LAMBORGHINI GALLARDO GT3

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CHAMA-SE GALLARDO GT3 E É UM OSSO DURO DE ROER. NÃO, NÃO ANDÁMOS COM ELE.... MAS FOMOS OS ÚNICOS A COLOCÁ-LO NO SEU HABITAT NATURAL.... ANDRÉ BETTENCOURT RODRIGUES EXPLICA-LHE COMO.... TOUR ADA-FERNANDO TORDO

E M O Ç Ã O

A

missão não era fácil: tínhamos de convencer um monstro de 1230 kg a entrar numa arena e sobreviver para contar a história. De preferência, sem mazelas. Pegámos-lhe de fininho, quase em pézinhos de lã, não fosse a besta acordar e dar connosco a agarrar-lhe nos cornos. Um ponto a nosso favor era a bateria estar desligada. Não pudemos ouvir o som do motor, é certo, mas também não havia a menor hipótese de levarmos com uma cornada ou de as luzes começarem a piscar violentamente como nos filmes de terror. “The Car”, de 1977, ou “Christine”, de 1983, são apenas alguns exemplos do que nos podia ter acontecido, para quem quiser refrescar a memória. Depois de 45 minutos de muita paciência (já com a ajuda de algumas tábuas de madeira para o fazer deslizar), o Gallardo da Goodsense Racing Team estava impecavelmente centrado na Praça de Touros de Coruche, no distrito de Santarém. As bancadas preenchiam-se com um vazio assustador. Os cavaleiros, ausentes. Os toureiros também. E os forcados, nem vê-los. Faziam-lhe companhia cerca de dez pessoas, como muitas vezes acontece nas provas do Campeonato Nacional de GT em que o público não comparece. Mas nem por isso o nosso touro perdeu brilhantismo. Ali estava ele — vaidoso, imponente. Luís Veloso, responsável pela Veloso Motorsport — a equipa que o afina para as corridas —, achou ao princípio que éramos malucos quando lhe ligamos pela primeira vez a propor esta ideia. Depois até achou giro: “Casar o símbolo da Lamborghini com as touradas é bem pensado. E original”, disse. Agradecemos a disponibilidade, até porque ficar atolado no meio de terra não é uma experiência propriamente agradável para um carro que custa 289 mil euros. Mas avisamos que da próxima vez queremos é andar com ele, está bem?

FOTOGRAFIA JOSÉ BISPO

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O Lamborghini Gallardo GT3 que fotografámos estreou-se em 2011 em algumas provas do campeonato português e espanhol e cumpriu na totalidade a Iberian SuperCars Trophy — uma competição destinada a carros de Gran Turismo que junta os melhores circuitos dos dois campeonatos. É preparado pela Reiter Engineering, uma estrutura alemã que é também a única autorizada pela Lamborghini para fazer a homologação e o desenvolvimento de novas peças do Gallardo para a categoria GT3. A estreia foi agridoce, com o vice-campeonato na Iberian SuperCars Trophy, cincopole positions em sete corridas e duas vitórias em Braga a constituírem-se como os momentos altos da temporada. Mas um motor partido em Valência e azares difíceis de explicar, como o acidente na corrida da Boavista, durante a volta de aquecimento, significam que há ainda muito a fazer. Luís Veloso conta que “em Agosto, durante o intervalo da época”, a equipa fez um balanço do que tinha sido feito até então. Treinaram com maior regularidade as operações em pista, em particular “os reabastecimentos e a troca de pneus e de pilotos”, pois esses são detalhes que fazem a diferença entre ficar em primeiro e segundo. “Cinco segundos a mais é o suficiente para haver alterações na classificação que depois em corrida são muito difíceis de recuperar”, diz, lembrando que a partir dessa reunião “as coisas correram muito melhor na segunda metade da temporada”. FAMÍLIA VAI CRESCER Confirmada está já a decisão de fazer crescer a manada em 2012. Aos habituais Patrick Cunha e José Ramos irão

juntar-se, num segundo Gallardo, Jorge Queirós e Pedro Pereira — pilotos que no ano passado correram com um dos Aston Martin GT4 que também são preparados pela Veloso Motorsport. Luís não tem dúvidas que apostar em carros de topo é a melhor forma de criar interesse e dar retorno aos patrocinadores. E culpa a federação e os clubes pela fraca adesão do público na maioria das provas do campeonato. “São responsáveis porque não apostam nada na promoção das corridas. Há uns anos atrás, ligávamos o rádio e ouvíamos durante a semana anterior que ia haver uma prova dos diversos campeonatos. Isso não só informava as pessoas como atraía muita gente. Hoje vamos ao Estoril e vemos as bancadas vazias porque muitas vezes as pessoas nem sabem que vai haver ali uma corrida”. Outra razão para o divórcio com o público está no desaparecimento dos troféus: “Antigamente havia dois ou três troféus durante um fim-desemana de corridas e agora há uma prova de GT, outra de clássicos e mais nada. Felizmente estão a corrigir isso. Em 2012, a corrida do Estoril vai ser suportada pelo WTCC e a do Algarve pelo FIA GT3”. Até lá, o Gallardo vai ser recolhido e desmontado para receber um novo pára-choques dianteiro, dois defletores laterais, um novo fundo plano, um sistema de arrefecimento dos travões aperfeiçoado e uma reconfiguração do software da caixa de velocidades. Pequenos detalhes que o vão tornar ainda mais agressivo, mas apenas nos circuitos de corridas. Nada de brincadeiras fora das arenas. Afinal, quem disse que as touradas não podem ser inofensivas? A TURBO AGRADECE A COLABORAÇÃO DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE CORUCHE

289 000€

50 000€

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1500€

23 000€

350 L

580 CV

1230 KG

CARRO

JOGOS DE PNEUS POR PROVA

CAIXA DE VELOCIDADES

POTÊNCIA

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MOTOR

UM JOGO DE PNEUS

COMBUSTÍVEL POR PROVA

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