvolvimento do setor.
Automec 21 Corteco 09 Dana 36 Edumax 27 Fram 15 Idemitsu 07 Meca Brazil 31
Motorcraft 02/35 Motrio 11 Ranalle 29 Sincopeças 34 Urba e Brosol 13/19 Nakata 17 ZNews 15/25
ENTREVISTA | SINDIREPA-PR
REPARAÇÃO NO BRASIL
por Alexandre Akashi | foto Divulgação
DESAFIOS A PERDER DE VISTA
No Paraná, a situação das empresas de reparação de veículos não está muito confortável. Segundo o presidente estadual do Sindirepa, Wilson Bill, as limitações atuais são muitas, a começar pela falta de poder aquisitivo dos consumidores.
Diante de tantos desafios, o dirigente prevê um período complicado pela frente, com um 2017 não muito diferente de 2016. Bill acredita que o setor “mudará de verdade” apenas quando houver uma maior união entre os empresários da reparação.
Em entrevista exclusiva para a revista Reparação Automotiva, o presidente do Sindirepa-PR faz uma análise bem realista da atual situação do setor
04 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
Ao longo da entrevista, o presidente do Sindirepa-PR também comentou sobre a falta de mão de obra qualificada e a necessidade de implantar uma gestão mais profissional, entre outras questões que podem comprometer o futuro das oficinas.
Reparação Automotiva - Como foi o ano de 2016 para o setor de reparação no Paraná? Wilson Bill - Foi bem difícil para a grande maioria. De um modo geral, os serviços retraíram e as oficinas tiveram de se adequar a essa nova realidade. RA - Quais motivos levaram a esse resultado? WB - Algumas regiões se mantiveram estáveis, por causa da queda na venda de veículos novos, mas não foi a regra. No interior, onde a safra foi boa, o volume de trabalho até aumentou. Porém, os fretes baixos motivaram muitas transportadoras a reduzir suas frotas. Algumas estão até sucateando uma parte dos caminhões para manter os outros rodando.
RA - Será possível reverter essa tendência? WB - Eu acredito que sim. Em primeiro lugar, as nossas autoridades e as organizações internacionais deveriam incentivar mais os jovens ao trabalho, não colocar uma série de barreiras, como as que existem na atual legislação. As novas gerações precisam redescobrir as vantagens de ter a sua própria renda, seja para ajudar a família ou preparar o seu futuro. Infelizmente, o que vemos nos dias de hoje é o contrário. Muitos não querem trabalhar e nem estudar, isso quando não seguem pelo caminho das drogas e da marginalidade.
de número de pessoas no nosso meio que acha que sabe tudo e não precisa de mais nada. Várias vezes organizamos treinamentos gerenciais de alta qualidade, oferecemos descontos de até 80% aos associados e quase ninguém comparece. Nós não temos como “dar o peixe”, mas estamos sempre “ensinando a pescar”, o problema é que poucos querem aprender.
RA - Diante desse cenário, o que esperar de 2017? WB - Existe uma grande demanda, mas está reprimida. A frota nacional cresceu e está envelhecendo, porém, o consumidor está cauteloso, com receio de gastar hoje e faltar amanhã. As oficinas estão vivendo de manutenções corretivas, apenas o mínimo necessário.
RA - Em resumo, problema é o que não falta? WB - Temos vários. O consumidor está sem poder aquisitivo, a mão de obra está rara e cara, muitas frotas estão sendo terceirizadas, o frete baixo está acabando com os transportadores, as seguradoras estão pressionando os orçamentos cada vez mais, temos excesso de burocracia, as oficinas estão “reféns” das leis trabalhistas, as crises políticas mantêm o país paralisado, além de enfrentarmos a concorrência desleal das empresas informais.
RA - Mudando de assunto, como o Sindirepa avalia as novas tecnologias de conectividade, em que o carro avisa a montadora e a concessionária sobre a necessidade de manutenção? WB - Esse é mais um desafio que teremos pela frente: quando o cliente compra um novo veículo com toda esta tecnologia embarcada, ele não é avisado que se tornará um “escravo” da concessionária. Mas as montadoras se esquecem de que o veículo envelhece e, um dia, estará nas mãos de um dono que não conseguirá pagar essa conta. Por outro lado, sem acesso à informação, a oficina independente não poderá ajudá-lo. Hoje, essa questão está em debate em vários países e ainda levará um tempo para encontrarem uma solução.
RA - Tempos atrás, o setor sofria com a falta de profissionais. Ainda há esse problema? WB - Continuamos com uma grande falta de mão de obra qualificada. As novas gerações não se sentem atraídas pela reparação, preferem trabalhar “no ar-condicionado”, num shopping ou escritório. Os poucos jovens que entram para o setor, muitas vezes, ficam na empresa apenas o tempo suficiente para se qualificarem. Em seguida, saem e se tornam concorrentes.
RA - Um empresário do setor certa vez comentou: muitos mecânicos fazem um esforço enorme em busca de qualificação técnica, mas esquecem de administrar a sua empresa. Quando percebem, faliram. Essa realidade também é comum no Paraná? WB - É sim. Em primeiro lugar, falta um maior comprometimento dos empresários da reparação com as entidades que os representam, como o Sindirepa, a CNI ou o Sebrae. Poucos participam dos programas de gestão voltados ao setor. Infelizmente, ainda existe um gran-
RA - Para finalizar, que ações os reparadores devem tomar para que 2017 seja melhor? WB - O associativismo e a união do setor é a solução para a grande maioria dos problemas. Eu também recomendo muita cautela e bom senso ao longo do ano. Antes de entrar numa dívida, por exemplo, avaliar a real necessidade de fazer esse investimento para se ter todas as condições de honrar as parcelas, mesmo no pior dos cenários. Por enquanto, todo cuidado é pouco. REPARAÇÃO AUTOMOTIVA | 05
NOVIDADES | PRODUTOS E INFORMAÇÕES
MECA LANÇA PRÉ-FILTROS E MANGUEIRAS
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onhecida em todo o Brasil pela linha de bicos injetores, a Meca acaba de lançar uma série de aplicações em pré-filtros e mangueiras de combustível. Os novos produtos estão disponíveis para veículos das marcas Audi, Chevrolet, Chrysler, Fiat, Ford, Citroën, Honda, Hyundai, Kia, Peugeot, Renault, Toyota e Volkswagen, tanto os equipados com sistemas Bosch e Delphi quanto os que usam componentes Marwal ou Indebrás.
OSRAM APRESENTA SEU NOVO PRODUTO
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MANN TROCA O FILTRO DE MODELOS FORD
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Mann-Filter fez uma alteração em sua linha de produtos e passa a comercializar um novo elemento do filtro de ar para alguns modelos da Ford. O componente, com código C 17 021, chega para substituir o item C 17 006. Deverá ser aplicado nos veículos EcoSport com motor 1.6 16V Sigma; Novo KA nas versões 1.0 12V e 1.5 16V Sigma; e New Fiesta 1.5 16V Sigma, 1.6 16V Sigma e 1.6 8V Zetec Rocam.
marca passou a comercializar uma nova linha de lâmpadas automotivas para os faróis dos principais modelos de veículos da frota nacional. Segundo a Osram, a tecnologia Night Breaker Laser oferece até 130% mais luminosidade que o componente original de fábrica e gera um feixe de luz com até 40 metros. A novidade está disponível nas versões H4 e H7 e não exige qualquer alteração na parte elétrica.
TARANTO COM CILINDROS E ATUADORES
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radicional marca de autopeças, a Taranto começou o ano com novos produtos. A partir de agora, os reparadores encontrarão uma completa linha de cilindros e atuadores para embreagens com acionamento hidráulico. Inicialmente, estão disponíveis 41 itens, para aplicação em veículos da Audi, Chevrolet, Citroën, Fiat, Ford, Mercedes-Benz, Nissan, Peugeot, Renault, Suzuki, Toyota, Volkswagen e Volvo.
CHIPTRONIC E AS CHAVES CODIFICADAS
A
o mesmo tempo que garantem maior segurança aos proprietários, as chaves codificadas (equipadas com um chip, o transponder) ainda geram muitas dúvidas e problemas entre os reparadores. Para auxiliá-los, a Chiptronic criou um e-book com uma farta literatura sobre a tecnologia. O material pode ser copiado gratuitamente da internet no endereço http://mkt.chiptronic.com.br/ebook-chaves-codificadas.
06 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
INDICADORES | AUDATEC por Sérgio Duque | tabelas Audatec
REPOSIÇÃO AUTOMOTIVA CENÁRIO POSITIVO, MAS DESAFIADOR
N
As oficinas podem esperar um 2017 parecido com 2016, com baixo crescimento e muito esforço até dezembro
os últimos cinco anos, a indústria de autopeças registrou um crescimento anual ao redor de 1,5%. É pouco para um país em desenvolvimento como o Brasil. Antes da crise, o setor avançava mais de 6% ao ano. Segundo o Sindipeças, as empresas registraram um faturamento de R$ 65,1 bilhões em 2016. A reposição automotiva representou 21,6% do total (R$ 14,1 bilhões) e foi o único segmento com resultado positivo. FATURAMENTO LÍQUIDO
OUT 16 / OUT 15
Total consolidado
- 3,70%
Vendas para montadoras
- 5,86%
Vendas para reposição
+ 2,41 %
Vendas para exportação
- 14,37%
Fonte: Sindipeças 08 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
As perspectivas para 2017 são parecidas, com a frota de veículos usados ajudando a manter o nosso parque industrial. Mas, a exemplo do ano passado, será um período de muito trabalho e pequenos avanços. Estudos da Audatec Marketing estimam que a reposição automotiva deverá crescer cerca de 2,5% até dezembro. Apesar de “tímido”, é um resultado bastante positivo diante dos desafios que a economia brasileira enfrenta. VARIAÇÃO DO FATURAMENTO Linha leve Linha pesada
Considerando toda a rede de distribuição, desde as fábricas até os consumidores finais, as vendas de autopeças (exceto acessórios e pneus) movimentarão algo em torno de R$ 31,2 bilhões até dezembro. Empresas e entidades do setor que queiram conhecer todos os estudos produzidos pela Audatec sobre os cenários para 2017 podem solicitar um login e senha para acesso temporário no site www.audatec.com.br. OUT 16 / OUT 15 - 9,35% - 26,64%
OUT 16 / SET 16 - 9,10% - 11,82%
JAN-OUT 16 / JAN-OUT 15 + 5,35 % - 9,79%
DESEMPENHO DO SETOR
2015
2016
2017
%
Faturamento (R$ Bilhões)
65,9
65,1
66,5*
+ 2,2
Participação da reposição
21,0 %
21,6 %
20,0%*
- 7,4
* Previsão: Audatec
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T
Apesar de todas as preocupações atuais, os empresários da reparação não podem se tornar “reféns” do próprio negócio
odos nós sabemos que 2017 não será fácil, há muito por fazer até a nossa economia voltar a prosperar. A boa notícia é que a reposição automotiva deverá ter mais um ano positivo, mas seguirá exigindo muita atenção de todos. É exatamente nesse ponto que mora o perigo. Em tempos difíceis, muitos passam a viver apenas para a empresa. Deixam de observar e aprender com a sua família, clientes, fornecedores e até concorrentes. O resultado desse isolamento pode ser desastroso. O stress aumenta, o trabalho se torna insuportável, a inovação desaparece e os contatos começam a “minguar”. Hoje em dia, não é mais possível viver longe da política, economia, tecnologia e sociedade. 10 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
POLÍTICA - Você pode gostar ou não, ser partidário de um lado ou de outro. Não tem jeito, a política faz parte das nossas vidas e, em especial no Brasil, tem grande influência no sucesso das empresas. Quem está bem informado reage melhor e sai na frente. ECONOMIA - Esse é outro tema que merece a máxima atenção. Como estão as taxas de juros? As vendas de veículos novos reagiram? As empresas estão demitindo ou contratando? E a inadimplência? Esses fatores (e muitos outros) podem selar o seu futuro. TECNOLOGIA - Desde o scanner até o WhatsApp, a tecnologia está por toda parte. Quem ainda insiste em vi-
ver “desconectado” perde tempo, dinheiro e clientes. Lembre-se de que o mundo virtual é o seu novo cartão de visitas e sua vitrine para o mundo. SOCIEDADE - Apesar de toda a tecnologia, o contato social continua indispensável. Você conhece os hábitos e os valores defendidos pelos seus clientes? Já parou para pensar sobre como a sua cidade mudou? Qual foi a última vez que foi num evento da reposição? Esses são apenas alguns pequenos exemplos para recordarmos como é importante sempre “olhar ao redor” e como é perigoso se tornar um “refém” do nosso dia a dia. Nas próximas edições, vamos conversar mais sobre esses e outros temas. Sucesso em 2017!
HISTÓRIA | SISTEMA ELÉTRICO
por Antonio Puga | foto Divulgação
HOJE É ESSENCIAL MAS NEM SEMPRE FOI ASSIM
Quando Gottlieb Daimler inventou um dos primeiros automóveis, uma de suas principais inovações foi dispensar a parte elétrica
H
oje um sedan de luxo chega a contar com quatro quilômetros de fios, além de várias centrais eletrônicas. Após 130 anos de evolução, o sistema elétrico se tornou a “alma” de qualquer veículo. Sem ele, muitas vezes é impossível até abrir a porta. Mas nem sempre foi assim. Quando os primeiros carros foram inventados, alguns pioneiros achavam que a eletricidade só atrapalhava. Gottlieb Daimler, por exemplo, que foi um dos “patriarcas” da Mercedes-Benz, usou a ignição por tubo quente de 1886 até 1898. Curiosamente, o primeiro avanço da parte elétrica nos veículos foi motivado pelas invenções de outro 12 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
alemão: Robert Bosch. Em 1902, ele lançou o primeiro sistema realmente eficiente de ignição, com o uso de velas e um magneto de alta tensão. MANIVELA - Mas os carros seguiam com um grande problema: a partida manual. Dessa vez, a solução veio dos Estados Unidos, com Charles Kettering, o fundador da Delco. Em 1911, foi instalado num Cadillac o sistema que é usado até hoje, formado pelo motor de partida, gerador e bateria. O estilo de vida dos norte-americanos também foi decisivo para outro avanço: a popularização do sistema de 12 volts. Após a Segunda Guerra, nos “anos dourados”, a
tecnologia de 6 volts se mostrou limitada diante dos grandes motores V8 e novos acessórios. DOMÍNIO - A partir da década de 1960, com a chegada da eletrônica embarcada, o sistema elétrico não parou de evoluir. Uma das últimas grandes revoluções foi o desenvolvimento da rede CAN bus, que estreou no BMW 850 em 1986. Hoje, ninguém duvida de que a eletricidade será decisiva para o futuro dos veículos. Seja nos novos padrões de 48 volts, capazes de acionar todos os acessórios do motor e até as suas válvulas, nos híbridos e elétricos e, principalmente, nos carros autônomos.
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FUTURO | CES LAS VEGAS por Antonio Puga | foto Divulgação
UM MUNDO NOVO
COMEÇA A FICAR CADA VEZ MAIS PRÓXIMO
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Nos últimos anos, a feira Consumer Electronics Show se tornou o mais interessante e inovador salão do automóvel do mundo
iante de um mundo repleto de desafios e que procura se reinventar a cada segundo, a indústria automobilística está “pisando no acelerador” da inovação para não ficar para trás. As mudanças são tantas que até o palco de apresentação das novidades está mudando. Hoje, nenhuma exposição automotiva é tão surpreendente como a CES. Realizada anualmente em Las Vegas, nos Estados Unidos, a feira de tecnologia reuniu em sua última edição (entre os dias 5 e 8 de janeiro) nada menos do que doze grandes grupos de montadoras: Volkswagen-Audi, BMW, FCA, Ford, GM, Honda, Hyundai, Jaguar-Land
14 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
Rover, Mercedes-Benz, Renault-Nissan e Toyota-Lexus, além da “novata” Faraday. MUITO ALÉM - Nos estandes da CES, tecnologias ainda bem distantes da nossa realidade, como os veículos elétricos, carros autônomos, interiores configuráveis e uma integração total com celulares, smartwatches e sistemas de navegação, nem pareciam novidades. A grande maioria das fábricas tinha pelo menos um modelo assim para mostrar. Nessa feira, para chamar a atenção é preciso apresentar algo muito surpreendente, como os poderosos recursos de comunicação e entre-
tenimento das redes 5G, as novas baterias de lítio-ar capazes de garantir aos veículos uma autonomia de mais de 600 quilômetros pesando 80% menos ou a motocicleta da Honda que parava em pé sozinha. EM BREVE - Outro assunto que chamou a atenção durante a última CES foi o avanço das parcerias entre as montadoras e os gigantes da informática, principalmente na criação de sistemas de inteligência artificial para auxiliar os motoristas. Num futuro próximo, os veículos serão como a “Super Máquina” da ficção, capazes desde “dar uma dica” até evitar acidentes.
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CAPA | PERSPECTIVAS por Alexandre Akashi | fotos Divulgação
ESPERANÇA RENOVADA REPARADORES OTIMISTAS COM 2017 Para a maioria dos empresários, o novo ano será melhor do que o anterior, apesar das dificuldades da economia
O
ano começou bem agitado em algumas oficinas. Na Stilo Motores, localizada na cidade de São Paulo, ninguém parou durante o mês de janeiro. “O movimento cresceu em dezembro e seguiu igual até agora”, destaca o proprietário da oficina, Francisco Carlos de Oliveira. A percepção de Oliveira é compartilhada por profissionais de todo o Brasil. Entre dezembro e janeiro, a equipe de telepesquisadores do Observatório da Reparação (uma das muitas novidades que a ZNews Editora apresentará durante o ano) entrou em contato com cerca de trezentas oficinas para saber como foi 2016 e o que esperavam de 2017. 16 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
CASA CHEIA - A enquete mostrou que o empresário da reparação está otimista. Mais de 66% dos entrevistados acreditam num aumento do movimento. Apenas 7,4% declararam que a situação pode piorar. “Estou acreditando em 2017, acho que teremos muito serviço”, aposta Marcelo Navega, reparador da capital paulista. O presidente do Sindirepa Nacional, Antonio Fiola, também espera um ano positivo. Para ele, o setor da reparação repetirá o desempenho de 2016, com um crescimento na ordem de 10%. “A frota nacional cresceu, e o consumidor ainda está relutante em trocar de carro e assumir um financiamento”, afirma.
A Anfavea, associação dos fabricantes de veículos, aposta que mais pessoas voltarão a sonhar com um veículo novo. A entidade projeta um crescimento de 4% nas vendas de automóveis e veículos comerciais, em relação a 2016. “A conjuntura macroeconômica está ficando mais favorável” , avalia o presidente da entidade, Antonio Megale. DÚVIDAS - Faz parte da cultura do empresário brasileiro acreditar que tudo será melhor no ano que começa. É uma “renovação da esperança”. Não é ruim, mas nem sempre reflete a realidade. Para Sérgio Duque, economista e gestor da Audatec Marketing, a reposição auto-
CAPA | PERSPECTIVAS
motiva deverá crescer bem menos, cerca de 2% em relação a 2016. “Ainda temos graves problemas estruturais para resolver, e o primeiro semestre praticamente será reservado para corrigi-los. Não podemos esquecer de que o nosso país tem mais de 12 milhões de desempregados, o déficit fiscal permanecerá ao redor de 2% do PIB, a dívida pública deverá crescer até 2021 e ainda teremos muita instabilidade política”, reforça Duque. CAUTELA - Proprietário da oficina MegaCar, em São Paulo, José Natal Silva aposta num empate. “Acredito que 2017 deverá ser igual ao ano passado, mas dependerá muito da região onde está localizada a oficina”, pondera. Para Silva, nos bairros populares, cada vez mais cheios de desempregados, ninguém vai fazer a manutenção do carro. Se quebrar, encosta ou vende. Esse também é o pensamento do presidente do Sindirepa no Paraná, Wilson Bill. “O consumidor está sendo muito cauteloso, querendo evitar mais endividamento. Está fazendo somente uma manutenção
COMO FOI 2016?
AC
TOTAL DE RESPOSTAS NO BRASIL
282
corretiva, o mínimo necessário para o seu veículo continuar rodando. Se permanecer assim, 2017 não será exatamente um ano muito melhor do que foi 2016”, destaca. PROBLEMAS - Diante de um cenário tão complexo, muitos empresários da reparação acreditam que o ano ainda é imprevisível e pode gerar até alguns problemas de relacionamento com os clientes. “Fazer só o necessário é um erro grave”, alerta o dono da Mingau Automobilística, da cidade paulista de Suza-
81
92
28,7% AM
NEGATIVO
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32,6%
POSITIVO
AL
no, Edson Roberto de Avila. Na opinião de “Mingau”, os reparadores devem pensar muito bem antes de realizar uma manutenção “econômica” no veículo de um cliente, trocando apenas o mínimo necessário. Caso esse reparo cause algum problema mais sério ou até um acidente, toda a responsabilidade técnica recairá sobre a oficina, causando um grande prejuízo. “Sou posto de assistência técnica de várias marcas e sempre encontro situações desse tipo. Tempos atrás, um reparador trocou a cor-
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ESTÁVEL
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18 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
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Empresa 100% Brasileira
CAPA | PERSPECTIVAS
continue assim”, revela Roberto Gomes Caetano, proprietário da SOS dos Automáticos, na cidade de São Caetano do Sul (SP). Com mais de 25 anos de profissão, o reparador é uma referência nessa tecnologia.
reia dentada e a polia do veículo, mas o cliente se recusou a trocar o tensionador, por questão de economia. Dias depois, a peça quebrou e fez um grande estrago. Aí começou a polêmica sobre quem pagaria todo o prejuízo”, recorda. ESPECIALIZADOS - As oficinas que trabalham com sistemas complexos, como é o caso dos câmbios
COMO SERÁ 2017? AC
TOTAL DE RESPOSTAS NO BRASIL
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automáticos, também estão cautelosas a respeito de 2017. Apesar do aumento da frota de veículos com esse tipo de transmissão, os consumidores endividados ou desempregados têm adiado ao máximo o reparo dos veículos. “O movimento caiu 40% no ano passado. Espero reverter essa situação ao longo do ano. Janeiro deu sinais de melhora, espero que
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UBER - Diante de um cenário tão complexo como o atual, os reparadores chegam a se deparar com concorrentes que nunca imaginaram. Ao conversar com alguns clientes, Caetano descobriu que muitos deixaram o carro quebrado na garagem e passaram a andar de táxi ou Uber. Sem recursos, não tinham condições de pagar a pesada conta da oficina. É bom lembrarmos que, em média, um reparo simples de um câmbio automático (como uma troca de fluido e alguns solenoides) custa cerca de R$ 2.000,00. Uma reforma completa ultrapassa facilmente os R$ 5.000,00. “O ideal da nossa oficina é atender, no mínimo, quatro carros por mês. Em 2016, houve períodos em que fizemos apenas um”, lembra Caetano.
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NA OFICINA | MOTOR por Alexandre Akashi | fotos Divulgação
CHIADO NA CORREIA RUÍDO APÓS A TROCA É SINAL DE PROBLEMA O reparador precisa ficar atento a uma série de detalhes técnicos para evitar o aparecimento de barulhos e vibrações nos veículos dos clientes
N
a assistência técnica da Dayco, um grande número de atendimentos envolve problemas de ruído ou vibração. Após a troca das correias, o ideal é que o veículo fique perfeito. Quando isso não acontece, é sinal de que algo está errado. 22 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
“Barulho nunca é bom. Sempre que o reparador instalar uma correia nova da nossa marca e notar qualquer anormalidade, o ideal é ligar imediatamente. Em geral, são problemas simples e podemos resolver na hora”, explica o supervisor técnico Davi Cruz.
TESTES - Antes de entrar em contato com a fábrica, o reparador pode realizar algumas checagens rápidas, para identificar a origem do problema. Nos motores que usam dois tipos de correias (sincronizadora e de acessórios) é preciso primeiro saber qual está chiando.
A melhor forma de tirar essa dúvida é deixar o motor sem a correia de acessórios e dar a partida. Se o ruído parar, é porque está vindo do acionamento de algum desses componentes, como o alternador, bombas, etc. Caso persista, a falha está no conjunto de sincronização. Na correia de acessórios, as maiores causas de ruídos e vibrações são os problemas nas polias (como o acúmulo de sujeira, amassados e desalinhamentos) e a falta ou excesso de tensão, inclusive nos veículos com tensionadores automáticos (que podem estar avariados).
MONTAGEM - Outra dúvida frequente é sobre o caminho percorrido pelas correias. “Uma instalação errada pode danificar a peça e causar sérios danos a outros componentes do motor. É preciso sempre seguir o diagrama original de montagem”, alerta Cruz. Se não tiver o esquema em mãos, o reparador pode improvisar desenhando o caminho original ou tirando fotos antes de iniciar o serviço. Também é preciso ter muita atenção na hora da compra. Nunca caia naquelas conversas de que “essa também serve e é mais barata”.
Motor Honda 1.8 com o primeiro caminho da correia de acessórios
DAMPER - Cruz também comenta que outra dúvida frequente é como saber se a polia damper está boa. “Basta fazer um risco de giz entre as partes metálicas, passando pela borracha, e funcionar o motor por alguns segundos. Se a marca ficar desalinhada, pode trocar”, resume.
PEGADINHA - Também existem casos em que a correia era instalada de uma maneira e depois a fábrica alterou o caminho, como no Honda Civic 1.8 de 2006 a 2012. “A marca descobriu que a montagem inicial danificava o tensionador”, explica o técnico da Dayco. Para alertar sobre a mudança, a montadora colocou na embalagem duas imagens, com o diagrama original (não recomendado) e o novo percurso. Muitos reparadores não notaram esse detalhe, seguiram a montagem que estava nos veículos e tiveram problemas de garantia.
Motor Honda 1.8 com a instalação da correia alterada pela montadora
Polia com a marca alinhada: manter
Polia com a marca desalinhada: trocar REPARAÇÃO AUTOMOTIVA | 23
NA OFICINA | TRANSMISSÃO
CÂMBIO 4F27E por Mauricio Carreiro
DESGASTE PREMATURO E UM GRANDE PREJUÍZO
fotos TTR Treinamentos
Esse modelo de transmissão, que deveria durar mais de 300.000 quilômetros, está apresentando vários problemas sérios em veículos relativamente novos
E
m nosso centro de treinamento, temos recebido diversos pedidos de informações sobre as transmissões automáticas 4F27E, muito utilizadas nos modelos Ford Focus e EcoSport, além de alguns veículos da Mazda, entre os anos de 2000 e 2013. Com quatro marchas, esse modelo de câmbio deveria ter uma durabilidade acima dos 300.000 km. Porém, há um grande número de veículos relativamente novos (inclusive modelos 2012 e 2013) apresentando defeitos graves com cerca de 50.000 km. O principal sintoma é a patinação ao engatar a terceira. O motor gira, a marcha entra, mas o carro não desenvolve velocidade. Esse problema é causado, geralmente, por danos no alojamento dos anéis de vedação do tambor da direta. Mas também temos encontrado alguns veículos com problemas similares no tambor de ré. Qualquer que seja o conjunto afetado, a solução normalmente é a substituição de todas as peças com desgaste prematuro. O sistema não aceita “jeitinhos”.
24 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
EMBREAGEM - Um agravante é que, quando a transmissão começa a patinar, ela acaba queimando a embreagem. Dessa forma, um conserto definitivo geralmente envolve a troca também desse conjunto, além dos tambores afetados. É claro que isso aumenta bastante o valor do reparo. Em casos como esse, o correto é fazer uma avaliação muito cuidadosa do problema antes de passar um orçamento para o dono do carro. Dessa forma, você evita mal-entendidos e reclamações. Também leve em conta que o conserto é complexo e trabalhoso. Para dar uma ideia, um técnico experiente leva umas três horas para desmontá-la na bancada e efetuar todas as verificações necessárias para se montar o orçamento. O reparo e a remontagem levam, no mínimo, dez horas de serviço. Outro problema é que, sempre que há uma queima do conjunto da embreagem, o conversor de torque deve ser revisado, pois fica cheio de resíduos. Se não for limpo, pode contaminar a transmissão, ocasionando até o entupimento do corpo de válvulas e filtro.
POR DENTRO - A transmissão automática 4F27E é um modelo de quatro marchas para veículos de tração dianteira. Suas trocas são controladas eletronicamente e a quarta atua como um overdrive. As relações de marchas são alcançadas por meio de dois conjuntos de engrenagens planetárias, conectados um atrás do outro. Os conjuntos das planetárias são acionados ou bloqueados com o uso de discos múltiplos, para se criarem as quatro marchas à frente e uma ré. A 4F27E conta com três embreagens e um freio acionados por esses discos. Também existe a cinta, que é outro elemento de bloqueio. Para quem não está familiarizado com as transmissões automáticas, a forma mais fácil de identificar a diferença entre os discos de embreagem e freio é
ver o ponto de ancoragem. Se estiver preso aos tambores, é embreagem. Se estiver ligado à carcaça, é freio. De forma a minimizar o consumo de combustível, a embreagem do conversor de torque é aplicada pelo PCM na terceira e quarta marchas, dependendo da posição do acelerador e da velocidade do veículo. Para a 4F27E é recomendado apenas o fluido Mercon V.
Essa transmissão também conta com seis solenoides. Os modelos “A” e “B” são do tipo liga-desliga e controlam as mudanças no corpo de válvulas. Os itens “C”, “D” e “E” são PWM e controlam a pressão aplicada aos componentes. O sexto componente é do tipo EPC.
COMUNICAÇÃO - INTEGRAÇÃO - RESULTADOS
70 MIL
30 MIL REVISTAS
EXEMP LARES 30 mil imp
Exemplares impressos com tiragem auditada pelo IVC
DISTRIBUIÇÃO ESTRATÉGICA
BLITZ EM OFICINAS E AÇÕES PROMOCIONAIS
Presença em mais de 160 pontos Consultores de negócios Ações nas principais feiras e eventos do setor
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NA OFICINA | SUSPENSÃO
por Alexandre Akashi | fotos Divulgação e ZNews
BARRA ESTABILIZADORA TER OU NÃO TER, EIS A QUESTÃO Alguns compactos nacionais abandonaram o componente, e a maioria da frota pode seguir essa tendência no futuro
M
uitos reparadores já devem ter notado que a barra estabilizadora dianteira parece estar ficando “fora de moda”. Alguns modelos avaliados recentemente pela revista Reparação Automotiva confirmam essa tendência, como o Nissan March e os Fiat Uno e Mobi. Mas, afinal, por que esses carros dispensaram o componente e outros ainda usam? Para o engenheiro mecânico e professor universitário Ricardo Bock, a principal razão é econômica. Porém, o especialista é categórico ao
26 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
afirmar que, dependendo da forma como a suspensão do veículo é projetada, a barra estabilizadora pode ser eliminada, independentemente do tamanho do carro. “O FEI X-20, por exemplo, não usava estabilizadoras”, recorda Bock. Construído pelo professor na universidade e apresentado no Salão do Automóvel de 2008, o modelo não tinha nada de popular. Era um esportivo conversível com motor V8 de Chevrolet Corvette e câmbio de Porsche 911 modificado. Preparado, tinha 550 cavalos de potência.
Bock explica que, para dispensar a barra estabilizadora, é preciso ter molas resistentes o bastante para suportar todo o peso do veículo. “Porém, ao fazer isso, perde-se em conforto, pois o carro pode ficar duro”, explica. Com as estabilizadoras, é possível usar molas menos rígidas e compensar a perda de estabilidade usando as barras. FUNÇÃO - O diretor de segurança veicular da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, Vilson Tolfo, esclarece que a barra estabi-
Suspensão dianteira do Uno e Mobi
lizadora é uma “ferramenta” para evitar a inclinação acentuada da carroceria em curvas, mas não é a única opção. “É errado pensar que um modelo que não usa esse componente é menos estável”, enfatiza. “Os engenheiros podem se valer de muitas outras ferramentas,
como, por exemplo, os conjuntos de amortecedores e molas”, destaca. Segundo Tolfo, diversas variáveis também são analisadas durante a fase de projeto de um veículo, como a massa total, o centro de gravidade e até o nível de atrito dos pneus em curvas. O engenheiro Alessandro Rubio, da Comissão Técnica de Segurança Veicular da SAE Brasil, explica ainda que as montadoras realizam diversos testes dinâmicos e, se o veículo demonstrar que tem uma boa rigidez torcional (ou seja, uma carroceria bem construída e muito “firme”), o uso das barras estabilizadoras pode ser desnecessário. “Não fará diferença”, afirma. REPARAÇÃO - Para os reparadores, Tolfo deixa uma dica muito importante sobre os veículos que não
Suspensão dianteira do March
usam as estabilizadoras. “Nesses modelos, componentes como molas, amortecedores e batentes devem receber uma atenção especial. Podem ser peças exclusivas dessa versão e, na hora da troca, devem ter a mesma especificação e qualidade”, alerta o engenheiro.
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NA OFICINA | FREIOS por Alexandre Akashi | fotos Divulgação
BARULHO IRRITANTE COMO ACABAR COM O RUÍDO DAS PASTILHAS? Desde que proibiram o uso do amianto nos materiais de atrito, esse problema é cada vez mais comum e bem difícil de resolver
U
m problema capaz de acabar com a tranquilidade de qualquer um é o freio barulhento. Todo mundo reclama. Sempre que é necessário parar o veículo, lá vem aquele ruído chato e agudo. Para piorar a situação, na maioria das vezes, o carro acabou de sair da oficina com pastilhas e discos novos. Se todos os cuidados foram tomados, o que pode ter dado errado? 28 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
Cada reparador tem uma “receita” para resolver esse problema, que passou a ser frequente depois que o amianto foi banido de todos os materiais de atrito automotivos. Por um lado, as oficinas se livraram de um produto comprovadamente perigoso para a saúde. Mas, em compensação, as pastilhas nunca mais foram as mesmas. Diante desse dilema, o que fazer?
ORIGINAL - Josmar Boschetti Júnior, dono da Especializada Josmar, sempre faz dois orçamentos: com pastilhas originais e paralelas. Na opinião do especialista, atualmente o maior problema não é a formulação, mas a péssima qualidade das pastilhas vendidas no mercado de reposição. Alertados desde o início, cada cliente faz a sua escolha.
DETALHES - Sergio Torigoe, do Centro de Diagnóstico Automotivo Torigoe, procura tomar uma série de cuidados para manter os freios silenciosos. Segundo o reparador, é preciso analisar o estado dos discos com muita atenção, aplicar produtos antirruído e experimentar várias marcas de pastilhas, além da original, para ver qual se adapta melhor a cada veículo. SILENCIADOR - Silvio Candido, da Peghasus Motors, também acredita que, antes de mais nada, é preciso acertar na compra das peças, escolhendo um fabricante que use um menor teor de ferro, alumínio ou latão. Em complemento, é fundamental aplicar algum silenciador de pastilhas, não do tipo spray, que não costuma resolver, mas as placas adesivas.
LUBRIFICANTE - Arnaldo Oliveira, da Armap Centro Automotivo, explica que a solução depende do tipo de ruído. Após analisar o problema, o reparador costuma combinar a
aplicação de lubrificantes para freios (como os vendidos pela Jurid e ATE, para altas temperaturas) com os silenciadores de pastilhas, principalmente os produzidos pela 3M e Loctite.
NA OFICINA | ELÉTRICA E ELETRÔNICA por Alexandre Akashi | fotos ZNews
ECOSPORT DURATEC
DEFEITOS COMBINADOS DIFÍCEIS DE RESOLVER Muitas vezes, um veículo entra na oficina com um problema que parece fácil, mas a causa pode ser uma soma de fatores, como um grande quebra-cabeça
O
principal problema de se realizar apenas a manutenção corretiva é que, quando o veículo chega à oficina, geralmente apresenta muitos defeitos ao mesmo tempo. É comum o reparador ficar perdido na hora de fazer o diagnósti30 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
co e o orçamento, pois nada funciona direito, e as causas do problema podem ser muitas. O engenheiro Sergio Torigoe, do Centro de Diagnóstico Automotivo Torigoe, teve um caso assim no ano passado, com um Ford
EcoSport 2.0 Duratec 2009. Com 90.300 km, o carro chegou pela primeira vez na oficina em maio de 2016, com o motor falhando. Ao avaliar o sistema, ficou comprovada a necessidade de trocar a bobina do primeiro cilindro.
MISTÉRIO - Após apagar os erros, o carro ficou bom. Porém, no decorrer do ano, o EcoSport retornou outras quatro vezes, sempre com o motor falhando e a luz de injeção acesa. O scanner informava o mesmo defeito: P0300 - falha geral de ignição. “Testamos as bobinas, limpamos os injetores, calibramos as velas e nada resolvia”, recorda Torigoe. Em dezembro, ao passar novamente o scanner, Sergio recebeu outro código: P0340 - falha no sensor do comando de válvulas. Diante da novidade, um novo procedimento de diagnóstico foi realizado, com uma sequência de testes no sensor de fase e no seu chicote. Mas nada de errado foi encontrado. O mistério do Ford EcoSport Duratec seguia sem uma solução.
Ao verificar o sincronismo do motor, o reparador o encontrou fora de ponto. “Retiramos a roda fônica e descobrimos que a polia do virabrequim estava ruim, com a borracha ressecada. Isso provocava um deslocamento dos dentes em relação ao sensor de rotação, causando uma falha no sincronismo”, explica Torigoe. NEM ASSIM - No entanto, a instalação de uma nova polia não foi o suficiente para sanar todos os defeitos do EcoSport. O motor voltou a falhar novamente e apresentar o defeito P0300 no scanner. Como as velas tinham sido substituídas na primeira visita, foi tentada uma troca das outras três bobinas. O carro realmente melhorou, mas ainda não ficou perfeito.
FICA A LIÇÃO Casos assim reforçam a importância de se trocar, mesmo que preventivamente, todas as bobinas. Também servem de alerta aos reparadores sobre a importância de realizarem uma avaliação mais ampla dos defeitos em veículos que não possuem um histórico de manutenções preventivas. Nas oficinas, a correria é grande, assim como a pressão por consertos rápidos e baratos, o que nem sempre é possível. Torigoe comenta que, felizmente, o dono do EcoSport tinha consciência do estado do carro e estava interessado em encontrar uma solução. Mas, hoje em dia, isso é algo muito raro.
Apesar de todo o trabalho realizado, o veículo passou a apresentar um defeito inusitado: com o ar-condicionado ligado, a marcha-lenta oscilava, dando a impressão de que o motor apagaria a qualquer instante. “A única solução que encontramos foi avançar o ponto em meio dente, a exemplo de um Ford Fusion que tínhamos atendido anteriormente”, revela Torigoe.
MESTRES DA REPARAÇÃO | JOÃO BATISTA por Tarcisio Dias | fotos Mecânica Online
UM VENCEDOR
GUIADO PELA HONESTIDADE E COMPETÊNCIA Seguindo sua intuição e o exemplo do pai, “João Galego” se tornou uma referência na reparação pernambucana
N
osso país poderia ter ganho mais um engenheiro de sucesso, mas esse seria um enredo simples demais para esse pernambucano da cidade de Olinda. João Batista Gomes de Melo, o conhecido “João Galego”, há 32 anos transformou o seu sonho em realidade ao abrir uma pequena oficina. Provou que honestidade e competência podem e devem sempre andar juntas. Filho primogênito entre oito irmãos, a preocupação inicial de Batista era ajudar a família, além 32 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
de ser dono do próprio destino. Do pai mecânico herdou o gosto pelos veículos, a competência para consertá-los e o exemplo de integridade. Também se amparou no profissionalismo e no conhecimento para trilhar uma história de superação admirada por todos. INÍCIO - Aos 13 anos ingressou no Senai. Aluno exemplar, principalmente no curso de manutenção de motores, deixou a escola com a carteira de trabalho assinada. Seu primeiro emprego foi na conceitu-
ada empresa Ribeira Veículos. Lá trabalhou durante três anos. Foi o início de uma evolução constante, que permanece até hoje. Trocou a revenda pela Organização Pernambucana de Pneus, onde ganhou um novo desafio: trabalhar com alinhamento e balanceamento. Em mais de 11 anos de empresa, se tornou um dos melhores profissionais do estado. Nessa época, quase trocou a reparação pela faculdade de engenharia mecânica, mas a vontade de empreender falou mais alto.
Hoje a Alinhauto é uma referência
João continua dedicado a sua arte
Jefferson mantém a tradição iniciada pelo seu avô, José Valdecir, e seguida pelo pai, João Batista
VIDA - Antes de enfrentar os desafios de ter o próprio negócio, “João Galego” ainda teve de lutar pela sua vida. Diagnosticado com uma séria doença nos rins, aos 28 anos, chegou a ficar três meses numa cama de hospital. Mas a fé em Deus foi decisiva para a sua recuperação, e a cura total foi comemorada oito anos depois. Tão logo voltou ao trabalho, começou a planejar a criação da Alinhauto, uma oficina especializada em alinhamento e balanceamento. Abriu as portas com uma maleta de ferramentas, um alinhador seminovo e uma imensa vontade de vencer. Do seu pai recebeu um valioso conselho: “bonzinhos existem muitos por aí, procure ser sempre o melhor”. EXEMPLO - Com o passar dos anos, a empresa começou a investir em novos equipamentos e na diver-
sificação dos serviços. Para manter o faturamento e garantir o futuro, algumas regras estão acima de tudo: trabalhar apenas com recursos próprios, nunca deixar de evoluir tecnicamente e ser um exemplo de honestidade e competência. Batista recorda que “as recomendações dos clientes são o melhor marketing que existe”. Para ele, a solução de um defeito num veículo só pode ser encontrada a partir da experiência, muito estudo e uma estrutura adequada. Não é simplesmente sair “condenando” peças e trocando tudo, o que está se tornando uma prática comum atualmente. FUTURO - Em 32 anos de história, a Alinhauto se transformou numa oficina mecânica completa. Conta com dezoito funcionários, inclusive membros da família e o filho de “João Galego”, que administra a empresa. Os serviços nas
A oficina realiza todos os serviços
Até reparos completos de motores
áreas de chassis, monobloco e geometria de suspensão continuam sendo a “especialidade da casa”. Hoje, apesar do grande potencial de crescimento, Batista diz que perdeu um pouco do entusiasmo, pois o Brasil não ajuda em nada os empreendedores, muito pelo contrário. Mesmo assim, ele segue confiante de que viveremos dias melhores num futuro próximo. Vamos torcer para que, mais uma vez, sua intuição esteja certa. REPARAÇÃO AUTOMOTIVA | 33