NÚMERO
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março de 2021
editorial
Ciência, saúde e bem-estar, em tempo de pandemia. Que caminhos? Articulação curricular das disciplinas Português/Biologia/Psicologia B 12.º B Este número do Jornalsemnome é integralmente constituído por artigos científicos produzidos por alunos do 12.º B. Os trabalhos que apresentamos resultam da articulação das disciplinas de Português, Biologia e Psicologia B, com uso de recursos da Biblioteca Escolar. No contexto atual, considerou-se fundamental desenvolver a literacia científica e de informação e o espírito crítico, a par de uma reflexão sobre a forma como influenciamos e somos influenciados pelos outros e em especial pelos media. Procedeu-se ainda a uma análise sociopsicológica sobre como se lida com as contrariedades, dificuldades e emoções e como se tomam decisões num mundo onde impera a (des) informação. Rosa Duarte Colaboradores Afonso Costa Ana Pereira Andreia Rosa Beatriz Lopes Beatriz Ferreira Beatriz Madeira Beatriz Simões Camila Cruz Carolina Carranca Inês Grácio Isabel Aniceto Isilda Silva João Cotta Laura Casimiro Leonor Zacarias Luana Carvalho Madalena Feio Maria Beatriz Silva Maria Eduarda Maria Inês Silva Marta Novais Matilde Grossinho Miguel Infante Paula Barros Pedro Casaca Pedro Grilo Rebecca Trombini Rita Garcia Rosa Duarte Tomás Cotta Valentim Gonçalves
Equipa responsável Alexandra Cabral Ana Paula Rosa
Coordenação Alexandra Cabral
Logotipos André e Joana
jornalsemnome@gmail.com 2
COVID19
COVID-19 – O que é? Laura Casimiro Maria Beatriz Silva Maria Inês Silva
Com base nas inúmeras investigações e estudos científicos que têm sido desenvolvidos na sequência do aparecimento da COVID-19 reunimos neste artigo respostas a algumas das questões mais colocadas nos últimos tempos: O que é a COVID-19? Como reagimos à infeção? E qual o papel da imunologia? Além disso este artigo permitir-nos-á construir uma visão mais abrangente acerca do enquadramento histórico da pandemia atual. COVID-19. Assim é designada a doença causada pelo coronavírus, denominado SARS-CoV-2 (síndrome respiratória aguda grave 2). Tal como se tem vindo a verificar, esta apresenta um espetro clínico variado de infeções, desde assintomáticas a quadros graves. A Imunologia explica o motivo pelo qual existem tais discrepâncias de sintomas, mostra-nos que provém de algum distúrbio no nosso sistema imunitário, contribuindo não só para a desmistificação do que realmente acontece no nosso organismo aquando de uma infeção, mas também para a construção de soluções viáveis, isto é, para a aquisição de imunidade. A imunidade pode desenvolver-se naturalmente, ou pode ser induzida. Segundo os novos estudos relativos à resposta imunitária ao vírus, chegou-se à conclusão de que, numa primeira fase, é desencadeada uma série de mecanismos de defesa não específicos (processo rápido, amplo, embora limitado), nomeadamente a neutralização e eliminação do vírus por fagocitose acompanhada da produção de uma proteína antiviral capaz de bloquear a replicação do vírus, o interferão. Tudo isto sob a atuação de leucócitos, cé-
lulas efetoras do sistema imunitário. Posteriormente, são ativados os mecanismos de defesa específicos: Os determinantes antigénios (péptidos próprios do vírus) são apresentados a um novo grupo de leucócitos, os linfócitos, que vão finalizar o processo: dá-se a libertação de anticorpos e células de memória que vão desativar os restantes antigénios e assegurar a imunidade a longo prazo respetivamente. A imunidade pode ser induzida através de vacinas ou da administração direta de anticorpos específicos. Note-se que a vacina representa apenas um meio de ativar as potencialidades protetoras do nosso sistema imunitário. A história mostra-nos que as grandes pandemias trouxeram com elas momentos altamente produtivos no que diz respeito aos progressos e descobertas científicas e tecnológicas. Apesar das implicações desastrosas para a sociedade, foi neste contexto que surgiram as primeiras vacinas, ainda hoje muito populares. Em 1758 Francis Home, na tentativa de criar uma vacina contra o sarampo, injeta sangue de um doente num indivíduo não infetado. Seguiu-se Edward Jenner que, em 1798, descobre a vacina para a varíola, introduzin-
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CORONAVIRUS
do, desta vez, pus das feridas do doente. E assim sucessivamente, com o aparecimento de novas pandemias, a busca de novas vacinas especializadas tornou-se numa necessidade contínua, dando lugar a um movimento evolutivo crucial para a aquisição dos conhecimentos científicos de que hoje dispomos, bem como para a adoção de condutas mais responsáveis. Apesar dos avanços notáveis a nível civilizacional e científico, a pandemia da COVID-19 não poupou a humanidade: Além do elevado número de mortes causado pelo coronavírus, prevê-se a subcarga dos sistemas de saúde, incapazes de dar resposta às exigências a que se obriga. A economia será igualmente afetada na medida em que as medidas de confinamento implicam a interrupção da maior parte das atividades económicas que sustentam os portugueses, nomeadamente o ramo hoteleiro e a restauração que, em conjunto constituem a maior fonte de rendimento a nível nacional. Espera-se um aumento exponencial da pobreza no nosso país, as consequências prometem grandes prejuízos. Posto
isto, cabe a cada um de nós assumir um comportamento responsável para que possamos ultrapassar as dificuldades atuais e reverter a situação o quanto antes. Juntos no combate à COVID-19! Fontes: -Breve História das Vacinas, disponível em: https:// www.apih.pt/congresso_30_anos_coimbra_2018/ dra_paula_valente.pdf -Revista de Ciência Elementar: As grandes Pandemias Amélia Ricon Ferraz; editor, José Ferreira Gomes; publicado em 30 de junho de 2020, disponível em: https://rce.casadasciencias.org/rceapp/ pdf/2020/025/ -Revista de Ciência Elementar: Imunologia; Ana Espada de Sousa; editor, José Ferreira Gomes; publicado em 30 de setembro de 2020, disponível em: https://rce.casadasciencias.org/rceapp/pdf/2020/037/
Imagem microscópica do vírus SARS-CoV-2
O QUE SÃO CORONAVÍRUS? Beatriz Madeira Madalena Feio Maria Eduarda Marta Novais
Este artigo foi realizado no âmbito de esclarecer o que são coronavírus. Trata a sua taxonomia, constituição e evolução, bem como o SARS-CoV-2 e a sua atividade viral, em específico. O tema cuidado é de elevada importância uma vez que estamos perante uma pandemia causada pelo mais recente vírus desta família.
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CORONAVIRUS
Os coronavírus são vírus pertencentes à ordem Nidovirales e família Coronaviridae. O SARS-CoV-2, em específico, pertence à subfamília Orthocoronavirinae e género Betacoronavirus. Estes são vírus de RNA de cadeia simples, cujo genoma é o maior descrito até ao momento. O seu material genético encontra-se dentro duma cápside rodeada exteriormente por um invólucro essencialmente lipídico que possui várias proteínas estruturais das quais se destaca a proteína S. Esta forma relevos no exterior do vírus proporcionando-lhe o seu aspeto de coroa do qual provém o nome Coronavírus. Os coronavírus são responsáveis por infeções suscitadas no ser humano, noutros mamíferos e nas aves. Atualmente, foram identificados no Homem sete capazes de provocar sintomas, quatro deles endémicos (HcoV: 229E, NL63, OC43 e HKU1), ou seja, circulam na população causando ligeiras infeções. Outros três são responsáveis por doenças como: SARS (SARS-CoV), MERS (MERS-CoV) e Covid-19 (SARS-CoV-2). Em relação ao SARS-CoV-2, a hipótese mais viável acerca da sua origem apoia que este seja fruto de uma recombinação natural entre diversos genomas dos restantes. Previamente, a análise da evolução de outros coronavírus, particularmente do SARS-CoV-2, apontou para a ocorrência de diversas recombinações genéticas. Estas ocorrem numa célula de um hospedeiro, infetada por múltiplas estirpes que trocaram entre si informação genética e, por sua vez, originaram um vírus recombinante. O vírus SARS-CoV-2 é constituído por uma membrana viral, uma cadeia de RNA simples e quatro proteínas estruturais: as que estruturam o envelope viral (Proteína E e Proteína M), a que protege o material genético (Proteína N), a responsável pela sua aparência e processo de infeção (Proteína S), entre outras proteínas codificadas no RNA. Quando reconhecida, a proteína S, liga-se aos recetores hACE2, uma enzima unida à membrana celular das células humanas. Esta ocorrência é responsável pela entrada do vírus nas células e início da infeção das mesmas. A
elevada eficácia deste processo é responsável pelo enorme sucesso infecioso possuído pelo SARSCoV-2, em relação aos outros coronavírus. Assim, esta glicoproteína é de grande importância para o desenvolvimento de vacinas e antivirais. No entanto, a fim de poder atuar, a proteína S necessita de ser "ativada" pela furina, enzima responsável pela clivagem e posterior ativação de várias proteínas. Em seguida, a proteína S utiliza a protéase TMPRSS2, com o intuito de realizar uma clivagem adicional, com finalidade de se tornar completamente funcional. Concluindo o SARS-CoV-2 possui um modo de infeção complexo, devido às suas proteínas estruturais, nomeadamente a proteína S, e às enzimas (protéases) que contribuem para a atividade viral e processos de infeção. Fontes: Alvelos, H.; Jerves C. – Glicoproteína S. Revista de ciência elementar, 30 junho de 2020. Cientistas descobrem que molécula é usada pelo Coronavírus para atacar as células Disponível em: https://pplware.sapo.pt/ciencia/cientistas-descobrem -que-molecula-e-usada-pelo-coronavirus-paraatacar-as-celulas/ (Acedido em 23/10/2020).
Esteves, J. P. - Coronavírus, um velho conhecido do Morcego e do Homem. Revista de ciência elementar, 30 de setembro de 2020. Pinto A.; Oliveira A.N.L.; Jerves C.; Mendonça F. L.; Coutinho I. F. M.; Coimbra J.T.M.; Sousa J. P. M., Cabrera J.; Teixeira L.; Viegas M. F.; Ferreira P.; Paiva P.; Fonseca R.; Neves .P.R.; Magalhães A. L.; Fernandes P. A., Ramos J. M. – Proteínas virais no Protein Data Bank. Revista de ciência elementar, 30 de junho de 2020 .
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SINTOMAS/PREVENÇÃO
Ciência, saúde e bem-estar, em tempo de pandemia. Que caminhos?
COVID-19 - Quais os sintomas e formas de prevenção? Beatriz Lopes Beatriz Ferreira Camila Cruz
A partir da pesquisa realizada sobre os sintomas que advêm da doença causada pelo coronavírus, e de que formas nos podemos precaver, criámos este artigo com o objetivo de informar os leitores sobre estes dois tópicos cruciais da pandemia que enfrentamos. A pandemia com a qual, atualmente, lidamos atingiunos de forma inesperada trazendo inúmeras consequências, e apesar de nos afetar há quase um ano, este ainda é um vírus relativamente desconhecido, tal como o tratamento definitivo e eficaz. No entanto, é importante estar informado sobre os sintomas e formas de atuar, assim como as medidas de prevenção a tomar, para que possamos agir de forma segura. A COVID-19 afeta cada pessoa de forma diferente, assim, os sintomas e a sua intensidade variam conforme o paciente. Apesar de cerca de 44% dos infetados se revelarem assintomáticos e a maioria das pessoas desenvolverem a doença com sintomas ligeiros e moderados, não sendo necessário recorrer a tratamento hospitalar, esta não é a realidade de todos os casos. Os sintomas mais comuns são do espetro respiratório, uma vez que este vírus se aloja nos pulmões: -Febre alta (temperaturas superiores a 38oC), dificul-
dade respiratória, tosse seca, cansaço, dor de cabeça forte. Apesar de não serem registados em todos os pacientes, uma grande percentagem apresenta sintomas como: -Tensão e dor muscular, dor de garganta, conjuntivite, diarreia, irritações cutâneas ou perda de coloração nas extremidades das mãos e/ou pés, diminuição ou perda total do olfato e/ou paladar. Os casos mais graves da doença caraterizam-se por sintomas severos e podem conduzir, como infelizmente temos conhecimento, à morte: -Pneumonia, insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos. Tomar medidas de prevenção individuais adequadas diminui a probabilidade de infeção por este vírus, devendo-se por isso: -Lavar frequentemente as mãos utilizando água e sabão, ou quando não é possível, higienizá-las com solução à base de álcool (70%); -Manter a distância 6
SINTOMAS/PREVENÇÃO
de segurança (cerca de 3m se possível); -Utilizar equipamento de proteção individual de forma correta, evitar o contacto com os olhos; boca e nariz, cobrir as vias respiratórias com um lenço quando tossir e/ou espirrar. Se uma pessoa apresentar algum dos sintomas deve resguardar-se e contactar as autoridades de saúde, é recomendado que ao chegar a casa tire toda a sua roupa incluindo o calçado (que deve ser deixado à porta) e a lave com temperaturas elevadas (mínimo de 60oC preferencialmente); não deve compartilhar objetos ou alimentos e deve evitar deslocações desnecessárias. Por que é que lavar as mãos com sabão inativa e elimina o vírus? O sabão é formado por um sal derivado de ácidos carboxílicos, ou seja, composto por moléculas de duas faces: uma cabeça hidrofílica e uma cauda hidrofóbica, estas formam ligações com os fosfolípidos. Assim, ao lavar as mãos, quando as moléculas de sabão se encontram com a camada fosfolipídica do vírus; as suas caudas são atraídas por elas enquanto as cabeças permanecem na água. A força de atração entre a gordura e a água é tão forte que a levanta da superfície da mão, ficando completamente rodeada por moléculas de sabão que a separam em partículas cada vez menores. Deste modo, quando o vírus entra em contacto com água e sabão as suas partículas são dispersas e dissolvidas quando enxaguamos as mãos. O álcool funciona de maneira semelhante e também eficaz, sendo a própria substância a ligar-se à camada gordurosa do vírus, e por isso o melhor método a utilizar na ausência de água e sabão. O álcool desnatura as glicoproteínas que constituem a barreira do vírus, destruindo a camada fosfolipídica, assim, os núcleos hidrofóbicos das proteínas são destabilizados, aumentando a formação de ligações locais de hidrogénio entre o álcool e as proteínas, desagregando-as. Esta desnaturação impede o vírus de exercer as suas funções químicas, biológicas e físicas. Porém, é necessário um produto com uma percentagem de álcool igual ou superior a 70% para erradicar o Sars-CoV-2, e mesmo assim pode não ser suficiente pois se as mãos estiverem suadas ou sujas o vírus pode permanecer na sua superfície. Ao tossir, espirrar ou falar, inconscientemente libertamos gotículas que ficam suspensas no ar e podem, consequentemente, ser inaladas por outras pessoas ou depositarem-se nos objetos e superfícies que nos rodeiam. A utilização correta de máscara previne e diminui o risco de inalação destes aerossóis. Ao colocar uma máscara existem regras que devemos cumprir para um manuseamento seguro:
-Ao retirar a máscara segurá-la apenas pelos elásticos e descartá-la imediatamente (no caso de se tratar uma máscara cirúrgica) ou lavá-la a altas temperaturas (no caso de uma máscara reutilizável). Se eventualmente ambos os procedimentos não possam ser realizados no momento, a máscara deve ser colocada numa bolsa de algodão que vede para não haver risco de contaminação. As máscaras cirúrgicas são mais indicadas para indivíduos pertencentes aos grupos de risco e para ambientes de maior perigo de contágio, por exemplo, um hospital. Por outro lado, as máscaras reutilizáveis são uma boa opção para uma utilização diária e amiga do ambiente. Para que todas estas medidas funcionem e a prevenção seja totalmente eficaz é crucial que as pessoas estejam informadas e tenham um comportamento responsável e cívico, atendendo às recomendações das autoridades de saúde. Fontes: DIABETES365 8 formas de prevenção da Covid-19 Disponível em: https://www.diabetes365.pt/prevenir/covid-198-formas-de-prevencao/ fever-cough/ (Acedido em 27/10/2020).
EXPRESSO Guia para manter eficaz a proteção da sua máscara. Disponível em: https://expresso.pt/ coronavirus/2020-10-25-Covid-19.-Guia-paramanter-eficaz-a-proteção-da-sua-máscara (acedido em 28/10/2020). NATURE Face masks: what the data say Disponível em: https://www.nature.com/articles/ d41586-020-02801-8#ref-CR6 (Acedido em 27/10/ 2020) USC NEWS USC scientists identify the order of COVID-19’s symptoms Disponível em: https://news.usc.edu/174346/covid -19-symptoms-usc-researc (Acedido em 26/10/2020) WORLD HEALTH ORGANIZATION Coronavirus disease (COVID-19) advice for the public: When and how to use masks Disponível em: https://www.who.int/emergencies/diseases/ novel-coronavirus-2019/advice-for-public/whenand-how-to-use-masks (Acedido em 27/10/2020).
-Lavar corretamente as mãos e segurar a máscara pelos elásticos, colocando-a na face de modo a que cubra o nariz e a boca, lavar as mãos novamente no fim do processo.
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COMO ATUAR
Como atuar contra a COVID 19? Andreia Rosa Isabel Aniceto Matilde Grossinho
Desde sempre, os cientistas têm-se empenhado para encontrar formas de prevenção e de tratamento mais eficientes para as diversas doenças existentes. Atualmente perante a pandemia de COVID-19, não poderíamos estar indiferentes.
que podem ser tratadas com algum sucesso pela administração intravenosa de N-acetilcisteína ou, nos piores casos, acabam por implicar o transplante hepático ou, pode ainda, resultar na morte por falência hepática. Atualmente, supõe-se que a melhor forma de lidar com esta infeção seja através da vacinação, tendo começado a ser administrada em todo o mundo, no início de 2021. Assim sendo, concluímos que a ciência tem um papel decisivo no que diz respeito ao combate da COVID-19, visto que, ao longo da história da humanidade a ciência veio a disponibilizar inúmeras técnicas de tratamento e prevenção de diversas doenças existentes, e com o aparecimento deste novo vírus não poderia ser diferente.
Atualmente, graças à ciência, dispomos de diversas técnicas para a prevenção e o tratamento de doenças, como por exemplo as tecnologias hospitalares de tratamento, as tecnologias de prevenção do contágio ou até mesmo os fármacos e as vacinas. De todas as citadas, a vacinação é a técnica que demonstra um melhor desempenho no que diz respeito à redução da intensidade das pandemias. Uma das alternativas, considerada mais segura, para o tratamento da COVID-19, é a utilização do vírus inativado, através da administração de vacinas, visto que, estas são formulações de administração geralmente simples, de utilização fácil na clínica. Várias das abordagens utilizadas para a produção da vacina para combater a COVID-19 têm favorecido a procura de vacinas para outras doenças, como no caso do VIH. O que demonstra que a procura da vacinação contra o coronavírus tem beneficiado a descoberta de possíveis tratamentos para algumas doenças infeciosas. Outra das possíveis formas de tratamento da COVID-19, passa pela utilização moderada de paracetamol, um antipirético e analgésico integrado no grupo dos COX, que normalmente se recomenda para o tratamento de febre ou hipertermia (sintomas esse que estão associados aos da infeção pela SARSCoV-2), acompanhado de uma alimentação mais saudável e equilibrada. Apesar dos seus benefícios, o paracetamol quando utilizado em grandes dosagens, pode prejudicar o metabolismo humano resultando em intoxicações
Fontes:
Centro de contacto, serviço nacional de saúde, COVID19. Disponível em: https://www.sns24.gov.pt/tema/doencas-infecciosas/covid -19 (Acedido em 06/11/2020) Gomes. J.; Fernandes, P. - A Ciência é a única arma, 30 de junho de 2020, p.1-2 Gomes. J.; Fernandes, P.- O paracetamol e a COVID-19, 30 de junho de 2020, p. 1-6 Gomes. J.; Fernandes, P. - Vacinas e imunidades, 30 de junho de 2020, p. 1-8 Osório, M.; Martins, P. - Biologia12. Porto. Areal Editores. 2018
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MEDIA E REDES SOCIAIS
Que influências têm os media e as redes sociais nos comportamentos individuais e coletivos? Afonso Pereira Ana Costa Inês Grácio
Face à pandemia que atualmente enfrentamos, a utilização da internet e as redes sociais têm aumentado exponencialmente, trazendo vantagens e desvantagens ao nosso dia a dia. O impacto dos media e das redes sociais nos nossos comportamentos, sejam estes individuais ou coletivos, tem sido notório. Desde o início da atual pandemia 65% das notícias são sobre a covid-19, havendo assim um excesso de informação, o que provoca um sentimento de stress aos leitores. O ideal, perante esta situação, seria uma única fonte da qual obteríamos informações seguras e verídicas baseadas na ciência, tal como a OMS1 e a DGS2 com o objetivo de prevenir o alarmismo excessivo. No entanto, a internet e as redes sociais também nos trazem diversas vantagens, tais como, novos métodos de realizar reuniões de trabalho, assistir a aulas para um melhor ensino a distância, e mesmo encontrar conforto e apoio em grupos de apoio, que permitem “conhecermos” pessoas que se encontram numa situação parecida com a nossa, tornando assim a nossa solidão cada vez menos impactante. Sendo a internet uma plataforma com várias informações, nem todas se podem considerar verdadei-
ras, podendo algumas ser caracterizadas como fake news, que se tornam virais, muitas vezes fomentando ideias primárias ou ódios. Estas notícias falsas são criadas geralmente para a atração de cliques, o que facilita a disseminação das mesmas. Sendo estas interpretadas como verdadeiras por um elevado número de utilizadores. Graças a um algoritmo, nas nossas fontes de pesquisa e redes sociais irão surgindo conteúdos semelhantes aos lidos ou que gostamos, fazendo com que os seus utilizadores vejam sempre da mesma perspetiva uma determinada situação. Estudos no âmbito de psicologia, prévios à fase pandémica, revelam que a utilização intensiva da internet está associada a níveis elevados de solidão. Este uso excessivo poderá ter consequências não só na saúde mental, como a depressão, como também na saúde física, sendo apontado como um dos fatores que conduz á redução de anos de vida. Segundo estudos, 56% dos utilizadores concordou
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PRESERVAR A SAÚDE
com a informação: “Sinto que se eu abandonar as redes sociais, ficarei desatualizado sobre alguns acontecimentos do meu círculo de amigos.” Alguns dos sintomas e o sentimento de angústia psicológica são: pesadelos, terrores noturnos, medo de sair de casa, medo de que os pais saiam para o trabalho, irritabilidade, hipersensibilidade emocional, nervosismo, dificuldade de concentração, etc. Para prevenir este cenário devemos pensar em reajustar rotinas, descobrir novos passatempos manuais, fazer exercício físico em casa, contactar o médico ou psicólogo na área da psicologia clínica e da saúde. A internet e as redes sociais, especialmente em fase pandémica, apresentam vantagens, tais como a informação científica atualizada, a sensibilização para práticas individuais e de comportamento coletivo protetoras da saúde e que combatam a disseminação da do-
ença, conselhos para cultivar a resiliência individual e o bem-estar físico, psicológico e emocional, mas também desvantagens, tais como as fake news, sem a necessidade de interação ao vivo. O uso excessivo destas pode interferir no comportamento humano e na saúde mental e física, sendo importante investigar a necessidade de estar sempre conectado, fazendo assim com que as novas tecnologias, no seu melhor, façam parte do quotidiano do individuo. As mesmas devem ser usadas com precaução, para que possamos beneficiar delas sem nos prejudicarmos. Fontes: COVID 19 – Media e comunicação sobre saúde psicológica no âmbito da pandemia- Revista da OPP disponível em: https:// www.ordemdospsicologos.pt/pt/covid19/comunicacao_social Menezes, B. (20199. Redes Sociais e saúde mental. Disponível em https:// mindminers.com/blog/redes-sociais-saude-mental/ Tribuna, M; Costa, J.P. (2020). COVID 19: estarão os media a falar demais? Disponível em https://www.jpn.up.pt/2020/03/11/covid-19-estarao-osmedia-a-falar-demais/
Como preservar a saúde física e mental Beatriz Simões Carolina Carranca Rita Garcia
A questão da saúde física alia-se à saúde mental, uma vez que o ser humano funciona como um todo. Este artigo permite conhecer diferentes formas de lidar com as vicissitudes em tempo de pandemia e manter o equilíbrio emocional, quer relativamente ao indivíduo, quer dentro de um núcleo de pessoas que se relacionam de alguma forma: familiar, pessoal, profissional, etc. Nesta situação de pandemia, tem-se verificado, em muitas pessoas, o “otimismo irritante”, que é como um mecanismo de defesa contra a dura realidade que estamos a tentar ultrapassar. Contudo, esta pandemia já mostrou que a crise de saúde mental não se resolve apenas com pensamentos positivos. Juntamente com a crise económica e as vagas de COVID-19, surgiu também um grande aumento da ansiedade e depressão. Posto isto, e para tentar melhorar, pode ser necessário sentir as emoções negativas e pedir ajuda. O aumento dos problemas mentais nesta altura pode ser devido ao desconhecimento de práticas de saúde psicológica. No entanto, e partindo para um
caso particular de elevada importância, quais as consequências da pandemia na saúde mental dos profissionais de saúde? Antes de mais, é necessário reforçar a proteção social para não se sobrecarregar hospitais e o trabalho destes profissionais, que nos ajudam tanto. A situação da saúde mental entre estes já era grave antes, devido à elevada tensão com que trabalham e à falta de recursos; agora, já existem vários profissionais de baixa devido a burnout e um maior registo de suicídios nesta categoria. No entanto, muitos têm dificuldade em aceitar ajuda psicológica, devido à crença de que a necessidade desse apoio é sinónimo de doença mental ou insani10
INFLUÊNCIAS
dade, sendo que muitos tentam tratar-se sozinhos. E esta parte também se aplica ao resto das pessoas. Esta experiência traumática coletiva que é a pandemia torna imprescindível acionar recursos psíquicos internos. É necessário viver num ambiente saudável e valorizar os laços familiares e o ambiente doméstico. Além disso, o sono é fundamental para uma boa disposição e, como tal, é importante priorizá-lo, pois os bons hábitos de sono ajudam na prevenção de doenças infeciosas. Para tal, devemos também optar por atividades mais relaxantes e evitar o consumo de cafeína a partir da tarde. Outros dois fatores de bastante importância são a nutrição e a gestão de stress, que estão relacionados com o bom funcionamento do sistema imunitário. Também se deve abandonar o tabagismo. Uma maneira de gerir o stress nesta situação é não estarmos sempre agarrados às notícias e redes sociais a tentar descobrir mais novidades sobre a pandemia, mas, ao mesmo tempo, não nos isolarmos dos outros. Deve-se também ter em atenção a pessoas que já mostravam sinais de perturbação emocional, especialmente no que toca a comportamentos suicidas, tais como mudanças súbitas de humor, ou desapego repentino a objetos. Para tentar ultrapassar a extrema preocupação com o contágio da COVID-19 enquanto vivemos esta pandemia, podemos tentar aprender mais sobre o vírus,
além de que para manter o nosso bem-estar psicológico e o daqueles que nos rodeiam, é importante manter a calma e transmitir essa mesma calma. Acima de tudo, é importante lembrar que esta é, sim, uma situação difícil, mas temporária e que iremos ultrapassar isto. Além disso, não se deve ter receio de pedir ajuda quando preciso. Não é a necessidade de ajuda psicológica que nos torna fracos, mas reconhecer essa necessidade torna-nos mais fortes. Fontes: Barbosa, D. (2017). 8 atitudes que ajudam a preservar sua saúde mental. Disponível em https://exame.com/casual/8atitudes-que-ajudam-a-preservar-sua-saude-mental/ (acedido em 20 de outubro de 2020) COVID 19 - Coping with Stress (2020). Disponível em https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/daily-lifecoping/managing-stress-anxiety.html (acedido em 20 de outubro de 2020) Leal, D. (2020). Como Preservar a Nossa Saúde durante a Pandemia? Disponível em https://www.danielleal.pt/comopreservar-a-nossa-saude-durante-a-pandemia/ (acedido a 20 de outubro de 2020) Stevanim, L. F. (2020). “Profissionais de saúde são pessoas reais: entrevista a Alessandra Xavier” Perspetiva: Revista Radis Comunicação e Saúde- Fiocruz. Nº213: junho 2020. Disponível em https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/41754/2/GrandeDe safio.pdf (acedido em 20 de outubro de 2020)
Como somos influenciados e influenciamos os outros em tempo de pandemia? Leonor Zacarias Pedro Casaca Pedro Grilo
A leitura deste artigo permite-nos perceber a razão pela qual somos influenciados e como essa influência varia tendo em conta diversas circunstâncias, emoções e sentimentos, tais como o medo, a frustração, a tristeza e angústia, mas também a empatia e a solidariedade social, entre outros. 11
seja, este conformou-se com o que o grupo fazia de modo a sentir-se mais integrado no mesmo. Este tipo de situações são exemplos de quando não nos devemos deixar ser influenciados pelo que pode levar a um agravamento da situação em que todos nos encontramos, tornando isto num ciclo vicioso. Outro exemplo é quando a sociedade no geral não cumpre as regras básicas como o distanciamento social e o uso de máscara, o que pode causar revolta e replicação dessas ações com o pensamento de que “Se os outros fazem, eu também posso”. No entanto, nem todos os casos de influência são negativos. Os media permitem uma maior divulgação de informação, por isso, como se viu no início da pandemia houve uma grande onda de positividade. Uma onda de solidariedade surge a partir do altruísmo de algumas pessoas no auxílio de necessidades básicas, de onde começaram a surgir organizações de distribuição de comida e de outros recursos básicos necessários à vida. Esta influência não se limitou à formação de organizações de apoio social, mas também à ação de pessoas individuais, como a disponibilização de alguns jovens e adultos para realizarem compras ou outras intervenções com o objetivo de protegerem pessoas de risco como os idosos, pois assim não teriam de sair de casa e exporem-se mais ao novo vírus. Assim, é possível concluir que a influenciabilidade varia entre diferentes pessoas, e sociedades. Fatores como o medo, frustração, ansiedade e impotência causam, de uma forma geral, um aumento da nossa tendência para sermos influenciados. Podemos ainda reparar que, em tempo de pandemia, a influência, seja de conhecidos ou desconhecidos, ainda nos atinge de forma positiva ou negativa e depende de fatores como as condições sociais e económicas. A nossa necessidade de integração pode levar-nos a cometer atos irresponsáveis e com o aumento de doenças mentais bem como da fragilidade física e psicológica neste contexto pandémico, é imperativo, mais do que nunca, mantermo-nos fiéis aos nossos princípios e ideais éticos de humanismo comunitário.
Esta pesquisa objetivou analisar a forma como o
isolamento físico e a sociedade nos influenciam ou até como nós próprios nos influenciamos através de comportamentos do dia a dia perante várias situações no contexto de pandemia. Podemos verificar que, apesar de sermos seres racionais, as nossas decisões acabam por se reduzir a necessidades instintivas. Estas necessidades podem ser satisfeitas por meio de um grupo social. Num grupo próximo somos mais propensos a sermos influenciados, uma vez que estamos mais sujeitos a pressão de pares e a replicarmos ações como forma de integração. Mas também é possível ser influenciado pelo resto da sociedade e pelas suas ações. A forma como reagimos a essas influências está relacionado com o nosso conformismo. Como seres racionais e sociais influenciamos e somos influenciados pelo que vemos, vivemos e sentimos. Durante toda a nossa vida somos propensos a aderir a um grupo social por ser a norma da sociedade. Um grupo social é definido pela interação estabelecida entre as pessoas e o sentimento de identidade existente (gostos comuns, objetivos semelhantes, ideias partilhadas, etc.) ou seja, é a forma básica de associação humana. Dentro dos grupos sociais são estabelecidas relações que podem ser mecanismos de influência, sendo que podemos conformarmo-nos ou renunciar numa situação específica (ex: quando foi pedido para escrever este trabalho, fiquei perante uma situação que me é indesejado, pois não queria fazê-lo, mas mesmo assim aceitei, sem me revoltar, ou seja conformei-me com a situação). Outra forma de influência são as restrições impostas pelo governo, perante a situação em que estamos (pandemia), como o uso de máscara. Face a estas restrições as pessoas podem conformar-se, ou seja, aceitar as restrições e cumpri-las sem demonstrar revolta, o que demonstra obediência; no entanto, podem também rejeitar, demonstrando desobediência e falta de solidariedade para com as outras pessoas. Num contexto social pandémico como o que vivemos não é nada fácil, é algo que, apesar dos meses de pandemia, não se altera muito. Com o fluxo de casos registados mundialmente há variações de rigidez de regras, mas o medo atenua ao longo do tempo. O aumento da fadiga e problemas mentais causa uma intolerância às regras de segurança médica para algumas pessoas. Nestas situações de não cumprimento de regras é que a influência humana se torna evidente. Por exemplo, nos dias de hoje, quando um grupo de amigos está a conviver sem máscara e chega outro elemento do grupo, apesar desse elemento aparecer com máscara, é provável que remova a proteção, de modo a integrar-se melhor, visto que mais ninguém a está a usar. Este tipo de comportamento foi corroborado por Asch numa das suas experiências sobre o conformismo de grupo, onde este colocou um desconhecido numa sala com outras pessoas, estranhas ao sujeito em questão, mas que foram “instruídas por Asch”. Durante a experiência, sempre que soava um som específico, as pessoas “instruídas” levantavam-se e voltavam-se a sentar. Após algum tempo o indivíduo em questão acabou por replicar as ações do resto do grupo, ou
Fontes: Conformidade Social – O Experimento em uma sala de espera. (2016). Duração: 3:40 minutos. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=luVeT1NjqbE (Acedido em 30/10/2020). Diana, D. (s/d). Grupos sociais. Disponível em: https:// www.todamateria.com.br/grupos-sociais/ Pires, C.; Brandão, S. (2015). Nós. Porto: Areal Editores Solomon Asch - Aceitação do errado por conformidade ao grupo. (20109. Duração: 3:16 minutos. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SSLW2Ar_jJY&t=3s (Acedido em 30/10/2020). Wandarti, M. (2019). Como viver em sociedade influencia nossos comportamentos individuais? Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/914293/como-viver-emsociedade-influencia-nossos-comportamentos-individuais (Acedido em 29/10/2020).
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APRENDIZAGEM E...
Aprendizagem e desenvolvimento sociaL Luana Carvalho Miguel Infante Rebecca Trombini
Como seres sociais, somos influenciados pelos que nos rodeiam e também influenciamos os outros. Refletiremos sobre como o nosso desenvolvimento e comportamentos foram afetados pela pandemia da covid-19 e os seus efeitos no nosso bem-estar físico e psicológico, alterando à escala global a forma de pensar e de viver em sociedade. A nossa história pessoal envolve dois processos: socialização e individuação. Pelo processo de socialização, inicialmente primária, depois secundária e ao longo da vida adulta, aprendemos regras, costumes e normas de uma dada cultura ou de um certo grupo, com os ajustes a diferentes modos de pensar e agir ao longo da vida. Pela individuação construímos a nossa identidade, diferenciando-nos dos que nos rodeiam. Este tema é importante, pois permite analisarmonos enquanto indivíduos e compreender como as relações que estabelecemos com os outros influenciam o nosso desenvolvimento e comportamento. No processo de socialização, destacamos a teoria da aprendizagem social de Albert Bandura, ao salientar a observação e imitação, já que uma boa parte do comportamento humano é adquirida por modelagem com reprodução de comportamentos de modelos significativos.
Os mecanismos de socialização podem ser primários, já que enquanto crianças aprendemos a viver em sociedade pela interiorização das regras básicas da mesma, e secundários, com a introdução dos indivíduos já socializados nos vários e diferentes setores da vida. Bandura defende que quando somos crianças aprendemos pela observação e imitação de agentes modelos, com destaque para a família, professores etc. Por meio desta modelagem integramonos na sociedade e em diferentes culturas. O mundo contém diversas culturas, sendo necessários os mecanismos de ajustamento individual, ou seja, indicadores que informem sobre como nos devemos comportar e pensar no seio de uma mesma cultura. Assim, pela aculturação, cada indivíduo apropria-se e interioriza diferentes padrões culturais, facilitadores da integração social e que simultaneamente permitem a cada indivíduo construir-se como ser único, diferenciando-se dos outros, dando sentido às 13
COMPORTAMENTOS
suas escolhas de vida, articulando o plano integrador da cultura com a necessidade de individuação, inerente à construção identitária expressa nos projetos de vida individuais. Durante a pandemia da COVID-19, ocorreu uma grande alteração nas normas da sociedade e consequentemente nas relações que estabelecemos com os outros. Estas alterações afetaram a nossa vida de diversas maneiras, quer no que respeita às relações interpessoais, às relações e manifestações afetivas, hábitos e modos de viver no quotidiano. Para salvaguardar a saúde individual e pública tivemos de interiorizar e cumprir novas normas sociais, adaptarmo-nos mudando comportamentos e modos de agir. A nossa vida mudou e um dos consequentes problemas foi a saúde mental, pois vivemos momentos de grande ansiedade, insegurança e incerteza sobre a situação em que nos encontramos. Também ao nível sócio emocional, o contacto íntimo teve de ser evitado, o que se traduziu em alterações nos hábitos de educação, socialização e em processos de desenvolvimento, com destaque para as crianças, uma vez que tiveram que interiorizar normas e padrões culturais diferentes do
“normal”. Ora, tais alterações, embora necessárias, foram tão drásticas que não sabemos até que ponto as mesmas poderão afetar o seu processo de desenvolvimento. Concluindo, é importante encontrarmos, na situação atual, estratégias de preservação da saúde física e mental, a nível individual e social com ajustamentos a este “novo normal”. Fontes: Alves, M. A. D. (2017). A Importância Das Interações Sociais No Desenvolvimento Das Competências Sociais. Disponível em: https:// comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/21858/1/ TFM_M%C3%B3nica%20Alves.pdf BBC News. (2020). Coronavírus: como a pandemia afeta nossa saúde mental. Disponível: https:// www.bbc.com/portuguese/geral-53257921 Direção Geral de Saúde (2020). Disponível em: https://marcelotulman.wordpress.com/2015/04/09/ socializacao-primaria-e-secundaria/ Pires, C.; Brandão, S. (2015). Nós. Porto: Areal Editores. Tulman, M. (2015). Socialização: primária e secundária. Disponível em: https://marcelotulman.wordpress.com/2015/04/09/s ocializacao-primaria-e-secundaria/
Como nos comportamos em tempo de pandemia?
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COMPORTAMENTOS
Como nos comportamos em tempo de pandemia? João Cotta Tomás Cotta Valentim Gonçalves
Este artigo foi realizado na vertente dos comportamentos no contexto pandémico atual. A importância deste tema é justificada pela necessidade de melhor compreendermos os comportamentos humanos, permitindo uma melhor avaliação das situações, tomada de decisão e resposta individual e coletiva face à pandemia decorrente.
Os nossos pensamentos e as nossas ações e decisões são muitas vezes condicionadas pela dissonância cognitiva. De forma a contrariar esta incoerência e diminuir o desconforto sentido, tendemos a modificar as nossas atitudes, comportamentos ou crenças. Note-se o exemplo do uso de máscaras: ainda que seja obrigatório o cumprimento desta norma quando nos encontramos, por exemplo, em supermercados ou outras instalações públicas, há quem se oponha. Apesar de terem consciência dos riscos de saúde aos quais podem submeter os outros à sua volta e das evidências científicas divulgadas, algumas pessoas, ao agirem de tal modo, preferem apostar no facto de que este vírus não seja tão perigoso como tem sido retratado e que, provavelmente, nem serão infetadas (esta ideia deve-se possivelmente à errada perceção do risco de contágio). Uma consequência desta pandemia é o impacto do novo coronavírus na economia e no mundo do trabalho, o que levou a um significativo número de despedimentos, levando ex-trabalhadores a permanecerem em casa, originando um aumento do consumo de álcool, como forma de atenuarem o estado de frustração e ansiedade gerado por esta situação. Também através de diferentes estudos, inferiu-se ainda que o número de pessoas que apresentava baixos níveis de atividade física aumentou sensivelmente para o dobro em relação a estudos populacionais realizados anteriormente à pandemia. Saliente-se ainda que o isolamento social trouxe restrições ao contacto físico e às nossas relações interpessoais, levando ao agravamento de quadros depressivos e perturbações psicológicas, como também ao surgimento de outras complicações como a ansiedade e o stress. A pandemia do novo coronavírus veio dificultar a formação de relações sociais, contribuindo negativamente para o desenvolvimento pessoal dos indivíduos e promovendo comportamentos antissociais. Esta situação poderá ainda levar ao aparecimento de comportamentos agressivos, a longo prazo. Devido à necessidade de cooperação dos cidadãos na
linha do cumprimento das regras de comportamento impostas pelo governo de modo a diminuir o contágio entre indivíduos, deu-se uma inevitável modificação do seu estilo de vida, integridade psicológica e consequente alteração dos seus comportamentos. Assim, temos presente um desafio coletivo face ao qual todos nos teremos de adaptar e perante o qual será preciso a implementação de planos de ação que visem superar as dificuldades que enfrentamos e neutralizar os impactos negativos sentidos nesta nova pandemia. Consideramos também que se forem respeitadas todas as medidas de segurança, não existe razão pela qual não possamos continuar a viver a nossa vida num estado saudável. Fontes: Alves, J. (2020); Netfarma – Comportamentos em tempo de pandemia. Disponível em: https:// www.netfarma.pt/comportamentos-em-tempo-depandemia/ (acedido a 29/10/2020) Pires, C.; Brandão, S. (2015). Nós. Porto: Areal Editores Mateus, C.; Miranda, E. (2020); Expresso – Covid19: há 4098 novos desempregados por dia. Despedimentos coletivos disparam em abril, lay-off já abrange 40 mil empresas. Disponível em: https://expresso.pt/ coronavirus/2020-04-08-Covid-19-ha-4098-novosdesempregados-por-dia.-Despedimentos-coletivosdisparam-em-abril-lay-off-ja-abrange-40-milempresas (acedido a 29/10/2020) Xavier, A. (2020) - Quais os impactos da pandemia na saúde mental da população em geral. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/41754/2/Gr andeDesafio.pdf (acedido a 29/10/2020)
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QUE CAMINHOS?
Ciência, saúde e bem-estar, em tempo de pandemia. Que caminhos? Articulação curricular : Português/Biologia/Psicologia B 12.º B
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