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Congelação de oócitos Congelação de oócitos

Manuel Silva & Maria Silva

Bioética

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Definição

A congelação de oócitos é um procedimento quotidiano em clínicas de reprodução humana para preservação da fertilidade por motivos médicos ou pela simples decisão de adiar a maternidade A preservação da fertilidade possibilita a manutenção de saúde reprodutiva nos pacientes que apresentam risco de declínio da fertilidade [2] [5]

A criopreservação de oócitos contribuiu para o avanço das técnicas em reprodução humana nas últimas décadas Atualmente representa uma grande evolução em Reprodução Humana Assistida [1] [12]

Técnica

Essa técnica funda-se no processo biológico de ovulação feminina, procedendo à conservação dos oócitos para uso reprodutivo futuro Consiste na conservação de células ou tecidos a temperaturas inferiores a -196ºC [1] [3] Esse processo estimula artificialmente a ovulação feminina e preserva os ovócitos obtidos Os ovócitos são recolhidos do corpo da mulher e os considerados aptos são preservados para uso reprodutivo futuro [3]

Para que serve

A congelação de oócitos surgiu com o objetivo de preservar a fertilidade feminina, sendo cada vez mais usado para resolver as dificuldades reprodutoras das mulheres que pretendem ter filhos mais tarde Esta técnica tem observado um avanço notável nas taxas de fertilização obtidas a partir de oócitos congelados [1] [3] Foi originalmente pensado para pessoas com condições de saúde que poderiam ameaçar a sua função reprodutiva no futuro Este é o caso de pessoas com doenças oncológicas, pois os tratamentos oncológicos prejudicam a fertilidade [3] [4] [10] [13]

Idade

As razões sociais e profissionais, contribuem para o adiamento da gravidez para idades mais tardes da vida reprodutiva da mulher O período mais propício de reprodução feminina é durante os 20 anos, sendo que a partir daí a fertilidade vai gradualmente decrescendo, tornando-se o decréscimo mais visível a partir dos 35 anos Aos 40 anos a probabilidade de uma gravidez ronda os 5% [2] [3] [8]

A Ética

A congelação de oócitos apresenta grandes taxas para a maternidade biológica no futuro. A taxa de fertilização e gravidez é de 67% e 33%, respetivamente, pode-se dizer que a criopreservação dos oócitos não leva a prejuízos aparentes à saúde das crianças concebidas [2] [3]

Do ponto de vista médico, há vários riscos que se temem relativamente à saúde da mulher e das crianças que podem nascer, apesar de ainda não terem sido registados problemas de saúde Eticamente, argumenta-se que esse procedimento médico ultrapassa as barreiras da fertilidade feminina De uma perspetiva judicial faz-se questão de falar da acessibilidade aos recursos, os direitos das mulheres e o destino dos ovócitos crio preservados [3] [5]

É de destacar que a congelação de oócitos não tem como intenção selecionar características biológicas da futura criança, sendo que é proibido a fecundação de oócitos humanos com outra finalidade que não a da procriação As pessoas que recorrem à criopreservação têm de expressar por escrito o destino dos préembriões preservados em caso de divórcio, doenças graves ou de falecimento [4]

O que permite

A conservação de oócitos permite dar autonomia às mulheres jovens de adiarem a gravidez, aumentando a probabilidade de terem uma descendência biológica no futuro Contudo é importante destacar que a conservação de oócitos é uma forma de preservar a fertilidade, não dando a garantia de filhos biológicos, mas sim permitindo às mulheres a hipótese de conceberem crianças numa idade mais avançada Acaba por ser uma opção para as mulheres que querem dar início à maternidade numa idade mais tardia, permitindo às mulheres terem mais liberdade sobre o seu corpo [2] [5] [14] [15] [16]

A infertilidade é uma questão importante para pacientes com cancro e para as suas famílias Devem ser dadas informações realistas sobre os novos avanços na preservação da fertilidade, ao fim de assegurar um aconselhamento e tratamento apropriados, sendo que a criopreservação permite a estas pessoas uma oportunidade de fertilidade Como todos os cidadãos têm direito à saúde o Estado deve garantir a oportunidade a estes tipos de tratamentos [6] [7] [12]

Bibliografia

[1] Verzeletti F B & Pasquaotto F F (2010) Criopreservação de oócitos Reprod clim 19-29

Argumentos contra

Surgiram conflitos ético-religiosos A Igreja Católica, é contra a reprodução medicamente assistida, considerando que a fecundação não é “natural” se feita em laboratorial [9]

Atualmente, a vitrificação é o método de escolha mais viável, devido aos seus pontos favoráveis em relação ao congelamento lento Porém, é necessário um maior entendimento de todo o conjunto, tendo como perspetiva a estabilização de um protocolo específico de aplicação, que leve a maiores taxas de nascidos vivos [11]

Fgura4:TécncadeCropreservação:htps://eomedcnacombr/reproducao/tecncascropreservacao/

[2] de Carvalho B R Nastri C O & de Paula Martins W (2017) Há um momento idea para uma mulher cropreservar seus oóctos? Femina 45(2) 115-118

[3] Raposo V L (2020) Fertilidade rma com dade? (enquadramento ético-egal da criopreservação de ovócitos como método de preservação da fertilidade feminna) Direto e Desenvolvimento 11(2) 245-263

[4] Vieira L T Q da Mata G H C Almeida J P Santana V S & do Amaral W N (2020) Ética em ginecologia e obstetrícia Revista Bioética Cremego 2(2) 25-29

[5] Cebotari, M (2017) Criopreservação ovocitária

[6] C Gonzaez et a (2012) Enabling Technoogies For Cell- Based Cinical Translation Concise Review: Immunologic Lessons From Solid Organ Transplantation for Stem Cel-Based Therapies, stem cell tran med pp 136–142

[7] M J Loscalzo and K L Clark (2007) “The Psychosocia Context of Cancer-Related Infertiity, pp 180–190

[8] Grijó, R P , & Carnero, B (2013) A Realidade da Procração Medicamente Assistida: Técnicas Laboratoriais-Criopreservação de Ovócitos: que Futuro Nos Centros? (Doctoral dissertation, Unversidade do Porto (Portugal))

[9] do Amaral W N do Vaz L P de Andrade Ferreira E Martns L L & Leite P M Ética em reprodução assstida Ética em gnecoogia e obstetrícia 99

[10] Barbosa R T Polisseni J de Oliveira Guerra M de Almeida Camargo L S & Peters V M (2009) Avanços tecnológicos da criopreservação de ovócitos Revista Interdisciplnar de Estudos Experimentais-Animais e Humanos Interdisciplnary Journal of Experimental Studies 1(4)

[11] Chian R C; Kuwayama M ; Tan L ; Tan J ; Kato O ; Nagai T High surviva rate of bovine oocytes matured in vitro following vtrfi cation Th e Journal of Reproduction and Deveopment Tokyo v. 50 n 6 p 685-696 2004

[12] Morshima C dos Santos T B Takahira A M Donadio N Cavagna M Dzik A & Gebrim L H (2017) Crianças nascidas após vitrificação de oócitos em reprodução assistida em hospita público Reprodução & Clmatério 32(2) 148-151

[13] Tomás C López B Bravo I Metello J L & Sá P (2016) Preservação da fertildade em doentes oncológicos ou sob terapêutica gonadotóxica: estado da arte Reprodução & Clmatério 31(1) 55-61

[14] W Dondorp et al (2012) Oocyte cryopreservaton for age-reated fertility loss, Hum Reprod , vol 27, no 5, pp 1231–1237

[15] T J Matthews and B E Hamilton (2009) Delayed chidbearing: more women are having their first chld later in life , NCHS Data Brief, no 21, pp 1–8

[16] C Álvares et al (2015) “Between the social and the bological: rethinking maternity in light of new techniques of assisted reproduction, vol 3, pp 111–122

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