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Tuberculose é desafio para o estado..................................... P.28 e
by Alerj
Social, Habitação e Transporte.
Moradora da Rocinha, Rita de Cássia conhece bem de perto essa realidade. O primeiro contato com a tuberculose ocorreu há 40 anos, com a infecção de sua mãe. Mais tarde, ela e os filhos também foram contaminados, e a mãe não resistiu. Rita atuou como agente comunitária e viu, no cotidiano, que a antiga “doença dos poetas”, narrada nos livros clássicos, está bem ativa nos dias de hoje. É a patologia infecciosa que mais mata no mundo.
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“A gente tem que se unir e cobrar investimento na educação, na prevenção e na ciência. A população precisa saber dos sintomas, saber que não é uma doença simples. Na primeira vez que tive tuberculose, em 1983, abandonei o tratamento para voltar a trabalhar. Tive que escolher entre me cuidar ou dar comida para o meu filho”, conta Rita.
DOENÇA DA MISÉRIA A patologia atravessou séculos, desafiando a evolução científica do tratamento. Sua erradicação é difícil porque não é uma questão apenas biológica. A tuberculose também está associada à miséria econômica e social, como explica a pneumologista do Centro de Referência Professor Hélio Fraga ENSP/ Fiocruz,Telma Goldenberg. “É uma doença da população invisível. São os moradores de rua, pessoas privadas de liberdade, os que estão nas comunidades do Rio de Janeiro e vivem em espaços pequenos e com muita gente. Essas pessoas passam fome, não têm emprego, vivem na economia informal, são pobres, desnutridas e, consequentemente, adoecem. A tuberculose é uma doença de transmissão aérea. A sorte é que ela não é uma doença extremamente transmissível, porque, se não, a catástrofe seria ainda maior”, descreve a pesquisadora, que ressalta a educação como uma aliada fundamental na luta contra a doença.
REFORÇO NA ATENÇÃO BÁSICA O combate à tuberculose tem dois desafios principais: a recuperação da saúde física e a manutenção do tratamento do paciente. Dados da SES apontam que a taxa de abandono do tratamento no estado é de 16%, mais de três vezes superior à média nacional de 5%, segundo dados do Ministério da Saúde. Para apoiar a terapia, a SES está usando parte dos recursos repassados pela Alerj na distribuição de cestas básicas ou auxílio alimentação, no valor de R$ 250, aos pacientes.
A verba também é usada na contratação e capacitação de profissionais de saúde básica que atuam na linha de frente do combate à doença, além da compra de equipamentos laboratoriais que identificam com mais precisão e agilidade a contaminação e o tipo de bacilo, tornando o tratamento mais assertivo e eficaz.
A estratégia da parceria da SES e da Alerj é fortalecer a atenção primária de saúde, realizada pelas prefeituras, instância do poder público mais próxima da população. A medida permite melhor identificação do paciente e acompanhamento das terapias.
Presidente da Comissão de Saúde da Alerj, a deputada Martha Rocha, é autora da Lei 8.746/20, que “Institui a Política Estadual de Controle e Eliminação da Tuberculose”, e defende que as ações sejam transdisciplinares.
“O tratamento da tuberculose é demorado, então as pessoas abandonam por falta de apoio no transporte e na alimentação. Além da Secretaria de Saúde, é preciso a participação de outras pastas para o combate à doença. A articulação entre o trabalho de médicos, enfermeiros, nutricionistas, assistentes sociais e agentes comunitários é a estratégia que pode garantir o sucesso da busca ativa e a continuidade dos cuidados terapêuticos”, afirma a deputada.
APOIO AOS MUNICÍPIOS Um dos municípios beneficiados pelo repasse foi Itaboraí, na Região Metropolitana. Em setembro, a cidade lançou o programa “Fortalecimento das Ações de Controle e Eliminação da Tuberculose’’, com a contratação de profissionais da enfermagem, médicos e assistentes sociais. Também está planejado o mapeamento dos casos e o apoio aos pacientes em tratamento, com a concessão de auxílio alimentação. A Secretaria de Saúde informou ter recebido R$ 199 mil do governo.
“A visão da Alerj foi primordial para a consolidação da ideia de que a tuberculose é, sobretudo, um problema social. Itaboraí tem alinhado as ações de combate à doença no mesmo sentido”, afirmou o secretário da pasta, Sandro Ronquetti.
TEXTO ROSAYNE MACEDO ARTE MARIANA ERTHAL
Apandemia da covid-19 mudou a rotina e as relações nas comunidades escolares no retorno ao presencial às salas de aula. Questões relativas à saúde mental têm impactado de diversas formas a retomada do ciclo de aprendizado e a socialização. Levantamento da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), no segundo bimestre de 2022, constatou 323 notificações de situações suspeitas ou confirmadas de violências e violações de direitos de crianças e adolescentes. Dessas, 99 são casos de violência autoprovocada e 40 relacionados a transtornos psicológicos ou que envolvem uso abusivo de álcool e outras drogas. Em 29% do total dos casos relatados, a situação ocorre de forma reiterada.
Os números fazem parte do Fluxo de Comunicação Intrainstitucional de situações de violências/violação de direitos e de Bullying/Cyberbullying. Desde julho, as ocorrências passaram a ser relatadas nos Conselhos de Classe ao fim de cada bimestre.
Crises de ansiedade, pânico e depressão fazem parte da rotina vivenciada pela presidente do Grêmio Estudantil do Colégio Estadual Matemático Joaquim Gomes de Sousa Intercultural Brasil-China, em Niterói, Samara Franco, de 17 anos.
“Tem aluno que vai para a escola para se alimentar porque não tem comida em casa. São pessoas sem condição de pagar terapia e, às vezes, o atendimento no SUS não é tão assertivo por causa das filas de espera. O
As escolas precisam preparar o corpo docente para acolher esses estudantes, promovendo uma escuta ativa, um olhar mais atento e individualizado”
Andrea Ladislau Psicanalista grêmio debate muito a necessidade de ter um psicólogo na escola, ainda mais depois da pandemia”, conta a aluna, que informou ainda que a unidade tem uma orientadora educacional disponível para atender os 240 alunos.
A preocupação com a saúde mental dos estudantes na rede pública de ensino foi discutida em audiência pública da Comissão de Educação da Alerj, realizada em agosto, na qual foi constatado o baixo número de profissionais capacitados para lidar com o problema. De acordo com dados informados à comissão, as escolas estaduais não dispõem de psicólogos e há 1.140 assistentes sociais para atender aos mais de 600 mil alunos. Na Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), ligada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, havia somente três assistentes sociais e uma psicóloga para toda a rede. Na ocasião, 13 alunos desta rede estavam em acompanhamento de saúde mental.
A comissão pediu informações à Seeduc sobre o cumprimento da Lei federal 13.935/2019, que prevê atendimento de psicologia e serviço social na Educação Básica. Também cobrou o preenchimento dos cargos de coordenação pedagógica e de orientação educacional para minimizar os impactos socioemocionais da pandemia e oferecer melhor assistência aos alunos.
“Estamos tentando pactuar com o Governo do Estado. A Seeduc assumiu o