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XENOTRANSPLATAÇÃO XENOTRANSPLATAÇÃO Questão bioética
from BioHeitor N.º19 MARÇO 2023
by aefhp
Introdução
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A xenotransplantação, cujo prefixo xeno deriva da palavra grega "xénos = estranho" e transplante derivado do latim “trans-plantares=plantar noutro local”[1], ou também conhecido como transplante interespécie [2], é uma técnica de transplantação de órgãos vivos, tecidos e células de uma espécie animal , podendo ou não estar geneticamente modificados, para um ser de espécie distinta [3]. Assim, esta técnica é uma grande promessa de avanço na medicina devido ao seu elevado contributo no aumento da oferta de órgão e tecidos existentes, sendo assim possível suprir as necessidades de órgãos, tecidos e células transplantáveis, e, de certo modo mitigar algumas doenças humanas [4]. Contudo,esta técnica apesar de apresentar elevado potencial, existe uma série de questões éticas [4]
Hist Ria
No começo do século XVII, em Inglaterra e França, há registo de ensaios de transfusões sanguíneas de sangue animal para seres humanos [3].
1902 primeiro caso documentado de xenotransplantação no século XX, tendo-se transplantado, para um doente que sofria de doença renal terminal, um rim de porco
Porém o transplante falhou, acabando o paciente por falecer [5] Já nos anos 50 do século XX, foram descobertas “drogas imunossupressoras” [3, p1] que fizeram ressuscitar o interesse pelo transplante interespécie [3]
1964, Keith Reemtsma efetuou a xenotransplantação de rins de chimpanzés em alguns doentes [3], tendo estes sobrevivido no máximo cerca de dois meses [2] Neste mesmo ano, Hardy realizou o primeiro xenotransplante cardíaco no ser humano com um coração de chimpanzé, contudo este paciente apenas sobreviveu cerca de seis dias [2].
Outubro de 1984 [5], “em Loma Linda, Califórnia, uma equipa de cirurgiões, liderada por Leonardo Bailey” [3, p1], realizou-se um xenotransplante de um coração de um babuíno de sete meses, a um recém-nascido humano, conhecido por Baby Fae, que sofria de doença congénita e de cardiopatia fetal, e que sem este transplante não seria capaz de sobreviver [5] Apesar da incompatibilidade do tipo sanguíneo, o bebe acabou por sobreviver cerca de vinte dias [5].
1992, foi realizado o primeiro xenotransplante cardíaco usando um porco como animal de origem, no entanto o paciente acabou por morrer em vinte e quatro horas [5]
2014, descoberta da técnica CRISPR-Cas9 que veio a facilitar as edições genéticas que dificultavam os xenotransplantes Este “permite bloquear, adicionar ou subtrair genes de qualquer ser vivo” [6, p1]
Em 2017, Church e os seus colegas da Universidade Harvard, “publicaram na revista Science a inativação dos 62 loci dos PERVs (pig endogenous retro virus) produzindo suínos virus free, abrindo perspectivas para o uso clínico do novo método” [3, p1], proibido até então pelas decalrações de Changsa de 1998 a 2006 [3]
Recentemente os ensaio realizados incidem principalmente no transplante de “células neurológicas, pancreáticas e hepáticas imunoprotegidas” [3, p1] O último xenotransplante de que há registo foi realizado em Maryland (EUA) a 17 de janeiro de 2022, tendo este aberto expectativas para o início clínico de xenotransplantes de células renais, da pele e córneas [3]