NÚMEROS DA FÓRMULA 1

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EMOÇÃO

NÚMEROS DA F1

NU ME RO LO G1A

WWW.TURBO.PT / FEVEREIRO 2014

EM 2014, TODOS OS PILOTOS DA FÓRMULA 1 VÃO PASSAR A UTILIZAR UM NÚMERO FIXO QUE IRÁ ACOMPANHÁ-LOS AO LONGO DA CARREIRA. ENQUANTO DESCOBRE AS ESCOLHAS FINAIS, APROVEITE PARA CONHECER OS MAIS IMPORTANTES DA HISTÓRIA DA MODALIDADE TEXTO ANDRÉ BETTENCOURT RODRIGUES ILUSTRAÇÕES RICARDO SANTOS

THAT’S HOW THE NUMBERS GO – SESAME STREET

P

rimeiro foram os motores. Depois, a dupla atribuição de pontos na última corrida da temporada. Agora são os números, que deixam de refletir a classificação das equipas na época transata e passam a ser diretamente atribuídos aos pilotos de acordo com as suas preferências. Após quatro temporadas de domínio Red Bull, a Fórmula 1 está a atravessar grandes mudanças na tentativa de recuperar o interesse perdido. E além das alterações técnicas, os seus dirigentes decidiram também que estava na altura de apimentar a vertente comercial do desporto com uma técnica muito em voga no motociclismo ou nas corridas de automóveis norte-americanas: a simbiose clara entre um piloto e o número com que corre. É assim com Valentino Rossi, que imortalizou o #46 no MotoGP, ou com Jeff Gordon e o seu #24, na Nascar. Quem será capaz de replicar, com sucesso, a mesma fórmula nos Grandes Prémios?

ESTRATÉGIA DE MARKETING Depois de uma quadra festiva repleta de ansiedade, foi a 10 de Janeiro que a Federação Internacional do Automobilismo (FIA) acabou por revelar as escolhas finais dos pilotos que militam na Fórmula 1. Mas antes algumas estrelas já tinham avançado as suas preferências pelas redes sociais: Fernando Alonso, por exemplo, queria o #14 porque foi com 14 anos, no dia 14 de Julho, que conquistou o seu primeiro título mundial de karting, num kart (imaginese só) com o número #14. Não há dúvida de que este é o número da sorte do espanhol, mas o que dizer de Nico Rosberg, que colocou como primeira opção o #6 com que o pai Keke foi campeão do mundo na Williams? Superstição familiar, Nico, ou pura homenagem? Não sabemos. Mas podemos dizer-lhe que, mais do que assegurarem o número da sorte, existem pilotos que querem sobretudo encontrar formas criativas de se autopromoverem. É o caso de Valtteri Bottas, cujo #77 não é mais do que uma forma de explorar os dois “t” do seu nome (Bo77as). Ou de Nico Hulkenberg, que requisitou o icónico #27 popularizado por Gilles Villeneuve ao serviço da Ferrari. Bem pensado para chamar a atenção sobre quem normalmente discute os lugares do meio da tabela... Como vê, as razões para as escolhas dos pilotos são incrivelmente diversas. E é bom que tenham pensado bem sobre o assunto, já que terão de viver com elas até ao final da carreira. A excepção é mesmo o #1, que continua a ser entregue ao campeão, caso este assim o deseje. Após três anos consecutivos a carregar o primeiro lugar, Vettel vai continuar a ostentar orgulhosamente o número #1, mas já reservou o #5 para o dia em que a sorte mude. Precisamente o que poderá acontecer a Pastor Maldonado, já que o piloto venezuelano escolheu o famigerado #13 para pintar o nariz do seu Lotus em 2014. Curioso? Para saber mais sobre os números que fizeram história na modalidade só tem de ler as páginas seguintes.

GILLES VILLENEUVE

NIGEL MANSELL

#27

#5

DAMON HILL

JACQUES LAFFITE

#0

#26

FERRARI 126C 1982

Foi o primeiro número a obter o estatuto de “ícone” na Fórmula 1 e tudo graças à mestria de Gilles Villeneuve, que o carregou entre 1981 e 1982. Embora o canadiano tenha corrido apenas vinte dos seus 67 Grandes Prémios com o #27, comparando com os trinta que realizou com o #12, os episódios de puro heroísmo ao volante do pouco competitivo Ferrari 126 CK e depois aos comandos do 126 C2 no qual viria a perder a vida na Bélgica garantiram o seu lugar eterno no panteão dos grandes pilotos da equipa italiana e da história da Fórmula 1. Como a Ferrari demorou quase duas décadas a conquistar novamente o título de campeão, manteve o #27 e o #28 quase até ao final do anterior sistema de numeração (foi substituído em 1996), permitindo que Patrick Tambay, Michele Alboreto e Jean Alesi se juntassem à lista de pilotos que representaram o lendário #27.

WILLIAMS FW 16-RENAULT 1994

A retirada de Nigel Mansell para a IndyCar, em 1992, ano em que o britânico se sagrou campeão, traduziuse numa ausência do #1 entre 1993 e1994, depois de Alain Prost ter seguido o mesmo caminho após a conquista do quarto título mundial. A solução foi o #0 utilizado por Damon Hill em ambas as temporadas (venceu nove corridas entre 93-94), dando origem a mais um número memorável na história da modalidade. O primeiro a utilizá-lo foi, no entanto, o sul-africano Jody Scheckter, ao volante de um McLaren M23, nos GP do Canadá e dos EUA de 1973.

WILLIAMS FW 14 B-RENAULT 1992

Vermelho com uma moldura a branco. É assim que os fãs da Williams e de Nigel Mansell recordam o número que o piloto britânico utilizou em 93 das 191 provas que cumpriu na Fórmula 1, incluindo todas as que realizou ao serviço da estrutura fundada por Frank Williams até 1992. A exceção acontece apenas no seu regresso à equipa inglesa, em 1994, um ano após ter conquistado o título na Indycar norte-americana. Nigel celebrou vinte e sete dos seus 31 triunfos na Fórmula 1 foram com o #5 — uma das suas imagens de marca, em conjunto com o bigode inesquecível. Talvez por isso Vettel o tenha escolhido para pintar a sua carreira quando se fartar de ser campeão do mundo.

LIGIER JS 05 1976

A única equipa a usar os mesmos números desde a sua entrada no desporto até à alteração dos regulamentos em 1996, a Ligier popularizou-se sobretudo à conta de Jacques Laffite, que realizou 132 das suas 176 corridas na Fórmula 1 com o #26. Este registo faz do francês o piloto com mais Grandes Prémios cumpridos com o mesmo número, apesar de só ter subido ao lugar mais alto do pódio por seis vezes durante esse período.

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