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O EPISÓDIO DO BONÉ

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Nas últimas semanas a Academia e a cidade foram confrontadas com a alteração do Cortejo da Queima das Fitas para terça-feira. Contrariamente ao repetido ad infinitum nas caixas de comentários das redes sociais, o Cortejo nem sempre foi à terça-feira. Até meados dos anos 50, o Cortejo acontecia em dia fixo a 27 de Maio, irrelevantemente do dia da semana. Tal dia era celebrado como o dia do Cortejo devido, ao famoso episódio do Boné. O episódio do Boné foram vários acontecimentos, que culminaram com o roubo do boné de um Tenente da GNR no dia 27 de Maio de 1913. Um Comissário, de nome Floro Henriques, tinha imposto grossas limitações às festas Académicas visto que estas causavam grande incómodo à cidade. No dia 24 de Maio, aquando duma manifestação contra estas medidas, o Comissário ordenou carga policial sobre os Estudantes que se viram vencidos e muitos foram colocados sob prisão.

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No entanto, na tarde de 27 de Maio, um Tenente da GNR foi visto a almoçar num restaurante da Alta. Sebastião Fernandes, um estudante madeirense, apercebendo-se que o Tenente tinha deixado o boné num bengaleiro, subrepticiamente se apoderou dele. A aclamação Académica não tardou a vir. Por todo o dia seguinte, os Estudantes fizeram troça da GNR com gritos de "Olha o boné!" e "Oh Floro, dá o boné ao Tenente!" para gáudio da populaça e vingança dos Académicos. Em pouco tempo apareceu também a seguinte canção afixada pela cidade:

"O tal tenente da guarda Nem já pensa no banzé, Anda a ver se deita a garra Ao larápio do boné.

Ó Floro, ó comissário Não sejas tão inclemente, Entrega o boné roubado

Ao desgraçado tenente."

Tamanhos foram os tumultos e a humilhação sentida que a 29 de Maio, o Intendente da Polícia acedeu a colocar todos os Estudantes presos na manifestação em liberdade. O Episódio do Boné foi celebrado por todas as gerações vindouras de Estudantes, tendo sido fixado o dia 27 de Maio como sendo o dia oficial para o Cortejo da Queima das Fitas. "

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