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Setorização Vertical - Um conceito pioneiro no espaço aéreo brasileiro
Setorização Vertical
Um conceito pioneiro no espaço aéreo brasileiro
Leandro Muniz de Souza - Capitão Especialista em Controle de Tráfego Aéreo
Assessor ATM do CINDACTA I
Até abril de 2021, o CINDACTA I era responsável por gerenciar a atividade de tráfego aéreo em sua área de jurisdição, por meio de 16 setores de tráfego aéreo divididos entre três Subcentros Operacionais.
Desde a implantação do Redimensionamento das Regiões de Informação de Voo (FIR) no ano de 2013, - projeto do DECEA em que ocorreu a harmonização da demanda dos movimentos aéreos em nível nacional - , não houve grandes modificações na FIR Brasília.
Contudo, em função do crescente fluxo de tráfego aéreo, notou-se que o setor 15 da FIR-BS passou a apresentar momentos de alta demanda e, por vezes, saturação do respectivo setor, sendo necessária a adoção de medidas de gerenciamento de fluxo por meio da Célula de Gerenciamento de Fluxo (FMC) deste Centro.
Foi percebido pelos gestores ATM (Gerenciamento de Tráfego Aéreo) locais, a necessidade de se buscar uma medida para mitigar essa situação e estabelecer um novo espaço aéreo que apresentasse o equilíbrio entre a demanda dos movimentos aéreos e a capacidade ATC (Controle de Tráfego Aéreo).
Inicialmente, surgiu a ideia de redimensionamento específico do setor 15 do Centro de Controle de Área de Brasília (ACC-BS). Em razão da busca de soluções junto aos players e stakeholders, o Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), por meio do Grupo de Estudos sobre o Planejamento do Espaço Aéreo (GEPEA), já realizava estudos para viabilizar a implantação da setorização vertical em todo o País.
A Setorização Vertical é um conceito de espaço aéreo baseado na divisão desta porção em determinado nível de voo, no qual se estabelece uma relação entre o binômio – demanda e capacidade – dentre os movimentos aéreos que passariam obrigatoriamente naquele volume do espaço aéreo, gerando maior fluidez e aumento significativo na capacidade dos setores.
Após diversas reuniões de coordenação entre o CGNA e o CINDACTA I, o setor 15 foi
Setorização Vertical: comprometimento e coesão de esforços
definido como projeto piloto para a implementação em nível nacional. Adicionalmente, esta solução também ajustaria a demanda dos tráfegos da Europa e do Nordeste do País, em função da implantação do Projeto TMASP Neo, sendo uma solução muito oportuna para aquele momento de mudanças para o tráfego aéreo nacional.
Após estudos estatísticos sobre a demanda da capacidade daquele setor, decidiu-se implantar o conceito para os três setores operacionais da Região Rio do ACC-BS. Foram criados setores sobrepostos, com limites verticais diferentes: os setores inferiores (lower sectors) e os superiores (upper sectors), sendo dividido em 19 setores. Atuação da Área Técnica
Outro aspecto importante foi a participação da área técnica no projeto. A Seção da Tecnologia da Informação em âmbito Operacional (TIOP) do CINDACTA I participou de todas as fases da implantação da setorização vertical. Durante todo o processo, houve a utilização pioneira do Simulador Regional do CINDACTA I, representando celeridade no processo de treinamento, economicidade e possibilidade de reajustes nos procedimentos que foram adotados pelos controladores para a melhor performance de implantação.
Todos os treinamentos, validações e estudos foram realizados nesse novo simulador, que ficará à disposição para novas atividades e possibilidade de novos estudos a serem realizados em nível regional.
Assim, no dia 28 de julho de 2021, o CINDACTA I foi o primeiro a utilizar o conceito de setorização vertical aplicada ao centro de controle no espaço aéreo brasileiro, sendo implantado dentro da estrutura existente, com grande economia de custos e aumento de capacidade.
Pode-se concluir que a implantação da setorização vertical seguirá por todo o Brasil, contudo a participação do CINDACTA I deixará um legado para os demais Centros Regionais, que é um marco de sucesso a ser seguido no que se refere ao aumento significativo da capacidade e à redução do consumo de combustível e da emissão de CO².