Revista Reparação Automotiva - 97

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Setembro de 2016 Distribuição Nacional

97

A revista que muda com o reparador moderno

s o i e r F Nos

otores, a m s o d o l r. A exemp a veio para ficaa eletrônic preparou para ? Você se e está chegando frota qu AVALIAÇÃO

ENTREVISTA

l Formação internaciona

to

e atendimento imedia NA OFICINA

Defeitos crônicos do

câmbio DSG DQ200

ia

BMW X1 e a tecnolog

dos novos brasileiros

OS MESTRES

O aprendiz que virou

mecânico de Fórmula

E MUITO MAIS: LANÇAMENTOS - TENDÊNCIAS - NEGÓCIOS - DICAS - HISTÓRIAS - INOVAÇÕES

1



Sumário 03

4 Entrevista

Daniel Lovizaro e os treinamentos da Bosch

6 Novidades

Confira os lançamentos e as principais notícias

8 Mercado

97

22

A aposta da BorgWarner no futuro das correntes

10 Gestão

Os cuidados para não comprar “gato por lebre” A revista que muda com o reparador moderno Ano 8 | Setembro de 2016 Distribuição Nacional

12 Negócios

Sai o reparador e entra o consultor automotivo

14 Perfil

Como a Pneus Belém surpreende os clientes

Diretores Carlos Alberto de Oliveira carlos@znews.com.br Flávio Guerra guerra@znews.com.br REDAÇÃO Coordenador Editorial Douglas Cavallari (MTB 28.890) Redator-Chefe Alexandre Akashi (MTB 30.349) Revisor Geuid Dib Jardim ARTE Designers Ezequiel Leão, Fausto Rapassi Marcos Bravo COMERCIAL Consultores de Vendas Gabriela A. Almeida gabriela@znews.com.br Helena de Castro helena@znews.com.br Richard Faria richard@znews.com.br MARKETING E CIRCULAÇÃO Coordenadora Tatiane Sara Lopez tatiane@znews.com.br Consultor de Negócios Jeison Lima jeison@znews.com.br ADMINISTRATIVO Coordenadora Financeira Luciene Alves administrativo@znews.com.br

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/reparacaoautomotivaoficial www.reparacaoautomotiva.com.br Os anúncios aqui publicados são de responsabilidade exclusiva dos anunciantes. As matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. Circulação auditada pelo

16 Finanças

Os cuidados na hora de montar um orçamento

18 Capa

A manutenção dos freios passa por uma revolução

22 Avaliação

A opinião do reparador sobre o nacional BMW X1

24 Dicas

14

Como não ser enganado pelos barulhos do Fit e Ka

26 Oficina

Os defeitos crônicos do câmbio VW DSG DQ200

28 História

Injeção de combustível: presente desde o 14-Bis

30 Futuro

Como a impressão 3D pode mudar a reparação

32 Mestres

Darci Medeiros: da oficina ao mundo da Fórmula 1

18

ANUNCIARAM nesta edição

A revista Reparação Automotiva é uma publicação da ZNews Editora e Marketing, de circulação dirigida aos profissionais do segmento automotivo para contribuir com o desenvolvimento do setor.

Arprex 5 BorgWarner 31 Corteco 11 Fabrini 10 Fram 25 Fremax 21 Idemitsu 09 King Tony 17 Max Gear 19 Meca Brazil 27 Motorcraft 02/35 Ranalle 07 Raven 15 Tempário 16 TRW 13 Urba e Brosol 29/36 ZNews 34


Entrevista

04

DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O

Em entrevista exclusiva, Daniel Lovizaro, gerente de Assistência, Serviços e Treinamento Técnico da divisão Automotive Aftermarket da Robert Bosch América Latina, revela as últimas novidades da empresa na área de suporte aos clientes, como os treinamentos internacionais e um serviço inédito de atendimento aos reparadores em tempo real, inclusive pelo WhatsApp.

FUTURO Um dos pilares do sucesso da fa-

gada da injeção eletrônica, as ofi-

Lovizaro construiu a sua carreira

bricante de autopeças Rober t Bos-

cinas descobriram a impor tância

na empresa. Admitido como es-

ch é o constante investimento na

de estar sempre atualizadas para

tagiário na engenharia de freios,

capacitação dos reparadores. Na

conseguir conser tar os complexos

foi transferido para o pós-vendas

cidade de Campinas (SP), a em-

defeitos dos veículos modernos.

após ser efetivado. Atuou em pra-

por Alexandre Akashi | foto Marcos Peron

presa mantém um completo Centro

Durante a entrevista, Daniel

ticamente todas as áreas do setor:

de Treinamento Automotivo. São

Lovizaro comentou as últimas ten-

hotline, consultor técnico, gestor

oferecidos mais de trinta cursos,

dências da indústria automobilísti-

de garantia, atendimento às mon-

desde injeção eletrônica até balan-

ca e como os reparadores podem

tadoras e, agora, na coordenação

ceamento de rodas.

se preparar para o futuro. O geren-

geral de toda a equipe.

Todos os anos, milhares de

te de serviços revelou ainda que a

Reparação

profissionais são formados. Além

empresa criou um novo canal de

são as novidades em treinamen-

das atividades na sede, a Bosch

atendimento, ideal para resolver os

tos para os reparadores?

mantém parcerias com várias ins-

defeitos mais difíceis.

tituições de ensino. Desde a che-

Na Bosch, desde o ano 2000,

Automotiva:

Quais

Daniel Lovizaro: A Bosch está sempre atualizando os seus cursos e


Reparação Automotiva 97 | Setembro de 2016 |

lançando novos treinamentos. Atual-

Desde o ano passado, formamos

RA: O problema é que, quanto

mente, o que tem gerado um grande

duas turmas. Para 2017, por causa

mais avança a tecnologia, mais

interesse é o Master Internacional.

da alta demanda, a nossa ideia é fe-

difícil fica conseguir as infor-

RA: Fora do país?

char dois novos grupos, um no pri-

mações técnicas para realizar o

DL: Uma par te dele sim. São

meiro e outro no segundo semestre.

conserto. Como a Bosch auxilia

quatro semanas de treinamento:

RA: E na área de veículos híbri-

os reparadores?

metade da capacitação é realizada

dos e elétricos?

DL: Uma das nossas priorida-

no nosso centro de treinamento,

DL: Até o final do ano tere-

des é trazer serviços que agregam

em Campinas, e a outra par te, no

mos novidades a esse respeito.

alto valor para as oficinas. Desde

centro de treinamento da Bosch

Estamos finalizando um curso

março deste ano, por exemplo, a

em Por tugal, que é cer tificado pela

completo, de uma semana, com

rede Bosch Service conta com um

Universidad de Ávila, na Espanha.

técnicas de diagnose, reparação e

serviço de atendimento exclusi-

RA: Além da experiência interna-

manutenção para híbridos e elétri-

vo, que o reparador pode acessar

cional, quais são os outros des-

cos. Antes disso, lançaremos um

quando não sabe mais o que fazer,

taques do curso?

seminário de um dia, que reunirá

já recorreu a todo o seu conheci-

DL: É praticamente um curso

os principais conceitos tecnológi-

mento técnico, aos manuais e pre-

de pós-graduação na área auto-

cos desses veículos.

cisa de um supor te adicional.

motiva. O reparador aprende as

RA: Já é hora de os reparadores se

RA: Como assim?

mais modernas técnicas de diag-

prepararem para essa realidade?

DL: É uma solução para o dia

nose veicular em veículos do ci-

DL: Acreditamos que os veí-

a dia, um sistema de atendimento

clo Otto, motores diesel, híbridos

culos híbridos e elétricos são uma

à distância com uma equipe alta-

e elétricos. Além disso, durante

tendência. No Brasil, talvez mais

mente especializada que permane-

as duas semanas de capacitação

em longo prazo do que em alguns

ce de plantão em tempo real: pela

na Europa, é feito um passeio

outros mercados. Mas já temos re-

internet, celular e até WhatsApp.

turístico pela Alemanha, focado

latos da nossa rede Bosch Service

Os nossos especialistas conse-

principalmente em pontos rela-

sobre veículos híbridos que chegam

guem trocar informações com o

cionados ao setor automotivo,

às oficinas para a manutenção do

reparador na hora, seja para re-

como museus e outros locais de

sistema de freios, o que exige um

solver as dúvidas mais simples,

interesse dos reparadores.

cuidado especial, uma vez que

como a aplicação de uma peça, até

RA: Quem pode participar desse

possuem a tecnologia de frenagem

as mais complexas, como resolver

treinamento?

regenerativa. Além disso, há um

um módulo de falha específico de

DL: É aberto a todos, tanto re-

investimento muito forte da Bosch,

um veículo impor tado.

paradores da rede Bosch Service

em âmbito mundial, na pesquisa de

RA: Há planos para oferecer esse

quanto os independentes.

veículos autônomos, tecnologias de

serviço fora da rede?

RA: Qual é o valor do investimento?

conectividade e motores ambiental-

DL: Sim, por meio de uma

DL: Com passagem aérea,

mente corretos. Cada vez mais, o

assinatura. A ideia é lançar essa

hotel, tour e todas as outras des-

futuro da indústria automobilística

solução para todas as oficinas do

pesas, sai em torno de R$ 29 mil.

passará por esses temas.

Brasil, num prazo de 60 a 90 dias.

05


Novidades

06

Recorde na Automechanika Entre os dias 13 e 17 de setembro, 44 empresas brasileiras participaram da maior feira de autopeças do mundo: a Automechanika Frankfurt, realizada na Alemanha. Foi a maior presença nacional na história do evento. A maioria dos fabricantes apresentou os seus produtos e serviços no Pavilhão Brasileiro, organizado pelo Sindipeças. Outras indústrias, como a Autolinea, Cipec, Fras-le, Fremax, Zen e ZM, receberam os clientes em estandes próprios.

Ampri comemora 20 anos Fabricante de componentes de direção e kits de motor, a Ampri acaba de completar 20 anos de atividades. Para marcar a data, foi realizada uma festa especial com todos os colaboradores. Muitos deles trabalham na empresa desde a sua fundação. Nos próximos meses, como parte das comemorações, a Ampri também realizará uma série de ações especiais com os clientes de todo o Brasil.

Sebrae realiza encontro de reparadores No dia 10 de setembro, o SebraeSP organizou na capital paulista o fórum “Tendências para Oficinas Mecânicas”. Gratuito, o evento reuniu cerca de 70 profissionais do setor. A revista Reparação Automotiva esteve representada pelo consultor de negócios Jeison Lima. Ao longo do dia, foram

debatidos vários temas, como a importância da inovação, as oportunidades do mundo digital, como ampliar os negócios e o que esperar do próximo ano.

Ford lança o GP Motorcraft 2016 A Ford acaba de lançar uma nova

ganhará um Fiesta Hatch zero quilôme-

edição do Grande Prêmio Motorcraft,

tro. As inscrições devem ser feitas no

iniciativa que tem como objetivo o apri-

site www.reparadormotorcraft.com.br.

moramento técnico dos reparadores in-

Além do carro, os dois melhores profis-

dependentes do Brasil, por meio de um

sionais de cada região ganharão jogos

concurso teórico e prático. O vencedor

de ferramentas.

Sucesso do “Reparação em Foco” Durante a Autop, um dos assuntos mais comentados foi o lançamento do projeto “Reparação em Foco”. Iniciativa da revista Reparação Automotiva e da ZMix Marketing Integrado, a ação pretende transformar a rede de distribuição de autopeças numa grande fonte de novos conhecimentos e oportunidades. Em Fortaleza, mais de quinhentos profissionais participaram das ações de formação e marketing. Nos próximos meses, outras cidades receberão o projeto.

Nakata testa amortecedores A Nakata realizou uma nova edição do Auto Stop. Dessa vez, a ação foi promovida em parceria com a Quick Lane Auto Centro e Pneus, da cidade paulista de Mogi das Cruzes. Os amortecedores dos veículos foram verificados gratuitamente com o uso do shocktester, um equipamento que simula as principais condições de rodagem. Ao final da ação, cerca de 20% dos mais de 30 modelos analisados apresentaram algum problema de suspensão.


Reparação Automotiva 97 | Setembro de 2016 |

Bosch com sensores para ABS A Bosch passa a disponibilizar no mer-

e pequenos caminhões das marcas

cado de reposição uma linha de sen-

Chevrolet, Fiat, Toyota e Volkswagen.

sores de velocidade para os veículos

Entre as principais aplicações, estão os

equipados com os freios ABS da marca.

componentes para a S10, Uno, Fiorino,

Inicialmente, serão 24 itens para auto-

Palio, Siena, Weekend, Strada, Idea,

móveis, utilitários esportivos, pick-ups

Corolla e a linha VW Delivery.

Reparadores em Interlagos A Motrio, linha de peças de reposição da Renault, organizou uma ação especial com os reparadores durante a “Corrida do Milhão”, realizada nos dias 10 e 11 de setembro no Autódromo de Interlagos. Recebidos no camarote da empresa, os convidados puderam conhecer de perto os carros e equipes da Stock Car e do Brasileiro de Marcas. No domingo, cinco foram escolhidos para dar uma volta na pista com um piloto profissional.

07


Mercado 08

por Alexandre Akashi | fotos Divulgação

Nova tendência em

SINCRONISMO Os novos motores 1.0 de três ci-

Para atender ao pedido da

lindros da família GSE, que equi-

Fiat, a Morse realizou um grande

parão vários veículos da Fiat em

investimento na fábrica de Itatiba,

breve (a começar pelo Uno), usa-

no interior de São Paulo. No início,

rão correntes ao invés de correias

serão fornecidos cerca de 300 mil

em seu sistema de sincronismo. É

conjuntos por ano. “Porém, com

uma tendência mundial, de acordo

os novos fornecimentos em ne-

com o fornecedor do componen-

gociação, a nossa meta é dobrar

te, a Morse Systems, unidade de

esse número em poucos meses”,

negócios da BorgWarner voltada

destaca o executivo.

para a produção de sistemas de

Para 2018, a BorgWarner plane-

transmissão de força (correntes,

ja ir além e atingir uma capacidade

tensionadores hidráulicos, rodas

anual superior a 1 milhão de con-

dentadas e acessórios).

juntos, com o início da produção

“A substituição das correias den-

de uma nova tecnologia no Brasil, o

tadas pelas correntes de sincronismo

sistema VCT (Variable Camshaft Ti-

vem ao encontro das montadoras na

ming). Capaz de alterar a abertura e

busca por uma maior eficiência ener-

o fechamento das válvulas de acor-

gética, uma vez que são projetadas

do com as diferentes solicitações do

para reduzir o atrito e gerar menos

motor, otimiza a queima do combus-

ruído”, afirma Wilson Lentini, repre-

tível e, consequentemente, reduz as

sentante da Morse Systems no Brasil.

emissões e melhora o desempenho.

Na busca por uma maior eficiência energética, as montadoras estão apostando no retorno das correntes em substituição às correias dentadas. Para acompanhar essa tendência, a BorgWarner acaba de investir em uma nova planta para fabricar esses produtos no Brasil.

MANUTENÇÃO Geralmente, as correntes de sincronismo necessitam de muito menos manutenção do que as correias de borracha, que devem ser substituídas preventivamente a cada 40.000 km, dependendo do modelo do veículo e da forma de uso. No entanto, isso não significa que as correntes são isentas de manutenção preventiva. “Como são lubrificadas com o mesmo óleo utilizado pelo motor, os motoristas devem ficar mais atentos aos intervalos de troca”, alerta Lentini.



Gestão

10

Cuidado com os Nos últimos anos, o Brasil foi invadido pelas peças

As oficinas que caem nesses golpes quase sem-

falsificadas. Atualmente, a pirataria não tem limites,

pre amargam um grande prejuízo. As peças piratas

e o reparador precisa ficar muito atento na hora da

não têm qualquer garantia e costumam quebrar em

compra. Já foram apreendidos rolamentos, lâmpadas,

pouco tempo. Para piorar, o profissional responsável

filtros, correias, pastilhas, amortecedores, retentores,

pela venda ou instalação de um produto falsificado

juntas, velas, bombas, carburadores, anéis, entre mui-

ainda pode ser processado, principalmente se o com-

tos outros itens. É preciso desconfiar de tudo.

ponente quebrar e provocar um acidente.

Como não comprar “gato por lebre”: ü Preços muito abaixo do mercado não existem; ü Desconfie de representantes que entregam as peças na hora; ü Não caia em papos estranhos, do tipo “eu fui demitido e recebi em peças”; ü Promessas de procedência da mercadoria também não garantem nada; ü Preste muita atenção às embalagens. Os falsificadores costumam usar padrões antigos, caixas brancas imitando itens originais, sacos plásticos ou até fita adesiva;

Es

ü A melhor prevenção é comprar em lojas de confiança ou nas concessionárias; ü Vendedores sérios emitem notas fiscais, evite os recibos feitos à mão; ü Por precaução, arquive as notas de todas as peças que comprar; ü Em caso de dúvida, ligue para o fabricante e informe o código de rastreamento; ü Lembre-se de que as fábricas não têm nenhuma responsabilidade sobre os itens piratas.

das o i o p a o m e t o çã e s a t


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Seja original, seja Freudenberg-NOK

Divisão de Reposição


Negócios

12

Saia do lugar-comum e

GANHE MAIS Existe uma oportunidade para a ampliação dos negócios que a grande maioria dos reparadores tem deixado passar despercebida: ser o consultor automotivo do seu cliente.

por Alexandre Akashi | foto Divulgação

Nos dias de hoje, ganhar dinheiro

blico. “As mulheres são mais questio-

O proprietário da oficina Cobeio

com uma oficina não é tão fácil quan-

nadoras e detalhistas, é preciso saber

Car, Claudio Cobeio, comenta que cabe

to foi antigamente. Apesar do maior

se comunicar muito bem. Além disso,

ao profissional da reparação acompa-

número de veículos nas ruas, a con-

elas prestam mais atenção ao ambien-

nhar a forma de uso do carro e oferecer

corrência aumentou, assim como a

te, então é fundamental ter uma oficina

ao cliente um plano de manutenção de

quantidade de modelos, e os defeitos

limpa e organizada”, alerta Fabiano.

acordo com as suas necessidades.

ficaram bem mais complexos.

A preparação da estrutura tam-

Recentemente, o reparador auxi-

No entanto, o mercado está re-

bém é importante. Para atender aos

liou um cliente que precisou trocar as

pleto de oportunidades. Uma delas,

idosos, o engenheiro recomenda a

pastilhas e, como o carro estava em

segundo o engenheiro Sérgio Fabiano,

adaptação dos acessos para cadeiran-

garantia, recomendou a autorizada.

gerente de Serviços Automotivos do

tes, com rampas ao invés de degraus,

“Liguei na concessionária para saber

IQA - Instituto da Qualidade Automoti-

e andadores, com portas mais largas

o preço das peças e informei o valor.

va, é a especialização em uma marca

e barras de apoio nos toaletes.

Porém, quando ele foi fazer o serviço,

ou sistema. “Hoje em dia é impossível

O público LGBT também é uma al-

me ligou desesperado, pois o orça-

fazer tudo, por causa da enorme diver-

ternativa de negócio. “Geralmente, são

mento apresentado era de mais de R$

sidade de modelos”, pondera.

consumidores com alto poder aquisiti-

4.000,00”, recorda.

Público Outra oportunidade de negócio, segundo Fabiano, é a especialização no atendimento de públicos específi-

vo e que possuem um perfil similar ao das mulheres”, afirma Fabiano.

Consultoria

Além das pastilhas, o consultor da concessionária havia condenado um par de pneus e colocado uma troca de óleo do câmbio, itens desnecessários

Independentemente do tipo de

em um veículo com 17.000 km. “Fui lá

cos, como idosos e mulheres. “Atu-

consumidor e do nicho de mercado

com o cliente questionar o gerente da

almente, 50% dos consumidores de

que o reparador decida atender, existe

oficina. No final, trocaram as pastilhas

serviços automotivos são do sexo

uma grande oportunidade de negócio

e não cobraram a mão de obra, como

feminino”, destaca o gerente.

que a grande maioria dos profissionais

um pedido de desculpas. Se ele não

tem deixado meio de lado: ser o con-

tivesse falado comigo, com certeza te-

sultor automotivo do seu cliente.

ria gasto bem mais”, comenta Cobeio.

Mas é preciso ficar atento a alguns detalhes referentes ao perfil desse pú-



Perfil 14

por Alexandre Akashi | fotos ZNews

Os clientes SE SENTEM EM CASA A Pneus Belém DGP Overhaulin, na cidade de São Paulo, se destaca pela excelência técnica, o uso de componentes de primeira linha e uma sala de espera com serviços de copa e cozinha.

A venda de serviços automotivos ocorre até mesmo sem querer na Pneus Belém - DGP Overhaulin, uma oficina mecânica localizada no bairro do Belém,

ção automotiva no Senai e iniciou a expansão da oficina.

Gestora

na zona leste da cidade de São Paulo.

O crescimento trouxe novos de-

“Muitas vezes, os clientes entram aqui

safios, como a necessidade de or-

para tomar um café e acabam realizan-

ganizar a empresa. “Foi nessa época

do algum serviço extra”, conta o pro-

que decidi deixar o emprego de con-

prietário Julio Mansi.

tadora para ajudar o meu marido”, re-

Desde que foi reformada, em

corda Claudiane Mansi. Com o novo

2014, a Pneus Belém criou um amplo

comando administrativo e financeiro,

espaço “vip”, com sala de estar, TV a

a Pneus Belém se tornou uma empre-

cabo, copa, cozinha e até uma má-

sa muito saudável. “Um passo im-

quina de café expresso e um freezer

portante foi implantar um software de

com sorvetes. “Oferecemos esses

gestão. Antes, usávamos apenas um

confortos como cortesia e isso tem

caderno e o Excel”, revela a gestora.

resultado no aumento do nosso faturamento”, ressalta Mansi.

Reforma

Tradição

casal investiu numa grande reforma.

Com a empresa sob controle, o

A Pneus Belém foi fundada em

Recepção, escritórios e uma sala de

1969 e pertence à família Mansi des-

reuniões foram construídos do zero.

de 1985, quando foi adquirida pelo

Atualmente, a equipe é enxuta, mas

pai de Julio, Maurilio Mansi. “Era

com uma alta produtividade. Além da

uma borracharia falida, meu pai a

esposa, Julio conta com dois “braços

levantou. Eu tinha 10 anos de idade

direitos” na oficina: Luciano Cardoso

e passava o dia na empresa”, lembra

Rocha, que tem 15 anos de casa, e

Julio Mansi. Sete anos depois, ele

José Carlos Cardoso, na empresa há

se tornou sócio do pai. Em 2002, o

mais de 30 anos. Fazem, em média,

empresário se formou em manuten-

200 atendimentos por mês.



Finanças

16

Como monta

r um

ORÇAME

NTO COR

Todo orçamento deve ter: • Data de criação

• Dados e contatos da oficina • Dados e contatos do cliente • Dados do veículo

1

RETAME

A reparação de um veículo envolve uma série de recursos. Por isso, o ideal é fazer um orçamento bem pensado, no qual serão avaliados o problema e as condições do reparo.

2

Também é importante incluir: Faça registros da aprovação: • Descrição de cada serviço;

• Preço da mão de obra (se você trabalha com o método “tempo x valor homem/hora”, informe o tempo de troca para cada serviço e quanto será cobrado por hora); • Especificação e custo das peças que precisam ser trocadas; • Condições de pagamento;

• Previsão para a entrega, após a aprovação do orçamento; • Descontos e cortesias (se houver).

NTE

• Envie o orçamento para o clien-

te e aguarde um retorno; • Documente tudo. Evite obter a aprovação apenas por telefone; • A informação pode ser mal-en-

3 Taxa de orçamento:

• A lei não proíbe a cobrança do orçamento, desde que o cliente saiba que será cobrado e o valor da taxa; • Portanto, valorize sua mão de obra e cobre ao fazer a avaliação;

tendida num contato telefônico. Isso

• Se o serviço for aprovado, como

costuma provocar constrangimentos

cortesia, você pode descontar o valor;

a respeito dos valores cobrados;

• Um software para o cálculo de

• Após a aprovação, o orçamento

orçamentos ajuda muito, informando

não deve ser mudado, a menos que

desde o tempo de cada serviço e as

o cliente seja informado e concorde.

peças que serão utilizadas até a apro-

Nesse caso, documente as alterações.

vação on-line pelo cliente.



Capa

18

A ELETRÔNICA VAI REVOLUCIONAR A

MANUTENÇÃO DOS FREIOS por Alexandre Akashi | fotos Divulgação

No futuro, o sistema de freios dos carros poderá até desaparecer. Acha impossível? A afirmação é do engenheiro César Augusto Ferreira, diretor do 13º Colloquium Internacional SAE Brasil de Freios, que será realizado em 2017, nos dias 10 e 11 de maio, em Caxias do Sul (RS). Segundo Ferreira, a eletrificação e a automação veicular reduzirão drasticamente a necessidade do uso do freio, uma vez que os automóveis “conversarão” entre si e, ao invés de desperdiçar uma grande quantidade de energia para parar, poderão convertê-la em eletricidade. Chamado de regenerativo, esse novo sistema é baseado na reversão da polaridade de um motor elétrico, que passa a funcionar como um gerador e ajuda a desacelerar o carro. Porém, mesmo com essa tecnologia, os veículos também contam com os freios convencionais.

Até pouco tempo atrás, os sistemas tinham apenas componentes mecânicos e hidráulicos. Mas, desde 2014, a eletrônica se tornou um item obrigatório e a reparação ficou bem mais complexa.


Reparação Automotiva 97 | Setembro de 2016 |

ABS Obrigatório Mas, se os veículos híbridos e

“É um sistema robusto, projetado

elétricos ainda são uma raridade no

para resistir às nossas condições de

Brasil, o sistema de freios antiblocan-

uso, porém, exige um cuidado maior na

te ou ABS (Anti-lock Braking System)

manutenção, como trocar o fluido pe-

agora é uma unanimidade. Equipa to-

riodicamente. Muitos motoristas ainda

dos os automóveis vendidos no país

não têm esse costume, e o reparador

desde 2014 e, cada vez mais, está

deve informá-los”, afirma Ferreira.

presente nas oficinas.

O especialista também avisa que

O sistema utiliza um módulo eletrô-

não podem ser usados produtos abra-

nico que monitora o movimento das ro-

sivos ou solventes na limpeza do cilin-

das, por meio de sensores, e gerencia

dro-mestre, sob o risco de danificar a

a atuação do fluido hidráulico. Ao per-

central de válvulas e as vedações do

ceber o travamento de uma roda, alivia

sistema. Outro cuidado é manter os

a pressão e a libera, evitando assim a

sensores das rodas sempre limpos,

perda de controle do veículo.

bem encaixados e na posição correta.

Controle de Estabilidade O próximo passo da frota nacional

Segundo Vilson Tolfo, diretor do

é a obrigatoriedade do controle de es-

Comitê de Segurança Veicular da AEA,

tabilidade (chamado de ESC - Electro-

apesar de se tratar de uma evolução do

nic Stability Control). A partir de 2020,

ABS, a tecnologia obrigará o reparador

passa a valer para os novos projetos de

a fazer uma nova atualização técnica.

automóveis e, dois anos depois, deverá

“É preciso ter cuidado, o sistema re-

estar presente em todos os carros zero

quer um bom conhecimento para se

quilômetro vendidos no país.

efetuar o diagnóstico correto”, ressalta.

Freio Elétrico

De acordo com César Ferreira, outra tendência

tecnológica é a popularização dos sistemas elétricos de freio de estacionamento. Atualmente, esse recurso está presente na maioria dos modelos premium e em alguns veículos de luxo de porte médio. “Para viabilizar o seu uso nos compactos, uma das propostas é colocar o freio de estacionamento na dianteira, que normalmente possui freios a disco. Um fabricante também criou uma solução de freio elétrico para tambores, mas ainda não está disponível no mercado”, explica Ferreira.

19


Capa

20

Elemento de Atrito Qualquer que seja a tecnologia do sistema de freio, o elemento de atrito é uma peça-chave. Vilson Tolfo lembra que, no mercado de reposição brasileiro, o componente só pode ser aplicado se tiver o selo de qualidade do Inmetro. “A certificação garante um mínino necessário

período, é possível que a frenagem

de desempenho, além de dar rastre-

não seja tão eficiente”, alerta.

com a mesma eficiência”, esclarece. Com relação aos cuidados na

abilidade ao componente”, destaca.

César Ferreira recorda que um

substituição dos componentes, Ferrei-

Tolfo comenta ainda que, sob o

desafio atual dos fabricantes é reti-

ra afirma que é comum a atração do

ponto de vista da engenharia, o cor-

rar o cobre das pastilhas. “Os esta-

consumidor pelo menor preço. Porém,

reto seria substituir os discos a cada

dos norte-americanos da Califórnia

nem sempre os itens são iguais. “É

troca de pastilhas. “Sabemos que o

e Washington vão proibir o uso do

preciso comprar a aplicação exata para

mercado não age dessa forma, por

metal entre 2022 e 2025, por ques-

o veículo. Em muitos casos, a diferen-

isso que se recomenda a máxima

tões ambientais. Como o mercado

ça entre as peças é mínima, como um

cautela até as pastilhas novas as-

de autopeças é globalizado, todos

simples grampo de fixação, mas o re-

sentarem nos discos usados. Nesse

estão em busca de outros materiais

sultado final é muito diferente”, reforça.

Dentro da Norma

Limpeza é Fundamental

Lembre-se de que o freio envol-

Limpe bem as pinças de

ve a segurança do motorista, dos

freio antes de recolher os pis-

passageiros, de pedestres e outros

tões para retirar as pastilhas

terceiros. Para reparar o sistema, é

velhas. Também abra o sangra-

fundamental conhecer e seguir os

dor para descar tar o fluido que

procedimentos estabelecidos pela

está dentro das peças. Se esses

ABNT (Associação Brasileira de

cuidados forem ignorados, as

Normas Técnicas) em sua norma

impurezas podem contaminar o

ABNT NBR 14.778.

circuito hidráulico e danificar vá-

FIQUE ATENTO

rios componentes.

Válvula Equalizadora Defeito crônico em alguns

Pinças Eletrônicas Antes de trocar as pasti-

veículos, como nos modelos Re-

lhas, também é muito impor-

nault Logan e Sandero, o vaza-

tante conhecer o veículo e ter

mento de fluido na válvula equa-

a cer teza de que as pinças são

lizadora deve ser acompanhado

convencionais.

com muita atenção. Além de re-

muitas marcas de luxo usam

gular a pressão hidráulica entre

sistemas eletrônicos, que exi-

as rodas dianteiras e traseiras,

gem o uso de um scanner para

uma falha na peça pode deixar o

fazer a recolha dos pistões. Se

carro sem freios.

forçar, é prejuízo na cer ta.

Atualmente,



Avaliação

22

UM BMW CATARINENSE NA

OPINIÃO DO REPARADOR por Alexandre Akashi | fotos ZNews

Fabricada no Brasil, a segunda geração do X1 está um pouco maior do que a anterior e vem equipada com novas tecnologias para uma maior eficiência e economia.

O BMW X1 chegou às lojas no início do

Para quem não abre mão da tração tra-

ano totalmente renovado e com duas gran-

seira, a opção é aplicar R$ 199.950,00 na

des novidades: agora é um modelo nacio-

compra da versão top de linha, xDrive25i

nal e tem tração dianteira. As mudanças

Sport, equipada com um sistema 4x4 sob

geraram sentimentos opostos: a produção

demanda. Sob o capô, o motor TwinPower

na fábrica de Araquari (SC) foi muito bem-

Turbo 2.0, de quatro cilindros em linha, gera

-vinda, e os clientes mais “puristas” não

231 cv de potência máxima a 5.000 rpm e

gostaram da nova mecânica. Mas o carro

fornece um torque máximo de 350 Nm a

foi desenvolvido para um consumidor que

partir de 1.250 rpm. A transmissão é auto-

quase não nota a diferença.

mática e tem oito marchas.

TwinPower Turbo Apresentado ao mercado em 2012, os

O sistema twin-scroll foi usado pela

motores TwinPower Turbo combinam três

primeira vez na Série 5 GT, em 2009, e

tecnologias: injeção direta de combustível,

consiste na divisão dos gases do esca-

sistema de abertura variável das válvulas

pamento que vão para o turbo em dois

com controle eletrônico e turbocompressor. A

canais, o que otimiza a eficiência da so-

denominação usada confunde muitas pesso-

brealimentação. São utilizados dutos de

as acerca do que se encontra sob o capô dos

diferentes tamanhos, um pequeno para

BMWs. Isso porque o nome descreve tanto

baixa rotação e um maior para as rotações

a tecnologia twin-scroll quanto a twin-turbo.

mais elevadas.


Reparação Automotiva 97 | Setembro de 2016 |

Inteligente e Ecológico O modelo 2016 do X1 também

recarrega a bateria quando o carro

to da nova unidade pelo veículo, com

sai de fábrica com novas tecnologias

está em desaceleração, freando ou

o uso de um scanner, para assegurar

de gerenciamento do motor, com

em movimento contínuo. Durante a

que tudo funcione corretamente. Se

destaque para o Driving Experience

aceleração ou qualquer outra condi-

ignorar o procedimento, podem apa-

Control com Eco Pro, a função Auto

ção de uso, o alternador fica desa-

recer mensagens de alerta no painel.

Start/Stop e a tecnologia de regene-

coplado do motor, proporcionando

Outra função interessante no

ração de energia de frenagem. Tudo

um menor consumo de combustível

novo X1 é o BMW TeleServices. O

para ser mais econômico e eficiente.

e um ganho em desempenho.

carro é capaz de transmitir uma men-

O modo Eco Pro auxilia o moto-

Todo o sistema é controlado ele-

sagem para a fábrica informando

rista a adotar um estilo de condução

tronicamente. A bateria é monitorada o

sobre a necessidade de manutenção,

eficiente e economizar combustível.

tempo todo e, se houver necessidade,

como uma troca de óleo, substituição

A vantagem é que o sistema é inteli-

o alternador volta a trabalhar mesmo

de filtros, pastilhas de freio no final

gente e respeita o estilo de condução

quando o veículo está em aceleração,

da vida útil, etc. O concessionário é

de cada um.

para prevenir descargas profundas.

alertado e entra em contato com o

A tecnologia de regeneração

Na hora de trocar a bateria, o re-

dono do veículo para agendar a me-

de energia de frenagem somente

parador deverá fazer o reconhecimen-

lhor data para a realização do serviço.

Na Oficina do

carro passar por um obstáculo mais

BMW X1 chamaram a atenção do re-

Algumas

características

alto, a chance de estrago é grande”,

parador Claudio Cobeio, proprietário

avalia Cobeio.

da oficina mecânica Cobeio Car, lo-

Outro item que chamou atenção

calizada na cidade de São Paulo. “A

foi a ausência da vareta de medição

primeira coisa que me impressionou

do nível do óleo. A conferência é feita

é a quantidade de sensores e com-

eletronicamente e o motorista pode

ponentes eletrônicos espalhados por

realizar o procedimento a qualquer

todo o veículo, não apenas no cofre

momento, desde que o veículo esteja

do motor”, destaca.

parado, com o motor ligado e na tem-

Ao remover a proteção inferior

peratura ideal de funcionamento.

do motor, uma surpresa: a locali-

A troca de óleo e filtro é bem

zação do motor de arranque é ex-

simples. O elemento filtrante é do tipo

tremamente baixa, quase colada na

refil, acessível por baixo do motor.

tampa. “Estranha essa posição para

Basta remover a tampa protetora para

o componente, ainda mais sendo ali-

ter acesso. O óleo deve ser do tipo

mentado com um cabo de energia tão

API SL ou superior, nas viscosidades

espesso. O protetor de cárter não é

SAE 0W-40, SAE 0W-30, SAE 5W-

metálico e aparenta fragilidade. Se o

40, SAE 5W-30.

23


Dicas Técnicas 24

s i a m s a d As dúvintes na recorre

A T A K NA

no nda Fit e o H o d ão ord Ka F suspens s a n lo e s d o o Barulh ão dos m mpeões de ç e ir d e d ca sistema presa. blemas m o e r p a d s o o nic são ento téc e Fiesta im d n e t s no a consulta po

ulgação

tos Div

ashi | fo

dre Ak r Alexan

A equipe de suporte ao cliente da Nakata recebe, com certa frequência, reclamações sobre o aparecimento de barulhos após a troca dos amortecedores traseiros do Honda Fit. Na maioria das vezes, a causa é a montagem invertida dos coxins superiores das peças. “A melhor forma de evitar esse problema é seguir as instruções da bula que acompanha o amortecedor. As imagens indicam como fazer o reparo na sequência correta”, esclarece Jair Silva, gerente de qualidade e serviços da marca.

Ford Ka e Fiesta

O gerente da Nakata ressalta que

“Travar a haste com alicate para

o correto é desacoplar a cruzeta da

facilitar o aperto da porca superior

caixa de direção na hora de fazer a

do amortecedor deixa marcas na

análise. A substituição da peça tam-

peça. Com o movimento da sus-

bém exige cuidados. “É preciso com-

pensão, essas ranhuras danificam

prar um componente de boa quali-

o retentor. O contato entre o metal e

Outro problema campeão de

dade e com procedência. Um item

a vedação é muito sensível e preci-

consultas é o barulho no sistema de

barato, de segunda linha, poderá não

sa estar perfeito”, conclui.

direção dos Ford Ka e Fiesta. A fonte

resolver o problema e colocar a se-

do ruído costuma confundir os repa-

gurança do cliente em risco”, alerta.

radores e muitos fazem um diagnóstico errado, substituindo outras peças

Defeito Colocado

O ideal é o reparador contar com as ferramentas certas para fazer a manutenção de cada veículo. Quem trabalha da forma correta não corre

Por incrível que pareça, até

os riscos de danificar o amortecedor,

“É comum trocarem a caixa de

hoje, a Nakata registra pedidos im-

perder a garantia, ter problemas com

direção. Mas, geralmente, o problema

procedentes de garantia por causa

o cliente e ainda refazer o serviço.

está na junta universal da coluna. Para

do uso de alicate de pressão para

não errar, é importante fazer um diag-

travar a haste do amortecedor. Silva

nóstico mais apurado, verificando se a

destaca que esse procedimento da-

Após a troca dos amortecedores,

cruzeta não apresenta sinais de folga

nifica a peça e provoca vazamentos

outro cuidado importante é o repara-

ou travamento”, explica Silva.

em pouco tempo.

dor acompanhar o nível de desgaste

sem necessidade.

Inspeções Periódicas


Reparação Automotiva 97 | Setembro de 2016 |

das peças nos veículos dos clientes. Segundo Jair Silva, após 40.000 km rodados, é recomendado realizar inspeções periódicas a cada 10.000 km. Nessa avaliação, é preciso verificar se não existem vazamentos, folgas, pneus com desgaste irregular ou danos em outros itens, como coifas, buchas, coxins e batentes. Em complemento, é indicado fazer um teste de rodagem para detectar ruídos ou perda de estabilidade.

SUPORTE COMPLETO O canal da Nakata no YouTube (http://www.youtube.com/componentesnakata) conta com muitos vídeos técnicos sobre diagnósticos de falhas e trocas de componentes. Também é possível obter mais informações no site www.nakata.com.br ou pelo telefone 0800-707-8022.

25


Na Oficina

26

DEFEITOS CRÔNICOS DO

CÂMBIO DSG DQ200 por Alexandre Akashi | foto ZNews

O componente, geralmente encontrado em conjunto com os motores 1.4 turbo da Audi e Volkswagen, tem apresentado falhas no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Entenda os motivos.

Em vários países, o câmbio VW DSG (Direct

utilizada, até o ano passado, nos mode-

Shift Gearbox) tem apresentado problemas.

los Golf 1.4 TSI e Audi A3 Sedan 1.4 TFSI.

Foram tantas reclamações que, em novembro

Atualmente, está presente apenas no com-

de 2013, o grupo anunciou um mega recall por

pacto A1 1.4 TFSI. Por aqui não há um his-

causa dos defeitos no modelo de sete marchas,

tórico de recall para esses modelos. Mas,

o DQ200, principalmente a perda de potência. A

mesmo assim, é impor tante o reparador

ação envolveu 1,6 milhão de veículos das mar-

aler tar os proprietários para buscarem in-

cas Audi, Seat, Skoda e Volkswagen.

formações numa concessionária.

Na época, um por ta-voz da companhia

“Quando a marca detecta que alguma peça

declarou que poderiam ocorrer defeitos

pode apresentar um defeito prematuro, a subs-

elétricos se fosse utilizado óleo sintético

tituição é feita gratuitamente, mas o automóvel

na transmissão. Principalmente, em veícu-

precisa ir à concessionária”, afirma o consultor

los que são submetidos a climas quentes e

técnico da Audi do Brasil, Lothar Werninghaus.

úmidos, associados a um trânsito intenso

“Meu irmão comprou um A6 usado e, quando

com muitas paradas e par tidas. A solução

levou o carro na concessionária para uma revi-

indicada era a substituição do lubrificante

são, foi detectado que aquele veículo tinha uma

sintético por um mineral.

ação de substituição das bobinas. As peças

No Brasil, essa caixa de marchas foi

foram trocadas sem custo”, exemplifica.


Reparação Automotiva 97 | Setembro de 2016 |

Caso Extremo

Nos sites brasileiros de reclama-

ções, a maioria dos casos relatados sobre defeitos no DQ200 é do Audi A1. Em todos há uma similaridade de sintomas: perda de potência e painel piscando um sinal de alerta. A solução proposta também é a mesma: troca de toda a mecatrônica do câmbio, com orçamentos acima de R$ 16.000,00. Porém, em alguns casos, o defeito tem sido extremo, como o testemunhado pela oficina Auto Style, da cidade paulista de São Bernardo do Campo. “Ao remover a transmissão, descobrimos que a caixa do acumulador hidráulico da mecatrônica

“Essa caixa tem apresentado vá-

Finardi. Segundo o especialista, os de-

estava quebrada. Foi preciso trocar

rios problemas em carros novos, com

feitos mais comuns são de vazamentos

todo o conjunto”, recorda o consultor

baixa quilometragem, por isso que a

de óleo pelo respiro e perda de potência

técnico José Carlos Finardi.

marca está deixando de usar”, afirma

ao entrar no modo de emergência.

Reparo Digital Nos casos de vazamentos de óleo e perda de potência, os técnicos da empresa Automatik, da cidade de São Paulo, afirmam que desenvolveram uma técnica capaz de “ressuscitar” a transmissão DQ200. Num vídeo postado no YouTube (no endereço https://youtu.be/y2E9lh8TN1o), eles garantem que encontraram algumas soluções digitais para o reparo da unidade mecatrônica.

HISTÓRIA DO DQ200 O sistema de transmissão de dupla embreagem com auxílio robotizado surgiu nos anos 80, desenvolvido pela Porsche para o modelo de competição 962. Na Volkswagen, a caixa DQ250 foi lançada comercialmente em 2003, primeiro no Golf Mk4 R32 e, posteriormente, no Audi TT 3.2. Projetada pela BorgWarner, conta com seis marchas e suporta até 350 Nm de torque.

Os discos de embreagem trabalham submersos em óleo. O modelo DQ200 foi lançado pela VW em 2008. Desenvolvido pela LuK, tem sete marchas e utiliza um sistema de embreagem a seco, o que acaba gerando alguns ruídos metálicos quando o veículo trafega em pisos irregulares. Seu limite de torque é de 250 Nm, o que a torna ideal para motores pequenos, como o 1.4 TFSI.

27


História 28

Injeção de combustível:

por Douglas Cavallari | fotos Divulgação

ATÉ NO VOO DO 14-BIS No Salão do Automóvel de 1988, com a apresentação do Gol GTi, o Brasil começou a entrar na era da injeção eletrônica. Mas, nessa época, a tecnologia tinha mais de um século de evolução. Quando o inglês Herbert Akroyd-Stuart começou a projetar o seu primeiro motor

Nas Pistas

Com o mundo em paz, a injeção movido a óleo, em 1886, logo percebeu passou a ser muito usada nas corridas. que não seria possível usar um carbura- A estreia aconteceu nas 500 Milhas de

Eletrônica A partir de 1957, a injeção de combustível entrou numa nova era com a chegada da eletrônica. Na época, o consumo e as emissões dos motores a gasolina começavam a preocupar. Apesar de a Bendix ser a pioneira, foi a Bosch que popularizou a nova tecnologia.

dor, que funcionava muito bem apenas Indianápolis de 1949. Um carro com com combustíveis mais leves. A solução motor Offenhauser recebeu um sistema foi criar um sistema de injeção. Alguns projetado por Stuart Hilborn, um engeanos depois, Rudolf Diesel seguiu o mes- nheiro canadense que tinha servido na mo caminho.

força aérea.

Na virada do século XIX, o francês

Na década de 90, a injeção ele-

Leon Levavasseur passou a apostar na

trônica passou a dominar o mercado

novidade para aumentar a potência dos

mundial, tanto nos motores Otto quan-

seus motores aeronáuticos Antoinette

to nos Diesel. No Brasil, a mudança

V8 a gasolina. Santos-Dumont gostou

começou com o Gol GTi e foi conclu-

da ideia e, usando uma unidade de 50

ída em 1998, quando até a veterana

HP, entrou para a história em 1906 com o 14-Bis.

Kombi abandonou os carburadores. Três anos depois, o pequeno

Atualmente, mesmo após mais

Outro grande avanço dos sistemas de fabricante alemão Goliath surpreeninjeção de combustível ocorreu durante a deu a indústria automobilística ao

de 100 anos de evolução, a injeção

Segunda Guerra Mundial. Nos dois lados apresentar o modelo GP700 Sport do front, a tecnologia garantiu a potência equipado com um sistema de injeção

tando. As últimas tendências são os

e a confiabilidade de muitos modelos de mecânica de gasolina, desenvolvido aviões e tanques. em parceria com a Bosch.

unidades diesel common rail contro-

de combustível segue se reinvensistemas diretos (inclusive flex) e as ladas eletronicamente.


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Futuro 30

por Douglas Cavalari | fotos Divulgação

Como a impressão 3D pode MUDAR A REPARAÇÃO Desde o aparecimento dos primeiros carros realmente funcionais, em 1886, os processos de fabricação pouco mudaram. Agora, a manufatura aditiva promete revolucionar todo o setor. Uma das tecnologias que devem mudar o mundo nas próximas décadas é a impressão em três dimensões. Hoje, apesar do custo ainda ser alto, é possível imprimir quase tudo com essas máquinas, desde edifícios até órgãos humanos. Na indústria automobilística, os fabricantes de veículos e autopeças usam impressoras 3D há mais de vinte anos, principalmente para criar os componentes usados nos protótipos de novos modelos. Dessa forma, é possível fazer alterações no projeto gastando muito pouco. Agora, com o avanço da tecnologia, começa a ser viável a impressão de produtos em série,

Até o Carro Todo Algumas empresas inovadoras, como a Local Motors, dos Estados Unidos, apostam na manufatura aditiva para entrar na disputada indústria automobilística com um investimento mínimo. Em 2014, eles apresentaram o Strati, o primeiro carro todo impresso em processo 3D.

concessionárias, fabricando componentes e ferramentas especiais na hora. A Mercedes-Benz saiu na frente e começou a entregar as primeiras peças de reposição impressas no mês de setembro. Por enquanto, são apenas 30 componentes, mas a meta é ampliar rapidamente as opções e o número de países capazes de fabricar os produtos.

Nas indústrias com volumes mais reduzidos, como a aeroespacial e os fabricantes de máquinas pesadas, a impressão de peças já faz parte do dia a dia. A Boeing e a Caterpillar são duas referências nessa área. A Nasa também está investindo pesado na tecnologia.

Na Reparação

O mercado de acessórios também aguarda ansiosamente a popularização da tecnologia. Quando os

para serem aplicados em veículos

Em poucos anos, é praticamente

preços caírem, será possível fazer

novos e usados. As máquinas de

certo que os novos veículos sairão de

a escolha num grande catálogo

última geração podem fabricar as

fábrica com vários itens impressos em

digital, ou até criar algo exclusivo,

peças utilizando diferentes tipos de

máquinas 3D. Provavelmente, essas

imprimir a peça e sair com ela ins-

metais, plásticos ou cerâmicas.

impressoras serão instaladas até nas

talada no veículo.



Mestres da Reparação

32

O APRENDIZ QUE CHEGOU À

FÓRMULA 1

Darci Medeiros é um dos poucos mecânicos brasileiros que sentiram na pele a emoção e a responsabilidade de preparar um carro para competir na Fórmula 1. Ainda na ativa, ele vive sempre à procura de novos desafios. por Alexandre Akashi| Fotos Izilda França e Arquivo Pessoal

Fórmula 1

No universo da mecânica de com-

cação que precisam ser alterados

petição, poucos brasileiros são tão

nos carros que correm atualmente,

conhecidos e experientes quanto

principalmente no que diz respeito

Wilsinho. Tudo começou na Equipe

Darci Medeiros, de 72 anos. Com

ao conforto dos pilotos”, avalia o

Dacon, famosa pelos Karmann-Ghia

o entusiasmo de um garoto, Darci

especialista.

com carrocerias de fibra e motores

Desde 1966, Darci trabalha com

trabalha agora na melhoria dos mo-

A carreira de Darci começou

Porsche. Depois, já na equipe dos ir-

nopostos da Fórmula Vee, uma das

aos 14 anos, como ajudante em

mãos Fittipaldi, participou de vários

categorias mais populares do mun-

uma oficina, época em que tam-

projetos, como o Fitti-Vê, Fitti-Volks

do. “Há diversos conceitos de fabri-

bém estudou mecânica no Senai,

1.600, Fitti-Volks 3.200 bimotor,

no bairro da Lapa, em São Paulo. “A

Fitti-Porsche, Fórmula 2 na Europa,

primeira vez que entrei em Interla-

além, claro, da Copersucar-Fittipaldi,

gos foi aos 16 anos, quando meu

na Fórmula 1, onde foi o primeiro

patrão inventou de correr as Mil Mi-

funcionário contratado.

1974: construção do Copersucar

lhas com um Fusca. Fui como aju-

“Eu era o mais velho entre os

dante e nem imaginava que aquele

mecânicos e sabia fazer de tudo.

seria o meu futuro”, recorda.

Mas, na Fórmula 1, cuidava só de

Pouco tempo depois, conheceu

câmbio. Cada um era responsável

Wilson Fittipaldi Júnior, com quem

por uma parte do carro, só ele me-

iniciou uma longa amizade e parce-

xia, para não ter problema de jogar a

ria, que perdura até os dias de hoje.

culpa no outro”, explica.

“Esse trabalho que estou fazendo

Darci lembra que a carreira

na Fórmula Vee é a pedido do Wil-

como mecânico de Fórmula 1 foi por

sinho”, comenta Darci.

acaso. “Hoje muitos sonham em tra-


Reparação Automotiva 97 | Setembro de 2016 |

balhar na categoria, eu nem imagi-

fazem parte da história do esporte

nava que isso seria possível. Quan-

a motor, como Jackie Stewart, Ron-

do percebi já estava lá”, resume.

nie Peterson, Denny Hulme, Jack

Tudo começou em outubro de

Brabham, Jacky Ickx, Carlos Reute-

1973. Darci era mecânico da equi-

mann e, claro, os irmãos Fittipaldi,

pe de Wilsinho na Fórmula 2. Du-

o maior desafio de toda a carreira

rante uma corrida no Autódromo de

profissional do mecânico foi mon-

Brands Hatch, na Inglaterra, o pa-

tar o Fusca bimotor, projeto em que

trão o chamou de canto para comu-

trabalhou em 1967, muito antes de

nicar que tinha planos para o ami-

chegar à Fórmula 1.

go, e que ele não deveria arrumar

“De repente me vi com dois

emprego quando voltasse ao Brasil.

blocos na frente, dois virabrequins

O trabalho na Fórmula 1 durou

e uma ideia maluca do Wilsinho de

oito temporadas (1975 a 1982) e

montar um Fusca com dois moto-

rendeu as melhores lembranças

res”, lembra Darci, que, após tantos

a Darci. “Os ingleses ficavam de

anos de parceria, ainda permanece

queixo caído ao ver os brasileiros

fiel ao amigo. “Nos últimos anos,

trabalhando. Lá, pontualmente às

além de a gente ter trabalhado juntos

18 horas, eles largavam as ferra-

no restauro de dois carros de Fór-

mentas e encerravam o expediente.

mula 1 da equipe e um Fórmula 2,

A gente continuava na luta até que o

antes dele se aventurar na Fórmula

carro ficasse pronto”, destaca.

Vee, ele me consultou, para saber se

Maior Desafio

eu topava o desafio”, conta. Assim, em breve, a famosa du-

Apesar de ter chegado ao topo

pla voltará às pistas, sempre empol-

do automobilismo mundial e convi-

gados com a expectativa de fazer

vido com personalidades que hoje

mais um projeto vitorioso, aplicando

2004: restauro do primeiro carro

1975: durante o GP da Inglaterra

1979: apresentação do modelo F6

a experiência acumulada em quase 60 anos no trabalho de preparação de carros para competição. E, para quem quer se aventurar por esse caminho, a dica do mestre é que aprenda com os mais velhos, seja criativo e não se limite às conveniências. “Hoje, nas corridas, os mecânicos só vão para a pista trocar pneus e fazer cambagem. Antigamente, era preciso pôr a cabeça para funcionar e adaptar o carro para as mais diferentes situações, na hora. O que sinto hoje é que as competições perderam um pouco desse espírito”, avalia o especialista.

33


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