3 minute read
Busca e Salvamento - Para que outros possam viver
Busca e Salvamento
Para que outros possam viver!
Paulo Ricardo Tavares Rodrigues - Capitão Aviador
Chefe da Subdivisão SAR e do ARCC-BS
A Subdivisão de Busca e Salvamento (SAR) reúne dois centros diretamente envolvidos com a atividade de Busca e Salvamento: o Centro de Coordenação de Salvamento Aeronáutico de Brasília (ARCC-BS) e o Centro Brasileiro de Controle de Missão COSPASSARSAT (BRMCC).
Também conhecido como SALVAERO, o ARCC-BS foi criado em 1962, sob responsabilidade do então Serviço Regional de Proteção ao Voo de Brasília (SRPV-BR), com o propósito de coordenar ações de Busca e Salvamento no território nacional, em consonância com o anexo 12 da Convenção da Organização de Aviação Civil Internacional (ICAO), dentre outros tratados internacionais, que foram assinados pelo Brasil e delegados à Força Aérea Brasileira (FAB). Após 1996, o ARCC-BS foi incorporado ao CINDACTA I.
A área de 22 milhões de Km² sob responsabilidade brasileira é dividida em cinco regiões: Brasília (BS), Curitiba (CW), Manaus (AZ), Recife (RE) e
Balizas de emergência SAR
Missão simulada de resgate em Florianópolis (SC)
Atlântico (AO), sendo os dois últimos sediados em Recife.
A função de cada uma dessas unidades é realizar a coordenação e execução de ações SAR, apoiando qualquer aeronave, embarcação ou seus ocupantes classificados na fase de perigo. Seu efetivo é composto por graduados e oficiais, extremamente capacitados, os quais se revezam de forma a manter uma equipe de prontidão para acionamentos 24 horas por dia, durante todo o ano.
Dessa forma, é possível engajar aeronaves da FAB de asa fixa e de asa rotativa, Forças Auxiliares, como Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, ou até mesmo ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) para o resgate de uma vítima. A FAB mantém tripulações preparadas, em permanente estado de alerta, sete dias por semana, 365 dias por ano, dispostas em todo o Brasil.
Após um indício de acidente, que ocorre por meio de comunicação de um controlador de tráfego aéreo, acionamento de equipamentos de emergência existentes nas aeronaves (ELT, EPIRB ou PLB) ou até mesmo uma ligação de um familiar preocupado com um piloto desaparecido, a equipe do ARCC, da região correspondente, inicia os trabalhos de investigação da Busca Ampliada por Comunicações (EXCOM).
É realizado contato com o aeródromo de decolagem, proprietário da aeronave, familiares do piloto e qualquer órgão, instalação ou indivíduo capaz de prestar informação adicional ou de verificar a informação já obtida, colaborando com o paradeiro da aeronave desaparecida. Se as informações coletadas indicarem que a aeronave está fora de perigo, a operação será encerrada.
Caso seja presumido que a aeronave decolou e está desaparecida, ocorrerá uma missão de busca, normalmente através de aeronaves
da FAB. O 2°/10° GAV, Esquadrão Pelicano, por exemplo, é uma unidade especializada em Busca e Salvamento, e detém modernos aviões (SC-105) e helicópteros (H-60L) para cumprir esse tipo de missão.
A equipe do ARCC planejará um Padrão de Voo, definindo também a área de maior probabilidade de detecção da aeronave desaparecida. Para isso, utiliza-se a rota da aeronave desaparecida e todas as informações colhidas na EXCOM, através do software SARMaster, que é uma ferramenta de planejamento de missão de busca.
Normalmente são realizadas em torno de 400 EXCOM anuais. Em 2021, ocorreram 291, até o terceiro trimestre.
Quando localizado o objeto da busca, o ARCC coordenará uma missão de resgate, caso necessário utilizando helicópteros, de forma a trazer de volta ao seu lar, todos os ocupantes outrora em perigo, envidando o máximo de esforço, conforme diz o hino SAR, “para que outros possam viver”.