Moda & alegria
História pra contar
Branco para crianças
Calçados incríveis e irresistíveis!
As estratégias do marketing infantil
A linda loja Il Gufo, na Itália
www.calcadosanapaula.com.br
Sinônimo de moda arrojada, a Ana Paula apresenta sua nova versão.
A
marca, agora parte do grupo Suzana Santos, retorna aos holofotes ainda mais impactante: atenta às tendências e em dia com as passarelas. Com a tradição de 36 anos no segmento, a grife continua destacando o melhor para os pés femininos e, produzindo artigos exclusivos em couro, celebra a diversidade de estilos da mulher brasileira.
about | editor’s letter
Somos constantemente movidos pelo questionamento do novo. Aqui na About Shoes - e se você é nosso leitor e gosta do nosso conteúdo, então possivelmente compactua com algumas de nossas ideias - temos uma incansável busca por novas referências, novas estéticas, vontades, desejos. A criatividade nos alimenta. Observar (e absorver) outras manifestações criativas, seja no cinema, na música, na arte, literatura, design, arquitetura, etc, compõe um portfólio, forma uma bagagem cultural e estética. Esta riqueza intelectual é o combustível para a inspiração. Não dizem que é preciso tanta transpiração (ou mais) quanta inspiração? Pois a transpiração é a pesquisa, o trabalho, o estudo, o garimpo. Uma de nossas matérias é sobre isso. Entrevistamos alguns brilhantes jovens criadores que se destacam no mercado do calçado para questionar suas fontes de inspiração. O que gostam de ler, para onde viajam, que personagens admiram, que sabores lhes dá água na boca? As respostas, particulares e interessantes, não fazem um mapa da mina nem uma receita pronta - mas indicam a riqueza e a
pluralidade das fontes para se ter boas ideias!! O assunto sobre inspiração volta na conversa que tivemos com Vinicius Bobsin, um jovem videomaker brasileiro que mora na Escandinávia e de lá, com sua sensibilidade e suas referências, agradou a cena da moda que procura conteúdo e significado para suas marcas. E falando de significado, entrevistamos um life coach que toca no assunto do sentido que damos às nossas vidas, nossas rotinas. É preciso inspiração para trazer valor e sentido ao dia-a-dia e, assim, buscar a felicidade. Isso soa clichê? Mas não é, leia a matéria escrita por Arno Duarte. E quero falar de moda: confira já nessa edição um editorial lindo com o preview dos lançamentos de verão. E quero falar de uma novidade: há poucos dias lançamos nosso novo site, que está imperdível, com muito conteúdo, matérias e ideias para você se inspirar! Vá em www.aboutshoes.com.br! Comente, curta, compartilhe! E boa leitura.
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Cristina Pacheco diretora de redação
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capa_FEM.pdf
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www.aboutshoes.com.br No twitter: @about_shoes No instagram: @aboutshoes facebook.com/AboutShoes
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Direção CriativA Júlio Rossi Castilho julio@aboutshoes.com.br C
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Direção de redação Cristina Pacheco cristina@aboutshoes.com.br
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Summer preview
Inspiração
Egocêntrico & adorável
Moda & alegria
História pra contar
Branco para crianças
Summer preview
Inspiração
Egocêntrico & adorável
O verão já chegou na moda
Estilistas revelam suas fontes
Porque Woody Allen é demais
Calçados incríveis e irresistíveis!
As estratégias do marketing infantil
A linda loja Il Gufo, na Itália
O verão já chegou na moda
Estilistas revelam suas fontes
Porque Woody Allen é demais
Capa Summer Foto: Fabian Gloeden Tiragem: 4.500 exemplares
Capa Monochromy Foto: Carlos Contreras Tiragem: 4.500 exemplares
Capa Kids Foto: Manoela D’Almeida Tiragem: 1.000 exemplares
jornalismo Juliana Berwig juliana@aboutshoes.com.br DESIGN Antônio Corrêa antonio@aboutshoes.com.br José Roveda Jr. rovedajr@aboutshoes.com.br ASSISTENTE DE MODA Paola Matte paola@aboutshoes.com.br Gerente comercial Patrícia Ferreira patrícia@aboutshoes.com.br
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ExecutivA de Contas Daniela Freitas daniela@aboutshoes.com.br
Periodicidade: bimestral
Luana Marques luana@aboutshoes.com.br
A revista About Shoes é marca registrada de About Editora Ltda. Rua João Antônio da Silveira, 504 CEP 93510-300 Novo Hamburgo/RS Brasil Fones 51 3239-0311 / 3239-0313 revista@aboutshoes.com.br
Financeiro Sandra Klock sandra@aboutshoes.com.br RECEPÇÃO Camila Klock camila@aboutshoes.com.br
About Editora é uma empresa comprometida com a responsabilidade ambiental, por isso a revista é impressa com papéis com certificação de manejo florestal responsável. CTP, impressão e acabamento: Gráfica Editora Pallotti
FOTOS DE DESFILES ©Agência Fotosite Colaboradores Ricardo Lange Hentschel, Krika Martinez, Roger e Fabian Gloeden, Arno Duarte Manoela D’Almeida, Marina Seibert Cezar, Eduardo Biz, Leonardo Haushild, Carlos Contreras e Tiago Heckler About Shoes não se responsabiliza pelos conceitos e opiniões emitidos nos artigos assinados. As pessoas que não constam do expediente da revista não têm autorização para falar em nome de About Shoes ou retirar qualquer tipo de material para produção de editorial caso não tenham em mãos carta atualizada e datada, em papel timbrado, assinada pela diretoria.
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about |
012 DESIGN, FOOD&DRINKS, SHOPPING, CULTURE, ART 020 new BAGS 022 new SHOES 024 scraps: ALPARGATAS 026 scraps: FRANJAS 028 FASHION PLUS: FLATS 029 COMING SOON 032 POP: SUJOS, FEIOS E MALVADOS (OU NÃO) 034 TRENDS: CALÇADOS INCRÍVEIS NO INVERNO 2013 039 GREEN: IGUALDADE FORÇADA
016 043 INSPIRATION: O GRANDE GATSBY 044 insight: mobilidade e civilidade 050 style: FONTE DE INSPIRAÇÃO 054 MODA: EARLY SUMMER 064 INTERVIEW: GABRIEL CARNEIRO COSTA 067 TALENT: VINÍCIUS BOBSIN 068 CONSUMER: O LEGADO É O NOVO PESO 072 MODA MASCULINA: MONOChROMY
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054 080 MEN’S LIST 082 MEN’S TRENDS 083 sketch: MIU MIU 084 MOVIES: TODOS DIZEM WOODY ALLEN 088 DESIGN: KERRIE LUFT 090 trends infantil: MUNDO PINK 091 trends infantil: BROWN & CIA 092 moda infantil: SWEET WINTER 100 forecast 112 BEAUTY 113 directions 114 last page
about | guest list é mestre em Moda, Cultura e Arte, doutoranda em Ciências Sociais e coordena o Grupo de Pesquisas e Tendências Comportamentais do Centro de Design da Universidade Feevale. Aqui na About, traz sua análise e visão para inspirar novas ideias na coluna Insight. Nesta edição, questiona a mobilidade urbana e valoriza a bicicleta como meio de transporte.
Krika Martinez nunca foi uma adoradora do cinema de Woody Allen, até que um dia comprou um box com vários filmes do diretor em um mercadinho de usados e não sossegou enquanto não assistiu a todos eles. Para escrever o artigo desta edição, ela diz que olhou novamente 80% das produções do americano, que, em sua opinião, “tem um ego do tamanho do mundo”.
Marina Cezar
ARNO DUARTE é jornalista e trabalha com recursos humanos. Adora o que faz, mas não deixa de se aventurar em peças de teatro, videoclipes, música, fotografia, meditação ou em qualquer coisa que estimule expressão e criatividade. Entre projetos pessoais e profissionais, busca a felicidade autêntica nas 30 horas do seu dia. Nesta edição, entrevista Gabriel Carneiro Costa, life coach e autor do livro “O Encantador de Pessoas”.
descobriu cedo na vida que suas paixões são surfar, viajar e fotografar. Já percorreu países exóticos fotografando pessoas interessantes, atléticas e com diferentes experiências de vida. Assim, aprendeu a usar sua sensibilidade para captar a beleza singular de cada indivíduo. Manu realmente acredita nas fantasias que cria nos seus editoriais e vídeos de moda. Nesta edição, ela fotografou o lindo ensaio de moda infantil. Manoela D’Almeida
Henry Mason,
chefe de Pesquisa e Análise na trendwatching.com, é um observador de tendência realizado, analista do consumidor, e apresentador. Ele é graduado em Política e Relações Internacionais pela Universidade de Nottingham e é fascinado, há muitos anos, pela possibilidade de compreender as mudanças. Sejam na sociedade, nos negócios ou na política. Na About Shoes, ele assina o artigo sobre a tendência das Clean Slate Brands, marcas nascidas do zero.
Ricardo Lange Hentschel,
o colunista verde da revista, é biólogo com especialização em Gestão Ambiental e mestre em Botânica e em Restauração Ecológica. Sua leitura preferida é sobre evolução e seleção natural. Gosta de viajar, surfar, e nesta edição traz seu tom realista para evidenciar a importância de práticas sustentáveis. Carlos Contreras, meio chileno meio brasileiro, é fotógrafo e acredita ter sorte por trabalhar e transmitir um pouco do que vê pelas lentes de sua câmera. Sua versatilidade fica clara nos trabalhos. Nesta edição, é autor do editorial de moda masculina.
Fabian Gloeden, fotógrafo, é além de tudo
um criador de imagens. Nesta edição, ele empresta a sensibilidade de suas lentes e seu controle de luz para o ensaio de moda feminina que inaugura a temporada verão para o setor do calçado. divide-se entre São Paulo onde trabalha com trend forecasting na Box1824 - e Novo Hamburgo, onde toca uma marca independente de camisetas chamada Alguns Tormentos. De vez em quando, pega cola e tesoura, coloca fones de ouvido e transforma revistas velhas em colagens. Algumas delas estão nessa edição da About Shoes, ilustrando a coluna Insight.
Eduardo Biz
é publicitário há mais de 15 anos e há 7 gerencia a Cake Trends, agência focada em clientes de moda. Macmaníaco e globetrotter incansável, já trabalhou com design gráfico em Milão e nesta edição fala sobre a influência dos figurinos do “The Great Gatsby” na moda, ou vice versa. Leonardo Hauschild
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about | DESIGN
Requinte em couro Pequeno luxo Utilizando materiais reaproveitados e segurando com força a bandeira da sustentabilidade, a Petit h já chama a atenção dos amantes do design ao redor do mundo. Criada pela herdeira e diretora criativa da Hermès, Pascale Mussard, a marca – que utiliza em seus objetos de decoração restos de couro, porcelana, vidro e tecido que não passaram no rígido controle de qualidade da maison – conta com um atelier em Pantin, nos arredores de Paris, onde peças de arte e decoração ganham vida com ajuda de parceiros criativos. As peças, atualmente, estão à venda nas lojas da grife em Londres e Cingapura.
Com o mesmo cuidado que dispensa à confecção de sua linha de acessórios, a estilista Elisa Atheniense mostra uma nova marca, totalmente voltada para o segmento de decoração. A linha, chamada Fatto a Mano, apresenta requintadas peças de inspiração étnica, em especial almofadas trançadas em tear, além de revestimentos para pufes, sofás e cadeiras. Com know how de sobra na arte de trabalhar um material tão nobre quanto o couro, a criadora espera diversificar ainda mais sua atuação na área e criar coleções exclusivas, como a já desenvolvida para o hotel Four Seasons, no Havaí.
Design móvel 012 I aboutshoes.com.br
Considerado um dos maiores nomes do design atual, e também um dos mais populares, o francês Philippe Starck apresentou recentemente sua mais nova criação: a bicicleta Pibal. Apesar de ainda ser um protótipo, a invenção permite que o condutor a pedale para percorrer longos trajetos, a utilize como patinete em meio aos pedestres e ainda tenha a possibilidade de carregar uma criança sobre a sua plataforma central. O produto – concebido em tons de cinza e com rodas amarelas – foi desenvolvido em parceria com o prefeito de Bordeaux, Alain Juppé, e a Peugeot Cycles.
about | Food & Drink Com o status de ser considerado um dos melhores restaurantes dos Estados Unidos – concedido em 2012 por algumas das maiores publicações sobre o tema – o Bäco Mercat é passeio obrigatório para quem passa por Los Angeles. Situado em Old Bank, na parte central da cidade, mas longe da agitação, o local – que tem a assinatura do chef Josef Centeno – vem atraindo a atenção com uma receita simples: sanduíches requintados, drinks inspirados e ambiente aconchegante. Sem grandes ostentações, o espaço foi planejado pelo próprio criador, com a ajuda de amigos e com móveis de segunda mão. Bäco Mercat 408 South Main Street Los Angeles www.bacomercat.com
Simplicidade americana Pausa para o café Badalado com tudo que carrega a etiqueta de seu criador, o Marc Cafe já é ponto turístico para os que buscam moda e boa mesa em Milão. O espaço, localizado dentro da loja Marc by Marc Jacobs, é obra do arquiteto Stephan Jaklitsch, responsável pela harmonização entre o ponto de venda e o charmoso bistrô. Uma porta de vidro azul separa os dois ambientes, revelando uma mistura de materiais inusitados, como luzes de néon, acrílico transparente e cimento brilhante. O local fica aberto das 7h30 até às 2h e se tornou o “queridinho” de empresários e fashionistas para um delicioso coffee break ou um badalado happy hour. Marc Cafe Piazza del Carmine 6 Milão www.marcjacobs.com
Revival paulistano Um dos points da cidade de São Paulo nas décadas de 70 e 80 está de volta. Sob o comando da dupla Alex Atala e Facundo Guerra, o bar Riviera está prestes a reabrir suas portas no mesmo local onde acolheu muitos intelectuais na época da ditadura militar: a esquina entre a avenida Paulista e a rua Consolação. Mantendo a concepção visual do antigo restaurante, o local será dividido em dois ambientes, com um bar no primeiro andar e um espaço para shows na parte superior. Até mesmo os pratos têm influência do passado, com destaque para um sanduíche montado dentro de uma omelete. Riviera Bar Avenida Paulista, 2584 São Paulo
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about | SHOPPING
Flagship de luxo Em um espaço de 380 metros quadrados, a Chanel acaba de inaugurar uma luxuosa flagship store no shopping JK Iguatemi, em São Paulo. O espaço, que abrange as linhas de roupas, calçados, bolsas e acessórios da maison, foi concebido pelo arquiteto americano Peter Marino, responsável por todas as boutiques da grife ao redor do mundo. A loja é decorada com peças de mármore e bronze, e conta com uma paleta em tons de branco, marfim, preto e vermelho. Nos provadores, obras de arte do artista Peter Dayton deixam o ambiente ainda mais requintado. Chanel Shopping JK Iguatemi Avenida Juscelino Kubitschek, 2041 Vila Olímpia São Paulo/SP
Impacto visual
Elegância francesa Com uma ambientação semelhante à de sua icônica loja na charmosa rue Saint-Honoré, em Paris, a Chloé inaugurou mais um ponto de venda em Nova York. O incrível espaço destaca luminárias e cadeiras vintage em um espaço de 1,2 mil metros quadrados. O interior da boutique valoriza linhas suaves em tom de sépia e dourado em um ambiente que evoca o melhor da elegância francesa. Para celebrar a abertura do local, a maison lançou uma bolsa em edição limitada – chamada Amelia – confeccionada em couro de avestruz. Chloé 93 Greene Street | Soho Nova York 016 I aboutshoes.com.br
Apostando em um projeto arquitetônico de tirar o fôlego, a grife americana Coach impressiona o mundo com a reformulação de sua loja em Tóquio, no Japão. O ponto de venda – assinado pelo celebrado escritório OMA – utiliza caixas de acrílico empilhadas do chão ao teto para atrair os consumidores a partir de todos os ângulos. A iluminação é destaque à parte, dentro e fora do espaço, deixando os produtos da etiqueta, dispostos dentro da estrutura, em primeiríssimo plano. O prédio conta com dois andares – um dedicado ao público feminino e outro ao masculino. Coach Oak Omotesando, 3-6-1 Kita Aoyama | Minato-ku Tóquio
about | Art & Culture
Mundo conceitual
Silhueta desnuda
Para celebrar todas as possbilidades do design calçadista, o Grassi Museum, em Leipzig, na Alemanha, apresenta a exposição “Starker Auftritt: Experimentelles Schuh Design” (em tradução livre, “Forte Atuação: Projeto Experimental em Design de Calçados”). Mais de 200 itens estão em evidência no museu, que exibe peças com formas criativas, excêntricas e conceituais. Entre as criações, estão obras assinadas por nomes como Svenja Ritter, Rhonda Voo, Jeremy Scott, Barbara Zucchi e Kobi Levi. Um dos destaques é um inusitado sapato que remete a uma casca de banana, desenhado originalmente para atriz Whoopi Goldberg. Starker Auftritt: Experimentelles Schuh Design Grassi Museum | Johannisplatz 5-11 | Leipzig De 28 de março até 29 de setembro www.grassimuseum.de
A história indiscreta da silhueta, contada através de lingeries, cintas e corsets, ganha destaque no Musée des Arts Décoratifs, em Paris, a partir de julho. Através da exposição “La Mécanique des Dessous, une Histoire Indiscrète de la Silhouette”, as chamadas “peças de baixo” – usadas para moldar o corpo desde a Idade Média – estarão em evidência no espaço, muitas delas vistas em público pela primeira vez. A mostra conta com mais de 200 itens – entre roupas masculinas e femininas. La Mécanique des Dessous, une Histoire Indiscrète de la Silhouette Musée des Arts Décoratifs | 107 Rue de Rivoli | Paris De 4 de julho a 24 de novembro www.lesartsdecoratifs.fr
Cena de cinema Uma exposição com figurinos, cenários, adereços, câmeras, roteiros e diversos objetos usados pelo cineasta americano Stanley Kubrick chega ao Brasil em outubro deste ano. A mostra – que acontece no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo – é organizada pela viúva do diretor, Christiane Kubrick, em parceria com o Museu Alemão do Cinema e com arquivos da Universidade de Artes de Londres. A icônica coleção, que inclui referências a filmes como “Laranja Mecânica”, “O Iluminado” e “Spartacus”, chega ao país depois de passar pela Alemanha, França, Holanda e Estados Unidos. Stanley Kubrick Museu da Imagem e do Som Avenida Europa, 158 | São Paulo www.mis-sp.org.br 018 I aboutshoes.com.br
about | new bags
combinações
Em muitos lançamentos da temporada quente, predomina o uso de apenas um material, já outros arranjam diferentes cores e materiais.
limpeza
Foto: Agência Fotosite/Firstview
crystal clear Mesmo com a ação decorativa vigente na temporada, muitos modelos abrem mão do artifício, priorizando material e forma.
A transparência é uma das grandes tendências da primavera-verão 2013 | 2014. Roupas (blusas, camisas, saias, vestidos e até calças), bolsas, calçados (todo e qualquer tipo) e acessórios (colares, cintos, brincos, pulseiras e tudo mais) são propostos com diferentes graus de mostra e esconde – do elegante translúcido, que apenas insinua, ao revelador vítreo, que permite total visibilidade.
chain reaction
As alças de correntes – de materiais diversos – são recurso estético notório nas peças da primavera-verão 2013 | 2014.
Valentino
à mostra
020 I aboutshoes.com.br
about | new shoes
Foto: Agência Fotosite | Firstview
down to earth
minimalismo
O minimalismo também está na pauta dos designers. Muitos deles reduziram seus modelos de calçados ao estritamente necessário: sola, salto e tiras.
nova moda
black 4ever
A próxima primaveraverão 2013 | 2014 traz reflexões – e também “novas” soluções – sobre estéticas consagradas há temporadas. O solado dianteiro, mais conhecido como meia-pata – é um dos pontos em questão. Muitos designers abriram mão deste recurso e colocaram os calçados, de todas as formas e os estilos, de volta ao chão. Uma ação que se mostra mais moderna que nunca.
simplificação
Os acabamentos também foram simplificados. As peças finalizadas “a fio” – sem costuras – além de sofisticadas, dão maior ênfase à estética da limpeza. 022 I aboutshoes.com.br
Alexander Wang
Mesmo com uma cartela de cores substancial – que privilegia pigmentos com diferentes intensidades – o preto é referência na moda do período.
About scraps
024 I aboutshoes.com.br
About scraps
about | fashion plus
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FLATS & HYPES
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Bicos finos, arredondados, frentes quadradas, com laços, spikes, bordados, pedrarias. Seja pelo conforto ou pelo look romântico, as sapatilhas ganharam seu lugar no coração das mulheres e seu destaque nas coleções das melhores marcas de calçados do País.
1. Verazzi 2. Wirth 3. Top Vision 4. Mary Pepper 5. Aléxia Fernanda 6. Firezzi 7. Bárbara Krás 8. Beira Rio 9. Crysalis 10. Século XXX 11. Tches 12. I love flats 13. Melissa 14. Ferruci 15. Ana Capri 16. Ferruci 17. Raios de Sol
028 I aboutshoes.com.br
about | coming soon
Um verdadeiro caleidoscópio tem lugar na primavera-verão 2013 | 2014. Misturar padronagens de diferentes estilos é uma ação mais que moderna nos looks do período e não há regras para tanto! Contudo, o resultado deve ter um equilíbrio e deve mostrar certa prudência.
JUNTO E MISTURADO Uma estética ACUMULADORA também faz parte das opções da temporada. Vale MISTURAR as mais variadas referências.
A temporada é fértil em motivos... As opções são muitas e todas contam ainda com inúmeras variações. As estampas florais têm maior visibilidade. Estão disponíveis em formatações pequenas, médias e grandes. Entretanto, são as simplificadas, as opções bicolores, as mais novas.
Entre as opções, temos: padronagens geométricas (listras e quadriculados), efeitos manchados, estampas animalier (leopardo e píton), desenhos computadorizados, motivos orientais, arabescos e mosaicos. Para completar, temos paisagens, camuflagens, borboletas e pássaros.
Dries van Noten aboutshoes.com.br I 029
Sergio Rossi
Valentino
Mary Katrantzou
Delfina Delettrez Diane Von Furstenberg
Michael Kors
the look COLLAGE NOW!
Quebra-cabeça MEGA CHIQUE: vale COMBINAR tudo junto ao mesmo tempo, now!
Illesteva
Emilio Pucci Laurence Dacade
Anya Hindmarch
Balmain
Etro
Chloé Christian Louboutin
Milly
about | POP
Feios, sujos E malvados (só que não) Por Juliana Berwig
Sim, existiu um tempo em que as pessoas esperavam pela salvação do rock. Em algum momento perdido entre o fim do Nirvana e declínio do britpop, quem gostava do gênero esperava por um novo recomeço, com algo – ou alguém – que pudesse devolver ao mundo bem mais do que melodias perfeitas e letras cheias de dor de cotovelo. Era o começo dos anos 2000 quando um grupo de meninos ricos e de cabelos ensebados assumiu o posto com um disco que, para o bem e para mal, ajudou a mudar a ordem das coisas. Com “Is this it”, o Strokes chegava ao topo das paradas e ajudava a definir diferentes caminhos para a música – e também para a moda – com o jeito blasé de quem queria conquistar as paradas com jaquetas surradas, óculos escuros e tênis de cano alto. Mais de uma década depois do estrondo de um disco de estreia com hits e mais hits, os garotos de Nova York não só provaram que não salvaram nada – e nem ninguém – como mostraram que o rock precisava ir além. Entre uma avalanche de críticas, o novo álbum da banda – chamado “Comedown Machine” – chega às lojas cercado de polêmicas, a maioria delas por conta de seus flertes com outras sonoridades. A primeira música divulgada, a controversa “One Way Trigger”, causou alvoroço entre os fãs brasileiros por fazer estranhas conexões com o tecnobrega. No
resto do mundo, a bronca fica por conta da referência oitentista em exagero, marca registrada do trabalho solo do vocalista Julian Casablancas. Se no passado o rock cru, que evocava o melhor de ícones como Stooges e Television, era a cereja do bolo, agora os rapazes mostram amadurecimento – e interesse em explorar novos terrenos. Ao ajudar a popularizar, de forma definitiva, o termo “indie” à cultura pop da década, o Strokes ainda influenciou a moda com toda a atitude descoladinha dos ricos e bem nascidos de Nova York. O impacto foi tanto que, logo após o disco de estreia escalar as paradas, as calças skinny voltaram a cair nas graças do público masculino. Apesar de mais de uma década mais velhos, os rapazes continuam com sua estética de quem não liga muito pra coisa e mostrando o mesmo visual de sempre, mas com alguns quilos a mais e um punhado de cabelos a menos. Até mesmo a capa deste novo trabalho resume bem o desleixo visual – ainda que calculado – da banda: um fundo vermelho e o nome da gravadora em letras garrafais. Uma forma de mostrar satisfação por ser o último trabalho pelo selo RCA? Nas composições, letras com trechos como “você me pediu para ficar, mas há milhões de razões para ir”, podem dar uma pista. A gente espera que eles fiquem.
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about | TRENDS
Nova mania Os saltos médios e bold – grossos – são a nova mania da moda calçado. Uma tendência que deverá ser sucesso também na primavera-verão 2013 | 2014.
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1. Ferrucci 2. Ala 3. Pararaio 4. Verazzi 5. Vicenza 6. Vizzano
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marrons Depois de temporadas sublimados na cartela de cores, os pigmentos marrons sinalizam um retorno, dando um toque de sofisticação ao período. 4
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1. Piccadilly 2. Bárbara Krás 3. Renata Mello 4. Terra & Água 5. Corso Como 6. Anzetutto
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Forever in Elemento estético que orbita a moda há temporadas, o padrão píton permanece em destaque nos lançamentos. O “natural” é opção recorrente. 1
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1. Stéphanie Classic 2. Masiero 3. Bottero 4. Top Vision 5. Bebecê 6. Wirth
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about | green
Igualdade forçada Por Ricardo Lange Hentschel
Lembro bem da minha revolta quando, ainda no ensino fundamental, um colega de classe ausente e irresponsável recebeu a mesma nota que a melhor aluna da sala. A partir daquele dia, pela falta de critério da professora, a turma passou a ser menos interessada. Passados 25 anos, uma situação bem parecida faz parte do nosso cotidiano. Quando um empreendedor bola um negócio e o coloca em prática, ele, obrigatoriamente, vai alterar algum recurso natural do planeta, seja pelo consumo de energia elétrica, pelos resíduos produzidos, pelas emissões atmosféricas, etc. No entanto, muitos empresários passaram a melhorar a linha de produção da sua empresa, diminuindo os danos da produção sobre mundo natural, o que trouxe à tona diversos meios alternativos de se fazer o mesmo produto. É bem verdade que modificar um método produtivo por outro que esteja em melhor sintonia com a preservação, não raro, custa mais ou é mais moroso, ou as duas coisas ou outras mais. Ou seja, é um desafio. O legal da história é que esse diferencial vem sendo considerado pelos consumidores, já é critério para financiamento de bancos e recebem licenças ambientais com mais agilidade, tornando este modelo de negócio cada vez mais competitivo. Na contramão da sustentabilidade, escutamos e lemos nos principais veículos da imprensa que os órgãos ambientais e ONGs são um atraso para o desenvolvimento do País. Ora, que cegueira severa acomete um cidadão que não percebe que necessitamos de atividades produtivas que não exterminem com o ambiente que sustenta nossa existência? Se uma licença não é concedida é porque algum importante aspecto negativo o empreendimento tem! (salvo maracutaias..). Devemos adequar os projetos que são danosos ao meio ambiente, devemos exigir que empresários limpem seus vazamentos tóxicos, devemos vetar processos produtivos que causam alterações irreversíveis ao seu entorno. A maior parte da imprensa brasileira trata a agenda ambiental em segundo plano e discursa sobre um crescimento econômico que leva consigo dois princípios medíocres: o "vai fazendo, depois a gente vê o que acontece" e que devemos tratar do mesmo modo os empreendedores sustentáveis daqueles outros que pouco se importam com a natureza. Já sabemos que sistemas sem meritocracia são fadados à alienação. No entanto, agora, não estamos tratando de sistemas econômicos, nem de salas de aula. Trata-se do único local que temos para viver.
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modificar um método produtivo por outro que esteja em melhor sintonia com a preservação, não raro, custa mais ou é mais moroso, ou as duas coisas ou outras mais. Ou seja, é um desafio.
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1. Tches 2. Cravo & Canela 3. Luz da Lua 4. Esdra 5. Cecconello 6. Gerônimo Nunes
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Mix de inverno Harmonias menos intensas de cores são uma característica desta estação e deverão dar lugar à monocromia em destaque na próxima primavera-verão. 5
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NEW HALL4
infinite creativity
17 TO 19 SETE. 2013 - PARIS-NORD VILLEPINTE
FEIRA INTERNACIONAL DE ENFEITES E COMPONENTES PARA MODA E DESIGN modamont.com
1. Luz da Lua 2. Pararaio 3. Zatz 4. Tches 5. Vicenza 6. Werner
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Trend alert As meias-patas perdem visibilidade... Modelos que abrem m達o dos solados dianteiros parecem mais novos e muito mais modernos. 4
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about | inspiration
O Grande Gatsby Extravagância com perfume art déco anos 20 chega aos cinemas Por Leonardo Hauschild
“O Grande Gatsby” abriu o Festival de Cannes em maio e estreia no Brasil em junho, mas o filme, estrelado por Leonardo DiCaprio e Carey Mulligan, já é um sucesso. Muito por conta de ser aguardado como um dos principais lançamentos do ano, com direção estrelada de Baz Luhrmann, que fez filmes como “Moulin Rouge – Amor em Vermelho“ e trilha que traz Jay-Z, Beyoncé, Lana del Rey, Fergie, The XX, will.i.am e Florence, dentre vários outros artistas renomados. Além de toda essa produção, o longa-metragem tem uma grande responsabilidade fashion por retratar os gloriosos anos 20 e sua festejada art déco, apresentando a high society americana da época. Enquanto a primeira versão, de 1974, exibia Robert Redford no papel de Jay Gatsby vestindo Ralph Lauren, o remake conta com Prada, Miu Miu, joias vintage da Tiffany e cerca de 1,7 mil peças da tradicional Brooks Brothers, marca atuante desde 1818. A loja já teve participações importantes nas
indumentárias de “Glee”, “Mad Men” e “Law & Order“ e agora se consagra com a nova versão do filme. Tivemos o privilégio de conhecer alguns looks na Brooks Brothers de Londres, onde parte das criações entrou para a coleção e está à venda. Outra exposição, em Nova York, apresenta vestidos, sapatos, acessórios e releituras das roupas em estilo déco, desenhadas especialmente para o filme ou pinçadas do acervo da Prada e da Miu Miu. Croquis, imagens de produção e de making of também fazem parte da mostra. Catherine Martin, figurinista de “Moulin Rouge“, “Australia” e “Romeu + Julieta”, comanda o show, que promete ser um capítulo à parte no filme baseado em uma obraprima da literatura americana, escrita por Francis Scott Fitzgerald. A história de amor do oficial da marinha Jay Gatsby e da jovem Daisy é o tema central. Mesmo apaixonados, ela se casa com um milionário insensível, enquanto Gatsby se esforça para enriquecer e conquistá-la, em meio a um novo cenário social.
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about | insight
Mobilidade e civilidade
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Na contramão do pensamento geral das pessoas que entendem, como símbolo do sucesso, andar com carros enormes e possantes, surge um movimento - ainda que tímido - que propõe a bicicleta como meio de locomoção. Mais que uma mudança de hábitos, o que se prega são novos parâmetros para a mobilidade urbana e as possibilidades sustentáveis. Por Marina Seibert Cézar | Ilustração/Colagem: Eduardo Biz
Em um país como o nosso, onde é convencionado acreditar numa paixão incondicional por carros, a aceitação da bicicleta como um meio de locomoção ainda é um desafio. Para muitos, o carro é sinônimo de posição social e poder econômico. Quem tem por hábito utilizar outro meio, é porque não tem condições de manter um. Mesmo que esse fato contradiga o funcionamento de lugares desenvolvidos, onde é rotina ver empresários, convidados de festas e até prefeitos usando metrô ou ônibus como parte fundamental de suas vidas. Aqui, ainda gera grande espanto alguém bem arrumado chegar pedalando. Parece que temos a obrigação moral de, quanto mais temos, mais precisamos mostrar. Camionetes e suas derivações de crossover, picapes, SUVs, nasceram como o propósito de ocupar duas vagas e andar a 30km/hora na cidade. Isso faz sentido e faz bem a quem tem. É a auto definição baseada na escolha do seu transporte que garante a compra do poder pelo ato de possuir um carro. Mesmo que o trânsito não comporte mais, porém como diria a filósofa Márcia Tiburi: “declínio do espaço público ocupado pelos carros em uma sociedade motorizada quando já não há por onde seguir”. E ainda faz uma paródia desse fenômeno com um funeral, como se todos estivessem indo ao mesmo enterro. Convenhamos: ao menos o humor desses motoristas que ficam trancados é condizente. Pois bem, quem sabe deixemos de lado esse pensamento
tupiniquim. Muito ainda precisa ser feito, entretanto muito já dá para se ver: ciclovias, bicicletários, alugueis etc. Há poucos anos, isso nem mesmo era reivindicado. Demorou, mas agora que está sendo internalizada a ideia do uso da bicicleta, até que está se encaminhando de forma crescente. Pode ter iniciado numa alternativa desesperada de fugir dos engarrafamentos caóticos que qualquer média metrópole hoje já encara, ou de tentar mostrar como é possível fazer sua parte para amenizar os danos causados para o meio ambiente. Os ciclistas já adeptos são unânimes sobre defender de que nada adianta focar a atenção para aumentar as avenidas imaginando que assim o trânsito será desafogado. Pelo contrário, isso só resulta em impulso para que mais pessoas comprem carros. Basta ver Copenhague, ícone mundial sobre consciência do uso de transportes alternativos, que chega a criar promoções como o convite para gerar energia através de alguns minutos de pedalada em bicicletas conectadas a um gerador, na troca de um vale lanche. O Crowne Plaza fez isso, uma luxuosa rede de hotéis. Aqui, foi implantada essa técnica num presídio em Minas Gerais que abastece por enquanto uma pequena parcela da iluminação da avenida, mas já é uma excelente intenção. No universo do consumo, algumas marcas aproveitam esse momento e levam em consideração o pedalar como estilo de vida na hora de criar, seja como uma fonte de
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Pensem: quando estamos dentro de um automóvel com as janelas fechadas e o ar condicionado e o som ligados, os caminhos que fazemos viram um grande fardo. Sejam rotineiros ou novidade para nós, o importante é chegar ao local. Entendemos como uma perda aquele tempo do trajeto até chegar ao destino. Por outro lado, quando pedalamos, parece que só então conseguimos realmente enxergar a cidade.
inspiração ou de fato no viés da confecção de uma linha específica para este segmento. Assim, o esporte fino é disseminado discreta e constantemente. Prova disso são as sapatilhas como sapato para qualquer ocasião, assim como as bermudas invadindo o meio social. Entram nessa onda acessórios como as bolsas com espaços mais inteligentes, echarpes para aguentar o vento mais gelado e até garrafinhas de água super estilosas para serem levadas com muita facilidade. A expressão CycleChic se consolida nos capacetes com estampa de onça, nas sacola de supermercado feitas especialmente para serem pendurada nas laterais da bike, cestinhas de vime retrô, buzinas com formatos de pirulito, capas de chuva e galochas de poá, adesivos fluorescentes para além de sinalizar, ainda enfeitar, entre tantos outros acessórios. Já sobre as próprias magrelas, há o que a imaginação permitir: aquelas dobráveis, as mais esportistas, as sinalizadas para noite, com dois ou mais assentos, aquelas com apelo mais nostálgico, com farol central ao estilo lambreta, aquelas de cores pastel e cestinha de palha. Ainda tem a Bicymple, uma versão sem correntes na qual os pedais são na roda traseira. E engana quem pensa que custa mais caro. Uma das pretensões é exatamente baixar o custo e facilitar a manutenção. E se de repente descobriu um parque e deu vontade de relaxar? Sem problemas: com as bicicletas multiuso, basta estacioná-las e abrir um compartimento existente
entre os pneus e retirar o seu kit piquenique, baixando a portinha e fazendo dela uma mesinha com suporte para copos e quitutes. Há ainda as feitas de papelão. Sério. Não é brinquedo de criança: aliás, é resistente e muito baratinha. Pergunte ao israelense Izhar Gafni como se faz. São invenções como essas que começam numa garagem, só a espera de uma empresa disposta a investir na tecnologia. Como hoje já ocorre com as feitas de sucatas encontradas em ferros-velhos, graças ao projeto Bicycled. Tamanha é a atenção dada às bikes, que elas estão invadindo o segmento de decoração. Servem desde aparadouros em hall de entrada até suporte de cuba em banheiro. Na prática, há organizações para passeios ciclísticos com brindes aos participantes, arrecadação de recursos destinados às causas sociais e de quebra, rever os amigos e pegar um sol. Cada vez com mais responsabilidade, como é uma das funções do portal Mobilicidade, que propõe soluções simples para uma mobilidade urbana mais inteligente e com uma preocupação na preservação ambiental, como a utilização de energia solar no transporte e aplicativos disponíveis para download ali mesmo. Ele direciona aos projetos públicos conforme a cidade selecionada: bikeRio, bikePOA, bikeSantos, bikeSampa e assim por diante, e o usuário pode verificar a previsão do tempo para garantir que não vai se molhar durante a pedalada. Incentivos online se espalham, além das mídias sociais que disseminam essa ideia com um
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apelo humorístico, mostrando a bicicleta como o veículo do futuro desde sua origem, só você que não viu. E para aqueles que ainda têm receio de encarar, é só procurar os BikeAnjos, voluntários que ensinam a ter segurança e seguir as regras de trânsito como qualquer outro veículo. Na outra ponta, para aqueles que se sentem demasiadamente à vontade, podem tirar a roupa e fazer parte do World Naked Bike Ride! A participação pode ser na forma de imagens, como ocorre pelo projeto fotográfico “Downtown from behind”, idealizado por Bridget Fleming, que captura uma série de ciclistas em Nova York indo embora, literalmente. De costas, essas pessoas nem sempre são reconhecidas, mas o objetivo é perceber o ambiente urbano em transformação em uma das mais importantes e agitadas cidades do mundo. E assim, cada lugar adota a sua forma de fazer o cicloativismo, inclusive a partir de acontecimentos tristes, que podem servir para reforçar a necessidade da segurança, como o acidente ocorrido com o jovem ciclista que foi atropelado e perdeu um braço em plena Avenida Paulista. Uma bela iniciativa sobre isso é o “Cidades para Pessoas”, projeto que juntou o savoir-faire de uma jornalista com o de uma artista plástica que, claro, só podia dar coisa boa. O intuito foi morar brevemente em mais de dez cidades do mundo para levantar alternativas de melhorias e trazer para a nossa realidade. E muita coisa foi descoberta mesmo, entre relatos e registros fotográficos. Em um dos vídeos feitos, compara a dificuldade de atravessar avenidas em São Paulo com outras cidades. O lema prioritário está na provocação: “está na hora de priorizar as pessoas”. Através dessas buscas, na palestra no TEDxJovem, Natália Garcia propõe uma nova cidade, que inicialmente pode soar utópica, porém é muito exequível se mais gente acreditar em soluções locais. Ou seja, não esperar surpresas agradáveis do governo ou mudanças radicais. O foco da proposta é tentar resolver os problemas aos poucos e com a ajuda de todos. Há ferramentas de planejamento urbano relativamente
simples, e a principal delas parte dos cidadãos que não querem se proteger da rua, mas sim, ocupá-la. Isso mesmo, é de fato usufruir tudo que ela pode oferecer. Pensem: quando estamos dentro de um automóvel com as janelas fechadas e o ar condicionado e o som ligados, os caminhos que fazemos viram um grande fardo. Sejam rotineiros ou novidade para nós, o importante é chegar ao local. Entendemos como uma perda aquele tempo do trajeto até chegar ao destino. Por outro lado, quando pedalamos, parece que só então conseguimos realmente enxergar a cidade. Habitantes que moram há anos no mesmo lugar, agora postam declarações apaixonantes de como seu olhar ficou diferente depois que começaram a pedalar nas ruas mesmo já conhecidas de anos. É a noção de realmente se tornar cidadão, não apenas ser um morador. A cidade começa a fazer sentido, não se resume aos shoppings e sinaleiras vermelhas. É poder fazer seu horário, parar quando quiser para olhar algo mais de perto e mesmo assim, chegar ao trabalho mais rápido, feliz e inspirado. A repercussão de todo esse movimento é um indicativo que se mostra cada vez mais interessante. As mais admiráveis mudanças hoje em dia se originam nas ruas, com jovens (espiritualmente falando) saturados de como se desenrola a política brasileira e então, arregaçam as mangas para mostrar como se faz. Uma vez que não parte de nós melhorarmos o transporte público e o planejamento urbano, a saída é escolhermos por não fazer parte disso, quase como uma forma de protesto. Chegamos num ponto tão desordenado sobre nossos governantes que finalmente estamos liderando, mesmo que timidamente, quem deveria nos liderar, e os ensinando a possuir um senso de reciprocidade, pois é quando pensamos no coletivo que todos saem ganhando. Quem sabe um dia o esporte predileto nessa selva de pedras deixe de ser o acelerador do carro, combinado com uma buzina inconsequente e um som enervante, comandado por alguém que, quando é motorista, se sente desempenhando seu papel mais importante. Um dia, quem sabe.
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about | style
fonte de inspiração Para criar, é preciso bem mais que transpiração: é necessário uma boa dose de percepção e sensibilidade – e tudo isso somado a um olhar apurado para tudo e mais um pouco. Entre desenhos, músicas, materiais e lugares, a inspiração pode surgir em qualquer lugar. Nesta edição da About Shoes, perguntamos onde criadores do setor calçadista buscam referências para dar forma a produtos incríveis. O resultado é um imenso scrapbook, com recortes de viagens inesquecíveis, sabores únicos, imagens marcantes...
Exposição: a sala Van Gogh, do MET
daniela isoppo, estilista da bottero Viagem: Nova York sempre é bom Personalidade: editoras internacionais como Emmanuelle Alt e Taylor Tomasi Hill Filme: “Os Intocáveis”, de Olivier Nakache e Éric Toledan Música: Marisa Monte, Snow Patrol e Adele Imagem: fotografias, sejam de um prédio incrível, uma paisagem de neve ou um desfile, como o último da Dolce & Gabbana Material: peles e pêlos fofinhos
Sabor: cozinha tailandesa em Londres é demais! 050 I aboutshoes.com.br
Sarah Scheffel, criadora da Esdra Cenário: no momento me lembro das águas do Rio Nilo, um cruzeiro passando pelos templos do Egito... Livro: “A Profecia Celestina”, de James Redfield Filme: adoro comédias como “Curtindo a Vida Adoidado” e “Se Beber Não Case” Estilo: o mod e o boho dos anos 60 e 70 e também o minimalismo da década de 90 Objeto: a câmera do meu iPhone, pois nele registro tudo que me chama atenção Material: no couro, amo texturas acamurçadas e nobucadas. E também aprecio formas arredondadas e orgânicas Sabor: curry, baunilha e saladas em geral
Personalidade: Olivia Palermo, Twiggy, Alexa Chung e Florence Welch Música: a do meu casamento, “Use Somebody”, do Kings of Leon
Márcio Porcher, criador da I Love Flats Viagem: Tóquio, Londres, Nova York e Los Angeles, cidades provocadoras Personagem: Audrey Hepburn, Madonna e as harajukus girls Livro: “Fruits”, da editora Phaidon, dica que recebi de Walter Rodrigues Teatro: Cirque du Soleil Década: anos 60 Imagem: a arquitetura de Eero Saarinen Material: o couro, nas suas versões mais nobres, como mestiço e píton Comida: japonesa e mexicana sempre seduzem, mas a tailandesa é insuperável
Trilha sonora: Led Zeppelin, sempre, e Alabama Shakes, que descobri recentemente
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Exposição: “David Bowie Is...”, em cartaz no Victoria and Albert Museum, em Londres Gabriela Piageti, designer da Stéphanie Classic Cenário: as ruas de Londres Personalidade: Miuccia Prada Música: “I’m Shakin”, do Jack White Década: as décadas de 20 e 80 Objeto: folha branca e canetas pretas para deixar a criatividade fluir Material: néon e holográfico reinterpretados Comida: trufas negras
Filme: ”O Grande Gatsby”
Personalidade: Abraham Lincoln
Ramão Reichert, diretor de desenvolvimento da Bureau Design Lugar: as ruas de Camden Town, em Londres, mas também a praia do Rosa e o vulcão Villa Rica, no Chile Livro: “Psicomagia”, de Alejandro Jodorowsky Filme: “O Gladiador”, de Ridley Scott Estilo: casual, com jeans, camisa branca, tênis Onitsuka Tiger e blazer Objeto: todas as criações do designer Philippe Starck Materiais: couro de bodão, fôrma de madeira de sapatos Luis XIV e linho na cor cru Sabor: os fortes, como os da culinária italiana
Trilha sonora: todas as músicas do U2, em especial o álbum “Duals” 052 I aboutshoes.com.br
Julia Fontoura, estilista da Zeket Personagens: minha família Livro: “Oportunidades Disfarçadas”, de Carlos Domingos, assim como livros de estamparia e publicidade Filme: “Árvore da Vida”, de Terrence Malick, e “Meia-noite em Paris”, de Woody Allen Música: “Change the World”, na versão do Babyface e “Talkin ‘bout revolution”, de Tracy Chapman Década: anos 90 Material: a mistura de superfícies rústicas/ tecnológicas e nobres/simples Comida: pizza congelada de mussarela da Dr. Oetker acompanhada de um vinho Carmenère
Viagem: Los Roques, na Venezuela
Imagem: os toaletes do Sketch London Bar, em Londres
Sabor: cozinha mediterrânea
Rafaela Furlanetto, estilista da Vicenza Personalidade: a editora de moda Giovanna Battaglia Exposição: a série de gravuras “Blue Nude”, de Henri Matisse Filme: “Vicky Cristina Barcelona”, de Woody Allen Trilha sonora: cultura pop, no geral Década: o futurismo da década de 60 e suas formas orgânicas e clean Imagem: linhas orgânicas Material: materiais suaves e orgânicos, com acabamentos e texturas diferenciadas
Viagem: Paris, sempre inspiradora
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Por FABIAN GLOEDEN
Blusa Carina Duek, calça Mixed, sapato Stéphanie classic, clutch Sorelle
Vestido Bob么 e sand谩lia Masiero
Look Colcci e sandรกlia anabela Miucha
Calรงa Millena, blusa Talie NK, sandรกlia Cecconello
Look Colcci, scarpin Carrano, bolsa Tassia Ely
Sandรกlia peep toe Crysalis e bolsa Vanda Pires
Blazer, calรงa e top Artsy, sandรกlia ZATZ e bolsa Tricouro
Camisa Pati BO, saia Borda Barroca, peep toe Via Marte e bolsa Di Rossana
Saia Teca Sampaio, camisa Corporeum, summer boot bebecê e bolsa Tassia Ely
Concepção criativa: CLAM | www.nucleoclam.com.br | Fotografia: Studio Org | Assistente de fotografia: Alexandre Pinto | Style: Júlio Rossi | Assistente de produção de moda: Paola Matte | Beleza: Ana Ferrary | Modelo: Marthina Brandt (Ford Models Sul) | Agradecimentos: Showroom Maria Helena, Stile, Borda Barroca e Giovanella
Vestido Bobstore, sand谩lia Biondini, bolsa Di Rossana e cinto I贸dice
about | interview
Quantos anos você ainda gostaria de viver? Essa pergunta pode parecer bizarra e até um pouco incômoda, mas sejamos realistas: a sua estadia aqui na Terra terá um fim. Constatação óbvia? Nem tanto. Todos sabem que morreremos um dia, mas poucos se preocupam em tornar seus derradeiros anos realmente felizes e produtivos. Gabriel Carneiro Costa, um dos precursores do life coaching (algo como um “treinador de vida”) no Brasil e autor do livro “O Encantador de Pessoas” conta como a técnica pode ajudar a tornar esta passagem um tempo melhor para se viver. Por Arno Duarte
Depois de se formar em Relações Públicas, Gabriel Carneiro Costa teve uma empresa de gestão de marcas com faturamento considerável e dedicou muitos anos de vida e saúde em um negócio de relativo sucesso, porém sem o melhor dos retornos: a felicidade. Ao longo de sua carreira como executivo do marketing, desenvolveu estudos paralelos sobre comportamento humano, equilíbrio e sentido da vida, realizando formação específica no Brasil e no exterior. Sabia que o que lhe faria feliz era trabalhar com as relações humanas, mas o medo inicialmente paralisava qualquer movimento de mudança. Gabriel é categórico ao afirma que todos nós temos medos, porém, alguns lidam com o sentimento de forma a contornar o que lhes prende. Utilizando técnicas de coaching de vida, Gabriel elaborou um planejamento para atingir seus objetivos, mesmo que para isso tivesse que perder e arriscar para, no futuro, voltar a ganhar. “Colocou a fralda”, como ele mesmo diz, vendeu a empresa ao sócio, replanejou a gravidez com a esposa, organizou as finanças, tudo de maneira programada para partir no voo cego em busca
da satisfação pessoal. E o medo? Continuava (e sempre estará) lá, mas a atitude na busca da felicidade havia mudado. Numa sociedade que cada vez mais busca resultados imediatos, pensar em longo prazo pode parecer demorado e cansativo demais, e é nesse momento que o life coaching entra na história. Ser feliz não é difícil, mas dá muito trabalho. Todos buscam a felicidade, mas poucos estão dispostos a percorrer o caminho. Embora pareça paradoxal, ser feliz é algo simples que nós mesmos complicamos. A tarefa do life coach (profissional de coaching) é conduzir um trabalho de simplificação da existência, e é neste momento que as pessoas encontram dificuldade. Para Gabriel, uma vida simples não significa uma simples vida. Não é necessário abrir mão de dinheiro e questões materiais. Mas sim, simplificar e dar o devido peso para os fatos passados, para os cenários presentes e para os sonhos futuros. Nesta entrevista, Gabriel Carneiro Costa fala da própria experiência em busca da satisfação pessoal e nos faz refletir sobre nossas vidas e em como podemos nos tornar pessoas autenticamente felizes.
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Como você define a sua atuação como life coach? O life coach é uma espécie de engenheiro da mudança. Não existe processo de coaching sem meta, plano de ação e mudança. O trabalho não é definir o que é uma vida feliz, mas sim estar constantemente atento se o cliente está agindo de forma a se aproximar do seu próprio conceito de uma vida mais feliz. Life coaching é um projeto com o objetivo de transformar, através da ação, a sua própria vida em um lugar mais satisfatório. O life coaching está “na moda”? Porque as pessoas tem procurado mais esse tipo de orientação atualmente? A autoajuda não funciona mais? Coaching como um todo está na moda. Estudo isto desde 2002, quando na época ninguém sabia o que era coaching. Tive o privilégio de estudar com a paulista Rosa Krauz, que foi quem introduziu o tema no Brasil. Acredito que a procura pelo processo de coaching cresceu muito, pois está em total sinergia com os tempos modernos, afinal trata-se de um projeto de curto prazo, que necessita resultados rápidos. É um processo mais raso no que se refere ao autoconhecimento, porém de alto impacto no que se refere a agir em prol de uma meta definida. Sobre a autoajuda clássica, dos anos 90, acredito que realmente esteja perdendo espaço. O conceito de “5 dicas para ser feliz” é hoje altamente questionado. Não acredito que alguém possa dizer como o outro deve viver para ser mais feliz. A ajuda de hoje é aquela que precisa, primeiramente, entender o que o outro deseja, e lhe ajudar dentro da sua própria crença a respeito dos resultados desejados. É uma espécie de sair do “você quer, você pode”, para um pensamento que repito frequentemente: “uma vida feliz dá muito trabalho, mas não é impossível”. Porque você afirma que ser feliz dá muito trabalho? Ser feliz não deveria ser “fácil”? Não basta levar a vida mais leve? Lógico que deveria ser fácil. E ser fácil não significa não dar trabalho. Não existem trabalhos fáceis? Esta é a grande reflexão! Tornar leve é com certeza um dos caminhos, porém justamente o que não costuma ser fácil para as pessoas no mundo atual é tornar suas vidas mais leves. Nós complicamos demais a nossa jornada. Muitas pessoas me procuram para tornar sua vida mais feliz, e quando eu pergunto qual o seu conceito de uma vida feliz, não sabem responder. Acredito que estamos vivendo em um modo automático, dentro de um conceito social do que seja uma vida feliz. Enquanto for assim, não será simples viver em felicidade. É preciso, antes de tudo, que cada um possa definir o que é para si uma vida que faça sentido, e a partir disto, estar disposto às perdas e aos ganhos. Muita gente quer o destino, mas poucos querem percorrer o caminho.
Existe uma fórmula para a felicidade? Bobagem! Como posso eu definir a fórmula da felicidade? Eu vivo a cada dia para descobrir o que me faz feliz, mas não faço ideia do que faça o outro ser feliz. E também considero importante definir, sem poesia, o que seja uma vida feliz. Vemos histórias de pessoas com vidas maravilhosas, nas quais infelizmente não são compartilhados as perdas e os erros que aconteceram neste caminho. E a partir deste modelo social de uma vida “perfeita” nos frustramos, pois na nossa vida existem problemas. A questão é que uma vida feliz não é viver 24 horas sorrindo. Uma vida feliz não é ausência de problemas, mas sim saber lidar com eles. Em minha opinião, uma vida feliz é quando no fim da semana, eu passo a régua e as minhas ações e meus resultados fizeram sentido, me fizeram bem, e me empurram para frente. Nas suas palestras e cursos você pergunta quantos anos as pessoas ainda querem viver. É uma questão que incomoda quando refletimos sobre ela. Ninguém quer pensar que a morte um dia chegará. Como seus clientes encaram esta pergunta e que tipo de “faltas” aparecem nessas reflexões? Gosto de ilustrar esta pergunta com uma vivência que faço em um dos workshops que ministro. É um curso de total imersão e em um dos momentos simulamos a própria morte. É um momento muito triste, onde a grande maioria das pessoas se emociona. Neste momento, eu nunca tive alguém que tivesse ficado mal pela casa ou pelo carro que não comprou. As pessoas ficam mal por experiências que não se permitiram, por coisas que não falaram, por pessoas que se afastaram. É isto que move a vida. Todo o resto é importante, mas é meio e não fim. Diante da visão de morte, podemos mudar a visão de vida. E neste momento me interessa saber quantos anos há de vida restante desejada. O foco do coaching de vida é questionar que existência a pessoa ainda quer para este tempo que sobra. Para mim, pouco interessa de onde o cliente veio. Quero sim é saber para onde ele ainda quer ir. Existem pessoas frustradas profissionalmente e pessoalmente por não estarem realizando seus projetos. Porque existe esta dificuldade em colocar projetos em prática? Falta de dinheiro, tempo, conhecimento? Medo. O medo é o sentimento que mais paralisa as pessoas. Dinheiro, tempo e conhecimento podem, sim, ser aspectos que dificultam um projeto, mas não são impeditivos. O medo impede, pois nos trava. Temos medo daquilo que não conhecemos. Temos medo daquilo que não temos certeza. Porém, o mais interesse é que não temos certeza de nada, pois a vida não é controlável, e o que podemos fazer é apenas gerenciá-la. Um determinado grau, baixo, de medo é importante para que possamos fazer as
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devidas análises, definir planos, prever riscos e etc. Mas chega um momento em que o importante é “colocar a fralda” e ir. Todos nós temos medo. Porém o que muda de uma pessoa para outra é que existe um grupo que decide agir, mesmo com medo. Lá na frente, os pontos se ligam e a jornada faz sentido. Obviamente nem tudo sai como planejado, mas tudo aquilo que é feito em prol de sonhos e realizações acaba sempre fazendo algum sentido. Como as pessoas lidam com a frustração de não terem mais tempo de vida para realizar planos? Há como remediar de alguma forma? Você já teve clientes com expectativa de vida curta e com muitos projetos não realizados? Esta para mim é a pior dor. Aquela quando nos deparamos com o fato de não ter mais tempo para viver e se permitir algo. Porém, é importante entender como estas frustrações podem ser ressignificadas e, ao invés de ficarmos cristalizados em frustrações passadas, colocarmos energia no que ainda pode ser feito. E sempre há o que ainda possa ser feito. Depois que atendi um senhor de 82 anos com uma doença terminal que lhe dava dois anos de perspectiva de vida, mudei todo o meu conceito de mudança com relação à idade. Ninguém mais me convence que não há idade para mudar. Sempre há. E, aliás, sempre devemos estar dispostos a mudar. Muita gente tem medo de mudança, mas eu tenho medo justamente das pessoas que não mudam. Mesmo na perspectiva de apenas dois anos restantes de vida, ainda assim há muito tempo para se permitir novas experiências que ampliem o nosso próprio sentido da vida que vivemos. Você tinha uma agência de marketing e publicidade e mudou radicalmente de área. Quais eram seus maiores medos nesta mudança e como o life coaching te ajudou no processo? Tive todos os tipos de medo: de dar errado, de não saber conduzir, de perder dinheiro, de ficar pobre, de me arrepender, de ser criticado… Assim como tive todos os sintomas: falta de ar, diarreia, dor de cabeça, dor de estômago, insônia, palpitação… Somos todos iguais nos sentimentos. Mas somos diferentes na maneira como conduzimos aquilo que nos acontece. Eu contratei uma profissional de coaching que me ajudou a montar o plano e me encorajar a agir. Sempre que temos um plano, a mente se acalma. Você considera que já chegou ao seu ponto “B” profissional e pessoalmente? Qual é o próximo ponto? Tecnicamente, entendo que o ponto “B” deva ser um grande sonho, um grande norteador. E para chegar neste ponto, temos vários pontos A’s (A1, A2, A3), que são como pequenas metas que me deixam mais próximo do ponto B. Desta forma ainda não cheguei ao meu ponto B. Ainda falta muito, mas, ao mesmo tempo, já faltou mais. Atualmente estou focado na disseminação do meu
“chega um momento em que o importante é “colocar a fralda” e ir. Todos nós temos medo. Porém o que muda de uma pessoa para outra é que existe um grupo que decide agir, mesmo com medo.”
trabalho com o livro “O Encantador de Pessoas” e em palestras por todo Brasil. Nos últimos anos, cumpri diversas metas e sonhos pessoais, e é justamente este reconhecimento que me dá energia para seguir diante dos problemas e frustrações que também ocorreram, ocorrem e ocorrerão. Mas para compartilhar uma meta específica, pretendo chegar em 30 mil cópias vendidas do livro até o fim de 2013. Se você pudesse fazer um contrato com Deus, quantos anos você ainda gostaria de viver e o que ainda quer realizar até lá? Passo o dia inteiro fazendo esta pergunta e confesso que nunca haviam me feito. Mas tenho o meu contrato com as crenças de energia que me guiam. Ainda quero, pelo menos 67 anos de vida pela frente. É muito tempo e não tenho a total clareza do todo que posso realizar. Mas sem dúvida, nesta lista não pode faltar experiências que ainda quero viver com minha família, o prazer de compartilhar um casamento feliz por tantos anos, ver meu filho se realizar naquilo que ele escolher, disseminar o meu ponto de vista ao redor do mundo e compartilhar uma corrente do bem.
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about | talent
Em um campo que um dia foi florido, duas pessoas se encontram, se olham, se tocam, se reconhecem... Com uma trilha sonora cortante, e em pouco mais de um minuto, os personagens mudam de cenário e se perdem em meio a uma grande cidade. A beleza das imagens, retratada em preto e branco, é fruto olhar melancólico de Vinicius Bobsin, designer que trocou o Brasil pela Suécia e a arte da fotografia por vídeos repletos de sensibilidade.
Além do que se vê Com uma câmera na mão e um olhar apurado, um jovem estudante de moda posta um vídeo na internet como exercício para aplacar a solidão de casa. Em meio a imagens trêmulas e planos rápidos, a inspiração era a própria vida, filmada com delicadeza ímpar. Qual a probabilidade de um grande nome da moda não somente assistir a um trabalho tão pessoal, mas se emocionar com o mesmo a ponto de querer transformá-lo no teaser de divulgação de sua marca? Batizado de “Northern Moon”, a pequena criação de Vinicius Bobsin virou objeto de desejo do belga Bruno Pieters, ex-diretor criativo da Hugo Boss e idealizador da Honest By, grife que levanta a transparência da indústria fashion ao mostrar ao consumidor o preço de cada material utilizado. O resultado do encontro não poderia ser melhor: a produção de um filme exclusivo para divulgar todo o diferencial – e toda a filosofia – por trás da marca que busca revolucionar o conceito de consumo consciente. Para Vinicius, a parceria rendeu bem mais do que um vídeo. “A aproximação foi totalmente orgânica. Eu, que já vinha tentando, a cada dia, ter uma vida mais e mais em harmonia com a natureza e o mundo, depois de colaborar com a Honest By, fiquei ainda mais alerta para todas essas questões. E aquela frase de Gandhi, “seja a mudança que você deseja ver no mundo”, que o próprio Bruno utilizou quando lançou a grife, faz cada dia mais sentido pra mim. Eu o admiro e respeito
muitíssimo”, comenta. O conceito não é totalmente desconhecido para o brasileiro, que se diz influenciado pela natureza e por coisas singelas da vida – seja no Brasil ou na Suécia. “Acho que foi por isso, afinal de contas, que eu acabei me mudando para o lado de uma floresta. Além disso, minha estética é muito influenciada pelos meus sentimentos. Apesar de ser uma pessoa alegre, algumas emoções, como a minha melancolia, e até a tristeza, são mais fáceis de serem trabalhados, seja em uma foto ou em um vídeo”, afirma Vinicius. A fotografia, aliás, foi a primeira paixão do designer, que diz preferir as antigas máquinas analógicas à frieza das câmeras digitais. Dividido entre as duas plataformas, Vinicius segue a vida com um olho aberto para o novo. “O mundo e suas possibilidades infinitas, o amor, a tristeza, a amizade… Tentar expressá-los com meu trabalho é, para mim, um dever”, filosofa. A rotina na Suécia, país que define como grande criador de tendências, também é fonte de inspiração, assim como sua plantação de flores e legumes orgânicos. E o futuro? “Meus planos são que meu jardim floresça muito esse verão, que eu seja a mudança que eu quero ver no mundo, que eu continue estudando e criando… Ah, e espero que as empresas que produzem filmes para câmera analógicas continuem existindo”, finaliza.
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about | consumer
Hoje, o legado é o novo peso Por Henry Mason, do site trendwatching.com
Uma profunda mudança de poder está ocorrendo na arena dos negócios. Com toda uma nova fornada de marcas novas que seguem as regras do Business 3.0, os consumidores hoje acabam se sentindo atraídos por marcas desconhecidas, que ainda não se comprovaram, da mesma maneira em que no passado eram atraídos por marcas estabelecidas. Aliás, “estabelecido” é agora, com frequência, só mais uma palavra para dizer “cansado”, quando não “sem graça”.
TESÃO POR NOVIDADE Por que, para os consumidores, “novo” agora de fato significa “melhor”. A arena de consumo nunca esteve mais fixada no que é “novo”. Graças à democratização e à globalização das inovações (isso sem mencionar a celebração do empreendedorismo), marcas e indivíduos de todos os cantos do mundo agora trabalham sem descanso para imaginar e lançar infinitos produtos e serviços novos, que sejam verdadeiramente melhores e mais emocionantes do que a oferta atual. As barreiras mais fracas de entrada passaram de boca a boca à realidade, principalmente online. Os novos competidores são naturalmente mais ágeis e têm foco certeiro naquilo que os consumidores querem agora (e não ontem), mais do que as grandes marcas carregadas de legado que são sua concorrência. Animados com as experiências positivas de um “novo” que é de fato “melhor”, os consumidores estão famintos por mais.
INSTANT TRUST Por que os conumidores se sentem imediatamente à vontade para se voltar às clean slate brands e até as preferem O conceito todo de “marcas” repousa sobre a ideia de que os consumidores precisam de símbolos reconhecíveis e confiáveis, polidos ao longo de muitos anos, para ajudá-los a manobrar a enormidade de escolhas disponíveis. No entanto, esta ideia está sendo jogada de lado por uma arena de negócios* hoje caracterizada por confiança instantânea. * Esta tendência é mais relevante em economias maduras, onde a confiança em grandes empresas nunca foi menor: apenas 28% confiam em grandes empresas no Reino Unido, 30% no Japão, 32% na Austrália, 33% nos EUA e 34% no Canadá. Em mercados emergentes, no entanto, o nível de confiança dos consumidores é muito mais alto: 83% na China, 72% na Turquia, 65% no Brasil e na Índia (Havas, janeiro de 2013). A questão é a seguinte: será que as grandes empresas vão conseguir manter esta confiança?
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Quatro forças hoje fazem com que os consumidores se sintam imediatamente à vontade em se voltar para as marcas que começam do zero (e até dar preferência a elas):
RECONHECIMENTO IMEDIATO Agora que as experiências são cada vez mais compartilhadas, e até o mais novo do novo é imediatamente avaliado e compartilhado, os consumidores se sentem mais seguros para adotar novidades cada vez mais rápido. 92% confiam nas recomendações de amigos e familiares acima de qualquer forma de publicidade, um crescimento de 18% desde 2007. As opiniões de consumidores online são a segunda fonte mais confiável para informações sobre marcas, com 70% de taxa de confiança, um crescimento de 15% desde 2008. Os anúncios de televisão receberam a confiança de apenas 47%, menos 24% desde 2009. (Nielsen, abril de 2012)
NASCIDAS CLEAN As marcas que começam do zero refletem melhor o espírito dos tempos. O fato de que todas elas são (por definição) recém-estabelecidas significa que com frequência possuem “novos” valores de negócio – como padrões ambientais, éticos e sociais mais elevados – profundamente enraizados em seus modelos e práticas de negócios. Para atestar, basta ver como os valores de novos negócios locais com história, sustentáveis e progressistas têm sido apropriados de modo consistente por grandes empresas que tentam acompanhar os avanços neste sentido.
UMA VERDADE SIMPLES As operações simples e enxutas das novas marcas (que incluem tudo, de práticas de trabalho justo a cadeias de fornecedores transparentes, passando pelo design limpo) são fáceis para o consumidor entender – e, portanto, confiar nelas. E com um escândalo após o outro (de produtos financeiros a carne de cavalo) atribuído à “complexidade” excessiva das coisas, quem pode culpá-los? As marcas que simplificam a tomada de decisão dos consumidores têm 115% mais probabilidade de serem recomendadas. (Corporate Executive Board, maio de 2012)
FÉ FUTURA As práticas de negócios hoje são totalmente transparentes (se não são, só estão esperando para serem expostas). As marcas novas sabem disto. Os consumidores sabem que as marcas novas sabem disto. E isto explica por que, além do fato de que as marcas novas, quase por definição, não podem ter cometido nenhum pecado por enquanto (afinal de contas, elas acabaram de começar), os consumidores acreditam que irão agir corretamente no futuro também. 64% dos consumidores acreditam que as maior parte das empresas só tenta ser responsável para melhorar a sua própria imagem. (Havas Media, 2011) Ou, para colocar de outra maneira, muitas marcas “antigas” foram estabelecidas na época do capitalismo industrial, quando a confidencialidade era fonte de vantagem competitiva e os acionistas incentivavam a busca do lucro a qualquer custo. Agora o mundo mudou, mas até as marcas com mais idade que desejam se reposicionar têm dificuldade de lidar com disputas internas, complicações relativas a herdeiros e cadeias de fornecimento opacas.
ONGs e empresas sociais não passam ilesas pelo fenômeno das clean slate brands. Um exemplo: Who Gives a Crap é uma marca de papel higiênico da Austrália que doa 50% de seus lucros para ajudar a instalar banheiros em países em desenvolvimento. A marca atingiu seu objetivo no site de crowdfunding Indiegogo em agosto de 2012 com a arrecadação de USD 50 mil em 50 horas. Um pacote com 24 rolos da marca custa USD 20. Isto é prova de que existe lugar para as clean slate brands até nos setores mais estabelecidos e “maduros” ;-)
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PÚBLICO DECIDE SOBRE CUSTOS DE PRODUÇÃO Coffee Joulies é uma empresa sediada nos EUA que permite aos consumidores decidirem sobre a mudança de suas operações para a China. Em dezembro de 2012, os criadores do Coffee Joulies (um produto que permite manter bebidas quentes aquecidas por mais tempo) pediu aos consumidores que votassem para determinar se a marca devia transferir a produção de sua fábrica norte-americana para uma outra mais barata, na China. Os consumidores podiam ajudar a decidir o endereço da produção usando um código de cupom dos EUA ou da China. Para refletir o custo mais baixo da fabricação chinesa, o cupom da China valia USD 10; já o dos EUA valia apenas USD 5.
“As CLEAN SLATE BRANDS com frequência possuem “novos” valores de negócio - como padrões ambientais, éticos e sociais mais elevados profundamente enraizados em seus modelos e práticas de negócios.”
As marcas novas são nativas de uma terra em que a comunicação com as marcas têm duas vias, é participativa e menos cerimoniosa e, assim, são capazes de se conectar com os consumidores de uma maneira que representa dificuldade para marcas mais antigas. Seja por meio da oferta de apoio financeiro, ao ajudar a delinear as operações de uma marca ou até mesmo com a contribuição a um produto em si (veja os exemplos Coffee Joulies, acima e Waze, abaixo), os clientes das novas marcas geralmente sentem que têm mais controle – um desejo humano básico – e que têm uma relação importante com a marca*. * Sim, nós também detestamos a ideia de que todos os consumidores desejam “ter uma relação” com qualquer marca das quais compram ;-) Existem muitas compras que são e continuarão sendo meramente funcionais. Mas até em categorias em que o “baixo envolvimento” é tradicional, tais como limpeza doméstica, as marcas novas que tenham história e identidade forte podem se dar bem.
WAZE: COMPARTILHANDO PROBLEMAS NO TRÂNSITO Para um exemplo de como os consumidores com frequência estão dispostos a oferecer mais informações a clean slate brands, é só examinar o caso do Waze, de Israel, um aplicativo de trânsito e navegação para smartphone que funciona com informações pessoais divulgadas pelos usuários para formar mapas editados por comunidades. Longe de causar revolta nos clientes, em 2012 o Waze aumentou sua base de uso de 10 milhões para 36 milhões de pessoas. Uma das razões para isso é que o compartilhamento contribui para fazer um produto melhor: os mapas são atualizados de modo constante e incorporam mudanças “em tempo real” por meio dos dados dos usuários. O Waze também tem um lado social, em que os usuários têm a possibilidade de se conectar com outros motoristas e compartilhar informações sobre problemas no trânsito e preço da gasolina.
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UM BANCO TOTALMENTE DIGITAL Simple: Start-up de banco digital focado em serviços ao consumidor tem lista de espera com mais de 125 mil pessoas O Simple oferece aos usuários operações bancárias simplificadas e acessíveis na internet e por meio de aplicativos móveis. Apesar de não ter o legado nem a presença física de um banco tradicional, o Simple lançou suas operações completas em julho de 2012 e começou a atender a lista de espera de 125 mil clientes que vinha se formando desde que o lançamento tinha sido anunciado, em 2010.
Esportivos de luxo desenvolvidos no Oriente Médio Não, as clean slate brands nem sempre vão ser mais limpas nem mais progressistas (infelizmente). Em janeiro de 2013, a W Motors, sediada em Beirute, apresentou o HyperSport no Qatar Motor Show. Com motor de 750 hp, o HyperSport é capaz de alcançar a velocidade máxima de 386 km/h e custa USD 3,4 milhões. A marca (que é a primeira de carros esportivos de luxo da região árabe) tinha planos para produzir apenas sete unidades do hipercarro, mas recebeu mais de cem encomendas na semana seguinte ao lançamento. Este é um sinal de que consumidores com muitíssimo dinheiro vão gastar quantias seriíssimas em uma clean slate brand sem histórico nem legado, mesmo que isso envolva mandar um “foda-se” retumbante para qualquer preocupação ambiental :-(
IMPLICAÇÕES e OPORTUNIDADES: Primeiro, vamos esclarecer uma coisa. A tendência das clean slate brands não vai acabar com todo o desejo por marcas com histórico e legado. Ainda vai haver consumidores, pelo menos durante uma parte do tempo, que vão se voltar a produtos estabelecidos e comprovados de marcas confiáveis e bem respeitadas. Nosso tesão por marcas ilustres remonta há décadas, se não há séculos. Lembrese: nenhuma tendência jamais se aplica a todos os consumidores, nem o tempo todo. Mas clean slate brands é uma tendência impulsionada por uma mudança profunda nas preferências dos consumidores e, deste modo, deve animar os empreendedores ao mesmo tempo em que faz com que profissionais dos negócios questionem imediatamente a atitude, o tom a estrutura e a abordagem de suas marcas. E apesar de as fileiras das clean slate brands provavelmente estarem cheias de pequenas empresas inovadoras e start-ups revolucionários, as características por trás das que tem sucesso podem ser adotadas por qualquer marca, incluindo as grandes e antigas. Veja algumas considerações.
Aprenda com o ímpeto das clean slate brands e aproveite a oportunidade para fazer as coisas de um jeito diferente. Pense em novos produtos. Reduza a complexidade: enxugue o inchaço de portfólios produtos e de estruturas empresariais. Injete clareza e velocidade à tomada de decisões e observe como os consumidores vão achar muito mais fácil entender tudo sobre a sua marca. Absorva responsabilidades: veja como até marcas estabelecidas tentam se manter sempre renovadas com compromissos sérios com a sustentabilidade. Tenha uma voz autêntica, além de algo interessante a dizer – assim, grandes marcas também vão se conectar de maneira significativa com os consumidores. E se a sua marca parece grande demais e seria improvável que ela se tornasse uma clean slate brand, então por que não fazer uma parceria com alguma outra marca que tenha essa possibilidade, ou até mesmo contribuir com ela? Fonte: www.trendwatching.com. Uma das maiores empresas de análises de tendências, trendwatching.com envia mensalmente Trend Briefings em nove idiomas, para mais de 160 mil assinantes em todo o mundo.
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Calรงado FERRACINI
Por CARLOS CONTRERAS
Sapato Villione e bolsa Bennemann
Calรงado WEST COAST
Calรงado BULL TERRIER
Abotinado NewComfort
Calรงado FREEWAY
Abotinado KILDARE
Fotografia: Carlos Contreras | Fot贸grafo Assistente: Lucas Martins de Mello | Beleza: Thiago Costa | Moda: Geco Nihchke | Assistente de Moda: Paola Matte | Tratamento de Imagem: Tales Teixeira | Modelo: Gilberto Fritsch (Ford Sul) | Est煤dio: Area Coletiva | Agradecimento: Jonathan Scarpari
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Neo tirolês O tradicional estilo tirolês ganha variações atualizadas por cores e modelagens. Casual por excelência, ganha ares sofisticados com o trio de cores frias: azul, púrpura e verde. 1. Free City 2. Kildare 3. Police Men 4. West Coast 5. Marc by Marc Jacobs 6. Barbour 7. Sândalo 8. Mundy 9. Werkstatt München 10. The North Face 11. Paul Smith 12. Martin Margiela 13. PS by Paul Smith 14. RPS 15. Dsquared
17a RODADA DE NEGÓCIOS
OUTONO INVERNO
2014
DE 05 A 07 DE NOVEMBRO DE 2013 Local: INFINITY BLUE RESORT & SPA BALNEÁRIO CAMBORIÚ - SANTA CATARINA HORÁRIOS Dias 05 e 06 das 10h às 21h | Dia 07 das 10h às 18h
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about | men’s trends
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A moda masculina volta a sugerir um novo posicionamento aos homens. Os calçados amarrados com atacadores viraram mania nas passarelas e deverão ganhar os pés dos mais modernos. 1.Ferracini 2.Jorge Bischoff 3.Pegada 4 e 5.Villione Armani | Burberry | Valentino | Louis Vuitton | Z by Zegna
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about | men’s trends
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A moda masculina volta a sugerir um novo posicionamento aos homens. Os calçados amarrados com atacadores viraram mania nas passarelas e deverão ganhar os pés dos mais modernos. 1.Ferracini 2.Jorge Bischoff 3.Pegada 4 e 5.Villione Armani | Burberry | Valentino | Louis Vuitton | Z by Zegna
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about | Movies
Todos dizem
Woody Allen 084 I aboutshoes.com.br
Woody Allen soma 48 longas-metragens em seu currículo. E em todos – eu disse, todos! – temos pelo menos algum personagem que, de uma ou outra maneira, é o próprio diretor. Alguém que faz tantos filmes e agrada críticos e público na mesma medida, só pode ser onipresente dentro e fora das telas. E não, não vamos falar da sua vida pessoal atribulada e sim de seu trabalho. Por Krika Martinez
N
ascido em Nova York, no bairro do Brooklyn, Woody Allen foi um jovem de classe média que teve seus primeiros trabalhos como comediante apresentados em bares e casas noturnas. Daí a ser conhecido como a grande renovação do humor judeu foi um salto – e um tiro direto das linhas dos roteiros para as grandes bilheterias do cinema. A carreira que começou aos 15 anos, com tiras cômicas para jornais locais, acabou com uma assinatura icônica que recebe propostas para que seus filmes sejam realizados em alguns dos lugares mais emblemáticos do mundo. Ou vocês acham que Barcelona, Paris e Roma, cenários de seus últimos filmes, foram escolhidas por serem cidades lindas e maravilhosas? Ok, por isso também, mas principalmente pelo fato de todas terem oferecido grandes ajudas econômicas para que as películas fossem realizadas em suas ruas. E quem diz não a um privilégio destes? Ninguém, muito menos Woody Allen, que aproveita e coloca toda a sua imaginação em histórias que poderiam estar na sua cidade predileta, Nova York, mas que ganham a força e a caricatura local em outras fronteiras. Sim, porque sempre que se vai a Paris é possível encontrar alguém que sabe tudo sobre arte. E em Roma, o típico estudante americano que acha tudo lindo e maravilhoso. Ou seja, clichês da vida que fazem parte do nosso cotidiano e que o diretor cria e recria nas telas do cinema. Assim como Allen “ganha” para gravar nestas cidades, elas também “ganham” em número de turistas e curiosos, que querem ter a visão do diretor sobre suas ruas e praças. Em Barcelona, há uma rota em cima de um de seus longa-metragens e o mais divertido é que envolve lugares não muito conhecidos e que estariam longe de qualquer roteiro de visitantes estrangeiros. E assim começamos uma lista explicando porque os filmes de Woody Allen são tão bons.
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Gente de talento, sempre Woody Allen só trabalha com gente de talento, e isso vai desde a equipe de produção, que tem que encontrar as locações perfeitas para rodar os seus filmes, até os atores. O diretor é perfeccionista e busca uma equipe na mesma medida. Até porque ele costuma oferecer um cachê comum – e igual – para todas as suas estrelas. O elenco? Feliz da vida por trabalhar com ele e ainda de quebra ter a possibilidade de ser “oscarizado”. Sim, ele é o diretor de cinema que mais deu chance para seus astros receberem uma estatueta. Musas lindas e problemáticas A maioria dos filmes de Woody Allen fala sobre amor e desamor. E claro, uma linda mulher não poderia deixar de faltar para que a história neste contexto seja bem contada. O diretor está sempre em busca da atriz perfeita e quando a encontra faz com que ela o acompanhe não só por um, mas por três ou quatro filmes. A mais emblemática musa foi Diane Keaton, que além de ser linda, possui um talento inacreditável para representar o estereótipo feminino mais emblemático de seus filmes: a de mulher bem sucedida, inteligente e que não consegue se decidir entre um amor ou outro – ou que simplesmente não consegue se decidir por nada. Logo depois, vieram Mia Farrow (sua ex-mulher), Scarlett Johansson, Penelope Cruz, Helen Hunt, Drew Barrymore... Mas eu chamo a atenção para Mira Sorvino, que ganhou um Oscar pela sua interpretação em “Poderosa Afrodite” (Mighty Aphrodite). Homenagens ”cabeça” Escritores, cineastas e músicos... Todos aqueles a quem Allen admira estão retratados nos seus filmes. Eles aparecem inseridos em diálogos, ou mesmo em carne e osso, como acontece em “Manhattan” com uma aparição do filósofo da comunicação Marshall McLuhan. E podemos seguir a lista com exemplos mais icônicos, como Ingmar Bergman e Anton Chekhov. O humorista Groucho Marx ganhou até mesmo uma festa em sua homenagem no filme”Todos dizem eu te amo” (Everyone says I love you). A reverência era tanta que as cenas foram rodadas sem roteiro e improvisadas pelos atores, tal qual como acontecia nos filmes do artista. Nova York, te amo! Pelas mãos do diretor, ficou estabelecido que a característica típica dos nova-iorquinos é a neurose. Seja por conta do dinheiro, do tempo, das doenças ou até mesmo da constante ameaça dos atentados terroristas. Todas essas pirações estão nos protagonistas dos filmes de Allen e o mais importante: estão no próprio diretor, que tem mais de seis fobias diagnosticadas por médicos. Apesar de todas as suas produções contarem com algum personagem da Big Apple, é em “Para Roma com amor” (To Rome with Love) que ele deixa suas origens mais claras e analisa melhor o jeito das pessoas que vivem cidade. Famoso eu? Sim, seus protagonistas são sempre “semi-famosos”, tipo aquele autor de livro que foi bem criticado pelo New York Times ou o músico que ganhou um prêmio por ter trabalhado com fulano. E o crachá de famoso não fica só nos personagens. Muitos conhecidos da mídia fazem pontas nos seus filmes, seja como eles mesmos ou como algum personagem com suas
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características. E neste momento eu grito: assistam “Celebridades” (Celebrity), produção que funciona como homenagem/crítica a esse mundo de Hollywood que Allen sempre fugiu, mas que nunca pode evitar!
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Eu não falo sozinho, eu falo com o espectador No princípio, eu achei que Allen fazia isso nos filmes para que as pessoas compreendessem melhor a história, mas depois acabei me dando conta de que ele faz isso por um único motivo: todos nós fazemos! Afinal, quem não fala em pensamento para botar as ideias em ordem? E muitas vezes falamos em voz alta! Nos filmes do diretor, esse diálogo ajuda não só o público a entender o que acontece na mente do protagonista, como também o permite sentir que está mais próximo de quem está na tela. Em “Annie Hall”, ele leva esta regra tão a sério que chega um momento em que não sabemos se o personagem está pensando alto ou, de fato, dialogando com os outros. Vintage moderno Dizem que Allen escreve todos os seus roteiros em uma máquina de escrever, afinal esse é o jeito que ele aprendeu a fazer a coisa e a forma como se sente mais cômodo. Sim, depois tem um pobre coitado que tem que passar tudo para o computador, mas não pense que é um fulano qualquer! Entre seus assistentes mais notórios já estiveram nomes do porte de Sofia Coppola e Wes Anderson. Em “Meia-noite em Paris” (Midnight in Paris), ele leva esse seu vintage “way of life”ao extremo, retratando na telona a sua fase predileta da história: os anos 20 em uma cidade habitada por todos os seus ídolos. Desta forma, Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald, Salvador Dalí e Henri Matisse surgem representados como ele os imagina – e como gostaria de os ter conhecido. Proteger o seu talento Uma das coisas que mais me fazem admirar o trabalho de Allen é a maneira como ele protege seu talento. É certo que a crítica o adora e ele tem muitos fãs, mas desde o princípio ele fez o que gostava e não deixou ninguém mudar uma linha do que escrevia. Com o tempo e o reconhecimento, o diretor foi tomando decisões simples, e do seu próprio jeito, como não permitir a reedição de seus filmes para a televisão ou mesmo que proibindo que fossem exibidos em aviões. Desde o seu primeiro filme, ”O que é que há, gatinha?” (What’s up, Tiger Lily?), até “Blue Jasmine”, que será lançado em setembro deste ano, podemos ter a segurança que sempre encontraremos uma – ou todas – as características acima em suas obras. E não, não será cansativo ou repetitivo! O talento de Allen está em se reinventar usando fórmulas que funcionam – e muito bem. Enfim, seu cinema é assim: ou se ama ou se odeia. Seja como ator – ou mesmo personificado por outro colega de profissão – os protagonistas masculinos em suas produções sempre tem 99,9999% dele mesmo. A curiosidade é saber se o psicanalista do diretor olha os longas-metragens para aprender melhor como funciona a mente de seu paciente, que aos 78 continua ativa, sabendo aproveitar e respeitar o seu talento como nenhum outro.
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about | DESIGN
De que maneira as delicadas formas da natureza podem se relacionar com toda a modernidade de traços arquitetônicos? Pelas mãos da designer inglesa Kerrie Luft, apontada por muitos como o novo prodígio da moda calçadista britânica, a combinação surge não somente acertada, mas orgânica e funcional. Entre materiais tecnológicos e esculturas “art noveau”, a designer coloca os saltos como protagonistas de seu trabalho, deixando as criações com desenhos surpreendentes. Por Juliana Berwig
Traço inconfundível 088 I aboutshoes.com.br
Com o espírito criativo de quem busca referência em universos distintos, Kerrie Luft já é mais que um nome em ascensão dentro da indústria de calçados. Desde o começo da carreira, a estilista resolveu ir além das convenções ao misturar elementos tão incomuns e improváveis quanto engenharia aeroespacial e tecnologia importada das salas de dentista. A ousadia foi recompensada com um Fashion Fringe Award, distinção máxima entre os criadores britânicos. Depois do reconhecimento, até a poderosa multimarcas Selfridge’s – cujos critérios para inserir novas grifes e designers em seu famoso ‘shoe corner’ são mais do que apurados – passou a oferecer sapatos com a sua assinatura. Entre tantas experiências, os saltos trabalhados viraram uma espécie de assinatura de Kerrie, que aposta ainda em curvas delicadas para conquistar espaço nas vitrines. Uma parte do diferencial de suas criações está na utilização de protótipos computadorizados em formato 3D a partir da sobreposição de camadas de titânio. O que parece complicado acaba se transformando em desenhos que lembram esculturas vintage, com curvas impressionantes e conforto absoluto. Ao lado da formação tradicional em design – pelas prestigiadas University of Northampton e London College of Fashion – a inglesa ainda passou pelo mítico atelier de Roger Vivier, em Paris, antes de mudar para Itália, onde passou a desenvolver sua marca. Em entrevista para About Shoes, Kerrie contou que tamanha inquietude foi fruto de uma visão crítica – e nada romântica – sobre o setor calçadista que, no início de sua carreira, parecia apático e pouco afeito a grandes revoluções. A saída encontrada pela estilista foi voltar à escola, se concentrar em coisas que nunca haviam sido feitas e trabalhar muito. Da passagem pela maison francesa, ficou uma paixão ainda maior pelo ofício, assim como a vontade de transpor territórios e buscar elementos fora de sua área. Nas palavras da designer, uma forma de manter os pensamentos livres e continuar produzindo peças que parecem frágeis, mas que têm uma força imensa. Da mesma forma que sua criadora. Quando e como você decidiu criar uma marca de sapatos? Depois de me formar, trabalhei como designer de sapatos por um tempo, mas estava sempre frustrada com a indústria. Eu tinha uma visão diferente de criar calçados, desafiando tudo que já tinha sido feito, mas respeitando muito o ofício. Por conta disso, eu decidi voltar à universidade e fazer um mestrado. A intenção era que eu pudesse ser livre para explorar e desenvolver as ideias que meu trabalho no momento não me permitiam fazer. Você ganhou um dos prêmios mais importantes da moda inglesa, o Fashion Fringe Award. Como esta conquista mudou as coisas na sua carreira? O Fashion Fringe Award é um plataforma inglesa que oferece suporte para novos designers e ganhar uma distinção como essa
me deu uma compreensão maior da indústria e ainda me ajudou a levar todas as minhas ideias sobre moda um passo adiante. O prêmio também me ofereceu a oportunidade de viver e trabalhar em Paris, na França, por oito meses, experiência que se mostrou decisiva para o futuro da minha carreira e que acabou mostrando uma nova direção para minha vida. Como foi a experiência de trabalhar no estúdio de Roger Vivier? Ter a oportunidade de trabalhar com a maison Roger Vivier foi uma honra muito grande. É uma grife de luxo com tanta história... E ainda exala elegância! A experiência que eu tive foi reveladora. Viver em um país diferente, que ao mesmo tempo é tão rico em termos culturais, mudou definitivamente a minha visão da indústria. O que eu posso dizer é que eu aprendi menos sobre questões comerciais e mais sobre a qualidade e a arte de ser sapateiro. Há tanta paixão neste ramo e tantas possibilidades de criação! Seus sapatos são verdadeiras esculturas e unem duas coisas improváveis: arquitetura e tecnologia. Qual a relação entre estes dois universos? As novas tecnologias têm muita relação com a arquitetura, devido a necessidade da indústria em criar estruturas funcionais e trabalhar com diferentes materiais. Eu me sinto muito inspirada por esta área, assim como gosto de buscar referências em móveis e decoração de interiores. Ao procurar elementos de outros segmentos, meu pensamento se torna mais livre. Ao mesmo tempo, muitas vezes eu começo a desenhar formas e linhas a partir de coisas que eu enxerguei na natureza e minhas ideias evoluem a partir daí. Os saltos são uma marca registrada do seu trabalho. De onde surgiu a ideia de usá-los como assinatura? Como eu falei, me sinto muito inspirada por novos materiais e tecnologias. Por isso, as pesquisas que realizei me levaram a fazer várias experimentações no que diz respeito aos saltos. Eu gosto de criar peças que parecem frágeis, mas que na verdade são incrivelmente fortes. Quem são seus ícones de moda? Vanessa Paradis, Jane Birkin nos anos 70, Carine Roitfeld, Phoebe Philo… Todas elas têm um forte senso de moda e um certo ar despreocupado. Eu também amo Daphne Guinness e sua individualidade na hora de se vestir. O que inspira você neste momento? Eu sempre olho para a natureza em busca de inspiração. No momento, além disso, tenho buscado referência em uma série de fotos tiradas por Patrick Demarchelier, em uma exposição que fui recentemente para ver a obra surrealista de Salvador Dalí e nas cores suaves e românticas das pinturas de Renoir.
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about | KID’S TRENDS
mundo pink A doçura das meninas sempre tem um encanto especial por tudo que é cor de rosa. Os calçados não ficam de fora dessa vontade incontrolável. 1
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1. Amoreco 2. Tip Toey Joey 3. Kidy 4. Diversão 5. Klin 6. Pampili
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Por MANOELA D’ALMEIDA
Camisas Ninali e Animê, saia Bedá, polaina Pituchinhus, sneaker Klin, bolsa Animé e óculos H&M
Look menino: camisa VR Kids, calça D.Viller, casual Marisol Look menina: vestido Le Lis Petit, polaina e gorro Pituchinhus, colete Bebelândia e botinha Bibi
Look menina: short e gorro Pituchinhus, colete Bebelândia, sapato Molekinha Look menino: colete 3 e Já, camisa PUC, calça VR Kids, sapato Kidy
Calรงa D Viller, camisa Amerikan Garage, cachecol H&M, sapato Tip Toey Joey
Look menina: vestido Pituchinhus, calça Le Lis Petit, boina Perfumaria, botinha Ortopé Look menino: camisa Calvin Klein Jeans, calça Levis, jaqueta D. Viller Kids, cinto Calvin Klein, óculos e manta H&M e abotinado Pé com Pé
Bata PUC, Bermuda Pituchinhus, Jaqueta Versa Leather, Cinto Authoria, tênis Contramão.
Fotografia: Manoela D’Almeida (Bandits Graphiks) | Beleza: Antônio de Lucia | Style: Júlio Rossi | Assistente de Fotografia: Carlo Barros | Tratamento de imagens: Cássia Desbesel (Bandits Graphiks) | Modelos: Theo Dzioubanov e Bruna Braga Mattos (Agência Primeiros Passos)
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brown & cia Tons terrosos são infalíveis com os meninos, que ficam estilosos ao mesmo tempo que podem brincar à vontade! 4
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1. Amoreco 2. Pimpolho 3. Ortopé 4. Marisol 5. Bibi 6. Pé com Pé
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Christopher Kane
Apesar da ação somatória da moda, nem tudo está na moda... A cada temporada, determinadas tendências ganham – ou perdem – visibilidade. Nesta primavera-verão 2013 | 2014, a estética futuristicamente simplificada dos anos 60 pretende ser referência de maior destaque. Os elementos formais do activewear ganham usos variados em peças mega chiques que deverão ficar longe das quadras, pistas e academias. O branco em look total serve de refresco frente a uma cartela de cores que parece infinita e a snake skin segue firme e forte seu domínio frente a outras texturas. No mais, não haverá como abrir mão do uso das jaquetas curtas e de elementos decorativos como os apliques de flores. Já os homens continuam sua jornada modal alternando momentos de ousadia e de tradição, de visibilidade e de discrição, de fantasia e de realidade...
Anthony Vaccarello
Por Júlio Rossi
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Gucci Givenchy
Balenciaga
Balmain
Anne Valerie Hash
Emilio Pucci
Bottega Veneta
N21
Chanel
Alexis Mabille
Just Cavalli
Cedir Charlier
Branco total
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O branco representa a luz e, se depender dos estilistas, esta será uma estação iluminada. Looks total white estão presentes em passarelas das mais diferentes orientações. Verdadeiro ícone que representa ainda a inocência, a perfeição, o bem, a honestidade, a limpeza, o início, o novo, a neutralidade, a leveza e a precisão.
Alexander McQueen Dries Van Noten
Três dimensões
Badgley Mischka Prada
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Moschino
Oscar de La Renta
Chloé
Flores na estação quente não são propriamente uma novidade... Entretanto, nesta primavera-verão 2013 | 2014, elas tem uso característico. Ganham duas dimensões extras e são usadas em grandes quantidades em peças que lembram um verdadeiro jardim portátil.
Go jacket A jaqueta é, sem dúvida, peça chave para compor os looks femininos da próxima temporada quente. Os modelos curtos – pela cintura ou beirando o quadril – têm maior uso. A bomber é referência, mas também a motorcycle e as minimalistas collarless jackets são referências.
Proenza Schouler
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Diesel
Sporty and chic
Y3
Thomas Tait
Esta é uma das principais tendências da estação... Ícones da roupa active – listras, cores sinalizadoras e tecidos de alta performance – são usados em peças casuais para uso diário. O resultado são looks tão confortáveis quanto sofisticados.
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Tommy Hilfiger Stella McCartney
Helmut Lang
Giles
Marc Jacobs
Estilo 1960
Moschino
Michael Kors
A temporada faz um verdadeiro balanço do melhor da moda dos anos 60. Uma estética revolucionária pelas arrojadas linhas retas e sexy pelos comprimentos curtíssimos. Ousadia, baseada em conceito futurista, que retorna mais lúdica do que nunca. O resultado é jovem, cool e pretende ser referência no período.
Prada
Louis Vuitton
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Bottega Veneta
Salvatore Ferragamo
Preen
Proenza Schouler
Escamas em alta
Gucci
Erdem
Os padrões exóticos píton e lézard disputam a preferência dos designers nesta temporada. Escamas “desenhadas” que deverão fazer toda a diferença não somente nas roupas, mas nos calçados, nas bolsas e nos acessórios também.
Burberry
Ermenegildo Zegna
Sport jacket
Les Hommes
Iceberg
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Duckie Brown
Canali
A principal característica da sport jacket é que não faz parte de um traje. A outra, é não ter uma atitude formal, podendo variar tecidos e detalhes. O alto índice de casualidade presente na moda masculina coloca o paletó casual entre as peças chave da temporada quente. Seu nome vem do próprio uso, como fardamento para caça e esportes ao ar livre.
Zegna
Yohji Yamamoto
Todd Snyder
Raf Simmons
Parke and Ronnen
Tim Coppens Dries Van Noten
Daks
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Richard James
Iceberg
Gucci
Cor sinalizadora, o laranja compõe a cartela masculina da primavera-verão 2013 | 2014 com relevância. O pigmento atua em looks de todos os estilos, inclusive no formal. Em detalhes ou como protagonista, prova a intenção dos homens de aumentar a visibilidade do gênero.
Etro
Dirk Bikkemberg
Siviglia
Alerta laranja
Kenzo
Viktor & Rolf
Bermuda triangle
Omar Kashoura
DAKS
Bermuda + camisa + jaquetão, bermuda + pólo + trenchcoat, bermuda + tricô + camisa... As bermudas masculinas – as mais atraentes beiram os joelhos, um pouco acima ou abaixo deles – devem ser usadas em looks compostos para não perderem a batida da estação que pede uma atitude casual, mas sem perder a sofisticação.
Z by Zegna
Junya Watanabe
aboutshoes.com.br I 109
seasonal sneaker O sneaker da temporada tem estética bem definida. O modelo lembra os primeiros running shoes – verdadeira febre dos 80. Combinações intensas de cores e mistura de materiais e de padronagens conferem o upgrade necessário para atravessar a primavera-verão 2013 | 2014 em grande estilo.
Moschino
110 I aboutshoes.com.br
Costume Nationale
Calvin Klein
Junya Watanabe
Diesel
Stripes and flowers Entre as opções de estampas para compor um look masculino mais que moderno, os estilistas optaram por flores e listras. Propostas mais audaciosas combinam os dois motivos, já as outras optam por apenas um. O resultado mostra-se ora retrô, ora contemporâneo. Dolce & Gabbana
Topman
aboutshoes.com.br I 111
Foto: Agência Fotosite | Firstview
about | beauty
Nova York, backstage Jason Wu, Spring Summer 2013/14
Ele hoje é considerado um dos ícones dos hipsters! Mas, muito antes disso, o batom vermelho é um clássico na maquiagem de todos os tempos e representa um posicionamento. Na temporada dos desfiles de coleções verão 2013/14, a boca marcada apareceu em várias passarelas que importam. Na Prada, a maga dos pincéis Pat McGrath escolheu um tom matte e delineou o contorno dos lábios com lápis, recurso que deixa a boca ainda maior e mais carnuda. Outros desfiles apelaram para os sexy red lips, como Dries Van Noten, Jason Wu e Burberry (com um tom escarlate cremoso). No camarim de Jason Wu, por sinal, a mistura de tons vermelhos, um mais escuro e profundo, outro mais claro e brilhante, garantiu o tom moderno aos lábios da temporada. O truque é aplicar um delineador (com habilidade e precisão), depois o batom e levemente misturá-los com a ponta dos dedos. Para fixar, nada melhor do que um produto de acabamento como um primer translúcido, que irá garantir uma melhor duração aos lábios vermelhos do momento.
Red kisses 112 I aboutshoes.com.br
about | directions
A
Ala Calçados (48) 3939-3000 www.calcadosala.com.br Aléxia Fernanda (51) 3543-4569 www.alexiafernanda.com Amoreco (51) 3067-4636 www.amorecokids.blogspot.com.br Ana Capri (51) 2129-5000 www.anacapri.com.br Anzetutto (51) 3587-2491 www.anzetutto.com.br Atelier Mix (51) 3599-8800 www.ateliermix.com.br
B
Ballasox (51) 3038-3333 www.lojaballasox.com.br Bárbara Krás (48) 3265-6900 www.barbarakras.com.br Bebecê (51) 3546-8000 www.bebece.com.br Beira Rio (51) 3584-2200 www.calcadosbeirario.com.br Bennemann Couro Design (51) 3568-8040 www.bennemann.com.br Bibi (51) 3512-3344 www.bibi.com.br Biondini (51) 3546-6800 www.biondini.com.br Boaonda (51) 3529-8482 www.boaonda.com.br Bottero (51) 3543-5400 www.bottero.net Bull Terrier (16) 3720-0211 www.bullterrier.com.br
C
D
Marisol 0800 888-5000 www.marisol.com.br Mary Pepper (51) 3239-1565 www.marypepper.com.br Masiero (51) 3546-8700 www.calcadosmasiero.com.br Melissa 0800-9798898 www.melissa.com.br Miucha (51) 3546-7000 www.miucha.com.br Molekinha (51) 3584-2200 www.molekinha.com.br
www.calcadosdiversao.com.br
E
Esdra (51) 3551-0203 www.esdradesign.com.br
F
Mundy (54) 3285-2030
Ferracini (16) 3711-0555 www.ferracini.com.br Ferrucci (14) 2104-3000 www.ferrucci.com.br Firezzi (51) 3568-3888 www.firezzi.com.br Freeway (16) 3711-7000
N
New Comfort 001637135500 www.newcomfort.com.br
O
www.freewayshoes.com.br
g I
Stephanie Classic (51) 3546-1200 www.stephanie-classic.com.br Sorelle Bolsas www.sorellebolsas.com.br
www.ortope.com.br
Gerônimo Nunes (51) 3595-0346
P
Pampili (18) 3643-2300 www.pampili.com.br Para Raio (51) 3067-7500 www.pararaio.com Pé com Pé (18) 3643-5500 www.pecompe.com.br Pegada (51) 3393-2700 www.pegada.com.br Piccadilly (51) 3549-9600 www.piccadilly.com.br Pimpolho (27) 2104-0555 www.pimpolho.com.br
I LOVE FLATS (51) 3097-0059 www.iloveflats.com.br
J
Jorge Bischoff (51) 3549-9300 www.jorgebischoff.com.br
Kafé Acessórios (51) 81878465 www.kafeacessorios.blogspot.com.br Kidy (18) 3643-2500 www.kidy.com.br Kildare (51) 3593-7833 www.kildare.com.br Klin (18) 3643-7000 www.klin.com.br
R
Raios de Sol (51) 3595-0346 Renata Mello (48) 3265-6800
L
www.rmcalcados.com.br
S
Sândalo (16) 3725-6278 www.sandalo.com.br Século XXX (48) 3265-6100 www.seculoxxx.com.br
Lilly’s Closet (51) 3599-8800 www.lillyscloset.com.br Luz da Lua (51) 3303-5000 www.luzdalua.ind.br
Di Marly’s (51) 3556-2889 www.dimarlys.com.br
Fotógrafos Carlos Contreras (51) 3012.1777 - www.carloscontreras.com.br | ORG Estudio (51) 3325.0199 - www.org.com.br Tiago Heckler (51) 3527.5682 - www.tiagoheckler.com.br | Bandits (51) 3026.8846 - www.bandits.com.br aboutshoes.com.br I 113
T
Tassia Ely (51) 9699-0689 www.tassiaely.com Tches (51) 3273-8512 www.tchesbrazil.com Terra e Água (54) 2109-8400 www.terraeagua.net Tip Toey Joey 0800 942 333 www.tiptoeyjoey.com.br Tonin (54) 3268-3000 www.tonin.com.br Top Vision (51) 3549-7700 www.topvisioncalcados.com.br Tricouro (51) 3598-1864 www.tricouro.com.br
Ortopé (51) 3065-9900
K
Carrano (51) 2125-1555 www.carrano.com.br Cecconello (51) 3546-8100 www.ceconello.com.br Contramão (48) 3265-0112 www.contramao.com.br Corso Como (51) 3038.3333 www.corsocomo.com.br Cravo&Canela (51) 2101-0700 www.cravocanela.com.br Crysalis (51) 3546-8400 www.crysalis.com.br
M
Di Rossana Bolsas e Acessórios (51) 3207-3644 www.dirossana.com.br Diversão (54) 3285-2030
V
Vanda Pires (51) 3587-3341 www.vandapires.com Verazzi (51) 3565-1559 www.verazzi.com Via Marte (51) 3565-8000 www.viamarte.com.br Vicenza (51) 3549-9900 www.vicenza.com.br Villione (16) 2104-3401 www.villione.com.br Vizzano (51) 3584-2200 www.vizzano.com.br
W
Werner (51) 3546-7123 www.wernercalcados.com.br West Coast (51) 2101-0700 www.westcoast.com.br Wirth (51) 3564-8000 www.wirth.com.br
Z
Zatz (48) 3265-1999 www.daweb.com.br/zatz Zeket (51) 3549-9000 www.zeket.com.br
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Por Júlio Rossi
A exposição “Punk: Chaos to Couture” vem chamando a maior atenção. Curadoria irrepreensível, montagens irretocáveis (Londres e Nova York), aberturas vipérrimas... Mas, a repercussão não se deve apenas a estes fatores menores. A atual falta de conteúdo daquilo que nos acostumamos a chamar de moda faz da mostra uma verdadeira necessidade – algo decisivamente imprescindível. O punk foi o último grande movimento da contracultura que teve lugar neste planeta – sim, foi um movimento planetário e alguns atrevem-se a dizer que ainda não chegou ao fim. Tão grande, tão avassalador que historicamente nada
pode ser comparado a ele – provavelmente compará-lo ao Renascimento seja exagero, mas... Poderíamos citar também o grunge – que teve sua estética revivida por Hedi Slimane na coleção outono-inverno 2013 | 2014 da Saint Laurent – mas, vamos combinar que este é nada ao lado da amplitude da cultura punk. Música, moda, artes visuais, dança, literatura e cinema orbitam este universo anárquico que mudou de maneira contundente a vida na Terra. Anarquia saudável, necessária, cheia de ideologia, cheia de conteúdo... Tudo o que nos falta hoje, tudo o que precisamos... ou não!
114 I aboutshoes.com.br
COLEÇÃO CONVERSE CHUCK TAYLOR ALL STAR