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Rio pode ser referência no Complexo da Saúde ...................P.15 e
by Alerj
Mauro Osorio diretor-presidente da Assessoria Fiscal
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US$ 22 bilhões, em 2021. Os números dão a dimensão da dependência do país nessa área e do quanto poderia ser produzido aqui, com a implementação de políticas públicas de incentivo. A pandemia de covid-19 evidenciou a necessidade de se buscar uma maior autonomia, diante dos altos custos nas importações de insumos, como vacinas e respiradores.
A FORÇA DO RIO NO SUS A geração de empregos é outro argumento favorável para o incentivo. A estimativa é de que cada R$ 1 milhão a mais de produção no CEIS aumente, em média, 27,7 postos de trabalho no mercado nacional. E para cada R$ 1 de demanda final na saúde, acrescenta-se R$ 2,86 na economia brasileira em geral, por efeitos diretos e indiretos. O CEIS fluminense gera quase meio milhão de empregos formais diretos no estado, segundo a Nota Técnica.
O gigantismo do Sistema Único de Saúde (SUS) é outro forte argumento para atração de empresas. O estado concentra 193 das 2.720 unidades hospitalares públicas do Brasil, sendo 31 federais - algumas ligadas às universidades -, 34 estaduais e 128 municipais. O estado é um forte mercado consumidor de insumos e serviços de saúde.
“Nenhum outro país com o tamanho do Brasil tem saúde pública universal. Temos o maior sistema de compras públicas do mundo e precisamos usá-lo para atrair indústrias e serviços”, defende Osorio.
DIFICULDADE É OPORTUNIDADE O estudo ressalta ainda que a própria necessidade de melhoria da qualidade dos indicadores e do atendimento prestado ao cidadão é oportunidade de fomento, mostrando o quanto ainda há espaço para investimento. Na mortalidade materna, de cada 100 mil nascidos, o índice de mortes é de 74,52; contra a média nacional de 55,31. O Rio de Janeiro tem também a maior taxa de mortalidade infantil da região Sudeste. O Censo Hospitalar Público de 2021, mostra que 38% dos leitos federais estavam inativos, por falta de profissionais de saúde. O adensamento da cadeia produtiva, aliado à boa gestão dos recursos, pode contribuir para o sucesso das políticas públicas e até para zerar a fila do Sistema de Regulação de leitos (Sisreg).
Um ponto forte do estado é a concentração de instituições de pesquisa de reputação reconhecida. Estão aqui as sedes da Fiocruz, do Instituto Vital Brazil e uma gama de universidades federais e estaduais. O Rio está em segundo lugar no ranking nacional de titulações de mestres e doutores, segundo dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação.
“As áreas de produção de produtos biológicos e farmoquímicos são de-
JULIA PASSOS
CECILIANO e Osorio no lançamento da Nota Técnica do CEIS na Alerj COMPLEXO DA FIOCRUZ Um projeto que tem potencial de gerar atratividade para o CEIS é o Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (CIBS), da Bio-Manguinhos/Fiocruz. A unidade está em construção em Santa Cruz, Zona Oeste da capital fluminense. Será o maior centro de fabricação de produtos biológicos da América Latina e um dos mais modernos do mundo. Ele vai ampliar a oferta de vacinas e biofármacos, para atender, prioritariamente, ao Sistema Único de Saúde (SUS). O CIBS poderá produzir cerca de 120 milhões de frascos de vacina e biofármacos por ano, gerando cinco mil empregos diretos durante a construção, e de 1.500 postos de trabalho para a sua operação.
pendentes de tecnologia de ponta e investimento maciço em pesquisa e desenvolvimento. Temos um potencial enorme nessa área por possuirmos universidades, centros de pesquisas e startups. É importante ter cada vez mais investimento e apoio das agências de fomento para criarmos um ambiente inovador, além de pensar mecanismos para atrair empresas de produção de insumos que fazem parte da cadeia produtiva farmoquímica e que, muitas vezes, não têm produção local”, afirma o vice-diretor de Gestão e Mercado da Bio-Manguinhos/Fiocruz, Artur Roberto Couto.
A ação do Estado como indutor é fundamental no processo de atração de empresas. Osorio ressalta que a oferta de infraestrutura de qualidade é um dos requisitos na decisão de investimento. “Só conseguiremos desenvolver o CEIS se tivermos uma política de estruturação do setor público fluminense, com a realização de concursos e uma política de investimentos integrados à infraestrutura. Muitas vezes, falta o fornecimento de água, energia elétrica ou uma rede de telecomunicações, além de segurança pública. Temos hoje um ambiente institucional hostil”, diz.