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“A AAC é de todos, mas não é para todos”
- POR MATILDE DIAS -
No dia 20 de outubro de 2022, na primeira Assembleia Magna (AM) do ano letivo, o presidente da Pró-Secção de Boccia da Associação Académica de Coimbra (AAC), Bernardo Lopes, chama à atenção para a dificuldade de acesso a certos locais da cidade, onde se insere a AAC. Alguns dos problemas que os estudantes que se encontram nesta situação expõem de forma consensual são a falta de rampas no edifício-sede, o piso acidentado, e a diferença de tratamento espelhada por alguns funcionários da Académica.
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Na consequência destes entraves, Bernardo Lopes elaborou um projeto em que elenca uma série de fotografias do que considera edifícios “bem adaptados”, como exemplos de possíveis soluções. Informa ainda que o envia todos os anos à Direção-Geral da AAC (DG/AAC), e, até agora, “não resultou em nenhuma ação significativa”. Na AM acima referida, sugeriu a criação do cargo de provedor do estudante com deficiência (separado do cargo de provedor do estudante, já existente) e de um grupo de trabalho dedicado a melhorar a acessibilidade de diversos locais da cidade. Apesar de ambas as propostas terem sido aprovadas, o dirigente afirma que, até ao momento, ainda não recebeu “nenhuma informação” sobre estas questões.
Juliana Azevedo, membro da Seção de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH/AAC), faz suas as palavras de Bernardo Lopes quando explica como a acessibilidade do edifício impactou a sua atividade nas estruturas da casa. Para além das escadas, a seccionista indica as condições do próprio chão como um entrave para estudantes de mobilidade reduzida, “sobretudo estudantes de cadeira de rodas”, que precisam de “pisos planos”. Ciente da presença de uma rampa na entrada virada para os Jardins da AAC, a associada relembra que esta, “por causa da chuva e do frio”, já foi fechada. "Se não está a ser utilizada, não se pode sequer considerar que temos uma rampa”, lamenta. “A Académica é de todos, mas não é para todos” conclui a estudante.
Francisca Tralhão, estudante de Jornalismo e Comunicação na Faculdade de Letras da UC, fala também das condições do acesso ao edifício através dos Jardins, que as descreve como “um bocado vergonhosas”, devido às mesmas razões. Outra questão que aponta é a forma como é abordada pelos funcionários da Académica: “as pessoas têm tendência para pensar que, se alguém tem um problema, deve ser tratada como se tivesse cinco anos, e eu tenho 25”.
De forma a dar resposta a estas questões, o administrador da DG/AAC, Diogo Tomázio, deu a conhecer um concurso em que vai ser possível apresentar projetos para melhorar a acessibilidade do edifício. Apesar de não haver datas delineadas para o início, o membro da DG/AAC declarou que a intenção é “ter esse projeto a funcionar até ao final do ano letivo”. Até lá, Diogo Tomázio mencionou a possibilidade da criação de uma sala de reuniões no piso zero com o pro - pósito de resolver o problema de forma temporária. “A acessibilidade a outros pisos, pelo menos até ao segundo, já seria uma evolução tremenda”, refere o estudante. Quando questionado sobre a comunicação para a resolução dos problemas entre dirigentes e estudantes com mobilidade reduzida, o administrador manteve que a direção da casa se pauta pela “proximidade, quando se reúnem os fatores necessários e os estudantes o permitem”.
Em relação às propostas da criação do cargo de provedor do estudante com deficiência e de um grupo de trabalho para melhorar a acessibilidade em Coimbra, apresentadas por Bernardo Lopes, o administrador afirmou que “garantir que esses estudantes sejam defendidos é um dos objetivos”. No entanto, revela que este processo está “de momento, em pausa” devido à passagem de pasta para uma nova equipa reitoral. Ainda assim, Diogo Tomázio acredita que a DG/AAC vai voltar a procurar soluções em breve, a começar com a nomeação de um novo provedor do estudante. Para o administrador, alargar as funções do cargo para englobar toda a comunidade académica com dificuldade motora, de modo a incluir funcionários e docentes empregados pela UC, é uma das possibilidades.
Com Luísa Macedo Mendonça, Simão Moura e Maria Inês Pinela