3 minute read

Síndrome de Burnout na Aviação Agrìcola

LIVRE PARA VOAR

Gleice Silva - gleice.jsr@gmail.com

Na aviação agrícola apareceram alguns desafios a serem superados no âmbito psicológico. Temos pilotos e mecânicos afetados por problemas pessoais ou diversos, os quais provocam redução da atenção e estresse, implicando em uma redução do rendimento de trabalho deixando passar procedimentos de suma importância que poderão provocar o desencadeamento de consequências graves.

Situações de estresse podem aparecer em qualquer etapa da vida, principalmente relacionadas às atividades laborais. Entretanto, torna-se preocupante a partir do momento em que esse estresse alcança um nível alarmante a ponto de o trabalhador entrar em um estado de esgotamento físico e mental, cuja causa está intimamente ligada à vida profissional. Esta condição é denominada Síndrome de Burnout.

Segundo o Dr. Miguem Cendoroglo Neto em seu artigo, a doença atinge, em média, 4% da população. É uma doença silenciosa que pode progredir por vários anos consecutivos. A pessoa descuida da vida pessoal diminuindo o convívio com a família, deixando de lado o lazer por querer se dedicar mais ou totalmente à profissão. Consequentemente, a sobrecarga de trabalho, a pressão e a correria cotidiana fazem com que a exaustão se intensifique e o quadro piore, levando, assim, o indivíduo a um isolamento e, o mesmo, acaba por se desligar emocionalmente da profissão. A Síndrome de Burnout traz consequências graves à saúde física e psíquica. Ressalta “A ideia errônea de que o estresse contínuo é algo normal torna ainda mais complexa a busca de ajuda especializada e o consequente diagnóstico da Síndrome de Burnout.” Além do descaso crescente em relação aos cuidados de si, a doença é caracterizada pela negação dos problemas e o não enfrentamento de situações que o incomodam. O sujeito também passa a descartar coisas importantes como se fossem inúteis. Nessa fase, pode-se definir como uma espécie de colapso físico e mental que pode ser considerado quadro de emergência médica ou psicológica, uma vez que o indivíduo se despersonaliza apresentando características marcadas como depressão, desesperança e exaustão profunda. Para que o tratamento adequado seja feito, é necessário que o diagnóstico se realize de forma eficaz para que não se cometa erros e a síndrome não seja confundida com depressão pela similaridade dos sintomas iniciais. O tratamento, geralmente, se associa ao uso de antidepressivos e medicamentos para diminuir ansiedade e tensão, vinculado ao acompanhamento psicológico através da ressignificação para tornar eficiente o uso desses remédios.

Para a prevenção dessa doença ocupacional, o ideal é avaliar o quanto as condições de trabalho interferem na qualidade de vida da pessoa, comprometendo sua saúde física e mental. O profissional precisa encontrar uma motivação para se desempenhar em suas atividades e, para isso, é necessário que ele não negligencie a sua vida pessoal deixando de lado coisas importantes por querer se auto afirmar em seu trabalho, causando seu esgotamento. Uma mudança no estilo de vida é a melhor maneira de prevenir ou tratar a síndrome.

Não se deve usar como desculpa a falta de tempo para evitar a práticas de atividades prazerosas e exercícios físicos e, é de extrema importância também, a prática de exercícios de relaxamento. Para lidar com o estresse do dia a dia, o ideal é fazer do local de trabalho um espaço harmonioso e saber separar a vida pessoal da profissional para que se mantenha, em ambas, a satisfação e a saúde e não se tornar mais um dos profissionais insubstituíveis enterrados.

Gleice Silva está atualmente estudando psicologia. Ela trabalha na PrevOne Diagnóstico e Prevenção sediada no Brasil. A empresa é responsável pela implementação de Programas de Prevenção e Controle para o Uso de Substâncias Psicoativas na aviação, incluindo a personalização de programas, treinamentos, exames e testes toxicológicos.

This article is from: