Revista Abramus, Ed.42

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Notícias

Nova campanha “Resenhando com a Abramus”; Ecad anuncia desconto na cobrança de Show; e Direitos ameaçados

Em Alta

O jornalista Sérgio Martins fala sobre o mercado atual e as consequências da pandemia

Capa

Saiba tudo sobre a iniciativa da Abramus em prol da classe artística durante o período da pandemia

Coluna Jurídica

O uso de obras musicais em Propagandas Políticas

Edição: Comunicação Abramus Redação: Comunicação Abramus e convidados Projeto Gráfico e Diagramação: Junior Soares Pauta e Revisão: Priscila Perestrelo, Laura Bahia, Junior Soares e Diego Paz Jornalista Responsável: Priscila Perestrelo

Comunicação Abramus: Rua Castro Alves, 713 Aclimação - São Paulo/SP CEP: 01532-001 Telefone: 55 11 3636.6900

©2020 A Revista Abramus é uma publicação trimestral. Todos os Direitos reservados. Proibida a reprodução parcial ou total sem autorização.


Previsões do Ecad sobre a Distribuição de Direitos Autorais para 2020 e 2021

Ponto de Vista

A Poesia, a Música, e a Economia que ELES não entendem (por Sérgio Jr)

Digital

Foto: Rawpixel | DR - Direitos Reservados

Gustavo Gonzalez fala sobre as regras para as Lives no Youtube

Foto da capa desta edição: Vasara | Shutterstock

Instrumental

Letieres Leite e a Orkestra Rumpilezz

Foto: DR - Direitos Reservados

Mercado

Artigo Especial

Ícones do rock nacional falam sobre o cenário musical atual no Brasil


m razão da pandemia do Coronavírus, as Associações e o Ecad fazem nova ação para garantir pagamentos a artistas e compositores. O segmento de Shows e Eventos terá desconto temporário, até dezembro de 2021, no pagamento de direitos autorais de obras musicais, lítero-musicais e fonogramas. A iniciativa visa contribuir com a retomada do mercado de shows, área abalada pela pandemia.

Foto: dwphotos | DR - Direitos Reservados

Devido a suspensão de mais de 6 mil eventos mensais desde março que o Ecad constatou, houve uma queda dos rendimentos em toda a indústria do entretenimento. A decisão da gestão coletiva brasileira vem auxiliar neste cenário e começou a ser praticada desde de agosto. Entenda os critérios de desconto para eventos realizados a partir de agosto de 2020: - Será concedido um desconto de 50% nos licenciamentos que considerem os percentuais sobre a receita bruta ou custo musical, passando de 10% para 5% (música ao vivo) e de 15% para 7,5% (música mecânica).

- Terão direito a essa redução os clientes que estiverem em dia com o pagamento de direitos autorais. Os shows e eventos em caráter beneficente recebem mais 30% de desconto, passando de 5% para 3,5% (música ao vivo) e de 7,5% para 5,25% (música mecânica). - No caso de shows de caráter religioso e ingresso com direito a bufê e/ou open bar e para os promotores que disponibilizarem acesso on-line ao borderô de bilheteria via “ticketeira”, oferecemos uma redução extra de a 15%. - Não será possível acumular o desconto de 50% para clientes permanentes e esse valor também não será aplicado a determinados festivais de música e congêneres a partir de valores que estão estipulados nesta ação. Para obter mais detalhes e esclarecer dúvidas, os promotores de shows e eventos devem entrar em contato com as unidades do Ecad em todo o país.

Fonte: Ecad 06


Foto: number-one | DR - Direitos Reservados

o dia 10 de agosto, a Autvis (Associação Brasileira dos Direitos de Autores Visuais) foi surpreendida com o Projeto de Lei 4.007/2020, que isenta museus de pagar direito autoral por reprodução de obras de arte. Sob o argumento de dar segurança jurídica para o setor de museus e contribuir com a sustentabilidade econômica de uma área prejudicada pela pandemia no novo Coronavírus, pretende-se excluir para sempre os direitos dos artistas visuais que têm suas obras reproduzidas em qualquer produto. A Autvis realiza uma cobrança justa sobre essas reproduções, garantindo

esenhando com a Abramus é o mais novo projeto transmitido semanalmente nas nossas redes sociais (Instagram, Facebook e Youtube) que começou no dia 3/09. Todas as semanas, temos um convidado especial pra “Resenhar” com a gente sobre música, carreira, vida na estrada, composições e muito mais. E tudo isso de forma divertida e descontraída com a apresentação de Vine Show.

ao artista uma remuneração pelo uso de suas obras, sem afetar o orçamento das instituições nem comprometer o acesso dos usuários. O direito autoral é uma forma de sobrevivência dos artistas, que também estão passando por dificuldades financeiras causadas pela COVID-19. Seus direitos devem ser respeitados e cumpridos, mais do que nunca. Foi aberta uma consulta pública com maioria dos votos NÃO ao Projeto de Lei. Porém, o PL ainda vai tramitar no Senado para votação. Os artistas precisam estar em alerta e se manterem informados sobre esta questão. A Autvis se mantém atenta e trabalhando para que os direitos de seus artistas sejam respeitados.

R ESENHANDO co m a A b r a m us

O Resenhando é transmitido simultaneamente pelo Instagram, Facebook e Youtube da Abramus. A estreia do Resenhando foi com o compositor Tierry e terão muitos outros convidados. Saiba mais acessando nossas redes socias. 07


Foto: Tendo Panyafu

Previsões das distribuições para o final de 2020 e expectativas para 2021

-2%

Foto: Rogerio Resende

R$918 milhões

R$900 milhões

DISTRIBUIÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS DE 2020 Meta de distribuição

L

Por Mario Sergio Campos, gerente executivo de Distribuição do Ecad

Previsão de distribuição

embro do último semestre de 2019, quando o corpo executivo do Ecad projetou as previsões para 2020 com o objetivo de atender às diretrizes estratégicas definidas pelas associações de música, que comandam o órgão por meio de sua Assembleia Geral. Entre outras coisas, aprovamos para o ano de 2020 a meta de arrecadação em R$1,170 bilhão e a de distribuição em R$918 milhões. Àquela altura do processo, não era possível, para nenhuma empresa, imaginar que uma pandemia estaria por vir e que isso mudaria rapidamente o cenário global, resultando em centenas de milhares de vidas perdidas e

impactando praticamente todos os negócios ao redor do mundo. Particularmente no que se refere ao direito autoral, o mercado da música foi um dos primeiros a ser afetado e, infelizmente, deverá ser um dos últimos a se recuperar, como apontam alguns estudos.

shoppings, lojas e outros estabelecimentos em que a música está presente para contribuir de forma direta ou indireta. Como calcular o prejuízo financeiro e o impacto de todos esses acontecimentos na economia criativa do país?

Não demoramos a sentir os reflexos devastadores da pandemia no Brasil, em especial na economia criativa. Importantes eventos foram adiados ou cancelados, como VillaMix, Lollapalooza, Virada Cultural de São Paulo, Oktoberfest e São João de Campina Grande, além do fechamento de salas de cinema, teatros, bares e restaurantes, casas noturnas, academias,

É muito difícil mensurar. Números do IBGE e do Ecad podem ajudar a dimensionar este universo: cerca de 5 milhões de pessoas trabalham no setor cultural brasileiro, que foi responsável por 2,64% do PIB em 2017; e mais de 383 mil titulares de direitos autorais receberam cerca de R$986 milhões do Ecad em 2019, além das associações de música. Mas


como calcular também o “prejuízo” sentimental e emocional desses eventos adiados ou cancelados? Como medir o tamanho da frustação das pessoas que deixaram de estar próximas de seus artistas favoritos e escutar as canções que marcaram suas vidas? Como calcular os prejuízos das histórias e experiências que deixaram de ser vividas? Nunca saberemos. Música é isso. É arte, mas também é negócio. É emoção e razão. É inspiração e transpiração. É criatividade e profissionalismo. Na verdade, música é muito mais que tudo isso, são denominações que só um compositor ou músico poderia definir. Nesses pouco mais de 20 anos trabalhando com a música, posso afirmar que a gestão coletiva brasileira tem um papel de destaque e é cada vez mais essencial para centenas de milhares de titulares de direitos autorais e suas famílias. Desde o início da pandemia, as associações de música e o Ecad vêm tomando medidas para minimizar e retardar ao máximo os impactos no repasse dos direitos autorais ao longo desse e dos próximos anos, uma vez que a queda na arrecadação dos direitos autorais é inevitável por conta da paralisação de grande parte da economia do país. Desde março vimos registrando reduções na arrecadação dos segmentos de shows e eventos, cinemas, bares e restaurantes, academias, casas noturnas, rádios, hotéis e motéis, TV Aberta e TV por Assinatura. Provavelmente o único segmento que deverá apresentar algum crescimento esse ano é o de Serviços Digitais, onde se concentram os principais serviços de streaming como Spotify, YouTube, Apple Music, Netflix, Globoplay e outros. Mesmo assim, há uma queda esperada pelo Ecad na arrecadação, de aproximadamente R$320 milhões, representando 27% do que era previsto para 2020.

Pensando nisso, a Assembleia Geral do Ecad vem aprovando medidas extraordinárias visando garantir o máximo de distribuição em 2020 aos titulares, das quais destaco as seguintes: - entre abril e junho foi realizado um adiantamento extraordinário de R$14 milhões que beneficiou 22 mil compositores, intérpretes e músicos. - em junho foi realizada uma distribuição extra do segmento de Shows que pagou a compositores e editores mais de R$4,5 milhões. Está prevista uma nova outra distribuição extra em setembro, no valor de R$5 milhões. - antecipamos a distribuição do Movimento Tradicionalista Gaúcho de novembro para agosto. - também em agosto tivemos uma distribuição extraordinária de acordos de cinema e vamos antecipar para dezembro outra distribuição extraordinária, antes prevista para março de 2021. - antecipamos e dividimos a distribuição das rubricas de “antecipação do prescrito” para os meses de setembro e dezembro. Outra ação que vem contribuindo para melhorar o resultado do ano é o trabalho incansável das associações de música na identificação de créditos retidos: até agosto já foram liberados mais de R$109 milhões, 40% acima do esperado para o período. É importante destacar que, até o mês de agosto, registramos uma distribuição acumulada de R$690 milhões, o que representa um aumento de 4% em relação ao mesmo período de 2019. Boa parte destes valores, no entanto, é de arrecadações realizadas no segundo semestre de 2019 e do primeiro trimestre de 2020, antes da explosão do coronavírus. Por isso, ainda não sentimos um efeito muito expressivo da pandemia no resultado total.

Todos que vivem da música já vêm sentindo uma queda brusca nos seus rendimentos, causada pela paralisação dos eventos. A distribuição do segmento de show já acumula um prejuízo de 25% e a projeção para o fim do ano é que a perda fique entre 40% e 50%. Os segmentos de rádio, música ao vivo e cinema devem amargar um prejuízo de cerca de 20%. Setembro será um mês muito difícil para quem aguarda os direitos autorais dos eventos juninos: a projeção é de uma queda de cerca 80%. O segmento de TV Aberta deve permanecer estável e os únicos segmentos que devem apresentar crescimento são os de Carnaval (20%), de TV por Assinatura (15%) e de Serviços Digitais (15%). Contudo, o resultado previsto para a distribuição em 2020 não acompanhará a queda estimada na arrecadação dos direitos autorais, justamente por conta dos esforços que vêm sendo realizados e pelo intervalo de tempo entre a cobrança e o pagamento. A previsão para 2020 é que sejam distribuídos cerca de R$900 milhões, representando uma queda de cerca de 2% ou R$18 milhões a menos do que o esperado para o ano, o que, diante do cenário que estamos vivendo, não deixa de ser uma vitória. Ainda não existe uma solução a curto prazo para a pandemia e, infelizmente, ainda temos que conviver com suas consequências. O primeiro semestre de 2021 deve apresentar uma distribuição menor que a do mesmo período de 2020. Diante do cenário de incertezas dos próximos meses, prefiro depositar toda a minha expectativa no imenso esforço e comprometimento das associações e do Ecad para arrecadar e distribuir o máximo possível, com a convicção de que qualquer centavo fará a diferença na vida dos titulares de direitos autorais. Não vamos esmorecer! Vamos em frente!


Foto: Filipe Cartaxo

Foto: Raul Lorenzeti Foto: DR - Direitos Reservados

Letieres Leite considera a Orkestra Rumpilezz o maior orgulho dos seus mais de 30 anos de carreira


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Orkestra Rumpilezz é uma orquestra de afro-jazz de percussão e sopros que tem como base a música ancestral baiana e a percussão de matriz africana somadas a influência do jazz contemporâneo. Foi criada em 2006 pelo educador, compositor e arranjador Letieres Leite, que com seu talento e sensibilidade trouxe essa simbiose rítmica que é tão peculiar da orquestra. Ele rege, toca flauta, sax, agogô e também é o responsável pelas composições, arranjos, figurinos e cenários que a orquestra se apresenta. Além do maestro, é formada por cinco músicos de percussão (atabaques, surdos, timbal, caixa, agogô, pandeiro, caxixi) e 14 músicos de sopro (4 trompetes, 4 trombones, 2 saxes alto, 2 saxes tenor, 1 sax barítono e 1 tuba). O nome vem da junção do nome de três atabaques do candomblé (rum, rumpi e lé), com as duas últimas letras da palavra jazz (zz). Letieres Leite considera a Orkestra Rumpilezz o maior orgulho dos seus mais de 30 anos de carreira. Músico autodidata desde seus 19 anos, começou pela flauta e passou para o sax tenor e sax soprano. Letieres sempre apreciou a cultura baiana e todo seu âmbito percussivo que foram suas inspirações. Quando era estudante teve seu primeiro contato com a percussão nas aulas de música do projeto de orquestras afro-brasileiras de Emília Biancardi, folclorista e compositora baiana, sob a regência do mestre Moa do Catendê. A influência do jazz surgiu após viver em Viena (Áustria) por quase 10 anos onde estudou na Franz Schubert Konservatorium e tocou em vários projetos com músicos renomados da cena local do jazz, música cubana e com músicos de diversas nações Africanas, um período rico em aprendizagem.

Quando voltou ao Brasil em 1995 trabalhou na elaboração de arranjos para diversos artistas baianos, lecionou no curso de extensão em saxofone da Faculdade de Música da Universidade Federal da Bahia. Gravou e se apresentou com vários artistas da música brasileira (Ivete Sangalo, Paulo moura, Olodum, Nação Zumbi, Tony Allen, Arturo O’farrill, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Ed Motta, Toninho Horta, Lenine, Daniela Mercury, Gilberto Gil, Margareth Menezes, OSBA, Neojiba entre outras e regeu a Big Band de Hermeto Pascoal no Festival de Música Instrumental da Bahia, em 2004. Retomou suas pesquisas sobre a percussão rítmica baiana que já antecipava o surgimento da sua orquestra. Em 2005, Letieres promoveu um encontro de músicos da cena instrumental baiana com percussionistas de atabaques, os Alabês, chamado de projeto Rumpilezz, que foi um sucesso. No ano seguinte criou a Orkestra Rumpilezz que com sua sonoridade única se destacou ao longo dos anos pelos palcos onde tocam. Gravaram dois discos– Orkestra Rumpilezz (de 2009) e A Saga da Travessia (2016) e alguns projetos especiais (Rumpilezz Convida) em que visitam as composições de outros artistas: Gilberto Gil (2014), Dorival Caymmi (2015), Lenine (2015) Moacir Santos (2017), e Caetano Veloso (2019) entre outros. Letieres também criou a Metodologia UPB (Universo Percussivo Baiano), voltada para o aprendizado de músicos, estudantes de música e interessados em geral que nas palavras do próprio Letieres tem o objetivo de "desenvolver a compreensão e assimilação das claves e desenhos rítmicos do vasto

universo percussivo baiano para instrumentistas em geral. A intenção primordial é que os estudantes interiorizem estas claves, tornando-as intrínsecas à execução, e por isso, neste curso, prioriza-se a compreensão detalhada das mesmas sem necessariamente utilizar o auxílio das percussões". Ele teve documentado o seu talento para o ensino da música em duas ocasiões importantes: no livro "Rumpilezzinho – Laboratório Musical de Jovens, Relatos de uma Experiência", que sistematiza a primeira experiência com o laboratório de ensino musical com jovens, e no documentário "UPB – Tempestade Emociona", documentário dirigido por Cecília Amado que traz estas reflexões para o audiovisual. Letieres segue também com seu projeto pessoal "Letieres Leite Quinteto" ( Baixo Acústico, Piano, Bateria, Sax e Flauta e Percussão) que trabalha na essência da música percussiva, utilizando uma clássica identidade instrumental do jazz com repertório original, executam as composições com toda liberdade de improvisação, tendo como maior referência as claves e desenhos rítmicos da cultura percussiva da Bahia. A Orkestra Rumpilezz ganhou diversos prêmios no decorrer dos anos que só ratificam o talento do seu líder e de toda a orquestra: Prêmio da Música Brasileira (Grupo Instrumental e Revelação) , Prêmio Bravo! (Melhor CD Popular), Prêmio Medalha de Ouro à Qualidade do Brasil, Prêmio O Globo (Melhores da Música), Melhores do Ano – Jornal O Estado de São Paulo (Melhor Disco), Guia Folha (Top 3 de Melhor Performance do Ano).


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Foto: DR - Direitos Reservados

érgio, o mercado está destruído”. A queixa não parte de um artista independente, mas sim do integrante de uma banda pop de alta patente, cujo nome prefiro não revelar – e que tem visto sua receita minguar devido à falta de shows. Desde que o flagelo do século XXI chamado Covid-19 aportou no país em março (ou fevereiro, segundo estimativas mais alarmistas), que o ramo do entretenimento sofreu golpes pesados. O palco foi o primeiro local a ser esvaziado. Fernanda Takai viajou do interior de São Paulo para Belo Horizonte por causa do cancelamento da turnê do álbum O Tom da Takai; o compositor Moacyr Luz interrompeu o show de lançamento de O Samba do Trabalhador, no Circo Voador (Rio de Janeiro), e se enfurnou em seu apartamento no bairro do Flamengo. Agendas inteiras foram parar no lixo, temporadas de concertos eruditos e populares – nacionais e internacionais, diga-se – ficarão apenas no sonho de espectadores e agências especializadas em entretenimento dispensam boa parte de seu quadro de funcionários. E quando voltarem, será com apenas 30% de ocupação anterior. O problema é global. Não há previsão de retorno dos musicais da Broadway americana e do West End inglês, orquestras como a Sinfônica de Nashville deram licença não remunerada para músicos e bandas como Iron Maiden decretaram 2020 como um ano “perdido”.

Por Sérgio Martins | Jornalista

“Sérgio, o mercado está destruído”. Ah, sim, voltemos ao Brasil depois de uma breve explicação da crise global. Em meio à esse cenário de uma produção de ficção-científica ruim (ou até filme de terror de baixo orçamento, visto que o vilão de A Máscara Vermelha, de Roger Corman, se assemelha a um governante de


certo país latino-americano), as performances através do YouTube se tornaram um alívio para quem deseja matar a saudade de shows e uma fonte de renda extra para os artistas. Segundo uma pesquisa realizada online pela plataforma em junho, elas foram assistidas por 85 milhões de pessoas, ou seja, 71% da população digital do país. Desses, 38% assistiu à mais de seis performances e 24% assistiu à mais de dez apresentações. Oito das dez lives mais assistidas no mundo inteiro são de artistas nacionais – sendo que Marília Mendonça é a campeã, com mais de 3,3 milhões de espectadores. Trata-se, claro, de uma fórmula contestada e com prazo de validade. Empresários como Rommel Marques, responsável por momentos grandiosos da carreira da dupla Zezé di Camargo & Luciano e Anitta, e Stephen Mark Altit, produtor de shows internacionais, acreditam que o público certamente irá se cansar de se deparar com problemas de conexão e a falta do aparato de um grande show. A publicidade, contudo, viu uma maneira de anunciar produtos de seu interesse através da boca e da vestimenta de seus artistas prediletos – que vendem de chinelo e pijamas a uma determinada marca de arroz. “Sérgio, o mercado está destruído”, continua o mantra, tão forte e implacável quanto o personagem principal de O Corvo, poema do americano Edgar Allan Poe (1809-1949). De fato, o público irá se cansar do excesso de lives e está privilegiando os artistas de popularidade nas alturas – leia-se os sertanejos e alguns nomes da axé music e da MPB. Mas há projetos de beleza tão rara que alimentam a alma. Monica Salmaso, intérprete paulistana, criou o Ô de Casas, no qual recria o cancioneiro nacional com participação de grandes nomes da

MPB – e aqui a lista vai do pianista André Mehmari a Chico Buarque. Não é uma live, visto que as participações são gravadas, editadas e levadas ao ar com uma precisão incomum. Mas são uma ambrosia para os ouvidos cansados e almas desesperadas. A cantora Teresa Cristina, por seu turno, faz uma live diária às 22h, no qual interpreta músicas de sua preferência ou recebe convidados como Gilberto Gil, Marisa Monte e a própria Monica Salmaso. Gil, Milton Nascimento, Lulu Santos, Skank, Jota Quest e Caetano Veloso deram um tempo no isolamento através de suas lives. E se as agências de publicidade pensam somente em nomes que possam agregar valor às marcas das quais elas detêm a conta, é de se louvar a atitude da secretaria de Cultura do estado de São Paulo que patrocina performances de artistas que estão fora do grande circo midiático. Há até quem aposte que essas lives poderão se tornar fonte constante de renda enquanto o nosso mundo não volta ao normal. “O futuro será a transmissão remunerada”, diz Marcinho Bertolone, da Lab3, uma das principais empresas que organizam esse tipo de evento. Por enquanto, uma das alternativas são os shows em drive-in, que receberam de Jota Quest ao cantor de heavy metal Edu Falaschi – que exibiu em primeira mão seu DVD ao vivo, mas sem show. “Sérgio, o mercado está destruído”, continua frase a me assombrar. Os tempos atuais, embora duros, às vezes podem se tornar uma fonte de inspiração. A Sétima Sinfonia, do compositor russo Dmitri Shostakovich (1906-1975), foi criada em 1941, durante a invasão da União Soviética pelo exército alemão. Os músicos que lá estiveram contam de companheiros que “faltaram” ao ensaio porque entraram para a estatística de vítimas do embate sangrento. O atual flagelo levou seu quinhão de soldados (e oficiais graduados, como o compositor

Aldir Blanc), mas é hora de resistir. Moacyr Luz, parceiro de Blanc, criou 30 composições em meio ao seu cativeiro particular; Teresa Cristina lançou um disco dedicado a Noel Rosa; o bandolinista Hamilton de Holanda se lançou em projetos ao lado de João Bosco e do sanfoneiro Mestrinho; Fernanda Takai apressou as gravações de seu álbum Será que Você vai Acreditar, que traz composições inspiradas no período da pandemia; a produção independente se anima com novos projetos de Rômulo Fróes, Tatá Aeroplano, Filipe Catto, Arthur Nogueira, Ana Mametto; Joyce e Zé Renato nos brindam com pequenos musicais caseiros e Zélia Duncan usa suas redes sociais para falar de poesia e fazer manifestos tocantes. “Mas, Sérgio, o mercado está destruído”... Sim, há muito o que se reconstruir. Mas o momento pede solidariedade, o que o showbiz, muitas vezes criticado e acusado injustamente de viver à base de leis de incentivo, tem mostrado de sobra. Lives de artistas têm sido utilizadas para arrecadar alimentos. A Associação Brasileira de Música e Artes, Abramus, organizou uma campanha para amparar músicos e técnicos de som e de palco, esses sim os mais afetados pelo isolamento provocado pela pandemia. TV Maldita, do baterista Aquilles Priester, reúne nomes importantes das baquetas do universo musical brasileiro e internacional em entrevistas reveladores (Claudio Infante e Kadu Menezes, ex-Kid Abelha, André Jung, ex-Titãs e Ira!) com renda revertida para as equipes técnicas. O projeto Primeiro Abraço é outro ato de solidariedade que merece destaque: uma coleção de duetos improváveis (21 ao todo) cujo encerramento está marcado para o Solar de Botafogo, tradicional reduto artístico do Rio de Janeiro. Sim, o mercado está destruído. Mas vai se levantar.


Foto: Washington Passato

P

eço que se atentem a cada palavra contida nos versos abaixo, retirados da música “Tudo o que eu tenho” do grande Jorge Vercillo. “ Eu me entreguei de corpo e alma para a dor e alegria, de ter a música como crença, como um Deus. O meu amor, o meu sustento, a minha sabedoria, tudo o que eu tenho, foi a música quem deu.” Quem ousa tentar viver de música, sabe a profundidade desses versos. A começar pela paixão! O músico, a musicista, o(a) autor(a), o(a) artista, de uma maneira geral, é um apaixonado!

A dedicação dada à musica em estudos, noites viradas, tocar e cantar “ nos bailes da vida ou num bar em troca de pão”, incertezas quanto a que tipo de segurança a música vai trazer no futuro, se nossos acordes, melodias e letras vão ou não tocar as pessoas. Tudo, tudo, tudo fica em segundo plano, quando a gente toca e quando a gente canta. A música tem esse poder! Como cantou Milton Nascimento em Nos Bailes Da Vida. Mas eles não conseguem entender... Experimente conversar com um músico, uma musicista, um cantor(a), um compositor(a) que esteja no

início da carreira, ou que ainda não seja conhecido(a). Aposto que você conhece algum! Ele ou ela vai até te falar das dificuldades que enfrenta, mas logo em seguida, seus olhos vão brilhar te contando do melhor show que já fizeram, da música nova que compuseram, de alguém importante que o mencionou... Deixe ele(a) falar, preste atenção, nos olhos dele(a) enquanto te conta! É inspirador! Acredite! Você vai entender... A coisa mais incrível nas artes é que não há fórmula, não há segredo de parte a parte... É genuíno, vem de dentro e vem puro, na batida do coração e aconchego da alma.


Por Sérgio Jr Eu estava assistindo (sempre assisto) ao programa “ Zumbido”, do incrível Paulinho Moska exibido no Canal Brasil com Tavito e aprendi muito. E parafraseando Tavito, que em sua sabedoria tentando explicar o que era “compor”, disse que era como se Deus tivesse dado a chave de um jardim muito bonito no céu aos compositores. E o compositor abrisse essa porta, pegasse a flor mais linda que lá tivesse, trouxesse pra cá e ofertasse às pessoas... Tavito, na verdade, tentando explicar, formulou a mais bela teoria que já ouvi... E falando em Tavito, “sem querer fui me lembrar de uma rua e seus ramalhetes, do amor anotado em bilhetes, naquelas tardes...” Rua Ramalhete (Tavito/ Ney Azambuja). Impossível não ler cantando... Visitando um passado muito distante, quis o senso de justiça histórica que fossem conhecidos e reconhecidos esses artistas apaixonados, que tornam a nossa vida mais doce, emblemática e poética. E assim, poeticamente, nascia o Direito Autoral. A admiração das pessoas e o sentimento de pertencimento que os expectadores das obras desses artistas tiveram ao longo dos séculos fizeram com que fossem economicamente importantes, pelo que atraem e por adquirir valor de mercado. Assim, as obras ganharam proteção jurídica e moral. Hoje, vivendo a pior pandemia dos últimos cem anos, um grupo de parlamentares de coração gelado, não pelo inverno, não enxergam isso. Eles não sabem e nem nunca saberão sobre a paixão! Eles não entendem disso... Mas eles sabem e, fingem que não, que a música e as artes oxigenam a

economia! E esse oxigênio é que mantem esses apaixonados artistas respirando.

chamado Brasil, que engrandecem nossa história, cultura, economia e turismo.

O consumo de toda e qualquer coisa é impulsionado por dois fatores: necessidade e desejo. A música e as artes provocam as duas coisas. Os Titãs, já gritam isso há décadas, nos versos de Marcelo Frommer, Arnaldo Antunes e Sérgio Britto, em Comida. Mas eles não entenderam até agora...

É! Eles jamais entenderão, e vão passando por sobre as nossas cabeças, massacrando os nossos direitos. No futuro, vão se orgulhar de que? Não sei.

Esses Senhores e Senhoras que bradam contra o direito das pessoas, o direito autoral das pessoas, jamais entenderão o brilho no olhar de toda essa gente. Não entenderão mesmo. Nenhum interesse econômico/financeiro pode se sobrepor à milhares de músicos, autores, artistas, interpretes, que doam sua ALMA pra música que fazem, sem saber se vai dar certo ou não. Eles jamais vão entender Djavan e Caetano: “ Se eu tivesse mais alma pra dar, eu daria! Isso pra mim é viver.” O que eles conseguem entender, é que a música que a gente faz, apaixona as pessoas, vira desejo, necessidade, vontade e é a partir disso que propicia ganhos milionários aos setores que as usam e não querem pagar por esses direitos. Ah! Isso eles entenderam. A inteligência e o bom senso mandaria que eles valorizassem a obra prima da música! Incentivassem, preservassem os direitos e potencializassem os ganhos dessa classe. Nossa música mitifica o nosso país! Tom, Vinicius, Elis, Caymmi, Cartola, Gil, Arlindo, Zizi, Caetano, Ivan, Noel, Carmen, Tim, Ivone, Roberto, Zeca, Erasmo, dentre outros gênios que temos, tivemos e que continuam a brotar desse solo fértil de talentos

Abel Silva sintetizou o que estamos vivendo: “Se você ainda não entendeu: as minhas músicas são suas, mas os direitos são meus.” Mas pra variar, eles não entenderam, eles não têm sensibilidade pra entender a nossa poesia, nem as nossas obras, mas sabem que elas são economicamente lucrativas e isso que lhes importa. Voltando ao início, Jorge Vercillo nos deu voz, dizendo que a música é “ Tudo que eu tenho”. Infelizmente Vercillo jamais iria prever (nem nós) que em seu verso: “O meu amor, o meu sustento e a minha sabedoria”, o “sustento” lhe seria arrancado, de uma hora pra outra, em caráter de urgência, num Projeto de Lei de 1997 com mais de 100 (cem) apensos, durante a pandemia, pelos Senhores e Senhoras que estão legislando. Eles não entenderam nada mesmo... No entanto, eles não sabem o que é paixão, não sabem o que é compor, não sabem como cantar o amor e se tornar parte da vida das pessoas. Não sabem o calor dos aplausos, não sabem como sentir que a música faz parte do seu corpo, e fica pra sempre... Não sabem... A gente sabe! A gente tem alma pra dar, e daríamos a que não temos; a gente sonha um mundo melhor e a gente acredita no melhor nas pessoas. Eles não sabem o que é sentir isso! Nem saberão, porque isso eles não vão conseguir tirar de nós.


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Fotos: DR - Direitos Reservados

Artistas se unem Ă Abramus em campanha em prol da comunidade artĂ­stica

Por Belinha Almendra 17


O

s mercados da mĂşsica e das artes foram os primeiros a sofrer os efeitos devastadores da pandemia da COVID-19. No momento em que o Brasil e o mundo mergulhavam em uma crise sem precedentes, era preciso promover açþes concretas em prol de uma sĂŠrie de profissionais que integram a cadeia cultural, como mĂşsicos, tĂŠcnicos de som, roadies, iluminadores, bilheteiros, carregadores, seguranças, entre outras categorias que se viram, de um dia para o outro, impossibilitadas de trabalhar em função do isolamento social.  A partir de uma iniciativa que começou na unidade de Porto Alegre, a Abramus rapidamente abraçou a ideia e ampliou ainda mais o seu alcance criando a Campanha ArtĂ­stica HumanitĂĄria, uma corrente de solidariedade que jĂĄ ajudou milhares de famĂ­lias. A Campanha abriu uma linha direta para doaçþes em espĂŠcie no hotsite da campanha e criou o LeilĂŁo virtual, tĂŁo bem-sucedido que jĂĄ emplacou duas ediçþes. E ainda terĂĄ mais uma atĂŠ o fim do ano.  â€œNossa unidade do Rio Grande do Sul (Porto Alegre), logo no inĂ­cio do isolamento, realizou um LeilĂŁo virtual com doaçþes de artistas locais. O resultado foi bastante significativo, ultrapassando os 100 mil reais em arrecadaçãoâ€?, conta Gustavo Vianna, diretor artĂ­stico da Abramus no Rio de Janeiro. “Nesse momento, as Associaçþes e o Ecad fizeram um adiantamento emergencial para os titulares de menor arrecadação e percebemos a necessidade de auxiliar as categorias menos “visĂ­veisâ€?, atingidas imediatamente com a suspensĂŁo de todos os eventosâ€?.  O passo seguinte foi convidar associados para reforçarem a corrente do bem: “Resolvemos envolver artistas de expressĂŁo nacional no LeilĂŁo e destinar toda a arrecadação a instituiçþes que trabalham com profissionais da ĂĄrea do

entretenimento. JĂĄ na primeira etapa a receptividade foi maravilhosa, com a participação de diversos artistas que doaram itens de seus acervos pessoais, como instrumentos, figurinos, entre outros objetos, possibilitando a distribuição de cerca de 26 toneladas de alimentos. Mais de 30 artistas jĂĄ aderiram ao LeilĂŁo virtual e faremos a terceira etapa entre outubro e novembroâ€?, finaliza Gustavo Vianna.  Da primeira etapa participaram Roberto Menescal, Vitor Kley,Fernando & Sorocaba, Jorge & Mateus, Jorge Vercillo, Paulo Ricardo, Solange Almeida, Anderson Freire, Priscilla Alcântara, Wagner Barreto, Padre Reginaldo Manzotti, Felipe Araujo, Jorge AragĂŁo, Paula Matos, Dilsinho, Edson & Hudson e Luiz Melodia, com uma peça de roupa gentilmente doada por seus herdeiros.  A segunda rodada do LeilĂŁo virtual, turbinada pelo sucesso da primeira, contou com doaçþes de Lulu Santos, Maiara e Maraisa, Toquinho, JosĂŠ Augusto, grupo Falamansa, Sorriso Maroto, Pretinho da Serrinha, Mauricio Mattar, Aline Barros, Delacruz, Lucas Lucco, Leonardo e Jeito Moleque.  A Abramus ĂŠ a curadora da iniciativa, mas toda a verba arrecadada estĂĄ sendo integralmente destinada Ă s instituiçþes parceiras, escolhidas pelo ComitĂŞ Gestor da Associação. “Fazemos reuniĂľes periodicamente para discutir açþes pertinentes ao setor e foi em um desses encontros que pedimos sugestĂľes de projetos que estivessem alinhados com a nossa proposta, que era atender aos profissionais do mercado culturalâ€?, conta Laura Bahia, Supervisora de Comunicação da Abramus. “A partir das muitas sugestĂľes que recebemos, selecionamos algumas e entramos em contato para entender um pouco melhor como funcionavam e como poderĂ­amos colaborar. A maioria dos 18

projetos foi criada especificamente para esse momento, com a participação de artistas, produtores e mĂşsicos que se mobilizaram para ajudar quem trabalha nos bastidores do entretenimento. TambĂŠm querĂ­amos atender a outros estados, alĂŠm do Rio e SĂŁo Paulo, e conseguimos colaborar tambĂŠm com instituiçþes do CearĂĄ, Curitiba, Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do Sulâ€?.  AlĂŠm da classe artĂ­stica, a Campanha HumanitĂĄria da Abramus tambĂŠm ganhou a simpatia dos veĂ­culos de comunicação, impressos e da web, que ao dedicar espaços para divulga-la, formaram mais um elo importante em todo o processo. Empresas como a TikTok, FUGA, Mello Advogados e D! ConexĂľes Sociais apoiaram a campanha.   Para Ayrton "Patineti" dos Anjos e Caetano Biachi, responsĂĄveis por dar inĂ­cio Ă campanha na unidade de Porto Alegre, “inĂşmeros artistas da cultura gaĂşcha se engajaram Ă causa e a iniciativa local arrecadou toneladas de alimentosâ€?. Ver a ideia ganhar dimensĂŁo nacional foi gratificante para ambos: “AlĂŠm de reconfortante, ajudar quem precisa ĂŠ um compromisso, quase uma obrigação. Avigora o conceito de uniĂŁo e força, aditivos fundamentais para amenizar os efeitos da crise que enfrentamos no setorâ€?, completam. Durante a Campanha HumanitĂĄria, acessada atravĂŠs do site da Abramus, ĂŠ possĂ­vel colaborar de duas maneiras: atravĂŠs da aquisição de itens dos LeilĂľes virtuais e tambĂŠm em doaçþes diretas, em espĂŠcie, de qualquer valor . AtĂŠ o fechamento desta edição da Revista Abramus, as doaçþes jĂĄ se aproximavam das 30 toneladas em alimentos, em cestas bĂĄsicas, e do montante de quase R$ 150 mil reais em doaçþes (valor apĂłs a compensação financeira das doaçþes realizadas, acrescidas do total de lances jĂĄ efetuados no leilĂŁo).


Fotos: DR - Direitos Reservados

Wagner Araújo: “O meu primeiro violão, que faz parte da minha história, com que gravei o DVD Origens, eu doei para a campanha humanitária da Abramus. É um instrumento muito especial porque foi com ele que eu lancei minha primeira música, Labirinto, depois de ser campeão no The Voice. Doei um pedaço da minha história.”

Vitor Kley: “Eu doei para o leilão uma jaqueta que usei no Festival Nave, com a participação de um monte de gente dessa cena nova, Ana Vitória, Gabriel Elias, dessa cena maravilhosa que está surgindo no Brasil, que a galera está amando tanto. Eu doei uma parte de mim, uma parte da história, então vamos juntos, para sairmos juntos dessa.”

João Roberto Kelly: “Minha doação para esta campanha humanitária foi um teclado, que me é muito querido há muitos anos. Todo mundo deve participar e ajudar.”

Priscilla Alcântara: “Eu doei a minha guitarra, a que mais gosto, e que está na capa do meu CD Pra Não Me Perder. Eu pedi para fazer por encomenda e tem um valor sentimental muito grande. Decidi fazer a minha parte neste momento que a gente está vivendo, ajudando o próximo do jeito que eu posso.”

Roberto Menescal: “Eu tive o maior prazer em doar um dos meus violões Caimbé, um excelente instrumento, para essa campanha humanitária da Abramus.”

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Baby do Brasil: “Eu doei meu violão Ibañez para a campanha da Abramus em prol dos trabalhadores da área da cultura tão atingidos com o fechamento de todas as casas. Estamos juntos galera, e vamos vencer, a vitória é nossa!”

Fotos: DR - Direitos Reservados

Lulu Santos: “O quadro do artista paraense Sebá Tapajós, filho do grande violonista brasileiro Sebastião Tapajós, foi a minha doação para a Campanha Humanitária da Abramus. Ele foi a capa do meu disco “Toca Mais Lulu – Ao vivo”.

Aline Barros: “Minha doação foi um macacão que eu usei uma única vez, no Criança Esperança, no Programa do Serginho Groisman. Que muitas famílias sejam abençoadas com esta campanha da Abramus”

José Augusto: “Eu guardo a jaqueta que doei desde 1990, quando gravei o clipe de “Aguenta Coração”. Agora eu achei uma utilidade bem bacana para ela, e que ela seja muito útil para ajudar quem está precisando.”

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Bruno Cardoso (Sorriso Maroto): “Eu não podia deixar de participar, junto com o Sorriso, dessa campanha com uma blusa que tem um significado muito especial.”


Pretinho da Serrinha: “Eu disponibilizei o figurino que eu usei no último Verão da Mangueira.... Nesse momento, o mais importante é ajudar.”

Jorge Vercillo: “Estamos juntos na vida pela arte, por isso doei a guitarra com que gravei meu primeiro DVD, Ao vivo no Canecão.”

Lucas Lucco: “Meu violão Takamine autografado eu doei para o leilão que a Abramus está promovendo. Espero que a gente consiga ajudar muitas pessoas.”

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Foto: Rawpixel | DR - Direitos Reservados


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Foto: DR - Direitos Reservados

Brasil, pelas suas características culturais e pela nossa paixão pela música, é o país onde as lives estão mais numerosas. Este modelo que já existia, mas que tomou uma proporção impensável nos últimos meses, gerou uma agenda super movimentada para aqueles que infelizmente estão confinados em casa.

Por Gustavo Gonzalez

Diretor de Relações Internacionais & Business Affairs da Abramus

Mas, ao mesmo tempo que esse fenômeno explodiu, a quantidade dúvidas seguiu de forma exponencial sobre como funcionam as lives, quais os direitos envolvidos e como é o processo. Dessa forma, vamos tentar aqui, de forma simples e direta, abordar os principais pontos que devem ser observados quando da realização de uma live através do Youtube.

Antes de mais nada, é fundamental entender que o Youtube é uma plataforma que, apesar de dar muita liberdade aos usuários, tem suas regras e condutas de boas práticas que precisam ser obedecidas e respeitadas. Todas as regras são baseadas no bom senso e em obedecer ao que é solicitado e recomendado pela plataforma. É importante para evitar problemas com os detentores de direitos autorais e com a própria plataforma. O Youtube é um parceiro dos artistas e dos compositores, e deve ser sempre encarado dessa forma. Para ter a parceria é importante conhecer e seguir as regras, sob pena de ter a live retirada do ar ou sofrer outras punições. O Youtube conta com uma combinação de pessoas capacitadas e tecnologia para identificar conteúdo inadequado e aplicar as diretrizes da comunidade do YouTube.


Algumas regras que precisam ser respeitadas são as seguintes:

Apesar da semelhança do modelo de negócio com os shows que todos estamos acostumados, vale reforçar que mesmo tendo origens conceituais análogas, estamos falando de lives de shows, exclusivamente, com o público através da tela, e é importante reforçar que todos os direitos autorais estão devidamente assegurados e protegidos. O Youtube não pode oferecer esse suporte diretamente a você; busque, portanto, ajuda através de profissionais especializados ou mesmo sua gravadora. Os direitos autorais que devem estar autorizados são, dentre outros, os seguintes: - Direitos Fonográficos; - Direitos Autorais; - Direitos de Privacidade; - Uso de imagem, marca, etc.

O Youtube não permite conteúdo que incentive atividades ilegais ou perigosas. A política é aplicável a vídeos, descrições, comentários, transmissões ao vivo e qualquer outro produto ou recurso do Youtube. EXEMPLOS (lista completa no site do Youtube): - Uso de drogas pesadas; - Fabricação de drogas pesadas; - Menores usando álcool ou drogas; - Venda de qualquer tipo de droga. Além disso, apesar de muitas vezes as lives acontecerem em um ambiente mais descontraído, por serem em casa, determinados tipos de linguagem não são adequados para públicos mais jovens e é recomendado muito cuidado com essa situação. O uso de linguagem com teor sexual explícito ou excessivamente obscena no seu

vídeo ou nos metadados associados a ele pode levar à restrição de idade. EXEMPLOS (lista completa no site do Youtube): - Linguagem Vulgar; - Contas Inativas; - Termos de Serviço; - Restrição de idade em produtos Google. Como mencionado anteriormente, o conteúdo de uma live pode sim ser retirado do ar, caso a mesma não obedeça às regras da plataforma. O Youtube é uma plataforma aberta e democrática. A equipe que analisa a derrubada do conteúdo só age a partir de uma reclamação formal do proprietário do conteúdo. Por isso, você possui um papel fundamental na manutenção da saúde desse ecossistema. As reclamações nesse


sentido podem ser feitas por parceiros atravÊs da ferramenta de Content ID (ao vivo ou sob demanda) e atravÊs do formulårio online. A ferramenta do Content ID, motor do Youtube para esse tipo de anålise, Ê uma poderosa arma que o Youtube tem para a verificar a correspondência de vídeos e åudios de usuårios e tentar monetizar. TambÊm pode bloquear usos indevidos ou sem autorizaçþes, que podem comprometer direitos autorais. Baseadas em regras prÊ-definidas pelo usuårio, três açþes podem ser tomadas:

MONETIZAĂ‡ĂƒO permite anĂşncios contra vĂ­deos correspondentes e coleta informaçþes do pĂşblico-alvo

TRACK permite que os vĂ­deos fiquem disponĂ­veis e colete insights do pĂşblico

BLOQUEIO nĂŁo permite que o vĂ­deo seja reproduzido no Youtube

Uma das questĂľes mais importantes que deve ser estudada com muito cuidado ĂŠ em relação a inserção de marcas e produtos durante as lives. Este ĂŠ um tema muito sensĂ­vel e precisa de muita atenção para nĂŁo conflitar e eventualmente canibalizar as publicidades que poderiam ser veiculadas no Youtube. O Youtube ĂŠ um parceiro de negĂłcios do artista, e o respeito Ă s regras sĂŁo fundamentais. O produtor da live pode realizar endossos, colocaçþes pagas de produtos e integraçþes de marca em seu conteĂşdo. Nesse caso, recomendamos que notifique o Youtube marcando a caixa “o vĂ­deo contĂŠm promoção pagaâ€?. Toda a promoção paga precisa estar em conformidade com as polĂ­ticas de anĂşncios do Google e obedecer Ă s leis locais de cada territĂłrio. Mais informaçþes no endereço: É fundamental que os anĂşncios nĂŁo entrem em conflito com as polĂ­ticas de anĂşncios do Youtube ao planejar sua transmissĂŁo ao vivo. É possĂ­vel que alguns formatos de anĂşncios sejam idĂŞnticos aos jĂĄ oferecidos pela plataforma aos usuĂĄrios. Por isso, ĂŠ importante sempre obter as autorizaçþes necessĂĄrias antes de colocar uma marca ou produto na sua live. Se houver anunciantes interessados em veicular anĂşncios no seu conteĂşdo, trabalhe com seu gerente de parcerias. Inclusive em transmissĂľes ao vivo. Antes da live ĂŠ importante confirmar que seu canal estĂĄ ativado para a monetização e se for elegĂ­vel, o Youtube pode veicular anĂşncios em seu conteĂşdo. Existem trĂŞs tipos de anĂşncios que podem ser veiculados dentro da plataforma numa live:

- AnĂşncios precedentes (pre-roll) – sĂŁo exibidos antes da transmissĂŁo ao vivo, visĂ­veis em celular e computador. - AnĂşncios intermediĂĄrios (mid-roll) – sĂŁo exibidos durante a transmissĂŁo ao vivo, e dependem de implementação tĂŠcnica do lado do Youtube. - AnĂşncios grĂĄficos e de Sobreposição (Display e overlay ads) sĂŁo exibidos ao lado ou sobre o conteĂşdo, visĂ­veis no computador. O Youtube ĂŠ o parceiro do artista e fornece um apoio de marketing. Importante considerar o uso da marca em #FiqueEmCasa. A hashtag deve ser escrita da seguinte forma: #FiqueEmCasa e Cante #Comigo. É importante que o artista submeta seu evento com antecedĂŞncia para divulgação no site do Google g.co/emcasa, onde a plataforma disponibiliza uma lista diĂĄria das prĂłximas transmissĂľes ao vivo. As agendas sĂŁo postadas todas as segundas e quintas no site do Youtube. O passo inicial para uma live ĂŠ informar o Youtube com antecedĂŞncia. Tente fazĂŞ-lo por meio de sua gravadora, distribuidora ou representante digital. Artistas independentes podem fazer isso direto atravĂŠs de um formulĂĄrio no site da plataforma, mas ĂŠ recomendado que se vocĂŞ possuir uma gravadora, distribuidora ou representante digital, tente centralizar esse processo com ele(s). É importante checar sempre se o seu canal ĂŠ verificado e que vocĂŞ nĂŁo teve restriçþes de transmissĂŁo ao vivo nos Ăşltimos 90 dias. Esperamos que essas informaçþes resumidas ajudem vocĂŞs a entender um pouco desse complexo universo novo das lives, e caso ainda existam dĂşvidas, nĂŁo hesitem em entrar em contato que vamos tentar ajudar!


| Artigo Especial

Ícones do rock nacional falam sobre o surgmento do gênero no país e sua representatividade no cenário musical atual

Por Belinha Almendra

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Rubber Soul para mim”. Para Digão, da banda Raimundos, sua mãe foi fundamental: “Ela me deu uma coleção de greatest hits dos Beatles e na sequência ganhei a do Queen. Depois minha irmã trouxe dos EUA o ‘Back in Black’, do AC/DC, que me fez gostar mesmo de rock pesado!”. O mesmo aconteceu com Rodrigo Santos, baixista, cantor e compositor: “Eu tinha cinco anos quando ouvi no rádio “Help”, fui perguntar e meu pai tinha aquele disco, era o ‘A Hard Day’s Night’. Eles e Bob Dylan me fizeram chegar ao rock.” O rock dos anos 60 era a trilha sonora da casa do baixista e compositor Fernando Magalhães, do Barão Vermelho: “Sou o caçula de 4 irmãos e nasci em 1964. Não teve jeito, o rock entrou quase por osmose!”, brinca.

m 1975, Rita Lee já queria saber como andava “Esse tal de roque enrow”. Gravado no clássico álbum “Fruto Proibido” (Rita Lee/Paul Coelho), o hit é o mote para o bate-papo que tivemos com craques do riscado. Com o rock perto de completar 70 anos, a Revista da Abramus convidou roqueiros de diferentes gerações para nos ajudar a saber como anda o rock’n roll em terras brasileiras e como eles têm convivido com os efeitos da pandemia. Para muitos, os Beatles foram a porta de entrada para o rock. Foi o caso do cantor, compositor e guitarrista Roberto Frejat: “Tinha uns quatro ou cinco anos e pedi para o meu pai comprar o disco 26


O quarteto de Liverpool também foi definitivo para Sergio Britto e Tony Bellotto, dos Titãs. “Eu era mais ligado em pintura, música clássica, mas ao ouvir o disco Help pela primeira vez, aquilo me pegou”, relembra Britto. Companheiro de banda, Bellotto inclui outras referências: “Quando eu tinha uns oito, dez anos, meus ídolos eram Roberto Carlos e Erasmo Carlos, Beatles, Rolling Stones, Jimi Hendrix, e depois The Who, Led Zeppelin, Rita Lee, Raul Seixas... São muitos, mas esses já dão uma boa ideia de como eu comecei bem”, completa.

Foto: Leo Aversa

Roberto e Erasmo, ícones da Jovem Guarda, estão no topo da lista de Paulo Ricardo: “Sem dúvida o filme ‘Roberto Carlos em Ritmo de Aventura’ foi um marco. Aquilo mudou a minha vida. Pensei, ‘é isso que eu quero fazer quando crescer’.” Badauí, vocalista do grupo CPM 22, bebeu em outra fonte: “Comecei a curtir rock, mais precisamente punk rock, aos 12 anos, com bandas como Dead Kennedy, The Clash, Ramones, e aqui no Brasil Ratos de Porão, Cólera, Garotos Podres, Camisa de Vênus.”

Foto: DR - Direitos Reservados

A travessia de um século trouxe mudanças. Será que o rock perdeu a energia, prestes a se tornar setentão? “Pela sonoridade, por ter sua própria liberdade, o rock sempre vai ser jovem, contestador e diferente. É o que o mantém cada vez mais forte e vivo”, garante Badauí. Digão confirma: “Algo que dá vontade de escutar todos os dias jamais envelhece e mantém nossa alma eternamente jovem e pura!”. Tony Bellotto destaca a criatividade do rock made in Brazil, ao longo das décadas: “O rock brasileiro sempre teve uma personalidade própria muito interessante. Lá no começo, o iê-iê-iê misturava Beatles com música popular, rock italiano Depois vieram Tropicalistas, Rita Lee, Novos Baianos, Mutantes, a geração dos anos 80”. 27


Foto: DR - Direitos Reservados

“Eu diria que o rock amadureceu e caminha para se tornar um clássico, como o jazz e o blues. Ele transcende as fronteiras da música, está nas artes plásticas, no cinema, na literatura, na moda. Rock é atitude”, avalia Paulo Ricardo. Para Rodrigo Santos o setentão continua abusado: “Pode ser mais eletrônico ou com influências do rap, mas o rock continua fundamental.” A questão da pouca presença na mídia também foi lembrada. “É uma pena que essa garotada talentosa que está aí não esteja tão presente nos meios de comunicação quanto a minha geração e a própria geração dos anos 90 ainda esteve”, pondera Roberto Frejat. Para Sérgio Britto, o rock vive um período de renovação: “Eu vejo muitas bandas que trabalham com fusões, com vários gêneros musicais diferentes se entrelaçando. Artistas deste segmento não têm tido tanta projeção como tinham nas décadas de 1960, 1970 e 1980, daqui a pouco a gente vai ver novidades e coisas interessantes desabrochando”, acredita. “Como somos um país grande e diverso, acho que o rock daqui sempre será uma fusão permanente”, pontua Fernando Magalhães. Paulo Ricardo, que foi jurado do programa Superstar da TV Globo, conta que se surpreendeu com a variedade e a criatividade das bandas que viu por lá. Frejat lista algumas: “Eu particularmente gosto muito de bandas como O Terno, The Baggios, Jonata Doll, Garotos Solventes, Facção Caipira, Bugarins, tem muita gente legal”.

Foto: DR - Direitos Reservados

A pandemia veio trazer um dado novo à cena: a interrupção de estreias e turnês. Lives, shows sem plateia ou em drive-ins surgiram como alternativas. Para Badauí, algumas dessas alternativas devem se manter: “São boas possibilidades, acredito que as lives na internet e shows virtuais vão permanecer no futuro. Somos uma banda dos anos 1990, não nascemos na internet, mas vamos dar uma aprimorada nisso, mesmo pós-pandemia”. Digão faz coro: “As lives estão nos salvando. O importante é nos mantermos vivos pra que quando isso passar, a gente aprenda o valor que cada coisa realmente tem”. Para Rodrigo Santos, é hora de aproveitar as novas possibilidades: “Já fiz mais de 30 lives e gravei um disco inteiro em casa. Meu filho Leo me ajudou a montar um estúdio”, conta.

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Tony Belloto é receptivo a caminhos que deem fim à paralização: “As soluções vão sendo encontradas assim, quase de improviso. O importante é o pessoal ter trabalho, técnicos, músicos, toda essa classe não pode ficar parada até que os shows voltem à normalidade”. Para Sergio Britto, o contato direto com o público é algo que a tecnologia e os novos formatos não substituem: “Lives e drive-ins são paliativos, dificilmente vão ocupar os espaços de shows e grandes eventos. Espero que ano que vem as pessoas possam frequenta-los livremente, depois das vacinas. Eu sou bem otimista de que as coisas voltarão a ser o que eram”. Paulo Ricardo concorda: “Fiz algumas lives e um show de drive in, tudo muito interessante sob o ponto de vista da integração entre música e tecnologia, na busca por alternativas seguras. Mas nada substitui a catarse e a experiência intensa e explosiva de um show ao vivo”. E o longo período de quarentena? Alterou ou contribuiu no processo criativo? Badauí conta que o CPM 22 já estava compondo quando veio o isolamento: “Com certeza, algumas das músicas feitas nesse período terão esta inspiração. Talvez não diretamente nas letras, mas no sentimento na hora de compô-las”. Tony Bellotto fez uma música especialmente inspirada nesta situação: “A gente que compõe está sempre respondendo aos estímulos da realidade, sejam eles quais forem: a pandemia não poderia deixar de afetar de alguma maneira o trabalho, mas sem o tamanho e a grandeza que ela tem na realidade prática”. Outro que não parou de produzir é Rodrigo Santos: “Fiz mais e 70 músicas e uma parceria com o Over Drive Duo e o Andy Summer, faixas que fiz com eles já tem mais de 4 milhões de views”, comemora.

Foto: DR - Direitos Reservados

Paulo Ricardo compôs e lançou “Tempo de Espera”, que fala da pandemia: “Minha mulher, a fotógrafa Isabella Pinheiro, dirigiu o clipe da música. O single já está nas rádios e nos apps de música. Foi um verdadeiro exorcismo e é um retrato fiel da quarentena”. Sergio Britto, por sua vez, já vinha trabalhando em um disco solo: “Tenho refletido muito sobre o que a gente está vivendo, mas não acho que isso tenha me inspirado diretamente a fazer uma música falando sobre o que vem acontecendo”. E quando a pandemia acabar, o que todos querem fazer? Tocar, claro! O desejo é unânime: todos querem pegar a estrada e voltar aos shows ao vivo. Paulo Ricardo planeja um mergulho no mar, Badauí sonha em reabrir o seu bar, o Cão Veio, e Digão não vê a hora de voltar a surfar.

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Foto: Gustavo Gouvea Foto: DR - Direitos Reservados


“Dos novos, The Dead Tongues, e os clĂĄssicos de sempre.â€? “Eu gosto muito das coisas solo do Jack White, no White Stripes, do Wilco, o guitarrista Mark Ford, ligado Ă histĂłria dos Black Crows. Entre os consagrados, tenho escutado muito Cat Stevens, Elton John, e continuo ouvindo os meus Hendrix, Stones, The Who da vida, sempre...

Foto: Isabella Pinheiro

“Eu gosto de mĂşsica boa, mano, tenho um perfil no Spotify com vĂĄrias playlists de punk rock, jazz, blues, reggae, samba, chorinho.â€? “Escuto o velho e bom rock'n'roll de sempre. Se nĂŁo me jogar na parede com a força de 1000 megatons, nĂŁo toca duas vezes na minha playlistâ€?. ‘Eu assisti um documentĂĄrio sobre o Eric Clapton, entĂŁo andei ouvindo toda a trajetĂłria musical dele. Mas ouço muito Miles Davis, principalmente o disco Kind of Blueâ€?. “Gosto de Billie Eilish, Weekend, do folk-MPB de AnavitĂłria, do Emicida. De um modo geral, procuro ouvir de tudo sem preconceito.â€? “Ando ouvindo a obra do Elton John, pois comecei a ler a biografia dele, vi o filme, ĂŠ incrĂ­vel a quantidade de sucessos e mĂşsicas maravilhosas que ele compĂ´s, fora ele tocar piano, que ĂŠ meu instrumento tambĂŠm.â€?

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Foto: Marcus Kuhl

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Dr. Thiago Jabur Carneiro é sócio da Mello Advogados Associados Professor, Doutor e Mestre em Direito da Propriedade Intelectual pela Universidade de São Paulo (USP), Autor de livros e artigos jurídicos.

aro leitor, o tema que será abordado nesta coluna jurídica diz respeito à utilização de obras musicais em campanhas políticas. Este assunto apresenta-se como de enorme interesse ao autores, em decorrência das eleições municipais que serão realizadas muito brevemente em todo o território nacional.

àqueles espectadores das campanhas político-partidárias. A inserção de obras nas propagandas políticas, com efeito, consiste em um dos principais elementos que impulsionam uma campanha eleitoral, em especial porque são largamente utilizadas em cadeia nacional aberta de rádio e televisão, bem como em comícios partidários.

A propaganda político-partidária representa eficiente meio de exposição de argumentos e opiniões ao público, com o objetivo final de angariar, ao final do certame eleitoral, o maior número possível de votos em favor de determinados candidatos. Implica, pois, uma hábil ferramenta capaz de conquistar a opinião de pessoas, notadamente daquelas que se encontram indecisas para quem direcionar seu voto.

Nos Estados Unidos, comícios realizados por Donald Trump nas últimas eleições presidenciais despertaram a ira de muitos artistas que não desejavam que suas obras musicais fossem inseridas em campanhas de políticos, tal como Trump, principalmente porque com eles não possuíam qualquer afinidade pessoal ou ideológica. Merece destaque, neste sentido, matéria do periódico norte americano The New York Tomes, reproduzida no Jornal Estado de São Paulo, em 17 de agosto de 2020, que traz, com solar clareza, que alguns artistas de peso, a exemplo de Neil Young e Rolling Stones, ingressaram com ações judiciais em face do presidente Donald Trump,

Quanto mais sofisticada for a propaganda, por certo, maiores serão as chances de determinado partido obter votos favoráveis a seus candidatos. É exatamente neste ponto que entram as obras musicais, consideradas verdadeiros chamarizes


Ilustração: Studiostoks (DR - Direitos Reservados)

A inserção de obras nas propagandas políticas, com efeito, consiste em um dos principais elementos que impulsionam uma campanha eleitoral.


com o objetivo de impedi-lo de utilizar novamente suas obras, sobretudo em razão do fato de que as eleições presidenciais norte americanas estão prestes a serem realizadas. No Brasil, de acordo com a Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/1998), as obras musicais somente podem ser inseridas em campanhas político-partidárias, incluindo comícios, com a autorização prévia e expressa do autor ou de todos os autores, na hipótese de a obra ser de titularidade de mais de um autor. Tal garantia se opera com respaldo nos seguintes dispositivos da indigitada lei autoral brasileira: artigo 29, que estabelece que depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra em quaisquer modalidades existentes ou que venham a ser inventadas. E também com fundamento no artigo 24, incisos IV e VI, que estabelece, textualmente, que: (i) é direito moral do autor o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua reputação e honra; e (ii) é direito moral do autor o de retirar de circulação a obra ou de suspender qualquer forma de utilização, ainda que já autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta à sua reputação e imagem. Podemos citar, como exemplo, um autor de músicas evangélicas que tenha autorizado a inserção de uma de suas músicas em uma campanha política. Contudo, após o início das propagandas, o mesmo autor tenha sido surpreendido com o fato de que sua música passou a ser veiculada em

campanha favorável à livre e indiscriminada realização de abortos. Tal fato é paradoxal à reputação do autor, evangélico, e à própria essência de suas obras musicais, o que lhe confere o direito de desautorizar a utilização de sua obra em propaganda política, ainda que já tenha anteriormente autorizado. Portanto, o autor possui total proteção da Lei de Direito Autoral no que toca à utilização de suas obras em campanhas e propagandas políticas, de tal sorte que os partidos políticos deverão, mandatoriamente, solicitar prévia e expressa autorização dos autores e/ou de seus representantes, a exemplo de editoras, para que possam veicular as obras musicais nas propagandas políticas que serão territorialmente disseminadas. Ainda, como vimos, o autor, amparado em seu sagrado direito moral, terá o direito de solicitar aos partidos políticos que retirem suas obras musicais de circulação, caso as propagandas políticas sejam concebidas em contrariedade a sua reputação, honra ou imagem. Vale destacar, por fim, que estamos aqui tratando tão somente das obras originais dos autores e não das obras parodiadas (modificadas) que são utilizadas em publicidades eleitorais. Sobre este tema, das obras parodiadas, extremamente controverso e que tem suscitado extremo desconforto e comoção por parte da maioria esmagadora da classe artística, sobretudo em razão de decisões recentes emanadas de nossos tribunais, deixaremos para tratar em uma próxima coluna. Até breve!

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No Brasil, de acordo com a Lei de Direitos Autorais, as obras musicais somente podem ser inseridas em campanhas político-partidárias, incluindo comícios, com a autorização prévia e expressa do autor ou de todos os autores, na hipótese de a obra ser de titularidade de mais de um autor.


Janeiro

Fevereiro

Março

Casas de Diversão, Casas de Festa, Música ao Vivo, Rádio, Serviços Digitais (Internet Simulcasting), Show, Sonorização Ambiental e TV aberta

Serviços Digitais (Streaming), Show e TV por assinatura

Cinema e Show

Abril

Maio

Junho

Casas de Diversão, Casas de Festa, Música ao Vivo, Rádio, Serviços Digitais (Internet Simulcasting), Show, Sonorização Ambiental e TV aberta

Carnaval e Festas de Fim de Ano, Serviços Digitais (Streaming), Show e TV por assinatura

Cinema, Serviços Digitais (Internet Demais) e Show

Julho

Agosto

Setembro

Casas de Diversão, Casas de Festa, Música ao Vivo, Rádio, Serviços Digitais (Internet Simulcasting), Show, Sonorização Ambiental e TV aberta

Serviços Digitais (Streaming), Show e TV por assinatura

Cinema, Festa Junina e Show

Outubro

Novembro

Dezembro

Casas de Diversão, Casas de Festa, Música ao Vivo, Rádio, Serviços Digitais (Internet Simulcasting), Show, Sonorização Ambiental e TV aberta

Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Serviços Digitais (Streaming), Show e TV por assinatura

Cinema, Extra de Rádio, Extra Show, Serviços Digitais (Internet Demais) e Show


Foto: DR - DIreitos Reservados

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