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ACC-BS - Uma história de grandes evoluções a serviço do País
na saúde ocupacional e no meio ambiente, promovendo, assim a qualidade de vida no trabalho e a formação de valores do seu efetivo.
ACC-BS
Uma história de grandes evoluções a serviço do País
Ivan Romão de Moraes Capitão Especialista em Controle de Tráfego Aéreo
Chefe do Centro de Controle de Área de Brasília
O Centro de Controle de Área de Brasília (ACC-BS), que devido as suas peculiaridades, é dividido em três regiões (Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro), é responsável pelo controle e vigilância da circulação aérea geral e regular, em uma área que abrange os principais aeroportos e capitais do País, destacando os de Guarulhos, Congonhas, Brasília, Campinas, Goiânia, Confins e Pampulha, e por onde circulam por volta de 70% dos tráfegos provenientes do exterior, além de ser o ACC mais movimentado do Brasil, segundo dados estatísticos apresentados pelo Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), em seu anuário de 2020.
Segundo Eloy Santos Costa, controlador de tráfego aéreo desde 1975, a trajetória do ACC-BS, que teve início ainda com a prestação do serviço convencional, confunde-se com a história dos equipamentos (hardware e software) utilizados para prestação do serviço radar, quando, em 1976, entrou em operação os consoles THOMSOM-CSF.
Esses equipamentos possuíam a tela monocromática, onde as pistas radar eram apresentadas em forma de barra, sendo associada a um código transponder, que identificava a aeronave. Sobre esse momento, nos disse Eloy: “Quando o radar de rota foi colocado para a operação real estávamos todos ansiosos e nervosos. A primeira visualização radar foi da Ponte Aérea Rio-São Paulo e a primeira aeronave a nos chamar foi um ELECTRA da VARIG. Ele foi identificado e acionou o transponder. O Suboficial Haroldo, do então ACC-SP, que ainda operava não radar, virou-se para mim e exclamou: Eloy, assim é muito fácil!”
No início da década de 1980, mais precisamente em outubro de 1981, os consoles THOMSOM-CSF foram substituídos pelos THOMSOM-AMC 901, também monocromáticos, mas com opções de videomapas que poderiam ser dilatados e deslocados, recurso que não existia nos anteriores.
As pistas de radar primário eram represen-
tadas por uma cruz, as de radar secundário por um círculo e, quando a aeronave era detectada por radares primário e secundário, simultaneamente, era representada por um círculo com uma cruz no centro da pista.
Os consoles AMC 901 acompanharam o ACC-BS por mais de 20 anos, sendo substituídos, em janeiro de 2002, pelo X-4000, que trouxe uma série de aprimoramentos e foi um dos marcos no tratamento das informações relativas ao tráfego aéreo. Sua tela possuía uma variedade de cores, inúmeras opções de mapas e submapas e Fichas de Progressão de Voo Eletrônicas (FPVE).
As FPVE impressas passaram a ser utilizadas com um recurso alternativo. Já a posição assistente de controle passou a ter um monitor idêntico ao da posição controle. Nos sistemas anteriores o monitor era compartilhado pelo controlador e pelo assistente. A disponibilização do referido monitor para o assistente possibilitou maior e mais rápida interação com o sistema e as funcionalidades do console.
A evolução não parou por aí, a partir de dezembro de 2011, o Sistema Avançado de Gerenciamento de Informações de Tráfego Aéreo e Relatórios Operacionais (SAGITARIO) entrou em operação. Com ele vieram as telas de LCD, os sistemas de comunicações (frequências e telefones) digitais, as informações meteorológicas apresentadas diretamente na tela do radar, a divisão vertical dos setores da FIR, a comunicação via Data Link entre pilotos e contro-
O SAGITARIO representa uma evolução significativa para a interface utilizada pelos controladores de tráfego aéreo
ladores, a geração de inúmeros tipos relatórios, além da capacidade de processamento de mensagens de serviço de tráfego aéreo (ATS) de forma rápida e segura diretamente no console operacional.
A visão de futuro da aviação traz, também, a necessidade de aprimoramentos e otimização do uso do espaço aéreo e, na busca desse objetivo, há, nos próximos anos, vários projetos a serem implementados na FIR-BS, dentre eles podemos citar, para o ano de 2022, Conceitos de Rotas Diretas (ou Rotas DCT), que permitirá aos usuários do espaço aéreo brasileiro planejar seus voos de forma eficiente, utilizando as trajetórias mais curtas possíveis entre os aeroportos de origem e destino; e como evolução, o uso do conceito do Espaço Aéreo de Rotas Livres (FRA) e cujos estudos, para a implementa-
Atuação dos controladores de tráfego aéreo no ACC-BS
ção na FIR-BS, tiveram início no presente ano. Mencionamos, também, o Projeto LANDELL, com a utilização da CPDLC (Controlller Pilot Data Link Communications), uma tecnologia de comunicação aeronáutica que permite o envio de mensagens de texto pré-formatadas nas operações de controle do espaço aéreo, com a previsão de implementação no final de 2023.
Por fim, destacamos que a Região de Informação de Voo de Brasília (FIR-BS) possui 26 sítios radares e 36 estações de telecomunicações, que garantem a total cobertura de radar e de frequências e com os quais os mais de 200 controladores de tráfego aéreo do ACC-BS garantem a vigilância e o controle da circulação aérea, bem como a condução das aeronaves dentro da FIR-BS.