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Prioridade no combate à fome.........................................P.26 e

comprar comida, a gente sofre. Fora a passagem também. Sai um gasto muito alto. Uma comida no Centro custa entre R$ 15 e R$ 20”, conta o entregador Júnior Santos, que sobrevive na informalidade há três anos.

“Os trabalhadores de aplicativo, que carregam comida nas costas, muitas vezes não têm o que comer. Precisamos buscar condições para alimentar essas pessoas. Todos os dias vemos a fila aumentando, então, quando aumentamos a quantidade de comida, também precisamos pensar em como vamos ordenar as refeições”, explica a coordenadora do Muca e voluntária da Cozinha Solidária, Maria de Lurdes do Carmo.

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Os alimentos utilizados no preparo das quentinhas são comprados do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), mas o projeto também conta com outras doações, como explica o coordenador do projeto do MTST, Vinícius Silva.

“Queremos demonstrar, através de ações, que a fome é inaceitável. Agora, a gente também quer incidir sobre o debate nacional. É preciso ter um modelo de política pública que tenha seriedade no combate à fome e tenha ação nos dois lados: com os trabalhadores da cidade e desempregados, e garantir que o pequeno produtor também tenha dignidade e comida no prato”, afirma Vinícius.

DA COVID À COMIDA NO PRATO O combate à fome mobiliza a maioria das entidades selecionadas por edital público. Hoje é a ação principal de 90% das 54 ONGs que alcançam 75 comunidades, onde a fragilidade econômica aumentou, consideravelmente, durante a pandemia. São 195 toneladas de alimentos arrecadados e mais de 25 mil refeições distribuídas para famílias em situação de pobreza, desde a implementação do plano, em junho de 2021.

“São diferentes linhas programáticas que atuam para mitigar o impacto da pandemia na redução das desigualdades. Quem atua nos territórios consegue identificar com maior precisão as necessidades”, diz o coordenador-executivo do Plano Fiocruz, Richarlls Martins.

O acolhimento de famílias que perderam o principal provedor durante a crise sanitária é o objetivo da atuação do Instituto Braços Abertos. A instituição já se dedicava, desde 2017, ao enfrentamento das desigualdades com a distribuição de quentinhas, cestas básicas e café da manhã, mas viu os pedidos de ajuda crescerem muito com a pandemia. O projeto recebeu R$ 149 mil do edital da Fiocruz.

O recurso possibilitou o atendimento de 180 famílias das comunidades do Preventório e do Morro do Sossego, em Niterói; além de moradores do as-

VOLUNTÁRIO do Muca entrega marmita a trabalhador informal no Centro

Queremos demonstrar, através de ações, que a fome é inaceitável”

Vinícius Silva Coordenador da Cozinha Solidária do MTST, Rio de Janeiro sentamento Hydras Terra Prometida, nas margens do Arco Metropolitano, na Baixada Fluminense.

A ONG também identificou a necessidade de oferecer qualificação, para reinserir as pessoas no mercado de trabalho. “Muitas famílias perderam seus provedores durante a pandemia, e seus órfãos ficaram sem acesso ao sustento. Construímos horta comunitária, fizemos palestras e oficinas, além da distribuição dos alimentos orgânicos”, conta a assistente social do instituto, Leila Vieira.

Num dos bairros mais populosos do Rio, a Frente de Mobilização do Complexo da Maré recebeu R$ 50 mil do Plano de Enfrentamento para a montagem de uma cozinha comunitária.

“O edital possibilitou que a gente comprasse os equipamentos básicos para a Cozinha da Frente e reformasse o espaço. O valor foi fundamental para o desenvolvimento do projeto, e hoje conseguimos, semanalmente, atender de 150 a 200 pessoas”, afirma a coordenadora da ONG, Vanusa Borba. O programa da Fiocruz já investiu R$ 5,5 milhões do total de R$ 20 milhões repassado pela Alerj. Pela prestação de contas, 54 projetos foram beneficiados, com 120 mil pessoas assistidas no estado. Uma nova chamada pública de projetos está prevista para ser realizada no próximo ano.

Legislativo vai repassar mais de R$ 240 milhões à SES, em cinco anos, para auxiliar no combate à doença, que teve aumento no número de casos registrados

TUBERCULOSE é desafio para o estado PESQUISADOR analisa amostra no laboratório do Centro de Referência Hélio Fraga

TEXTO RENATA STUART E MADU COSTA FOTOS THIAGO LONTRA

OEstado do Rio tem a maior taxa de mortes por tuberculose do país e ocupa o segundo lugar em incidência de contaminação. Diante da gravidade da situação e dos números que não param de crescer, a Alerj entrou no enfrentamento à doença, e está repassando mais de R$ 246 milhões à Secretaria de Estado de Saúde (SES). Os recursos serão usados na prevenção e no tratamento da doença, nos próximos cinco anos. Do total, já foram disponibilizados R$ 105 milhões, em agosto, para o Fundo Estadual de Saúde destinar verba aos municípios.

Nos últimos dois anos, a estrutura da Saúde esteve comprometida com o combate à covid-19, o que fez com que a tuberculose avançasse silenciosamente. Em 2021, foram 16.099 registros, sendo 12.986 de novos casos contra 11.623 notificados em 2020 - crescimento de 11,8%. As mortes passaram de 765 para 876, em 2021 (14,5% mais óbitos), no período.

O secretário de Estado de Saúde, Alexandre Chieppe, explica que a estratégia de enfrentamento foi implementada nos 30 municípios mais afetados pela doença: “Estruturamos os serviços para poder melhorar o diagnóstico, a comunicação com a população e também a nutrição dos pacientes, garantindo uma recuperação mais rápida. A verba repassada pela Alerj está sendo usada em um processo amplo , em andamento desde o início de 2022”, conta o secretário, informando que o programa envolve também ações das secretarias de Assistência É uma doença da população invisível. São os moradores de rua, pessoas privadas de liberdade, os que estão nas comunidades do Rio de Janeiro e vivem em espaços pequenos e com muita gente”

Telma Goldenberg Pneumologista do Centro de Referência Professor Hélio Fraga ENSP/Fiocruz

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